Narizinho e o príncipe escamado, Monteiro Lobato

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NARIZINHO E O PRÍNCIPE ESCAMADO MONTEIRO LOBATO

NARIZINHO EO PRÍNCIPE ESCAMADO MONTEIRO LOBATO Ilustrações ANA MATSUSAKI

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Deitada à beira de um ribeirão, uma menina recebe uma surpreendente visita: um peixinho vestido de gente fica de pé na ponta de seu nariz arrebitado. Logo depois, um elegante besouro chega para lhes fazer companhia. Curiosa, ela aguenta as cócegas em seu rosto para tentar descobrir o que tanto os dois conversam. A coleção Meu Primeiro Lobato apresenta ao pequeno leitor a obra do mais importante autor de literatura infantil brasileira por meio de histórias curtas, fáceis de ler e ricamente ilustradas. Narizinho, Pedrinho, Emília, Visconde de Sabugosa, Dona Benta e Tia Nastácia acompanham os leitores iniciantes em uma viagem pelo fantástico imaginário da turma do Picapau Amarelo.

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1ª. edição

São Paulo – 2019

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NARIZINHO EO PRÍNCIPE ESCAMADO MONTEIRO LOBATO Ilustrações ANA MATSUSAKI

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Copyright © Editora FTD, 2019  Todos os direitos reservados à EDITORA FTD S.A. Matriz: Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 Internet: www.ftd.com.br E-mail: projetos@ftd.com.br Diretora editorial Ceciliany Alves Gerente editorial Isabel Lopes Coelho Editor Estevão Azevedo Editor especialista Luís Camargo Coordenadora de produção editorial Letícia Mendes de Souza Preparador Huendel Viana Revisoras Elisa Martins e Lívia Perran Consultoria geral João Luís Ceccantini Consultoria técnica Emerson Tin, Hélio Guimarães e Milena Ribeiro Martins Editor de arte Daniel Justi Editoração eletrônica Heidy Clemente Projeto gráfico e diagramação Bloco Gráfico Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno

Esta edição tem como base a obra Reinações de Narizinho, primeiro volume das Obras Completas de Monteiro Lobato, Literatura Infantil, publicada pela Editora Brasiliense, em 1947, edição esta revista pelo autor. O texto da presente edição está em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e também com a padronização da editora.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Lobato, Monteiro, 1882-1948. Narizinho e o Príncipe Escamado / Monteiro Lobato; ilustrações Ana Matsusaki. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2019. ISBN 978-85-96-01702-2 1. Contos – Literatura infantojuvenil 2. Literatura infantojuvenil I. Matsusaki, Ana. II. Título. 18-17649

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Contos: Literatura infantil 028.5 2. Contos: Literatura infantojuvenil 028.5 Maria Alice Ferreira – Bibliotecária – CRB-8/7964

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Narizinho é o apelido de Lúcia, uma menina de 7 anos que tem nariz arrebitado. Gosta muito da Emília, uma boneca de pano. Narizinho “não almoça nem janta sem a ter ao lado, nem se deita sem primeiro acomodá-la numa redinha entre dois pés de cadeira. Além da boneca, o outro encanto da menina é o ribeirão que passa pelos fundos do pomar. [...] Todas as tardes Lúcia toma a boneca e vai passear à beira d'água, onde se senta na raiz dum velho ingazeiro para dar farelo de pão aos lambaris”. A história que você vai ler a seguir foi tirada do livro Reinações de Narizinho. Os editores

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ma vez, depois de dar comida aos peixinhos, Lúcia sentiu os olhos pesados de sono. Deitou-se na grama com a boneca no braço e ficou seguindo as nuvens que passeavam pelo céu, formando ora castelos, ora camelos. E já ia dormindo, embalada pelo mexerico das águas, quando sentiu cócegas no rosto. Arregalou os olhos: um peixinho vestido de gente estava de pé na ponta do seu nariz. Vestido de gente, sim! Trazia casaco vermelho, cartolinha na cabeça e guarda-chuva na mão — a maior das galantezas! O peixinho olhava para o nariz de Narizinho com rugas na testa, como quem não está entendendo nada do que vê. 9

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A menina reteve o fôlego de medo de o assustar, assim ficando até que sentiu cócegas na testa. Espiou com o rabo dos olhos. Era um besouro que pousara ali. Mas um besouro também vestido de gente, trajando sobrecasaca preta, óculos e bengalão. Lúcia imobilizou-se ainda mais, tão interessante estava achando aquilo. Ao ver o peixinho, o besouro tirou o chapéu, respeitosamente.

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— Muito boas tardes, senhor Príncipe! — disse ele. — Viva, Mestre Cascudo! — foi a resposta. — Que novidade traz Vossa Alteza por aqui, Príncipe?

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— É que lasquei duas escamas do filé e o Doutor Caramujo me receitou ares do campo. Vim tomar o remédio neste prado que é muito meu conhecido, mas encontrei cá este morro que me parece estranho — e o Príncipe bateu com a biqueira do guarda-chuva na ponta do nariz de Narizinho. — Creio que é de mármore — observou.

