Revista LiV - nº 69

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ano 16 | número 69

www.revistaliv.com.br

R$ 15

maio | 2021

Bob Wolfenson

50 anos de carreira e infindáveis histórias Paulo Chaves Thiago Castanho Paulo Azevedo








editorial Olá amigos, Você tem em mãos mais uma edição da nossa revista feita com um carinho especial e boas histórias para se contar. A começar pela capa: em entrevista exclusiva, o fotógrafo Bob Wolfenson revisita os 50 anos de carreira, relembra o alagamento que atingiu seu estúdio (pela segunda vez), e nos mostra que é possível dar a volta por cima com “Desnorte”, seu recém-publicado livro que traz algumas de suas icônicas imagens. Ainda na LiV 69, você conhecerá a Cervejaria Cabôca, último projeto do ilustre Paulo Chaves localizado em um casarão tombado do século XVIII, agora duplamente histórico. André Moreira

Mais à frente, o talento e simplicidade de Thiago Castanho, chef que leva a gastronomia

Diretor Editorial

amazônica a novos patamares. Para os amantes da capital paulista, uma programação dupla: confira a exposição virtual da artista Beatriz Milhazes e um tour gastronômico

pelos endereços que fazem o hype da cidade. Com perdão ao trocadilho, também temos a presença ilustre das gerações que movimentam a cena da ilustração belenense como nunca antes. Conheça também um gostinho do restaurante mais antigo do Brasil, e muito mais.

Um abraço e tenham uma ótima leitura.

expediente FUNDADOR

Carlos Moreira (1937-2018) DIRETOR EXECUTIVO

Habib Bichara DIRETOR EMPRESARIAL

Maurício Moreira FOTOGRAFIA

Dudu Maroja ILUSTRAÇÃO E REVISÃO

Publicarte Editora FINANCEIRO

91 . 4005_6882 EDIÇÃO, CRIAÇÃO E REALIZAÇÃO

Publicarte Editora DIRETOR EDITORIAL

André Leal Moreira PROJETO GRÁFICO

Madre Comunicadores Associados DIREÇÃO DE ARTE

Neto Porpino PRODUÇÃO EDITORIAL

Yan Caldeira

COMERCIAL

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Conheça um pouco mais sobre a construtora acessando o site www.lealmoreira.com. br. Nele, você fica sabendo de todos os empreendimentos em andamento, novos projetos e ainda pode falar com um corretor.

IMPRESSÃO

Gráfica Aquarela LIV é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

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auditada por:


Audi A6 Sedan Progresso que leva você adiante! Quando forma e função se unificam. Eis que a série executiva ganha um novo líder: o A6 Sedan. Esportivo como nunca. Confiante como sempre.

www.audicenterbelem.com.br Rua dos Mundurucus, 3030 – Belém – Pará (91) 98483-9010

3321-9101 / 3321-9190


índice

70

galeria

Paulo Azevedo nos recebe em seu atelier e revela algumas de suas inspirações.

especial ilustradores

O fotógrafo Bob Wolfenson relembra momentos e apresenta “Desnorte”, seu livro recémpublicado.

destino

52

capa

34 As gerações e histórias dos talentosos ilustradores paraenses

90 Um tour gastronômico na cidade mais cosmopolita do País

spotlight �������������������������������������� pág • 12 dicas ����������������������������������������������� pág • 14

A vida e carreira de um dos maiores nomes da gastronomia paraense.

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gourmet

62

especial

especial Coworking �������� pág • 44 Em um casarão histórico, a Cervejaria Cabôca foi o último trabalho do arquiteto e urbanista Paulo Chaves.

Angela Sicilia ������������������������� pág • 78 Leila Loureiro ������������������������� pág • 88 Celso Eluan ����������������������������� pág • 96 horas vagas ����������������������������� pág • 98 especial décor ������������������ pág • 100 institucional �������������������������� pág • 106

ESCREVERAM NESTA EDIÇÃO: • Alana Menezes

80

• Bianca Leão • Elck Oliveira • João Moraes • Marina Santa Clara • Marza Mendonça • Yan Caldeira



spotlight

Os três músicos • Beatriz Milhazes | Ano 1998

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dicas Belém

Casa Namata Nem perca seu tempo tentando definir o que é a Casa Namata. Eu poderia dizer que é um lugar onde se encontram diversas formas de expressões artísticas, seja daqueles que estão começando agora, seja daqueles que já têm uma carreira consolidada na cena local. Ou que é um refúgio no centro da cidade, um espaço para desacelerar e apreciar a beleza das coisas simples da vida. Só não dá para dizer que é uma casa com lojinhas, café e paisagismo, porque essa descrição sem graça passa longe dessa experiência. Não à toa, esse projeto não caberia em um prédio comercial. A sala onde funcionava o Namata Paisagismo já não comportava a criatividade das sócias Luyse Braga e Ana Carla Feitosa. Até que, em maio de 2020, elas deram corpo a um ambiente onde diferentes linguagens convergiam em uma só: a Casa Namata.

C

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Lá, por meio da linguagem do paisagismo, a @ namata.paisagismo oferece projeto, implantação e manutenção de ambientes. Já pelo viés da gastronomia consciente, o @cafe.namata busca valorizar a identidade amazônica com receitas criativas. Elaboradas com ênfase na sustentabilidade, as delícias levam em consideração a forma como os seus ingredientes foram produzidos. Quem é vegano pode ir tranquilo, tem muitas opções!

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A casa também apresenta a @vista.namata - moda sem gênero, com coleções exclusivas, elaboradas na vibe slow fashion. Além disso, a sua agenda conta com showzinhos, exposições de arte e design, eventos e muito mais. A Casa Namata é esse lugar multifacetado, que não cansa de surpreender.

@casa.namata @namata.paisagismo @cafe.namata @vista.namata

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PORTOBELLO SHOP BELÉM Tv. Benjamin Constant, 1686, Batista Campos, Belém - PA


Las Quecas

dicas Belém

Belém ganha sua primeira casa especializada em panquecas. A Las Quecas, franquia paulista, desembarca na cidade com tempero amazônico pelas mãos do empresário Pedro Henrique Sobral. O segredo é, claro, o sabor: com massa fina e suave, os recheios super cremosos (e variados!) agradam todos os gostos, incluindo veganos, vegetarianos e adeptos da alimentação saudável. O ar regional é uma exclusividade da franquia de Pedro, com a panqueca de vatapá e um delicioso molho de tucupi e jambu. Destacamos o delicioso chiclete de camarão, muito bem servido com camarões ao molho cremoso e mussarela. É de comer rezando!

Rua Antônio Barreto, 1185 De terça a domingo, das 17h às 23h (91) 98406-2890 app.menudino.com/lasquecasbelem

Mirakuru Servir comida boa: o objetivo aparentemente simples motivou o chef Thyago Guarany a criar, em 2018, o Mirakuru Street Food. Formado em Gastronomia pela Alain Ducasse Education/Estácio RJ (projeto do chef dono de 21 estrelas Michelin), Thyago quis ver em Belém uma comida de rua de nível internacional. Inspirado nos yatai japoneses, abriu o restaurante móvel que funciona sob reservas, com um único prato por dia. Comer no Mirakuru é uma viagem gastronômica. Às segundas é servido o campeão de vendas lamén; nas quartas, yakisoba ao estilo japonês; tacos às quintas, e na sexta-feira seja surpreendido com um prato internacional. China, Peru e Índia já foram representados com iguarias típicas. O próximo é sempre uma surpresa. Bom apetite, bon appetit, e itadakimasu! Rua Oliveira Belo, 434b (91) 98515-1515 mirakurubelem.wixsite.com/website instagram.com/thyagoguarany

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dicas Belém

Muamba Bar A coquetelaria encontra em Belém uma casa despretensiosa. A casualidade e a alta qualidade combinam, sim, muito bem no Muamba Bar, fincado nos altos da Vila Container. Lá é possível se deliciar com clássicos da coquetelaria revisitados com a riqueza dos ingredientes amazônicos. O queridinho da casa é o Urucum Pisco Sour, uma alquimia perfeita entre Pisco, urucum e Angostura Bitters finalizados com a deliciosa espuma cítrica de goiaba. A criação dos amigos Yvens Penna, Iuri Fernandes e Bruno Ayres também oferece desde o tradicional Negroni ao refrescante Brisa, com gin, hortelã, limão siciliano e tônica. Seja para o esquenta da noite ou um programa a dois, a coquetelaria descomplicada do Muamba é sempre uma boa pedida.

Vila Container - Av. Gov Magalhães Barata, 62, loja 8 Quarta a sábado, das 18h à 0h. Domingo, das 17 às 22h

Puro Natural Os bons hábitos, da casa para o trabalho. Quando surgiu a ideia de montar um mercado com pegada natural, as mulheres da família Gonçalves da Silva já tinham em mente quais produtos queriam comercializar. Afinal, elas já eram adeptas de uma vida saudável, sempre em contato com alimentos sem aditivos. Entre pesquisas e viagens, resolveram implantar o mercado Puro Natural, grande sucesso há um ano e meio em Belém. Mesmo com a pandemia, a procura pelo mix de produtos não diminuiu, e o delivery só aumenta. Quem entra no Puro Natural se surpreende para melhor com todas as opções: os produtos do mercado são diferenciados, frescos e selecionados. Possui comida vegana, e um cardápio exclusivamente low carb. Para o almoço, pratos executivos e saladas super saudáveis. O local oferece ainda um espaço coworking, sem contar que o seu amiguinho de quatro patas é muito bem-vindo no Puro Natural. A dica da dica é o cappuccino da vovó. O melhor da cidade.

Rua Almirante Wandenkolk, 459 (91) 99290-2224 @mercadopuronatural

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dicas Belém

Manioca Com uma grande diversidade de iguarias, a Amazônia nos evoca a uma festa de sabores, aromas, cores e texturas. E foi acreditando no potencial dos produtos da região para além de suas fronteiras que, em 2014, Joanna Martins resolveu criar a Manioca. A empresa oferece farinhas, grãos, granola, doces e geleias. Mas seu carro-chefe mesmo é o tucupi. Apresentado como um tempero e em uma embalagem menor do que a tradicional, vendida nas feiras da Amazônia, ele se torna de mais fácil assimilação por pessoas de outras regiões - e países! Sim, a marca já pode ser encontrada em Portugal e nos Estados Unidos. É de se esperar que, a quilômetros de distância, os produtos movimentem o que Joanna chama de “mercado da saudade”voltado a quem deseja o conforto de encontrar algo familiar depois de muito tempo longe de casa. No entanto, ela diz que levar os nossos sabores para o exterior vai além disso. É uma maneira de alavancar o desenvolvimento sustentável dos fornecedores de insumos locais e de incentivar o turismo gastronômico na Amazônia. maniocabrasil.com @maniocabrasil

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dicas Brasil

Restaurante Leite O ar aristocrático e as brisas do Rio Capibaribe ainda sopram no Restaurante Leite, o mais antigo ainda em funcionamento do Brasil. Criado há 138 anos no centro do Recife, o lugar ainda preserva o mobiliário original que acomodou Juscelino Kubitschek, Assis Chateaubriand, Simone de Beauvoir, e muitas outras lendas. O menu vai de Pernambuco a Portugal, com destaque para o delicioso arroz caldoso com peixe, lagosta, camarão e polvo. Conta-se que um cliente do Leite pedia bananas e queijo manteiga cobertos com canela como sobremesa; e assim surgiu a Cartola, patrimônio imaterial do Recife. Charme e sabor atemporais.

Praça Joaquim Nabuco, 147 – Recife, PE (81) 3224-7977 e 97111-8365 @restauranteleite

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dicas Brasil

Exposição online Beatriz Milhazes no Itaú Cultural Você sente falta da experiência contemplativa que só uma visita a uma galeria de arte nos proporciona? O canal no YouTube do Itaú Cultural pode ajudar a abrandar um pouco a saudade. Até o dia 30 de maio, é possível fazer um tour virtual em 360º à mostra Avenida Paulista, de Beatriz Milhazes. Enquanto “caminhamos” nos três andares da exposição, o processo criativo das obras é comentado pela própria artista. A carioca Beatriz Milhazes é conhecida nacional e internacionalmente como pintora, gravadora e colagista, além de desenvolver trabalhos relevantes em desenhos, esculturas e outras expressões artísticas. Sua obra traz elementos populares da cultura brasileira, com profusão de cores, formas e camadas, além de um amplo repertório de temas e referências. Avenida Paulista é uma mostra panorâmica de seu trabalho, a maior exposição já feita em homenagem à vida e à obra da artista. É, de fato, uma celebração à carreira de um dos principais nomes das artes plásticas brasileiras contemporâneas. Vale conferir!

