Em Cartaz - Novembro de 2018

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RE V I S TA DA SECRE TA RI A MUNICIPA L DE CULT UR A

Novemb ro 2 018 Ediç ão 12 3

FESTA LITERÁRIA BIBLIOTECA VIVA De 26 a 30, bibliotecas públicas recebem encontros com escritores e contação de histórias. Ignácio de Loyola Brandão, Lourenço Mutarelli e João Carlos Marinho estão entre os convidados

Música Projeto Gringa Music amplia diversidade cultural dando espaço à música de imigrantes na Biblioteca Mário de Andrade

Ópera Uma das óperas mais populares, Turandot chega ao Municipal dia 16 com direção de André Heller-Lopes e regência do maestro Roberto Minczuk emcartaz | novembro 2018

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editorial

Como sempre, são muitos programas e atividades acontecendo neste mês. Destaco três deles, muito especiais! Começo pela literatura, com a inédita Festa Literária Biblioteca Viva. O programa que dá nome ao evento é um conjunto de ações de nossa gestão no sentido de revitalizar as bibliotecas públicas e mostrar sua prioridade. Wi-fi livre, renovação de acervo, livros com as capas viradas como em livrarias, programação cultural regular e funcionamento aos finais de semana fizeram a diferença na dinâmica destes espaços. Agora, com a festa, convidamos autores para bate-papos e, ainda, teremos contações de histórias para crianças. Todos autores excelentes, mas preciso destacar o João Carlos Marinho, autor de um dos livros que mais leitores formou, “O Gênio do Crime”! O Mês da Consciência Negra também ganha programação especial. Com muito orgulho destaco também a parceria, em seu segundo ano, com a Feira Preta, principal evento da cidade que não contava com apoio da Prefeitura anteriormente e que celebra o empreendedorismo e a cultura afro-brasileira de forma original, com o extraordinário compromisso de sua criadora, Adriana Barbosa e uma equipe de profissionais. No Theatro Municipal de São Paulo, estreia Turandot. Nesta ópera, aparece a ária “Nessum Dorma”, uma das mais famosas de todos os tempos. Mesmo quem nunca foi assistir a uma ópera já ouviu, seja num filme, seja na casa de alguém. Uma das mais cantadas pelo inesquecível Luciano Pavarotti. Uma produção caprichada, com o nosso maestro titular Roberto Minczuk à frente da Orquestra Sinfônica Municipal e direção cênica de André Heller-Lopes. Imperdível!! Confira a programação completa do mês no site: www.cultura.prefeitura.sp.gov.br Boa leitura! André Sturm Secretário Municipal de Cultura Acompanhe também nossas redes sociais /SaoPauloCultura

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Acompanhe o programa TVEMCARTAZ semanalmente no Facebook e Youtube. emcartaz | novembro 2018

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Gringa Music

Mês da Consciência Negra

índice

18 EM FOCO SUA AGENDA

BIBLIOTECAS EM FESTA CONEXÃO BRASIL-DINAMARCA MUNDOS DE TURANDOT CONSCÍÊNCIA NEGRA UMA LINGUAGEM UNIVERSAL PARA TOCAR NO BAILE 2

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Sutura

BNEGÃO TRIO

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FORRÓ NAS CASAS DE CULTURA TEATRO DA MAIORIDADE OS MISERÁVEIS DO PLÍNIO MARCOS SENTIMENTOS RASGADOS E COSTURADOS NO MAPA DA CULTURA VEM AÍ NOSSOS ENDEREÇOS

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em foco

SPCINE PL AY: mais de 50 títulos A plataforma de vídeo sob demanda (VOD) Spcine Play entra numa nova fase. Em parceria com a Looke, serviço brasileiro de streaming que oferece toda a infraestrutura tecnológica da plataforma, o novo serviço traz títulos clássicos do cinema brasileiro, além de abrir espaço para shows e espetáculos exclusivos realizados em equipamentos culturais de São Paulo. Também estarão disponíveis obras que integram grandes festivais, como o Anima Mundi, comKids, In-Edit e a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. São mais de 50 títulos disponíveis. Parte do catálogo será gratuito e outros títulos podem ser vistos ao custo de R$ 3,99. A lista completa pode ser consultada na página www.spcineplay.com.br.

CONTR ATASP acontece no CCJ O Centro Cultural da Juventude (CCJ) recebe, no dia 13, das 10h às 17h, a 5ª edição da ContrataSP, feira de empregos voltada a estudantes e profissionais com algum tipo de deficiência, com o objetivo de aproximálos das oportunidades de emprego existentes na região em que moram. Durante a ação, será possível elaborar currículo, expedir carteira de trabalho e ter acesso a outros serviços do Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (CATe). 4

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AGOSTO NA CIDADE MURADA no Teatro de Contêiner

Talitha Arruda

Vanderson Satiro

CCJ E FABLAB LIVRE SP produzem nova porta

O Centro Cultural da Juventude (CCJ) está com portas novas e coloridas. O diretor do espaço Eduardo Santana e o FAB LAB LIVRE SP – CCJ as criaram usando técnicas de fabricação digital. A equipe responsável pela confecção contou com a participação de cinco pessoas, entre elas os técnicos Cesar Garcia, artista plástico responsável pelo projeto artístico, e Jesus Cavalcante, arquiteto e urbanista, que teve a missão de orientar e liderar os estagiários nos processos de fabricação, estruturação física, acabamento, montagem das ferragens e instalação. Alunos das oficinas regulares do CCJ também participaram do processo. Quem passar pelo CCJ, também poderá conferir outros itens feitos em parceria com o FAB LAB, como espreguiçadeiras, poltronas, pista Em agosto desse ano, a Secretaria Municipal de Cultura assinou com a de boliche e sinalizações para o Cia. Mugunzá, que coordena o Teatro ambiente. de Contêiner, um termo de parceria que formaliza a permanência do grupo no terreno em que está localizado o teatro atualmente, na região da Luz. Por meio dele, a companhia poderá manter suas atividades no local pelo período de um ano, com possibilidade de renovação. O espaço, em plena atividade, apresenta agora curta temporada da peça Agosto na Cidade Murada, dirigida por Jé Oliveira e Mariana Souto Mayor. Formulado inicialmente como roteiro de HQ e inspirado em Itamar Assumpção e Arthur Bispo do Rosário, o espetáculo é uma tragicomédia em forma de teatro-show musical, que utiliza uma combinação de rock com cenas curtas de quadrinhos animados e elementos da cultura pop. | 3a e 4a. De 13 a 21, às 20h. Grátis.

