O UNIVERSO DA LINGUAGEM
Variedades linguísticas • Variedade padrão Vamos retomar as frases comparadas anteriormente: 1. Quar são minhas nota? 2. Quais são as minhas notas [...]
Variedades linguísticas
Uma língua oferece a seus usuários diferentes formas de realização, isto é, diferentes “jeitos de falar e escrever”, e, segundo a linguística, não existe uma forma melhor (mais certa) ou pior (mais errada) de empregar uma língua. A variedade padrão (ou língua culta formal) é apenas uma entre as muitas formas de usar a língua. A escolha da norma-padrão como “modelo a ser seguido” é arbitrária e convencional; baseia-se em critérios ideológicos (sociais, culturais, políticos e econômicos). Assim, não existe uma “língua única”, que coincida com a variedade padrão. A língua é, na verdade, um conjunto de diferentes variedades linguísticas, associadas às diferentes realidades sociais, econômicas, culturais, regionais etc. dos falantes que utilizam essas variedades.
Essas duas construções linguísticas exemplificam duas diferentes maneiras de utilizar a língua portuguesa; dizemos por isso que elas pertencem a diferentes variedades linguísticas. Já vimos que a gramática normativa considera incorreta a frase “Quar são minhas nota?” e correta a frase “Quais são as minhas notas [...]”. Mas... se as duas dizem a mesma coisa, se qualquer falante do idioma pode compreendê-las perfeitamente, por que só a segunda é aceita como “correta” pela gramática normativa? Que critérios são utilizados para definir o que é “certo” e o que é “errado” na língua? Os parâmetros e as regras que constituem a norma (padrões de uso) da língua portuguesa foram sendo estabelecidos e fixados ao longo do tempo, principalmente pela ação de dois instrumentos sociais: a escola e os meios de comunicação (noticiários, livros, jornais etc.). Convém aqui lembrar que, antigamente, frequentar a escola e comprar livros e jornais eram privilégios de poucos, ou, como se diz popularmente, eram “coisas de rico”. A escola e os meios de comunicação, então, tomavam como “modelar”, digna de ser imitada, a variedade linguística da classe social formada pelos falantes que, por terem elevado nível de escolaridade e maior influência política, tinham, consequentemente, maior prestígio social. Essa variedade, hoje denominada variedade padrão, foi a que serviu de base para a elaboração das gramáticas normativas e foi sendo imposta, aos poucos, aos falantes de todas as classes sociais como o “modelo ideal” de língua, o “padrão” que deveria ser seguido sempre que se quisesse falar ou escrever “corretamente” o português. A variedade padrão – também chamada de língua padrão ou língua culta formal – tem emprego em situações muito específicas e é usada quase exclusivamente na escrita. Os documentos oficiais (leis, comunicados, sentenças judiciais etc.), os contratos empresariais, os discursos em determinadas situações sociais, os editoriais de jornal e as solicitações de emprego são exemplos de textos em que geralmente se utiliza essa variedade linguística.
Variações da língua culta: língua culta formal e língua culta informal O trecho a seguir, extraído de uma entrevista dada por uma socióloga, exemplifica o emprego da variedade culta em sua modalidade formal (língua culta formal). Leia-o.
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