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www.youtube.com/watch?v=Sj5XmTRcBQ4


Serendipity


dicas mundo

AQUA DOME Para quem precisa respirar novos ares, o hotel AQUA DOME - Tirol Therm Längenfeld é a opção perfeita! O banho em águas termais com vista para os alpes do Vale Ötztal é apenas uma das experiências inesquecíveis que ele oferece. Localizado em Längenfeld, município da Áustria, no estado de Tirol, o complexo hoteleiro conta com 50 mil m² impecavelmente incorporados ao ambiente natural. Já imaginou um clima de romance em uma sauna finlandesa privativa? Ou, quem sabe, levar as crianças para brincar em um parque aquático com um toboágua enorme? Amantes da gastronomia podem escolher entre iguarias austríacas clássicas ou pratos internacionais. Na enoteca, estão disponíveis mais de 300 rótulos, com destaque à seleção de vinhos locais.

Outro trunfo do AQUA DOME é sua arquitetura, que consegue aliar ares futuristas a ambientes extremamente acolhedores. O hotel oferece ainda uma ampla gama de serviços e comodidades, como tratamentos de beleza, massagens relaxantes, atividades esportivas e muito mais. Um dos pontos altos da estada é o SPA 3000, exclusivo para os hóspedes. Na área, é possível desfrutar de saunas, piscinas, banhos minerais, imersões perfumadas por ervas alpinas, banheiras termais borbulhantes, além de uma deslumbrante vista panorâmica às montanhas. Como se não bastasse, Ötztal é uma região imperdível para quem busca adrenalina e quer se aventurar em ciclismo de montanha, percorrer trilhas, esquiar, escalar, praticar rafting ou canyoning. Precisa falar mais alguma coisa?

Oberlängenfeld 140, A-6444 Längenfeld - Áustria. +43 5253-6400 www.aqua-dome.at

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Obs.: Em função da pandemia de covid-19, o hotel e os banhos termais estarão fechados até 6 de abril de 2021. Porém, é possível fazer reservas e solicitação de vouchers (por telefone ou por e-mail).




Vendas: 91 98460-7385


especial ilustradores

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João Moraes

Dudu Maroja

A ilustração belenense ganha

novas formas

Aline Folha, Felipe Moia e Helô Rodrigues (ou Helô iIustra) vêm mostrando a nova cara do cenário artístico de Belém. Os ilustradores ganham destaque dentro e fora do estado com trabalhos carregados de personalidade e representatividade nortista.

N

ão é de hoje que as redes sociais se transformaram em grandes vitrines e galerias virtuais. Nessa matéria, apresentamos três jovens artistas paraenses que mostram a força que o Norte tem em seus trabalhos. Aline Folha, Felipe Moia e Helô Rodrigues são a nova cara do cenário que se transforma a cada dia. O Começo na ilustração Aline Folha conta que desenhar sempre fez parte das suas brincadeiras de infância e até hoje é uma válvula de escape quando pensa em relaxar. “Comecei profissionalmente entre 2011 e 2012. Gosto de trazer diversão e esse olhar leve que desenho livre tem. Gosto da poesia do dia a dia”. A artista, que também é professora, conta que sempre desenhou, mas a vida lhe levou por outros caminhos. “Eu sou formada em Direito e, depois que eu terminei a faculdade, fui embora de Belém fazer Moda em São Paulo, que era meu sonho. Fazendo Moda, descobri que, na verdade, o que gostava mesmo era de desenhar, e descobri isso trabalhando em uma confecção de moda”. Seu primeiro trabalho foi ainda em São Paulo, quando fez as ilustrações para o catálogo de moda da Associação Brasileira de Estilistas (ABEST). Aline conta que ainda ficou um tempo trabalhando nas confecções, e depois decidiu voltar à cidade natal. “Depois desse catálogo, rodei mais um pouco por São Paulo e voltei a Belém. Percebi que, aqui, o meu trabalho funcionaria um pouco diferente de como era em lá [em São Paulo], e então comecei a tentar me envolver com as artes aqui”. Ainda sem entender como funcionava o cenário artístico na época, Aline decidiu procurar instituições locais. “Como não sabia de que maneira funcionava, fui para o Curro Velho e comecei a dar aulas lá. Foi uma grande escola pra mim”, contou. »»» 35


Folha diz que a Fundação foi fundamental para que ela começasse a entender e enxergar seu trabalho como arte. “Trabalhar aqui na cidade e nas comunidades foi muito bom para conhecer pessoas e artistas ativos que às vezes a gente não dá muita importância, e que são pessoas com um olhar incrível para a arte”. Depois, também como professora, passou pelo curso de Moda de uma instituição privada. “Ministrei a dis-

ciplina de Desenho e ilustração de moda, que é a minha paixão”, contou. Hoje, Aline está afastada da rotina na faculdade e se dedica ao seu ateliê, onde pretende dar suas aulas quando for seguro. Assim como Aline, Felipe Moia conta que também deu seus primeiros rabiscos quando criança. “Comecei bem criança, por volta de 5 anos de idade. Lembro de ver um tio meu desenhando e aquilo me chamou muito

atenção”. O tio de Felipe não seguiu na carreira de artista, mas certamente plantou a semente no sobrinho que, aos 6 anos, fez o seu primeiro desenho sozinho, sem cobrir. “Desenhei o Scooby Doo e as pessoas ficaram impressionadas. Botei a folha do lado do desenho e fui fazendo igual. Foi o auge!”, disse. Aos 17, decidiu que queria ser ilustrador e divulgar o seu trabalho, mas ainda não tinha a visão comercial. Já Helô Rodrigues teve o apoio do avô. “Ele me influenciou muito a pintar. Quando se aposentou da Marinha, começou a fazer as coisas em casa. Meu avô sempre foi apaixonado por bicicletas e, com a aposentadoria, se dedicou a montá-las. Ele pegava pedaços de aço e fazia as próprias bicicletas. Elaborava todo um projeto e eu ficava fascinada, tentava desenhar igual”. Nesse momento, o avô da ilustradora percebeu o interesse da neta, e então começou a investir em seu talento. “Meu avô passou a me dar material como lápis de cor, lápis para desenho e aí fui começando a me interessar mais pela arte”, completou. A escola também foi importante para desenvolver o lado artístico da jovem artista. “No colégio também tinha um incentivo para esse lado artístico, coisa que já não vejo no ensino atual. Teatro, dança, desenho, pintura... A gente estudava artes”, explicou. Inspiração Quando perguntamos de onde vêm as inspirações para os trabalhos, Aline foi rápida na resposta: “mulheres!”. A paraense conta que observa o cotidiano de mulheres ao seu redor, buscando referências nas histórias que presencia e ouve. “Vejo muito dessas mulheres no meu trabalho. Gosto de falar da mulher, da diversidade das formas das mulheres. O que pensam, o que gostam”. Além das mulheres, a paixão pela moda é outra fonte de inspiração. “A moda também me inspira muito, mas não é aquela

Com traços delicados, Aline Folha é apaixonada pelas formas femininas

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moda de passarela, gosto de trabalhar o cotidiano. Quero mostrar como a gente se apresenta no dia a dia, de uma forma que ela [a moda] possa descrever a personalidade desse universo de mulheres que eu pinto”, contou. A primeira mulher que serviu de inspiração para Aline foi a sua avó, que era costureira. “Via minha avó desenhar e foi assim que comecei a desenhar moda quando criança. Já adulta, a minha primeira referência foi uma ilustradora americana que se chama Kate Rogers, que tinha um blog chamado Papper Fashion, e lá retratava essas figuras femininas tão importantes para mim, dentro desse contexto de moda sem focar nas roupas. Ela falava das pessoas. Aline diz que a inspiração vem de todos os locais possíveis, inclusive de dentro da sala de aula. Como professora, acaba conhecendo muitas pessoas e trocando experiências. “Acabo tendo acesso a tantas coisas lindas dentro de sala, e muitas vezes posso acompanhar o início da carreira dessas pessoas que, de alguma maneira, pude ajudar. Como foi o caso da Helô”. A ilustradora também conta uma das suas inspirações regionais. “Tem um artista, no Curro Velho, que eu admiro pra caramba. O Raimundo Calandrino. Ele tem trabalhos muito bonitos em aquarela e grafite”, contou. No mesmo gancho de Aline, Helô também tem muito da sua inspiração tirada do cotidiano da cidade. “A rotina paraense me inspira demais”, conta a artista que, como quadrinista, diz que é esta a narrativa que acha interessante de mostrar. Meu trabalho é reflexo do que vejo e do que vivo também. Basicamente é o cotidiano, principalmente daqui”. Helô citou algumas artistas que servem de referência e inspiração para o seu trabalho. “Aqui na cidade tem o trabalho da Aline [Folha], que eu gosto bastante, tem a Renata Segtowick, que foi uma pessoa que eu virei fã desde quando vi o trabalho pela primeira vez. Já tive oportunidade de trabalhar com ela [Renata] diversas vezes”. »»»

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A artista citou também uma velha conhecida nossa: a Mônica. Essa mesma; baixinha, dentuça e pavio curto. “Muita gente acha que por trabalhar com quadrinhos, tenho muita referência de super-herói, e é uma coisa que eu odeio. Nunca gostei e não me vejo trabalhando desse jeito. Diferente dos quadrinhos da Turma da Mônica, onde já me via representada. Menina, baixinha, gordinha, sofria bullying. Eu sou a Mônica. Cresci sendo a Mônica e até minha mãe me chama de Mônica (risos)”. Para Felipe Moia, a inspiração vem das ruas de Belém, da cultura paraense, fonte de grande parte das suas referências. “Sinto que a cidade e a cultura paraense me inspiram bastante. Estou sempre observando as pessoas e sinto que tudo ao redor pode virar material”. Quando perguntado sobre ilustradores, Felipe diz que acompanha muita gente, com destaque para Laerte Coutinho (@laerteminoutaura), e artistas locais como Beatriz Paiva (@ beatrizpaivart) e Caê Jastes (@caesj). Trabalhos marcantes Quando admiramos o trabalho da artista Aline Folha, podemos perceber que existe um forte lado emocional trazido pela ilustradora. “É até difícil falar de um trabalho específico, mas tem dois que eu poderia citar aqui e que são muito importantes pra mim. Um deles foi quando eu estava saindo de uma depressão e um espelho quebrou na minha casa. Guardei os cacos e fiquei meses trabalhando nesse material. O resultado é uma mulher vestida com os cacos desse espelho quebrado e que agora fica na casa da minha mãe”, revelou. Outro destaque que Aline recordou foi o convite para trabalhar em uma produção muito sonhada por designers paraenses: “quando fui convidada para desenhar os mantos oficiais dos Círios de 2016 e 2017. Entrei em uma pesquisa para buscar a humani-

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dade de Maria. Queria entender quem era essa mulher. Foi um momento que ajudou a enxergar a minha espiritualidade de uma maneira diferente. Foi a entrega de tudo que eu sou”, contou. Quem conhece o Círio de Nazaré sabe da relação que o paraense tem com este momento tão importante, e para Helô não é diferente. A artista conta que a família tem uma história forte com o Círio, e é um momento que os une bastante. “Uma vez, tive um sonho com Nossa Senhora e significou muito pra mim. Então fiz uma

sua criação mais marcante foi uma ilustração de uma figura muito presente no folclore local. “Tenho um carinho muito especial pela ilustração do Cabeçudo, que é um personagem que marcou muito a minha infância.

Admiro muito quem se dedica à arte comercial. É uma coisa que é para quem consegue. É preciso estar se reinventando todo o tempo e acompanhando o mercado. ilustração da “Nazinha” no meu braço, e esse desenho chegou ao responsável pela Galeria Benedito Nunes, que me convidou a participar de uma exposição junto a outros artistas. Foi minha primeira exposição em uma galeria importante, com artistas renomados. E esse foi o momento que me marcou bastante, inclusive fiz uma tatuagem que representa esse momento”, relembrou. Com um trabalho voltado ao dia a dia da cultura local, Felipe diz que

Ia pros eventos culturais quando era criança e sempre tinha aquele boneco com uma cabeça rosa gigante”, disse Moia, frisando que foi com essa ilustração que seu trabalho ganhou maior visibilidade.


