::: Revista Perspectiva Nr. 11 :::

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CULTURA Texto: Luís António Patraquim

MÚSICA As pedras continuam a rolar

Depois da passagem pelo palco do Centro Cultural de Belém, no ano passado, Brad Mehldau regressa aos discos. Aquele que é considerado por muitos como o melhor pianista de Jazz da sua geração, lança no mercado o duplo cd, “Brad Mehldau Trio Live”. Neste registo ao vivo, em Nova Iorque, o pianista é acompanhado por Larry Grenadier no baixo e pelo baterista Jeff Ballard. Com a sabedoria e sensibilidade musical que o caracteriza, Mehldau serve-se de um repertório variado alternando temas originais e clássicos do Jazz com interpretações muito pessoais da pop, como “Wonderwall” dos Oasis e “Black Hole Sun” dos Soundgarden. p

Os Rolling Stones dispensam apresentações. Mas quando se pensa que desta é que os “velhinhos” não surpreendem, eis que surge “Shine a Light”, título da banda sonora e do filme, realizado por Martin Scorsese. Desde os anos 70 que o realizador se aventura, de vez em quando, no universo musical. O exemplo mais recente é o documentário de Bob Dylan, feito há três anos. Agora foi a vez de levar à tela o eléctrico Mick Jagger e companhia. Com a mestria que se reconhece a Scorsese, o documentário dá a conhecer uma banda que, desde o início dos anos 60, não consegue parar de fazer música. Há bastidores, entrevistas com a banda e imagens de arquivo. Mas é no palco do espectáculo feito durante a digressão da "Bigger Bang", em 2006, que Scorsese aposta. São 16 câmaras em vários pontos do Beacon Theatre, em Nova Iorque, um pequeno teatro (não escolhido ao acaso), capaz de transformar a habitual magnitude de um concerto de estádio num ambiente mais intimista. Para ajudar a abrilhantar este “Shine a Light”, a banda convidou Christina

» O disco é um “best of” gravado ao vivo

Aguilera, Jack White e Buddy Guy que dão um contributo verdadeiramente “rockeiro” a este filme-concerto. É impossível reunir num disco as canções de uma banda com mais de 40 anos de carreira, mas os pontos fortes do filme estão todos na banda sonora. “Start Me Up”, “Brown Sugar”, “I Can’t Get No Satisfaction”, “Sympathy for the Devil” e “Paint it Black”, eternizam este tributo de Martin Scorsese à maior banda de Rock do mundo. p

A “Voz” em Hollywood ”It ain’t necessarily evil” é o segundo álbum de remisturas da norueguesa, Mari Boine. Esta versátil artista sami (povo que habita há mais de 2500 anos o norte da Escandinávia), mistura o canto “yoik” (dos samis) com jazz, electrónica e músicas indígenas da América Latina, Ásia Central e África. Com mais de 20 anos de carreira Mari Boine é uma experimentalista que não encontra barreiras sonoras a travar a sua arte, como muito bem comprova este disco. p 80

MAIO 2008

Esta compilação reúne algumas das mais memoráveis canções de filmes que se tornaram clássicos de Hollywood, alguns deles protagonizados pelo próprio Sinatra. O cd “Sinatra At The Movies” junta as duas vertentes artísticas da “Voz” e reúne 20 dos seus clássicos. A relação com o cinema iniciou-se ao mesmo tempo que estabelecia uma relação de seis décadas com a música. Em 1941, vencia o seu primeiro Óscar na curta-metragem “The House I Live In”. Nos anos 50 e 60 era chamado de “The Chairman of the Board”, devido ao seu estatuto de líder do famoso “Rat Pack”, no qual se incluíam Dean Martin,

Sammy Davis Jr., Peter Lauford e Joey Bishop. São estes tempos que “Sinatra At The Movies” evoca. p


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