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Sua Agenda

1 Quinta

Tulio Pezzoni

Fique por dentro de algumas atividades deste mês. 21h

O Teatro Zanoni Ferrite recebe, todas as quintas-feiras, a partir das 21h, um convidado diferente do projeto de comédia stand-up Open Risos. O festival terá os comediantes Gui Preto e Thiago Fernandes. A programação conta ainda com a participação de Luiz Paixão, Matheus Buente, André Smith e João Pimenta.

Fabiano Knopp

3 Sábado 14h O Grupo Ueba faz duas apresentações de As aventuras do fusca à vela, que une dois clássicos: o veículo Fusca e a obra literária Moby Dick, de Herman Melville. As exibições gratuitas acontecem, nesta data, Casa de Cultura M’Boi Mirim e no dia 4, às 13h, na Casa de Cultura do Butantã.

6 Terça 14h O projeto Biblioteca Viva apresenta, no dia 6, às 14h, na Biblioteca Belmonte, o cantor e compositor Leo Fressato num show de voz e violão. Radicado em Curitiba, ele é autor da música Oração, que estourou com A Banda Mais Bonita da Cidade. No repertório, traz canções que falam com intensidade do amor e da ausência dele.

17 Quarta 12h A Cia. Linhas Aéreas leva ao Centro Cultural Tendal da Lapa o espetáculo Wendy e Peter, primeira montagem infantil do grupo. A trama traz a personagem Wendy já adulta, quando recebe, em seu quarto, a visita de Peter Pan. Ele não se lembra dos momentos que viveram juntos na Terra do Nunca. 6

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Rafael Stédile

18 Domingo 19h Com direção de Eduardo Tolentino, a montagem de A Cantora Careca tem sua última apresentação no dia 18, no Teatro João Caetano. O texto traz diálogos absurdos que levam a total impossibilidade de comunicação entre os personagens. É considerada a primeira obra do Teatro do Absurdo e foi escrita em 1949 pelo francês Eugène Ionesco.

20 Terça 16h

Sandra Gamon

Fernando Donasci

Com mais de 10 anos na estrada, a Banda Bola de Meia, uma das principais referências do samba-rock de São Paulo, faz um único show na Casa de Cultura Raul Seixas, no dia 20, às 16h. No repertório, clássicos da música nacional que embalam os principais bailes da cidade.

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Sexta 20h

Integrante do grupo Unidos da Vila Maria, o sambista baiano Chocolatte apresenta o melhor do samba raiz e do Partido Alto no dia 23, na Casa de Cultura do Tremembé, às 20h. Com seu terceiro álbum, Herança Popular, esse cronista do samba traz um show recheado de histórias do cotidiano.

28 Quarta 10h Vocalista e uma das fundadoras do grupo paulistano Samba de Rainha, Núbia Maciel, apresenta, de graça, canções do álbum Uma Qualquer, seu primeiro trabalho solo, na Biblioteca Érico Veríssimo. As letras remetem à infância da cantora na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Veja a programação completa no site www.cultura.prefeitura.sp.gov.br emcartaz | novembro 2018

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BIBLIOT EM FESTA Festa Literária Biblioteca Viva terá encontro com escritores e contação de histórias entre os dias 26 e 30; Ignácio de Loyola Brandão, Lourenço Mutarelli e João Carlos Marinho (autor de O Gênio do Crime) estão entre os convidados Luísa Bittencourt

ilustração Maria Carolina Marchi

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ais do que espaços de leitura, as bibliotecas de São Paulo estão se tornando referência de espaços culturais. O programa Biblioteca Viva, que vem sendo implementado desde 2017, propõe uma nova forma de se viver esses espaços: com novo mobiliário e decoração, além da reformulação da exposição dos livros, com as capas viradas para o público, como em livrarias e programação cultural diversificada. Assim, esses ambientes ficaram mais acolhedores para o público. Para comemorar as 36 novembro 2018 | emcartaz

unidades do Biblioteca Viva já entregues, a Secretaria Municipal de Cultura promove a Festa Literária Biblioteca Viva, que acontece entre os dias 26 e 30 de novembro. Cinco bibliotecas recebem encontros com autores e contação de histórias, às 10h e às 15h. Entre os convidados está Ignácio de Loyola Brandão, autor de Zero e da obra infantojuvenil O menino que vendia palavras, este último vencedor do prêmio Jabuti de melhor livro de ficção em 2008. Ao lado de Loyola, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, estará o


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TECAS escritor e tradutor Bernardo Ajzenberg. Com mais de 10 romances publicados e 50 títulos traduzidos, Ajzenberg foi um dos finalistas do prêmio Jabuti de 2005, com o livro Homens com mulheres. O escritor, dramaturgo e quadrinista, Lourenço Mutarelli, participa do encontro na Biblioteca Cora Coralina. Entre seus trabalhos mais conhecidos está o livro O Cheiro do Ralo, adaptado para o cinema por Heitor Dhalia. Representando a nova safra de escritores contemporâneos, S. Miller, autora de Indomável Coração, estará na Biblioteca Narbal Fontes. Filhas do navegador Amyr Klink, as irmãs Laura, Tamara e Marininha Klink participam do encontro na Biblioteca Belmonte. Após mais de sete viagens feitas de barco ao Polo Sul, o trio publicou o livro

infantil Férias na Antártica. O encerramento, na Biblioteca Affonso Taunay, fica por conta de João Carlos Marinho, autor de Sangue Fresco e O Gênio do Crime, clássico da literatura infantojuvenil, que desde de seu lançamento, em 1969, vem influenciando gerações. Além dos encontros com os escritores, haverá contação de histórias a partir de livros expostos no trenzinho, um dos novos mobiliários do Biblioteca Viva. O acervo dos trenzinhos reúne obras de literatura infantojuvenil, como lendas, histórias de fadas e bruxas, poesias, contos árabes e fábulas. Além da programação cultural, a Biblioteca Alceu Amoroso Lima receberá uma exposição que retrata as melhorias realizadas nas 36 bibliotecas, desde o início do programa. emcartaz | novembro 2018

