Note Bem 96 - Tempos de Pandemia

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Publicação do Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes | Santo André - SP - Ed. 96 - Abr/Mai/Jun - 2020

Tempos de pandemia Sabemos, os cristãos, que a Humanidade passará por terríveis a ições, mais ou menos neste período. O Velho como o Novo Testamento referem-se a esses testemunhos mais de uma vez, elucidando que de uirão da conduta das pessoas no seu transcurso carnal. Ninguém ignora que o Universo é mantido por Leis cosmofísicas extraordinárias, tenha-se ou não religião. A ordem mantém a Natureza dentro do equilíbrio que, em algumas vezes, se apresenta como um caos. E, mesmo nele, existe uma ordem que nos escapa. Os seres humanos alcançamos em nossa evolução antropológica um nível invejável nas conquistas da ciência e da loso a, sem que nos zéssemos acompanhar de grau idêntico de moralidade. Os valores morais foram deixados à margem como castradores e ultrapassados. As paixões sensoriais dominam a Humanidade que estorcega entre as asselvajadas e o vazio existencial, denominado como falta de sentido para a vida. De tal maneira foram exauridos os gozos, saltados para as aberrações em

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grande violência contra o próprio viver, a m de fruir-se prazer, que passou a ser o objetivo existencial, especial-mente para os maduros e jovens.

Uns governantes impõem o isolamento enquanto outros estimulam a convivência perigosa e o horror, como o desprezo por informações que conduzem outros.

As ansiedades pelas novidades moldam-lhes a cada momento, além das experiências mais chocantes num desrespeito total às resistências e constituições do organismo. Somente interessa o que choca e o que provoca satisfações quase sempre sadistas.

As terapias sofrem a interferência de pessoas totalmente desinformadas, mas poderosas, e embora já hajamos alcançado um milhão de curados, estamos sofrendo incertezas devastadoras.

Violentadas as leis de harmonia que devem viger dentro de uma ordem transcendente, elas atendem às ansiedades mentais e emocionais em conteúdos semelhantes aos seus apelos. ... E a COVID-19 surgiu, ameaçadora... Autoridades e povos desprevenidos e acostumados à desordem e aos seus hábitos não lhe deram valor e deixaramse contaminar, complicando com as suas demandas políticas de baixo nível moral, tornando muito difícil os comportamentos que já são desvairados, pelo excesso de informações conscientemente equivocadas ou ocultando interesses subalternos da pior qualidade.

Que fazer? Todos sabemos como ocorre o contágio desse mal: o contato direto com o vírus. Seja qual for a orientação que recebamos, sigamos o bom-senso, a cultura já adquirida. Assim, mantenhamos distância física do nosso próximo, usando máscara, lavando-nos com sabão e álcool em gel (especialmente as mãos) e oremos a Deus, o Supremo Governador do Universo. Mantenhamos a calma e o respeito ao próximo, no lar ou fora dele. Divaldo Pereira Franco Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 14.5.2020.


Editorial

Covid 19 – maldição ou benção Sinais dos Tempos – Os tempos são chegados – A nova Geração A interpretação dos títulos acima, enunciados pelo Evangelho de Jesus, deve ser objeto de profunda re exão, para se entender a importância e o sentido dos fatos e das transformações que estão abalando as estruturas materiais e morais de nosso planeta, exatamente como está claríssimo no capítulo 18, de “A Gênese”, de Allan Kardec, que vale a pena recordar: “ Os tempos marcados por Deus (suas leis) são chegados, em que grandes acontecimentos vão se realizar para a regeneração da humanidade. Nosso globo, como tudo quanto existe, está sujeito à lei do progresso, material e moral. Os homens, por sua inteligência, chegaram a resultados que jamais atingiram, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material; resta-lhes ainda um imenso progresso a realizar; é o de fazer reinar entre eles a caridade, a fraternidade e a solidariedade para assegurar o bemestar moral. Os homens necessitam da elevação do sentimento, e por isso é preciso destruir tudo quanto possa excitar neles o egoísmo e o orgulho.”

