Edição 05 .::. Douropress

Page 1

www.pinhao.com.sapo.pt/douropress.htm

Edição Quinzenal Electrónica Ano I Número 5 3 de Agosto de 2007 Tiragem: 100 exemplares

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA POR VIA ELECTRÓNICA Coordenador LUÌS MANUEL ALMEIDA Coordenador Adjunto PEDRO ESPIRITO SANTO

EED E MP PLLA D ÇÃ ÃO E EC CIIA ALL LLIIM M DA PA APPEELL –– 110000 EEXXE EM ARREESS DIIÇ OE ESSSPPE MIITTA AD A EEM MP

SALAMANCA FICARIA A DUAS HORAS DO PINHÃO IVDP AUTORIZA 125 000 PIPAS EM 2007

S SE EM MA AN NA AC CU UL LT TU UR RA AL LN NO O C CA AS ST TE ED DO OE EX XC CE ED DE E E EX XP PE EC CT TA AT TIIV VA AS S

M MA AIIS S1 15 50 00 0Q QU UE EE EM M2 20 00 06 6

Como vê a reabertura da linha do Douro até Salamanca*: Positiva para o turismo – 15% Positiva para a região – 46% Positiva para Portugal – 23% Positiva porque Madrid fica a 4 horas do Pinhão – 0% Tem mais desvantagens que vantagens – 0% Não trará benefícios – 0% Total perda de dinheiro – 15% O “Douro Press” é um folheto informativo local de distribuição gratuita que sai quinzenalmente no site www.pinhao.com.sapo.pt. Esta semana, excepcionalmente foram disponibilizados 100 exemplares numa tiragem limitada em papel e exclusiva disponível apenas nalgumas casas comerciais do Pinhão.

Para votar basta escolher uma das opções de resposta da pergunta da semana em www.pinhao.com.sapo.pt/douropress.htm *Esta votação não tem significado estatístico relevante visto que não atingiu um mínimo de 100 votantes

JUNTA DE FREGUESIA DO PINHÃO


3 de Agosto de 2007

Editorial Pedro Espírito Santo

Coordenador-Adjunto “Douro Press”

Estamos chegados a Agosto e o Verão só agora resolveu realmente apertar. É tempo de ferias para muitos dos nossos leitores, por outro lado existem também muitos outros, que nos têm acompanhado através do serviço digital que temos permanentemente disponível, que regressam ás nossas terras para agora sim matarem saudades dos seus familiares e do pó da terra que um dia, por razões diversas, tiveram que dizer adeus. Na sua quinta edição, o “Douro Press” aposta numa primeira publicação em papel. Esta excepcional edição em papel, deste ainda jovem folheto informativo, visa essencialmente dar a conhecer um projecto que embora aparente ser frágil, terá com toda a certeza força suficiente para vingar e se tornar na primeira opção de todos aqueles que desde já são, como é obvio, os nossos leitores. É pois o início de uma nova fase, é altura de transitar e vogar. O Douro Press orgulha-se de já contar com uma certa assiduidade, no que ao seu consumo diz respeito, estes 100 exemplares em papel, visam realmente estender o seu relacionamento com a população alvo, cativando-as, incentivando o gosto pela informação e pelo seu consequente consumo. Em termos físicos esta é uma edição “piloto” que inclui, entre outros temas, uma vasta reportagem sobre a reabertura da linha do Douro até Salamanca, que tanta tinta tem feito correr nos mais conceituados meios de comunicação social e que, a meu ver, preenche, pelos seus contornos polémicos e contraditórios, o panorama informativo da região. As contradições do Ex.mo. Sr. Presidente da Câmara de Alijó e os estudos já realizados, são nesta edição, pontos de destaque. Outra matéria de igual interesse é o rescaldo da Semana Cultural do Castedo 2007, numa cobertura privilegiada, destacamos nesta edição a participação do rancho Folclórico do Pinhão, num mini festival da folclore que, segundo a organização e as entidades presentes, terá sido o ponto alto desta longa semana cultural.