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capa

BIBLIOTECA VIVA O Programa Biblioteca Viva teve início em 2017 e vem, desde então, transformando as bibliotecas municipais em espaços mais atrativos e agradáveis. Além de uma nova exposição dos livros – que agora ficam com suas capas voltadas para o público –, e novo mobiliário, as bibliotecas passaram a receber uma programação artística de circo, teatro, música e contação de história. Todas as unidades tiveram o horário de funcionamento ampliado, disponibilizam Wi-Fi e agora também abrem aos domingos. Assim, as bibliotecas vêm atraindo novos usuários a cada dia, contribuindo para a formação de novos leitores.

Dia 26 Biblioteca Alceu Amoroso Lima

10h - Contação de histórias; 15h - Encontro com Ignácio de Loyola Brandão e Bernardo Ajzenberg.

Dia 27 Biblioteca Cora Coralina 10h - Contação de histórias; 15h - Encontrocom Lourenço Mutarelli.

Dia 28 Biblioteca Narbal Fontes 10h - Contação de histórias; 15h - Encontro com S. Miller.

Dia 29 Biblioteca Belmonte 10h - Contação de histórias; 15h - Encontro com as Irmãs Klink (Laura, Tamara e Marininha).

ilustração Maria Carolina Marchi 10

Confira a programação

Dia 30 Biblioteca Affonso Taunay 9h - Apresentação de malabaristas e palhaços; 10h - Contação de histórias; 15h - Encontro com João

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dança

CO N E X ÃO

BRASIL-DINAMARCA Juliana Pithon

G

iro, fluxo, salto e cinesfera. Todos esses termos são elementos que fazem parte de movimentos do corpo e compõem características de diversos estilos de dança. Explorando esses aspectos a partir da união entre a dança contemporânea da Dinamarca e a dança urbana do Brasil, a dançarina e professora Deborah Dodd Macedo idealizou o espetáculo CRASH!, que chega a Sala Olido, Teatro Flávio Império e Centro Cultural da Juventude neste mês. Fruto de um processo colaborativo criado pela companhia de dança dinamarquesa Uppercut Danseteater e o grupo brasileiro DF Zulu Breakers, a montagem tem como tema central o encontro de culturas diferentes no mundo da dança. “O espetáculo nasceu a partir da ideia da importância de se colocar no lugar do outro

Bahadir Badi

Companhia de dança dinamarquesa Uppercut Danseteater e o grupo brasileiro DF Zulu Breakers apresentam o espetáculo CRASH! e do desejo de aproximar linguagens de dois gêneros opostos na dança”, explica a diretora. A partir dessa idealização, a encenação traz a coreografia da dinamarquesa Stephanie Thomasen executada por quatro bailarinos brasileiros e três dinamarqueses, que trabalham todos esses aspectos aparentemente opostos. A apresentação também propõe uma mistura de movimentos característicos da formação de dançarinos de cada país, como por exemplo, os brasileiros que colocam o samba e a gafieira em cena. Apresentações Sala Olido. Dia 15/11, 15h e 20h Teatro Flávio Império. Dia 17/11, 15h e 20h Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso. Dia 18/11, 15h e 18h

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OS

M UNDOS DE

TURANDOT Uma das mais conhecidas óperas de Puccini, a grandiosa Turandot é encenada no Theatro Municipal a partir do dia 16

Gabriel Fabri

O

universo da ópera chinesa com estética que remete aos anos 1960; o terreno da fantasia e dos contos de fadas; os bastidores de um teatro, em um exercício de metalinguagem: esses são os três mundos que se mesclam em Turandot, última ópera

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composta pelo italiano Giacomo Puccini e que estreia no dia 16, no Theatro Municipal de São Paulo. “O conceito da montagem é como diferentes universos e diferentes tempos convivem juntos”, explica o diretor André Heller-Lopes. O espetáculo tem acompanhamento da Orquestra


ópera Sinfônica Municipal, sob regência do maestro Roberto Minczuk. O Coro Lírico, regido por Mário Zaccaro, e o Coral Paulistano, dirigido pela maestrina Naomi Munakata, também participam das apresentações. Para Heller-Lopes, a escolha do número de mundos não é aleatória. Afinal, a princesa chinesa Turandot, que busca vingar uma ancestral que fora violentada e assassinada, propôs um desafio para os seus pretendentes: teriam que solucionar três enigmas para ganhar a sua mão; caso o contrário, seriam condenados à morte. “O número três se repete constantemente na ópera: três enigmas, três batidas de gongo, três máscaras da Commedia Dell’Arte, três atos”, explica Heller-Lopes. “Até a tonalidade da música associada por Puccini à princesa, mi bemol, possui três acidentes [representação gráfica que indica a modificação da altura da nota na partitura]”, diz. Adaptando um antigo conto de fadas, a história da ópera é, no fundo, a jornada de Turandot para encontrar a sua própria liberdade no amor, segundo o diretor. “São personagens profundamente marcados pelo passado, seja Turandot por uma impressão de uma história que

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ela ouviu, seja Calaf por ser um príncipe que perdeu tudo”, explica. “É uma jornada para se livrar desses fantasmas”. Calaf é o filho do rei da Tartária, que foi banido de seu trono e, sem revelar sua verdadeira identidade, aceita o desafio dos enigmas.

O TEATRO DENTRO DO PALCO Para trazer todos esses universos à cena, o cenógrafo Renato Theobaldo criou uma estrutura conceitual, que ultrapassa a mera necessidade descritiva de um palácio. “Não estamos criando um palacete exatamente e isso enriquece, criando novas nuances de leitura para o público. O palácio é, na verdade, também um teatro, que tem uma trupe no meio dele que vai encenar a Turandot”, explica Theobaldo. A estrutura divide o espaço cênico entre realidade e fantasia e, do lado da fantasia, há uma área que lembra uma caixa, onde está a trupe, que é representada pelos solistas, enquanto os coralistas, ao lado de fora dessa “caixa”, simbolizam o público desse teatro – ao todo, 170 artistas sobem ao palco nessa montagem.

