Revista Liv 67

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ano 15 | número 67

www.revistaliv.com.br

R$ 15

dezembro | 2019

Jorge Jesus

“Não me canso de dizer que o Flamengo é o maior clube do mundo!” Milton Cunha Lounge Sicilia por Leal Moreira 125 anos da Confeitaria Colombo










editorial Olá, amigos! Chegamos ao final de mais um ano e, de praxe, trazemos um conteúdo especial para celebrar mais 365 dias em que passamos juntos. Nesta edição, que chega às suas mãos, a capa traz o técnico português Jorge Jesus, que comandou o Flamengo em sua mais importante (ou importantes, no plural mesmo) conquista dos últimos tempos. Em entrevista exclusiva, ele fala sobre a carreira e planos. Ainda no Rio de Janeiro, fomos convidados para um passeio, no mínimo, privilegiado: pela Confeitaria Colombo, uma das mais icônicas do Brasil e de beleza atemporal. Por lá, passaram alguns dos maiores intelectuais e escritores do país e do exterior. É impossível ficar indiferente à tanta riqueza de detalhes e história! Igualmente impossível é passar incólume pelas deliciosas receitas produzidas na casa. Com exclusividade, ensinamos uma das receitas mais solicitadas pelos comensais. Ainda nesta edição, e sem arredar o pé da cidade maravilhosa, conversamos com o paraense Milton Cunha, pesquisador, carnavalesco e dono de tiradas sensacionais. Uma conversa, no mínimo, surpreendente e que, acreditamos, vocês vão adorar. Mergulhamos no mundo da escrita japonesa e viajamos até a Nova Zelândia, em uma road trip inesquecível. A revista está recheada de conteúdo exclusivo e delicioso de ler. Não podia deixar de desejar a todos um 2020 de muita saúde e de paz.

André Moreira

Ótima leitura e abraços!

expediente ILUSTRAÇÃO

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LIV é uma publicação trimestral da Publicarte Editora para a Construtora Leal Moreira. Os textos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista. É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos e ilustrações, por qualquer meio, sem autorização.

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Eternizando momentos...

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70

galeria

As mulheres fortes são fontes de inspiração para o trabalho de Negritoo.

especial Lounge Sicilia

O português Jorge Jesus fala sobre o desafio de comandar o Flamengo e conduzí-lo a dois títulos, numa tacada só.

Nova Zelândia

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capa

índice

48 Leal Moreira e Famiglia Sicilia unem talentos mais uma vez e o resultado é um lounge cheio de elegância e personalidade.

86 Uma road trip nos levou a conhecer cenários dignos de filmes.

spotlight �������������������������������������� pág • 14 dicas ����������������������������������������������� pág • 16 Celso Eluan ����������������������������� pág • 32

Um passeio pela história e receitas dos 125 anos da Confeitaria Colombo.

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gourmet

36

perfil

Angela Sicilia ������������������������� pág • 46 Milton Cunha fala sobre tudo, até sobre carnaval, estudo e o personagem que criou.

esp. Belém 404 anos ����� pág • 54 Leila Loureiro ������������������������� pág • 76 Fernando Gurjão ���������������� pág • 91 especial Shodo ������������������� pág • 94 horas vagas �������������������������� pág • 100 institucional �������������������������� pág • 102

ESCREVERAM NESTA EDIÇÃO:

78

• Ana Roldão • Carolina Menezes • Dominik Giusti • Larissa Noguchi • Jaime Lopes • Rodrigo Cabral • Yan Caldeira



spotlight

Family, por Fernando Bottero. 1983 Obra integrante da exposição permanente no Museu Botero, em Bogotá | Colômbia.

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dicas Belém

Já imaginou tomar um café boliviano, fresco, enquanto atualiza a pesquisa no notebook, tendo o prazer de observar a praça da República? E se for possível fazer tudo isso, de uma sacada no icônico edifício Manoel Pinto da Silva? Essa é a proposta do Canto, um espaço dinâmico que congrega café, coworking e um espaço para quem quer dedicar alguns minutos do dia à contemplação. Não importa seu objetivo, mas se você quer fazê-lo com estilo, recomendamos muito conhecer o local. Sugerimos que você peça um café e, para acompanhar, a torrada com pasta de abacate. Mas há omeletes, saladas, tomates confit. O espaço é democrático e serve opções veganas.