2

POLÉMICA NA DEFINIÇÃO DO BENEFÍCIO PARA 2007 Em 2007 haverá mais 1500 pipas em relação à última colheita segundo anuncio do Instituto de Vinhos do Porto e Douro (IVDP) segundo um comunicado divulgado em http://www.ivp.pt/pt/docs/Comunicado%20Vindima%202007.pdf. O valor definido pelo IVDP deverá, segundo os seus cálculos, ser suficiente para que todo o vinho seja sustentadamente escoado e depois de ouvidos os comerciantes, produtores-engarrafadores e adegas cooperativas. Ao contrário do que é habitual, este ano não foi formado o conselho inter profissional do IVDP que teria a seu cargo a definição do benefício. Este conselho de 12 elementos é constituído em 50% por representantes de produção nomeados pela Casa do Douro que se recusou a indicar as personalidades. Como tal o IVDP ouviu as partes interessadas e decidiu, à margem da Casa do Douro, o benefício para 2007 evitando a anarquia do sector. Mesmo assim das entidades convidadas nem todas acederam às conversações. A preocupação do IVDP foi a de garantir um coeficiente por hectare igual ou superior ao do ano anterior para contrariar a queda dos preços nos anos anteriores resultantes em alguns casos do excedente produzido. A nível comercial, o vinho do Porto sofreu uma quebra significativa já este ano face a período homólogo do ano passado. Com as 1500 pipas extra é possível introduzir um aumento dos coeficientes por hectare de cada letra em consequência do também aumento da área apta para a produção de vinho generoso, agora 147 hectares. Dificuldades na comercialização de vinhos estrangeiros em Portugal Apesar da fraca internacionalização dos nossos vinhos no mundo, os portugueses preferem cada vez mais o vinho nacional. Em 2006 a importação de vinhos registou uma quebra de 22% face ao ano anterior. Esta situação é considerada lógica pelo Instituto da Vinha e do Vinho que refere que num país que desde há largos séculos se produz o néctar é natural que os portugueses se interessem pelo produto do país. A par disto têm sido desenvolvidas diversas campanhas de marketing internas. Por outro as dificuldades económicas que o país tem atravessado não representam condições de estímulo à importação. A pouca procura que têm tido os vinhos estrangeiros verifica-se sobretudo nos vinhos de mesa ou regionais estrangeiros e não tanto nos vinhos de qualidade produzidos em região demarcada (VQPRD). Há ainda a considerar os espumantes e vinhos espumosos que mesmo assim detém uma quota de importação reduzida. A tendência de diminuição no interesse do vinho estrangeiro deverá permanecer até porque o consumo está em queda desde 2003. Preocupação também pelas imposições europeias O cenário comercial entre portas parece ser o melhor, e o IVDP até aumentou a produção de pipas este ano, mas os viticultores receiam mesmo as orientações que vêm de Bruxelas e poderão passar pelo arranque da vinha. Os viticultores acreditam que as directivas europeias para o sector e o fim do apoio à destilação ditarão o fim da região demarcada do Douro. Não se trata de uma questão meramente produtiva ou comercial mas teme-se o impacto visual que o arranque de vinhas teria na paisagem. Afinal de contas no Douro vive-se do vinho mas cada vez mais do turismo que se especializa cada vez mais no sector vinícola. Para a maioria dos viticultores a vinha dá mais trabalho que lucro mas mesmo assim pretendem manter a produção por amor à região e a uma tradição que se remete aos antepassados. Os viticultores concordam que é necessário tomar medidas mas reagem com cautela a eficácia do fim do apoio à destilação e eventual arranque de vinha.


3

3 de Agosto de 2007

PINHÃO FOI A PRIMEIRA ESTAÇÃO TERMINAL DA LINHA DO DOURO A linha do Douro. Marco fundamental da história da engenharia portuguesa, via de desenvolvimento do vale do Douro, a maior riqueza turística da região, do país e do mundo. Hoje ao abandono quase completo no troço internacional e sujeita a uma exploração comercial que em nada dignifica a região para além de Caíde. A reabertura a Salamanca seria o renascer de uma Obtida na Internet num site de partilha de fotografias esperança, 120 anos depois de bravos homens terem aberto existe terceira classe. É em 1887 que o cachão da Valeira, vencido vãos para entra em exploração comercial a ligação instalar pontes e perfurado montes só Porto-Salamanca por Barca de Alva. Em 1883 um relatório de análise ao para concretizar o sonho de chegar a desempenho da Linha do Douro apontava Espanha. A história, o futuro e os motivos do lucros na ordem dos 347 contos de réis, atraso numa grande reportagem de mais de €10/km. Valores que hoje são investigação técnica sobre a irrisórios, na altura representavam ganhos viabilidade da reabertura do troço astronómicos. No entanto, à data deste internacional e do impacto na região relatório a linha do Douro ficava apenas naquela que seria a “Salamancada do no Pinhão e as razões apontadas para o lucro “relativo” seria a não existência de século XXI”. uma ligação além do Tua e até Salamanca que em conjunto com o porto de Leixões naturalmente exponenciariam A epopeia do Douro Desde cedo que a principal ligação os ganhos. Mas também a falta de ferroviária a Espanha se pensou através acessibilidades entre as estações e as do Vale do Douro com o governo a principais localidades da região, onde o autorizar em carta de lei de 1867 a Pinhão se soube valorizar de imediato “construir e explorar por conta do Estado com a construção da ponte rodoviária que duas linhas que saiam da cidade do Porto trouxe Tabuaço e Pesqueira para a linha e sigam uma para Braga e Viana do do Douro e a filoxera que dizimava as Castelo até á fronteira da Galiza e outra vinhas impediram um crescimento mais pelo vale do Douro e proximidade de significativo. Cientes da importância da ligação a Penafiel até ao Pinhão”. os responsáveis pela Mas só em 1875 é aberto o primeiro Espanha, troço até Penafiel embora quatro anos exploração da linha do Douro, dividiram o depois o comboio chegue à Régua. A troço entre o Pinhão e Barca d’Alva em linha é terminada, na sua primeira fase, quatro subempreitadas que permitiram o em 1880 com a chegada ao Pinhão e avanço rápido até a fronteiro. Em apenas apenas três anos depois se decide a 4 anos a linha do Douro ganhava 60 km construção até Barca de Alva, entrando entre o Pinhão e Espanha, um feito nesse mesmo ano em funcionamento o notável de engenharia se se levar em a orografia, os troço entre Pinhão e São Mamede. Até consideração técnicos e avanço aqui as obras somavam 7540 contos de conhecimentos réis e o bilhete de primeira classe era de tecnológico do final do século XIX. Foram 2$640, mais um escudo que o de terceira classe. Hoje custa cerca de €13 e já não

