ENS - Carta Mensal 383 - Agosto/2003

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EQUlPES DE NOSSA SENHORA Carta Mensal • n°383 • Agosto I 2003

EDITORIAL

PARTILHA E PCES

Da Carta Mensal ..... ... ...... ............. . 01

A Respeito de um Retiro .. ...... .. ..... 21

SUPER-REGIÃO BRASIL

ATUALIDADE

Resposta certa à pergunta certa .... 02

Eles Não Têm Mais Emprego .. ...... 23

A Missão do Casal Cristão

Sobre uma Escola de

em Várias Fases da Vida .. .. .... .. .. .. .. 03

Relacionamento Humano .. .. .. .. .. .. .. 24

VIDA

~O

MOVIMENTO

TESTEMUNHO

Uma Equipe de Nossa Senhora,

Estamos Sendo Segu idos .. .. .. .. .. .. .. 26

Brasileira, em Nova Iorque (EUA) .. .. 05

Uma Sessão de Formação .. .... ...... . 27

Sessão de Formação Nível III .... .. .. . 07 Sessão de Formação Nível I .. ......... 08

REFLEXÃO Ajuda -me Senhor,

COMEMORAÇÕES DE AGOSTO

na Missão de Pai! ...... .. .. .. .. .... .. .. .. .. 28

Dia do Padre ............ .. .... .. .. .... ........ 09 Dia dos Pais ...... .. .. .. ...... ........ ...... .. .. 1 5 Vocações ........................ .. .. ........ .... 17

NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES . ...... 1 8

Carta Mensal é lUIUI publicaçiio mensal dos Equipes de Nossa Senhora

Wilnw e Orlando Soely e Luiz Augusto Lucinda e Marco

Registro "Lei de Imprensa " Janete e Nélio n• 219.336 livro 8 de Pe. Emani J. Angelini 09. 10.2002 (Conselheiro Espiritual) Edição: Equipe da Carta Mensal

Jornalista Responsável: Catherine E. Nadas (mlb 198351

Cecília e José Carlos (responsáveis)

Projeto Gráfico: Ale.uandra Carignani

Centenário de Nascimento do Padre CaHarel

Editoração Eletrônica, Fotolitos e flustrações: Nova Bandeira Produções Editoriais Lida. R. Venáncio Ayres, 931- SP Fone: (Oxxll ) 3873.1956 Foto de Capa: Famille Chrétienne I Marc Berteil Impressão: Gráfica Roma Tiragem desta edição: 16. /00 exemplares

Canas, colaborações, notícias, testemunhos e imagens devem ser enviadas para:

Carta Mensal R. Luis Coelho, 308 5° andar . conj. 53 0 1309-000 • São Paulo- SP Fone: (Oxx /1) 3256. 12 12 Fax: (Oxx /1 ) 3257.3599


Queridos irmãos: Uma Carta Mensal como a nossa é feita em várias etapas. Os artigos nascem, quase sempre, das reflexões ou das experiências vividas pelos equipistas que as partilham com seus irmãos, numa linguagem simples, numa conversa íntima e podem ser alegres ou tristes, leves ou carregados de emoção, mas são sempre um motivo de encontro e ligação entre os equipistas das várias regiões do Brasil. Refletem os problemas da época, escrevem a história dos casais cristãos do começo do século XXI, suas preocupações mas também sua esperança e felicidade e os seus esforços para cumprir a missão que receberam de Deus. Então, os artigos são lidos e relidos pela equipe da Carta Mensal e, devagar, vai se montando esse elo de amor e de unidade que vai ter o privilégio de participar da intimidade de uma porção de lares brasileiros. Mas, atenção! Essa é uma etapa muito importante ... Que não fique, todo esse tesouro esquecido dentro de um armário, que não fique eternamente enterrada essa pérqla de uma beleza incomparável. Procuremos reservar uma parte de nosso tempo para ler nossa Carta com carinho, para refletir sobre ela, conhecer nossos irmãos distantes e aprender com eles. Neste mês, vocês encontrarão coisas interessantes sobre o padre Caffarel, cujo centenário de nascimento estamos comemorando. São histórias saborosas, contadas com saudade e bom humor por casais que nos revelam várias facetas fascinantes do nosso fundador. E as palavras que o Pe. Caffarel dirigiu aos casais quando se despediu do Movimento e marcou com eles um encontro são realmente imperdíveis. Nossa Carta conta coisas dos padres, fala do empenho, da coragem dos nossos queridos Conselheiros Espirituais e traz algumas reflexões sérias sobre a missão importantíssima dos pais, neste mês em que todos eles são homenageados. E o que temos sobre o Encontro Nacional de Brasília? Ah! Essa é uma outra história que fica para outra vez, ou melhor, para outra edição da Carta Mensal, em setembro. Uma edição especial, feita com capricho e que vai contar tudo o que se passou nesse evento extraordinário. Vários "repórteres famosos", gente esforçada e amiga, foram convocados "a dedo" e deram o melhor de si para mostrar o brilho e a força de um Encontro que foi um sinal de amor a Deus e aos homens neste mundo tão carente de fé e solidariedade. Vale a pena esperar para conferir! Com nosso abraço maior,

Equipe da Carta Mensal


RESPOSTA CERTA A PERGUNTA CERTA '

Ao preparar a palestra para o encontro em Brasília, reuni casais de minhas Equipes 3,10 e 11, de Aparecida e Guaratinguetá. Precisava que me dessem resposta vivida à pergunta que nem sempre se faz, ou pelo menos nem sempre se fazem os casais: "Por que vocês se casaram?" Não queria falar sem base ao apresentar anseios que levam homens e mulheres ao casamento. Foram conversas interessantes. Acho que ainda voltaremos mais vezes ao tema. Mas, agora o que interessa é que a resposta mais repetida e mais desenvolvida foi a mais óbvia: "Porque queria ser feliz!" Pensando bem, é a melhor resposta, desde que se tenha da felicidade um conceito exato. Senão o casamento será apenas uma desilusão doída, e pior ainda: uma desilusão a dois, e por isso mesmo ainda mais dolorosa e insuportável. E o perigo não é irreal, pois da felicidade facilmente temos ou um conceito falho ou uma idéia romântica. Caminha para a desilusão no casamento e na vida quem põe a felicidade incondicionalmente na beleza, na saúde, nos bens materiais, nos bens da cultura, dos sentidos, numa palavra: nos bens transitórios ou até ilusórios. Não será melhor a sorte dos que procuram a felicidade, no casamento, levados por uma visão romântica do amor e da própria vida. Dos que imaginam que um ser 2

humano possa fazer a felicidade completa de outro, dos que sonham ser possível ter do outro apenas as qualidades e da vida os momentos luminosos, dos que imaginam o casamento como um dom dos céus, já pronto e acabado, para ser desfrutado sem esforço. Sem dúvida, o casamento é, sim, resposta de Deus a anseios por felicidade de homens e mulheres. Mas por ser de Deus é resposta verdadeira, que respeita as limitações da natureza e das pessoas. E que principalmente faz justiça à grandeza do coração humano e de sua sede, que só podem encontrar plena satisfação no encontro com o infinito da divindade. É resposta de um Deus fiel, que levará infalivelmente à terra prometida da felicidade total todos e todas que são capazes de, dia após dia, ir juntando as migalhas da felicidade agora possível, para enganar a fome e a sede à espera da ceia nupcial. O amor conjugal é resposta de Deus. E por isso mesmo não é resposta que Ele dê de uma vez por todas, mas resposta divina que homem e mulher se devem ir proferindo e sempre repetindo com as palavras do amor de cada hora. Não há dúvida, o casamento é . resposta de Deus para quem lhe faz · a pergunta certa. Pe. Flávw Cavalca de Castro, cssr SCE da Super-Região CM 383


Palavra do Provincial

A MlSSÃO DO CASAL CRlSTÃO EM VÁRlAS FASES DA VlDA Todos os casais, ao receberem o Sacramento do Matrimônio assumem ante Deus uma missão: refletir, em sua vida conjugal, o grande amor que Cristo tem por sua Igreja. É natural que casais de diferentes idades, experiências e características realizem sua missão de forma diversa. Iniciemos nossa reflexão pelos casais recém casados, ou com poucos anos de matrimônio. Nossa primeira filha, Maria Tereza, hoje com 33 anos e 7 de casada, faz parte deste grupo. No mundo de hoje a maioria dos casais com este perfil não está consciente da missão transcendental que assumiram junto com o Sacramento, nem da importância que sua união tem para a comunidade cristã e para o mundo em geral. As dificuldades do início da vida conjugal e familiar, os primeiros filhos ainda pequenos, a procura de uma situação mais estável no trabalho e nas finanças são fatores que muitas vezes ofuscam a necessidade que todos os casais têm de procurar uma relação mais íntima com Deus. Graças a Deus, o Espírito Santo sopra sobre jovens homens e mulheres que, talvez oriundos de pasCM 383

torais ou movimentos de sua paróquia ou diocese, ou simplesmente fiéis à sua formação cristã desenvolvida desde a infância, trilham o caminho com Cristo ao lado. Estes jovens, agora ao lado do cônjuge, atenderão, se Deus quiser, ao chamado para serem colaboradores na construção do seu Reino. A evangelização dos jovens unidos pelo Matrimônio, mas em algum grau afastados da Igreja parece ser um objetivo ideal para o testemunho e o trabalho dos nossos casais que têm a graça da fé e do compromisso. Mas também os que coabitam sem casar, os noivos, os namorados precisam mais do que nunca dos bons exemplos, e do encorajamento de casais engajados. A messe é grande e há muito trabalho para os jovens agricultores. Que alegria ao vermos hoje, no 3


Movimento, tantos casais equipistas em seus 20 ou 30 anos, oferecendo seus talentos, seu tempo, sua energia, para viver e promover os valores do matrimônio. É muito forte o testemunho destes que se esforçam em ser verdadeiros casais, verdadeira farru1ia, aceitando e tomando conta dos presentes de Deus que são seus filhos; que lutam por uma vida digna e santa na sociedade; que oram e se mantêm unidos à comunidade, e atuantes na Igreja. Passemos o foco agora para os casais que, como nós, estão perto dos 60 anos de idade e já vários anos além das Bodas de Prata. Geralmente com filhos adultos (nossa segunda filha, Ana Maria, está com 23 anos), e com netos, do que somos exceção, pois, ainda não os temos. Provavelmente aposentados ou com atividades profissionais reduzidas, que propiciam ao casal uma disponibilidade maior de tempo. Na realidade, o simples fato do casal se manter unido por 25, 30, 35 anos já é um importante testemunho humano e cristão, um sinal de esperança. Porém, quando a união é enriquecida pela fé, pelo engajamento, esse testemunho passa a ser bem mais forte para filhos, parentes, vizinhos, para o mundo. Aproveitando a soma das experiências de vida, profissão e engajamento cristão, da maturidade na fé e na oração, e da maior disponibilidade, os casais em seus 50 ou 60 anos podem atuar em uma vasta gama de atividades apostólicas e, freqüentemente, exercendo funções de lide4

rança. As Pastorais e os quadros de Movimentos, como as ENS, são palcos apropriados para o testemunho do serviço a Deus e aos irmãos. O relacionamento com os netos e, agora, de forma diferente com filhos e genros, é outra fonte de graças e oportunidade de ação evangelizadora nesta etapa da vida de casal. O acolhimento e a orientação dos filhos, parentes ou conhecidos que tenham interrompido seus casamentos, e talvez iniciado novas relações maritais, são um grande desafio moderno para um testemunho coerente de nossos casais experientes. Nem é preciso dizer como a oração pessoal e conjugal é necessária para enfrentar situações dolorosas como estas, e persistir firmemente na já longa caminhada do casal junto de Cristo. Somos muitos os casais equipistas nesta fase tão boa da vida: sejamos veteranos sim, mas cheios de entusiasmo, fiéis ao carisma e à unidade, e sempre abertos a novas idéias, novas orientações, e à acolhida de novos casais e conselheiros de qualquer idade inclusive em nossas próprias equipes de base. Sim, nós casais cristãos temos uma missão maravilhosa, válida para todas as etapas da vida: mostrar ao mundo que vale a pena testemunharmos nossa santidade através da vida conjugal, aquecidos pelo Espírito Santo, alimentados pela Eucaristia, e protegidos pela Virgem Maria.

Josefina e Roque CR Província Leste CM 383


UMA EQUIPE DE NOSSA SENHORA BRASILEIRA, EM NOVA IORQUE (EUA) No dia 11 de dezembro de 2002, ocorreu em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a primeira reunião da Equipe de Nossa Senhora Brasileira, formada apenas por casais brasileiros residentes naquela cidade. A Equipe de Nossa Senhora Brasileira nasceu de um sonho. Em 1999, Nilson e Marioli, que participavam da Equipe 5 - N. Sra. da Conceição, em Divinópolis, mudaram-se para os Estados Unidos, em companhia da filha Carolina. Embora distantes e sem participarem de uma ENS nos Estados Unidos, Marioli e Nilson mantiveram acesa a chama de equipistas. O sonho de formarem uma ENS na comunida-

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de brasileira, em Nova Iorque, era cada vez mais forte. Este sonho era sempre compartilhado com os membros de sua Equipe em Divinópolis, que começou então a enviar material para que eles pudessem se preparar para a formação de uma ENS composta por brasileiros naquela metrópole. A Auxiliadora e o Petrônio (que foram o Casal Piloto da Equipe 5, em 1995) conversaram com a Marioli e Nilson e passaram a eles o nome de um casal de portugueses, que mora nos Estados Unidos e participa de uma Equipe de Nossa Senhora, em Massachussets, há dezessete anos. Eles fizeram con-

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tato com o casal Amélia e José de Almeida, que não só se dispôs, como foi a Nova Iorque se reunir com os casais que estavam interessados em formar a Equipe. Depois dessa primeira reunião, em Nova Iorque, Marioli e Nilson foram a Massachussets participar de uma reunião formal da Equipe, da qual fazem parte o casal Amélia e José de Almeida, oportunidade em que foram muito bem recebidos, fazendo com que a vontade de formarem uma Equipe se fortalecesse ainda mais. Nesse meio tempo, Marioli e Nilson conheceram em Nova Iorque o Pe. José Carlos, outro brasileiro que se mostrou ansioso porconhecer o carisma das ENS e se entusiasmou com a proposta. Por tudo que foi relatado aci-

O que nós e, todos os equipistas de Divinópolis e do Brasil desejamos é que a Equipe de Nossa Senhora Brasileira seja mais uma semente de fé em solo americano.