Conceito VS mercado Com identidades bem definidas, os ilustradores dizem que não enfrentam muitas dificuldades em relação ao mercado e suas obras. “Gosto de desenhar pessoas. Elas

são meu objeto preferido, e, quando um cliente me procura para um trabalho, sempre aviso que não vai ficar igual, como uma pintura realista. Faço uma interpretação do que vejo da pessoa e das histórias que ela me

conta”, explica a artista. “Tenho um trabalho delicado e que exige uma entrega absurda. O mais importante é a história que vem por trás das imagens”, contou. Helô diz que, assim como Aline, não teve grandes problemas com seu público, que já entende a sua proposta. “As pessoas já entendem o meu traço. Percebem a minha identidade”, afirma a quadrinista. “Eles conhecem o meu estilo, e se não for o meu tipo de trabalho, explico para a pessoa, faço indicações de outros profissionais. Mas meu público acaba chegando até mim por já conhecer o meu estilo”. Seguindo no mesmo caminho que as colegas, Felipe conta que não sentiu o peso do mercado. Já a venda do seu material acaba ficando em segundo plano quando está produzindo. “Admiro muito quem se dedica à arte comercial. É uma coisa que é para quem consegue. É preciso estar se reinventando todo o tempo e acompanhando o mercado. Como não tenho essa dedicação, acabo criando sem intenção de vender. Produzo, publico e acaba caindo no gosto das pessoas. Claro, tem quem chegue para fazer encomendas, mas eles já entendem a proposta e não foge do que eu já apresento”, disse. Relação com as galerias tradicionais Não é de hoje que artistas independentes usam as redes sociais para divulgar seus trabalhos e, com o cenário de pandemia, estas plataformas se tornam cada vez mais presentes na vida de quem trabalha e vive da arte. “Participei de exposições coletivas e solo também. Gosto muito desse espaço e foi bem como eu imaginava. Senti uma imersão das pessoas na minha história”, explicou Aline sobre a exposição que realizou na galeria do Tribunal Regional do Trabalho, em Belém, no ano de 2015. “Penso que a arte tem que circular como der. Seja em galerias, redes sociais, por onde der, mas entendo que as galerias podem afastar um pouco

o público de alguma maneira, por isso gosto de explorar outros ambientes, como os livros. Não trago essa ambição de expor em galerias, nem de ver o meu trabalho sendo categorizado em cabe ou não em uma exposição”, explicou a ilustradora. Caçadora de exposições para divulgar seu trabalho, Helô diz que já perdeu as contas de quantos lugares já teve mostras de suas obras. ”Já estive em muitas exposições, não sei nem dizer quantas porque sempre me enfiava em tudo que era lugar (risos). Mas a primeira galeria mesmo, foi a Benedito Nunes, onde a minha arte pode ser vista por muita gente.” Contou a quadrinista que, assim como Aline, também diz não ter grandes interesses em galerias tradicionais. “O meu foco mesmo é aumentar meu estúdio e poder trabalhar com as minhas ilustrações autorais, meus quadrinhos e criar independente do que vier”. Moia vê as redes sociais como grandes difusoras de seus trabalhos. “O Instagram é uma plataforma bem legal de divulgar minhas coisas, e não vejo que o meu trabalho tenha um formato de galeria. Sinto mais ele sendo representado em quadrinhos ou uma revista, que é o que eu almejo para as minhas artes. Me sinto mais confortável na internet. Faço do meu jeito, sem interferência de ninguém”, contou. Prata da casa Percebendo certa abertura do mercado para o consumo de ilustrações, Aline Folha diz que ainda sente dificuldades em alguns pontos, mas que o cenário vem melhorando. “Acho que aqui, em Belém, a gente tem um mercado que talvez esteja se voltando um pouco mais para a ilustração. Sinto ainda uma lacuna em relação à ilustração de moda, mas é um déficit do mercado de moda paraense que ainda caminha em passos de formiga”, disse. »»»

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ALINE FOLHA @aline.folha (Instagram)

FELIPE MOIA @flpmoia (Instagram) www.behance.net/felipemoia

HELÔ RODRIGUES @heloilustra_ (Instagram) linktree.com.br/new/heloilustra

A cultura paraense com pegada pop pelas mãos de Helô Ilustra

Para Helô Rodrigues, o grande ponto do mercado local é a desvalorização do trabalho do artista. “Não tem uma valorização do nosso trabalho. Tem gente que tem medo de colocar o valor real na sua arte por receio de não vender. A gente sabe o trabalho que deu e o quanto investiu, mas tem muita gente se rebaixando, se desvalorizando e isso afeta o mercado local como um todo”. No meio de tudo isso, é preciso manter a esperança de um ambiente de mercado melhor, como conta Moia. “Acho que hoje estão começando a valorizar o trabalho do artista local.

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Percebo que tem mais gente de fora do estado que compra nossa arte, do que as pessoas daqui. Estamos vivendo um momento em que a cultura paraense está sendo mais valorizada, tanto aqui quanto fora. Vejo que está melhorando, em passos lentos, mas está indo. É preciso que as pessoas se abram para conhecer artistas autorais das suas cidades. Desse jeito vai chegar o momento que a gente se torna referência”, finalizou Felipe. Diante da formação de uma nova cena artística na cidade, somada ao cenário de pandemia e isolamento social, é um privilégio ver artistas que vêm

pavimentando esse caminho alternativo e abrindo espaço para que o novo floresça. É um presente ter o olhar da professora Aline e a subjetividade que ela imprime em seus trabalhos. O humor que as obras da Helô traz, específico aos paraenses, assim como Felipe Moia, que é capaz de deixar qualquer um com água na boca com a ilustração de uma bela cuia de tacacá. Assim, conseguimos reconhecer os rostos desse futuro que já se mostra em galerias, sejam elas virtuais ou físicas. Talentos que desenham novas oportunidades, dando novos ares à nossa bela cidade.


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especial Coworking

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João Moraes

Dudu Maroja

Coworking:

a revolução dos imóveis

corporativos

Conectar pessoas com competências diferentes que podem somar e se ajudar, criando, assim, arranjos produtivos. Quando há diferentes pontos de vista interagindo, cria-se o ambiente propício para o surgimento de novas ideias, negócios e possibilidades. Esse é o barato do coworking.

S

Surgido em 1999, o termo “coworking” nasce nos Estados Unidos, quando Bernie de Koven o define como “qualquer trabalho colaborativo que fosse embasado nas novas tecnologias do computador”. Há quem diga que o trabalho em espaços compartilhados já ocorre desde antes de 1900. Porém, a conversa hoje não vai focar no surgimento do nome ou formato de trabalho em ambientes compartilhados; mas sobre como o coworking vem mudando a maneira de se pensar o ambiente empresarial, empreendimentos e geração de networking de maneira orgânica em um local cotidianamente propício para isso. O que é coworking na prática? O termo vem sendo cada vez mais difundido e o formato é cada vez mais procurado por diversos tipos de empreendedores. Com a proposta de oferecer um ambiente de trabalho democrático

capaz de atender desde pequenas empresas, profissionais freelancers e autônomos, o coworking disponibiliza opções bem mais baratas para quem sente a necessidade de sair do formato home office - movimento bastante comum diante do cenário da pandemia do covid-19 para trabalhar em um espaço físico confortável, seguro e com infraestrutura completa, que vai desde endereço fiscal a salas de reunião e auditórios. As vantagens do coworking também atendem negócios de médio e grande porte que contam com a flexibilidade na estrutura dos espaços, que podem ser ampliados ou reduzidos de acordo com a necessidade de cada cliente. Mas não é só isso! Coworking vai além da ideia de um ambiente de trabalho com boa relação custo-benefício e infraestrutura compartilhada. É também a ideia de um espaço social e criativo que possibilita diversas trocas e inspiração. Um espaço para fomentar novas ideias, ampliar e gerar networking. »»» 45


Espaços da Do It Coworking respeitando as medidas de isolamento

Exemplo disto é a Do It Coworking, no bairro da Campina, em Belém, que nasce quando o empresário Gervásio Morgado, hoje CEO do empreendimento, entende a necessidade do mercado belenense de ter um espaço onde pessoas e empresas possam interagir, criar e movimentar uma comunidade que, de alguma maneira, busca cada vez mais por inovação e novas maneiras de se pensar economia e empreendedorismo. “Já funcionávamos aqui [no prédio], em um outro empreendimento. Era um galpão grande com um escritório. Nós tínhamos um espaço interessante, descolado, inovador. Depois de um tempo, começamos a receber visitas de muitas pessoas para conhecer o nosso escritório porque viam fotos em redes sociais e muitos passaram a nos procurar com interesse de alugar um espaço dentro do nosso. Queriam aproveitar o espaço para bater um papo, conversar sobre inovação, empreendedorismo e também para estar dentro de um ambiente que já era

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muito interessante”, contou Gervásio, que dessa maneira viu a ideia de aproveitar o imóvel como um todo. Além disso, o empresário diz que já vinha percebendo a necessidade de um espaço como a Do It Coworking no mercado da cidade, mas que tivesse com um toque diferente dos outros: “o diferencial na Do It é que a maioria dos espaços de coworking que temos em Belém oferece apenas espaços de locação de salas, e, aqui, além das salas e estações compartilhadas, ainda é possível realizar essa troca de ideias com quem circula pelo ambiente, com quem ocupa as estações espalhadas pelo prédio e com o mercado externo”, explicou o CEO, que completou dizendo: “a demanda maior é a de locação de salas. A procura se justifica muito pelo que a gente oferece de serviços e produtos”. João Felipe Gomes, diretor financeiro do empreendimento, acredita que o serviço prestado no espaço vai muito além do aluguel de salas. É a

formação de uma rede de relações. O coworking sugere a criação de comunidades que se fazem a partir da vivência e troca de experiências que o dia a dia nesses ambientes proporciona aos que se propõem a experimentar o que, muitos dizem, ser o futuro da configuração de trabalho. “Não é o metro quadrado da sala, por exemplo, que vai impactar o faturamento, e sim o serviço prestado, a estrutura da sala de reunião e do prédio. É poder estar toda hora encontrando os outros coworkers, [como são chamados os membros da comunidade] e fazer negócios. A gente estimula muito essa ideia de fomentar negócios entre eles”, diz João Felipe. “Aqui, nós temos um cliente que é um escritório de arquitetura, e esse escritório já atende quem entra para fazer parte do time. O ponto é estimular negócios dentro da nossa comunidade e também trazer novos [negócios] para cá. Mas, principalmente, no começo, entre essas pessoas e empresas”, conta.


Pandemia Em 2020, o mundo foi surpreendido por um inimigo invisível que se espalhou de maneira avassaladora. Diante da pandemia do novo coronavírus, empresas precisaram recuar produções e repensar as formas de trabalho, o que estimulou o uso de outras tecnologias no dia a dia. Criatividade e empreendedorismo são elementos fundamentais quando nos referimos a um cenário de crise o qual ainda enfrentamos. Entretanto, esse é o momento onde grandes ideias surgem. É preciso se reinventar para atender às demandas que, mesmo enfrentando dificuldades, não deixam de se movimentar. Para a Do It Coworking, não é diferente. Inaugurada em março de 2020, fechou as portas com apenas dez dias de funcionamento. Mas engana-se quem pensa que isso foi um grande problema. Ainda com espaços a serem abertos aos clientes, como o auditório, os sócios perceberam que poderiam ser uma luz no fim do túnel a muitas pessoas. “No primeiro momento foi muito preocupante. A gente tinha acabado de inaugurar o espaço e já tinha 60% do prédio ocupado e vimos essa ocupação ser dizimada. Contratos fechados foram cancelados, acabamos ficando com 10% dos clientes que tínhamos, o que nos provocou muito receio e preocupação. O tempo foi passando, as coisas começaram a estabilizar em relação à pandemia, o mercado começou a responder de uma maneira diferente, e, ao invés de sermos mais um problema, nós viramos uma solução. Muita gente fez o caminho para o rumo de casa e começou no home office, enquanto nós passamos a oferecer um espaço para que se pudesse trabalhar com custo-benefício muito bom. Uma redução de custos muito interessante”, contou Gervásio. O empreendimento passou a oferecer espaços de trabalho para profissionais autônomos, empresários

e empresas com um custo muito reduzido. “Sem contar com o leque de serviços oferecidos, onde a pessoa só precisa se preocupar em vir trabalhar, o resto é por nossa conta”, completou. Um exemplo de ideia surgida durante o período de isolamento social é o escritório virtual. A novidade foi uma sacada dos sócios que já ofereciam o endereço fiscal, serviço online prestado para facilitar o trâmite jurídico de pequenas empresas. “A empresa fecha um pacote e, se ela precisar, vai poder usar nossas salas de reunião, receber recados e correspondências aqui. É como criar uma base operacional por algumas horas”, explicou João Felipe, dizendo também que o escritório virtual teve uma boa aceitação, principalmente por pessoas que ainda não se sentiam seguras a sair de casa. “É [pensado] muito para esse público que ainda não sabe o poder que o coworking tem pra agregar ao seu negócio, ou aquele que ainda acha melhor trabalhar em casa”, disse. Victor Hugo Rocha é business designer de uma empresa em Campinas, São Paulo. Paraense, ele acabou ficando em Belém por conta da pandemia, depois de uma visita à cidade. Victor Hugo conta que já teve algumas experiências em ambientes de coworking em São Paulo por conta de trabalhos, e que em Belém tinha o costume de ficar em espaços nas empresas de amigos quando estava

pela cidade. Dessa maneira, ele criava um ambiente de troca de experiências pelos locais que passava. “Pra quem tem flexibilidade no trabalho, como eu, é muito comum, às vezes, ir trabalhar em outros lugares que não sejam a empresa que me contratou. Sempre vinha a Belém, e quando chegava aqui, procurava empresas de amigos para trabalhar de lá [das empresas dos amigos em Belém]. É interessante porque via o que eles estavam produzindo; pedia ajuda para algumas coisas que eu estava fazendo também, e eu gosto disso. Meu trabalho é em São Paulo, mas sempre gostei de ter contato com as pessoas de Belém para saber como as coisas estavam acontecen- »»»

