.: Prisma Cidades Mais nr. 2 :.

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* domingo, 28 de dezembro de 2008 * ano 0I * nr. 02 * www.prismaonline.info

cidades+ Benavente

O Pulmão de Lisboa

Benavente

António José Ganhão está à frente da Câmara Municipal de Benavente há mais de 24 anos. A exercer o seu oitavo mandato, este autarca desde sempre definiu uma estratégia para o município que tem procurado concretizar: preservar a área protegida do concelho e melhorar a qualidade de vida dos benaventinos. p. 02

Elvas

Cidade em ascensão... sempre com Badajoz em vista

Elvas

Os desafios de uma cidade transfronteiça que é uma das portas mais importantes de entrada de estrangeiros em Portugal, comentados por José António Rondão Almeida, autarca que comanda os destinos da câmara municipal há 16 anos. p. 04 Tomar

Pólo de Turismo e de Cultura

Tomar

Quando pensamos em Tomar, logo nos vem à memória o Convento de Cristo. Mas o concelho tem muito mais para oferecer: a beleza do rio Nabão, a Albufeira de Castelo de Bode, a Sinagoga, a Igreja de S. João Baptista. Conversámos com Côrvelo de Sousa, presidente da Câmara Municipal de Tomar desde Fevereiro de 2008. p. 06


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Benavente

O Pulmão de Lisboa cidades+

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Cidade Mais: Um dos maiores poderes de compra do distrito de Santarém “Julgo que a explicação se deve sobretudo ao que tem sido o aproveitar da localização estratégica do município na relação de complementaridade com Lisboa para podermos criar novos empregos e com isso darmos um contributo para o bem estar da população e para o aumento do seu poder de compra. Portanto o concelho tem sido atractivo em termos de investimento, desde uma crise grave que passava. A autarquia procurou aproveitar bem a sua posição estratégica para cativar novos investidores, apostou na criação de novas áreas empresariais que tiveram sucesso e gerou uma relação de atractividade sobre o parque habitacional. Portanto, procuramos que existisse um equilibrio entre o crescimento do parque habitacional e a criação de emprego procurando harmonizar, por forma a não nos transformarmos num dormitório de Lisboa, que recusamos ser. E julgo que tudo isto tenha contribuído para que este indicador seja favorável.”

Como é viver em Benavente? O autarca considera-se suspeito, mas avança: “quem é de fora chega a Benavente e encontra a tranquilidade de poder passear na rua sem grandes sobressaltos, sentir-se seguro, tem acesso a quase tudo o que existe em Lisboa ou noutras grandes cidades, sem ter a grande movimentação e o stress da grande cidade. De referir que em 40 minutos está em Lisboa.”

António José Ganhão está à frente da Câmara Municipal de Benavente há mais de 24 anos. A exercer o seu oitavo mandato, este autarca desde sempre definiu uma estratégia para o município que tem procurado concretizar, apesar das pressões que diz que o município sofre constantemente. Dizer que não à questão urbanística em exagero, defendendo uma área protegida com mais de 200 km quadrados, o “Pulmão de Lisboa”, e a procura constante da melhoria da qualidade de vida dos benaventinos têm guiado as suas linhas de acção. Benavente, segundo António Ganhão, assume-se como um concelho complementar e não como um dormitório da cidade de Lisboa.

António José Ganhão, presidente da C. M. de Benavente

Que balanço faz do seu mandato? Já estou no oitavo mandato o que significa que tive a oportunidade de conhecer o concelho naquilo que foi o arranque de todo o processo de infraestruturas, que eram as necessidades básicas da população. Eu diria que as necessidades nunca estão resolvidas quando a cidade está em crescimento, mas o fundamental é termos bons rácios de qualidade de vida das nossas populações depois de um grande esforço que tem sido feito sempre ultrapassando problemas que vão surgindo. Que problemas são esses? Os novos desafios que se nos colocam. O saber dizer não à questão urbanística, sobretudo quando vamos ter o Aeroporto localizado em grande parte do município de Benavente. O proteger o nosso património natural e paisagístico e salvaguardá-lo para as gerações futuras. A defesa e a consolidação da relação de complementaridade com a Grande Lisboa é outro desafio enorme, porque como somos um concelho tão estuarino do Tejo como tantos outros, pode existir a tentação de aceitar a construção de novos aglomerados habita-