7 estações principais, 13 viadutos (na altura pontes sobre afluentes de rio principal), 11 túneis com o da Valeira e Vale do Meão a terem 700 metros e uma ponte de 412 metros na Ferradosa sobre o rio Douro mais a ponte sobre o rio Águeda.

A decisão de Salamanca Que Salamanca seria a entrada em Espanha não haveria dúvidas. No entanto, na altura surgia a dúvida sobre se a ligação surgiria pela Linha do Douro em Barca d’Alva ou pela linha da Beira Alta em Vilar Formoso. Por um lado o Henry Burnay, por outro a sociedade exploradora da linha da Beira Alta. Henry Burnay sempre defendeu o Douro como solução alegando problemas financeiros na Companhia da Beira Alta que iriam atrasar os trabalhos, em particular os que se fizessem para lá da fronteira para já não falar da perda natural de protagonismo do Porto, uma cidade emergente no contexto ibérico de então. Surge nesta altura o Sindicato Portuense num protocolo entre o governo e a Associação Comercial do Porto. Deste faziam parte todos os maiores bancos da cidade e da região bem como diversos banqueiros de renome. Um anos após a formação, em 1881, deste sindicato o Governo português adjudica-lhe a construção da ligação a Salamanca por Vilar Formoso e Barca d’Alva no período máximo de três anos com condições de exploração que garantiam igualdade entre as circulação vindas por Barca d’Alva e Vila Formoso. Face aos problemas económicos decorrentes da fraca procura do troço internacional dois anos após a sua abertura, em 1889, o governo português concede a exploração do porto de Leixões a uma sociedade anónima constituída por quase todos os elementos do “Sindicato Portuense”. Em 1891 perante a continuada situação de prejuízo na linha do Douro, o governo chama a si a exploração da linha.


3 de Agosto de 2007

4

IMPACTO DEMOGRÁFICO DA LINHA DO DOURO GENERICAMENTE FAVORÁVEL www.trains-en-voyage.com

O fim, mesmo antes do início Apesar da importância deste troço evidenciada pelo interesse da comunicação social de então, a exploração internacional da Linha do Douro não começou da melhor maneira tendo resistido cem anos sem nunca ter dado lucro. A concessão do início da construção sofreu diversos atrasos e só em 1881 Burnay obteve os direitos muito devido à sua importante participação no caminhode-ferro de Medina del Campo a Salamanca em consórcio com a Societé Financiére de Paris e o Sindicato Portuense. Foi Burnay quem convenceu os diversos empresários e banqueiros do Porto a entrar num projecto que do agrado do governo acabou por apresentar riscos de investimento mínimos aos privados. A existência de interesses divergentes no conselho de Administração da empresa de Burnay que geria a ligação internacional a Salamanca prejudicou a exploração comercial para além do tráfego que era inferior ao previsto. Interesses nacionais suplantaram-se com os espanhóis a não apreciaram a participação francesa na empresa e a queixarem-se da sua fraca representatividade apesar de terem entrado com a maior parte do capital. Esta situação acabou por levar ao trespasse da empresa de Burnay para o grupo “Diques de Oporto e Ferrocarriles Peninsulares” apesar da oposição dos franceses representados pelo empresário portuense. Esta alteração melhorou os resultados bem como o estabelecimento de tratados