O CEO Gervásio Morgado e João Felipe Gomes, diretor financeiro do Do It Coworking

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O business designer Victor Hugo Rocha: sem voltar a SP, recorre aos coworkings

do por aqui. Veio a pandemia e essas empresas não operam mais com espaço físico e, mesmo que sim, não seria conveniente eu pedir pra ser mais uma pessoa lá”, disse. Victor disse também que a principal vantagem que viu no serviço de coworking foi a liberdade que o espaço traz. “Pra mim, o que pesa é a flexibilidade. Como não tenho um tempo definido para ficar em Belém, então não teria como alugar uma sala em um lugar tradicional, com contrato anual, porque eu ficaria preso a um lugar que não precisaria usar por tanto tempo, diferente daqui, que é mais fácil entrar e sair. Chego, trabalho e fico o tempo que preciso. É uma experiência interessante, e me sinto mais focado do que em casa”. Já para o escritório Coordenação Arquitetura e Projetos Integrados, que sempre esteve em trabalho remoto, a necessidade de encontrar um local para receber visitas veio com o tempo. De acordo com Patrice Rossetti, arquiteta-sócia do bureau, várias possibilidades surgiram. “Buscamos salas tradicionais, imóveis de rua e acabamos optando pela estrutura de coworking, já que permitia uma certa flexibilidade dentro das nossas demandas, e principalmente sobre espaço. Se existe uma demanda gran-

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de, pode-se expandir fisicamente o negócio que, além do núcleo principal, que é a sala, é possível utilizar as estações compartilhadas”, explicou. Patrice diz também que a vantagem master de se estar em um espaço coworking não é monetária, e sim participar de uma comunidade que proporciona interação com outras empresas e a possibilidade de novos negócios. Seguindo na mesma linha, Gervásio também conta que essa possibilidade de interação e o fomento de negócios é um fator que traz muitas vantagens paras as empresas que ocupam esses espaços, sem esquecer, claro, o lado financeiro, que vem através de uma economia de custo para quem precisou reduzir o tamanho do seu negócio, ou uma empresa que precisa de uma sala de reunião esporadicamente. “São diversas formas de ajudar uma empresa a fazer uma redução de custos. Além da interação com outros negócios”, completou. Cada vez mais empresas e empresários de todos os níveis buscam aumentar seu networking, fortalecer suas comunidades, gerar negócios e encontrar o seu jeito de trabalhar. Para se tornar um coworker não é preciso de muito, e não tem mistério. São espaços pensados para vários

bolsos e necessidades diferentes. É possível optar por salas individuais para quem gosta de um ambiente reservado, ou então, estações com vários lugares para quem prefere movimento e maior interação. Seja qual for o tamanho do empreendimento, o importante é fomentar negócios e fortalecer esta comunidade que cresce cada dia mais. Alguns espaços coworking em Belém para conhecer: CANTO COWORKING Av. Serzedelo Corrêa, 15 Nazaré, Belém - PA • Horário de Funcionamento: Segunda a Sexta, das 9h às 20h e Domingos, das 8h às 12h • Telefone: (91) 9144-8299

ELEPHANT COWORKING Av. Gov. José Malcher, 153 Nazaré, Belém - PA • Horário de funcionamento: Segunda a Sexta, das 8h às 20h e aos Sábados, das 8h às 12h • Telefone: (91) 2122-9382

DO IT COWORKING R. Avertano Rocha, 192 Campina, Belém - PA • Horário de funcionamento: Segunda a Sexta, das 8h30 às 19h30 e aos Sábados, das 8h30 às 13h • Telefone: (91) 98490-8905





capa

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Marina Santa Clara

Divulgação

O Brasil em retrato De grandes personalidades ao interior de Minas Gerais, Bob Wolfenson repassa seus 50 anos de carreira no livro “Desnorte”

C

inquenta anos atrás, quando conseguiu seu primeiro emprego, em um estúdio de fotografia, o paulistano Bob Wolfenson nem imaginava aonde aquele trabalho “meio chato” o levaria. De lá para cá, conquistou um lugar entre os maiores do Brasil. Entre modelos, artistas e políticos, retratou possivelmente todas as personalidades que fizeram história no país e se tornou referência por trazer novas linguagens à fotografia de moda e de nu. Aos 66 anos, com o recém-lançado livro “Desnorte”, Bob celebra a própria trajetória, que vai muito além do contato com “celebridades”, palavra da qual não gosta. Abaixo, reflete sobre a efeméride e a própria trajetória: Como está sendo essa celebração de 50

anos de carreira em meio à pandemia? Talvez a lembrança dos 50 anos tenha me ocorrido até por conta da pandemia. Porque fiquei meio desocupado... Aí eu lembrei. Já estava querendo fazer algum livro. Era para lançar no festival de fotografia de Tiradentes do ano passado, em abril. Estava com ele pronto, ia fazer uma impressão digital. Aí o festival cancelou e mudei todo o escopo do livro. Como eu transito por várias disciplinas da fotografia, ia fazer fascículos. Aí o Edu Hirama, designer gráfico dessa história toda, sugeriu juntar todas as ideias. Aí o nome “Desnorte” surgiu disso, porque ficou uma coisa desnorteada. Não no mau sentido, mas em um sentido que a palavra não tem exatamente, de encontros improváveis. Ficou muito interessante porque não é temático. O tema na verdade sou eu. »»»

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Maria Bethania - capa da Elle de março de 2021

Dando um Google no seu nome, uma das primeiras menções te cita como fotógrafo de famosos, o que soa até engraçado para alguém com toda a sua bagagem. Quando você olha para esses 50 anos, que reflexão você faz sobre seu trabalho? Eu não gosto disso [ser chamado de fotógrafo de famosos]… Curiosamente, agora acabei de ler uma biografia do Richard Averdon, que é talvez o fotógrafo americano mais influente na segunda metade do século 20, e ele passava por essas mesmas questões, guardadas suas proporções, óbvio, né? Ele também estava inserido no mercado e tinha um trabalho pessoal de retratos muito forte. Mas você dava um Google, vinha “fotógrafo de celebridades”, e ele ficava p. da vida, mas você não pode negar que isso é também uma faceta… Eu a mesma coisa. Isso faz parte da

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Chico Buarque e Camila Pitanga - projeto Retratos, 2017. Estão no livro “Desnorte”

minha história. Pequena. Ela parece o todo porque alimenta a minha persona pública. Circunscrito ao meio dos fotógrafos, dos artistas visuais, o meu trabalho é muito mais respeitado, eu acho, pelas coisas que eu inventei mesmo. O trabalho de apreensões policiais [livro “Apreensões”, 2010], o “Belvedere” [livro de 2013], que são evocações da minha infância nas passagens pelas estações climáticas de São Paulo ou de Minas Gerais, o “Antifachada-Encadernação Dourada” [livro de 2004], que é um passeio por São Paulo e por fotos da minha vida pessoal, o “Nósoutros” [2017], que são as pessoas atravessando a rua mundo afora, enfim, esses trabalhos acoplados ao meu trabalho comercial… Imagino que ter ido trabalhar em Nova York deve ter sido muito bom para o seu currículo. Mas o quanto ter estudado ciências sociais e

ter sido criado no Bom Retiro, bairro tão emblemático de São Paulo, abriu o seu olhar para a fotografia? Tudo isso foi criadouro da minha personalidade, além da minha própria natureza. A minha filha estudou fotografia também. Quando eu fui na formatura dela, em Nova York, fui o paraninfo da turma. Eu disse o seguinte: “Quantos de vocês aqui falam inglês?”, aí todo mundo levantou a mão. “Quantos de vocês aqui escrevem em inglês?”, e todo mundo levantou a mão. “Quantos de vocês aqui são escritores?”, e ninguém levantou a mão. Fotografia é a mesma coisa. Quantas outras pessoas fotografam? Quantos são fotógrafos? Porque o fotógrafo tem que ter os mesmos elementos de um escritor. Imaginação, técnica, estilo, um pacto com a audiência, com o espectador, com o leitor. O mais importante da fotografia é quem está atrás da câmera. »»»


Gisele Bündchen • Revista Vogue, 2015


Com você a fotografia foi amor à primeira vista ou é verdade que você queria ser jogador de futebol? Eu queria ser jogador de futebol quando era moleque, jogava bem, mas não era assim excepcional [risos]. Fotografia para mim foi uma contingência, não foi uma convicção. Eu fui trabalhar em um estúdio de fotografia da editora Abril quando eu tinha 16 anos porque foi o emprego que eu consegui quando meu pai morreu. Fui estagiário. Não gostava muito. Ficava falando “coisa chata”. Mas fui aprendendo. Andava em um círculo de amigos que tinham recursos, eles tiravam férias, eu não podia porque estava trabalhando. Porém muito cedo eu já tinha meu ofício, ganhava meu dinheiro e, com 17, 18 anos, já era fotógrafo. Eu digo que fotografava de urubu a cobra d’água. Mas eu tinha uma renda, ajudava minha mãe. Eu pensava “isso aqui é passageiro na minha vida”. Aí você foi para Nova York? Isso foi bem depois, eu já tinha 27 anos. Tinha um estúdio. Larguei a faculdade no quarto ano. E aí a vocação que eu não tinha apareceu, fiquei um pouco obsessivo. Queria me aperfeiçoar. Fui para Nova York na louca. Vendi tudo que eu tinha. Um carro, câmeras. Eu não queria fotografar, eu queria ser assistente. Dei sorte. Mandei carta para cinco fotógrafos, um respondeu, o Bill King. Isso realmente mudou minha vida. Aí quando você voltou para o Brasil já era outra história… Tinha esse marketing em torno de ter trabalhado com Bill King e o fato de eu ter vivido uma experiência forte, ganhado autoridade sobre o meu trabalho. Consegui ir me impondo aos poucos. Eu acho que um fotógrafo demora muito para se formar. Pode ter na juventude laivos de arrebatamento, mas para ter consistência é uma formação demorada. »»» Biruta - Foto da mostra “A Caminho do Mar”, de 2007, na galeria Millan, sobre a cidade de Cubatão, em São Paulo

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Copan - foto do livro “Antifachada - Encadernação Dourada”, de 2004, com imagens de São Paulo

Belvedere - foto que está no livro “Belvedere”, de 2013, trabalho evocativo sobre as estações climáticas que frequentava na infância

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Imagem feita em Londres, que integrou a exposição “Nósoutros”, de 2017, na galeria Milan, sobre pessoas pelo mundo atravessando a rua. Está no livro “Desnorte”

Pernas - Também está no livro “Desnorte”. Foto de 2008

Sobre as enchentes que atingiram o seu estúdio, como está o processo de restauração das fotos? Foi feito um congelamento do material? Quando aconteceu a inundação anterior, em 2005, eu perdi muita coisa e foi menor do que essa em 2020. Eu não acreditava que fosse ter de novo. Aí teve e o IMS [Instituto Moreira Salles] me ajudou nesse processo. Eles colocaram 15 pessoas no meu estúdio durante 10 dias. A bibliografia do IMS dizia que até 72 horas depois você consegue salvar tudo se congelar. Depois disso não dá. Mas quando nós conseguimos entrar no estúdio, faltavam 16 horas para completar 72. A gente entrou numa loucura. A perda foi muito pequena. Agora preciso de um financiamento para descongelar. É um outro processo, custa uns R$ 400 mil.