Veja a programação completa no site www.cultura.prefeitura.sp.gov.br emcartaz | novembro 2018 13


CONSCIÊNCIA NEGRA Victor Kiyoshi Matsumura

Julieta Bacchins

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m memória a Zumbi dos Palmares, ex-escravo que se tornou símbolo de liderança na luta pela liberdade, 20 de novembro – dia de sua morte – se tornou o Dia da Consciência Negra. Desde 2003, a data passou a ser oficialmente celebrada em São Paulo e ganhou, desde então destaque no calendário cultural. A Secretaria Municipal de Cultura promove, ao longo de todo o mês, diversas atividades que celebram a data e colocam essa cultura em evidência. A agenda conta com apresentações em Casas de Cultura e Centros Culturais além de uma parceria com a Feira Preta, evento que une cultura negra e empreendedorismo.

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MEDEA MINA JEJE


MEDEA MINA JEJE

A atriz Cyda Baú apresenta o monólogo Rastros das Marias no Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso, dia 17, às 20h. O enredo traz uma mulher negra nascida em um quilombo, que não aceita o futuro inevitável: ser empregada doméstica. O texto de Gabriela Rabelo faz homenagem a heroínas negras como Tereza de Benguela, líder quilombola, e Carolina de Jesus, escritora brasileira, que teve seu livro Quarto de Despejo – Diário de Uma Favelada, traduzido para 16 idiomas e lançado em mais de 40 países.

Todas as segundas-feiras de novembro, às 19h, a Biblioteca Mário de Andrade recebe o espetáculo Medea Mina Jeje. Baseada na tragédia grega de Eurípedes, a montagem coloca em cena uma Medeia, personagem central da história, negra. Enquanto a personagem grega é passional e vingativa, a versão de Rudinei Borges apresenta a personagem como uma mulher trazida da África para trabalhar em Minas Gerais, na cidade de Ouro Preto, como mineradora em Jeje. O conflito que se instala a partir daí é relacionado à sua identidade estrangeira e ao seu lugar no mundo. Assim, ao apresentar um cenário desolador, de liberdade violada e sem esperança de um futuro promissor, Medea, assim como na tragédia grega, traça o destino de sua prole evitando que a mesma tragédia que paira sobre a sua existência se repita com seu filho. A montagem acompanha, em um primeiro momento, a dor da mãe ao constatar sua impotência diante da situação em que se encontra. Em seguida, sua epifania ao compreender que também pode estar em suas mãos a chance de evitar um futuro pior.

NIMBA O coletivo de dança paulistano Trupe Benkady tem em sua essência a dança africana, base do espetáculo Nimba, concebido por Flávia Mazal. A montagem, que será apresentada no dia 23, às 19h, na Casa de Cultura Santo Amaro, ganhou o nome de um ser misterioso, muitas vezes relacionado a uma divindade de abundância e fertilidade, e associado também às mulheres grávidas. O espetáculo explora a essência maternal e a relação de homens e mulheres com seus descendentes.

consciência negra

OS RASTROS DAS MARIAS

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Beatriz Varella

NIMBA

FEIRA PRETA Evento histórico na cidade de São Paulo traz novamente a oportunidade de discutir o empreendedorismo dos afrobrasileiros e sua cultura diversa. Há 16 anos, a Feira Preta celebra o Dia da Consciência Negra de uma forma diferente, levando ao público uma programação abrangente, gratuita e livre, com linguagens artísticas como música e teatro com foco no empreendedorismo. Desde o ano passado, o evento passou a ser realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura. “Partimos da escassez e da 16

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vulnerabilidade para a abundância, possibilidades e transformações”, ressalta Adriana Barbosa, uma das idealizadoras do evento. A Feira Preta é atualmente o maior evento de cultura e empreendedorismo negro na América Latina, que contou com um público de 20 mil pessoas em sua última edição. “O empreendedorismo foi a forma como a população negra deu conta da vida. A feira é um desses modelos que contribuiu nesse processo de valorização de uma identidade”, conclui. A Feira acontece entre os


consciência negra

João Caldas Fo

OS RASTROS DAS MARIAS

dias 18 e 20 de novembro, das 11h às 22h, na Praça das Artes, e recebe, ao todo, 90 expositores de todo o Brasil. Ao longo do evento, acontecem apresentações artísticas. Já no Boulevard São João, dia 20, a partir das 14h, se apresentam Rincon Sapiênica, Elza Soares, Luedji Luna e o Balé da Cidade de São Paulo. No Theatro Municipal de São Paulo, acontecem apresentações gratuitas dos espetáculos O Pequeno Príncipe Preto, às 12h e Contos Negreiros do Brasil, às 16h. Toda a programação é gratuita.

Apresentações: Os Rastros das Marias | Centro da Juventude Ruth Cardoso. 90 min. Livre. Dia 17, às 20h. Grátis. Nimba | Casa de Cultura Santo Amaro. 60 min. Livre. Dia 23, às 19h. Grátis. Medea Mina Jeje | Biblioteca Mário de Andrade. 40 min. + 12 anos. De 5 a 26/11. Seg., às 19h. Grátis. Feira Preta | Praça das Artes. Dias 18, 19 e 20, das 11h às 22h. Grátis.