mero apeadeiro ferroviário, cresceu 15% entre 1864 e 1878 fruto da perda de vinho em diversos terrenos. Com o comboio em 1879 a freguesia acabou por entrar em crise já que sendo maioritariamente composta por elementos ligados aos barcos rabelo, facilmente se percebeu que se perderiam postos de trabalho. Em Barqueiros situavam-se alguns dos maiores e melhores armazéns de reparação e construção destes barcos. No século XVIII a frota de barcos nesta freguesia era já de 54 empregando 347 homens mais aos trabalhadores de apoio e manutenção aos estaleiros. Barqueiros perdeu 34.3% da população entre 1890 e 1900. Porém houve ganhos significativos noutras zonas atravessadas pela linha, No concelho de Alijó, entre 1864 e 1878, registou-se um aumento populacional bastante significativo que apenas quebrou 10% após o fim dos trabalhos da linha do Douro. No Douro Superior as recessões demográficas também aconteceram mas não tão significativas já que o comboio, que maioritariamente afectou a vinha no Impacto Demográfico Maria Helena Pinto da Faculdade de seu modelo de comercialização, não tanto Letras da Universidade do Porto refere afectaria outras culturas. E nessas regiões culturas eram muito mais que “as acessibilidades sempre as exerceram um papel fundamental no ordenamento de qualquer território já que aos fins estratégicos subjacentes ao traçado inicial dessas vias, associavam-se outras condicionantes, como a implantação das diferentes actividades económicas, a localização demográfica e tendências evolutivas, ou ainda movimentos endógenos de carácter diversos.” Assim aconteceu na linha do Douro. Será que as dificuldades Artedouro técnicas de implantação da via compensavam o ganho social e diversificadas. demográfico do seu impacto? A expansão do caminho-de-ferro terá O interesse de levar a linha do Douro para lá do Pinhão surgiu por motivos dinamizado em termos demográficos a económicos fomentados pela burguesia região, em particular no Douro Superior. portuense mas independentemente Porém terá sido negativo o impacto no desses interesses o seu impacto não seria Cima Corgo e apenas tendencialmente positivo no Baixo Corgo onde os ganhos meramente económico. A freguesia de Barqueiros, nas portas de população se circunscreveram à da região demarcada do Douro, hoje Régua. quase sem população e dispondo de um de cooperação com Espanha e adopção de tarifas combinadas. O início do SudExpress acabaria também por facilitar o transporte para mais longe de mercadorias. Vários investigadores sustentam, no entanto, que o fracasso da linha do Douro não se terá ficado exclusivamente a dever aos problemas financeiros da empresa exploradora. Muitos concordam que a conjuntura era de um nacionalismo exacerbado com os países a darem tudo por tudo para rentabilizar o seu espaço e se fecharem à cooperação internacional. No sector ferroviário e em Trás-os-Montes é um cenário facilmente constatável se olharmos à linha do Corgo que ficou em Chaves, à linha do Tua que ficou em Bragança e à do Sabor que não foi além de Duas Igrejas para já não falar do projecto de ligação de Zamora ao Porto.


5

3 de Agosto de 2007

DURANTE ANOS O PINHÃO SUPEROU A RÉGUA NAS EXPORTAÇÕES Fonte: CP

Impacto económico positivo O caminho-de-ferro era a escolha natural para o escoamento dos produtos dada a inexistência de uma rede rodoviária adequada. Motivo pelo qual surgiram algumas estações como Vesúvio e Vargelas, privadas desde o primeiro dia e que assim se mantém nos dias de hoje. Analisando os “Relatório anuais da Direcção dos Caminhos-de-ferro do Estado” era perceptível a importância do caminho-de-ferro. Três anos após a entrada ao serviço da estação da Régua e ano e meio após a do Pinhão foram embarcadas mais de 320 mil ascos de vinhos fermentados ou de aguardentes para o Porto ou Gaia. Desse valor 82% foram registados no Pinhão e deviam-se sobretudo a quintas ainda não abrangidas pela via-férrea a montante dessa estação. No final do século XIX o Pinhão liderava o embarque de cascos de vinhos do Porto. Uma importância que se foi desvanecendo com o avançar da linha para Barca d’Alva. Mas mesmo assim o Pinhão, em virtude das suas acessibilidades e ligações a Tabuaço, Alijó e São João da Pesqueira, permanecia um ponto fulcral de embarque de produtos. O mesmo se passou no Tua com o avançar da linha para Barca d’Alva proliferando as estações privadas. Mas era exportado muito mais do que o vinho. Em 1882 foram contabilizadas 9 toneladas de produtos diversos na Régua e 4 no Pinhão. Três anos depois o volume quase que duplicou. No início do século XX o Pinhão parecia ter encontrado o seu ponto de equilíbrio estagnando as exportações enquanto que Barca d’Alva, Pocinho e Tua acentuavam as suas posições muito devido ao azeite. Em 1896 no Pocinho

exportava-se 1,1 tonelada de azeite para o Porto e em Barca d’Alva cerca de 700 kg. O caminho-de-ferro, inegavelmente, constituiu o meio referencial para o escoamento das produções durienses, extravasando mesmo a sua influência para os espaços planálticos envolventes. E mais que as localidades que atravessou, o caminho-de-ferro dinamizou um espaço periférico, sobretudo no Douro Superior. Na década de 80 do século XX, fruto do estado de degradação e de tráfegos muito reduzidos, a ligação internacional da linha do Douro foi suspensa. A 1 de Janeiro de 1985 encerrou ao tráfego ferroviário o troço entre Barca d’Alva e La Fuente de San Esteban, enquanto que o troço entre Pocinho e Barca d’Alva encerrou em 18 de Outubro de 1988. Desde então tem-se assistido a tratamentos diferentes por parte dos governos espanhol e português. Do lado espanhol o troço foi classificado de Bem de interesse Cultural com categoria de Monumento e é alvo de inspecções periódicas. Mais recentemente o parlamento espanhol afectou 22 milhões de euros para a reabertura do troço entre