cionais, novas cidades sem controlo, mas não queremos, apesar de estarmos conscientes de que esta situação permitiria o aumento das receitas da autarquia. Não queremos porque consideramos que isso seria uma enorme perda de qualidade de vida para os nossos concidãos e para Lisboa também porque deixaria de ter um espaço natural único na região, que tem cerca de 200 km quadrados de área protegida. Aliás é a maior de toda esta zona e que se não a preservarmos perdemos todos, o município de Benavente porque se ilude e perde também a região e o país.

* “O emprego é algo de fundamental nos próximos anos e a sustentabilidade e o bem-estar social da população dependem em muito da capacidade que tivermos de atrair emprego.” Esta negação é conciliável com o desenvolvimento do concelho? Isto é um constante desafio porque temos de dizer não a algumas situações e continuar o processo de desenvolvimento, diversificando a nossa base económica, aceitando não aquilo que nos querem trazer para cá, mas sobretudo aquilo que pode ser uma mais-valia. Não apenas de massa crítica, que é importantíssima para que haja um bom exercício do poder local, mas também porque essa massa crítica pode e deve ajudar-nos a perspectivar o futuro e a ser um bom aliado na defesa de muitos princípios e valores que é preciso ter em conta na gestão de um município como este, que está sujeito a uma grande pressão. O facto de parte do Aeroporto se situar em Benavente traz vantagens para o município? Pode trazer tendo em conta aquilo que é o conceito de cidade aeroportuária polinuclear. Isto é, vamos poder ter a possibilidade de dispor de alguns serviços do

Texto: Alexandra Carvalho Vieira

Aeroporto, dentro daquilo que são as nossas áreas de localização empresarial e com isso podemos deixar que o parque habitacional se vá estendendo. O emprego quanto a mim é algo de fundamental nos próximos anos e a sustentabilidade e o bem-estar social da população dependem em muito da capacidade que tivermos de atrair emprego. Nada é mais importante para o Homem de hoje e para as gerações futuras do que o direito ao trabalho, porque sem este direito não há liberdade, nem escolha.

* “É uma batalha pelo sucesso educativo destas crianças e jovens.” Quais são as suas grandes prioridades? Considero que este concelho, porque cresceu acima da média, tem de melhorar bastante as infraestruturas ligadas à Educação. Se temos hoje uma realidade em termos do pré-primário sem dúvida superior há média nacional e próxima dos valores europeus, há outros valores que nos preocupam, sobretudo o parente pobre do ensino que é o primeiro ciclo. A nossa Carta Educativa foi assumida com uma primeira prioridade de gestão municipal: acabar com os horários duplos, para que este concelho também possa marcar alguma diferença. Isto associado a outros aspectos que têm a ver com as necessidades das famílias. As Instituições Privadas de Solidariedade Social não estão a dar resposta às necessidades das crianças dos 0 aos 3 anos. O Programa PARES também não. Portanto a autarquia tem de estabelecer uma relação muito grande de parceria com as IPSS’s que estão no terreno no sentido de conseguirmos este objectivo que é o de aumentar o número de lugares nas creches, para que a qualidade de vida dos cidadãos

que estão ou vêm para este concelho aumente. Aliás, a autarquia tem desenvolvido algumas acções inovadoras no seio da comunidade educativa... O governo e a ministra da Educação estabeleceram como grande prioridade a Educação e sugeriram o aproveitamento do QREN para efectuar uma melhoria no parque escolar. A verdade é que as dotações dos programas operacionais são claramente insuficientes. Existe a promessa de reforço, mas da nossa parte não podemos adiar. Se queremos ser competitivos temos de fazer o investimento e esperar que depois exista o reforço. Não podemos estar à espera que caiam do céu as decisões ou as ajudas, temos de tomar decisões porque queremos ganhar o futuro. Na Educação temos algumas experiências inovadoras. Os nossos agrupamentos já têm um psicólogo que é pago inteiramente pelo orçamento municipal, o que permite apoiar as crianças com maiores dificuldades de aprendizagem ou que provêem de famílias disfuncionalizadas. Esta iniciativa está integrada no projecto SALUTE, que visa a Educação e Promoção de Saúde em meio escolar. É uma batalha pelo sucesso educativo destas crianças e jovens. Benavente é um dos concelhos mais jovens do país. Como explica esta situação? Somos um concelho jovem, ou seja, é maior o número de jovens do que de pessoas com mais de 65 anos e a tendência é para aumentar, porque os casais que para aqui vêm viver são fertéis. Temos conseguido contrariar a tendência que se verifica em alguns concelhos da região. Em relação à população mais idosa, temos parcerias com instituições que permitiram criar lares, por exemplo em Santo Estevão e Samora Correia, mas a nossa capacidade é insuficiente para responder às necessidades das famílias de hoje. O que estamos


