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motivação, motivo, interesse
Ao acompanhar a evolução do conhecimento, fato que nos envolve em contexto dinâmico, e com base em nossas vivências como profissionais da educação e da saúde, vemos que essa questão não é bem assim. Essa abordagem é simplificadora, e a questão carece de maior abrangência. Queremos mostrar aqui que o desejo pelo aprender escolar não tem mais a ver só com a força da didática do professor, mas tudo a ver com uma visão de mundo, de ser humano, de educação que deve permear o projeto de educação para o país e que se concretiza na unidade escola. Tem a ver com a intenção da qual decorre o propósito educativo para o mundo atual, com a organização e o planejamento coletivo do currículo, ou dos caminhos a serem percorridos, com a metodologia de ensino, com a seleção dos conteúdos, de técnicas, de organização de atividades, com o processo de avaliação e, fundamentalmente, com os tipos de relação que se estabelecem entre os sujeitos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem no ambiente escolar. Por isso, envolve também os funcionários, os pais e os membros do entorno, que hoje inclui o ciberespaço. Pelas inúmeras experiências pedagógicas que já ocorreram no país, e continuam a ocorrer, aliadas ao desenvolvimento da ciência nas áreas da saúde e da educação, já está demonstrado que não é correta a postura de responsabilizar só os alunos, ou só os professores, ou só os pais pelo problema da falta de motivação, de interesse ou de desejo pelo aprendizado. Trata-se, mais profundamente, de um problema de organização, ou melhor, de auto-organização de um projeto de instituição escolar, nas suas várias dimensões. É pensar sobretudo como esse ambiente pode propiciar e introjetar no sujeito a possibilidade de apropriação de auto-organização singular. Articulação, no sentido de que as ações deixem de ser fragmentadas, é a medida para que tudo se faça e passe a funcionar de modo conectado, em função de uma intenção e um propósito claramente
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