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ma, vê-se que a força do Espírito Santo se fazia presente em cada momento. E o Espírito Santo já estava indicando que o momento estava propício para a reunião de informação. O casal Amélia e José de Almeida se deslocou novamente para Nova Iorque e, em conjunto com a Marioli e Nilson, passaram as informações aos outros casais presentes, que foram unânimes na decisão de formar a Equipe de Nossa Senhora Brasileira. Os casais são Alessandra e Adriano, Angélico e Waldemir, Olívia e Nilo, Adriana e Silas, Rosemárcia e Robson, Luciane e João, além de Marioli e Nilson. Marioli e Nilson sempre nos telefonam e, nesses momentos, a emoção acaba falando mais do que as palavras. Logo depois da reunião de informação, eles nos ligaram para contar a novidade pela qual tanto ansiávamos. Enviaram também uma carta, contando detalhadamente como tudo aconteceu nesses 3 anos. Tentamos resumir todos os fatos na descrição acima mas, o empenho, o entusiasmo e a perseverança de Marioli e Nilson encontram explicação apenas na fé em Jesus e no carisma das Equipes de Nossa Senhora. O que nós e, todos os equipistas de Divinópolis e do Brasil desejamos é que a Equipe de Nossa Senhora Brasileira seja mais uma semente de fé em solo americano.

Raquel e Dimar Eq. 5 - N. Sra. da Conceição Divinópolis, MG CM 383


SESSÃO DE FOR1\1AÇÃO NÍ\!Ellll Desde novembro de 2002, no Encontro Provincial, ficou marcada a data da Sessão de Formação Nível III, da Região SP Sul II, Província Sul I. Há vários meses, o Casal Provincial Altimira e Paulo, como é do feitio deles, juntamente com o SCE da Província, Pe. Elísio, e o Casal Regional Lígia e Carlos estavam preparando com amor, carinho e dedicação toda a programação dos dias, 31/05 e 01/06 de 2003 do Encontro. As tarefas dos 6 setores envolvidos tinham sido distribuídas, os palestrantes "afiados", a parte litúrgica também havia sido preparada com esmero pelo SCE ou por um dos setores. Além disso, as diversas dinâmicas que seriam comandadas pelo Casal Provincial e o Regional, foram cuidadosamente preparadas, vistas e revistas. Mas, o homem põe, Deus dispõe. Algumas horas antes do início do evento, o Paulo, acometido de problema cardíaco, foi levado às pres as, para São Paulo, internado, e alguns dias depois, submetido à cirurgia de revascularização cardíaca. Logicamente, a Altimira CM 383

o acompanhou. Assim, pegos de surpresa, todos ficaram temerosos, com a saúde do Paulo, e também com a realização da Sessão. Porém, como disse Pe. Elísio no início da Missa: "Coloquemos nossa fé no Senhor". Foi com esse espírito que os trabalhos foram se de envolvendo, e com a graça de Deus, tudo correu bem. Após a Missa, e o café da manhã, tivemos uma palestra, com Pe. Elísio falando sobre "O papel do SCE na Equipe". Encerrando os trabalhos da manhã, Pe. Elísio comandou uma profunda liturgia de penitência. Após o almoço, tivemos uma caminhada, comandada pela Neise. Wilma e Orlando, de Jundiaí, fizeram uma explanação sobre o "Histórico do Movimento", aproveitando para colocar a grande experiência deles. Também falaram sobre a "Reunião da Equipe", e sobre "Carisma e Mística das ENS". Temos que agradecer a Deus pela disponibilidade desse casal, que permaneceu conosco quase o dia todo. O casal Isabela e Estevão apresentou uma crônica de Rubem Alves 7


sobre o milho de pipoca, com os ingredientes presentes. Foi sensacional, pois proporcionou a todos, uma oportunidade de· reflexão sobre o SERVIÇO, no Movimento. Depois, tivemos círculo para discussão sobre a Formação, a Experiência Comunitária e a Pilotagem. A sessão plenária foi comandada pelo Casal Regional que, brilhante-

mente, conseguiu tirar inúmeras dúvidas dos presentes. Tivemos o encerramento com a Oração da Noite com o tema "Magnificat" e as relações do mesmo com o Cântico de Ana e trechos diversos do Antigo Testamento.

Neise e Clóvis CRS B - Sorocaba, SP

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SESSAODE FORMAÇÃO NÍVEL I

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Nos dias 26 e 27 de abril, tivemos em São Carlos a Sessão de Formação Nível I, no Centro Diocesano de Pastoral, organizado pelo CR Regional Lenice e Luiz e coordenado pelo CR Setor B, com a participação de casais dos três Setores das cidades de São Carlos e Araraquara, Região São Paulo Centro IV. O objetivo geral das Sessões de Formação é "possibilitar aos casais equipistas um período de aprofundamento de sua fé cristã e no Movimento das Equipes de Nossa Senhora", e os objetivos específicos da Sessão de Formação Nível I são: • Aprofundar as dimensões litúrgica, catequética e missionária da fé cristã; • Oferecer formação teológicopastoral sobre a doutrina e os fundamentos da Fé Cristã; • Formar novos casais para a missão, tanto no Movimento como na Igreja.

Foram dois dias intensos de trabalho, mas extremamente proveitosos para nós todos, ressaltando o papel especial do pregador, Padre Eduardo Malaspina, SCE da Equipe 14, que nos brindou com a sua sabedoria, com a sua comunicação fácil, gostosa e contagiante. Isso, sem contar a riqueza dos ensinamentos que nos !ransmitiu, resultado de intensa dedicação ao estudo e experiência pastoral aliados a um conhecimento sólido das propostas do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. Em nossa região teremos outra sessão de formação em agosto, mas que ninguém, aqui ou em qualquer outro lugar, pelo Brasil afora, deixe de aproveitar riquezas como essas que o Movimento oferece.

Lourdes e Faria CR Setor B São Carlos, SP CM 383


DlA DO PADRE Tetê: a que faz acontecer Irmã Terezinha, religiosa, disciplinada, corpo franzino, coração gigante. Santa Luzia, cidade do Vale do Sabugy, sertão do Estado da Paraíba. Até aí tudo bem, pessoa normal, cidade como qualquer uma do nosso imenso Brasil. A diferença se faz presente na primeira personagem. Irmã Terezinha, ou simplesmente, carinhosamente, Tetê. O testemunho de Tetê serve de alimento para todos nós que fazemos e amamos as Equipes de Nossa Senhora. Apesar de suas limitações físicas e missionárias, pois é educadora de um Colégio Religioso e assume um serviço à frente de sua congregação, Tetê é Conselheira Espiritual de nada mais, nada menos do que nove Equipes do Setor de Santa Luzia, PB. Acontece que o Conselheiro Espiritual do Setor, o padre João Saturnino, trabalha também na formação de seminaristas na capital do Estado e durante os seus momentos de ausência da paróquia de Santa Luzia, Tetê, com muito amor e dedicação acompanha as Equipes como um pastor, ou melhor, como uma boa pastora preocupada com o bem de suas ovelhas. Todos os equipistas de Santa Luzia têm um CM 383

profundo respeito e admiração por esta baixinha, magrinha e meiga senhora. Ela é um encanto de pessoa. Basta um olhar, uma expressão cheia de afeto, mas também de uma santa exigência, para todos entenderem que ela só quer o melhor para o Movimento, para a Igreja e para o mundo. Em certa ocasião, uma das equipes estava atravessando um certo problema de relacionamento entre os seus membros, e bastou uma simples cartinha da irmã Terezinha para que a equipe resolvesse de uma vez por todas esse problema. Com todo o sofrimento do povo do sertão paraibano, Tetê segue firme, seja nas celebrações, nos eventos de formação, nas festas da paróquia, nas escolas, nas ruas, lá vai ela, sempre perto, ao lado, à frente dos casais equipistas. Viajando, quilômetros e quilôrrietros, de carona, de ônibus, está sempre firme, mesmo que aparente um certo cansaço.

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Uma das características mais marcantes de Tetê é a sua animação. Quem não presenciou, aqui no Nordeste a "Muvuca" da Tetê? Explicamos. Muvuca é uma série de cantos e danças que Tetê sempre leva para animar os encontros das Equipes. Já animou vários eventos, entre eles, dois Encontros Provinciais do nordeste e vários outros eventos na nossa região. Alguns casais do Brasil já "entraram na dança" da Muvuca com Tetê, entre eles: Sílvia e Chico (Casal Responsável pela Super Região), Cecília e José Carlos (da Carta Mensal), Márcia e Luís Carlos (ex-Provincial Nordeste) , Cida e Raimundo (Provincial Nordeste) e tantos outros irmãos, conselheiros e amigos. Ao som de: " .... embarca, morena embarca, molhe o pé, mas, não molhe a meia... ", " ... o cristão vai ter que entrar na Olaria de Deus... ", " ... Maria da Paz, da Paz, da Paz, ela pula pra frente, ela pula pra trás ... ", ".' .. viemos de Santa Luzia, fa zer Muvuca na terra alheia... ", Tetê vai contagiando e animando os equipistas da Região Paraíba. Aproveitamos para pedir a Deus muita saúde e paz para Irmã Terezinha e que Nossa Senhora lhe dê sempre a disposição que ela tem para aconselhar e ajudar as suas nove equipes. Neste mês de agosto, em que comemoramos o dia do padre, através de sua pessoa, queremos homenagear também todas as Conselheiras do Movimento, estas santas mulheres que nos enchem de fé e de amor. Tetê, realmente é a "que faz 10

acontecer". O Brasil equipista precisa saber disto e quem quiser ver para crer é só vir a Região Paraíba, que certamente participará de uma grande e inesquecível muvuca.

]ussara e Daniel Chacon CR Região Paraíba

••• Mil quilômetros e um coração Aproveitando o tema da Campanha da Fraternidade deste 2003 e o Ano Vocacional, gostaríamos de trazer um testemunho que tem muito a ver com ambas as circunstâncias. É o bonüo exemplo de um veterano sacerdote: o Padre Silvino Arnhold - aquele "pescador de homens", sobre o qual já havíamos falado em outra ocasião. Não faz muito tempo que retornou "aos pagos", para habitar na residência dos jesuítas, em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre. Já há alguns anos, costumeiramente, tem passado dias de suas férias de verão, pescando conosco, no litoral sul do Rio Grande do Sul, na praia de São Simão, município de Mostardas. Ali, conheceu outros casais equipistas, moradores daquela localidade, com quem logo cultivou boa amizade. A todos encantou, pelo modo generoso de pescar: alimenta os peixes com as iscas e tira apenas o suficiente para não sair "pagão". Aconteceu que uma dessas equipes (N. Sra. Aparecida), estando com dificuldades por falta de um sacerdoCM 383


São mil quilómetros. Mil quilómete que a acompanhasse, em 2001, convidou o nosso Pe. Silvino para Con- tros que passam quase sem sentir, selheiro. Fizeram o convite (por nos- porque os viajantes são um só coraso intermédio), assim meio constran- ção, unidos pelo auxílio-mútuo, notesgidos, em razão da peculiaridade das temunho de amor, talhado pela coradistâncias. Ele pediu uns dias para gem do experiente Conselheiro e pela pensar. Afmal, mora a aproximada- disponibilidade dos jovens casais. Que este bonito exemplo possa mente 250 km de distância de Mosser estímulo para todos nós e anitardas e tem os fins-de-semana ocuem nossa vocação equimar-nos, pados, além de estar lutando contra uma séria enfermidade. Refletiu ares- pista, a fortalecer a amizade e a peito, consultou seu Provincial e o Bis- entre-ajuda com nosso Conselheiro. po de Rio Grande, sede da diocese a Graça e. Eduardo que pertence aquela equipe e ... aceiEq. N. Sra. do Bom Conselho tou! Os casais mal conseguiam acrePorto Alegre, RS ditar. Exultaram de alegria. Finalmente, podiam contar com um empenhado ••• Conselheiro. De início, ficou combinado que Há quanto tempo ... Pe. Silvino não compareceria a toLembro-me como se fosse hoje. das as reuniões: iria de dois em dois Em 1981, eu, então com 14 anos de meses. Viajaria de ônibus, chegaria idade, às vezes ouvindo você me à tarde, participaria da reunião e chamar de menina bagunceira. Alpassaria a noite em Mostardas, gumas vezes, entrava na sua sala, retomando no dia seguinte. Logo em seguida, porém, os ca- no térreo daquele enorme prédio do sais se organizaram, com vistas a Colégio Dom Basco. Conversava manterem um melhor convívio com um pouco e saía. Por algumas veseu Conselheiro. Adequando as da- zes lhe pedi aquela foto com o Papa, tas de suas reuniões, resolveram se que ficava em cima da sua mesa. revezar para buscarem o Pe. Como eu admirava aquela foto ... Onze anos mais tarde, eu, já caSilvino, dando uma "esticadinha" até sada com o Mário e tendo 2 filhos, São Leopoldo. Assim, a cada mês, resolvemos que iríamos trabalhar cabe a um dos casais viajar os 1000 com jovens. E lá estávamos nós: km necessários, para buscar e levocê, o Mário e eu, novamente navar o Padre Conselheiro, de modo que ele possa participar de todas as quele enorme corredor do Colégio reuniões do ano, aproveitando as vi- Dom Basco, conversando sobre o agens, também, para estreitar o re- Cursilho de Jovens que nós iríamos lacionamento com os familiares, em trazer para Campo Grande e do qual um gostoso "bate-papo", ou, às ve- você seria um dos Diretores Espirizes, utilizar o trajeto para o sacra- tuais. Ainda me lembro de você me chamar de bagunceira ... mento da Reconciliação. CM 383

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E hoje, passados 22 anos, tenho o prazer de tê-lo como SCE da nossa Equipe, desde o seu início em 14 de agosto de 1994. Agora você me chama de menina séria, assim como a todas da nossa equipe. Já vou fazer 36 anos, 16 de casada, 3 filhos e quero dizer que levo na bagagem da minha vida e da minha história, o seu companheirismo e suas orientações sempre que solicitadas. Acima de qualquer coisa, o que mais admiro, é o seu amor pelos jovens. E agora, mais uma vez, estamos em uma nova empreitada. Você, o Mário e eu, além das pessoas que abraçaram a causa e a idéia, iniciamos um trabalho com os jovens, filhos de equipistas de Campo Grande, um trabalho pioneiro novamente. E lá estava você, no dia O1 de setembro de 2002, naquela sala do enorme corredor do Colégio Dom Bosco abençoando a nossa primeira reunião. Agora, eu entendo o por quê de ser lá a reunião, depois de tantas tentativas em arrumar alguma sala em outros lugares para nos reunirmos. Já faz parte da nossa história ... Você é o Padre Marinoni. O italiano mais brasileiro que nós conhecemos; o que deixou a família na Itália para viver com os irmãos do Brasil; aquele que entrega o seu dia-a-dia nas mãos de Deus e se curva à obediência, um dos votos de sua vocação; o reitor da Universidade Católica Dom Bosco, que faz valer verdadeiramente o sonho e o ideal de Dom Bosco, quando se despoja de todos os títulos e se faz próximo dos casais, 12

dos jovens, das crianças, dos índios, dos seres humanos; aquele que, em retiro com os jovens e nas reuniões da equipe, dá testemunho de sua vida como se fosse um de nós; aquele que nossos filhos aprenderam a amar e respeitar não somente pela figura do Padre, mas sim por ser simplesmente o Marinoni, que chega, conversa, brinca, orienta e se faz presente.

