Manual do Professor - O pai da mamãe - Editora Caixote - PNLD

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Livro do Professor

Elaboração: Kátia Chiaradia

O pai da mamãe

O pai da mamãe DE CRISTIANA GOMES

POR ODILON MORAES

CATEGORIA: Creche II

TEMAS: Relacionamento pessoal e desenvolvimento de sentimentos de crianças nas escolas, nas famílias e nas comunidades (urbanas e rurais).

GÊNERO LITERÁRIO: Narrativo

USO: Para que o professor leia para crianças pequenas.

o avô, importante
beleza disso.
tempo
CRISTIANA GOMES ODILON MORAES CRISTIANA GOMES ODILON MORAES O pai da mamãe 04/04/20 21:04
ILUSTRADO
PDLP0002040260P220202000000 código do livro

Material digital para o educador do livro: O pai da mamãe

© do texto: Kátia Chiaradia

© das ilustrações: Odilon Moraes

© da edição 2021: Editora Caixote

Diagramação: Ana Dóbon

Revisão: Vanessa Oliveira Benassi

1a edição

Editora Caixote – Rua Boracea, 168. São Paulo – SP, Brasil. 01135-010

www.editoracaixote.com.br

A obra

Em um dia de passeio à praia com seu avô, a menina se lembra de algumas histórias que sua mãe havia lhe contado sobre seu pai. Ela decide compartilhar essas memórias com o avô, enquanto se divertem: “Vovô, a mamãe falou que o pai dela tinha cabelo marrom”; “A mamãe também falou que o pai dela construía túneis e pontes de verdade” e “(...) que foi o pai dela que ensinou ela a nadar.”

A cada revelação, o avô ouve sorridente e, envolvido, dialoga com a neta: “Tinha?”, “Verdade?”. As revelações da menina sobre os relatos de sua mãe surgem enquanto ela compartilha brincadeiras semelhantes com o avô.

Ao chegar em casa, a mamãe saúda o vovô: “Oi, pai”. Surpresa com sua dedução, ela pergunta: “Vovô, você é o pai da mamãe?”.

O pai da mamãe é um livro cativante sobre laços e gerações familiares, e a ação do tempo nas relações. É, ainda, um livro sobre as histórias que nós, adultos, cultivamos na memória das crianças que amamos e pelas quais sempre seremos lembrados.

A autora

CRISTIANA GOMES é professora de Educação Infantil. Começou a escrever quando percebeu que podia contar a seus alunos e suas filhas não apenas as histórias dos livros, mas também as inventadas. Este é o seu segundo livro.

O Ilustrador

ODILON MORAES é graduado em Arquitetura, mas trabalha como ilustrador e autor de livros infantis desde 1990. Seus livros ilustrados, que ele até já perdeu a conta de quantos são, receberam diversos prêmios, como o Jabuti, Melhor Livro do Ano da FNLIJ e Adolfo Aizen. Odilon é, sem dúvida, um dos maiores e mais celebrados autores-ilustradores de livros para crianças no Brasil.

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(crédito:)

Cuidar ensinando e ensinar cuidando: a Educação Infantil

“As crianças aprendem porque querem compreender o mundo em que vivem, dar sentido às suas vidas. As crianças vivem de modo narrativo suas brincadeiras, pois elas formulam e contam histórias ao mesmo tempo em que dramatizam.”

(BARBOSA; FOCHI, 2015, p.230)

Cada criança é, em si, diferente e única. Ela também é um reflexo de todas as experiências que teve, dos ambientes em que esteve. As crianças exploram sua realidade e aprendem a refletir sobre as próprias experiências descrevendo-as, representando-as, reorganizando-as em meio a brincadeiras.

A Base Nacional Comum Curricular – BNCC traz para a Educação Infantil brasileira o importante conceito de “campos de experiência”, que funcionam como pequenos mundos cotidianos de experiências da criança, preparados pelos(as) professores(as) com atenção e intencionalidade pedagógica, de forma a oferecer condições para ações de descoberta por parte das crianças ou para aprofundar vivências. Na BNCC, os objetivos de aprendizagem para a Educação Infantil, portanto, levam em consideração como as crianças aprendem e se desenvolvem em suas rotinas, considerando cinco “campos de experiências”: “O eu, o outro e o nós”, “Corpo, gestos e movimentos”, “Traços, sons, cores e formas”, “Escuta, fala, pensamento e imaginação”, “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”.

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(Fonte: Movimento pela Base)

Cada campo de experiências oferece um conjunto de objetos, situações, imagens e linguagens relacionado aos sistemas simbólicos da nossa cultura, capaz de evocar, estimular e acompanhar progressivamente aprendizagens mais sólidas. Os campos são territórios do fazer e do agir próprios da criança, dos quais o adulto se torna um importante apoiador. O objetivo de um trabalho centrado nas experiências protagonistas das crianças é valorizar a individualidade e a particularidade da identidade — cultural, inclusive — de cada uma.