Salamanca e Fuente de San Esteban. Do lado português nada se fez. Encerramentos não são solução Na opinião de Alberto Aroso, professor de Transportes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, a “existência de um plano estratégico de médio prazo – Líder 2010 – que define a estratégia da CP para os próximos anos e cujo objectivo é o saneamento financeiro e recuperação da empresa, é de louvar e é inédito, uma vez que, nas ultimas décadas, o sector tem sido gerido sem estratégia e condicionado a decisões políticas de curto prazo, que só serviram para o seu descrédito. Mas basear esse plano em medidas de gestão com incidência na redução de custos é preocupante… é quimioterapia e não o tratamento definitivo.” Este professor da FEUP considera ainda um erro continuar a encerrar traçados ferroviários tal como foi o fim de 700 km de vias no final dos anos 80. Alberto Aroso indica que o problema não será a existência de troços deficitários mas a “ineficiência generalizada na capacidade de gestão e dos interesses. Alberto Aroso vai mais longe dando a entender que o problema das ferrovias em Portugal tem sido mal diagnosticado: “se o problema das linhas deficitárias é a falta de mercado, então o que é que falta às linhas do Oeste, Vendas Novas e Leixões para serem devidamente rentabilizadas? Mercado?”. Na sua opinião a solução terá que passar por uma dinâmica mais agressiva na captação e exploração de novos mercados e dos existentes que poderão trazer consequências positivas como se afigura o caso do turismo. A não consideração destes elementos levará a novos erros tão ou mais dramáticos que os do passado. Sobre a linha do Douro, em particular, Alberto Aroso considera fundamental a reabertura do troço internacional para exploração do mercado turístico e que seria uma “tamanha mediocridade e estupidez” o encerramento da linha do Tua para ser possível construir uma barragem hidroeléctrico no rio homónimo.


6

3 de Agosto de 2007

SÓ O TURISMO SUSTENTA O SONHO Desde a proclamação do Douro como Património Mundial da Humanidade que o número de turistas na região tem crescido. Desde 1994 a actividade turística no Douro tem crescido a uma média de 60% ao ano. As eclusagens aumentaram 120% nos últimos cinco anos. O volume de negócios no turismo foi de 16 M€ em 2003 na região. Mas no turismo fluvial só 35 mil turistas vão além do Pinhão pela falta de acessibilidade e capacidade hoteleira. Até à fronteira com Espanha não existe uma estrada que ladeie o Douro ou seja suficientemente competitiva com a ferrovia. Os traçados são sinuosos e consequentemente o tempo de viagem é extraordinariamente elevado. A falta de multimodalidade nas estações ferroviárias com o meio o fluvial também não atrai o turismo.. Perante este cenário, a curto prazo, só a linha do Douro poderá combater o atraso da região e fomentar o tráfego turístico dada a dificuldade e verba necessária para novas ligações rodoviárias. O crescimento turístico estará ligado a uma melhoria da interoperabilidade entre o modo ferroviário e fluvial mas que se verifica sobretudo entre a Régua e o Porto, Acima do Pinhão o numero de passageiros é bastante reduzido quando comparado com o Porto-Pinhão, três vezes menos. No caso particular de Barca d’Alva, os turistas vêem a aldeia mas não fomentam economicamente a localidade porque não chegam a sair do barco. A reabertura do troço até esta estação permitiria aumentar anualmente em 20 mil passageiros o tráfego turístico a partir do Pinhão além do serviço comercial. Por outro lado o aumento das tarifas aéreas tem levado os turistas estrangeiros a procurar outras opções. Com a reabertura da linha do Douro até Salamanca, os espanhóis, que hoje apenas representam 0.4% do total de turistas ficariam com uma entrada directa no vale do Douro e uma atractividade urbana extra pela proximidade ao Porto. Tal contribuiria também e decisivamente para o equilíbrio de toda a região existindo dois pólos geradores de turismo em lados opostos do troço ferroviário. O