Prisma * cidades+ * 03 para dar, quer em termos de recursos humanos quer em termos de recursos financeiros. Benavente tem áreas turísticas emergentes como é o caso de Santo Estevão, por exemplo. O concelho tem também três campos de golfe, quatro campos de pólo que nos permitem aproveitar um produto natural da nossa região: o cavalo. Portanto há, de facto, condições para consolidarmos este projecto sem o sobredimensionarmos.

a programar para as creches é o que vamos programar para os lares, ou seja, estabelecer uma parceia com a Santa Casa da Misericórdia de Benavente e com a Fundação Padre Tobias, em Samora Correia, para objectivarmos projectos que passam por uma comparticipação da autarquia para os equipamentos, esperando que a administração central se não tiver dinheiro para o investimento, ao menos tenha dinheiro para poder estabelecer os contratos de alargamento para os novos utentes. Ao entrar em Benavente deparamonos com um outdoor com a mensagem: “Benavente: Pulmão de Lisboa”. Esta é uma das grandes apostas? Sem dúvida, porque nós temos, como referi anteriormente, uma área que neste momento tem cerca de 160 km

quadrados, mas que com a construção do Aeroporto vai aumentar em 60 km quadrados. É uma área protegida que tem actividade perfeitamente compatível com aquele património. Nenhuma outra cidade europeia tem a tão curta distância uma área com esta dimensão que lhe possa servir de Pulmão, portanto nós até estamos a ajudar para que se cumpra o Protocolo de Quioto e se combata o efeito de estufa, produzindo oxigénio que é fundamental. Monsanto é um bocadinho no meio desta situação privilegiada que temos. Considera que Benavente tem sido esquecida pela delegação de turismo da região? Sabe que as delegações de turismo têm as dificuldades que têm. Não podemos esperar muito de quem tem pouco

No fundo, o seu objectivo é que o concelho cresça de uma forma sustentada e organizada? É o crescer na medida necessária, para que não nos transformem numa área de grande atractividade do ponto de vista turístico, apesar das condicionantes, e que isso possa desiquilibrar o nosso património natural. Procuramos defender a qualidade de vida e o bem-estar dos cidadãos e, por isso, não podemos aceitar grandes empreendimentos turísticos que, apesar de criarem alguns postos de trabalho, possam criar pressões indesejáveis ao longo de toda aquela área que se estende por 200 km quadrados. Essa gestão e o encontro de um equilibrio não é fácil? Nada é fácil, tem de haver determinação e coragem e muito bom senso do ponto de vista turístico. Creio que temos a felicidade, neste município, de quer a força política que está no poder quer a oposição estarem de acordo quanto ao que são as grandes linhas estratégicas para o concelho. Isto dá uma grande tranquilidade a quem aqui investe. Claro que existem discussões, mas as mesmas conduzem a consensos que são construídos. Prisma

Cultura: Aposta na diferença António José Ganhão considera que a cultura é uma necessidade dos cidadãos e que a autarquia deve preencher as lacunas, não substituindo ninguém. Por este motivo, em Benavente realiza-se a “Temporada da Música, do Teatro, da Dança, das Outras Artes.” Este autarca confessa: “assim vamos educando e contribuindo para o desenvolvimento.”