Daniella e Mário Celso Eq. N. Sra. do Pantanal Campo Grande, MS

••• Encontro dos Conselheiros Espirituais Região Pará No dia 12 de maio de 2003, aconteceu o II Encontro de Conselheiros Espirituais da nossa Região, em Belém, PA. Padre Giovane relatou o início do Movimento no Pará, através de fatos, onde ele teve participação direta, pois, foi a ele que, no ano de 1973, Mônica e Plínio, transferidos para Belém, vindos de Brusque, SC, na Sacristia da Basília de Nazaré, falaram-lhe sobre a presença do Movimento no Brasil. Padre Giovane, por acreditar no trabalho dos leigos na Igreja, aceitou o con~ vite e assim, nasceu a primeira Equipe de Nossa Senhora em terras paraenses. Também foi falado sobre a importância das reuniões preparatórias. Vários sacerdotes deram tesCM 383


temunho, sobre a importância das equipes em suas vidas.

Região Paraíba A Região Parruba realizou no dia 19 de maio de 2003, o Encontro dos Conselheiros Espirituais. O Evento aconteceu no salão da Paróquia de Sto. Antônio de Lisboa, em João Pessoa.

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O Casal Regional Jussara e Daniel falou sobre os 10 pontos de Unidade do Movimento e padre Carlos Maurício, SCE da Província Nordeste, falou sobre o papel do Conselheiro nas Equipes e frisou bem que "os Conselheiros devem ajudar os casais a Jazerem de suas vidas uma verdadeira Eucaristia"

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Noticias dos Conselheiros

ordenado presbítero. Este jovem, pois, assim os equipistas o sentem, está sempre disponível a todos, tendo uma palavra, um gesto, uma oração amiga. É SCE das equipes 39A e 56A e ativo participante dos eventos do Movimento: EACRE, retiros, na Igreja, nas casas dos equipistas e se inscreveu para participar do Encontro Nacional de Brasília. Está presente onde for solicitado, sempre muito disposto, sem qualquer objeção ou reclamação.

Monsenhor JARBAS BRANOINI OUTRA completou 40 anos de ordenação presbiteral no dia 8 de dezembro de 2002. Mons. Jarbas é Sacerdote Conselheiro Espiritual de 13 equipes da cidade de São José do Rio Preto. Ele foi pioneiro, ao iniciarestudos e orientações sobre o documento das Experiências Comunitárias, em 1985, recebendo o material do casal Rosinha e Anésio. Reunia os casais do setor e os casais da equipe 4 para formá-los coordenadores de Experiência Comunitária, sendo que a primeira do setor foi iniciada no dia 21 de agosto de 1986, com um coordenador e um auxiliar. Esse grupo de casais deu origem à equipe 8 de São José do Rio Preto, que até hoje permanece com todos os casais que iniciaram a 1a Experiência Comunitária.

Eliana e Paulo CRS A - Região Rio V - Rio de Janeiro

Rosinha e Anésio Eq. 1 - S. José do Rio Preto, SP

Padre LÍVIO EMÍLIO CALLIARI, com 89 anos de idade, completou 65 anos de sacerdócio no dia 10 de julho de 2003. Padre Lívio é Conselheiro da nossa equipe, desde a fundação, há 26 anos. Apesar da idade, está sempre presente nas reuniões, "como o sim de Maria, porque a ama e nos ama"

Padre PANCRÁCIO OUTRA completou 90 anos no dia 24 de abril de 2003 e há 55 anos foi

Ivone e Zeca Eq. 5 - N. Sra. das Graças Sorocaba, SP

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CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO PADRE CAffAREl OSenhor Está ao ladoDaqueles que lutam pelo Amor Olá, gente amiga! No encarte desta Carta Mensal trazemos a palavra de equipistas comentando a experiência de sua convivência com o Pe. Caffarel, cujo centenário de nascimento comemoramos em 30 de julho. Pe. Caffarel era um homem reservado e nunca foi dado ao recebimento de homenagens. Não desejamos afrontar seu modo de ser; portanto, o objetivo desta reportagem não é tecer loas ou fazer homenagens póstumas. O que se pretende é que lembrando o homem entremos em contato com a sua obra, com o seu discernimento sobre o encontro de dois amores: o de Deus e o do casal. Pe. Caffarel foi pioneiro nesta arte. Provavelmente conhecendo um pouco mais da sua pessoa, do seu caráter. do seu pensamento, possamos entender melhor o que ele ajudou a descortinar para nós casais cristãos - a maravilha da espiritualidade conjugal -, o que ele ajudou a construir - as riquezas de um Movimento que nos permite fazer a travessia do amor para a santidade. O Senhor está ao lado daqueles que lutam pelo amor! Que possamos todos juntos continuar nessa mesma trajetória. Com nosso caloroso abraço, Silvia e Chico


Por ocasião do Encontro dos Responsáveis de Setor, em Paris, a 24 e 25 de março de 1973, Pe. Caffarel comunicou a sua decisão de deixar, em junho, a responsabilidade do Movimento. As palavras que então pronunciou, traçando um balanço de 35 anos passados a serviço do Movimento, ele as condensou no editorial a seguir. Trata-se de um documento que merece ser lido com a máxima atenção, com a veneração de filhos a seu pai espiritual que se despede, marcando com eles um novo encontro.

ADEUS Para uma nova tomada de consciência da nossa vocação e da nossa missão, para melhor discernir onde devemos chegar e qual o caminho a seguir, é por vezes muito elucidativo considerar de onde viemos e quais as etapas já percorridas. Vista assim à distância, a maneira como Deus conduziu as coisas aparece-nos rica de sentido e revela sua maravilhosa solicitude. O que é verdade para uma pessoa também é válido para um Movimento.

É para uma pesquisa desta natureza que, em poucas palavras, eu quisera vos convidar, por meio deste editorial. O período de 1937 a 1940, embora bastante curto, foi decisivo. Uma geração de jovens casais sentia-se irresistivelmente levada a interrogar o Senhor sobre as riquezas cristãs do amor e do casamento. Tinham a intuição que descobertas admiráveis iriam ser feitas. Dois amores incutiam neles força, alegria, razão de viver: o amor, de Cristo e o seu amor conjugal. Aspiravam a dar uma resposta sem reservas aos apelos de um e de outro - embora sabendo que o segundo só pode encontrar o seu sentido e o seu dinamismo no primeiro. De 1940 a 1945, foi-se elaborando o que desde então se denominou a espiritualidade conjugal e familiar. O entusiasmo era grande em desbravar os territórios quase inexplorados da espiritualidade cristã e viver em equipe estas descobertas, à luz dos Estatutos que tínhamos elaborado. As difíceis condições de vida: guerra, ocupação, pobreza obrigavam a não nos contentarmos com belas idéias, mas a aplicá-las em nossa vida, a vivê-las. 11

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A partir de 1945, a multiplicação dos grupos na França e além de suas fronteiras levou o Movimento a tomar consciência de que tinha uma responsabilidade de Igreja: o que descobríamos e o que vivíamos teria de ser partilhado com todos os casais cristãos que aspiravam a viver o seu casamento em plenitude. A revista "L' Anneau d' Or", fundada nesse ano de 1945, foi o mensageiro dessa difusão. Era grande a nossa esperança de que a renovação dos lares cristãos contribuísse para uma nova juventude da Igreja. O anúncio de um Concílio nos pareceu a ocasião providencial para oferecer a nossa contribuição de casais à renovação da Igreja, desejada por João XXIII. Centenas de cristãos casados responderam com entusiasmo ao nosso inquérito: "Que esperam os casais da Igreja, que esperam eles oferecer à Igreja?" O resultado desse inquérito foi objeto de um número especial de "L' Anneau d'Or" "Mariage et Concile", em 1962. Enviado aos Padres do Concílio, foi para muitos deles, uma verdadeira revelação. As grandes esperanças suscitadas pelo Concílio repercutiram profundamente em nosso Movimento. Acreditava-se que a renovação da Igreja, em todos os setores, iria surgir como a primavera canadense que, em poucos dias, realiza a transição do inverno para o verão. Era ingenuidade. Sobreveio a crise, agravada de ano para ano. Não somente o abalar de instituições que tinham séria necessidade de transformação,

mas uma crise de fé e dos costumes no seio da Igreja. Nossas equipes, acudidas pelos fortes ventos das discussões, só foram abaladas momentaneamente. Solidamente enraizados na realidade, seus casais têm maior facilidade em discernir entre as idéias fecundas e a utopia. Nisso eles são cruelmente ajudados por acontecimentos familiares totalmente inesperados, quer em seus próprios lares, quer nos de famílias amigas. Entre eles, foram numerosos os que, tendo haurido na espiritualidade conjugal e familiar, a luz, a força, a alegria ao longo dos anos, viram muitas vezes os seus filhos adolescentes abandonar a fé cristã, ou deixar o lar para viver maritalmente, sem cogitar em casamento. Não há necessariamente ruptura violenta: as boas relações com os pais são por vezes mantidas. Os jovens declaram simplesmente não verem o que a fé ou o casamento "poderiam lhes trazer a mais". Provocação amarga para os pais que não tinham ambição mais cara do que transmitir a seus filhos o que é a sua própria razão de viver. Eu sei o quanto sois terrivelmente sacudidos pela crise da Igreja e sua repercussão na família. Eu sei que descobris com maior urgência as responsabilidades que cabem ao Movimento dentro da Igreja. Não tenho mais dúvida de que as Equipes entram numa fase nova de sua história. É para vos ajudar a descobrir os caminhos do futuro que acabo de vos apresentar este breve retrospecto. O ponto de inflexão foi iniciado


pela nossa grande peregrinação a Roma em 1970. Repito, iniciado. Um grande esforço de oração, de reflexão e de transformação deve ser empreendido com vontade férrea de descobrir a vontade de Deus sobre o Movimento e a sua missão, na fidelidade à graça das origens e à inteligência das necessidades do tempo. Não quis afastar-me de minhas funções de conselheiro espiritual do Movimento antes que fosse iniciada a mutação necessária. Mas, para que ela se realize plenamente, dez a quinze anos serão necessários. Ora, aos setenta anos, não é possível pretender levar a bom termo tal empreendimento. É por isso que um padre a quem dedico grande estima e confiança, o Pe. Roger Tandonnet, conhecido e amado por muitos de vós, vai doravante assumir na, Equipe Responsável a tarefa de conselheiro espiritual. Afastar-me de meu cargo, porém - será preciso dizê-lo - não é abandonar o Movimento. Ele está ancorado no meu coração. Os pais não abandonam o filho que funda um lar; não se sentem menos responsáveis pelo destino espiritual daquele que lançaram na perigosa aventura da vida humana. Mas compreendem que doravante devem ajudá-lo à maneira de Moisés em oração no alto da montanha, os braços levantados para Deus, enquanto os israelitas se empenham na planície em rude combate. Mais do que nunca eu penso na importância insubstituível da oração e é desse modo que quero não só ajudar-vos, mas permanecer presente junto a vós. Todo o meu tempo, no

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decorrer dos anos que me restam de vida, na medida em que isto depender de mim, será consagrado a rezar e ajudar os outros a rezar: os "Cahiers sur 1'Oraison"; o curso de meditação por correspondência; a direção da Casa de Oração de Troussures e a animação das Semanas de Oração que ali se realizam; o novo boletim, "La Chambre Haute", que pensei dever fundar para dar apoio aos grupos de oração que nascem por toda a parte; incentivo a esta grande corrente de renovação que, surgida na América, acaba de ganhar a Europa. Alguns, dentre vós, disseram-me: "Deixai-nos um testamento espiritual". Será isso necessário? Um discípulo de Cristo nada melhor pode fazer do que repetir os últimos conselhos de seu mestre: "O que vos mando é que vos ameis uns aos outros" (Jo. 15,17). Acrescentarei, entretanto: rezem por mim. Ao vos deixar, tenho aguda consciência de tudo o que não fiz e não fui. Meu amor por vós não soube ser bastante forte. Não vos incitei com suficiente vigor a seguir o Cristo ao longo do caminho do amor incondicional. A oração me levou a compreender um pouco melhor a exigência desse amor pelo Cristo, amor eterno e intransigente, amor ciumento. Não se trata tanto de "performances" a atingir, mas sim de fé no Cristo, absoluta. Quisera poder apertar a mão de cada um de vós, os meus olhos nos vossos olhos. A Deus! Henri Caffarel Editorial publicado na Carta Mensal de agosto de 1973 IV