Esse período começa agora (era o ano de 1868). O sermão profético de Jesus é narrado pelos apóstolos com riqueza de detalhes: que no m dos tempos haveria a fome, a peste e a guerra, entre outros tantos fenômenos naturais. Sim, diz o texto de “A Gênese”, o velho mundo desaba por todos os lados, vai acabar, e com ele todos os velhos dogmas. Quantos preconceitos antigos irão rolar por terra, pois serão arrancados pela raiz. Sem dúvida, haverá ruínas, invasões, mudanças de fronteiras, revoluções, violência por toda parte, suicídios, inclusive de crianças. É exatamente o quadro tenebroso que estamos vivendo na terra, nestes dias e, ainda, grandes provações virão, causando sofrimento à humanidade. Mas, dias gloriosos virão após a grande noite trevosa. Espíritos de escol já estão reencarnando. É a nova geração de Espíritos que irão promover as mudanças programadas, conforme o capítulo 18 de “A Gênese”, item 27, que irá fundar a era do progresso moral. Num menino que venha a nascer, em lugar de um espírito atrasado

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|Foto: Freepik e inclinado ao mal, virá um Espírito mais adiantado e inclinado ao bem. Em 1868, quando foi publicada “A Gênese”, Kardec anotou que já se iniciava a Transição Planetária e informou que os Espíritos das duas gerações se confundiam, ou seja, que enquanto uma geração estava saindo a outra estava chegando. Eu diria, eles já estão entre nós. Basta observar as crianças que estão nascendo. Vale a pena ler o capítulo 18, de “A Gênese” e também o livro “Obras Póstumas”, onde está um grande legado do codi cador. Há interessantes comentários de Herculano Pires, Editora Lake. Miguel Sardano: 2º Vice-Presidente

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Publicação Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes (Santo André) Presidente: Terezinha Sardano 1º Vice-Presidente: Baldir Padilha 2º Vice-Presidente: Miguel Sardano Rua Bela Vista, 125 – Jd Bela Vista Santo André – SP - CEP: 09041-360 Tel: (11) 4994.9664 - www.cebezerra.org.br Revisão: Miguel Sardano e Rosemarie Giudilli Jornalista Voluntária: Suzete Botasso Projeto Gráfico e Diagramação: Marco Beller – (11) 4438.8834 Impressão: Lis Gráfica e Editora - (11) 3382.0777 Tiragem Gratuita: 2.500 exemplares Copyright Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo deste informativo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da entidade.


O testemunho do Evangelho na pandemia Por Camila Louise De todas as características do período em que estamos vivendo, da pandemia e sua repercussão em nossa sociedade, a reorganização social em distanciamento de alguns e a convivência forçada e integral com os mais próximos talvez seja a que mais nos desa e a viver os princípios de amor e caridade que apregoa nossa doutrina. Nesse contexto de privações, não é difícil nos solidarizarmos com aqueles que estão em situação de vulnerabilidade social ou que têm vivido o impacto econômico da pandemia com a perda de suas fontes de recursos materiais. Não é difícil nos comovermos com as inúmeras histórias de familiares que viram seus entes queridos de nharem com tal doença e, no desespero, lutarem por uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Não é difícil mobilizarmos nossos sentimentos de empatia ao depararmos com a di culdade dos familiares em não poderem acompanhar seu parente amado nos momentos nais de sua jornada encarnatória. Na vivência cotidiana, no entanto, em que somos impelidos a conviver integralmente com o próximo mais próximo, somos desa ados a viver, sem escusas, o Evangelho de Jesus. Ou isso ou a expe-

|Foto: Pixabay riência da convivência pode escalar-se a níveis intoleráveis. E se estamos passando pela tão aclamada transição planetária, cabe a nós espíritas – principalmente, por não podermos alegar ignorância – assumir nossa parcela nesse processo e avocar de vez as rédeas de nossa reforma íntima. Abraçarmos os valores que nos identi cam como cristãos e materializá-los em nossas ações. Em tempos de isolamento, somos desa ados a enxergar as oportunidades do testemunho. Mas a verdade é que os pequenos esforços são passos certeiros na caminhada de evolução. É o acolher em escuta amorosa o amigo que sofre. É vigiar para que não nos tornemos consumidores ávidos de números e estatísticas, notícias de dor e sofrimento, de forma que nosso pensamento não se embrenhe na densa onda de vibrações pessimistas. Reagir com caridade às ocorrências caseiras, sem posturas in amadas, olhando para o companheiro de jornada como olhamos àquela visita querida e tão esperada. É o