Habitação Social: Integração O presidente da Câmara Municipal de Benavente não defende a criação de bairros sociais de grande dimensão, por isso defende a integração, acompanhada por psicólogos e sociólogos da autarquia. “Temos de fazer leituras sobre o que aconteceu à nossa volta por causa da irradicação das barracas, tirando as respectivas ilações. Não devemos repetir situações que estão erradas e que hoje constituem perigos e se traduzem em grande insegurança para os próprios municípios”, confessa.

Economia de escala entre municípios “É muito diferente lançar um concurso para um município ou para 11 municípios. E se alguns forem lançados em grupo conseguem-se economias de escala muito significativas e é neste sentido que estamos a trabalhar. Trabalhando de uma forma integrada para que os dinheiros sejam melhor aproveitados. É isso que acontece na rede digital, nos contratos de seguros, para combustíveis e lubrificantes, para as zonas verdes e respectivo tratamento.”


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Elvas

Saldo Positivo em 2008 “Com a excelente gestão que tem sido feita ao longo destes anos, foi-nos permitido fazer a liquidação financeira, assim como fazermos grandes investimentos a nível de equipamentos e estruturas. A autarquia preza-se de estar em 3º lugar no país a nível de pagamentos, tendo uma disponibilidade de tesouraria que nos permite dizer que 2008 está concluído a nível de contas e estamos prontos para fazer frente aos projectos de 2009.”

TGV e Comboio de Mercadorias “Queria lançar um alerta ao Sr. primeiro-ministro para ter muito cuidado na relação com os espanhóis, isto porque o governo português vai fazer um grande investimento a nível de vias ferroviárias (TGV e comboio de mercadorias) os quais devem trazer muitas mais-valias para o nosso país.”

Posição estratégica de Elvas “Devemos aproveitar a posição estratégico-geográfica que a cidade de Elvas tem, devemos criar uma frente comum entre Elvas e Badajoz, para dividir os bens que vão provir de projectos como o TGV.”

Relação de com Badajoz

complementaridade

“Deverá tratar-se esta relação fronteiriça entre Elvas e Badajoz de forma séria, principalmente na questão da educação e saúde, nas quais temos plenas condições de nos complementar, não havendo necessidade de se fazerem mais investimentos.”

Afluência de espanhóis “Foram mais de 200 os espanhóis que compraram casa do lado português, alguns que trabalham do lado de lá, outros do lado de cá. Os maiores empreendimentos que temos em Elvas são espanhóis, que já compraram quase 70 por cento dos nossos terrenos.”

Cidade em ascensão… sempre com Badajoz em vista José António Rondão Almeida chegou a Elvas em 1994, estando a fazer agora 16 anos à frente desta câmara, como Presidente. O autarca considera esta cidade transfronteiriça, que vem no corredor de Madrid até Lisboa, uma das portas mais importantes de Portugal desde sempre. Como caracteriza a cidade de Elvas? Elvas é uma cidade que está num ponto geográfico estratégico muito importante para Portugal. É um concelho com cerca de 27 mil habitantes, composto por 11 freguesias das quais 7 são rurais e as outras urbanas. Vive basicamente da agricultura, pois possui terras de primeira qualidade. A cidade assenta a sua economia no comércio transfronteiriço, uma vez que estamos a 7 km de Badajoz, o que corresponde, se formos pela auto-estrada, a apenas quatro minutos. Além disto, temos a restauração que é um elemento fulcral na nossa economia. A maioria dos nossos empregos estão precisamente nesta área. A vertente dos serviços também é muito importante, não há banco nenhum que não tenha aqui a sua filial, todas as companhias de seguros têm aqui a sua agência, pois esta era uma cidade onde se movimentava grande capital. O governo tinha cá muitos serviços, chegamos a ter quatro mil homens em preparação para irem para a guerra do Ultramar. O que hoje é uma cidade universitária, antes era uma cidade militar. Eram milhares os militares que aqui habitavam e criavam bastante riqueza. Que balanço faz destes quatro mandatos em que está à frente da autarquia? Quando cheguei, encontrei um concelho que em termos de infra-estruturas e de equipamentos era comparado àquelas cidades de terceiro mundo em que tudo faltava e não havia qualidade de vida. Era uma das autarquias mais endividadas do país, daí que tenhamos feito um trabalho de base muito importante, reestruturando todos os serviços da câmara municipal e procedendo a uma reparação financeira. Quisemos preparar a cidade para o futuro e creio que o conseguimos. Hoje em dia, em termos de infra-estruturas básicas (redes de água, esgotos, electricidade), o concelho tem uma cobertura de 100 por cento. Na área social temos creches em todas as aldeias, assim como todas as nossas freguesias rurais têm um centro de dia e um lar. Além disto temos uma residencial para os sem abrigo e outra para os deficientes, sendo que vai arrancar mais um lar para deficientes mentais e um para lar para acamados conjuntamente com a Cruz Vermelha, para darmos uma resposta integral a tudo aquilo que são as neces-