Cabe a esse adulto elaborar cuidadosamente os espaços e instrumentos necessários para propiciar contextos naturais, sociais, culturais nos quais as crianças vão interagir e operar, ou seja, aprender.

O livro literário é um dos mais importantes desses instrumentos. No caso da realidade brasileira, frequentemente a escola é o principal, se não o único, meio de acesso a livros literários.

CAMPOS DE EXPERiÊNCIAS:

Os campos de experiências reconhecem que a imersão das crianças em práticas sociais e culturais criativas e interativas promove aprendizados significativos. São um arranjo curricular que organiza e integra brincadeiras, observações, interações que acontecem na rotina da creche/ escola. Dão intencionalidade para as práticas pedagógicas e colocam a criança no centro do processo.

(Fonte: Movimento pela Base)

Brincar lendo e ler brincando: a literatura na Educação Infantil

A leitura, desde a Educação Infantil, é um exercício de imaginação que constrói o pensamento individual e o pensamento coletivo. Isso porque ler é compartilhar sentidos da vida, visões de mundo e enriquecer as subjetividades. Assim, quando uma professora escolhe livros, ela escolhe também o que marcará a vida de seus alunos como leitores literários e como leitores de mundo. A partir da leitura, o que deve se perguntar a cada professor e a cada professora é que tipos de experiências podem ser propostas às crianças.

Professores(as) da Educação Infantil são figuras decisivas em todo o percurso do livro trilhado pelos alunos, uma vez que cabe a eles não apenas a preparação inicial das novas gerações para a leitura, mas também a nutrição do apreço aos livros e à leitura.

“Essa representação primeira e básica, pela qual passa necessariamente toda leitura, não conseguiria dar conta do que está em jogo no que diz respeito à memória, à relação com o tempo, à identidade, à escrita ou à relação com o leitor.”

(Jouve, 2012, p.105)

O pai da mamãe e os campos de experiênciaS

Até aqui, entendemos que a BNCC da Educação Infantil organiza os direitos e os objetivos de aprendizagens das crianças em cinco campos de experiências e que o livro literário, enquanto objeto lúdico, pode ser uma potente ferramenta de apoio a professoras e professores na preparação de ambientes, propostas e situações favoráveis a experiências significativas das crianças e entre elas. Contudo, é importante reforçar que os campos de experiências não são estanques e imiscíveis, como lembra o pesquisador Paulo Fochi, um dos redatores da Base para Educação Infantil, em seu texto “Ludicidade, continuidade e significatividade nos campos de experiência”:

“Os campos de experiências não operam em tempos compartimentados: eles atravessam de forma objetiva o modo como o contexto é organizado e, subjetivamente, nas ações e intervenções do adulto que os acompanha.”

(FOCHI, 2015, p. 226)

“O caráter lúdico e contínuo das experiências das crianças abre um espaço para a produção de significados pessoais, seja pelo prazer do já-vivido, característico na atividade lúdica, seja por germinar algo que está embrionário na criança na continuidade de suas experiências.” (FOCHI, 2015, p.227)

Nesse sentido, embora neste Livro do professor haja sugestões de vivências e atividades lúdicas organizadas nos cinco campos de experiências da Base, a depender do campo prioritariamente estimulado em cada uma delas, reforçamos que a contiguidade e a própria continuidade entre os campos e as experiências constroem as aprendizagens dos bebês e das crianças pequenas e muito pequenas. Pois é “na continuidade das experiências que reside a forca e a vitalidade da ação das crianças em compreender, explorar e aprofundar as suas hipóteses afetivas, cognitivas e sociais sobre o mundo.”

(FOCHI, idem)

Preparação para a leitura

☻ Antes de começar, sugerimos preparar o espaço e o momento para que a leitura aconteça, onde e quando os alunos serão convidados a se colocarem confortáveis para conhecer a história.

☻ É importante compartilhar o título do livro, mostrando a capa, e compartilhar o nome da autora, Cristiana Gomes, e do ilustrador, Odilon Moraes, comentando o papel de cada um na elaboração da história.

☻ Ao mostrar a capa do livro, converse com as crianças sobre do que elas imaginam tratar-se a história.

☻ Deixe-as se manifestarem livremente sobre suas hipóteses.

☻ Leia a quarta capa e converse com as crianças sobre qual a questão central do texto.

☻ É provável que digam que se trata de uma história na/sobre praia ou da história “do pai de uma mamãe” ou de um vovô ou de uma menina e seu avô.

Esse movimento de preparação para a leitura possibilita que as crianças revisitem seu próprio repertório de histórias e relacionem à expectativa de leitura algumas histórias conhecidas, com temáticas familiares ou diferentes.

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Leitura

☻ Então, em roda de conversa, leia para as crianças o livro O pai da mamãe

☻ A cada página lida, procure aproximar o livro das crianças para que elas se sintam convidadas a observar as ilustrações.

