8 ano historia sociedade cidadania

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Havia irmandades de brancos, outras de mestiços, e outras ainda de negros. Havia também irmandades de ricos e outras de pobres. Vivendo em uma época em que não podiam frequentar as irmandades nem as “igrejas dos brancos”, os negros fundaram suas próprias irmandades, sendo as mais requeridas as de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Uma delas foi a Irmandade dos Homens Pretos de Salvador, um espaço associativo de ajuda mútua e de manutenção de uma identidade negra.

Dorival Moreira/Pulsar

Outras formas de resistência

Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Pelourinho, Salvador (BA), 2007. A Irmandade dos Homens Pretos de Salvador foi fundada, em 1685, por mulheres e homens originários da região onde hoje é Angola; além da assistência dada a seus associados na doença, na velhice e na morte, a irmandade se empenhava também em conseguir dinheiro para a compra de cartas de alforria. A igreja-sede da irmandade começou a ser construída por escravos e libertos em 1704 e foi reformada recentemente; situada no Largo do Pelourinho, a irmandade e sua igreja foram e continuam sendo um dos centros de apoio à população negra de Salvador.

Quilombos Agrupamentos de pessoas fugidas da escravidão.

Quimbundo Língua da matriz banto falada em Angola.

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Os africanos e seus descendentes resistiam também desobedecendo, fazendo corpo mole no trabalho, quebrando ferramentas, incendiando plantações, suicidando-se, agredindo feitores e senhores, negociando melhores condições de vida e trabalho, fugindo sozinhos ou com companheiros e formando quilombos.

Os quilombos Uma das principais formas de luta contra a escravidão foi a formação de quilombos por toda a América escravista.

}} O Quilombo dos Palmares O maior e o mais duradouro de todos os quilombos brasileiros foi o dos Palmares. Teve início numa noite de 1597, quando cerca de quarenta escravizados fugiram de um engenho do litoral nordestino e se refugiaram na Serra da Barriga, uma região montanhosa situada no atual estado de Alagoas. Como o lugar possuía grande quantidade de palmeiras, chamou-se Palmares. Nos primeiros tempos, a população palmarina não era tão grande. Mas, com as invasões holandesas no Nordeste (1624-1654), desorganizou-se a vida nos engenhos, a vigilância diminuiu e os escravizados aproveitaram para fugir. Segundo João José Reis, nesse período o quilombo chegou a ter cerca de quinze mil habitantes. Os africanos e seus descendentes eram maioria, mas em Palmares havia também brancos pobres e indígenas expulsos de suas terras pelos colonos. Os palmarinos viviam em liberdade e a seu modo num conjunto de povoações chamadas mocambos (de mukambo, “esconderijo” em quimbundo).


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