Pinhão seria claramente o ponto intermédio. A potencial captação de turistas espanhóis e a rentabilização da interoperabilidade entre o Pinhão e Barca d’Alva geraria 450 mil passageiros/ano acima da vila do Pinhão. Este estímulo turístico levaria a criação de comboios de vocação turística e perfeitamente ajustados à optimização necessária com o modo fluvial permitindo libertar os comboios de longo curso da CP para a sua verdadeira vocação comercial. Razões para reabertura A linha do Douro representa o único eixo longitudinal do Douro Património Mundial da Humanidade complementada no modo rodoviário apenas com eixos transversais (A24, IP2 eIC26). Seria aliás um disparate construir novas vias denegrindo assim a paisagem duriense motivo principal da classificação da UNESCO. A linha do Douro atravessa quatro zonas de património mundial, se reaberta até Salamanca, a saber: Porto, Douro, Foz Côa e Salamanca. Turisticamente torna-se num produto apetecível e inevitavelmente de sucesso. O equilíbrio da região a todos os níveis estaria garantido pela entrada através dos seus extremos de passageiros. Porto e Salamanca seriam os pontos de partida preferenciais para a região. A garantia de interoperabilidade como modo fluvial optimizaria e estimularia os produtos turísticos da região e fomentaria o desenvolvimento a todos os níveis. Condições para reabertura Mas a linha do Douro não poderá ser aberta ao tráfego para que os comboios circulem a 30 km/h. Será necessário um investimento que segundo os autarcas da região se orçará em 20 milhões de euros. Mas tal investimento deverá contemplar um tempo de viagem nunca superior a 4h entre Porto e Salamanca o que implicaria a redução de 55 minutos no actual percurso Porto-Pocinho. Se adicionarmos a ligação em Alta Velocidade entre Madrid e Salamanca, que se fará em 1h30, o Pinhão ficará a cerca de 4 horas da capital espanhola.

Está em causa a recuperação do trajecto internacional mas a necessidade de conferir melhores condições ao existente. Serão necessários trabalhos de reforço de plataforma e substituição de grelha de via e balastro bem como reforço de algumas pontes e correcções pontuais de traçado, onde tal seja possível, que permitissem a adopção de uma velocidade máxima de 100 a 110 km/h na maioria do percurso. Factores a que estarão associadas medidas de segurança como a introdução de sistemas de controlo de taludes para evitar derrocadas como as que todos os Invernos causam alguns problemas na linha. Também ao nível das estações é necessário algum trabalho. A estação da Régua, onde recentemente um acidente com um passageiro colocou em causa a segurança, não apresenta condições mínimas para receber tráfegos elevados quer de passageiros quer de circulações. Mesmo o Pinhão, tornando-se placa giratória de distribuição de fluxos turísticos e a fronteira entre o estimulo do Porto e de Salamanca teria que ter uma nova estação, ou pelo menos, novos feixes de linhas. Já hoje as condições são insuficientes e agravaram-se depois que a REFER reduziu os espaços de estacionamento de composições. A intermodalidade com os cais fluviais seria também algo a intervir por entidades exteriores as da gestão ferroviária levantando-se a questão de onde surgiriam os fundos para tal. É possível reabrir a linha do Douro e hoje existe algo que a rentabilizaria muito para além do seu apogeu, no século XIX: o turismo. Mas é preciso pensar bem nos números e ver realmente o que é preciso fazer. O Douro pode não resistir a mais uma Salamancada. Fontes: d’ABREU, Carlos; O Troço desactivado da Linha do Douro”; Comunicação apresentada ao I Congresso de Arquelogia de Trás-os-Montes, Alto Douro e Beira Interior; Freixo de Numão; Maio 2004 PINA, Helena; Caminho de Ferro no Alto Douro – Alguns Reflexos da Implantação do Caminho de Ferro no Alto Douro, no final do século XIX; Revista da Faculdade de Letras-Geografia; 1ª série, vol XIX; Porto, 2003 AROSO, Alberto; A propósito do encerramento de vias-férras; Opinião publicada no site www.comboio.net AROSO, Alberto; Linha do Douro: A importância da interoperabilidade dos Transportes Ferroviário e Fluvial na estratégia de desenvolvimento do turismo do Vale do Douro; Transportes em Revista; Número 30; Agosto 2005.