☻ Ao fim da primeira leitura, proporcione momentos convidativos para que as crianças apresentem as suas percepções sobre a história, destacando o que mais gostaram. É importante que a primeira leitura seja apreciativa, evitando, portanto, a pressa para apresentar outros elementos e relações.

Campo de experiências “O eu, o outro e o nós”

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento

(EI02EO04) Comunicar-se com os colegas e os adultos, buscando compreendê-los e fazendo-se compreender.

(EI02EO05) Perceber que as pessoas têm características físicas diferentes, respeitando essas diferenças.

Toda criança constrói a si também a partir do que resgata e recolhe das variadas relações que vive ou observa: conversas, escutas, argumentações, representações. Tudo isso ocorre para que ela possa se perceber enquanto ser e enquanto parte de grupos e comunidades, desde a família até a própria espécie humana.

Nessas relações, as crianças fazem incontáveis perguntas, aprendem a identificar e nomear sentimentos e estados de humor, passam a entender também direitos e deveres e a atuar de maneira mais consciente em espaços públicos e privados (sejam eles físicos ou não).

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Em O pai da mamãe, este campo de experiências é muito presente. A menina, protagonista, compartilha com o avô conversas que teve com a mãe e elabora representações familiares construídas a partir delas. O avô, por sua vez, lhe dá escuta ativa em meio a atividades conduzidas por ela. Essa dinâmica contribui para o sentimento de reconhecimento e pertencimento da protagonista em relação à sua família, ao mesmo tempo em que evidencia, com muita delicadeza, o tema da construção da identidade pessoal nas crianças.

Pela perspectiva da recepção do leitor, por sua vez, O pai da mamãe leva a pensar no quanto de cada um é construído a partir da relação com o outro e a imaginar, diante disso, como éramos, somos e seremos ao longo de nossas vidas.

Conforme a história se desenvolve, o leitor vai percebendo que cada protagonista tem um mundo diferente guardado dentro de si. Descobrir a si mesmo e aceitar o mundo do outro é parte importante da construção de nossa identidade como cidadãos de um espaço coletivo e múltiplo. Quando falamos de conviver, é sempre importante questionarmos: quanto de cada um de nós é moldado por nossas relações, especialmente aquelas com pessoas diferentes de nós?

A escola deve formar e nutrir cidadãos capazes de construírem coletividades mais amplas e diversas e nelas se relacionarem. A relação da neta e do avô nos mostra que é preciso fruir de nossas diferenças para sustentar ativamente nossas próprias relações.

Por meio de vivências e diálogos inspirados pela leitura de O pai da mamãe, acreditamos que as crianças podem aprender sobre a transformação do ser humano, a construção da identidade e a importância das relações pessoais, na família, mas também fora dela.

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Vivências sugeridas para o campo

1 Em roda, após a leitura do livro O pai da mamãe, convide as crianças a falarem sobre suas configurações familiares, em especial se há idosos na família, como avôs, avós ou outros parentes de uma geração acima à dos pais, e, caso tenham, peça para compartilharem características deles. É importante frisar que não é necessário fixar-se na relação entre neta e avô, caso não haja, mas sim nos laços familiares entre gerações:

Como será que eram os cabelos de seus avós no passado? E como são hoje? Quais roupas eles costumavam usar?

O que eles costumavam fazer com os filhos?

Qual era ou é a profissão do vovô? E da vovó?

É possível que muitas crianças não saibam as respostas. Nesse caso, elas poderão repetir as perguntas para seus pais em momentos com a família. Essa dinâmica se conecta ao campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”, objetivo (EI02EF04): Formular e responder perguntas sobre fatos da história narrada, identificando cenários, personagens e principais acontecimentos.

2 Sugerimos conversar com as crianças, convidando-as a compartilharem as experiências vividas com seus avós ou outros parentes mais velhos.

O que o vovô (ou a vovó/titia) fazem com você?

O que você mais gosta de fazer com eles e /ou elas?

Essas informações comporão, mais à frente, sugestões de vivências nos campos de experiências “Corpo, gestos e movimentos” (EI02CG01: Apropriar-se de gestos e movimentos de sua cultura no cuidado de si e nos jogos e brincadeiras), pois os campos de experiências se interconectam.

3 Sugerimos propor que as crianças perguntem a seus pais ou cuidadores como eram os pais deles quando eram crianças. Então, oportunizar um momento em roda para que todas as crianças possam compartilhar esses relatos, tal qual a menina de O pai da mamãe.

4 Havendo engajamento, o(a) educador(a) poderá conversar com a turma comparando as respostas de cada criança. A ideia é identificar se os avós ou demais parentes mudaram com o tempo.

5 Se possível, convidar os avôs ou avós para participarem da roda de conversa da turma para compartilharem suas histórias como pais e como avós. Esta proposta se conecta a uma sugestão de vivência no campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação” (EI02EF05: Relatar experiências e fatos acontecidos, histórias ouvidas, filmes ou peças teatrais assistidos etc.).