evangelho no lar em prece e vivência! Se hoje não somos mais reclamados a percorrer estradas áridas em viagens missionárias para divulgar a palavra do Mestre, podemos fazer repercutir seus valores por meio de nossas ações. Que nossas falas – ao vivo, por telefone ou nas redes sociais – ecoem os ensinamentos do Cristo, sem nos abstermos da responsabilidade de defendermos seus princípios. A defesa do Evangelho já não é feita pelo sacrifício na cova dos leões, mas pela vivência cristã em nosso cotidiano e a exemplo do Mestre Nazareno. É imperioso, assim, que nos posicionemos em favor do bem e não apenas nos abstenhamos de fazer o mal – como Kardec mesmo já nos alertou. Que possamos re etir em nossa humilde existência, de acordo com cada ritmo de caminhada, nosso anseio pela Terra regenerada. Arando nosso solo e semeando a palavra de Jesus, vamos abraçando a parte que nos compete no processo de fazer nosso planeta um lugar melhor. Fonte: www.febnet.org.br

CUIDE de VOCE CUIDE da GENTE Doe e ajude-nos a mantermos o trabalho com as crianças da Instituição Amelia Rodrigues Bradesco - Ag: 2816-9 C/C: 1423-0 Itaú - Ag: 0020 - C/C: 82717-6 (11) 94000.1952 Note Bem|03


Gosto, Dever e Necessidade

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Por Orson Peter Carrara A necessidade se impôs primeiro, talvez o gosto veio em seguida e o dever acabou se desenvolvendo por si mesmo, face a imperativos inadiáveis que se apresentam. Sim, o trabalho. Exigiu-se trabalhos variados por necessidade inclusive de sobrevivência e proteção. Essa necessidade desenvolveu o gosto e este mostrou o dever. Os sábios desígnios da Providência conduzem a evolução humana com sabedoria, fazendo-nos gradativamente sentir, descobrir e viver, para nalmente encantar-se com a solidariedade que envolve tudo e todos. Há uma nalidade na arte de viver. Essa arte vai sendo gradativamente assimilada. Para uns antes, para outros depois, mas todos integrados, ainda que de forma parcial ou nos variados estágios de aprendizado e amadurecimento com que se apresentam os comportamentos humanos. Fatalmente seremos levados a assimilar o que é a Vida, seus objetivos e especialmente a grandeza da obra da Criação. Não é por acaso os embates em que nos envolvemos nos relacionamentos, nos desa os da pro ssão e da ciência, ou

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mesmo no educandário familiar e seus con itos. Tudo isso visa amadurecer a mentalidade humana, moral e intelectualmente, para então alcançarmos o perfeito entendimento de nossa condição como lhos do Ser Supremo, quando estaremos integrados na solidariedade plena que é Lei da Vida, solicitando-nos estender mutuamente mãos e sentimentos para equilibrar a sociedade.

aprendemos a amar o que fazemos ou nos dedicamos com desprendimento a atividades que nos deem satisfação, nos variados campos da existência) ou por dever (quando sentimos que há uma lei de solidariedade que nos pede estendermos nosso tempo, nossa experiência, nosso saber, nossas habilidades, nossos recursos em favor de uma vida social equilibrada).

O que vivemos atualmente é resultante da indiferença, da omissão e especialmente do egoísmo que nos permitimos, distanciados ainda ou imaturos no entendimento do que é viver e trabalhar pelo próprio desenvolvimento e simultaneamente pelo bem do próximo. Almas amadurecidas empenham-se no bem coletivo, disciplinam a si mesmas e se tornam referência onde atuam. Nós, imaturos ainda, aí estamos a provocar toda série de di culdades, criando obstáculos, adotando tolices dispensáveis, adiando providências para o próprio bem e especialmente nos deixando seduzir por paixões variadas e interesses marcados pelo egoísmo.

Pensemos, pois, leitor (a) na importância de nosso trabalho, de nosso conhecimento, de nossa habilidade, de nossa experiência. Quantos benefícios já distribuídos, quantos méritos que no tempo trarão inúmeras alegrias (se é que já não trouxeram). Todos as temos. Basta pensar de que forma fazer isso fruti car em favor uns dos outros. É a consciência da solidariedade.

