Cumarim

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CumaRim, a pimenta do reino

ilustrações

Willian Santiago RoSane almeida

Cumarim, a pimenta do reino

Cumarim, a pimenta do reino

ilustrações

Willian Santiago roSane almeida

1ª. edição
São Paulo – 2021

Copyright © Rosane Almeida, 2021

Todos os direitos reservados à

EMPRESA BRASILEIRA DE SISTEMAS DE ENSINO LTDA.

Rua Rui Barbosa, 156, 2º andar

São Paulo – SP – CEP 01326-010

Tel. (0-XX-11) 3598-6000

Editora assistente Camila Saraiva

Revisoras Lívia Perran e Marina Nogueira

Rosane Almeida nasceu em Curitiba (PR), em 1964. É formada em Artes Circenses pela Escola Picadeiro de São Paulo e pela Accademia Teatro Dimitri da Suíça.

Willian Santiago nasceu em Cornélio Procópio (PR), em 1990, e faleceu em 2021. Era formado em Design Gráfico pela Universidade Estadual de Londrina.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Almeida, Rosane Cumarim, a pimenta do reino/Rosane Almeida; ilustrações Willian Santiago. – 1. ed. – São Paulo: BR Educação, 2021.

ISBN 978-85-66811-39-1 (aluno)

ISBN 978-85-66811-40-7 (professor)

1. Literatura infantojuvenil I. Santiago, Willian. II. Título. 21-85486

Índices para catálogo sistemático:

1. Literatura infantil 028.5

2. Literatura infantojuvenil 028.5

Maria Alice Ferreira — Bibliotecária — CRB-8/7964

CDD-028.5

SUmÁRio

6 Cumarim, a pimenta do reino

42 O QUE É UM BRINCANTE?, por Maria Amália Camargo

46 Informações paratextuaIs

Cumarim é uma menina que já nasceu com a boca e os olhos bem abertos. Parecia tão travessa que logo ganhou o nome de uma pimenta.

Ainda na barriga da mãe, Cumarim dançava ao som de qualquer barulhinho: rodopiava com o motor da batedeira de bolo, pulava quando ouvia o apito da chaleira no fogo, farfalhava ao ouvir o chacoalhar das ferramentas na caixa de metal, embalava-se com os acordes do violão…

Cumarim tinha uma família especial. Sua casa despertava a curiosidade e a admiração de todos que moravam por perto — ou dos que vinham de longe só para ter a mesma sensação que todo mundo dizia experimentar. Quem passava em frente à casa de Cumarim ouvia e sentia uma mistura de sons, gostos, cheiros, texturas, cores e formas que não conseguia perceber em nenhum outro lugar. Algumas pessoas ficavam tão maravilhadas que murmuravam: “Estou sem palavras”. Quando o pai da menina preparava o almoço, os aromas se espalhavam pelos arredores e o paladar da vizinhança se assanhava. Quando a mãe descobria o defeito de um carro só pelo barulho de uma peça ou pelo cheiro do motor, era um buzinaço.

Cumarim acompanhava atenta o vaivém de gente e de sensações. Era dona de uma curiosidade que só aumentou depois que ela aprendeu a falar. E como Cumarim falava. Falava com estranhos, falava sozinha, falava dormindo, falava até pelos cotovelos. Diz a lenda que Cumarim ficou ainda mais tagarela porque, logo depois de começar a engatinhar, foi parar embaixo de um pé de pimenta. Os frutos eram tão redondos, pequeninos e vermelhos que ela se deixou levar pela beleza deles. Encheu as mãozinhas com todos que ali cabiam, colocou tudo de uma vez na boca e, pasmem, algo incrível aconteceu: ela gostou da ardência!

Então, sempre que podia, Cumarim voltava para apanhar um punhado daqueles frutinhos ardidos.

Muitas vezes Cumarim parecia só ter língua. Dizem que ela nunca usou chupeta porque não conseguia ficar de boca fechada. Era danada de boa em perguntar e em responder. Se não soubesse alguma resposta, inventava. Soltava-se em palavras e, se deixassem, ia longe com os seus “mas como?” e “por quê?”:

— Pai, se tudo morre, porquenasce?

— Como criamos a fome se não lhe damos de comer?

— Se a gente chama laranja de laranja, por que não chamamos de verde o limão? — Chove na terra porque no céu os rios fcam de ponta-cabeça?

— Mãe, o fm da picada é quando o mosquito vai embora?

—Ospeixes têm sede?

—Mãe,por que se chama “meia” se eu calço duas inteiras?

Cumarim foi crescendo e, quando aprendeu a andar, seus primeiros passos foram em direção aos sons: as batidas de bombo na casa do vizinho, o violão no quarto do irmão, a cantoria da mãe no chuveiro, a batedeira de bolo, a buzina do carro, a panela no fogo. Não demorou muito para Cumarim começar a fazer sua própria música, e, assim, a danadinha encontrava novas maneiras de se fazer ouvir: a colher batendo no prato, os pés no chão molhado do chuveiro. As palmas saíam tão engraçadas no encontro das mãos, bem diferentes de quando suas mãozinhas batiam nas pernas ou no peito. E, quando a mão batia, a boca cantava, os pés pulavam, o coraçãozinho de Cumarim batia junto com tudo.

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