Via Sacra - Nos passos da Fratelli Tutti

Ficha Técnica:

© 2021 João Serra Copyright desta edição: © 2021 Edições Salesianas Rua Duque de Palmela, 11 4000-373 Porto | Tel: 225 365 750 www.edisal.salesianos.pt editora@edicoes.salesianos.pt Foto Capa: Dreamstime.com Capa: Paulo Santos Paginação: João Cerqueira Publicado em janeiro de 2021 ISBN: 978-989-8982-59-9 Depósito Legal.: 478832/21 Impressão e acabamento: Printhaus Reservados todos os direitos. Nos termos do Código do Direito de Autor, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial desta obra por qualquer meio, incluindo a fotocópia e o tratamento informático, sem a autorização expressa dos titulares dos direitos.

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JoĂŁo Serra

VIA SACRA Nos passos da Fratelli Tutti

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O esquema proposto Nesta via sacra, fazemos caminho com os passos de Jesus e com a dor dos homens e mulheres de hoje. Ajuda-nos a Palavra de Deus escrita e o magistério da Igreja, especialmente a encíclica Fratelli Tutti.

Em cada estação seguimos o mesmo esquema: • Escutamos a Palavra de Deus: algum texto relativo ao relato da paixão e um versículo da parábola do bom samaritano.

• Escutamos um fragmento da Fratelli Tutti; assim se faz uma ponte entre os passos de Jesus e os nossos passos.

• Segue-se uma reflexão que, quase sempre, se torna pergunta, desafio a fazer caminho interior.

• Conclui-se com uma oração.

Parábola do bom samaritano Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ­ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ‘Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar’. Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?” Respondeu: “O que usou de misericórdia para com ele”. Jesus retorquiu: “Vai e faz tu também o mesmo”».

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Introdução A Via Sacra convida-nos a meditar os últimos momentos da vida de Cristo. Em cada um deles contemplamos a revelação plena do seu amor, que dá sentido a toda a sua paixão e morte. Afinal, foi por amor que Cristo deu a vida por nós.

A par da Carta Encíclica Fratelli Tutti (FT), do Papa Francisco, revemos nos passos de Cristo os passos da humanidade, os passos de cada um de nós, desafiados a construir um caminho de fraternidade e amizade social.

A busca da felicidade e do sentido da vida acompanha-nos desde sempre e leva-nos a perguntar: “Mestre, que hei de fazer para possuir a vida eterna?”. Em Cristo, reconhecemos o homem assaltado, maltratado e caído, da Parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Esta aproximação ­permite-nos refletir e rezar a situação atual do mundo, assolada por “densas sombras” que se alastram nos vários âmbitos da vida social.

Somos, simultaneamente, portadores de “sementes de bem” colocadas por Deus no nosso coração e contribuímos, assim, para a reconstrução deste caminho, levando esperança às gerações futuras que usufruirão dos frutos colhidos (cf. FT 54.196).

Peçamos a Jesus, médico da alma, que amenize as dores e sofrimentos de todos os que, direta ou indiretamente, são tocados pela doença, pela discriminação, pela violência, pelo descarte, pela guerra. Tenhamos presentes, em cada estação, todos aqueles que experienciam na sua vida a Paixão de Cristo.

Que Nossa Senhora, nossa Mãe e Guia, nos console e acompanhe na via sacra que o mundo atravessa.

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Iniciemos.

V. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

R. Ámen.

Oremos.

Senhor Jesus, de olhar fixo na cruz, contemplamos os mistérios da tua paixão e morte.

Possamos encontrar neles a fé, a esperança e a caridade, para que, na nossa vida, demos testemunho do teu amor.

Por nosso Senhor. Ámen.

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1ª ESTAÇÃO

JESUS É CONDENADO À MORTE

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, Senhor Jesus!

R. Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo São Mateus (27, 15-16.21.24) Ora, por ocasião da festa, o governador costumava conceder a liberdade a um prisioneiro, à escolha do povo.

Nessa altura, havia um preso afamado, chamado Barrabás. Tomando a palavra, o governador inquiriu: «Qual dos dois quereis que vos solte?» Eles responderam: «Barrabás!» Pilatos, vendo que nada conseguia e que o tumulto aumentava cada vez mais, mandou vir água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo: «Estou inocente deste sangue. Isso é convosco.»

“Certo homem descia de Jerusalém…” (Lc 10, 30) Jerusalém fica no cimo de uma montanha. Os hinos e salmos de peregrinações referem essa subida como a entrada na Cidade Santa do Deus de Sião (cf. Sl 135, 21).

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É ali que Jesus é julgado e condenado a fazer um caminho de kenosis, de descida, de esvaziamento da ­condição divina para o mais baixo da condição humana (cf. Flp 2, 1-11). Pilatos, tentando agradar ao povo, aproveita-se da fragilidade humana de Jesus, condenando-O à morte.

O desprezo por quem manifesta a verdade permite, naquele tempo e ainda hoje, relativizar a decisão de vida ou de morte e “lavar as mãos” perante os atentados à dignidade humana.

Da Carta Encíclica Fratelli Tutti, do Papa Francisco Atualmente muitos possuem uma má noção da política, e não se pode ignorar que frequentemente, por trás deste facto, estão os erros, a corrupção e a ineficiência de alguns políticos. A isto vêm juntar-se as estratégias que visam enfraquecê-la, substituí-la pela economia ou dominá-la por alguma ideologia.