ENCONTROS COM O PADRE HENRI CAffAREl Foiem 1957.Jánãonoslembramos do mês. Mas ficou bem viva em nossa memória aquela manhã. Estávamos no aeroporto de Congonhas, aqui em São Paulo, alguns poucos casais acompanhando Pedro e Nancy Moncau, esperando o Pe. Caffarel. Ninguém o conhecia. Por sorte, naquele tempo, os padres usavam batina. E uma só desceu do avião. Era ele. Um homem baixinho, calvo, narigudo, de pele avermelhada, sangüínea. Com viva satisfação, saudou cada um de nós, esforçando-se para entender os nossos nomes, bem diferentes dos que estava acostumado ouvir. Logo cercou-nos com um visível laço de simpatia e amizade, alegre por encontrar tão distantes equipistas. Cremos que, logo no dia seguinte, tivemos a primeira reunião com ele. Éramos poucos. No Brasil havia apenas 13 equipes. Aqui na capital uma meia dúzia. Cremos que compareceu à reunião, quando muito, uma dezena de casais. Vimos, desde logo, que estávamos a escutar um homem de Deus, cheio de convicções profundas e bem vividas. Sentia-se, em suas palavras vibrantes, que não abordava teorias ou doutrinas abstratas, mas falava de vivências, suas e dos primeiros casais. Foram palestras assaz claras, bastante animadas, de rara profundidade, quebradas, aqui e ali, por pitadas de humor, brotadas de uma fina iro-

nia. Tornaram-se inesquecíveis. Algumas passagens permanecem até hoje em nossa lembrança. Ali começamos a entender o que eram e o que pretendiam as equipes. Mais do que isso. Para nós dois, foi uma verdadeira revelação a apresentação que fez do sacramento do matrimônio. Era uma visão completamente nova, reveladora de perspectivas que nunca havíamos imaginado. E vejam que não éramos jejunos em matéria de doutrina cristã. Ambos havíamos estudado, não só em bons colégios católicos (o que nem sempre quer dizer muita coisa) mas tivemos a graça de receber uma formação cristã, para o tempo, bem acima da usual. Por isso éramos praticantes convictos, desejosos, mesmo depois de casados, de uma vida espiritual fervorosa. O Pe. Caffarel, porém, nos deixou extasiados com a visão reveladora que nos apresentou do casamen-


to, bem distante do que estávamos acostumados a ler e ouvir. Muitas outras coisa poderíamos dizer do que então aprendemos. Por sorte, guardamos, aqui em casa, os cadernos com os apontamentos que fizemos nas várias conferências. Ficaria longo transcrever até mesmo algumas. Não podemos, contudo, deixar de registrar um privilégio que recebemos. O primeiro de muitos outros. Como seria de se esperar, o padre manifestou o desejo de conhecer de perto uma equipe brasileira. A única que tinha reunião por aqueles dias era a nossa. Ficou decidido que ele iria. Não podemos esquecer o que se passou. Éramos, nas alturas, o casal responsável. Fomos buscá-lo no Colégio Santa Cruz onde estava hospedado, porquanto todos os padres dali, como canadenses, falavam francês. Quando passamos perto da Igreja de Moema- a reunião era para aqueles lados - ele virou-se indagando: "Marcellô, vocês não rezam antes da reunião?" Confesso que a pergunta me surpreendeu. Nem cheguei a perceber o seu alcance. Diante da resposta negativa deu esta lição, nunca mais esquecida: "a reunião de equipe não é uma reunião social. É um encontro com o Cristo, como Ele mesmo prometeu 'quando dois ou três se reúnem em meu nome Eu estarei lá'. Por isso é preciso ativar o nosso olhar de fé. Vamos parar aí na igreja e rezar para que Ele aumente a nossa crença em sua presença". Talvez por isso, por não atender ao conselho e ao exemplo do Pe. Caffarel, tantas reuniões são improdutivas, vazias, sem passarem,

quando muito, de um agradável jantar social... Vocês querem saber, naturalmente, o que ele achou da reunião brasileira. Gostou. Acabou, ao final, quando lhe fizemos a mesma indagação, dizendo: "com exceção da língua, a reunião foi igualzinha às da França ... " Tivemos outros encontros com ele, onde sempre aprendemos muito. A verdade é que, como se diz por aqui, "ele foi com a nossa cara". Ficamos amigos. Convida-mo-lo para jantar em casa no dia de sua partida. Prontamente aceitou, pois, a nossa pequena casa ficava bem perto do aeroporto donde o avião sairia por volta de meia noite. Claro que o casal Moncau também foi. Continuamos, em torno daquela mesa, a elucidar vários pontos e ouvir explicações marcantes. Com sua estadia aqui, criou-se o primeiro Setor do Brasil. Nancy e Pedro Moncau eram os responsáveis. Como fomos convidados a integrar a equipe de setor, ali começou a nossa longa, fecunda e privilegiada colaboração com os fundadores do Movimento no Brasil que tanto nos ensinaram com o seu exemplo e palavras. · Como os participantes daquelas históricas reuniões saíram cheios de entusiasmo, puseram-se a convidar gente para entrar nas equipes. Irmãos, cunhados, parentes e amigos. Como éramos os responsáveis pela difusão, tivemos que fazer dezenas de reuniões de informação. Brotavam equipes. Tínhamos que "laçar" pilotos. Não tinham preparo algum. Apenas "boa vontade" e um conhecimento muito superficial do Movimento. Daquelas equipes, tão mal

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lançadas, não existe, há muito tempo, mais nenhuma. Em 1962 ele voltou. Já havíamos chegado a algumas dezenas de equipes. Dentre as várias atividades que desenvolveu, queremos destacar duas e um episódio que marcou fundo a nossa vida. Com a grande expansão do Movimento, cada dia mais presente em diferentes lugares, viu-se a necessidade de preparar "bons quadros". Daí surgiu a idéia de organizar uma Sessão de Formação, prontamente apoiada pelo Centro Diretor Internacional. Junto com o Pe. Caffarel a direção mandou um de seus membros, não só para ficar como o responsável pela Sessão, mas, acima de tudo, para transmitir a experiência acumulada na Europa e a técnica pedagógica usada em tais encontros. A Sessão foi realizada em Valinhos com casais vindos de quase todos os lugares. Para caber tanta gente, tivemos que optar por um expediente "muito mal visto": homens dormindo de um lado, mulheres de outro. Marcello foi indicado, pelos Moncau, para "grudar" em Francis Labite para, não só ajudá-lo, pois não entendia uma palavra de português, como para absorver a tal técnica. Diga-se de passagem, aliás, que Francis foi exemplar. Durante todos os momentos possíveis andávamos, os dois, pelos campos da Fazenda quando ele aproveitava para explicar a razão e o modo de desenvolver as diferentes atividades. À noite tínhamos, com o Pe. Caffarel, a reunião de avaliação do dia e a previsão do dia seguinte. Todos os que lá estiveram desco-

briram, em maior profundidade, o que as Equipes pretendiam e qual o seu papel. Foi lá que o padre apresentou uma célebre e importante conferencia, depois repetida em outros lugares e publicada na revista "L' Anneau d'Or": "A equipe pentecostal". Apelando para o testemunho dos Apóstolos que só entenderam o que se passou com Cristo depois que receberam o Espírito Santo (Atas 1, 6-8), assim também uma equipe só será verdadeira se estiver impulsionada pelo Espírito, deixar de ter uma visão puramente humana, por mais racional que seja. Outro ponto que nos marcou: o bom início de uma equipe. Estamos ainda a ouvir as suas palavras, ditas com veemência: "eu prefiro que em uma cidade exista uma única equipe verdadeira, bem formada, do que 10 mal formadas". E, mais adiante acrescentou: "pertencer a uma equipe é uma questão de vocação. Por que alguém se torna jesuíta e não franciscano ou beneditino? Por causa de sua vocação. Assim também, vocês devem rezar para que, no Brasil, nas diferentes cidades, haja mais de um movimento de casais para que cada um possa escolher qual o que corresponde a seu chamado". E concluía: "fujam da tentação da quantidade". Abordou, ainda, entre outros, um aspecto de uma importância fundamental, o do casal que chamou de "peso morto". Para tanto, indagou se sabíamos de onde vem a palavra "equipe".A indagação vale para os que nos lêem. Explicou que vem do francês antigo "esquif", nome de um pequeno barco a remo que, para manVIl


ter a sua rota, é indispensável que todos remem na mesma direção. Assim também nas equipes: se alguém estiver remando em outra direção, só atrapalha, só prejudica, é um peso morto. E concluía: é preciso, então, em nome do bem geral, que alguém, a própria equipe, o ligação ou o setor convidem o "peso morto" para se retirar. Dêem-nos licença de confirmar, com tantos exemplos que vimos, que o padre estava absolutamente certo. Muita coisa poderíamos acrescentar à guisa de recordação. Fiquemos por aqui, caso contrário vamos ocupar toda a Carta Mensal. Uma coisa, contudo, não podemos deixar de registrar. Marcou profundamente a nossa vida. Temos procunido segui-la, com esforço, passados tantos anos. Como dissemos antes, o Pe. Caffarel "foi com a nossa cara". Convidamo-lo para jantar conosco. É bom esclarecer que o padre era um homem extremamente metódico, disciplinado e organizado. Escravo do horário. Naquela noite, em 1962, aceitou o convite. Foi logo esclarecendo: "às 10,00 horas tenho que estar de volta" Claro que respondemos: "oui, d'accord" Que noite inesquecível! Ainda hoje somos capazes de revivê-la, recordando cenas como se estivéssemos vendo um filme de novo. Quanta coisa aprendemos! Quando foi lá pelas 9,30 horas, preocupado com o tal horário, mostrei-lhe o relógio. Fez um gesto com a mão para esquecê-lo. Continuamos a rica conversa, onde, é claro, mais ouvíamos que falávamos. Já passava das 10,30 horas

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quando fiz-lhe notar o nosso compromisso. Estou a ouvir a sua resposta como se tivesse sido dada ontem: com um largo sorriso virou-se para mim dizendo: "Oh Marcellô!,

aujourd 'hui c 'est le jour de vacances au Brésil" =hoje é o dia de minhas férias no Brasil. Para terminar o inolvidável jantar, deixe-nos registrar uma única passagem. Para mim marcou minha vida e, até agora. procuro seguir o paternal conselho que ouvi. E se o coloco aqui, como uma co-participação, é porque serve para todos nós. Achou que eu tinha facilidade para falar. Pudera, àquele tempo eu dava 4 aulas por semana na Faculdade. Não podia deixar de ter prática em expor assuntos. Disse-me, então:

"quem· tem estafacilidade corre um sério perigo, o de se contentar com um conhecimento superficial, pela rama, o suficiente para dizer algo. O cristão não pode ficar na mediocridade, precisa sempre se aprofundar nos estudos, procurar conhecer cada vez mais os assuntos, nunca achar que já sabe tudo". Se um dia conseguimos, depois de 3 anos de estudo, escrever um livro sobre o matrimônio foi, sem duvida, um dos frutos daquele abençoado jantar. Nossos fecundos encontros com o Pe. Caffarel não ficaram apenas aí. Tivemos vários outros que, na edição da Carta Mensal de outubro/ 2003, contaremos porque não é justo que só nós dois aproveitemos o que foi "bebido na fonte".

Esther e Luiz Marcello Eq. 1A - São Paulo


LEMBRAN(AS DO PADRE CAffAREl Vimos o Pe. Caffarel pela primeira vez em 1957. Tínhamos então apenas três anos de equipe, o que naqueles tempos representava muito: basta lembrar que depois de três reuniões a equipe já pedia sua "filiação" ao Movimento. Fomos ao Colégio Santa Cruz para o encontro que o Pe. Caffarel, na sua primeira visita ao nosso país, teria durante dois dias com casais das então 13 equipes do Brasil 1• Lembramo-nos até hoje das suas palavras no final da missa na capela, palavras que conclamavam aqueles poucos casais a levar adiante o ideal das Equipes de Nossa Senhora chamando, outros casais a viver seu matrimônio como vocação à santidade. Como todos os que o ouviram então, sentimo-nos diretamente tocados pelo ardor das palavras, pela urgência da missão de que acabava de investir a pequena sementeira de apóstolos ali reunida. Cinco anos depois, estávamos sentados em tomo de uma mesa no restaurante chinês próximo à casa dos Moncau, com eles, Esther e Luiz Marcello, Ignez e Orozimbo, Isa e Newton2, debatendo com o Pe. Caffarel o programa que havia sido montado para sua segunda visita e que, num

abrir e fechar de olhos, ele desmontou inteiro, deixando-nos boquiabertos e, por que não dizê-lo, um tanto decepcionados em vista das muitas horas passadas para organizá-lo ... Assim era o Pe. Caffarel: o que decidia estava decidido, não havia o que discutir. Já experimentáramos, um ano antes, quando de nossa primeira viagem à França, o quanto nosso fundador era habitado por essa força interior que impunha respeito, ao mesmo tempo que inspirava admiração. Estávamos em visita ao então Centro Diretor (atual ERI) e pediram-nos para falar aos Responsáveis de Setor que se reuniriam em Paris naqueles dias. Somente a insis-

6 e 7 de julho de 1957, e havia 10 equipes em São Paulo. I em Florianópolis, I em Campinas, 1 em Jaú. 2. Era, com Glória e Payão e o Pe. Corbeil , a equipe da então Região Brasil, futura Equipe de Coordenação lnter-Regional (ECIR), oficializada em novembro de 1962, no final dessa visita. I.


tência do Pe. Caffarel fez com que aceitássemos, e ainda hoje Monique se lembra daquela sala onde pela primeira vez tivemos que tomar a palavra para falar das Equipes do Brasil. Ainda o ano de 1962. Valinhos, primeira "Sessão de Quadros" 3• O Pe. Caffarel falava, Gérard traduzia. De vez em quando, entusiasmado com o assunto, o Pe. Caffarel passava das 2 ou 3 frases combinadas e Gérard tinha o maior trabalho para se lembrar do que dissera. Ora, o Pe. Caffarel, que não entendia nada de português, interveio pelo menos em duas ocasiões, dizendo ao Gérard que havia esquecido de traduzir isso ou aquilo ... Não entendia português, mas o seu senso do Movimento supria! Naquela mesma Sessão, o Pe. Caffarel, ao ver equipistas entrando no salão no dia seguinte e serem recebidos com salvas de palmas, externou sua estranheza: "costume curioso esse de vocês, quanto mais atrasado alguém chega, mais é aplaudido!" Foi preciso explicar-lhe que vinham de longe e o ônibus em que viajavam havia quebrado. Uma lembrança muito pessoal agora. O Pe. Caffarel almoçaria em nossa casa e Mo nique, sem saber que na França é a coisa mais banal, pensou honrá-lo servindo-lhe carneiro, mas não sabia cozinhá-lo e ficou duro que nem pedra. Imaginem a agonia da dona de casa recebendo aquela figura tão importante ... Felizmente, não demorou para perceber que o Pe. Caffarel não dava a mínima atenção ao que havia no seu prato, só estava

interessado na conversa. Que alivio! Outras lembranças são só de Monique, que por três vezes teve a graça de fazer a Semana de Orações que o Pe. Caffarel organizava em Troussures, alguns quilômetros ao norte de Paris. Ele escolhera a dedo aquele lugar e ficava feliz quando eu me dizia maravilhada com a beleza dos campos que circundavam a Casa e a paz que deles emanava. Da última vez, quando comentei que me bastara entrar na casa para sentir-me imediatamente mergulhada no silêncio, sorriu e disse: "De fato, o silêncio aqui é quase palpável..." Sempre que ia para lá, aguardava meio ansiosa a papeleta que deixavam em baixo da porta do meu quarto marcando a hora em que ele iria me receber. No exato minuto previsto eu tocava a campainha do seu apartamento, a porta se abria e lá estava ele, com aquele enérgico aperto de mão e aquele olhar direto e penetrante. Aliás, o que mais impressionava no Pe. Caffarel era exatamente o olhar, um olhar que parecia perscrutar até o fundo da alma da gente, mas também com algo de cumplicidade, um olhar que dizia conheço você melhor do que você se conhece ... Perguntava por Gérard, Nancy, Marcellô, mas queria mesmo era saber do Brasil, ao qual devotava indisfarçável predileção ... Em 1986, com o pretexto de que era "pour Nancy", pedi para tirar uma foto dele e, para a minha surpresa, aquiesceu (é essa, frente à biblioteca, entre as fotos dos dois Papas).