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Campo de experiências “Corpo, gestos e movimentos”

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento

(EI02CG01) Apropriar-se de gestos e movimentos de sua cultura no cuidado de si e nos jogos e brincadeiras.

(EI02CG05) Desenvolver progressivamente as habilidades manuais, adquirindo controle para desenhar, pintar, rasgar, folhear, entre outros.

As crianças tomam consciência do próprio corpo experimentando-o desde o seu nascimento. O movimento é uma das primeiras linguagens (se não a primeira) que ela experimenta: mover-se, virar-se, esticar os braços, sacudir as pernas; depois sentar-se, pular, correr, higienizar-se, dançar, jogar, imitar, relaxar...

No trabalho com o campo “Corpo, gestos e movimentos”, as crianças exploram e reconhecem o mundo, o espaço e tudo à sua volta por meio do corpo e de suas expressões corporais.

Em O pai da mamãe, a expressão por meio do corpo é apresentada de maneira carinhosa na representação de momentos de lazer entre avô e neta. A cada página, notamos a linguagem e a expressão corporal do avô e da neta, sempre em muita sintonia e igualdade: em praticamente todas as cenas, o avô, apesar de bem mais alto que a menina, é retratado no mesmo nível ou abaixo dela.

Na primeira cena, vemos as expressões de expectativa enquanto avô e neta caminham rumo à praia; depois, notamos a atenção de ambos quando estão envolvidos em organizar o espaço para dar início à brincadeira: moldar chapéus de jornal, construir castelo de areia, correr (na ponta dos pés) para o mar (o avô à frente e a menina seguindo-o). Em meio a essa sequência de brincadeiras, a expressão de felicidade vai se definindo mais marcadamente no rosto das personagens, até seu ápice: a cena em que a menina salta dos ombros do avô — ao que parece, em direção à boia — e ambos sustentam uma postura muito altiva e empoderada, com sorrisos largos e olhares ascendentes. Ao fim da brincadeira na água, a menina fica satisfeita e o avô, cansado (dessa vez ela à frente e ele seguindo-a), seus corpos se deitam lado a lado, esparramados, olhando o céu e recobrando as energias para depois caminharem de volta à casa. Chegando, a mãe e o avô se olham e se abraçam, ela com o corpo curvado em direção a ele: os gestos de ambos demonstram muita felicidade.

Durante a história, os três personagens, além de se expressarem verbalmente, usam gestos e movimentam seu corpo de acordo com o que sentem. Assim como ocorre em O pai da mamãe, nosso corpo comunica e nossos gestos falam. Quem ensina e educa deve compreender que, usando seu corpo, reproduzindo ou criando gestos e movimentos de expressão, as crianças podem expressar diversos sentimentos e necessidades.

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A partir daquilo que as crianças afirmam mais gostar de fazer com seus avós, sugerimos propor que elas mostrem, com gestos e movimentos, as possíveis brincadeiras citadas no cam-

2 Em O pai da mamãe, ao correrem para o mar, avô e neta fazem-no na ponta dos pés. Convidar as crianças a correrem “normalmente”, ou seja, com toda a planta dos pés, e, depois, correrem na ponta dos pés. A ideia é, além de proporcionar uma ocasião de diversão e análise dos movimentos do corpo, levar as crianças a se questionarem que razões haveria para que avô e neta corressem na ponta dos pés. Não há respostas ou hipóteses erradas nessa investigação.

3 Para recobrarem as energias após a brincadeira no mar, avô e neta se deitam na areia da praia. Convidar as crianças a demonstrarem suas posições preferidas para descansar.

4 Havendo engajamento na proposta acima, o(a) educador(a) pode propor uma conversa sobre por que deitar ajuda o corpo a descansar mais do que se sentar. É importante acolher todas as hipóteses e dar tempo para que as crianças experimentem os movimentos de seus corpos em busca da resposta, que não necessariamente precisa ser expressa. Essa vivência se conecta ao campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação”: (EI02EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.

5 Na história O pai da mamãe, o avô, embora seja bem mais alto, busca estar sempre no mesmo plano que a neta. Pensando nisso, convide as crianças a se organizarem em duplas em que uma criança esteja ajoelhada e a outra em pé. Então, elas devem tentar brincar ou conversar nessas posições. Depois de um tempo, elas trocam de posição. Por fim, elas devem tentar a mesma brincadeira ou conversa com ambas na mesma altura. Ao final, convide-as a se manifestarem livremente sobre a experiência de tentar conversar sem estar na mesma altura do rosto do(a) colega e o quanto isso se relaciona com as conversas que têm com os adultos. Essa vivência se conecta ao campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação”: (EI02EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.

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Campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento

(EI02TS02) Utilizar materiais variados com possibilidades de manipulação (argila, massa de modelar), explorando cores, texturas, superfícies, planos, formas e volumes ao criar objetos tridimensionais.