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UMA LINGUAGEM UNIVERSAL Juliana Pithon

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música é um elemento fundamental para a identidade de uma nação. Da melodia ao ritmo, cada som tem uma singularidade. A cítara de martelo, da música chinesa; o atabaque, da música africana; e a bandola, da música colombiana, por exemplo, são fortes características das produções musicais desses países. Com o objetivo de dar espaço a músicos estrangeiros residentes em São Paulo e valorizar o seu trabalho, Yannick Delass criou o Gringa Music, projeto que acontece na Biblioteca Mário de Andrade até o dia 30 de novembro. Yannick Delass é cantor, compositor e produtor, de origem congolesa, mas nascido em São Tomé e

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Projeto Gringa Music leva música de imigrantes à Biblioteca Mário de Andrade Príncipe. Ao completar 20 anos, decidiu traçar um roteiro por Gabão, África do Sul, Indonésia e Cabo Verde a fim de agregar novas experiências à sua música. Em 2016, ao chegar a São Paulo, o artista sentiu falta de espaços para a World Music, termo utilizado para o intercâmbio entre movimentos musicais de diversos lugares do mundo, e resolveu criar o projeto. “A ideia surgiu a partir de encontros que tive com artistas imigrantes que moram em São Paulo e me fizeram entender as dificuldades que passavam aqui”, explica Yannick. Isto aumentou o seu desejo de criar um espaço para o seu próprio trabalho e ser não apenas apresentado, mas


música reconhecido. Assim, ele pesquisou por um ano bandas, grupos e projetos musicais de estrangeiros que vivem aqui. O Gringa Music nasceu para ampliar o cenário de diversidade cultural da cidade e, segundo ele, para “criar um espaço que contemple múltiplos ‘sotaques musicais’ presentes em todo o mundo”. No dia 2 de novembro, a Biblioteca Mário de Andrade é palco para a francesa Anaïs Sylla, que, com influências crioulas, apresenta canções autorais e releituras de sucessos de artistas como Henri Salvador e Francis Bebey. No dia 9, o senegalês Umaro une ritmos latinoamericanos ao rock e ao soul. Já com a proposta de misturar ritmos cubanos, no dia 16, a paraguaia Monica

Elizeche apresenta o show BoleroJazz e convida o público a conhecer as raízes da cultura latina. No dia 23, do fado ao jazz, a portuguesa Joana Reais une performance à música. E, para finalizar o mês, no dia 30, o colombiano Edwin Ospina conecta o Brasil ao seu país a partir da mistura de instrumentos como flauta, acordeão e violão. Dividido em quatro temporadas de três meses ao longo do ano, o Gringa Music reúne músicos dos mais diversos países da África, Europa, Ásia, Oriente Médio, América Central e América Latina, e conta, ao todo, com 48 apresentações. Biblioteca Mário de Andrade | Toda 6 a , às 19h. Livre. Grátis

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PRA TOCAR NO BAILE

BNegão traz funk carioca, música eletrônica e jamaicana para cinco espaços culturais da cidade

Cristiano Filiciano

“L

ute pelo seu direito de festejar. Festeje seu direito de lutar na vida”. O trecho foi extraído da música Essa é pra tocar no baile e retrata bem o tom de protesto que permeia a carreira do rapper carioca Bernardo Santos, mais conhecido por BNegão. Com uma forma contundente de expor seus posicionamentos, o músico integrou por

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anos a banda Planet Hemp e foi reconhecido internacionalmente com seus projetos paralelos, ultrapassando fronteiras. Em 2012, por exemplo, foi convidado para representar a música brasileira na cerimônia de encerramento das Olimpíadas de Londres, ao lado de Seu Jorge, Madonna, Metallica e Bruce Springsteen.


música

Em novembro, ele desembarca na capital paulista com o projeto BNegão Trio, criado com dois amigos de longa data: Pedro Selector, trompetista do grupo Seletores de Frequência e DJ Castro, exintegrante do Quinto Andar. Idealizado apenas para shows ao vivo, o grupo faz cinco apresentações em casas de cultura, centros culturais e no Teatro Décio de Almeida Prado, entre os dias 3 e 24. O repertório contempla as três vozes, um instrumento de sopro e um par de toca-discos, que passa por todas as fases da carreira do cantor. Entre as canções que não vão ficar de fora estão os sucessos do grupo Seletores de Frequência – do qual BNegão também faz parte –, como Funk até o caroço, Vamo!, e A verdadeira dança do patinho. Há ainda espaço para músicas que combinam samba de raiz, funk carioca e música jamaicana, resultando numa mistura sonora única. Frequentador assíduo da cidade de São Paulo, BNegão se identifica com algumas manifestações artísticas e culturais daqui. “Os artistas

da periferia de São Paulo estão muito bem representados com Rincon Sapiência, Criolo e Emicida. É muito bonito de ver”, ressalta ele, que frequenta espaços alternativos como o Sarau do Binho no Campo Limpo, onde, destaca que “só viu coisas boas”. Outro aspecto importante do BNegão Trio é a influência do Afrofuturismo Digital, música que mistura o som dos ancestrais, do presente e do futuro. Essa expressão é derivada do movimento estético e cultural Afrofuturismo, que surgiu na década de 1960 e combina elementos de ficção científica, história e fantasia para retratar a história dos negros. Apresentações | Centro Cultural da Juventude. Dia 3, às 20h | Casa de Cultura do M’Boi Mirim. Dia 6, às 20h | Centro Cultural do Grajaú Palhaço Carequinha. Dia 20, às 15h | Espaço Cultural Itaim Teatro Décio de Almeida Prado. Dia 23, às 20h | Casa de Cultura Vila Guilherme. Dia 24, às 20h. | Livre. Grátis

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música

FORRÓ NAS CASAS DE CULTURA Victor Kiyoshi Matsumura

Grupos se apresentam, até o fim do ano, com shows de baião, xaxado e arrasta-pé

ilustração Maria Carolina Marchi

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forró tem suas raízes no nordeste do Brasil e, com a contribuição do rei do baião, Luiz Gonzaga, espalhou-se por todo o país e transformou-se em um dos gêneros mais populares de nossa música. Com o objetivo de valorizar os forrozeiros da Grande São Paulo, diversos artistas, grupos e trios criaram o Movimento Forró, também conhecido como SP Forró, e, em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, criaram o Circulação Forró. A cada domingo uma Casa de Cultura recebe uma programação com atrações que exploram todas as raízes formadoras do ritmo, como baião, xaxado e arrasta-pé. O Trio Mistura Nordestina abre a programação de novembro no dia 4, às 16h, na Casa de Cultura de São Miguel Paulista. O grupo traz uma união de mestres com a nova geração do forró pé-deserra. Já no dia 11, às 15h, a Casa de Cultura de Santo Amaro recebe o cantor Bill Ramos com o show O Melhor e Autêntico Forró Nordestino, que busca resgatar a