3. Depois "Sessão de Formação de Dirigentes" e finalmente apenas "Sessão de Formação".

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Quem visse no Pe. Caffarel somente o lado erudito, a personalidade forte, não teria dele uma idéia completa. Disse alguém que um santo triste é um triste santo, e um dos traços marcantes do Pe. Caffarel era exatamente o humor. Divertia-se, por exemplo, quando, depois de explicarnos que para entrar e permanecer em oração é necessária uma certa ascese, convidava-nos a ''pular" o jantar... e ainda ao anunciar-nos que, no dia seguinte, no lugar da meia hora de "oraison"4 antes do café, faríamos uma maratona de 3 horas, entrecortadas por duas pausas (em que poderíamos sair da capela e comer um pedaço de chocolate, mas isso só descobríamos na hora.. .); "claro, ninguém é obrigado", acrescentava ele nas duas ocasiões, rindo disfarçadamente de nossas caras assustadas. Com a idade- em 1994 estava com 91 anos - não perdera nada de sua lucidez nem de sua vivacidade de espírito; apenas não fazia mais ele mesmo todas as palestras (essas mereceriam uma palavra especial, mas não caberia neste artigo). Quando fui falar com ele e disse que, da próxima vez que fôssemos à França, ''daqui a dois anos", esperava que Gérard fosse comigo visitálo, respondeu-me "daqui a dois anos não sei se ainda estarei aqui... " De fato, em agosto de 1996, minha carta perguntando se poderia nos receber no final de setembro ficou sem resposta, mas pensávamos que essa chegaria após nossa partida. Em Londres, jantando com um casal nosso amigo desde a Peregrinação de 82, foi que soubemos, quando nos disse-

ram: "Ouvimos dizer que o Pe. Caffarel teria falecido. Vocês estão sabendo de alguma coisa?" Chegávamos da Itália, somente íamos a Paris depois, e evidentemente não sabíamos de nada; levamos um susto e não podíamos acreditar nem entendíamos: "Como, teria? é um boato? estava doente?" (Na realidade, Cidinha e Igar quando haviam estado com ele em fevereiro já o haviam encontrado bastante enfraquecido, mas nós não sabíamos). Naquela noite mesmo tratamos de confirmar a notícia- era verdade: ele se fora como gostava de viver, no silêncio ... deixando entre seus filhos das Equipes, além do sentimento de perda, uma certa incredulidade devida à discrição com que desejara cercar sua partida para o Pai. Para nós, mesmo que Gérard não o tenha podido rever, ficou uma imensa ação de graças por termos conhecido um pouco o pequeno grande homem que Deus colocara em nosso caminho de casal havia mais de 40 anos.

Monique e Gerard Equipe 1A - São Paulo

4. Oração interior, meditativa/contemplativa, traduzida entre nós por "meditação··.


UM ANO DE 6RAÇA COM PADRE CAFFAREL Para nós, o Ano de Graça de 1972 foi realmente um ano cheio das graças do Senhor, pois tivemos a oportunidade de conviver intensamente com o fundador de nosso Movimento, o Pe. Caffarel. Como já contamos na contribuição que pudemos dar ao magnífico livro de Da. Nancy Moncau sobre o histórico do Movimento 1, éramos na época Casal Responsável Regional no Vale do Parafba, Estado de São Paulo. Na ocasião, procurando fortalecer o Movimento no Brasil, a ECIR, Equipe de Coordenação InterRegional (que na época era responsável pelas Equipes aqui), empenhavase em trazer novamente o Padre Caffarel, que já tinha estado aqui em 1957 e 1962. Consultado, ele informou que sua vinda para cá não seria possível em 1971 e nem 1972. Em compensação, a Equipe Dirigente (que era então o nome da equipe responsável pelo Movimento) queria que pelo menos um casal do Brasil participasse de um Encontro de Casais Regionais que iria acontecer em Paris, em abril de 1972. Como dissemos no testemunho a Da. Nancy "por uma feliz 'coincidência' , orquestrada, cremos nós, pelo Espírito Santo, na mesma época Peter iria fazer uma viagem de estudos à Europa para a Cia. do Metrô de São Paulo, onde trabalhava. Como o Mo-

vimento estava numa "pendura" total , e como falamos bastante bem o francês, fomos designados para, aproveitando o fim de semana em Paris, pruticiparmos do encontro. Em contrapartida, o Metrô não teria gastos com hospedagem, pois em Lisboa, Madri, Paris e Roma, onde a viagem de estudos ocorreria, ficaríamos em casa de casais das Equipes. E a nossa missão era de convencer o Padre Caffarel a vir ao Brasil ainda em 1972!" A figura do Pe. Caffarel era muito especial. A Equipe que trabalhava com ele tinha um imenso respeito e ao mesmo tempo, um certo temor dele. Ele era muito centralizador: nenhuma palavra dele poderia ser publicada se não fosse revisada por ele. Suas conferências (palestras, ja-

I. Nancy Cajado Moncau, "Equipes de Nossa Senhora no Brasil, Ensaio sobre seu histórico" . Ed. Nova Bandeira/ENS, São Paulo, 2000, página 153.

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mais!) e suas aparições públicas eram cercadas de uma certa formalidade, que realçava ainda mais seu profundo conteúdo. (Um detalhe: ele chegava a sugerir aos demais conferencistas a cor da roupa que deveriam usar, para se destacar sobre o pano de fundo do palco.) Mas, em nenhum momento isso sequer lembrava qualquer culto da personalidade, pois tudo era feito para que o carisma do Movimento fosse preservado e nada acontecia apenas para satisfazer a vontade pessoal do padre, mas, para o bem das Equipes. Ele não se colocava à parte, distante dos outros: gostava até de pequenas brincadeiras e, como todo francês, praticava bem o trocadilho. Mas pesava cada gesto e cada palavra, pois sabia o valor e o significado que lhes seriam atribuídos. Era esse o homem que deveríamos convencer a vir ao Brasil. No meio das palestras e dos grupos de trabalho, ficava difícil até chegar perto. Mas a oportunidade se apresentou no almoço do segundo dia do Encontro. Havíamos conversado sobre nosso intento com o casal responsável da Equipe Dirigente, Louis e Marie d' Amonville. Como resultado do conchavo, conseguimos sentar junto do Padre para almoçar. Entre brincadeiras e trocadilhos, tendo conseguido derreter o gelo. pedimos que ele consultasse sua agenda para o mês de setembro seguinte. E não é que conseguimos encaixar, com o seu beneplácito, os 15 dias de uma viagem ao Brasil?! Pode-se imaginar a atividade frenética que isso desencadeou no Brasil quando, na nossa volta, colocamos a ECIR a par. O tempo era cur-

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to, apenas quatro meses, para tudo preparar. Houve alguns episódios curiosos, entre os quais um que nos afetou diretamente. Foi contratado um tradutor especialmente para as Sessões de Formação. Trabalhamos com ele para lhe passar o nosso jargão das Equipes: o que é um dever de sentar-se, uma partilha, uma regra de vida etc. E, como se diz, tudo isso em francês. O pessoal de São José dos Campos tinha fabricado um aparelho transmissor para a tradução simultânea, denominado "Enguiço 1" (havia também um de reserva chamado "Enguiço 2"). Na véspera do início da Sessão de Itaici, íamos testar tudo, quando o tradutor contratado pediu licença para ir ao banheiro ... e nunca mais voltou! Parece que ficou assustado com tudo isso. Mas aí, quem iria fazer a tradução? Após alguns testes, a escolha caiu sobre Peter que, em função disso, fez a tradução simultânea das 14 palestras que Pe. Caffarel deu nas Sessões de Formação. Ao que parece, apesar de pequenos contratempos, o Padre gostou, porque passou a nos enviar cartões nos Natais dos anos seguintes, dirigidos ao seu "fiel tradutor''. Por duas vezes, ao ouvir as traduções, os cem casais presentes deram risadas que o Padre não entendeu, pois não tinha falado nada de engraçado. Uma vez, ele começou a contar a história de ''petit François", que Peter traduziu por "Chiquinho" ... A outra, foi quando Peter levou um choque do "Enguiço l" e soltou um palavrão. Hélene também ajudou muito nas traduções, pois acompanhou o Padre no Grupos de Trabalho e, quando ele quis saber mais sobre a Renovação


Carismática, então em seus primórdios no Brasil, ela foi intérprete na conversa com o Padre Haroldo Rahm, que veio até Itaici para vê-lo. Em nenhum momento, durante as refeições, durante os tempos livres das Sessões, durante as viagens entre São Paulo, Itaici, Florianópolis, Taboão da Sena, Rio de Janeiro, Pe. Caffarel quis se prevalecer de sua condição de fundador e dirigente do Movimento. Entrava nas filas dos bandejões das refeições e em tudo manifestava uma grande simplicidade. Com quase 70 anos na ocasião, nunca se queixou de cansaço ou de

qualquer mal estar. Cremos que gostou de estar um pouco mais livre das formalidades, aqui no Brasil. Na verdade, por trás das aparências de severidade e grande seriedade, estava um homem de coração simples, "arrebatado por Deus" -como diz Jean Allemand no título do livro que escreveu sobre ele 2 - um homem de grande fé, que entregava na mão de Deus esse fruto de sua vida que são as Equipes de Nossa Senhora.

Hélene e Peter Equipe 3D - N. Sra. do Desterro São Paulo - Capital

RECORDANDANDO PADRE HENRY CAffAREL 1q72 -florianópolis Recordamos com saudades, emoção e gratidão os dias de setembro de 1972, quando o grande maestro das Equipes de Nossa Senhora, Pe. Henri Caffarel, veio a Florianópolis para durante seis dias contribuir para a formação do nosso quadro de dirigentes dentro da preocupação de aprimorar a mística da busca da santidade através do Sacramento do Matrimônio. Era a terceira visita de Pe. Caffarel ao Brasil e, por isso a ECIR procurou distribuir os contributos do

Conselheiro Internacional das Equipes de Nossa Senhora, em três especiais Sessões de Formação, sendo que uma delas seria realizada nos dias 14 a 16 de setembro na casa de Retiros Vila de Fátima, dos Jesuítas. no Mono das Pedras, Ilha de Santa Catarina e, para atender casais equipistas do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Foram 50 casais participantes e, depois, além dos dias de estudos, foi realizada uma grande confraternização, onde mais de duzentos equipis-

2. Jean Allemand, ''Henri Caffarel, Um Homem Arrebatado Por Deus", tradução de Gérard e Monique Duchêne, Ed. Nova Bandeira!ENS, São Paulo. 1999.

XIV


tas estiveram presentes com lauta ''churrascada" e, finalizando a presença de Pe. Caffarel, foi celebrada uma Missa na Capela do Colégio Catarinense, dos Jesuítas, concelebrada por nosso Arcebispo e vários outros Conselheiros Espirituais. Foi uma Celebração Eucarística, contando com a presença de 350 casais vindos de todos os cantos da região sul, que marcou época em Florianópolis, não só por sua importância histórica na vida do Movimento, como também pelo calor da espiritualidade presente. Padre Caffarel irradiou sabedoria e espiritualidade. Acompanhavam Pe. Caffarel, o casal iniciador das ENS no Brasil, Dr. Pedro e D. Nancy Moncau, e o ligação internacional do Brasil com o Centro Diretor, na França, Marcel Delpont, Ester e Luiz Marcello e Peter Nadas. Todas a equipes de serviço, organização, recepção, liturgia, social, apoio logístico e hospedagens foram integradas por casais d~ Fio-

rianópolis, que ainda tiveram a alegria de receber os participantes de fora em suas casas, inclusive Pe. Caffarel que ficou hospedado na casa de Dilma e Miguel Orofíno (Eq. 01 Florianópolis) que era o responsável pela Região Sul. Na foto, vemos padre Caffarel, Dr. Pedro e D. Nancy (sentados), com o casal Dilma e Miguel e os filho(a)s. Toda a temática da Sessão de Formação foi desenvolvida pelo Pe. Caffarel com tradução simultânea via rádio interno, tendo como tradutor Peter Nadas. O tema central era "Aspectos essenciais das Equipes de Nossa Senhora na espiritualidade conjugal". Na abertura da Sessão de Formação, Pe. Caffarellembrou a visão de equipe que deve ter por referencial o modelo da equipe dos Apóstolos em Jerusalém e que desperta o desejo de fazer da nossa equipe de após Pentecostes, habitada, animada, aquecida pelo Espírito Santo. Mais adiante


debruça-se sobre a ascese como uma face de amor: "é o desprender-se de tudo aquilo que impede ou dificulta a amizade com Cristo". Na última palestra, fala da responsabilidade dos dirigentes: é sempre uma palavra de animação que dirige àqueles que têm a missão de serem intercessores, para levar aos casais o pensamento de Deus e o desejo de servi-lo dentro das próprias possibilidades, com generosidade e dedicação. Fora da programação oficial, padre Caffarel participou de um encontro com jovens, na maioria filhos de equipistas integrantes de um movimento paroquial intitulado "POLÉM". Nesse dia, disse um Conselheiro: "O dia de hoje marca o maior acontecimento ocorrido nesta casa, pois, aqui, nesta igreja, recepcionamos e ouvimos um Santo". O filho de um equipista excla-

mou: "Aquele Sacerdote marcou a minha vida. Ouvi sua palestra, que me tocou demais. Ter trabalhado (vários filhos de equipistas integraram as equipes de serviço durante o encontro) para o encontro, valeu mais do que um retiro de Jovens". A Equipe de Nossa Senhora do Desterro, a primeira de Florianópolis, fundada em 08 de março de 1955 (uma das primeiras fora de São Paulo e que está para completar 50 anos) é quem assina a presente nota de saudades e alegria com as graças que Deus derramou sobre os sobrevi ventes (Miguel e Ademi já faleceram) Dilma, Nagibe, Diva e Darcy, Odete e Washington, Irany e Nereu e Monsenhor Bianchini.