Explorar materiais variados com todos os sentidos é, para a criança, um exercício de criação e criatividade e, portanto, é também o início de suas experiências com a arte. Daí surgirão experimentações gráfico-visuais e sonoras, desde o concreto até o virtual. Ao transformar algo bruto em expressão intencional e organizada, toda obra de arte se torna uma geradora de experimentações e experiências intensas sobre o mundo e sobre estar nele. Dewey explica:

“Através da arte, significados de objetos que, de outra forma, são mudos, indeterminados, restritos e contrastantes, se esclarecem e se concentram; e não através de um laborioso trabalho do pensamento em torno deles, não mediante o refúgio num mundo de mera sensação, mas por meio da criação de uma nova experiencia. [...]”

No trabalho com o campo “Traços, sons, cores e formas”, observamos como a criança expressa-se por diferentes linguagens das artes visuais e das sonoridades.

Em O pai da mamãe, propomos olhar para as ilustrações delicadas e carregadas de significado criadas por Odilon Moraes, um dos mais talentosos e premiados ilustradores brasileiros. No livro, Odilon Moraes buscou representar a importância da construção da identidade, a compreensão das mudanças físicas e comportamentais com o tempo e do amor por meio das relações participativas, utilizando traços finos e cores leves, poupando informações de cenário e dando destaque aos personagens e seu desenvolvimento, numa perfeita simbiose com o texto escrito.

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Vivências sugeridas para o campo

1 Sugerimos convidar as crianças a folhearem o livro livremente e apreciarem as ilustrações demoradamente, fruindo-as.

2 Então, elas podem investigar um pouco mais algumas páginas:

Que cores foram as mais usadas em O pai da mamãe?

Qual sua página de ilustração predileta?

3 Como maneira de ampliar o conjunto de práticas e experiências relacionadas com a linguagem, a leitura e a escrita, as quais as crianças vivenciam com suas famílias, a chamada literacia familiar, sugerimos propor que as crianças, em casa, representem, por meio de desenho, colagem ou pintura, a imagem de seus avôs. A técnica de pintura utilizada no livro, a aquarela, pode inspirar vivências artísticas com as crianças, uma vez que exige o controle da água com a tinta no papel. Caso não haja tinta aquarela, é possível utilizar lápis de cor aquareláveis ou tinta guache comum misturada com água.

4 Ainda pensando na literacia familiar, sugerimos que as crianças representem, por desenho ou escultura, a passagem predileta de O pai da mamãe. Então, com base nessa criação, as crianças podem contar para suas famílias, em casa, sua versão da história. Essa vivência se conecta ao campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação”: (EI02EF06) Criar e contar histórias oralmente, com base em imagens ou temas sugeridos.

5 Em O pai da mamãe, o avô e a neta fazem, cada qual, um chapéu com jornal e depois usam-no. Com inspiração nesse trecho, sugerimos ao(à) educador(a) propor uma oficina de chapéu de jornal. Se possível, essa oficina poderá ser realizada com os avôs e seus netos. Para essa proposta, será preciso jornal ou folhetos de propaganda de supermercados. Link sugerido para o passo a passo do chapéu: https://www.youtube.com/watch?v=IsWmqfNCh9U (acesso em: 09/04/2021)

6 A oficina de chapéu de jornal poderá se estender a uma brincadeira de barcos de papel. Sugerimos que o(a) educador(a) incentive as crianças a investigarem os dois objetos, para que tenham condições de perceber a semelhança da confecção do chapéu com a de um barco.

7 Havendo engajamento da turma na proposta acima, sugerimos que os barcos sejam colocados em um recipiente grande com água e que sejam soprados para que se movimentem.

8 Após a confecção dos chapéus, o(a) educador(a) poderá propor um desfile de chapéus, convidando as crianças que se sintam confortáveis a desfilarem com seus chapéus personalizados. Durante o desfile, convide as crianças a observarem os melhores movimentos para que os chapéus sejam observados com destaque. A ideia é que as crianças percebam que há diferenças entre caminhar e desfilar, embora pareçam ações muito semelhantes. Essa atividades também se relaciona com o campo “Corpo, gestos e movimentos”.

9 O(a) educador(a) poderá organizar uma exposição para a turma com os trabalhos criados pelas crianças.

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Campo de experiências “Escuta, fala, pensamento e imaginação”

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento

(EI02EF01) Dialogar com crianças e adultos, expressando seus desejos, necessidades, sentimentos e opiniões.

(EI02EF05) Relatar experiências e fatos acontecidos, histórias ouvidas, filmes ou peças teatrais assistidos etc.

(EI02EF09) Manusear diferentes instrumentos e suportes de escrita para desenhar, traçar letras e outros sinais gráficos.