3 de Agosto de 2007

TERMINOU A SEMANA CULTURAL DO CASTEDO 2007 *Durante dez dias a aldeia de Castedo do Douro, no concelho de Alijó, esteve animada pelas iniciativas da Semana Cultural, que decorreu de 20 a 29 Julho, e que, segundo a organização, “superou todas as expectativas”. Na última semana, destaque para o Rastreio de Diabetes e Tensão Arterial, que levou os Castedenses ao Centro Recreativo e Cultural, que durante 3 horas não deram descanso às incansáveis profissionais de enfermagem, numa iniciativa inédita na freguesia. Também o passeio pedestre juntou algumas dezenas de pessoas num trajecto “fantástico” com “paisagens magníficas” como definiu Luís Azevedo, Vereador da Cultura do Município de Alijó e um dos participantes na caminhada. Já a palestra subordinada ao tema “Plano de Desenvolvimento Rural” teve uma adesão significativa, mas a “Prova de Azeites” dominou o interesse dessa noite. Referência especial para o jantar convívio, que juntou à mesa quatro dezenas de Castedenses, e contou ainda coma presença do Presidente da Câmara Municipal de Alijó e do Vereador da Cultura, Artur Cascarejo e Luís Azevedo respectivamente. Após o jantar, subiu ao palco o animado grupo “Mar de Pedra” de Vila Real, que animou a plateia com a sua entusiasmada actuação. Já no fim-de-semana, Sábado (28), destaque para a Tradicional Procissão de Penitência, que mais uma vez teve uma adesão significativa de população, mantendo as suas características únicas, e que é apelidada por alguns como “uma das mais belas Procissões de Portugal”. Pela noite dentro subiram ao palco os grupos “Hayatolah” e “Blandest Rock Band” que animaram jovens e graúdos noite dentro. Seguiu-se depois, o dj “Sá” que passou muita música para todos os resistentes até ao nascer do sol. No último dia, Domingo, a Banda de Música de S. Mamede Ribatua presenteou o público com um brilhante concerto. Seguiu-se o II Festival de Folclore de Castedo, que teve a participação do Rancho Folclórico de Castedo do Douro, Rancho Folclórico do Pinhão, Rancho Folclórico de Sanfins do Douro e do Rancho Folclórico "Os Medroenses" – Medrões que encerraria a Semana Cultural 2007. A organização enaltece a “hospitalidade dos Castedenses” no que respeita a grupos e visitantes e também a sua “participação e adesão às actividades desenvolvidas” ao longo dos dez dias. O balanço final “é extremamente positivo” pois foi “um desafio enorme e um acto de grande coragem uma realização com esta envergadura” que “resultou em plenitude”, com resultados “muito acima das expectativas”. O Centro Recreativo e Cultural de Castedo, os seus colaboradores, parceiros e patrocinadores estão de parabéns pelos resultados obtidos na segunda edição da Semana Cultural na freguesia. *FOTOS E TEXTOS CENTRO CULTURAL E RECREATIVO DO CASTEDO DO DOURO

7

ARTUR CASCAREJO DEFENDE A LINHA DO DOURO E O FIM DA DO TUA A barragem do Tua representa um investimento de 237 milhões de euros e deverá arrancar em 2009 prolongando-se as obras até 2014 produzindo uma energia equivalente ao consumo de 80 mil habitantes. Esta barragem ira nascer a 1250 metros da foz do Tua e armazenará 215 milhões de metros cúbicos de água. Mas os objectivos políticos desta obra não se prendem com as suas características técnicas mas sim com aproveitamento turístico. Artur Cascarejo adiantou o desejo de com a EDP, Vila Flor, Mirandela, Murça e Carrazeda de Ansiães criar um espelho de água que permita uma exploração turística. Artur Cascarejo tem defendido a reabertura da linha do Douro mas pretende desta forma ditar o fim da linha do Tua. Embora de Mirandela, principal cidade no curso do rio, não deva receber qualquer apoio já que o seu presidente da Câmara acumula a presidência do Conselho de Administração do Metro de Mirandela e tem revelado posição contrária ao encerramento da linha do Tua. Recorde-se que a barragem no Tua submergirá a parte mais fantástica da linha do Tua, considerada por diversos especialistas uma das mais belas no mundo. Alberto Aroso, professor da FEUP, classifica o fim da linha para a construção da barragem como “tamanha mediocridade e estupidez”.

MUITO PERTO DE ESPANHA, MAS AINDA PORTUGUESES Ricardo Magalhães da Unidade de Missão do Douro (e CCDRN) manifestou vontade que os concelhos do Douro Internacional integrem a unidade de missão a que preside durante uma reunião que decorreu em Mogadouro. José Sócrates criou esta unidade de missão por ocasião dos 250 anos da região Demarcada do Douro para preencher a falta de gestão do espaço património mundial e do alto douro vinhateiro. Inicialmente apenas os 13 concelhos do Alto Douro Vinhateiro pertenciam à unidade mas agora é desejo juntar os municípios do Douro Internacional e explorar a diversidade, sobretudo turística, que daí possa advir. Também com a região do “Duero”, Ricardo Magalhães mostrou interesse em estabelecer cooperação. Na sua opinião, expressa no JN, "é importante que a área classificada pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade que começa no Porto passa pelos 13 concelho do Douro Vinhateiro e zona do Côa não pode ser dissociada de vizinha cidade Espanhola de Salamanca, também ela classificada pela UNESCO. Outros lugares a relembrar é Sória região onde o Douro nasce. Agora é preciso levar para a frente a interligação das regiões."