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Os besouros são muito entendidos em questões de terra, pois vivem a cavar buracos. Mesmo assim, aquele besourinho de sobrecasaca não foi capaz de adivinhar que qualidade de “terra” era aquela. Abaixou-se, ajeitou os óculos no bico, examinou o nariz de Narizinho e disse: 13

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— Muito mole para ser mármore. Parece antes requeijão. — Muito moreno para ser requeijão. Parece antes rapadura — volveu o Príncipe.

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O besouro provou a tal terra com a ponta da língua. — Muito salgada para ser rapadura. Parece antes... Mas não concluiu, porque o Príncipe o havia largado para ir examinar as sobrancelhas.

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— Serão barbatanas, Mestre Cascudo? Venha ver. Por que não leva algumas para os seus meninos brincarem de chicote?

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O besouro gostou da ideia e veio colher as barbatanas. Cada fio que arrancava era uma dorzinha aguda que a menina sentia — e bem vontade teve ela de o espantar dali com uma careta! Mas tudo suportou, curiosa de ver em que daria aquilo.

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Deixando o besouro às voltas com as barbatanas, o peixinho foi examinar as ventas. — Que belas tocas para uma família de besouros! — exclamou. — Por que não se muda para aqui, Mestre Cascudo? Sua esposa havia de gostar desta repartição de cômodos. O besouro, com o feixe de barbatanas debaixo do braço, lá foi examinar as tocas. Mediu a altura com a bengala. — Realmente, são ótimas — disse ele. — Só receio que more aqui dentro alguma fera peluda.

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E para certificar-se cutucou bem lá no fundo. — Hu! Hu! Sai fora, bicho imundo!... Não saiu fera nenhuma, mas como a bengala fizesse cócegas no nariz de Lúcia, o que saiu foi um formidável espirro — Atchim!... e os dois bichinhos, pegados de surpresa, reviraram de pernas para o ar, caindo um grande tombo no chão.

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— Eu não disse? — exclamou o besouro, levantando-se e escovando com a manga a cartolinha suja de terra. — É, sim, ninho de fera — e de fera espirradeira! Vou-me embora. Não quero negócios com essa gente. Até logo, Príncipe! Faço votos para que sare e seja muito feliz. E lá se foi, zumbindo que nem um avião. 23

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O peixinho, porém, que era muito valente, permaneceu firme, cada vez mais intrigado com a tal montanha que espirrava. Por fim a menina teve dó dele e resolveu esclarecer todo o mistério. Sentou-se de súbito e disse: — Não sou montanha nenhuma, peixinho. Sou Lúcia, a menina que todos os dias vem dar comida a vocês. Não me reconhece?

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— Era impossível reconhecê-la, menina. Vista de dentro d'água parece muito diferente... — Posso parecer, mas garanto que sou a mesma. Esta senhora aqui é a minha amiga Emília. O peixinho saudou respeitosamente a boneca e em seguida apresentou-se como o Príncipe Escamado, rei do Reino das Águas Claras. — Príncipe e rei ao mesmo tempo! — exclamou a menina batendo palmas. — Que bom, que bom, que bom! Sempre tive vontade de conhecer um príncipe-rei.

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Conversaram longo tempo, e por fim o Príncipe convidou-a para uma visita ao seu reino. Narizinho ficou no maior dos assanhamentos. — Pois vamos e já — gritou —, antes que Tia Nastácia me chame. E lá se foram os dois de braços dados, como velhos amigos. 28

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Monteiro Lobato

Monteiro Lobato é reconhecido como o mais importante escritor de livros para crianças no Brasil. Nasceu na cidade de Taubaté, no estado de São Paulo, em 1882. Em 18 de abril, data de seu nascimento, comemora-se o Dia Nacional do Livro Infantil. Lobato morreu em 1948, aos 66 anos, na cidade de São Paulo. Seu primeiro livro infantil, A menina do narizinho arrebitado, foi publicado em 1920. Muitos outros vieram a seguir, entre eles, Reinações de Narizinho, O saci, Fábulas, Caçadas de Pedrinho, Viagem ao céu, A reforma da natureza, O Picapau Amarelo, A chave do tamanho e Os doze trabalhos de Hércules. Além de escritor de livros infantis e adultos, Lobato foi também editor de livros, crítico de arte e jornalista.

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Ana Matsusaki

Quando eu era pequena, meu pai trabalhava em uma editora. Sorte minha, pois cresci rodeada por livros, por palavras e imagens que me transportavam para universos mágicos, que esticavam o mundo e me levavam a viagens para dentro de mim mesma. Eu tinha muitas prateleiras recheadas, e claro, no meio de tantos livros, não podiam faltar as histórias de Monteiro Lobato. É incrível como uma obra escrita há tanto tempo consegue manter uma conversa deliciosa por tantos anos, sem data de validade! Ao ser convidada para ilustrar este livro, olhei para a história como se fosse a primeira vez, como se nunca tivesse visto ou falado com Narizinho, Emília e o Príncipe Escamado. Como se eu me sentasse à sombra do ingazeiro, à beira do rio e os encontrasse ali, por acaso. A conversa rendeu, e garanto: o carinho por eles não mudou.

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Produção gráfica

Avenida Antônio Bardella, 300 - 07220-020 GUARULHOS (SP) Fone: (11) 3545-8600 e Fax: (11) 2412-5375

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