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Dudu Maroja /Edson Palheta

Cabôca:

a cervejaria

que vem da

floresta

O empreendimento, um casarão histórico completamente restaurado, foi o último projeto terminado em vida pelo arquiteto Paulo Chaves, ex-secretário de Cultura do Estado e responsável por obras que mudaram a cara da capital paraense

O

sonho de alguns amigos e sócios – de tornar Belém uma cidade cada vez mais atrativa do ponto de vista turístico e, ao mesmo tempo, uma referência na produção de cerveja artesanal – ganhou um toque de refinamento a mais, com o trabalho do arquiteto Paulo Chaves, um dos mais renomados profissionais da arquitetura paraense e brasileira, responsável por diversas obras que marcaram a história do Pará. A Cervejaria Cabôca, localizada na tradicional Boulevard Castilhos França, em frente ao complexo Estação das Docas – este também uma obra de Paulo Chaves –, na área portuária da capital paraense, já é um sucesso de público e crítica e, desde o último dia 17 de março, data do falecimento do arquiteto, também carrega a marca de ter sido o último trabalho que Paulo viu se concretizar, ao lado da amiga e sócia Rosário Lima, parceira dos últimos 36 anos. Ao lado dela, Paulo tocava o escritório Chaves & Rosário Arquitetura. »»» 63


O eterno Paulo Chaves (acima) e Ricardo Gluck Paul (abaixo)

O empresário Ricardo Gluck Paul, um dos sócios do empreendimento, conta que a Cabôca nasceu com o intuito de ser uma cervejaria local, mas, ao mesmo tempo, global. O próprio nome – Cabôca – remete ao substantivo “cabocla”, um termo comumente usado pela população amazônica para designar, principalmente, quem mora ou vem do interior do estado. “É uma marca feminina, que tem o objetivo claro de resgatar e ressignificar um termo pejorativo. O povo caboclo sempre teve uma estética singular e que começou a ser rejeitada quando Belém passou a achar que era Paris, no auge do período da Borracha. Nosso objetivo é resgatar a autoes-

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tima da palavra, assumir o caboclo como o ser que vem da floresta. E o feminino porque, na história da cerveja, é uma bebida feita pelas mulheres, inventada pelas mulheres”, revela. O projeto ganhou corpo quando Ricardo e seus sócios encontraram, em Belém, um casarão perfeito para o empreendimento. “A gente queria que fosse uma fábrica de cerveja e, ao mesmo tempo, um bar, como se fosse o bar da fábrica. E, para isso, precisava ser um local grande. Viemos, então, para a área de maior cinturão de casarões antigos em Belém, uma área que está sob a proteção do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)”, lembra.

Foi aí que o arquiteto Paulo Chaves entrou na história. Procurado por Gluck Paul, Paulo deu força para o projeto, reiterando que um dos seus sonhos era ajudar a desenvolver toda a área portuária de Belém, onde ele mesmo já tinha feito importantes trabalhos, a exemplo da própria Estação das Docas. “Pela pesquisa do Paulo, esse é um casarão do século XVIII e fazer tudo o que fizemos aqui realmente foi um trabalho de guerra. Além de toda a burocracia que há em trabalhar com os órgãos de proteção, a logística foi bem complicada. Boa parte dos equipamentos entrou no prédio por meio de um guindaste, de cima pra baixo”, relata.


Acreditamos que ter mais um dos casarões azulejados do Centro Histórico de Belém preservado é uma grande vitória.

Sete anos foram necessários para que a Cabôca chegasse ao que os donos e arquitetos planejaram. Um trabalho árduo e intenso, que contou com a entrega e genialidade de Paulo Chaves e de sua equipe em cada detalhe. “O desenvolvimento do trabalho se prolongou por sete anos, tendo havido inúmeras modificações no projeto original, mas que, enfim, conseguimos acompanhar até sua conclusão, no último trimestre de 2020, com um resultado que nos deixou muito felizes, recompensando a força de vontade e a resiliência dos empreendedores e nossas, também. Acreditamos que ter mais um dos casarões azulejados do Centro Histórico de Belém preservado é uma grande vitória. Esperamos que muitos mais empreendedores sigam o exemplo da Cervejaria Cabôca”, pontua a arquiteta Rosário Lima. O trabalho teve, ainda, parceria do arquiteto Tales Kamel e participação do arquiteto Patrick Rocha. »»»

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Para Rosário, o trabalho na Cervejaria Cabôca ficará para sempre marcado em sua memória, não apenas pela grandiosidade e desafios de fazer intervenções em um prédio cuja origem remonta ao século XVIII, mas porque este foi o último projeto que Paulo Chaves conseguiu finalizar. “Eu e o Paulo começamos uma parceria quando eu, recém-formada, fui trabalhar com ele. Foram muitos projetos, sempre marcantes, sempre um novo aprendizado. Mas acabou por ser, de certa forma, diferente com o projeto da Cervejaria Cabôca. Lembro que, antes da inauguração, em setembro do ano passado, consegui levá-lo ao prédio para uma sessão de fotos com a obra pronta. Ele foi, muito nervoso, pois estava trancado em casa desde que começara a pandemia, tinha muito medo de adoecer. Providenciamos toda a proteção necessária e fizemos o ensaio fotográfico. Sem que pudéssemos imaginar, seriam nossas últimas fotos juntos. Ficam seus ensinamentos de fazer sempre o melhor, de fazer arquitetura com paixão e o exemplo de seu amor incondicional por Belém. Isso dá força para seguir em frente”, compartilha. Hoje, além de contar com um dos prédios mais bonitos da região portuária de Belém, a Cervejaria Cabôca também já se tornou uma referência para os amantes da cerveja artesanal na cidade.

Paulo Chaves e Rosário Lima em seu último projeto

Deivison Costa mostrando a prata da casa

Segundo o outro sócio do empreendimento, Deivison Costa, a cerveja produzida pela Cabôca respeita de fato todos os ingredientes “sagrados” pela escola alemã de cerveja – uma das mais respeitadas no mundo –, que prioriza produtos como malte, lúpulo, levedura e água. “Fizemos um cardápio que harmoniza com as cervejas. Tudo foi pensado para adequar ao público que vamos receber na casa. Estamos no mercado fazendo as cervejas clássicas, com uma fábrica nacional, com produtos de primeira linha, com lúpulo e levedura, com qualidade superior, sem brincar muito com a cerveja”, aponta. Uma excelente opção para quem aprecia uma boa cerveja e, de quebra, valoriza a história e a arquitetura belenense.

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Yan Caldeira

Dudu Maroja

Além do

abstrato A simplicidade de Paulo Azevedo revela a riqueza de memórias das suas obras

P

aulo nos recebe em seu ateliê como quem recebe em casa. Assim que as portas se abrem, a conversa flui conforme Azevedo traz a experiência de décadas em um jeito descomplicado. “Tudo começa no olhar”, diz o artista, que na adolescência se encantou com o mundo colorido de Tomie Ohtake. Atualmente, a inspiração não se limita às galerias, mas nasce da vida cotidiana. A ideia pode vir de uma folha envelhecida a uma calçada manchada de tinta. “Hoje, meu trabalho está muito baseado nos registros deixados pelo tempo”, declara. E o tempo foi generoso com Paulo. Perto dos 50, viajou o mundo com sua arte: Rio, São Paulo, Alemanha, França e, mais recentemente, Liechtenstein, onde teve sua obra exposta em um acervo de pinturas brasileiras. Mas, para o artista, nada é melhor que o caminho de casa. “Não tem lugar melhor do mundo que as tuas raízes. Quando eu tô por aí, fico louco pra voltar.” »»»

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Usando lonas de construção como tela, as obras de Paulo impressionam

Com a sabedoria de quem conquistou sua identidade artística, Paulo afirma: “eu não acho que a minha pintura é só um abstrato”. Para ele, sua obra guarda significados mais complexos. “Pintura abstrata é uma pintura tirada de um desenho pré-estabelecido, deixado pelo tempo. O presente é que tu tens que mudar. São efeitos provocados pelo tempo que estão desenhados lá, à espera do olhar”, diz. Em um mercado como a arte, naturalmente, a estética é um tema recorrente no dia a dia da área. Mas Paulo não busca apenas a harmonia, especialmente com uma obra complexa, que propõe reflexões sobre a passagem do tempo. “Eu não paro uma obra porque ela está bonita. A forma da beleza eu já conheço [...] Eu paro pela

exaustão”, comenta. O destino guardou uma curiosidade na vida do artista. Formado em Arquitetura, hoje, os principais mediadores das suas vendas são justamente os arquitetos. Figura carimbada dentre os projetos arquitetônicos mais badalados da cidade, atualmente conta com dois espaços em Belém, além de ser representado por galeristas mundo afora. Azevedo compara os mercados brasileiro e estrangeiro. “No Brasil se compra mais. Se consome mais”, declara. Porém, enquanto Paulo é conhecido dentro do círculo de compradores e entusiastas da arte, fora do país é diferente: “na Europa, [...] As pessoas te conhecem na rua, se interessam por você. As crianças, desde cedo, conhecem você.” »»»

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Paulo Azevedo em seu atelier

Passeando pelas obras e histórias de Paulo, o tempo voa. A prosa leve e simples revela um artista com a cabeça antenada no mundo, mas os pés muito bem fincados no chão. “Eu não quero que as pessoas saiam daqui do mesmo jeito que entraram. É uma obrigação minha, do meu trabalho”, comenta. “Se você sair do mesmo jeito que entrou, não valeu a pena você ter vindo”. Não se preocupe, Paulo. Em sua companhia, nunca perde-se a viagem.

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Ângela Sicilia chef de cozinha @angelasicilia

UM NOVO TEMPO Com a proximidade do fim de ano, em um 2020 tão atípico e duro, uma névoa de incertezas se apresenta... Será? Haverá Natal? E o réveillon? Como celebraremos a chegada de um novo ciclo para a humanidade? Há um poema, de Carlos Drummond de Andrade, que me foi apresentado há alguns anos. Ele dizia, em resumo, que o ano novo é só o dia seguinte ao 31 de dezembro; que só podíamos considerá-lo assim se, de fato, quiséssemos um novo tempo, “porque o ano novo repousa desde sempre dentro da gente”. Nunca mais esqueci da sabedoria deste tímido mineiro, de quem minha mãe tanto gostava. Temos motivos para celebrar? Esta é uma resposta pessoal e intransferível. Devemos comemorar o que temos – pouco importa se é pouco, se não é igual ao que havia no passa-

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do. Precisamos, urgentemente, rever nossas relações com o alimento, com as pessoas, com o mundo – porque os recursos não são inesgotáveis. Precisamos repensar nosso consumo, o desperdício... Um privilégio que muitos não têm consciência. Olhe o seu lixo: se você está desembrulhando mais que descascando, saiba que, provavelmente, está consumindo mais processados e ultraprocessados do que deveria. As cascas estão indo para o lixo? Talvez seja hora de você ver uns vídeos de como fazer carne vegetal a partir da casca de banana; a casca de tangerina e laranja, em álcool, se transformam em um belo desengordurante. Casca de ovo moída e misturada à terra das plantas faz um bem danado. Borra de café também. Você está cozinhando para mais pessoas? Que tal doar um pouco de

alimento para entidades responsáveis? Ou doar para o vizinho idoso que, por medo, não está saindo à rua (ele vai ficar muito feliz de ser lembrado, vão por mim!). Valorizar o que se tem é a maneira mais inteligente de ser feliz. Queríamos o peru, o panettone importado. Queríamos mais embrulhos sob a árvore, o champanhe importado, a família e amigos todos presentes. Mas se a boa parte disso não for possível, pensemos em tudo que vivemos nesses últimos meses. Você está pronto para um feliz futuro novo? Porque ele dependerá de suas escolhas, de inclusão, de solidariedade, gentileza e generosidade. E não esqueça de marcar o começo desse novo tempo em seu coração... porque na “folhinha”, ele começa dia 1º de janeiro... Mas, para você, pode ser amanhã.



gourmet

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Elck Oliveira

Dudu Maroja

Thiago Castanho e a paixão pela cozinha

amazônica

Chef paraense traz para a sua gastronomia referências de lugares diferentes do Estado do Pará: da farinha de Bragança ao peixe do Oeste do Pará e mostra que é possível fazer alta gastronomia com ingredientes simples e originais