Equipe N. Sra. do Desterro Florianópolis, SC

HENRI CAFfA~El, UM "PROFETA" DO SECULO XX, Este é o título de minha Dissertação de Mestrado em Teologia Moral, apresentado à Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em novembro de 2001. O título de profeta do século XX deve-se ao Cardeal Lustinger, Arcebispo de Paris, que em 27 de setembro de 1996, durante a homilia da missa de sétimo dia, celebrada por !.

intenção do Pe. Caffarel, usou para ele o titulo de "profeta do século XX", graças às duas preocupações que orientaram os trabalhos do Pe. Caffarel. Pe. Henri Caffarel tanto se preocupou com a vida do casal e com o amor humano, como também com o amor de Deus e a oração; estas duas preocupações formam uma única intuição que serve tanto para os seus casais das ENS

ALLEMAND, Jean "Henri Caffarel Um homem arrebatado por Deus", pg.76

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XVI ·~


como para pessoas dedicadas à oração. Para Pe. Caffarel há uma questão básica; os casais procuram o Sacramento do Matrimônio tendo dois amores em seu coração; o amor humano e o amor de Cristo e então procuram saber como viver plenamente esses dois amores. Sobre essa questão ele diz: "Não seria possível pen-

sar que no século XX se abre a era da santidade dos leigos casados?". A escolha deste tema é resultado de uma série de fatos interessantes que me levaram a conhecer e me apaixonar pelo pensamento teológico de Pe. Caffarel. Tomei conhecimento da existência de Pe. Caffarel em uma situação absolutamente singular. Ele visitou o Brasil, pela primeira vez, em julho de 1957. Dia 7 de julho de 1957, minha mãe faleceu. Neste mesmo dia, aqui em São Paulo, Pe. Caffarel proferia a palestra sobre o documento "A Ecclesia ", documento querevolucionou o então nascente Movimento das ENS. Graças a estes dois acontecimentos, palestra e velório, minha sogra ficou dividida; ou tomava conta dos netos cujo filho era equipista, (ele não poderia deixar de assistir Pe. Caffarel), ou tomava conta do bebê filho do filho que perdera a sogra. Não sei como ela se desdobrou. Tudo bem, depois que entramos para as ENS, em agosto do mesmo ano, aos poucos, fui entendendo melhor este incidente, à primeira vista tão estranho. Estou convencida que aí teve um dedinho do Espírito Santo. Sem dúvida Pe. Caffarel entrou em minha vida de uma maneira nada convencional ... Na segunda visita do Pe. Caffarel

ao Brasil, em 1962, nossa equipe de base preparou parte da Liturgia. Como meu francês era sofrível, aproveitei muito pouco das palestras, mas fiquei tocada pela vivência e pela presença marcante daquele homem tão especial. Daí a escrever uma dissertação de mestrado sobre o Pe. Henri Caffarel, o processo foi lento gradual e continuado. De acontecimento em acontecimento ele foi entrando em minha vida sempre de forma inusitada. Um dia descobri um livro que mudou a minha espiritualidade. O livro foi comprado em 1962, por Paulo, meu marido. Estava escondido e perdido no fundo de uma velha estante que, roída pelos cupins, literalmente desabou. Do meio dos escombros surgiu "Cartas sobre a oração". Graças a essa pequena catástrofe, surgiu a vontade de trabalhar sobre o grande homem chamado Henri Caffarel. A obra de Pe. Caffarel foi penetrando em minha vida; suas crônicas, suas cartas, os documentos escritos por ele passaram a ser parte integrante de minha vida espiritual e teológica. Desejei, com o meu trabalho mos-

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trar ao mundo o pensamento teológico deste homem que amou os casais e que acreditou que o casal deve procurar a santificação no e pelo Sacramento do Matrimônio. Como casal equipista, escrever sobre Pe. Caffarel é escrever sobre a nossa vida de casado e sobre a espiritualidade conjugal que vivemos. É também tentar mostrar ao leitores que buscar a santificação pelo Sacramento do Matrimonio é possível e vale a pena. O Concílio Vaticano II propõe que a Igreja sempre perceba o momento em que está vivendo, pois ciente do momento presente, a Igreja se abre também para o futuro, daí a necessidade de estar atenta aos sinais do tempos. Um sinal dos tempos atuais é a situação grave porque passa a família moderna. A Igreja do terceiro milênio teve que acordar para o Sacramento do Matrimônio, muitas vezes considerado um "sacramento de segunda classe". Neste mundo carente de espiritualidade, a grande novidade trazida pelas ENS, é a descoberta de uma espiritualidade conjugal. "Os casais querem que o seu amor santificado pelo sacramento do Matrimônio seja: um louvor a Deus, um testemunho aos homens - demonstrando-lhes que Cristo salvou o amor e uma reparação dos pecados contra o Matrimônío" 2•

Pe. Caffarel viveu seus noventa e três anos no século XX século marcado por grandes acontecimentos, dos quais participou intensamente, vivendo duas grandes guerras mundiais, participando ativamente do Concílio Vaticano II, sendo ardoroso defensor dos Sacramentos e da Moral Sacramentária. Analisando sua obra constatei que seu estilo varia segundo a finalidade do texto. Quando escreve um editorial, que tem finalidade formativa é, muitas vezes, severo e exigente. Quando escreve cartas, usa linguagem coloquial, a finalidade é ser um Conselheiro Espiritual muito amigo e carinhoso. Sua capacidade literária de escritor e poeta aflora livremente quando escreve crônicas e alguns pequenos poemas e orações. Há em toda obra de Pe. Caffarel o desejo de mostrar que a santificação do casal pelo Sacramento do Matrimônio é o carisma fundador das ENS.

2. ENS, Documentos Básicos, 1998 pg.5

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Altimira (do Paulo) Eq. 3B- São Paulo- Capital


Al6UNS DADOS DA VIDA DE PE. CAFFAREL Pe. Caffarel antecipou a renovação da consciência cristã do sacramento do matrimônio, engrandecendo a dignidade do amor humano, propondo que os casais se tomem santos. Apresentamos alguns dados da vida daquele que idealizou as Equipes de Nossa Senhora, e tornou possível, pela ação do Espírito Santo em sua vida, as graças que hoje recebemos por fazermos parte desse Movimento.

Dados Importantes • • • • •

Nome: Henri Caffarel. Nascimento: 30 de julho de 1903, em Lyon, na França. Batismo: 02 de agosto de I 903. Ordenação: 19 de abril de 1930. Falecimento: 18 de setembro de 1996.

1931 Vai trabalhar no Secretariado

Geral da Juventude Operária Católica (JOC). onde fica por três anos e se sobressai pelos retiros que prega aos jovens. 1934 É nomeado para assumir o setor de meios de comunicação (rádio e cinema) do Secretariado da Ação Católica. Após dois anos deixa as funções oficiais para se dedicar ao apostolado, especialmente retiros e palestras para jovens. 1939 Pe. Caffarel passa a viver seus anos de luz (pelo menos para nós equipistas) quando dá início ao embrião do movimento, com a primeira reunião, da qual participaram quatro casais. Nesse mesmo ano inicia-se a guerra e o Pe. Caffarel é convocado para servir na frente de combate, sendo con-

siderado desaparecido, mas reaparece em Paris em julho de 1940. Nesse ano assume a paróquia de Saint Augustin, em Paris, onde permanece até 1980, local que passa a ser o centro irradiador do Movimento das Equipes de Nossa Senhora. 1943 Dá início a seu apostolado visando a espiritualidade das viúvas, com orientação espiritual e retiros a elas destinados. 1945 Inicia-se a publicação da revista "L' Anneau D'Or", que representa um marco para os estudos da espiritualidade conjugal e familiar, especialmente para a época em que foi lançada. 1947 É publicado o ESTATUTO das Equipes de Nossa Senhora. 1950 O movimento das Equipes de Nossa Senhora passa a ter dimensão cada vez maior, e tem início no BRASIL, no dia 13 de maio. 1956 Preocupado também com apreparação dos jovens que vão se casar cria o Centro de Preparação para o Casamento, baseado na experiência dos casais das equipes. 1957 la VISITA AO BRASIL, de 5 a 18 de julho.

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1960. É nomeado consultor da Comissão Pontifícia para o Apostolado dos Leigos, preparatória

Homem arrebatado por Deus", de Jean Allemand.

Nélio (da Janete) Equipe da Carta Mensal

para o Concílio Vaticano II. Edita relatório pré-conciliar denominado "O casamento cristão na Igreja do século XX". 1961. Escreve um novo relatório para o Concílio, sob o título "A missão apostólica do casal e da família".

1962. 23 VISITAAOBRASIL-outubro/novembro 1966. Assume a casa de retiro de Troussures, um centro dedicado à oração interior e a retiros e um ano depois chega ao fim a publicação da revista "L' Anneau d'Or". 1972. Retoma todas as atividades com as Equipes e também no serviço de oração interior. 1972. 3a VISITA AO BRASIL. setembro 1973. Retira-se do Movimento, assumindo em seu lugar o Pe. Tandonnet, junto à Equipe Responsável Internacional, passando a dar uma atenção cada vez maior à cas~ de Oração de Troussures, onde se mstala definitivamente em 1979. 1996. Com graves problemas de saúde, no dia 18 de setembro, Pe. Caffarel retorna ao Pai, tendo a missa de exéquias sido celebrada em Troussures, em estrita intimidade. OBS. Os dados aqui informados foram colhidos junto a artigos publicados em diversas Cartas Mensais e no livro "Henri Caffarel. Um

livros publicados no Brasil Caffarel, Henri. "Amor e a graça". Ed. Flamboyant, 1961. • Caffarel, Henri. "Presença de Deus: Cem cartas de oração". •

Ed. Loyola, 1980. Caffarel, Henri. "A missão do

casal cristão": surgimento e caminhada das Equipes de Nossa Senhora. Obra compilada por Jean e •

Annick Allemand, ENS, 1990. Caffarel, Henri. "Cinco encon-

tros sobre a oração interior", Ed. Loyola, 1991. • Allemand, Jean. "Henri Caffarel. um homem arrebatado por Deus". Ed. Nova Bandeira, 1999. • Allemand, Jean. "Orar IS dias com Henri Caffarel". Ed. San•

tuário, 2002. Caffarel, Henri. "Nas Encruzilhadas do Amor", Ed. Santuário, 2003.

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DlA DOSPAlS Compreensão - o que os fi1hos esperam dos pais "Eu não compreendo este rapaz!", desabafam. Talvez não reparem que é uma confissão de incompetência paterna ou materna. E, contudo, como esperam os filhos que os pais os compreendam! Se os pais não os entendem, quem os compreenderá? Os filhos esperam compreensão no sentido exato da palavra. Não apenas uma atitude de tolerância ou de paciência. Desejam mesmo ser entendidos; que os pais adivinhem o que lhes passa por dentro, tendo em conta o seu temperamento, a sua idade, os seus sonhos ... Esperam isso dos pais, porque normalmente eles próprios não se compreendem, e bem gostariam que alguém interpretasse corretamente a sua confusão interior. E quem, senão os pais, em primeiro lugar? Precisam de compreensão, pois necessitam de amparo. A juventude é desequilíbrio, um tentarnão-cair constante. Sobretudo, a partir da adolescência, as ordens e sermões paternos já não lhes servem de grande auxílio. O moço sente-se responsável por si mesmo e faz tentativas crescentes de autonomia. Por meio de ordens e proibições, os pais já pouco os podem ajudar. Não digo que não as dêem, mas sim que a educação propriamente dita já não segue por esse caminho. É como quando os bebês começam a andar pelo seu pezinho; de vez em quanCM 383

do, ainda precisam de colo, mas rapidamente lhes apetece sair do regaço, voltam ao chão e correm perigosamente por aí afora ... Os pais

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têm de correr atrás deles, com os braços abertos, para lhes evitar as quedas ou para os erguer depressa do chão, onde acabaram por tombar... Não os levam sempre pela mão, nem os meninos os consentem. Querem os braços livres como asas para se sustentarem na vertical. Como asas, para voarem longe. É o que acontece de algum modo em todas as idades. Os pais precisam dominar a inquietação que sentem por eles e deixá-los realmente livres como pássaros a sair do ninho, mas amparando-os; devem compreender os seus anseios, mas prontos a recebê-los outra vez nos braços quando for preciso. No fundo, é tão fácil compreender as pessoas! Somos todos da mesma massa, temos as mesmas aspirações e as mesmas fraquezas, mais ou menos acentuadas conforme os temperamentos. Mas só as compreendemos bem (paradoxos da vida!) quando nos lembramos de que são livres e de que, portanto, são todas diferentes, originais e surpreendentes, isto é, quando nos lembramos de que todas as pessoas são incompreensíveis! Quando os pais exclamam: "Eu

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não compreendo este rapaz!", é porque o tinham classificado interiormente como um fóssil e se esqueceram de que se tratava de uma pessoa, de um ser livre, capaz de comportamentos contraditórios, como todos nós. Os pais têm de contar com as qualidades e os defeitos habituais dos seus filhos, e simultaneamente têm de estar preparados para as mudanças mais radicais e súbitas de atitude. Devem esperar o inesperado. Compreender significa, nesse caso, não se escandalizar com as mudanças rápidas dos filhos e reconhecer que não podem projetar com segurança o seu futuro. Significa compreender que eles, os filhos, são projetos vivos em evolução imprevisível. Aos pais só corresponde animá-los, avisá-los, orientá-los, respeitá-los, e não substituí-los. É assim que eles se sentem compreendidos. (Do livro "O que os filhos esperam dos pais" de Hugo de Azevedo, Ed. Quadrante, São Paulo)

Colaboração de Beth e Scalzo Eq. 3B - N. Sra. da Glória Belo Horizonte, MG CM 383


VOCAÇOES Temos discutido muito sobre ter vocação para a Equipe, ter vocação para ser equipista. O que seria esta vocação? Pensando no assunto, chegamos a algumas conclusões. Sendo vocação um chamado de Deus para a vida, para o amor e para a doação (vocação humana, vocação cristã e vocação específica - doe. 36 da CNBB), temos certeza que: • SERES HUMANOS, já somos, seres fortes, racionais, soberanos, criados para o trabalho, um ser social, que não se realiza sozinho (às vezes tentamos, mas não conseguimos!). • SERES CRISTÃOS, também já somos, temos certeza da filiação de Deus através de Jesus Cristo, porém tentamos, às vezes, esquecer os compromissos desta filiação e semelhança (nos frustramos). • CRIADOS PARA UMA MISSÃO: Também já escolhemos nossa vocação específica, o Matrimônio. E como é viver esta vocação específica? Não seria viver para o amor? E viver para o amor não implica em: Viver para a doação? Viver para o serviço? Viver para a realização do outro e sua santificação? Viver para ajudar a santificação das pessoas que amamos? Viver para a santificação de nossos filhos? Viver para dar testemunho que a vida a dois é presente de Deus? Viver para CM 383

E viver para o

amor não implica em viver para dar testemunho que

a vida a dois é presente de Deus?

aprender a ser humilde e aceitar nossas imperfeições e tentar corrigi-las? Viver para crescer no diaa-dia usando o outro como nosso espelho e referência? Se nós conseguimos viver tudo isso, com felicidade, sem precisar de oração, leitura da Palavra, meditação, conversão, mudança de vida, muito diálogo com o outro, um bom encontro com Deus, uma comunidade cristã para nosso ponto de· referência, então nossa vocação não é para as ENS. Pois, vocação para as ENS é tentar ser feliz contando com Deus, a partir de nosso esforço pessoal e do apoio das pessoas que nos amam.