Perante tantas formas de política mesquinhas e fixadas no interesse imediato, lembro que «a grandeza política mostra-se quando, em momentos difíceis, se trabalha com base em grandes princípios e pensando no bem comum a longo prazo.

Reconhecer todo o ser humano como um irmão ou uma irmã e procurar uma amizade social que integre a todos não são meras utopias. Com efeito, um indivíduo pode ajudar uma pessoa necessitada, mas, quando se une a outros para gerar processos sociais de fraternidade e justiça para todos, entra no «campo da caridade mais ampla, a caridade política». Trata-se de avançar para uma ordem social e política, cuja alma seja a caridade social. Convido uma vez mais a revalorizar a política, que «é uma sublime vocação, é uma das formas mais preciosas de caridade, porque busca o bem comum».

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No meio da atividade política, «os mais pequeninos, frágeis e pobres devem enternecer-nos: eles têm o «direito» de arrebatar a nossa alma, o nosso coração.

Sim, eles são nossos irmãos e, como tais, devemos amá-los e tratá-los». (cf. FT 176 . 178 . 180 . 194)

Reflexão Deixemo-nos questionar acerca da nossa atividade profissional e social: “Quantos têm uma imagem positiva de mim? Quanto amor coloco no meu trabalho? Quanta paz social semeio? O que produzo no lugar que me é confiado?” (FT 194)

Oremos Deus Pai, Omnipotente e Bom, que a todos nos encheste de dons, ajuda-nos a reconhecê-los e a colocá-los em prática em vista ao bem comum.

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2ª ESTAÇÃO

JESUS CARREGA A CRUZ

V. Nós Vos adoramos e bendizemos, Senhor Jesus!

R. Que pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo São João (19, 16-17) Pilatos entregou Jesus para ser crucificado. E eles tomaram conta d’Ele. Levando a cruz às costas, Jesus, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Golgota. “… caiu nas mãos dos salteadores…” (Lc 10, 30) Jesus não rejeita o desígnio que Deus, seu Pai, tinha para Ele. O mesmo Deus que estivera com Ele na Transfiguração, agora, pedia-Lhe para abraçar a cruz.

Condenado pelas autoridades, o destino de Jesus está agora nas mãos daqueles que injustamente O acusam e castigam. Estes, julgavam estar a fazer o que está certo; por ignorância ou arrogância, desconhecem em Jesus Aquele que detém o poder para os salvar ou condenar.

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Da Carta Encíclica Fratelli Tutti, do Papa Francisco Persistem hoje no mundo inúmeras formas de injustiça, alimentadas por visões antropológicas redutivas e por um modelo económico fundado no lucro, que não hesita em explorar, descartar e até matar o homem. Enquanto uma parte da humanidade vive na opulência, outra parte vê a própria dignidade não reconhecida, desprezada ou espezinhada e os seus direitos fundamentais ignorados ou violados.

Ainda hoje milhões de pessoas – crianças, homens e mulheres de todas as idades – são privadas da liberdade e constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravatura. Com a força, o engano, a coação física ou psicológica, a pessoa humana – criada à imagem e semelhança de Deus – é privada da liberdade, mercantilizada, reduzida à propriedade de alguém; é tratada como meio, e não como fim. Isto torna o tráfico de pessoas e outras formas atuais de escravatura num problema mundial que precisa de ser tomado a sério pela humanidade no seu conjunto, porque «assim como as organizações criminosas usam redes globais para alcançar os seus objetivos, assim também a ação para vencer este fenómeno requer um esforço comum e igualmente global por parte dos diferentes atores que compõem a sociedade».

Viver indiferentes à dor não é uma opção possível; não podemos deixar ninguém caído «nas margens da vida».

Isto deve indignar-nos de tal maneira que nos faça descer da nossa serenidade alterando-nos com o sofrimento humano. Isto é dignidade. (cf. FT 22.24.68)

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Reflexão Atentados à liberdade da vida humana podem ocorrer no seio familiar, laboral, comunitário e social.

Perante situações de abuso e exploração humana, o silêncio torna-nos cúmplices. Se temos conhecimento ou assistimos a algum género de delito, não devemos ficar passivos, mas, sim, denunciá-lo!

Oremos Senhor Jesus, olha com especial bondade para aqueles que estão sob o jugo da violência e da opressão.

Liberta-os de todo o mal e inunda com o teu amor o coração dos malfeitores.

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ÍNDICE 1ª Estação Jesus é condenado à morte.............................................................. 6 2ª Estação Jesus carrega a cruz......................................................................... 9 3ª Estação Jesus cai pela primeira vez............................................................. 12 4ª Estação Jesus encontra Maria, sua mãe....................................................... 15 5ª Estação Jesus cai pela segunda vez.............................................................. 18 6ª Estação Simão de Cirene ajuda Jesus........................................................... 21 7ª Estação Verónica limpa a face de Jesus.......................................................24 8ª Estação Jesus encontra-se com as mulheres de Jerusalém.......................27 9ª Estação Jesus cai pela terceira vez...............................................................30 10ª Estação Jesus é despojado das vestes..........................................................33 11ª Estação Jesus é pregado na cruz..................................................................36 12ª Estação Jesus morre na cruz........................................................................39 13ª Estação Jesus é descido da cruz...................................................................42 14ª Estação Jesus é sepultado........................................................................... 44 48

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