sidades na vertente social. Na área da saúde temos um hospital que complementando com o hospital espanhol, tem capacidade para conseguirmos dar uma boa resposta em termos médicos a todas as especialidades. A nível da economia, temos dois parques industriais e ainda o projecto do parque empresarial Masterplan com 150 hectares, assim como está também em elaboração o projecto para a construção da plataforma logística Bimodal, a qual está à espera do TGV e do comboio de mercadorias vindos de Sines. E em termos de Educação? Na área da Educação temos uma rede completa em termos de ensino, desde o jardim-de-infância, ao 1º, 2º e 3º ciclo, secundário e Ensino Superior. Na vertente da Cultura temos uma das melhores bibliotecas da rede pública a nível do Alentejo, com uma frequência que anda na ordem das 300, 350 pessoas/dia. Temos dois museus militares, um Museu de Arte Contemporânea em que o programador é o Dr. Pina Aranda e estamos a preparar mais dois museus, um etnográfico e um de arqueologia. Estamos similarmente a preparar a candidatura das nossas fortificações a Património da Humanidade. Na área do desporto, temos dois campos de relvado natural e dois com relvado sintético, estando neste momento a concurso mais três campos sintéticos.

Quais são as principais actuações na vertente social? A nossa política social, além de todos os equipamentos atrás referidos, inclui sempre outros programas, como a criação de um “cartão de ouro” para os idosos, direccionado para aqueles cuja reforma é inferior ao ordenado mínimo nacional, sendo que esse cartão proporciona 50 por cento de descontos em transportes públicos, em todos os nossos espectáculos, como corridas de touros ou concertos, entre outros. Pagamos ainda 75 por cento das facturas das farmácias a todos os nossos idosos. Temos outro programa que é para os jovens dos 18 aos 26 anos que estejam desempregados, em que a Câmara os ocupa durante 6 horas e atribui-lhes uma bolsa. Além disto, no decorrer deste ano instituímos programas para melhorar a nossa economia, baixamos os impostos, como por exemplo o IMI, que em Elvas é mais baixo, e o próprio IMT que está praticamente isento nos casos em que a transição seja para um investimento que vá originar postos de trabalho em Elvas. As taxas de urbanização tiveram um decréscimo de 50 por cento e caso se tratem de urbanizações de âmbito industrial há uma isenção total nas taxas, assim como no caso das obras que tenham em vista a recuperação dentro do centro histórico também não pagam nada. Apesar da crise, desde que sou


presidente já foram criadas 569 micro e pequenas empresas o que representou 2200 postos de trabalho. Como vê o futuro de Elvas? Neste momento, estamos a construir três grandes equipamentos que irão criar mais de 200 postos de trabalho. O lar para deficientes vai dar resposta a uma necessidade da população e vai permitir criar 15 postos de trabalho. O lar e o centro de acamados da Cruz Vermelha vai criar 80 postos de trabalho, enquanto que o lar de Santa Eulália vai representar mais 15 empregos. Entretanto já foi lançado o concurso para o centro prisional do Norte do Alentejo, que será instalado no concelho, criando com ele 200 postos de trabalho. Arrancou já o projecto do complexo da fruticultura que é um grande empreendimento espanhol que em 2009 irá criar 500 postos de trabalho. Assim como outro grande projecto estruturante do Alentejo, que é a plataforma logística multimodal e a estação do TGV. Estes são um conjunto de equipamentos que nos permitem pensar que Elvas daqui a quatro ou seis anos poderá ser um grande pólo de desenvolvimento do Alentejo e aqui se poderão concentrar muitos dos alentejanos que, normalmente, se mudariam para Lisboa. Estas são as nossas perspectivas e a leitura que fazemos dos empreendimentos que estão em construção. Estamos apenas a falar dos projectos âncora, não mencionamos os projectos que estão subjacentes a estes, pois atrás destes vêm muitos outros. Prisma