O trabalho, pois, remunerado ou não, é por necessidade (de sobrevivência ou de tantas outras classi cações e que desenvolvem a inteligência e a moralidade, bene ciando amplamente a convivência social), por gosto (quando

A presente abordagem foi inspirada no subtítulo O Ponto de Vista, constante do Capítulo II – Meu Reino não é deste mundo – de Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Por necessidade, por gosto, por dever, trabalhemos! O trabalho é lei da vida. Tudo trabalha e isso mantém a ordem e o equilíbrio. Fruto da Lei do Progresso e da Lei de Conservação, o trabalho convoca cada um de nós onde estamos.

Fonte: espirito.org.br


In uência Moral do Médium |Foto: Pixabay

Por Ary Brasil Marques Nas comunicações mediúnicas, o médium é apenas o intermediário. Ao contrário do que muita gente pensa, o espírito comunicante não entra no corpo do médium. Ele exerce sua in uência agindo sobre a mente do médium, aproveitando os recursos existentes no cérebro deste, inclusive os conhecimentos de linguagem que o mesmo tem. Em qualquer comunicação, no entanto, torna-se difícil separar o que é do médium e o que é do espírito. A a nidade de ambos é muito importante, e ca muito difícil um médium receber comunicações de espíritos com quem não tem grande a nidade. Por outro lado, é importante o preparo do médium e sua condição moral. Os médiuns que têm uma vida dissoluta, de moral duvidosa, têm pouca possibilidade de receber comunicações de espíritos de elevado nível. Um dos fatores que in uem bastante na comunicação é a vaidade. É por essa razão que nunca devemos elogiar muito os médiuns, pois eles são simples intermediários e quando se envaidecem do que estão recebendo, acabam por perder a mediunidade. Poucos médiuns são humildes o bastante como o foi Francisco Cândido Xavier, que embora tenha nos

trazido páginas belíssimas de elevado cunho doutrinário e de uma correção gramatical perfeita, jamais se orgulhou de seu trabalho, colocando-se mesmo muito abaixo de todos. Conheci um médium em minha mocidade que era extraordinário. Ele curou muita gente e transportava, quando em transe, remédios, ores, livros e objetos que não estavam no local e que apareciam por encanto em suas mãos durante os trabalhos. Esse nosso irmão cou famoso por seu trabalho na região. No entanto, faltou-lhe o preparo necessário. A vaidade fez com que ele se julgasse bom demais e se esquecesse de que ele funcionava apenas como intermediário do plano espiritual. Em razão disso, perdeu a mediunidade. A sua vaidade era tanta que ele continuou dando comunicações. Em vez de receber comunicações dos espíritos, ele produzia suas próprias mensagens, como se fosse ainda dos espíritos. O resultado foi o pior possível. Foi desmascarado e teve de fugir da cidade. Não sei o que lhe aconteceu posteriormente, mas acredito que muitos de nós tivemos culpa pelo ocorrido, em virtude dos elogios que todos lhe faziam. Nosso irmão não estava preparado para exercer a importante missão que lhe foi con ada pela espiritualidade.

Para entender bem o funcionamento da comunicação mediúnica, podemos fazer a comparação com o telefone. O telefone é apenas o instrumento de que nos servimos para transmitir nosso pensamento a outros a distância. Quando o telefone está com defeito, ou a linha tem umidade por exemplo, a comunicação se torna defeituosa, a voz é distorcida, e muitas vezes não conseguimos entender o que está dizendo nosso interlocutor. No caso da mediunidade, acontece o mesmo. O médium não estando preparado, com boa vontade, sem estar ligado moralmente ao trabalho que vai fazer, pode ser vítima de in uência de espíritos inferiores, mal-intencionados e trazer comunicações apócrifas ou incoerentes. É necessário que o médium encare o seu trabalho mediúnico como uma missão, estudando, preparando-se, sintonizando seu coração e sua mente com espíritos elevados e amigos, e então poderá cumprir satisfatoriamente a missão que lhe foi con ada. Um médium evangelizado, de boa vontade, isento de vaidade ou de presunção, pode ser um maravilhoso instrumento para ajudar a todos em sua caminhada terrena. Fonte: espirito.org.br