A língua, sobretudo a materna, é um instrumento essencial para se comunicar e estar no mundo. É o meio para se exprimir em modos pessoais, criativos e sempre mais articulados. Quando chegam à escola, mesmo as crianças muito pequenas trazem consigo seu repertório de vivências linguísticas próprias e representativas de sua região, de seu grupo social, de seu tempo. Em um mundo globalizado, muitas chegam, inclusive, com conhecimentos de outras línguas. No campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação”, a Educação Infantil deve promover às crianças o conhecimento da língua oficial de seu país, tomando o cuidado de sempre respeitar as variantes regionais e culturais. As experiências escolares devem intencionalmente oportunizar às crianças a vivência de uma diversidade de situações comunicativas ricas de sentido, para que elas observem e vivam a língua em movimento em seus diversos aspectos e usos: ouvindo, contando e recontando histórias, dialogando e argumentando, negociando posições, brincando com sons e significados das palavras novas e das conhecidas, entre outras tantas possibilidades. Assim, no caminho rumo a sua alfabetização, cada criança passa a criar suas hipóteses sobre a escrita e compreende seu uso social.

A obra O pai da mamãe é uma leitura simples e rica em sentimentos e autenticidade. Nela, uma menina compartilha com seu avô histórias que ouviu de sua mãe sobre como era “o pai da mamãe”. Assim, desde o próprio gênero, o livro remete essencialmente ao campo “Escuta, fala, pensamento e imaginação”

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Vivências sugeridas para o campo

1 Sugerimos mostrar mais uma vez a capa do livro às crianças e pedir-lhes que observem o título do livro. Você pode explicar que “título” é o nome do livro, ou seja, onde ficam as letras: O pai da mamãe. Oriente-as na leitura do título e dialogue com elas:

O que vocês entenderam desse título?

Agora que conhecem a história do livro, quem vocês acreditam ser na capa?

Acolha todas as hipóteses numa conversa.

2 Ajudar as crianças a reconhecerem algumas palavras-chaves do texto na vida delas: mamãe, pai, avô ou cuidadores mais velhos. Convidá-las a contar algum acontecimento marcante que elas se lembram de ter vivido com essas pessoas.

3 A partir da experiência compartilhada na praia pela personagem e seu avô, propor às crianças uma atividade com palito de sorvete e um recipiente com areia, na qual elas poderão desenhar livremente com o palito.

4 Utilizando a troca de experiências dos avós e outros parentes idosos dos alunos, proposta no campo “O eu, o outro e o nós”, sugerimos o registro por ilustrações feitas pelas crianças e utilizando o(a) educador(a) como escriba para a realização de um livro de memórias sobre esses laços de afeto.

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Campo de experiências

tempos, quantidades, relações e transformações”

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento

(EI02ET01) Explorar e descrever semelhanças e diferenças entre as características e propriedades dos objetos (textura, massa, tamanho).

(EI02ET06) Utilizar conceitos básicos de tempo (agora, antes, durante, depois, ontem, hoje, amanhã, lento, rápido, depressa, devagar).

No campo de experiências “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”, as crianças, desde cedo, demonstram curiosidade por tudo o que acontece em seu entorno e sobre o mundo físico, diferenciam o dia da noite, o perto do longe. Nessa relação da criança com o mundo, ela é colocada frente a frente com seus conhecimentos matemáticos e espaciais, por meio das formas geométricas, da comparação de pesos e medidas, da contagem...

Por que chove? Como são feitos os filhotes? Para onde vai o Sol à noite? Quanto é 100? A curiosidade pela natureza, seus fenômenos e seus organismos é um grande motor de aprendizados dentro do campo “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”.

Nele se inicia o exercício da pesquisa em busca de entender e conseguir explicar as mais variadas situações-problemas de seu cotidiano. As crianças compartilham entre si e com os adultos suas hipóteses em busca de respostas e regularidades, no calçamento de um percurso mais estruturado em busca de conhecimento.

Em O pai da mamãe, a criança poderá vivenciar as transformações humanas temporais, o

“Espaços,
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Vivências sugeridas para o campo

1 Dando continuidade ao diálogo do campo de experiências “Escuta, fala, pensamento e imaginação”, sugerimos comparar a primeira e a última dupla de páginas da história e pedir para que as crianças apontem onde elas identificam o personagem como o avô e como pai. Então, conversar com elas sobre o que “o vovô” e o “pai da mamãe” têm de parecido e de diferente.

2 Sugerir que as crianças criem uma linha do tempo com fotos de seus avós ou outros parentes de uma geração acima de seus pais, colocando-as conforme cinco fases de sua vida, se possível. Exemplo: bebê, criança, adolescente, adulto e idoso. A vivência será ainda mais convidativa e envolvente se for possível expor fotos das mães, dos pais e/ou de quem cuida da criança.

3 Sugerimos, ainda, convidar as crianças que se sentirem confortáveis a explicarem à turma semelhanças e diferenças entre o avô e a mãe hoje e nas fotos deles expostas. Elas poderão também, relatar as características físicas do avô, alteradas naturalmente com o tempo.