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Tomar

Pólo de Turismo e de Cultura

Ordem de Cristo e Comunidade Judaica Tomar é uma cidade cheia de particularidades. Se por um lado albergou durante anos os Templários, que antecederam a Ordem de Cristo, por outro teve uma ligação muito forte com os Judeus o que permitiu a construção de uma Sinagoga no século XV que está totalmente preservada. Corvêlo de Sousa assinala que “a Sinagoga tem uma frequência turística muito específica e muito forte com algum significado numérico.”

Quando pensamos em Tomar, logo nos vêm à memória o Convento de Cristo e os Templários. Mas o concelho tem muito mais para oferecer, a beleza do rio Nabão, a Albufeira de Castelo de Bode, a Sinagoga, a Igreja de S. João Baptista. Situa-se a sensivelmente uma hora de Lisboa e a duas horas da cidade do Porto. Em Fevereiro de 2008, Corvêlo de Sousa assumiu a presidência da autarquia desta cidade, depois de ter exercido funções como vice-presidente. Em seu entender o desenvolvimento sustentável do concelho passa por uma maior aposta no turismo e na captação de novas empresas que tragam novas valências e permitam dar resposta ao desemprego que também se sente neste concelho. Como define a cidade de Tomar? Tomar tem o privilégio de congregar de uma forma rara no país os elementos histórico, cultural e natural. É por esse motivo um destino turístico de excelência e uma das cidades de média dimensão melhores para se viver. A cidade é também um reflexo da sua localização. Viveu séculos à sombra do Convento de Cristo que, durante muito tempo, albergou a Ordem de Cristo, uma organização que teve um papel importante nos Descobrimentos, mas que não permitia que a cidade ou o concelho se modernizassem. Não era permitida a construção de grandes edifícios e a Ordem é que explorava tudo o que era passível de ser explorado: o rio, os moinhos, os açudes. Todas as pessoas eram obrigadas a pagar uma taxa à Ordem.

Casa da Memória Lopes Graça Inaugurada recententemente, esta Casa foi erguida em homenagem ao compositor do século XX, Lopes Graça. Um homem com impacto internacional importante pela obra que deixou. O autarca esclarece que o executivo tem vindo a promover a cultura no concelho e por isso é importante que se promovam “ Lopes Graça, os Templários, os Judeus, porque no fundo o Turismo é um conjunto de acções que se completam umas às outras e se valorizam.”

Esta situação afectou o crescimento da cidade? Isto afectou e ainda afecta de alguma maneira, porque estas situações levam gerações a desaparecer. A iniciativa privada que no fim da Ordem se manifestou, faliu pouco tempo depois, gerando momentos de grande intranquilidade face ao desemprego existente na cidade. Pouco tempo depois surge o Instituto Politécnico de Tomar que trouxe um novo ânimo, novas valências e uma dinâmica diferente, permitindo tornar o concelho mais atractivo.. Existe uma preocupação em fomentar a prática desportiva? Claramente. Nos últimos 10 anos a autarquia tem apostado em equipamentos desportivos de qualidade que têm incentivado a prática de desporto no concelho. A nossa política não é a de suportar clubes que se distingam com profissionais caros mas criar equipamentos para todos, principalmente para as crianças e jovens. Temos hoje milhares de crianças que praticam desporto desde pequenos, coisa que me parece fundamental para o seu crescimento e desenvolvimento e isso condiciona um pouco a nossa intervenção nessa área. E do ponto de vista económico? A cidade está em recuperação, dado em tempos ter perdido algumas empresas mais sólidas que proporcionavam emprego. Estamos a tentar recuperar, a reafirmar a cidade, designadamente através de uma área que é muito propícia, quer pela localização, quer pelas circunstâncias do património cultural e histórico, quer construído, quer doutras naturezas. Ou seja, a área patrimonial? Temos o Convento de Cristo, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, e temos também um conjunto de monumentos apreciável. Por outro lado temos um património natural muito elevado: áreas protegidas muito vastas, o rio Nabão que proporciona actividades de lazer várias e ainda a Albufeira do Castelo de Bode, que é também um potencial que esperamos brevemente começar a aproveitar para o Turismo. Depreendo das suas palavras que uma das grandes apostas se centre no turismo? Esta é para nós uma valência importante e, sobre a qual, existe unanimidade na Assembleia Municipal. Há situações que nos estão a correr bem, designadamente a construção de dois campos de golfe no concelho e a possibilidade de avança-