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tradição nordestina e apresentar ao público a história do forró. O Trio Raça do Pajeú é a atração do dia 18 na Casa de Cultura do M’Boi Mirim, às 19h. A mistura do forró de pé-deserra com o forró universitário resulta em um show dançante, com repertório composto por uma seleção de músicas de nomes consagrados, como Dominguinhos, Trio Nordestino, Jorge Altino e Alcymar Monteiro. O mês se encerra com a apresentação do Trio Equilíbrio, liderado por Márcio Dedéu, com o show Forró da Nova Era no dia 25, na Casa de Cultura Salvador Ligabue. Apresentações | Casa de Cultura de São Miguel Paulista - Antonio Marcos Dia 4, às 16h | Casa de Cultura de Santo Amaro Dia 11, às 15h | Casa de Cultura M’Boi Mirim Dia 18, às 19h | Casa de Cultura Salvador Ligabue Dia 25, às 19h30


teatro

TEATRO DA MAIORIDADE

Cia. Epigenia comemora 18 anos com uma mostra no Teatro Cacilda Becker

Gilberto De Nichile

A

companhia de teatro carioca Epigenia chega a 2018 completando 18 anos de estrada. Para comemorar, apresenta no Teatro Cacilda Becker uma temporada com dois dos principais trabalhos realizados ao longo deste período. Produzir uma obra de arte ou ganhar dinheiro? Qual deve ser a preocupação primeira de um produtor cultural? Esse é o tema central da comédia Hollywood, uma das três peças do norte-americano David Mamet montadas pela companhia. “Essa é a terceira peça do Mamet que montamos – as outras duas foram Oleanna e Race – e todas elas são marcadas pela valorização do trabalho dos atores e pelos diálogos curtos, ágeis, inteligentes, divertidos, cínicos e sarcásticos”, conta o diretor Gustavo Paso. A trama se baseia na história de dois executivos gananciosos, interpretados por Rubens Caribé e Iuri Saraiva, que pretendem produzir um filme que seja comercialmente um sucesso de bilheteria. São contestados, porém, pela secretária de um deles, a atriz Luciana Favero, que defende a ideia de transformar o

enredo num filme de arte. A Cia. apresenta também um espetáculo voltado ao público infantil, igualmente dirigida por Paso, Casa Caramujo, que explora, de forma lúdica, o tema da morte. “Para evitar que sua mãe doente morra, um garoto consegue aprisionar a Morte, mas com isso quebra todo o ciclo da vida”, resume. Ainda na programação, entre os dias 6 e 8, às 14h, Gustavo ministra um workshop gratuito para alunos e profissionais de teatro. Apresentações MOSTRA CIA. TEATRO EPIGENIA Espetáculos | Hollywood. 75 min. + 12 anos. De 02 a 24/11. 6ª e Sáb., às 21h. Dom., às 19h. R$ 30. | Casa Caramujo. 60 min. Livre. De 03 a 25/11. Sáb. e Dom., às 16h. R$ 16. Workshop com Gustavo Paso. De 06 a 08/11. Ter. a Qui., às 14h. TEATRO CACILDA BECKER De 02 a 25/11 Espetáculos 6ª a domingo. R$ 16 a R$ 30. Workshop Terça, quarta e quinta-feira. Grátis. emcartaz | novembro 2018 23


OS

MISERÁVEIS DE PLÍNIO MARCOS

Gabriel Fabri

S

eis mendigos vivem pelas ruas da cidade e se encontram em uma estação de trem abandonada. Entre eles, apenas dois possuem chapéus, um acessório importante na hora de pedir esmolas. Essa é a premissa de Jornada de um Imbecil até o Entendimento, comédia circense que chega ao Espaço Cênico Ademar Guerra, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), a partir do dia 9. Com texto de Plínio Marcos, a montagem homenageia o autor, cuja morte completa 20 anos em 2019, utilizando o realismo fantástico como linguagem. Para Helio Cicero, diretor da peça, o chapéu funciona como o símbolo do poder entre os personagens: “É por meio dele é que existe a dominação, a coação”. A relação entre Mandrião, um dos que possuem o acessório, e os 24

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Priscila Prade

Texto do dramaturgo paulista, conhecido por retratar os submundos urbanos, inspirou comédia circense em cartaz no CCSP, selecionada pelo Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura

outros personagens, se torna praticamente a de um senhor e os seus escravos. “Esse microcosmo de personagens pode ser apresentado em qualquer sociedade e em qualquer época, por isso, haverá a imediata identificação do público com ele. Esses mendigos representam o sistema de domínio, exploração e poder no qual ainda vivemos”, completa. Cicero destaca a estrutura não convencional da dramaturgia. “O fato de não existir a figura de um protagonista e de um antagonista, ou de um herói, é um elemento desafiador”, comenta. Apesar disso, o diretor reconhece que Teco é o personagem de maior impacto, pois é ele quem ajuda Mandrião a dominar os outros miseráveis. “Ele faz a manipulação recorrendo ao medo e articula


teatro

QUEM FOI PLÍNIO MARCOS

uma espécie de tripé de dominação, usando o Poder, a Religião e o Intelecto”, explica. Interpretado por Fernando Trauer, Teco remete a um palhaço típico, que tem como uma de suas características uma postura ereta e de superioridade. “Por isso, o diretor quis elevá-lo fisicamente em relação aos outros personagens e sugeriu o salto alto, o que lhe dá estatura e postura”, explica o ator. Para ele, seu personagem é um estrategista nato e utiliza todos os seus recursos para conseguir o que quer. As apresentações contam com a participação especial de Luiza Curvo.

Nascido em Santos, litoral paulista, Plínio Marcos foi um dos mais importantes autores do teatro brasileiro moderno. Dramaturgo de estilo único, ele é apontado como renovador de padrões teatrais por meio de um foco naturalista que imprime em seus personagens, característica que podem ser notada, por exemplo, nos diálogos. Em 1966, estreou na montagem Dois Perdidos Numa Noite Suja, que é um de seus textos mais famosos, que ganhou centenas de encenações. Também é autor de Navalha na carne, Abajour Lilás e Jornada de Um Imbecil Até o Entendimento.

