Virando a página - Degustação

Leo Cunha e Tino Freitas

Ilustrações Caco Galhardo e Leonardo Yorka

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Copyright © Leo Cunha e Tino Freitas, 2020 Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A. Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 — Bela Vista — São Paulo — SP CEP 01326-010 — Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 — CEP da Caixa Postal 01390-970 Internet: www.ftd.com.br E-mail: projetos@ftd.com.br Diretor geral Ricardo Tavares de Oliveira Gerente editorial Isabel Lopes Coelho Editor Estevão Azevedo Editoras assistentes Bruna Perrella Brito e Flavia Lago Coordenador de produção editorial Leandro Hiroshi Kanno Preparadora Marina Nogueira Revisoras Fernanda Simões Lopes e Helô Beraldo Editores de arte Daniel Justi e Camila Catto Capa, projeto gráfico e diagramação Bloco Gráfico Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno Leo Cunha é escritor, jornalista, tradutor e professor universitário.

Recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Autor Revelação, em 1994.

Tino Freitas é escritor, jornalista, músico, contador de histórias e mediador de leitura do projeto Roedores de Livros.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cunha, Leo Virando a página / Leo Cunha, Tino Freitas; ilustrações Caco Galhardo, Leonardo Yorka. — 1. ed. — São Paulo: FTD, 2020.

ISBN 978-85-96-02788-5 1. Contos — Literatura infantojuvenil 2. Literatura infantojuvenil I. Freitas, Tino. II. Galhardo, Caco. III. Yorka, Leonardo. IV. Título.

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CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Contos : Literatura infantil 028.5 2. Contos : Literatura infantojuvenil 028.5 Maria Alice Ferreira — Bibliotecária — CRB-8/7964

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Leo Cunha e Tino Freitas

Ilustrações Caco Galhardo e Leonardo Yorka

1ª- edição

São Paulo – 2020

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Lisandro Marília Eugênio Dinho Serena Maria Emílio

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Láion Florbela Sig Rian

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Os autores Os ilustradores

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Lisandro

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uando Lisandro foi escovar os dentes após o jantar, viu seu pai fazendo a barba em frente ao espelho. Enquanto esperava sua vez, sentiu vontade de fazer o mesmo. Assim que entrou no banheiro, trancou a porta, passou espuma no rosto e raspou tudo com o barbeador. No dia seguinte, acordou sentindo que algo peludo roçava seu rosto. Ao passar a mão, percebeu que era um bigode. Foi para a escola feliz; enfim, seria o homem da turma. Em casa, o pai achou bonito o que viu no filho, e o irmão mais velho tratou de se barbear uma vez por semana, embora nenhum pelo nascesse em seu rosto.

Dias depois, a mãe foi a primeira a notar que os cabelos de Lisandro caíam à medida que seu bigode ganhava volume.

De repente, o menino estava careca, bigodudo e com uma nova mania: enrolar as pontas do bigode. Fazia isso principalmente quando tomava sopa ou comia macarrão à bolonhesa, mas também quando falava de um assunto mais sério — coisa de gente com bigode, embora ainda tivesse aquela vozinha estridente de criança.

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Uma noite, aborrecido com tudo aquilo, Lisandro raspou o bigode, mas na manhã seguinte já havia nascido outro, e tão maior que o anterior que suas pontas tocavam o chão, obrigando o menino a trançá-las.

Os colegas passaram a chamá-lo de Rapunzel. Alguns até usavam seu bigode como corda para pular! Lisandro, chateado, só sonhava em ter uma barba… mas não nasciam outros pelos em seu rosto senão os do bigode.

Quem olhava para Lisandro, via um menino triste e misterioso: careca, de bigode, sem barba e de vozinha fina, até que seus amigos produziram um vídeo mostrando seu bigodão e o que dava para fazer com ele. Viralizou!

O menino ficou famoso, mas a vida de estrela também o aborreceu. Ele só queria ir ao cinema sem chamar a atenção e também sonhava em dar um beijo numa menina da outra sala, mas tinha medo de como seria com tanto bigode atrapalhando.

Era preciso tomar uma atitude para mudar aquela situação.

Foi aí que ele resolveu virar a página e…

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mbreiro e m so u mu u o r do … comp use

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para o México!

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Marília

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arília ficou arrasada com o divórcio dos pais.

Amava o pai, adorava a mãe e não conseguia imaginar a vida sem os dois juntos. As viagens para a praia, os cafés da manhã de domingo na padaria, as festas de aniversário, os Natais em família… tudo isso não seria mais igual.

No entanto, nos primeiros dias após o divórcio, até que Marília não achou tão difícil assim. Ia para a escola com o pai, voltava com a mãe. Almoçava com a mãe, jantava com o pai.

Um fim de semana com ele, outro com ela. A vida ia se ajeitando.

O problema começou quando seus pais resolveram dividir ao meio tudo o que tinham. Começaram pelos livros: metade iria para o pai e a outra, para a mãe. Eram 201 livros na estante, e cada um escolheu 100. Tudo corria de modo civilizado, até que chegaram ao último exemplar: um tijolão de 600 páginas chamado Guerra e paz. Os dois queriam ficar com o livro. O pai puxava de um lado, a mãe puxava do outro. Puxa daqui, puxa dali e… RAAASG! O livro partiu-se ao meio.

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Marília deu um gritinho de espanto e até achou aquilo um tanto engraçado, mas seus pais não acharam graça nenhuma.

Ao verem o livro rasgado, a fúria subiu por suas veias e os dois radicalizaram.

— Ah, então é assim? — gritou o pai, pegando uma pilha de discos antigos. Meteu o joelho no meio do vinil e quebrou um disco em dois.

A mãe não perdeu tempo: pisou na ponta de outro disco com seu salto agulha e partiu-o ao meio. Dali a pouco, não havia mais um disco inteiro na casa.

O pai saiu batendo os pés e voltou com uma faca de pão na mão. Fatiou as cortinas. A mãe, de tesoura em punho, cortou ao meio lençóis, fronhas, colchas e cobertores.

Marília já não ria mais, ia se encolhendo em um canto da sala, tentando imaginar o que aconteceria com ela. Será que continuaria Marília depois de tudo aquilo, ou será que também seria dividida: MAR de um lado, ILHA do outro? Antes que alguém pegasse o serrote, ela não pensou duas vezes: decidiu virar a página e...

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