4 Avô e neta brincaram de muitas coisas. Sugerimos enumerar, com as crianças, quantas brincadeiras eles fizeram. A ideia aqui é muito mais perceber que é possível enumerar elementos de um conjunto do que acertar a representação numérica propriamente dita.

Numeracia é o nome dado por alguns pesquisadores ao conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionado com a matemática.

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Literacia familiar

De acordo com a Política Nacional de Alfabetização (PNA), a literacia familiar corresponde a um conjunto de práticas e experiências relacionadas à linguagem, à leitura e à escrita, as quais a criança vivencia com seus pais e familiares.

Pensando nisso, você pode organizar um espaço de acolhimento e orientação sobre como praticar a literacia familiar e como isso pode ser promissor para as crianças. Você pode sugerir:

• Interação familiar entre adultos e crianças: as conversas em atividades diárias estimulam relacionamentos positivos dentro da família, além de auxiliar no desenvolvimento do vocabulário.

• Leitura compartilhada de livros: por meio da prática frequente (se possível, diária), as famílias auxiliam as crianças a se envolverem com tudo o que diz respeito ao objeto livro: a cultura, a natureza, as emoções, as letras, as palavras, a organização e as funções da escrita etc.

Além disso, você pode propor uma rotina de leituras que devem ser feitas em casa, com as crianças e seus familiares, por meio do envio de livros da biblioteca escolar ou da sala de leitura selecionados por você, ou até mesmo um rodízio de livros disponíveis na escola.

Especificamente sobre a leitura de O pai da mamãe em família, é uma história que propicia diversas conversas sobre a vida dos antepassados, suas experiências e a troca de tudo isso entre os adultos e as crianças. Pode inclusive levar os adultos a reflexões sobre suas vivências com esses antepassados e como os seus laços familiares se projetam na vida das crianças em forma de afeto, lembranças e memórias.

Organizando e compartilhando um portfólio

Nessa fase dos trabalhos, você pode organizar as evidências de envolvimento das crianças nas atividades propostas como forma de alimentar um portfólio da turma ou de cada criança, conforme convenha à sua escola. Esse registro é de grande valor pedagógico e simbólico, tanto para os educadores como para as famílias, e deve ser compartilhado com a mesma riqueza com que cada atividade foi concebida.

Além disso, após o término da leitura, você pode sugerir que as crianças avaliem livremente se gostaram do livro e das atividades inspiradas nele.

bibliografia comentada

Nossas referências para este trabalho e, ao mesmo tempo, nossas sugestões de leitura são:

ARROYO, Leonardo. Literatura infantil brasileira. 3. ed. São Paulo: Ed. Unesp, 2011. Intensamente lido e citado por quantos se interessam pelo tema, esse texto apresenta um vasto panorama da literatura nacional que circulou entre as crianças brasileiras, tomando por ponto de partida a literatura oral e chegando até a produção de Monteiro Lobato. Além de ser um documento histórico, que remonta às origens desta categoria de escrita no Brasil, a obra serve como um extenso objeto de estudo e pesquisa.

BARBOSA, Maria Carmen Silveira; FOCHI, Paulo Sergio. “Os bebês no berçário: ideias-chave”. In:

ALBUQUERQUE, Simone Santos; FLORES, Maria Luiza Rodrigues (Orgs.). Implementação do Proinfânciano Rio Grande do Sul: perspectivas políticas e pedagógicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2015.

Resultante de trabalhos realizados a partir do projeto Cooperação Técnica entre Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da Educação (MEC) e a Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)/Brasil, realizado nos anos de 2012-2013, a obra se organiza em duas partes: “As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil no Cotidiano das Práticas” e “As Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil no contexto das políticas”. A escolha dos temas foi eleita a partir da Resolução 05/09 a qual determina a organização da oferta educacional da Educação Infantil.

BARBOSA, M Carmen; RICHTER, Sandra Regina S. “Campos de experiência: uma possibilidade para interrogar o currículo” In: FINCO, Daniela.; BARBOSA, M Carmen; FARIA, Ana L. G.; (orgs). Campos de experiência na escola da infância. Contribuições italianas para inventar um currículo de Educação Infantil brasileiro. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica, 2015.

A obra questiona como pensar uma Base Comum Curricular sem perder de vista as especificidades da Educação Infantil. A proposta é, assim, pensar um currículo pautado na escuta ativa, na investigação, na descoberta e na invenção.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em 14/03/2021.

A Base Nacional Comum Curricular define o conjunto de aprendizagens essenciais a que todos os estudantes têm direito, por lei, na Educação Básica. É um compromisso do Estado brasileiro para favorecer as aprendizagens de todos os alunos e fortalece a colaboração entre União, Estados e Municípios. Seus Fundamentos pedagógicos se ligam ao compromisso com a educação integral, ou seja, com a formação e o desenvolvimento humano global, nas dimensões intelectual, física, afetiva, social, ética, moral e simbólica. O principal desafio da BNCC, enquanto meta político-educacional, é estabelecer um pacto nacional em torno da igualdade de oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento para todos os estudantes durante a Educação Básica.