O

chef Thiago Castanho é um daqueles profissionais perdidamente apaixonados pelo que faz. Tanto que qualquer um que o escute dificilmente não terá vontade de provar os pratos que ele constrói, a partir das referências absorvidas, principalmente, do lugar onde ele nasceu: o Estado do Pará, esse espaço tão rico, mas ao mesmo tempo ainda tão invisibilizado dentro da região região Amazônica, no Norte do Brasil. Filho de mãe bragantina e pai itaitubense, Thiago, hoje com 33 anos, não teve como fugir ao caminho da gastronomia. Conta que a família sempre gostou de cozinhar muito (tanto em quantidade quanto em variedade). Aos finais de semana, nas férias, na casa dos parentes, todos os encontros sempre foram regados a muita comida e comida de interior: peixes em abundância, farinha

de mandioca, galinha caipira e frutas amazônicas variadas. Assim foi durante toda a infância e início da adolescência dele e do irmão, Felipe Castanho. “Eu tive a sorte dos meus pais, os dois, serem do interior, das famílias deles serem assim, de ter, por exemplo, a lembrança de estar na casa do meu avô, sentado de um lado de um pilão, e ele sentado do outro, socando a castanha de caju que a gente assou no dia anterior, num xarão furado”, lembra. Foi no início da adolescência que Thiago passou a ajudar os pais no pequeno restaurante que eles abriram em Belém. O lugar não tinha nome, mas, aos poucos, a clientela começou a chamar de Peixaria da Dona Carmem (mãe do Thiago). Assim, o restaurante foi se tornando referência para quem procurava por um bom peixe na capital paraense. E o Thiago foi tomando gosto pela cozinha. »»»

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Esse encantamento cresceu ainda mais e se consolidou quando o jovem Castanho começou a ter contato com outros chefs paraenses, como Paulo Martins, e outros, em alguns eventos gastronômicos que ocorreram em Belém. “Ali eu vi que havia outros loucos fazendo comida, cozinhando, e vivendo disso”, diverte-se. Já com idade para prestar o vestibular, Thiago anunciou para os pais que queria estudar gastronomia, numa época em que o curso superior ainda nem havia em Belém. Assim, com o apoio da família, seguiu para o interior de São Paulo, mais precisamente para Campos do Jordão, onde ficou por dois anos. Lá, conheceu o chef português Vitor Sobral, que o convidou para um estágio em Portugal ao final dos estudos. Thiago, ali, sozinho, partiu para fora do País. Um ano depois, de volta a Belém e cheio de ideias novas, ele e a família acharam que era o momento de abrir um restaurante maior e com mais braços do que a Peixaria da Dona Carmem. Assim nasceu o Remanso do Bosque, um grande sucesso de público e crítica, tocado por Thiago e pelo irmão, Felipe. O reconhecimento obtido na cozinha do Remanso foi abrindo cada vez mais portas para o chef paraense, que acabou ganhando o comando de um programa de cozinheiros no canal fechado GNT, o “Cozinheiros em Ação”, e, mais recentemente, o “Sabores da Floresta”, veiculado pelo canal Futura, em que ele apresenta ingredientes típicos da culinária amazônica, desde a sua produção até a utilização nos mais variados pratos. Sem contar com as inúmeras participações em outros programas televisivos como o estourado “Master Chef”, da rede Bandeirantes, e o “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga, na TV Globo. Essas atividades, principalmente na mídia, acabaram afastando Thiago do dia a dia da cozinha por longos períodos, o que, com o passar do tempo,

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Uma das coisas que eu mais quero hoje é ter tempo para velejar, praticar o meu jiujitsu, ficar com a família, namorada, amigos. E equilibrar isso tudo com o trabalho. acabou levando-o a começar a pensar no encerramento do restaurante Remanso do Bosque, para se dedicar a projetos menores, sem abrir mão da qualidade e do comprometimento com uma culinária regional. O surgimento da pandemia do novo coronavírus e todas as dificuldades provocadas por ela acabaram antecipando o fechamento do Remanso do Bosque. Engana-se quem pensa que o restaurante encerrou por falta de lucro. “Essa já era uma ideia antiga, que a gente já vinha conversando sobre. A pandemia só adiantou”, reitera. Agora, Thiago se dedica à abertura do novo negócio: a Bayuca, uma espécie de restaurante e bar, com dois amigos e sócios. Ele explica o conceito: “Baiuca é uma portinha que normalmente vende de tudo, incluindo bebidas e comida boa. Geralmente são famílias que tocam. Aí, a gente quer trazer isso à tona, mostrar esses lugares que já existem e incluir a nossa nesse rol de baiucas. A Bayuca vai ter dois ambientes, um que é de restaurante, e outro, que é de bar. Mas, a gente quer algo totalmente despretensioso, para que a pessoa, o clien-

Thiago Castanho mostra o seu talento

te, olhe na parede e veja a história do Pará sendo contada de uma forma divertida”, adianta. O projeto, que será sediado no centro de Belém, deve ser inaugurado entre maio e junho deste ano. Enquanto a Bayuca não estreia, Thiago segue aguardando a nova temporada de “Sabores da Floresta”, que deve começar em breve; trocando informações com chefs brasileiros e estrangeiros, cada vez mais interessados pela culinária amazônica; levando a nossa cultura e, de modo especial, a nossa gastronomia, cada vez mais longe; e, também, praticando jiu-jitsu, velejando (duas grandes paixões) e buscando mais tempo

com a família, um projeto antigo que, agora, ele começa a transformar em realidade. “Uma das coisas que eu mais quero hoje é ter tempo para velejar, praticar o meu jiu-jitsu, ficar com a família, namorada, amigos. E equilibrar isso tudo com o trabalho. Na minha vida eu foquei muito no trabalho e acabei esquecendo outras coisas que, há cerca de um ano, eu comecei a entender que precisava. E a pandemia só mostrou que realmente é preciso ajustar, por isso que o nosso novo projeto é menor, com mais pessoas, sócios. Cada um agrega um pouco, o que é muito melhor para o negócio”, conclui. »»»

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Filhote assado na brasa Thiago Castanho

• INGREDIENTES: (2 porções) • 50 ml de vinho branco • Suco de dois limões • 20g de sal • 1 litro de água • Uma colher de chá de pimenta-do-reino • 500g de lombo de filhote • 1 colher de sopa de manteiga para finalizar

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PREPARO: Marinada do filhote 1. Em um bowl junte o vinho branco, suco dos limões, água, sal e a pimenta-do-reino. Junte o lombo de filhote e deixe marinando por duas horas. 2. Acomode o lombo de filhote em uma grelha própria para assar peixes e asse em brasa de carvão a 40cm de distância da brasa, com 20 minutos de ambos os lados. Ou até o lombo de filhote adquirir uma cor dourada e uma consistência macia. Finalize pincelando manteiga.




construtoralealmoreira

@lealmoreira


Leila Loureiro advogada, professora universitária e escritora @leilaloureiro

NOUVELLE

VAGUE E lá se vai um ano de pandemia. Diante de tantas perdas lá fora, “encasular” foi preciso. Aqueles casulos preparados às pressas, na marra. Doído, apertado, sufocante, mas que transformam lagartas peludas em borboletas com lindas asas azuis. A sensação é a de estar no purgatório, agonizando no processo de castigo e purificação. “Que bom que aproveitei muito a minha vida. Fui uma feliz”, penso. Espero ser perdoada no juízo final e ressuscitada em pleno carnaval. Dizem que na hora da morte passa um filme na nossa cabeça, e nesses meses em que a vida foi suspensa, eu me pego, vez ou outra, fazendo uma retrospectiva da minha existência. Meu inconsciente vira uma grande ilha de edição, com uma câmera

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de mão e cortes inovadores. Cenas reais, nuas e cruas, como a nouvelle vague de Jean-Luc Godard. Me vejo com a barriga pintada de açaí ao tomar um picolé na Ilha de Mosqueiro. Quatro anos de idade, talvez. Eu ainda sinto aquele gosto de sabor marajoara. Corta. Vem o take na fazenda do meu avô no interior do Pará. Passeios de canoa por igarapés gelados, depois o almoço inesquecível do fogão a lenha da “Tia Mocinha”. Corte seco para o primeiro beijo aos 13 anos, eu e ele, cada um montado em sua bicicleta numa rua escondida. Fechei os olhos e senti o baque nos dentes. Não calculamos bem a velocidade. Dois meliantes praticando a contravenção do primeiro romance.

Depois veio a aprovação no vestibular, cantando Pinduca, cheia de ovos na cabeça. Em seguida, o primeiro porre de “superAfrikan”, a bebida verde anil que me fez respeitar destilados para sempre. E o filme segue com um “plano sequência” que inicia na chuva da tarde e vai até uma cuia de tacacá quentinho, sem goma e com muita pimenta. Que cena bonita! O filme parou no meio. Me pego no agora, no Rio de Janeiro, onde vivo há 10 anos. Outras cenas, outro dia eu conto. O tempo agora é de luto, mas nunca foi tão importante saber viver. O casulo começa a romper pra dar vida ao que vai chegar, depois que tudo isso passar. Vem aí uma Nova Onda, dessa vez cheia de vacina, respeito, verdade e misericórdia.


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destino

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Alana Menezes

Divulgação

Sabores de São Paulo A chef de cozinha paraense Andressa Martorano fez a curadoria de seis lugares imperdíveis para se conhecer no circuito gastronômico de São Paulo.

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á muitas formas de se encantar por um lugar que vamos conhecer, ou que já conhecemos; uma delas, sem dúvida alguma, é a culinária local. O prazer pela descoberta da cultura alimentar pode ser responsável por grandes experiências em viagens. A chef de cozinha paraense Andressa Martorano, que atua como personal chef no Cusina Privata, acredita que a pesquisa prévia de lugares para se conhecer em uma determinada região é uma boa maneira de traçar um roteiro turístico gastronômico, mas, para ela, é importante separar um tempo para o inesperado. “Ida aos mercados e feiras que a população local costuma frequentar é essencial para viver uma experiência gastronômica completa, conversar com as pessoas para descobrir aqueles achados que ainda não estão em nenhum roteiro de viagem”, afirma a chef. Andressa carrega consigo o amor pela cozinha desde a infância. Sua família tem a culinária como hobby e isso colaborou para que ela desenvolvesse um apreço não só pela descoberta de novos pratos, mas, também, pela alimentação do dia a dia. “Gosto de comer tudo, não há nada que eu não coma”, afirma. Andressa diz ainda que isto é por conta dos pais, que a fizeram ter contato com todo tipo de comida. Além disso, esse tipo de alimentação é parte de sua memória afetiva: “sou alucinada por língua, bucho, rabada, esses preparos têm muito valor afetivo para mim, me remete a épocas e a pessoas especiais que passaram na minha vida”. A possibilidade de criar é o que torna o trabalho como personal chef mais prazeroso para Andressa Martorano. A cada evento

do Cusina Privata, ela precisa pensar em formas de empratamentos diferentes, para o evento ser especial e prazeroso. E é na cozinha que a chef diz exercer sua criatividade. Além disso, a novidade inspira e motiva a chef paraense na hora de produzir pratos. “O fazer pela primeira vez me dá um gás, aquele frio na barriga de ‘será que vai funcionar essa combinação de ingredientes?’, fazer algo que eu nunca fiz me motiva bastante”, pontua. Essa busca pelo novo se reflete na escolha de restaurantes para conhecer. Ela gosta de sentir que o local tem personalidade, e isso “é um conjunto de vários fatores: desde a escolha da decoração à louça, quais tipos de insumos o lugar valoriza, se ele consegue trazer uma proposta diferente do que já temos do mercado”, explica. Apaixonada por viagens e cozinha, a chef nutre um carinho e encantamento especial com a gastronomia da cidade de São Paulo; em suas palavras, a culinária de lá não perde para nenhuma capital no mundo. A pluralidade encontrada no circuito gastronômico da cidade é que mais chama atenção de Andressa: “em São Paulo encontramos todo tipo de comida, e super bem executada”. Aliada ao conhecimento técnico e bom gosto, a chef Andressa Martorano fez a curadoria de seis lugares imperdíveis para se conhecer em São Paulo para a LiV. Além de uma boa comida, o amor pela cozinha é a principal característica que une os restaurantes indicados por Andressa, com valores para todos os bolsos. A chef reúne uma lista bem diversa, com chefs de cozinha renomados e de início de carreira. Confira a curadoria de Andressa Martorano: »»»