Dolores e Amadeu Caçapava, SP 17


Ordenação presbiteral e diaconal •

No dia 11 de janeiro de 2003, na Paróquia São Vicente Pallotti, em Arapongas, PR, pela imposição das mãos do Bispo Dom José Maria Maimone, foram ordenados: Presbítero, o diácono José André de Azevedo, SCE Eq. 31C, (à direita) e Diácono, Fr. Elmar Neri Rubira, SCE Eq. 40B, (à esquerda).

Todos os casais da Equipe 2C de Apucarana, PR, se rejubilaram com a ordenação presbiteral de seu ex-Conselheiro Espiritual, Geraldino Rodrigues de Proença, realizada no dia 30 de março de 2003, na cidade de Godoy Moreira, PR, em cerimônia presidida pelo Bispo de Apucarana e contando também com a presença de inúmeros amigos desta cidade e de São João do Ivaí, PR.

No dia 9 de maio de 2003, pela imposição das mãos de D. Ceslau Stanula, bispo da Diocese de Itabuna, BA, foi ordenado presbítero, o diácono Eugênio Alexandre Gomes de Sousa, na Igreja Matriz de N. Sra. do Perpétuo Socorro, em Garanhuns, PE. Padre Eugênio é Conselheiro Espiritual da Eq. 26B- N. Sra. do Bom Conselho, em Recife, PE.

Concorrida celebração marcou a ordenação presbiteral de Marcus Vinícius Kalil Ferreyro, dia 9 de maio de 2003, no Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Porto Alegre. A ordenação foi presidida pelo Arcebispo Dom Dadeus. Ele é filho de Maria Adela(+) e Jorge, que foram membros da terceira equipe criada em Porto Alegre. Pe. Marcus Vinícius, enquanto seminarista, algumas vezes acompanhava o SCE em reuniões mensais de equipe e já se colocou à disposição para ser Sacerdote Conselheiro.

No dia 11 de maio de 2003, pela imposição das mãos de D. Amauri Castanho, Bispo da diocese de Jundiaí, SP, foi ordenado presbítero, o diácono Paulo André Céo Rosa (foto à direita), na Igreja de S. Sebastião, na cidade de Louveira. Padre Paulo André é Conselheiro Espiritual do Setor de Louveira e das equipes 3, 10 e 12.

No dia 9 de junho de 2002, em Marília, na Igreja Matriz de Santo Antonio, foi ordenado presbítero, o diácono Marcos Roberto Ortega. Padre Marcos é SCE das Eq. 1 e 11 de Garça, SP.

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Falecimentos Cipriano (da Lúcia), ocorrido no dia 21 de fevereiro de 2003- Eq. 03('N. Sra. de Lo urdes - Porto Alegre, RS Padre Bruno Trombeta, ocorrido no dia 19 de março de 2003 - SCE da Eq. 131 - N. Sra. do Perpétuo Socorro- Região Rio V Rio de Janeiro José dos Santos (da Penha), oconido no dia IO de abril de 2003- Eq. 54B N. Sra. do Bom Parto- Região Rio III- Rio de Janeiro. Felisberto da Silveira (da Mmiana), ocorrido no dia 11 de abril de 2003Eq. 107B- N. Sra. de Guadalupe- Região Rio UI Rio de Janeiro. Maria das Dores <de José Prizintino), ocorrido no dia 15 de maio de 2003 - Eq 3- N. Sra. do Carmo- Equipes Distantes de Surubim - PE José Gaspar (da Silvia), ocorrido no dia 15 de junho de 2003- Eq. 2G- N. Sra. Auxiliadora- São Paulo Humberto S. Maciel (da Angelina), ocorrido no dia 28 de junho de 2003Eq. 48- N. Sra. Rainha da Paz- Belo Horizonte, MG

Prioridades da lqreja em Belém, PA Dentre os grandes desafios da Igreja em Belém, PA, temos a certeza de que, o que mais preocupa nosso bispo é a evangelização das áreas afastadas da cidade, onde a Igreja não está presente, haja vista o número de sacerdotes não ser suficiente para atender a demanda da grande metrópole. Os 13 movimentos e serviços que atuam na Igreja em nossa cidade sentiram a necessidade, e se uniram num trabalho de evangelização de uma grande comunidade chamada Uirapuru. E, Já o nosso Movimento está presente, fazendo viver as bem-aventuranças com as famílias que se encontram à beira do caminho. No dia 31 de maio, aconteceu a coroação de Nossa Senhora, feita pelos próprios moradores, na Igreja da Ascensão do Senhor, ainda em construção, numa noite rica de louvor, cantos, recitação do terço, leitura e reflexão do evangelho. Aproveitando a oportunidade. o Casal Regional Lili e Constantino lançaram a semente das Experiências Comunitárias, convidando os casais presentes para dela participarem. Não devemos acumular os tesouros que tanto recebemos das Equipes de Nossa Senhora. Como casal cristão, temos que ser presença na Igreja, partilhando toda a riqueza que gratuitamente recebemos. Que Maria, mãe de Jesus, interceda para que nesta comunidade brotem muitas Experiências Comunitárias.

Sandra e Jaime, Belém- PA CM 383


Bodas de Ouro Anna Thereza e Heitor, da Eq. 1 de Garça, celebraram 50 anos de vida conjugal, no dia 14 de fevereiro de 2002. Eles comemoraram as bodas em Aparecida, participando da missa na Basílica local, celebrada pelo garcense, padre Anchieta Tavares, redentorista, circunstância não prevista, que surpreendeu e foi causa de alegria aos cônjuges. O celebrante, também surpreso, exprimiu de forma espontânea a emoção de partilhar do evento com o casal conterrâneo.

Equipes novas • Eq. 6- N. Sra. Rainha da Paz - Coordenação Quixadá, CE • Eq. 36B- N. Sra. da PonteSorocaba, SP

Equipes distantes de Arapiraca - AL • Eq. 1 - Nossa Senhora Aparecida • Eq. 2 - Nossa Senhora do Bom Conselho Divinópolis, MG • Eq. liA- Nossa Senhora da Abadia • Eq. IOB - Nossa Senhora do Rosário

Aniversário do Movimento no Brasil Marcando o aniversário das ENS, a Região Rio III, da Província Leste, realizou uma peregrinação ao Santuário de N. Sra. da Penha, no Rio de Janeiro. Os cinco setores que compõem a Região se reuniram no dia 1O de maio, para celebrar os 53 anos do Movimento no Brasil e os 100 anos de nascimento de seu fundador, padre Caffarel. O evento começou com a reza do terço, que seria realizado na escadaria do Santuário, sendo suprimida a subida da escadaria em virtude da chuva. Foi celebrada a santa missa pelo SCE da Região, Capelão Nelson Dendena. Na homilia, padre Nel- - - -- - - -----,;#i;: son, após falar sobre a caminhada do Movimento, a ação do Espírito Santo na família e em cada casal equipista, elogiou a Região, que, apesar do mau tempo, teve a presença entusiasta da maioria dos equipistas. 20

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A RESPElTO DE UM RETIRO: Sair da Arca levando o Tesouro em Vasos de Barro "Sair da arca" e assumir seu papel de casal cristão, hoje, na Igreja e no mundo foi tema de reflexão para as equipes de setores da região Ceará, que estiveram reunidas por todo um fim de semana, no mês de fevereiro, na serra cearense de Guaramiranga, sob o entusiasmo e carisma do nosso pastor, arcebispo de Fortaleza, Dom José Antonio Aparecido, pregador desse retiro espiritual. Sempre atento ao seu rebanho, Dom José Antonio tem acompanhado ano a ano o crescimento e a importância da caminhada dos casais do Movimento das Equipes de Nossa Senhora, que cada vez mais conscientes da sua missão evange-

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lizadora e transformadora da sociedade, anseiam colocar seus dons, recebidos primeiramente pelo batismo e depois pelo sacramento do matrimônio, a serviço daqueles que precisam urgentemente conhecer a razão da sua esperança. Durante o Retiro, fomos chamados a ir ao encontro daqueles que estão "à beira do caminho", inspirados pelo amor do Pai que nos conduz a atitudes de justiça e misericórdia para com o irmão. Como casal cristão e sinal do amor de Deus, que saibamos agir como Dom José nos propôs: "colocando o coração junto à miséria do outro", atentos ao que se passa ao nosso lado, para podermos realmente olhar, perceber,

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Foi também observado que assim como a Ordem, o sacramento do Matrimônio é também um sacramento de missão, portanto nenhum casal é casal para si mesmo.

Ele existe para os outros, para se doar. I

nos aproximar e agir em favor desses que ficaram à margem. Quando pensamos sobre os que estão "à beira do caminho", saibamos reconhecer que eles podem estar até em lugares distantes de nós, mas podem estar também muito próximos: entre nossos parentes, na nossa casa e talvez se encontre inserido em nossa própria equipe. Foi também observado que assim como a Ordem, o sacramento do Matrimônio é também um sacramento de missão, portanto nenhum casal é casal para si mesmo. Ele existe para os outros, para se doar. Assumir o ministério de casal cristão na Igreja e no mundo deve ser um compromisso constante, que exi22

ge fidelidade, pois está aí a nossa missão. Ao atuar na Igreja e no mundo, não pense o casal cristão que está abarcando as funções do padre ou do bispo; ele está assumindo o que lhe cabe, como batizado, a sua parcela de responsabilidade nesta obra de construção do Reino. Só que, mesmo sabendo e compreendendo a urgência de "sair da arca", arregaçar as mangas e fazer a sua parte, muitos ainda se vêem cercados pela insegurança e questionamentos: como responder às exigências dessa tarefa conhecendo nossas limitações, nossa impotência diante das situações difíceis? Afinal, somos apenas vasos de barro! Para dar a razão da nossa esperança é preciso vencer os obstáculos do medo, da angústia, da crise de valores, do pessimismo ... Se olharmos somente para os "vasos de barro" que nós somos, temos todos os motivos para desanimar. Mas "trazemos um tesouro em vasos de barro" (2Cor 4,7): é o Cristo que vive em nós. Por isso, queridos casais cristãos, se estivermos em comunhão com Ele, agiremos com plena consciência do "tesouro" que carregamos, lembrando que todo o bem que de nós for emanado vem do próprio Deus, verdadeira e única fonte da nossa força, coragem e esperança, e a quem nos entregaremos sem temor, como meros instrumentos que somos, para que nossos irmãos sintam em nós a presença concreta do seu amor.

Mônica e Caio Eq. N. Sra. Peregrina Fortaleza, CE CM 383


ElES NÃO TÊM MAlS EMPREGO Os Evangelhos nos trazem poucas pistas sobre Maria, mas suficientes para compreendermos a colaboração e atuação dela na História da Salvação. Um dos belíssimos relatos desta ação, encontra-se em Jo 2, 1-12, acerca das Bodas de Caná. Ela interveio, no momento em que a festa dava lugar à tristeza, devido à falta de vinho. A festa é característica do "homo ludens" e só acontece por conseqüência de um evento importante. Não se festeja sozinho, necessita-se da presença de outras pessoas e, geralmente, há comida, bebida, música, dança e alegria. O episódio de Caná deixaria os donos da casa e os participes constrangidos, com o findar do vinho. Imaginemos esta festa acontecendo no Brasil, país com danças e comidas típicas, povo acolhedor; clima agradável e com facetas multiculturais, elementos ideais para uma explosão de uma grande festa. Entretanto, para muitos brasileiros, a alegria dionisíaca acaba quando se depara com a realidade do desemprego. Ninguém celebra desempregado! Conforme índices do IBGE, o desemprego atingiu em janeiro, deste ano, 11,2% da População Economicamente Ativa (PEA), com uma pequena queda nos meses subseqüentes. Nesse período, nas grandes capitais, elevaram-se os índices de desemprego: São Paulo (13%), Recife (11,7 %), Belo Horizonte (9,8%), Rio de Janeiro (8,3%) e Porto Alegre (7,9%). CM 383

Estes dados são assustadores e trazem conseqüências profundas à sociedade. Não se pode fazer festa com este quadro doloroso. Trabalhador desempregado significa ser humano infeliz e privado de sua dignidade. A realidade do desemprego abre precedentes a uma série de fatores: ao trabalho informal, à miséria, à fome, à violência, ao roubo, ao tráfico e ao consumo de drogas, à prostituição, ao trabalho infantil, à má qualidade de saúde e de vida, à migração, ao inchaço da periferia dos grandes centros, elementos desestruturadores do ser humano, nas suas dimensões vitais: econômica, social, bio-fisica, política, moral e cultural, levando-o à perda da dignidade e a tornar-se escória de um capitalismo que, a cada dia, produz mais desempregados e pobres. O atual sistema parece secar as últimas gotas de esperança dos pobres. Há uma minoria que celebra com banquetes fartos, enquanto os "lázaros" correm para disputar com os cães, as migalhas que caem da mesa. Como celebrar, se não há pão e nem vinho, frutos do trabalho do homem e da mulher? Maria, com sua sensibilidade diria a seu Filho: "eles não têm mais emprego", e, num grito profético, entoaria o canto dos pequeninos, o Magnificat, resgatando-lhes a utopia, proclamando que o Senhor agiu com o poder de seu braço, a dispersar os homens de 23


coração orgulhoso, destronando os poderosos e exaltando os humildes. Depois do canto, ela convidaria à alegria incontida da festa da dignidade, porque os famintos, vítimas da exploração capitalista e do desemprego, foram cumulados de bens e os exploradores despedidos de mãos vazias (Lc 1, 51-53).

