RLM 36

Page 51

Fábio Nóvoa

A nova revolução feminina Foram séculos de evolução. Da condição de total subserviência à descoberta do segundo sexo, um longo [e por vezes tortuoso] caminho foi percorrido pelas mulheres, que deixaram a fragilidade em casa e foram à luta.

N

ão faz tanto tempo assim, quando as convenções sociais ditavam que o homem deveria ser o provedor da casa. Quando a Segunda Guerra Mundial estourou, muitos homens foram chamados para as fronteiras, cabendo às mulheres o novo papel de administrar a casa e ir atrás do seu sustento e de seus filhos. Quando a guerra findou, uma mulher ousou afirmar que “não nascia-se mulher. Fazia-se mulher”. Quando Simone de Beauvoir lançou seu “O Segundo Sexo”, as sementes do feminismo foram lançadas a um solo fértil da insatisfação delas. Anos depois, nos Estados Unidos, em protesto contra a ditadura da beleza, elas reuniram os símbolos de opressão e os queimaram em praça pública. No Brasil, elas lutaram pelo voto e conseguiram o direito ao sufrágio em 1932 (leia box), mas uma nova revolução feminina está acontecendo. Longe de queimar sutiãs, porém, as mulheres estão buscando seu espaço profissional, ocupando cargos que antes eram considerados masculinos. E em qualquer profissão, a tendência é que a presença feminina seja cada vez maior. Para isso, elas estão mostrando-se pioneiras e sabem lidar com todas as dificuldades, em busca de mais destaque (e igualdade) no mercado de trabalho. Christiane Lobato, 37 anos, é uma delas. Bela e vaidosa, ela é apenas um espelho do novo perfil da Polícia Civil no Brasil e, principalmen-

51

te, no Pará. Christiane é delegada de polícia. E está muito longe dos estereótipos de policial que povoam o imaginário coletivo. Delegada geral adjunta da Polícia Civil do Estado do Pará, ela ingressou na Polícia Civil, em 2005, período no qual atuou em delegacias do Marajó. Foi diretora de seccionais e diretora de Atendimento aos Grupos Vulneráveis, responsável pela coordenação das Delegacias da Mulher; da Criança e Adolescente; de Proteção ao Idoso; de Crimes Discriminatórios e Homofóbicos e de Tráfico de Pessoas. A escolha profissional veio quase por acaso. “Na verdade, nunca pensei em ser policial. Depois que me formei em Direito, comecei a fazer concursos públicos, sem objetivos concretos. Passava e fazia para ver se me identificava. Acabei passando para a Polícia. E aí, você acaba se apaixonando”, afirma. “Os dias nunca são iguais. Apesar das dificuldades, você sente a vontade de continuar, não só pelo trabalho, mas que a população sinta que a Polícia mudou”. Para Christiane, a mudança no perfil policial já se reflete no atendimento à população. “É importante que a população veja essa mudança. Sabemos que ainda temos o que mudar, e as melhoras sempre vêm a longo prazo. Hoje, a Polícia Civil de muitos estados, como o Pará, deixou de trabalhar só na repressão. Trabalhamos também na prevenção. Investimos muito na »»»

Dudu Maroja


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.