Enquadramento #12: Hiroshi Teshigahara

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Respeitando o propósito da Enquadramento, esta análise reflecte apenas uma opinião pessoal, um ponto de vista assumidamente subjectivo que não pretende qualquer rigor crítico, mas antes um exercício de partilha de impressões de forma relativamente descontraída sobre a obra de Hiroshi Teshigahara, um autor que, não obstante a sua evidente qualidade, se mantém, muitas vezes, longe do conhecimento do público em geral e até da crítica especializada. Para além do visionamento dos filmes deste cineasta, houve socorro da leitura, mais ou menos especializada, que será referida e anotada no final do texto, de forma a obter algumas informações contextuais para melhor poder compreender a complexidade da obra em análise. De um modo mais ou menos evidente, há uma referência que usei de forma mais consistente para formar uma abordagem estrutural à obra de Teshigahara, a Revista Portuguesa de Filosofia, Tomo 69, Fasc. 3-4 de 2013, com o título «Filosofia e Cinema». Desse volume, foi dada particular atenção aos artigos de Jean-Yves Heurtebise e de Luiz Rohden/Leonardo Marques Kussler. O primeiro artigo pretende estabelecer que é possível fazer filosofia a partir de filmes, desde que estes transmitam ideias estéticas. O segundo pretende revisitar o conceito de imagem e perceber porque a leitura da imagem sempre teve um ponto de vista depreciativo estabelecendo que um filme, apesar de não ser filosofia, pode veicular ideias filosóficas. Uma vez que Hiroshi Teshigahara não esconde em momento algum as suas ideias estéticas, como procuro demonstrar ao longo deste artigo, nem as suas preocupações filosóficas, acredito que a grande maioria dos seus filmes são, frequentemente, um diálogo entre várias disciplinas artísticas e uma tomada de posição vanguardista sobre várias preocupações, por um lado estéticas, por outro lado psicológicas, sociológicas e filosóficas, mais especificamente em relação às questões de identidade que a contemporaneidade coloca, como será tentada a explicitação ao longo deste texto. Jorge Silva

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