rem mais dois. Além do turismo de passagem, queremos criar condições para o turismo permanente e, nesta linha de pensamento, o golfe é importante porque vai permitir que as pessoas permaneçam mais tempo no concelho. O golfe e o resultado da aposta na regeneração urbana do centro histórico e na sua dinamização patentes nas candidaturas que apresentámos ao QREN. Vamos ligar eficazmente o centro histórico ao Convento de Cristo através da Mata Nacional dos Sete Montes. Integramos a rede dos mosteiros património mundial, envolvendo o Convento de Cristo, os Jerónimos e os Mosteiros da Batalha e de Alcobaça. Vamos juntar ao famoso Museu dos Fósforos, o Museu do Brinquedo e o Complexo Museológico da Levada recuperando a Moagem que é um elemento central da cidade. Inaugurámos recentemente a Casa Memória Lopes-Graça e se fizermos o exercício de juntar a toda esta oferta de interesse o Núcleo de Arte Contemporânea e o palco de grandes nomes da pintura e da escultura que tem sido a Galeria dos Paços do Concelho, concluiremos que Tomar tem as melhores condições para acolher e proporcionar experiências inesquecíveis. Por outro lado, a autarquia também está a agir junto das freguesias do concelho? Temos freguesias rurais com condições óptimas, quer pela utilização da albufeira, do rio, das áreas protegidas que proporcionam aquilo que hoje em dia tem uma procura intensa que são os percursos pedonais e que estamos a antever que vão ser um aspecto importante, até mesmo na dinamização da vida das aldeias. Quais são as grandes dificuldades na gestão do concelho? Neste momento é difícil distinguir entre as dificuldades que nos são específicas e aquelas que são generalizadas por causa da crise. Já estávamos em crise em Portugal, antes dela se generalizar e não é fácil distinguir uma coisa da outra. Penso que não há milagres. Estamos a trabalhar numa política de execução de instalação de indústrias na nossa zona industrial, que foi ampliada há poucos anos e que está dotada de todas as infra-estruturas necessárias. A mesma situa-se a apenas uma hora de Lisboa e tem excelentes acessos. Já temos algumas empresas em fase de instalação e outras que estão em laboração de projectos para instalação. A curto prazo, a perspectiva é positiva e prevê-se um aumento do número de postos de trabalho na industria. Em que princípios assenta o seu desenvolvimento sustentável? Passa por um equilíbrio entre os vários sectores. O turismo é estratégico porque temos os elementos fundamentais para atrair os turistas. Estamos a potenciar a criação de novas unidades hoteleiras tanto fora da cidade como no centro histórico, onde já dispomos de três. Posso adiantar que uma delas é o Convento de Santa Iria, que pertence à autarquia, mas que pretendemos vender para se tornar numa unidade hoteleira de charme. Outra área onde temos de actuar é no campismo. Tínhamos um parque de campismo muito apreciado, o qual teve que fechar por força das circunstâncias, mas penso que ainda este ano irá abrir, no sentido de dar oferta nesta vertente. A sustentabilidade passa pelo equilíbrio entre os sectores, temos pouca agricultura, mas em termos de serviços e de indústria temos por onde crescer. Não podemos dizer que não a nenhuma indústria, é necessário diversificar, não vamos fechar-nos no turismo, vamos apostar no turismo, mas sem deixar de facilitar a vida a quem queira vir instalar a sua empresa no concelho.. Prisma




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