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• Chez Claude São Paulo A nova casa do chef Claude Troisgros e de seu filho, Thomas, como o próprio nome sugere, poderia ser uma legítima casa francesa: mas não é! Diríamos que é um bistrô, mas com uma informalidade que nos faz sentir, realmente, em casa. O atendimento é impecável. O lugar é lindo e tem uma cozinha show, que nos permite acompanhar a linda dança das panelas enquanto comemos. O cardápio é uma viagem por alguns países, e, mais uma vez, o “país Pará” reina: polvo com tucupi é uma das entradas mais pedidas. Uma dica é não ir sozinho; isso possibilita compartilhar todas as entradas que puderem. A que ganhou meu coração é um raviolone com purê de mandioquinha, manteiga noisette e pinole, indecentemente bom! Simples, belamente executado e cheio de sabor. Tartare de atum com melancia, wasabi e brusqueta de steak tartare com lardo de vieiras são outras delícias que tem que provar. De principal, na última vez que fui, sugeriram o salmão com azedinha (vinagreira) que ainda não estava no cardápio, mas eu já conhecia por ser um prato icônico criado por seu pai, Pierre, na década de 60. Delicado e ao mesmo tempo potente. Não é à toa que está até hoje no menu do Maison Troisgros na França. Em suma, gastronomia com alma, história e preço justo! Rua Prof. Tamandaré Toledo, 25, Itaim Bibi, São Paulo Instagram: chez.claudesp www.troisgrosbrasil.com.br 92 | www.revistaliv.com.br

• Restaurante Kan Suke Localizado em uma simples galeria comercial, um minúsculo restaurante japonês sem rede social, é uma joia gastronômica paulistana. O mestre japonês Keisuke Egashira, que trabalhou mais de 30 anos no Japão, faz um trabalho primoroso atrás do pequeno balcão onde recebe as pessoas para o seu Omakase (em tradução livre, “eu confio em você”). Toro, enguia, ouriço-do-mar, buri, vieiras... Estas e outras iguarias são preparadas de forma magistral e bem equilibrada com outros elementos da cozinha japonesa. Detentor de uma estrela Michelin, o chef, que mal fala português, tem uma simplicidade que condiz com o local. Ali, as únicas estrelas devem ser os sushis e sashimis. Para quem quiser conhecer sem fazer o Omakase, o local serve almoço executivo no andar de cima. Façam reserva. Para mim, uma das melhores surpresas dos últimos tempos. Os sabores ficaram em minha memória por dias! Não vejo a hora de voltar. Rua Manoel da Nóbrega, 76, Paraíso, São Paulo


• Restaurante Tanit e Nit Bar De Tapas O Restaurante de comida mediterrânea, comandado pelo chef Oscar Bosch, terceira geração de uma família de cozinheiros da Catalunha, é uma perdição para os amantes de tapas e frutos do mar. No cardápio, releituras modernas de receitas tradicionais, com uma apresentação de encher os olhos. Atendimento simpático, ambiente super bem iluminado e localizado no coração dos Jardins, torna-se uma ótima pedida para perder - ou seria ganhar? - uma tarde bebericando um rosé geladinho e provando as várias especialidades da casa, muitas delas para compartilhar. Colado ao Tanit, o chef Oscar abriu o Nit, bar especializado em tapas e com cardápio exclusivo, que mescla petiscos clássicos com autorais. Com uma carta de drinks convidativa, ambiente descontraído e, como de costume por aquelas bandas, muita gente bonita. Os carros-chefe para compartilhar são os mini cone de tartar de atum, gema curada, caviar de shoyo e os crocantes de arroz negro com camarões empanados, guacamole e molho picante. De principal, a maravilhosa rabada na cerveja preta, com purê de yuca frito (macaxeira) e mousseline de mandioquinha. No Nit, se tiverem que escolher só uma das muitas delícias, vão na costelinha de porco preto, marinadas em chá chinês defumado, lapsan souchong, molho de alho negro e trufas. Rua Oscar Freire, 145, Jardins, São Paulo Instagram: restaurantetanit / nit_bardetapas www.restaurantetanit.com.br

• AMA.ZO - Cozinha Peruana No bairro Campos Elíseos, centro de São Paulo, o restaurante peruano Ama.zo é um achado delicioso. Ocupando o jardim de um casarão centenário, projetado pelo mesmo arquiteto do Mercadão Central, as refeições acontecem entre lindas jabuticabeiras. Só aí já vale a visita. O peruano Enrique Paredes, chef também do Barrakhuda, em Lima, é quem assina o menu. Com forte presença do mar no cardápio, chama atenção a variedade de ceviches com a utilização de produtos locais sem perder a essência latina. Para abrir o apetite, pedimos um drink com pisco, flor de jambu e com a famosa formiga saúva. Minha escolha foi um polvo perfeitamente grelhado, com salsa romesco e purê de batata com macaxeira. Pedimos também o arroz chaufa com panceta laqueada no teriyaki e crispy de couve. De sobremesa, pudim com sorvete de amora e um suave creme de cupuaçu. Uma experiência interessante, acessível e com evidentes toques amazônicos. Rua dos Guaianazes, 1149, Campos Elíseos, São Paulo Instagram: amazoperuano 93


• Restaurante Evvai Para quem é fã de experiências gastronômicas inquietamente reconfortantes, o restaurante Evvai é um prato cheio. A cada prato que deixam para você, sua primeira reação é tentar descobrir o que é aquilo tão belamente empratado. Aliás, o empratamento criativo aliado a técnicas modernas com a valorização de insumos de lugares mais diversos (para não dizer entocados) do Brasil, faz parte do estilo do chef Luis Filipe que já garantiu sua 1ª estrela Michelin. Os insumos da Amazônia estão presentes em diversas etapas. Açaí, tapioca, queijo do Marajó, cupuaçu e cupulate - parente, é você?. Para nós, nortistas, além de nos deleitarmos com os preparos delicadamente executados, também vivenciamos uma sensação de intimidade que só encontramos igual no seio familiar. Ficamos orgulhosos e envaidecidos, mesmo não sendo mais novidade essa ampla valorização dos nossos insumos. Entre as opções quentes que mais me marcaram, temos bomba de vieiras, a língua (que amo!) com trufas e o javali com granita de cachaça. Entre as sobremesas, o algodão doce com foie gras e mel não sai da minha cabeça. O Evvai tem poucas opções à la carte, o que vale mesmo é experimentar o menu degustação, chamado de Oriundi, de 13 tempos, que pode ser harmonizado ou não. Separe, pelo menos, duas horas para a experiência e prepare o bolso! Rua Joaquim Antunes, 108. Pinheiros, São Paulo Instagram: evvai_sp www.evvai.com.br 94 | www.revistaliv.com.br

• Restaurante Cepa No Tatuapé, o restaurante Cepa é o novo “tem que ir“ fora do circuito gastronômico paulistano. O cardápio é simples, enxuto e sazonal, mas tem aquele quê de sofisticação por valorizar técnicas e produtos de qualidade. Pelo que perguntei, muitos dos preparos são feitos por lá: curas, defumação, compota, inclusive o pão (delicioso!) de fermentação natural que acompanhou o ‘Dry Aged’ com 60 dias de cura, que pedi para começar. Como fui sozinha, consegui provar somente o carpaccio e, de principal, uma polenta com ragu de cogumelos, agrião e mostarda fermentada para vegetariano nenhum colocar defeito! Pretendo voltar para provar as atualizações do cardápio e abrir algum vinho da carta exclusivamente de orgânicos e biodinâmicos que a sommelier, e também sócia da casa, Gabrielli Fleming, me indicar. Então a próxima vez que forem a São Paulo, partiu para a Zona Leste! Rua Antônio Camardo, 895, Tatuapé, São Paulo Instagram: restaurante.cepa

*Por conta da pandemia do novo coronavírus, é importante consultar o horário de funcionamento e reservas dos restaurantes da lista.



ESPELHO

O DA MADRASTA

Recebi um vídeo de um amigo com a seguinte legenda: “Vejam o teatro da Covid. Construção de um cenário para espalhar o pânico na sociedade através da grande mídia”. As imagens mostravam uma UTI sendo montada em um estúdio com toda equipe técnica e atores. Não quero entrar no mérito de confirmar a realidade, gostaria de aproveitar para um exercício retórico apenas. Imaginemos que um outro amigo me mande o mesmo vídeo com outra legenda: “Vejam como querem desconstruir a realidade. Montaram um estúdio para simular um hospital de verdade e assim desacreditar todos os números da Covid e a lotação dos hospitais, fazendo-nos crer que é tudo empulhação”. Agora imaginemos que o mesmo cenário foi de fato montado por uma agência de publicidade para fazer uma campanha para algum governo, prefeitura ou mesmo o Ministério da Saúde. Ou ainda, que seja uma cena de um filme ou série de ficção que foi aproveitada por um dos lados para justificar sua narrativa. E aqui entramos no cerne da questão: a guerra de narrativas. Aliás acho que o Dicionário Oxford deveria considerar esse vocábulo como Palavra do Ano, pelo menos nestas terras tupiniquins. Os extremismos levaram a construções de narrativas que poucos ficcionistas seriam capazes de imaginar, culminando com a reprodução descontrolada de fake news (palavra do ano em 2017). Enquanto os lados se digladiam a vida real cobra seu preço já na casa de centenas de milhares de vidas. Mas até isso pode ser usado por cada um dos lados para fustigar o outro provocando no confronto a banalização das vidas destruídas, resumidas em números como numa guerra. A primeira morte gerou comoção pública, a primeira centena ou primeiro milhar idem. Depois disso parece que nos anestesiamos e passamos a fazer um mero acompanhamento con-

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Celso Eluan Lima empresário celsolima2210@gmail.com

tábil dos casos, mortes, taxas de ocupação de UTI, leitos disponíveis, curvas de contaminação, pontos de inflexão e tantos outros indicadores. A Matemática e a Estatística nunca estiveram tão proeminentes. Até que a morte venha até nós, como Bergman a trouxe para um jogo de xadrez em “O Sétimo Selo”. Quando atinge alguém próximo a realidade invade a guerra de narrativas e cobra seu preço. Nessa hora a empatia renasce e percebemos a dor que está em milhares ou até milhões de rostos. Lembro de um filme que me tocou profundamente: “Johnny Vai à Guerra” de Dalton Trumbo, diretor e roteirista. Nele um soldado da primeira guerra se descobre inválido numa cama de hospital sem braços, pernas, visão ou fala. Ele não consegue perceber se está vivo ou se aquilo é uma visão do inferno e se debate apenas com suas lembranças e sem conseguir se comunicar com o mundo exterior. O terror das guerras com seus incontáveis mortos e mutilados é resumido num único personagem. Deixamos de ver números para acompanhar o drama de uma única pessoa, de uma única vida, que poderia ser a sua ou do seu pai, irmão ou alguém muito querido.

Curiosamente Trumbo foi um dos artistas mais perseguidos no Macarthismo e este foi o único filme que dirigiu bem depois da perseguição, antes era apenas roteirista de sucesso em Hollywood e ficou proibido de trabalhar por anos. A forma como ele colocou seu personagem para representar todas as vítimas das guerras não deixa de ter pra mim um toque autobiográfico do autor, também incapaz de ser compreendido e sem compreender o mundo que o cercava quando era perseguido pela guerra ao comunismo nos EUA dos anos 50. Da mesma forma essa guerra de narrativas produz mais vítimas do que haveria se houvesse uma união em prol da vida, mas isso não é possível porque cada grupo tem sua verdade, sua doutrina, sua religião. Esse sectarismo está nos colocando no palco do mundo com esse teatro espalhafatoso que só produz mais vítimas e cada um tem certeza de estar defendendo a verdade absoluta. E como resolver? Na falta de uma resposta contundente fico com a poesia do grande Zeca Baleiro em Dindinha: A Mentira é uma Princesa Cuja beleza não gasta E a Verdade vive presa No espelho da Madrasta


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horas vagas | Fox FILMES INDICADOS AO OSCAR 2021

JÁ DISPONÍVEIS NO STREAMING

MANK

Netflix

Dir. James Mangold Elenco: Gary Oldman, Amanda Seyfried, Lily Collins

OS 7 DE CHICAGO

Amazon Prime Video

Netflix

Dir. James Mangold Elenco: Eddie Redmayne, Alex Sharp, Sacha Baron Cohen

O SOM DO SILÊNCIO

Dir. James Mangold Elenco: Riz Ahmed, Olivia Cooke, Paul Raci

SOUL

Disney +

Dir. James Mangold Elenco: Animação

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A Hollywood dos anos 1930 é reavaliada pelos olhos do mordaz crítico social e roteirista alcoólatra Herman J. Mankiewicz enquanto ele corre para terminar o roteiro de Cidadão Kane. 10 Indicações, incluindo Filme, Diretor, Ator (Gary Oldman), Atriz Coadjuvante (Amanda Seyfried), Direção de Arte e Fotografia. Um protesto pacífico contra a guerra do Vietnã em Chicago, no ano de 1968, se transformou em um confronto violento com a polícia. No ano seguinte, sete pessoas foram acusadas de conspiração pelo governo dos Estados Unidos. 6 Indicações: Filme, Roteiro Original, Ator Coadjuvante (Sacha Baron Cohen), Fotografia, Edição, Canção (Hear My Voice). A vida de um jovem baterista muda totalmente quando ele percebe que está perdendo a audição. As suas duas grandes paixões estão em jogo: a música e a sua namorada, integrante da mesma banda que ele faz parte. 6 Indicações: Filme, Roteiro Original, Ator (Riz Ahmed), Ator Coadjuvante (Paul Raci), Edição, Edição de Som. Joe Gardner é um professor de música do ensino médio que sempre sonhou em ser músico de jazz. Mas quando, finalmente, tem a chance de conseguir o show de sua vida, sofre um acidente e se vê preso em um mundo estranho entre a Terra e a vida após a morte. 3 Indicações: Filme de Animação, Edição de Som, Trilha Sonora.