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______. Caderno da Política Nacional de Alfabetização. Brasília, 2019. Disponível em http:// alfabetizacao.mec.gov.br. Acesso em 14/03/2021.

O Caderno da Política Nacional de Alfabetização é um guia explicativo, destinado a estados e municípios, professores e alunos do ensino fundamental, pais e responsáveis, bem como estudantes da educação de jovens e adultos, que detalha a política, abordando desde o cenário atual, marcos históricos e normativos no Brasil, apresenta importantes relatórios científicos internacionais e aborda conceitos sobre alfabetização, literacia e muito mais

BAJOUR, Cecília. Ouvir nas entrelinhas – O valor da escuta nas práticas de leitura. Trad. Alexandre Morales. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.

Premiado com o “Selo Altamente Recomendável FNLIJ 2013”, a obra é composta por quatro textos que discorrem sobre a importância da “escuta”, da “conversação literária” e do “registro” para o êxito no trabalho com a leitura literária. Bajour chama a atenção para a importância da formação do mediador, responsável, em grande parte, pelo sucesso ou pelo fracasso das ações promotoras da formação do leitor em contexto escolar.

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. São Paulo/Rio de Janeiro, 2004 (4ª edição, reorganizada pelo autor). Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4208284/mod_resource/content/1/antonio-candido-o-direito-a-leitura.pdf. Acesso em 14/03/2021.

Desta riquíssima obra de Antônio Cândido, selecionamos o clássico “Direito à literatura”, não só pela sua importância teórica, mas por, definitivamente, sintetizar o que rege este material, isto é, a visão da literatura – e da arte e de sua fruição – como um direito humano.

COLOMER, Teresa. A formação do leitor literário: narrativa infantil e juvenil atual. Trad. Laura Sandroni. São Paulo: Global, 2003.

Fruto de uma extensa pesquisa realizada na Espanha, país natal da autora, este livro, certamente um clássico sobre o tema da formação do leitor literário, apresenta informações históricas e elementos preciosos para análise e compreensão da produção editorial destinada à infância e à juventude.

DEWEY, John. A escola e a sociedade e a criança e o currículo. São Paulo: Relógio D’água, 2002 [1899].

A obra apresenta parte da filosofia da educação de John Dewey, que defendia o processo experimental e centrado na criança. Atualmente, Dewey vem sendo relido sob a perspectiva da compreensão das metodologias ativas.

______. Como pensamos. Trad. e notas de Haydée de Camargo Campos. 3.ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959 [1901-10].

Nessa obra, Dewey defende que o “pensamento reflexivo” seria a mais conveniente, dentre as muitas maneiras de pensar, pois prepara os estudantes para o questionamento ativo da realidade.

______. Arte como experiência. Trad. Vera Ribeiro. São Paulo: Martins Fontes, 2010 [1934].

Nessa obra, segundo Dewey, a experiência, sendo uma negociação consciente entre o eu e o mundo, é uma característica irredutível da vida. Assim, para ele, e não haveria experiência mais intensa do que a arte.

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FOCHI, Paulo Sergio. “Ludicidade, continuidade e significatividade nos campos de experiência”

In: FINCO, Daniela.; BARBOSA, M. Carmem; FARIA, Ana L. G.; (orgs). Campos de experiência na escola da infância. Contribuições italianas para inventar um currículo de Educação Infantil brasileiro. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica, 2015.

Para o autor, a organização de um currículo por campos de experiência consiste em colocar no centro do projeto educativo o fazer e o agir das crianças e, portanto, pela defesa do lúdico e das experiências significativas.

HUNT, Peter. Crítica, teoria e literatura infantil. Trad: Cid Knipel. São Paulo: Cosac Naify, 2010, p. 43.

Peter Hunt é um dos principais críticos de literatura infantil e juvenil da contemporaneidade. Ao se propor a estudar a literatura infantil por viés teórico e não histórico, cultural ou afetivo, o pesquisador inglês estuda questões como o objeto livro, a noção de leitor e de leitura na infância e principalmente a definição de o que é ou pode ser literatura infantil. Seus questionamentos são lidos ao lado da teoria literária do século XX, o que os torna especialmente relevantes.

JOUVE, Vincent. Por que estudar literatura? Trad. Marcos Bagnoe Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.

Nesse ensaio, Vincent Jouve demonstra o papel imprescindível dos estudos literários, porque eles participam da consciência daquilo que somos e incidem sobre a formação do espírito crítico, motor de toda a evolução cultural. Para ele, a literatura tem um valor específico que confere legitimidade aos estudos literários, porque o confronto com as obras enriquece nossa existência ao abrir o campo dos possíveis.

LEBRUN, Marlène. “A emergência e o choque da subjetividade de leitores do maternal ao ensi-

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