Apresentações Centro Cultural São Paulo. Espaço Cênico Ademar Guerra. De 9/11 a 16/12. Sex. e Sáb., 21h. Dom, 20h. R$ 30. Dia 17/11, Sáb., 17h. Com tradução em Libras. Grátis (ingresso com 1 hora de antecedência) Dia 18/11, Dom., 20h. Ingresso a preço popular: R$ 3.

+ Veja a programação completa no site www.cultura.prefeitura.sp.gov.br emcartaz | novembro 2018 25


SENTIMENTOS RASGADOS E COSTURADOS Espetáculo Sutura, com texto do escocês Anthony Neilson, faz temporada no Teatro Alfredo Mesquita

Cidy Dionísio

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notícia de uma gravidez intensifica a dinâmica já estabelecida de um casal que tenta reorganizar sua vida, já inconstante e desequilibrada. Na tentativa de reconstruir essa história de amor, o terreno se revela movediço: encontros, desencontros, desejos, sonhos, ficção e realidade atravessam essa relação, com ternura e brutalidade, abrindo espaço para expor as precariedades e os limites do próprio relacionamento. Com direção de César Baptista, Sutura, espetáculo teatral baseado no texto do escocês Anthony Neilson, faz temporada no Teatro Alfredo Mesquita, de 2 a 25 de 26

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novembro. Com Anna Cecília Junqueira e Ivo Müller no elenco, a peça discute, de forma ácida e inteligente, temas como o amor, a hipocrisia, a busca por felicidade, os pequenos poderes nas relações e a fragilidade da natureza humana. O diretor optou por uma montagem que busca promover a identificação da plateia com o drama vivido pelo casal, despertando cumplicidade. Ao mesmo tempo, a peça procura gerar desvios, por vezes sutis, que colocam certezas em xeque. Este caminho, cheio de detalhes rigorosamente pensados para a cena, procura não dar a história totalmente pronta para a plateia, de modo que ela mesma possa contribuir,


teatro teatro em certa medida, com sua perspectiva. Para Baptista, no íntimo de tudo isso está o jogo entre os atores e o texto usado na construção do trabalho. “As questões que esse texto traz saltaram aos nossos olhos exponencialmente. Temas como hipocrisia, incomunicabilidade, dilemas dos relacionamentos amorosos, maternidade, paternidade e a condição humana posta em cheque em situações limites, vieram ao encontro do que queríamos discutir”, conta César. Para o ator Ivo Müller, para compor o personagem do marido, foi necessário desconstruir e quebrar referências masculinas como as de seu pai, avô, tios e professores, que nutriram sua formação. “Numa primeira leitura, o machismo parecia se encaixar no que o texto apontava. No entanto, ao nos aprofundarmos um pouco mais em busca do homem

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que questiona suas atitudes e sua própria masculinidade, mudei meu modo de ver o texto e o personagem e passei a insistir que ele não poderia ser machista”, explica. Já Anna Cecília, que interpreta uma mulher impulsiva, passional e, ao mesmo tempo, insegura, que é capaz de colocar a sua vida e a dos outros em risco por amor, deixa o recado para aqueles que pretendem assistir ao espetáculo: “Não esperem por uma peça convencional de casal. Sutura é bem mais radical e surpreendente. Ela é corte seco, com tesão e paixão, e nos faz questionar profundamente sobre quando e como um amor pode acabar, ou continuar, dentro de um relacionamento”, afirma. Apresentações Teatro Alfredo Mesquita. De 2 a 25. Sex. e Sáb., 21h. Dom., 19h. 70 min. + 14 anos. R$ 30.

Veja a programação completa no site www.cultura.prefeitura.sp.gov.br emcartaz | novembro 2018 27


NO MAPA DA CULTURA

RENATA OU RENATINHA? Renata Araújo, a coordenadora dos teatros e centros culturais da Secretaria Municipal de Cultura, é muitas pessoas em uma só. Cidy Dionísio

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ormada em Direito e em Artes Cênicas, Renata sempre diz que tem duas personalidades: a Renata e a Renatinha. “A Renatinha é mais ligada à arte, é a mais estupefata das duas. Já a Renata é mais burocrática, faz o papel da irmã mais velha”, explica. Os dois lados sempre tiveram muito força e, ao mesmo tempo em que Renata

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focava na ideia de estudar para concursos e tornar-se juíza, Renatinha sentia que a arte falava mais alto. Decidiu, então, mudar-se de vez de Mogi das Cruzes para São Paulo, a fim de focar na carreira de atriz. “Vim pra cá para ser atriz e nessa procura fui abrindo várias outras portas. Hoje eu sou uma pessoa da cultura e do teatro. Não tenho dúvidas,


sou uma pessoa múltipla nesse universo”, diz. Nessa transição, Renata fez de tudo: trabalhou em escritório, foi atriz e produtora, coordenou o Museu Afro Brasil, criou uma empresa de produção cultural, desenvolveu projetos de grupos de teatro e de dança e, entre tantas outras

A mudança é algo constante na vida tanto da Renata quanto da Renatinha. Adoro quando isso acontece”. Apesar de nunca ter imaginado se encontrar profissionalmente na administração pública, ela reconhece que isso, hoje, lhe traz felicidade por poder contribuir com as

coisas, atualmente, realiza com muita graça e dedicação a sua terceira função dentro da Secretaria de Cultura: a de coordenar os teatros e centros culturais. Renata começou na Secretaria assessorando a implantação da coordenadoria de parcerias, depois foi diretora geral da Fundação Theatro Municipal. “Hoje, coordeno todos os centros culturais e teatros.

políticas públicas, sentir-se útil. “Sinto que sou a pessoa certa, na hora certa e no lugar certo. A minha experiência aqui é como é a minha vida, e a minha vida é pautada no amor”, finaliza. Renata ganhou muitas experiências na administração pública, mas continuamos achando que é a cultura quem ganha tendo várias Renatas...