Destaque

ARRANCADOS DA TERRA Lira Neto

A grande travessia dos pioneiros que formaram a primeira comunidade judaica das Américas, no Recife, e ajudaram a construir Nova York, contada por um dos maiores biógrafos da atualidade. “Uma narrativa fluente e erudita que resgata da ignorância de quase todos e do esquecimento de uns poucos a saga seiscentista do grupo de judeus de origem portuguesa que singrou de Amsterdam ao Recife e de lá à futura Nova York.” - Evaldo Cabral de Mello.

Dica

SAPIENS EM QUADRINHOS Yuval Noah Harari

Na versão graphic novel de Sapiens: Uma Breve História da Humanidade, com inteligência, humor e personagens pitorescos, viajamos pelo lado selvagem da história, tendo o historiador e filósofo Yuval Noah Harari como guia. A evolução humana é repensada como um reality show: o primeiro encontro entre sapiens e neandertais se dá através de obras-primas da arte moderna, a extinção dos mamutes é recontada como um filme policial, e muito mais.

Lançamento

TUDO SOBRE O AMOR bell hooks

O que é o amor, afinal? Será esta uma pergunta tão subjetiva? Para bell hooks, quando pulverizamos seu significado, ficamos cada vez mais distantes de entendê-lo. Neste livro, primeiro volume de sua Trilogia do Amor, a autora procura elucidar o que é, de fato, o amor, seja nas relações familiares, românticas e de amizade ou na vivência religiosa.

Confira

CONTÁGIO

David Quammen

Em Contágio, publicado originalmente em 2012, David Quammen demonstra que havia consenso entre os especialistas sobre as características de uma próxima pandemia: o causador seria um vírus novo aos humanos, atingiria primeiro algum tipo de animal selvagem e seria altamente mutável. Escrito com ritmo de tirar o fôlego, o livro investiga os patógenos responsáveis pelas grandes epidemias da história e os desafios que elas representam para nós.

Clássicos

O SPLEEN DE PARIS Charles Baudelaire

Seleção de anedotas, reflexões e epifanias de Charles Baudelaire. O autor dedicou os derradeiros anos de sua vida a um último projeto: escrever poesia além do âmbito do verso, inspirado por suas andanças pela capital francesa e pelo spleen da cidade, ou seja, pela “melancolia irritada” que seus becos e habitantes evocavam. Retratando com cumplicidade os personagens miúdos da vida urbana, o livro reúne cinquenta textos curtos de intensa beleza.


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Yan Caldeira

Marcus Mendonça

Elegância

descomplicada A sofisticação também pode ser funcional. Prova disso é o projeto da arquiteta Larissa Chady, que mescla materiais de alto padrão em soluções que otimizam o dia a dia sem perder o estilo arrojado.

C

om a elegância e modernidade que marcam seu trabalho, a arquiteta Larissa Chady mostra um de seus últimos projetos. Atendendo ao pedido de um casal de clientes recém-casados, Larissa sabe como ninguém a importância da arquitetura em recantos de intimidade e lazer. Na conversa com os clientes, Chady entendeu o que a família gostaria: “eles queriam algo mais contemporâneo, arrojado, e com cores neutras”. O pedido, diga-se de passagem, foi muito bem atendido. Na sala, a parede de mármore nero marquina assinada pela Marmobraz cria um belo contraste com o mobiliário em tons neutros, 90% composto por peças da Mais Design. »»»

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A arquitetura supermoderna de Larissa Chady

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Foto: Estúdio Tereza e Aryanne

Em um espaço mais reservado, a mesa de jantar é acompanhada por um buffet multifuncional. Pode-se guardar louças, apoiar bebidas e demais objetos e, de quebra, ainda comporta a adega e cervejeira do casal. Os módulos metálicos suspensos feitos pela Industrial Company dão leveza e personalidade, complemen-

tando o ambiente Pensando na versatilidade do espaço, a arquiteta criou um painel espelhado que, além de proporcionar a sensação de amplitude, acomoda duas portas de correr, dando acesso à varanda gourmet e ao lavabo. Sofisticação em sua melhor forma para quem não abre mão da praticidade.

Larissa Chady Arquitetura Trav. Dom Romualdo de Seixas, 1560 Edifício Connext Office - Sala 801 (91) 3351-1389 / 98282-1117 projetos@lchady.com.br

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institucional - LM

Leal Moreira entrega o Torres Floratta O empreendimento de 112m² e 141m², localizado no bairro do Marco, foi entregue aos condôminos por meio da AGI (Assembleia Geral de Instalação de Condomínio) no dia 29/03, este ano realizada virtualmente para a segurança de todos; mas certamente especial pela realização de entregar o 39º empreendimento com nome e sobrenome que Belém já conhece. Os moradores das 220 unidades agora podem apreciar todos os detalhes do seu Leal Moreira ao vivo e em cores: com comodidades como o port-cochère, fitness, playground, piscina, espaço gourmet, salão de festas e muito mais, o Torres Floratta também possui uma localização excelente, em plena Avenida Romulo Maiorana, com acesso fácil a outros corredores importantes da cidade, como a Avenida Duque de Caxias e Almirante Barroso. Os 46.996 m² de área construída foram erguidos com o apoio de inúmeros colaboradores da engenharia, paisagismo, arquitetura e tantas outras especialidades que tornam o empreendimento verdadeiramente especial. Com mais um empreendimento entregue, a construtora reitera o compromisso com uma vida de qualidade e conforto.

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O Torre Santoro chega ao topo A construção do Torre Santoro segue acelerada. Sua última laje foi concluída ainda em abril, finalizando uma importante fase da obra. No próprio empreendimento, inclusive, pode-se conhecer o apartamento modelo e viver um pouco da experiência do mais novo Leal Moreira na Av. Gov. José Malcher. Entre em contato e agende sua visita.

Tecnologia é aplicada nas obras da Leal Moreira O BIM (Building Information Model), em português “Modelo de Informação da Construção”, é um tipo de gerenciamento dos processos de uma obra e suas atividades. Com o BIM, a construção se torna mais precisa e otimizada, já que possíveis divergências do projeto podem ser identificadas com alta exatidão. Toda esta tecnologia começou a ser aplicada nas obras do Torre Lumiar, Torre Santoro, Torre Evidence e estará nos próximos lançamnetos da construtora. 108 | www.revistaliv.com.br



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Iniciadas as obras do Torre Evidence Com localização privilegiada, o lançamento Leal Moreira teve seu kick off construtivo ainda no mês de abril. Vale lembrar que o stand do Torre Evidence segue funcionando no próprio endereço do empreendimento: Av. Alcindo Cacela, 2304.

Visite o stand Leal Moreira no Pátio Belém Desde março, os clientes e parceiros podem conhecer melhor os empreendimentos Leal Moreira no stand da empresa no Shopping Pátio Belém (3º piso), com corretores sempre preparados para receber o público.

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O TOQUE DE SOFISTICAÇÃO QUE COMPLETA O SEU AMBIENTE PROJETOS DE MARCENARIA COM DESIGN INOVADOR E ADAPTADO AO SEU ESPAÇO

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Leal Moreira investe em energia solar Há quinze anos no mercado, a Bellsol é uma empresa paraense especializada em tecnologias de energia limpa. Liderada por Walber Oliveira, presidente da APASOLAR (Associação Paraense de Energia Solar), a firma possui mais de 320 projetos executados em todo o Brasil. Em Belém, a expertise da empresa fará parte de futuros projetos Leal Moreira, a começar pelo prédio-sede da construtora, que será alimentado por energia solar. “A Bellsol trabalha no presente pensando no futuro, e é o mesmo perfil da Leal Moreira”, afirmou Oliveira. Com a parceria, os empreendimentos da construtora terão condomínios autossustentáveis através da iluminação de refletores e luminárias solares nas áreas comuns, além do uso de energia limpa para utilização de elevadores, bombeamento de água e carregadores de veículos elétricos com energia 100% solar.

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ENERGIASOLAR A BELLSOL E A EMPRESA MAIS PREMIADA DO NORTE DO BRASIL BELLSOL TECNOLOGIA – Empresa 100% Paraense, com uma trajetória de 15 anos no mercado de Energia Solar e 5 anos no setor Fotovoltaico, a Bellsol destaca-se por manter a vanguarda no que diz respeito a fornecimento de tecnologia e sustentabilidade. Possui em seu acervo técnico projetos de todos os tamanhos espalhados pelo Brasil. Pelo seu comprometimento com o meio ambiente e pela sua contribuição com o aquecimento do mercado regional, é a empresa do segmento mais premiada da Região Norte do Brasil.

+320

PROJETOS

+15.000 PLACAS

+5,333

CERTIFICAÇÃO - Certificada com o Selo Verde por Políticas

bellsol.com.br

+55 91 98806.9086 +55 91 98160.6823

bellsoloficial

Av. Rodolfo Chermont, 215 Marambaia, Belém - PA Loja 2 - Shopping São Brás, Loja 16

de Gestão Socioambiental Responsável; Participante da Câmara Setorial do MERCOSUL; Autorizada pela Federação dos Bancos do Brasil à operar linhas de financiamento; Possui Selo INBRAP Top Of Mind Brazil.


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Check-list

obras Leal Moreira TO R R E

P RÉ L A NÇAM ENTO

L A NÇA MENTO

FUNDAÇÃO

ESTRUTURA

FECHAM ENTOS

ACABAM EN TOS

FASE D E ENTR EGA

SE U L E AL MO R E I RA ESTÁ P R O NTO

Torre Ferrara Av. Dom Romualdo Coelho (entre Travessa Bernal do Couto e Rua Diogo Móia)

Torre Evidence 1, 2 ou 3 dormitórios (1 suíte) • 47m2, 64m2 e 94m2 • Av. Alcindo Cacela, 2304 (entre Avenida Conselheiro Furtado e Rua dos Mundurucus)

Torre Lumiar 2 ou 3 dormitórios (1 suíte) • 78m2 e 106m2 • Av. Roberto Camelier, 261 (entre Rua dos Tamoios e Rua dos Mundurucus)

Torre Santoro 2 ou 3 suítes • 123m2 • Av. Governador José Malcher, 2649 (entre Av. José Bonifácio e Tv. Castelo Branco)

Torres Floratta 3 e 4 dormitórios (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura) mês de referência: maio de 2021

Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

em andamento

• PRÉ-LANÇAMENTO = elaboração dos lançamentos. • LANÇAMENTO = apresentação e início da comercialização do empreendimento.

concluído

• FUNDAÇÃO = execução de fundações. • ESTRUTURA = execução de estrutura de concreto armado. • FECHAMENTOS = execução de alvenarias/painéis externos e internos. • ACABAMENTOS = execução de revestimentos de argamassa, revestimentos cerâmicos (piso e parede), esquadrias e pintura. • FASE DE ENTREGA = paisagismo, decoração e início do processo de entrega com as vistorias. • SEU LEAL MOREIRA ESTÁ PRONTO

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Acompanhe o andamento do seu Leal Moreira em nosso site ou acesse o link por meio do QR Code abaixo:




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