Uso de suplementos de suporte à destoxificação intestinal
Embora as informações ainda sejam limitadas, especula-se que fatores alimentares e nutrientes podem participar na regulação das tight junctions intestinais. Estudos sugerem que nutrientes como glutamina, polifenóis e probióticos podem melhorar e proteger a integridade da mucosa e constituir estratégias terapêuticas, especialmente nas doenças associadas a defeitos na barreira intestinal.84
Glutamina Constitui-se no aminoácido mais abundante no plasma e no músculo esquelético, atuando como substrato oxidativo preferencial e sendo avidamente consumido por células de replicação rápida, como linfócitos, células tumorais, enterócitos e fibroblastos. Além disso, constitui-se no substrato preponderante para a amoniogênese no intestino e no rim, exercendo, assim, importante papel na regulação da homeostase acidobásica. A glutamina, que atua como condutora de nitrogênio entre os órgãos, pode, ainda, ser precursora de nucleotídios e glicose.85 Ela é um aminoácido não essencial e fonte energética principal para as células intestinais, auxiliando na manutenção de seu adequado metabolismo, estrutura e função. As ações da glutamina na manutenção da barreira intestinal já foram demonstradas in vivo em pacientes críticos,86 e com lesões intestinais decorrentes de rádio e quimioterapia e em pacientes e animais sob nutrição parenteral.87 In vivo, demonstrou-se que a glutamina exógena aumenta a concentração de claudina-1 (uma proteína integral de membrana e um componente das tight junctions) nas células epiteliais intestinais. Além disso, a glutationa, um produto do metabolismo da glutamina, protege os tecidos normais contra o dano oxidativo. O intestino é o principal órgão na síntese de glutationa, mas, com estresse oxidativo, a diminuição da concentração de glutamina é um fator limitante para sua síntese.88,89 As recomendações habituais de glutamina em nutrição clínica são de 0,3 a 0,5g/kg/dia.90 No entanto, ainda não se sabe se indivíduos sem lesões maiores ou com disbiose e hiperpermeabilidade, mas sem doença, podem realmente se beneficiar dessa suplementação. Outro ponto que permanece sem definição é o tempo pelo qual essa suplementação deve ser efetuada.
Probióticos Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. Portanto, são bactérias e leveduras consideradas alimentos funcionais com capacidade de recolonizar e restaurar a simbiose da microbiota intestinal. Um dos parâmetros analisados em indivíduos saudáveis seria a capacidade colonizadora da cepa probiótica, porém se demonstrou que sua presença transitória pode induzir atividades enzimáticas e interagir com a microbiota residente, levando a modificações no equilíbrio desse ecossistema e/ou novas características metabólicas.91,92 Define-se disbiose como uma alteração ou uma interrupção da microbiota normal (espécies bacterianas ou fúngicas) em razão da exposição a um fator agressor (como antibióticos, doença crônica, estresse, procedimentos médicos ou medicamentos etc.). O grande desafio de estabelecer uma causa e um efeito para a melhora da disbiose por probióticos é a falta de uma definição de padrão de microbiota “normal”. Há considerável variação interindividual das espécies de micróbios
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C o p y r i g h t ©2 0 1 6E d i t o r aR u b i oL t d a . B e l l o / F a l l e r . Nu t r i ç ã oeDe s t o x i f i c a ç ã o–B a s e sMo l e c u l a r e sp a r aaP r á t i c aC l í n i c a . Al g u ma sp á g i n a s , n ã os e q u e n c i a i s , ee mb a i x ar e s o l u ç ã o .
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