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Atribulados e perplexos! Por Geraldo Campetti Sobrinho Não será novidade a sensação de estranheza que acomete boa parte da Humanidade terrestre nesse período de ocaso expiatório-provacional e de alvorecer de uma Nova Era de regeneração. Nesses momentos, parece faltar superfície para colocarmos os pés e caminharmos seguramente. O horizonte anuvia-se diante das montanhas de calamidades públicas e privadas pelas quais atravessam os errantes na trajetória ascensional. A noite sombria assola os incipientes raios solares do amanhecer, assenhoreando-se dos andarilhos da hora última, titubeantes em indecisões e vãos questionamentos, orquestrados no pragmatismo materialista do incrédulo, ou assentados na hesitação do crente iludido e desesperançado. Tudo parece acenar um futuro não muito distante de caos e perdição irremissíveis… ***** O apóstolo Paulo escreveu várias cartas, conhecidas como epístolas, sob a inspiração direta do Espírito Estêvão, que incentivou o convertido de Damasco a redigir as missivas, tendo em vista demanda de ampliar a divulgação da Mensagem de Jesus, uma vez que Paulo não poderia estar sicamente em vários lugares ao mesmo tempo. As epístolas foram sublime inspiração para “marcar presença” com a palavra orientadora a pessoas e povos carentes de assegurar sua caminhada nas trilhas da fé após a cruci cação do Messias de Nazaré, recordando os ensinos do Mestre para que não caíssem no esquecimento (XAVIER/Emmanuel, 2017a). Em um desses indeléveis registros aos Coríntios, Paulo expressa: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.” (PAULO, II Coríntios, 4:8) Para bem entendermos a essência do conteúdo paulino é necessário que busquemos a compreensão do signi cado das palavras. Ser atribulado é enfrentar

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a ições, adversidades, agruras, morti cações, sofrimentos morais e acontecimentos desagradáveis ou penosos. Angustiado é sinônimo de a ito, agoniado, ansioso, atormentado, inquieto. Ser perplexo é ser tomado de espanto, car atônito, indeciso, irresoluto, é hesitar. Desanimado é o mesmo que sem ânimo, desencorajado, desestimulado, desalentado, esmorecido, sem vontade de agir. A constatação de ontem e de hoje que o registro epistolar evidencia é de que somos em tudo o que acontece ao nosso redor e em nossa intimidade atribulados e perplexos. Porém, a recomendação do mesmo enunciado é para não sermos angustiados nem desanimados, nunca e em nada, assim deduzimos. Os vocábulos parecem próximos no signi cado, entretanto, indicam capitais diferenças conceituais. Ficamos espantados, atônitos diante de tantas ações infensas à moral, observadas mais frequentemente na atualidade, ou que teimam em se perpetuar ao longo do tempo, desde eras imemoriais quando o homem ainda estagiava em seus primeiros passos no primitivismo da evolução. Esse estado de perplexidade, todavia, não deve denotar desânimo, falta de ânimo, de vida e de vontade para pensar, falar e fazer o imprescindível a uma reação ativa, operosa e construtiva perante uma realidade temporariamente avassaladora do mal e de suas múltiplas manifestações e incautas intermediações. Jesus asseverou que veio para nos “trazer vida e vida em abundância”. (JOÃO, 10:10) Tudo o que não for real, passará. Apenas os valores constitutivos da verdadeira propriedade, a espiritual, resistirão, posto que permanentes. Espantamo-nos perante atrocidades, crueldades, irresponsabilidades decorrentes da imaturidade espiritual ou da maldade temporária que domina, iludindo boa parcela da Humanidade terrestre. Todavia, não nos cabe o desalento, pois há muito que fazer, notadamente no período de transição em que todos somos convidados e

convocados a doar o melhor de nós, realizando o que estiver ao nosso alcance, como a nossa quota de colaboração para as mudanças inadiáveis. As a ições, comuns em um mundo de expiações e de provas, onde ainda há o império do mal (KARDEC, 2017), chegarão de fora, em ranger de dentes do tempestuoso inverno a assolar incautos, desprevenidos e imprevidentes quanto ao futuro espiritual. Virão também da intimidade dos seres que não se permitirão sentir acomodados em zona de conforto, quando o Evangelho Redivivo nos convoca ao testemunho pessoal e intransferível do autoenfrentamento para as diligências renovadoras impostergáveis, considerando que os tempos já chegaram, e que não nos cabe procrastinar mais nem um segundo a resolução no rumo do bem e do amor divinos. “Entrementes, não nos permitiremos agoniar, cedendo a aparentes forças irresistíveis de in uências malévolas a nos desviar do caminho a ser seguido em direção à conquista paulatina da