Somos convidados, perante essa situação desoladora, a refletirmos sobre esse problema estrutural no país e, como cristãos e a exemplo de Maria, lançarmo-nos ao desafio de extrair das talhas de pedra, o vinho novo da dignidade humana.

Fr. Rogério Gomes - CSsR

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SOBRE UMA ESCOlA DE RElACIONAMENTO HUMANO "Existem muitas escolas para desenvolver as capacidades intelectuais, para formar e desenvolver as capacidades humanas. Não existem muitas escolas do coração, que nos ajudem a desenvolver as relações, a desenvolver a ajuda mútua, a aprendermos a ajudar-nos uns aos outros, a abrir-nos aos que são diferentes para compreendê-los. (Jean Vanier)

O fllósofo canadense Jean Vanier ministrou palestra sobre o relacionamento com pessoas portadoras de limitações mentais, em São Paulo, no dia 19 de maio de 2003, no Auditório do Hospital Santa Catarina. Iniciou, em 1964, na França, as comunidades Arche (Arca, no Brasil). É uma comunidade onde voluntários dividem uma vida simples e fraterna, com pessoas portadoras de limitação mental, especialmente as mais pobres e abandonadas pela sociedade. • "Em nosso mundo tão dividido, a pessoa com limitação mental 24

nos ensina o caminho da confiança, da simplicidade, do amor e da unidade". "A comunicação com estas pessoas nos ensina a vencer as barreiras da comunicação, doença profunda da nossa sociedade". "Acreditamos que cada pessoa, com limitação mental ou não, tem um valor único e misterioso ... " "Aprendemos a buscar mais as qualidades das pessoas do que os seus defeitos". "A vida comunitária com portadores de deficiências mentais, muito me ensinou sobre o que sigCM 383


nifica ser humano". "Parece estranho dizer que meus mestres têm sido os fracos e aqueles excluídos da sociedade, mas é assim que se dá comigo". • "O império das idéias, da riqueza e do poder, vão e vêm. Viver bem é observar, na ordem aparente de hoje, as minúsculas anomalias que são as sementes da mudança, os arautos da ordem de amanhã ... " • "Ser humano é criar ordem suficiente para que possamos nos mover em direção à insegurança e à aparente desordem. Dessa maneira descobrimos o novo". • "Uma comunidade não é construída sobre atos heróicos, mas sim sobre o amor demonstrado nas coisas pequenas do dia-a-dia." •

Após a palestra de Jean Vanier, falou o psiquiatra Dr. Di Loretto, que teve uma experiência de 20 anos com clínica para tratamento de deficientes mentais. • "A minha experiência mostra que a prática da bondade é muito diferente do que a idéia que temos de ser bons e justos!" • "Aprendi que, ao invés de querer modificar os outros, é necessário aceitar, amar, acolher e aceitar-se a si mesmo". • "Converti a minha clínica numa instituição socializada, as técnicas e ciências ficaram como 'pano de fundo' e trabalhamos muito mais o relacionamento entre todos da comunidade, social, política e economicamente. Não foi fácil". • ''Tivemos que abandonar o 'PenCM 383

Aprendi que, ao invés de querer modificar os outros, é necessário aceitar, amar, acolhere aceitar-se a si mesmo.

I sar Grande'. Balancear diálogo e eficiência, negociar os objetivos com base nos interesses individuais. Não foi fácil". Refer~ncias:

VANIER, J. "0 Despertar do ser''. Campinas, Verus Editora, 2002. VANIER, J. "COMUNIDADELugar de perdão e festa". São Paulo, Paulinas, 1995. (Resumo da palestra proferida por Jean Varnier e Dr. Di Loretto)

Rita e Gilberto Eq. 6B - N. Sra. Busca da Verdade São Paulo 25


ESTAMOS SENDO SEGUlDOS Entramos nas Equipes de Nossa Senhora com menos de um mês de casados, em julho de 1998, convidados por Gilma e João, amigos de faculdade. No primeiro retiro que participamos, o apelido veio de um casal que ajudou a fundar o Movimento, em Santarém. Terezinha e Antônio nos cha• ,,..._.,,<.. maram de casal "fresquinho". Um elogio que nos fez ficar vaidosos. E lá se vão quase cinco anos de caminhada nas ENS. A rnistica do Movimento nos encantou e hoje, somos Casal Ligação do Setor B, da PréRegião Santarém. Durante esse tempo, temos crescido espiritual, pessoal e familiarmente, mas nada se compara à experiência que estamos tendo nos últimos meses. O Gabriel, nosso filho de três anos, é um verdadeiro equipista. Nem nos demos conta que ao fazer juntos a Escuta da Palavra, a Meditação, a Oração Conjugal e os outros PCEs, ele nos observava e assimilava frases, gestos. Um dia na escola, na hora da oração, ele começou a rezar com tanta convicção que a professora do Jardim I perguntou: "Por que você sabe rezar tão bem Gabriel?" E a resposta foi surpreendente: "Porque sou das ....,.____. Equipes de Nossa Senhora, tia." Aquela história contada pela professora nos pegou de surpresa. Não pensávamos que aquela "criaturinha" já amava e se orgulhava tanto do Movimento. Hoje em dia, paramos para apreciar o seu jeito pequenino, mas cuidadoso, na hora de preparar a casa para uma reunião de equipe; o esforço para nos acompanhar nas palavras meio desconhecidas do Magnificat e a satisfação de vestir a camisa das ENS nos eventos. Quando pensamos em deixar para rezarmos oütra hora, nosso incentivador é o primeiro a exclamar: "Vamos rezar? Mãe, cadê a historinha (liturgia diária) do papai do céu?" Nem sabíamos, mas estamos sendo, diariamente, seguidos e vigiados por um "soldadinho de Cristo". Assim, a responsabilidade como papai e mamãe cristãos dobra, afinal a missão de "ser sinal concreto do amor de Deus" se faz no testemunho do dia-a-dia, dentro e fora de casa. Que a Sagrada Farru1ia de Nazaré nos sirva de exemplo constante e que "São Gabriel" não nos deixe vacilar.

Rogéria e Amarildo Eq. 12B - N. Sra. de Guadalupe Santarém, PA 26

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UMA SESSÃO DEFORMAÇÃO Após algumas recusas em participar... Após aceitar entrar pelo simples fato de aumentar nosso círculo de amigos ... resolvemos nos engajar e "vestir a camisa" do Movimento das ENS. Até ontem, já bastante engajados, mas ainda com muita vergonha por nossas recusas e principalmente pelo motivo fútil que nos fez aceitar entrar para este Movimento, fomos participar da Sessão de Formação - Nível I, com o Frei José Carlos, nos dias 31105 e 01106, em Piracicaba, SP. Esta Formação para nós foi enriquecedora demais. Aprendemos, numa atmosfera de celebração, coisas sobre: o Plano de Deus para nós, a História da Salvação, os Sacramentos, as Exigências da Fé Cristã, o Compromisso do Cristão, a Vida em Comunidade; enfim, aprendemos muito sobre muitas coisas, aprendemos inclusive a não nos envergonharmos de nossos motivos iniciais de entrada no Movimento, pois o Frei disse que Deus nos chama de formas que às vezes não entendemos. Ele chegou até a citar um exemplo de casal que entrou no Movimento simplesmente para ter com quem se reunir (parecia até que estava citando o nosso caso!) e hoje CM 383

é um exemplo de casal cristão no mundo. Estou dizendo tudo no plural porque tenho certeza que o Marcos compartilha dessas opiniões. Agora, porém, vou falar no singular: após treze anos de casada, não que eu tivesse dúvida de ser amada, mas nunca meu marido me disse "eu te amo", olhando nos meus olhos. Acho que faltava Deus em nossa união e esta falta tal vez o fizesse ter vergonha de me dizer isso. Mas, nesta Sessão de Formação, como já disse antes, realizada numa atmosfera de celebração, após as sementes terem sido plantadas em nossos corações, numa dinâmica singela do "lava-pés" (quando um cônjuge ao lavar os pés do outro pedia perdão por suas falhas) ouvi "eu te amo" de uma maneira tão profunda que percebi que naquele momento estávamos cheios da graça de Deus. Todos merecem a oportunidade de participar de uma formação como esta. Obrigado Pai, por nos ter chamado! Obrigado Senhor, por fazer maravilhas em nós!

Silvia (do Marcos) Eq. N. Sra. dos Navegantes Piracicaba, SP 27


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AJUDA-ME- SENHOR, NA MlSSAO DE PAl! Ajuda-me, Senhor, na missão de pai! Porque é difícil e pesado o cargo de sustentar a fanu1ia e dar-lhe bem estar e tranqüilidade e é quase heroísmo ser alegre com os familiares, quando pesam as preocupações pessoais e os problemas da profissão. Ajuda-me, Senhor, na missão de pai! Para que eu realize o diálogo com minha esposa e os filhos. Que eu seja aberto para ouvir, humilde para propor, sábio para decidir eco-responsável para realizar. Ajuda-me, Senhor, na missão de pai! Para que eu saiba descobrir os valores de minha esposa e os talentos de meus filhos, e os ajude a desenvolvê-los. Saiba corrigir com amor, sem destruir nem humilhar. Ajuda-me, Senhor, na missão de pai! Para que eu defenda a dignidade do meu lar contra a imoralidade atrevida e a permissividade tentadora, vivendo o amor com fidelidade e construindo a união que faz o lar feliz . . Ajuda-me, Senhor, na missão de pai! Para que eu saiba dar valor à experiência, sem me prender ao passado; saiba ser moderno e atualizado, sem ser superficial e vazio, e conserve, bem viva, a vontade firme de acertar. Finalmente, ajuda-me, Senhor, na missão de pai! Para que eu creia firmemente que a grandeza da paternidade, assim vivida, não termina, nem mesmo com a morte, porque seus frutos são eternos. Feliz Dia dos Pais!

Maria Regina e Stenio Cordeiro 28

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Meditando em Equipe 'f::\ Família como a Igreja, tem por dever ser um espaço onde o Evangelho é transmitido e de onde o Evangelho irradia. No seio de uma família que tem consciência desta missão, todos os membros da mesma família evangelizam e são evangelizados".(Evangelii Nuntiandi no 71)

AGOSTO - 2003 Leia Atos dos Apóstolos, 2, 42-47 Quais as características da vida cristã e missionária dos membros da Comuni dade de Jerusalém? Como casal equipista podemos fazer o mesmo. O Movimento nos oferece tantos meios! Como nossa equipe deveria ser, a partir do exemplo da Comunidade dos primeiros Cristãos?

SETEMBRO - 2003 Leia a 2• carta a Timóteo, 3,14 e 4,15

É verdade hoje o que Paulo falou a Timóteo : "Muitos desviarão os ouvidos da verdade, orientando-se para as fábulas"? Comente com os irmãos equipistas como isso pode acontecer entre nós. "Tu, faze o trabalho de evangelista, realiza plenamente teu ministério". O que está exigindo de nós para que isso aconteça? Pe. Ernani

Oração litúrgica Senhor nosso Deus, criador do univer-. so e de todos os viventes, Tu fizeste o homem e a mulher à tua semelhança ; Para que eles se associassem em tua obra de amor; Tu lhe deste um coração capaz de amar. Tu queres agora que eles construam seu lar, que eles procurem se amar mais, a cada dia, e sigam o exemplo de Cristo, Ele, que amou os homens ao ponto de morrer na cruz . Que o seu amor conjugal, semelhante ao teu amor, Senhor, seja uma fonte de vida,

Que os conserve atentos aos apelos de seus irmãos, e que seu lar seja aberto aos outros. Que eles criem, na fidelidade ao Evangelho, os filhos que nascerão do seu amor; Que eles busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça; que eles sejam úteis ao mundo que viverão. Apoiados no seu amor e no amor de Cristo, que eles tomem parte ativa na construção de um mundo mais justo e fraterno e sejam assim fiéis à sua vocação de homem e de cristão. Amém.

(Ritual para a celebração do Casamento)


MISSÃO DO CASAL CRISTÃO Ed. Nova Bandeira, Ed. 1998 UM HOMEM ARREBATADO POR DEUS Ed. Nova Bandeira, 1999

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O autor, Jean Allemand, relata nesta edição com grande autenticidade a vida e obra do Pe. Caffarel. O leitor encontrará nestas -páginas uma biogra............... fia completa da vida laboriosa e fecunda a serviço de Deus, desse que foi chamado o profeta do século XX.

ORAR 15 DIAS COM HENRI CAFFAREL Editora Santuário, Ed.2002 O intento deste pequeno livro é esboçar grandes temas do pensamento do Pe. Caffarel como ajuda para a oração. São quinze temas riquíssimos . Se ao final, os leitores forem estimulados a orar todos os dias, este pequeno livro terá cumprido sua missão.

Nesta ed ição Jean e Ann ick Allemand prepararam uma co letânea de textos sobre o pensamento do Pe . Caffarel. Relembram toda a inspiração e caminhada das ENS .

Lançamento: NAS ENCRUZILHADAS DO AMOR Editora Santuário, Ed. 2003

Se ri a bom que esses quase trinta bilh etes fossem lidos no espírito em que foram escritos . Nascidos d a pena ao sabor da ocasião, são "inst antâneos" . Apanh aram no ar um gest o, um olhar, um impulso ou uma fuga . Quase sempre se prendem a um instante particular: quando um casal, seguindo seu caminho, chega a uma encruzi lhada - uma encruzilhada do amor. Os esposos avançavam pela estrada sem levantar questões, e de repente estão nu ma encruzilhada inesperada . Quei ram ou não, têm de escolher.


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