8

3 de Agosto de 2007

CURTAS

CURTAS

CURTAS

BURACOS DE VALE DE MIR Os vereadores PSD foram na sua última campanha antes das férias a Vale de Mir, Pegarinhos denunciar a existência de buracos que dificultam a circulação e, no seu entender, representam uma falta de vontade da Câmara em resolver esta como outras situações semelhantes. OTL EM ALIJÓ A CM Alijó vai promove actividades de Ocupação de Tempos Livres desde 23 de Julho até 2 de Setembro, fruto de uma parceria com a Santa Casa de Misericórdia de Alijó e Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Alijó.

CURTAS

Pedro Moreira http://saudeforum.com.sapo.pt/

Uma doença em crescimento… “Diabetes Mellitus” A Diabetes Mellitus é uma doença cada vez mais frequente na sociedade moderna. Apesar de não haver registos epidemiológicos concisos, possivelmente afectará uma imensa quota da população no futuro. Simplificando, a diabetes é uma doença que aumenta a quantidade de açúcar (glicose) no nosso sangue, fruto de uma falência do pâncreas. O pâncreas é o órgão responsável pela produção de insulina, que por sua vez tem como principal função o transporte do açúcar do nosso sangue até às células. Quando há uma incapacidade de produzir insulina por parte do pâncreas, o açúcar fica retido no sangue, aumentando o valor da glicemia. Existem dois tipos de diabetes, a Diabetes Tipo I e Tipo II. A Diabetes Tipo I, é maioritariamente particular em pessoas jovens, sendo necessário a administração de insulina através de uma injecção. A Diabetes Tipo II afecta maioritariamente adultos, pessoas que tenham antecedentes familiares de diabetes, pessoas com excesso de peso e sem uma alimentação equilibrada. Esta pode ser controlada com exercício físico, medicação, controle de peso e cuidados alimentares. Os sintomas iniciais são sede excessiva, fadiga, apetite exagerado e frequentes micções. O ideal, quando estes sintomas se encontram presentes durante algum tempo, seria realizar um teste de glicemia capilar, de modo a despistar um nível de glicose superior ao normal no nosso sangue. Todas as pessoas diabéticas deveriam ser seguidas por um profissional de saúde, de modo a prevenir possíveis consequências da falta de controlo, como doenças oculares, levando a uma perda total ou parcial da visão, perda da sensibilidade, mau funcionamento dos rins, cansaço, perda exagerada de peso, aumento do risco de enfarte e aparecimento de feridas nos pés. As pessoas diabéticas deveriam caminhar todos os dias 20 a 30 minutos, fazer uma refeição equilibrada, não estar mais de 3/4 horas sem comer, evitar as bebidas alcoólicas, não fumar e vigiar o estado dos pés. Glicose – Açúcar. Teste de glicemia – teste onde se avalia o nível de açúcar no sangue

Douro Press – Folheto Informativo douropress@sapo.pt 5085 Pinhão © Todos os direitos reservados

CURTAS

II MEIA MARATONA DO DOURO Alijó, Armamar, Mesão Frio, Régua e Pesqueira vão voltar a concentrar esforços para a realização da II Meia Maratona do Douro. Este evento surgiu no ano passado nas comemorações dos 250 anos do Douro Vinhateiro e realizouse entre o Pinhão e a Régua BIENAL DE GRAVURA DO DOURO Na 4ª edição desta bienal organizada pela CM Alijó estarão representados mais de uma centena de artistas convidados, originários de 47 países de todos os continentes, que irão expor os seus trabalhos no Pavilhão dos Desportos de Alijó.

Escola Superior de Saúde Jean Piaget – Macedo de Cavaleiros

Palavras-chave: Glicemia – Açúcar presente no sangue.

CURTAS

CURTAS

CURTAS

ESCUTEIROS DE SANFINS O Agrupamento de Escuteiros de Sanfins do Douro participou activamente nas comemorações do primeiro centenário do escutismo, promovendo um acampamento em Sátão, no concelho de Viseu. Este evento contou com o apoio logístico da CM Alijó. FESTA DO PINHÃO 2008 A Comissão de Festas nomeada para 2008 reuniu-se esta semana e decidiram avançar com a realização das festividades no próximo. Não havendo para já indicações de programação o objectivo é iniciar a angariação de fundos tão breve quanto possível.

Miguel Torga Prospecção Não são pepitas de oiro que procuro. Oiro dentro de mim, terra singela! Busco apenas aquela Universal riqueza Do homem que revolve a solidão: O tesoiro sagrado De nenhuma certeza, Soterrado Por mil certezas de aluvião. Cavo, Lavo, Peneiro, Mas só quero a fortuna De me encontrar. Poeta antes dos versos E sede antes da fonte. Puro como um deserto. Inteiramente nu e descoberto. Miguel Torga

Confiança O que é bonito neste mundo, e anima, É ver que na vindima De cada sonho Fica a cepa a sonhar outra aventura... E que a doçura Que se não prova Se transfigura Numa doçura Muito mais pura E muito mais nova... Miguel Torga


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.