utiliza-se do mal decorrente dos erros humanos, alçando-o veementemente para que se manifeste com toda pujança, como instrumento para erradicação em de nitivo do próprio mal, que sobra apenas como ausência do bem maior originado da Providência Divina. Vivemos os momentos decisivos da renovação em espírito e verdade, da transformação moral, da renovação íntima, da escolha dos valores espirituais, quando Jesus nos chama para o serviço da redenção de nós mesmos pelo auxílio aos irmãos em maiores necessidades que as nossas. Atravessamos o período de despedida gradativa do orbe de expiações e provas, em que somos convocados a atuar como trabalhadores da última hora e, simultaneamente, vislumbrar o limiar do mundo de regeneração, para o qual somos convidados como candidatos a servidores da primeira hora.

|Foto: Pixabay da felicidade, por esforço próprio e proporcional a nossa capacidade, sem exageros ou exigências descabidas, mas compreendendo que o minuto precioso de cada dia não deve ser desperdiçado por invigilância e ociosidade”. (XAVIER/André Luiz, 2017).

É o que temos sentido, embora ainda não nos reconheçamos como leais seguidores do Cristo. Estamos iniciando os esforços para corrigir mazelas espirituais e conquistarmos virtudes que nos propiciem integração na equipe de trabalho do Divino Amigo.

E foi Emmanuel, que tanta admiração vertia ao doutor da lei, renovado em Jesus, com sua elegante e assertiva redação, convertendo-se, em nossa opinião, no maior explicador dos evangelhos de todos os tempos, quem acentuou:

Dá a impressão de que os maus prosperam, de que a irresponsabilidade cresce, de que a imoralidade domina, de que o instituto da família desmorona, de que a educação resta abatida, de que o materialismo vence, de que uma crise sem precedentes na história prenuncia um caos jamais visto no mundo inteiro, com todos os seus ais…

“E, ainda hoje, enquanto oram con antes, exempli cando o amor evangélico, [os leais seguidores de Jesus] reparam o progresso dos ímpios e sofrem a dominação dos vaidosos de todos os matizes. Enquanto triunfam os maus e os indiferentes, nas facilidades terrestres, são eles relegados a di culdades e tropeços, à frente das situações mais simples. Apesar da evolução inegável do direito no mundo, ainda são chamados a contas pelo bem que fazem e vigiados, com rudeza, devido à verdade consoladora que ensinam.” (XAVIER/Emmanuel, 2017b)

Estagiamos no tempo de fazermos a leitura da realidade, termos olhos de ver a Verdade e compreendermos que a Terra, a Mãe Gaia, é a escola de iluminação, o hospital de reabilitação e a morada de trabalho e de libertação de nossos Espíritos rumo a Deus, nosso Pai de In nita Bondade.

Referências: HOUAISS, Antônio. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Versão multiusuário 2009.3. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. 8. imp. (Ed. Histórica). Brasília: FEB, 2017. Cap. 3, it. 13-15. João, 10:10. Paulo, II Coríntios, 4:8. XAVIER, Francisco Cândido. Ação e reação. Pelo Espírito André Luiz. 30. ed. 7. imp. Brasília: FEB, 2017. Cap. 7.

*****

_____. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 45. ed. 11. imp. Brasília: FEB, 2017a. Pt. 2, cap. 7.

Nunca, como nos tempos atuais, houve tanta necessidade do Evangelho Redivivo ao Espírito sedento de consolo e de esclarecimento, que possa oferecer-lhe paz e serenidade, bom-senso e discernimento, para não perder a direção do bem, deixando-se envolver pelas ilusões passageiras do mal.

_____. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. 1. ed. 10. imp. Brasília: FEB, 2017b. Cap. 102.

Fonte: Artigo publicado em Reformador, setembro 2017.

Deus, em sua In nita Misericórdia,

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