Video completo da entrevista www.youtube.com/smcsaopaulo emcartaz | novembro 2018 29


vem Aí

EM DEZEMBRO

LEILA PINHEIRO A cantora se apresenta no Teatro Décio de Almeida Prado com show intimista de voz e piano. No repertório, canções de Renato Russo, Cazuza, Ivan Lins, João Bosco, Gilberto Gil, Guilherme Arantes, Zélia Duncan, Benito de Paula, Arlindo Cruz entre muitos outros – além de sucessos de sua carreira como Verde e Catavento.

GALA DO CIRCO NO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO O tradicional evento que celebra o Dia do Palhaço (10 de dezembro) no principal palco da cidade de São Paulo está confirmado. Desta vez, a direção será do palhaço Tubinho.

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gostou da programação? Veja onde vai acontecer

Biblioteca Alceu Amoroso Lima | Sylvia Masini

BIBLIOTECAS MUNICIPAIS Biblioteca Affonso Taunay R. Taquari, 549, Parque da Mooca, Mooca. Zona Leste | tel. 2292-5126 Biblioteca Alceu Amoroso Lima Av. Henrique Schaumann, 777, Pinheiros, Próximo da Praça Benedito Calixto. Zona Oeste | tel. 3082-5023 Biblioteca Belmonte R. Paulo Eiró, 525, Santo Amaro. Zona Sul | tel. 5687-0408 e 5691-0433 Biblioteca Cora Coralina R. Otelo Augusto Ribeiro, 113, Guaianases. Zona Leste | tel. 2557-8004 Biblioteca Érico Veríssimo R. Diógenes Dourado, 101, Cohab Parada de Taipas. Zona Norte | tel. 3972-0450 Biblioteca Mário de Andrade R. da Consolação, 94, Consolação. Centro | tel. 3775-0002

Biblioteca Narbal Fontes Av. Conselheiro Moreira de Barros, 170, Santana. Zona Norte | tel. 2973-4461 CASAS DE CULTURA Casa de Cultura Municipal do Butantã Av. Junta Mizumoto, 13, Jardim Peri Peri. Zona Oeste | Tel.: 3742-6218/ 3744-4369 Casa de Cultura de São Miguel Paulista R. Irineu Bonardi, 169, Vila Pedroso. Zona Leste | tel.: 2297-9177 Casa de Cultura do M’Boi Mirim Av. Inácio Dias da Silva, s/nº, M’Boi Mirim. Zona Sul | tel.: 5514-3408 Casa de Cultura Raul Seixas - Itaquera R. Murmúrios da Tarde, 211, Cohab 2 José Bonifácio. Itaquera (Parque Raul Seixas). Zona Leste | tel. 2521-6411 emcartaz | novembro 2018 31


Casa de Cultura Salvador Ligabue Lgo. da Matriz de Nossa Senhora do Ó, 215, Freguesia do Ó. Zona Norte | Tel.: 3931-8266

Espaço Cultural Itaim Teatro Décio de Almeida Prado R. Cojuba, 45, Itaim Bibi. Zona Oeste | tel. 3079-3438

Casa de Cultura Municipal da Vila Guilherme – Casarão | Praça Oscar Silva, 111 - Vila Guilherme.

Praça das Artes Av. São João, 281. Centro. | tel.: 4571-0401

Casa de Cultura de Santo Amaro Pça. Floriano Peixoto, 131, Santo Amaro. Zona Sul | tel.: 5523-6455 Casa de Cultura do Tremembé Av. Maria Amália Lopes Azevedo, 190, Tremembé. Zona Norte | tel.: 2991-4291 CENTROS CULTURAIS Centro Cultural Olido Av. São João, 473, Centro | tel. 3331-8399 e 3397-0171 Centro Cultural do Grajaú - Palhaço Carequinha R. Prof. Oscar Barreto Filho, 252, Capela do Socorro. Zona Sul | tel.: 5925-4943 Centro Cultural da Juventude Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641, Vila Nova Cachoeirinha. Zona Norte | tel. 3984-2466 Centro Cultural São Paulo R. Vergueiro, 1.000, Paraíso. Centro | tel. 3397-4002 Centro Cultural Tendal da Lapa R. Guaicurus, 1.100, Lapa. Zona Oeste | tel.: 3862 1837

TEATROS MUNICIPAIS Teatro Alfredo Mesquita Av. Santos Dumont, 1.770, Santana. Zona Norte | tel. 2221-3657 Teatro Cacilda Becker R. Tito, 295, Lapa. Zona Oeste | tel. 3864-4513 Teatro Flávio Império R. Prof. Alves Pedroso, 600, Cangaíba. Zona Leste | tel. 2621-2719 Teatro João Caetano R. Borges Lagoa, 650, Vila Clementino. Zona Sul | tel. 5573-3774 e 5549-1744 Teatro Zanoni Ferrite Av. Renata, 163, Vila Formosa. Zona Leste. | tel. 2216-1520 Theatro Municipal de São Paulo Pça. Ramos de Azevedo, s/nº, Centro | tel. 3053-2090

A relação completa dos espaços culturais está no site: www.cultura.prefeitura.sp.gov.br 32

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expediente Secretário de Cultura André Sturm Secretária adjunta Marilia Barbour Ilustração Maria Carolina Marchi

Chefe de Gabinete Juliana Velho Redação

Fotografia Sylvia Masini Secretária de redação Ivani Yara dos Santos Estagiários Camila Ceccato (revisão)

Coordenação editorial André Sturm Editor-chefe Luiz Quesada Editora-assistente Giovanna Longo Redação Aryanne Valgas Cidy Dionisio (+redes sociais) Cristiano Filiciano Gabriel Fabri Gilberto De Nichile Isabela Almeida (audiovisual) Juliana Pithon Luísa Bittencourt Projeto gráfico e design Viviane Lopes (coordenação) Maria Carolina Marchi Paulo Vinícius

Victor Kiyoshi Matsumura (redação) Impressão QuadBR Tiragem 60.000 exemplares Em Cartaz é uma publicação da Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo Endereço: Rua Libero Badaró, 346 | 8º andar. São Paulo | SP CEP: 01008-905 Tel: 3397-0000 | Fax: 3224-0628 e-mail leitoremcartaz@prefeitura. sp.gov.br Site da Secretaria Municipal de Cultura www.cultura.prefeitura. sp.gov.br

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