Fotos: Divulgação

Canto

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Av. Serzedêlo Corrêa, 15. - Ed. Manuel Pinto da Silva, com entrada privativa ao lado da entrada social @canto.coworking

CM

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Casa do Saulo A novidade veio dar na praça. O chef Saulo Jennings acaba de abrir, na Cidade Velha, sua nova casa, homônima ao complexo que ele mantém em Santarém – que aliás, foi eleita como um dos melhores restaurantes do Brasil pela mídia especializada. A Casa do Saulo de Belém é elegante e espaçosa e tem a promessa de proporcionar uma experiência gastronômica inesquecível aos seus comensais. No cardápio, o pirarucu com queijo e banana, as costelas de tambaqui, dentre outras delícias da Gastronomia paraense.

Casa das 11 janelas, Cidade Velha @casadosaulo

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Govinda Batista Campos

dicas Belém

A praça é do povo, como o céu é do condor. Recorremos novamente à uma certa liberdade poética para reafirmar que as praças de Belém recebem a todos com igual carinho – neste caso, um indiano, cuja fama perdura, há mais de dez anos, defronte ao Largo da Palmeira, no bairro da Campina. Na novíssima unidade, os comensais habituais podem se deliciar com as iguarias do cardápio, que mescla o uso de insumos regionais, combinados com ervas e especiarias indianas. A chef é Istadeva devi dasi, que aprendeu os segredos da arte culinária vivendo nos templos Hare Krishna na sua adolescência e juventude, aprimorando ainda mais em viagens à Índia e em seus incansáveis trabalhos de pesquisa. A maniçoba vegetariana é um dos pratos mais solicitados pelos clientes – tanto que ganhou o prêmio de melhor prato do Brasil, em 2013. Além dela, há o estrogonofe de pupunha e lasanha vegetariana, com recheio de jambu e molho de tucupi.

Rua dos Mundurucus, 1800 @govindarestaurante

Restaurante Avenida Em privilegiado endereço, na Nazaré com Generalíssimo Deodoro, o tradicional Avenida oferece uma igualmente privilegiada visão: o centro arquitetônico de Nazaré, casa da imponente Basílica Santuário. Do andar superior, onde confortavelmente o restaurante se instalou, o Avenida assistiu à passagem do tempo, mantendo-se na memória afetiva dos paraenses – sua história remonta ao começo do século XX, quando era uma cafeteria. Atualmente, a casa é comandada pelos irmãos Fernando Oliveira Júnior e Ana Paula Oliveira Chaves. O serviço é impecável e familiar, já que muitos dos garçons do salão estão na casa há anos. Entre os pratos mais pedidos, o filé à parmegiana, filhote com arroz de jambu, filé à moda da casa, camarão ao Grão-Pará e os regionais, como pato no tucupi e maniçoba. Não deixe de pedir o café da casa.

Avenida Nazaré, 1086 @restauranteavenidabelem

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dicas Brasil

Conceição Discos Podia ser uma loja especializada em vinis, mas trata-se de um dos melhores restaurantes de São Paulo. O nome é um convite: o cliente pode levar seu próprio vinil e pedir para ouví-lo, enquanto se delicia com as criações da chef Talitha Barros. Entre as preciosidades do cardápio, que privilegia pequenos produtores e a comida com gosto de casa, o arroz de bochecha de porco, o arroz de bacalhau e o pudim. Recomendamos ligar antes para saber o cardápio do dia.

Rua Imaculada Conceição, 151. São Paulo – SP @conceicaodiscos

Amadeus Sob os cuidados da chef Bella Masano, o Amadeus é uma casa especializada em pratos à base de frutos do mar – que são elevados à perfeição, nas combinações do cardápio. O Plateau Royal chega a parecer uma pintura, de tão bonito: lagostas, camarões, ostras, mariscos, vieiras e vôngoles servidos sobre gelo. O local e o menu pedem tempo: vá sem pressa, leve alguém querido consigo para desfrutar com qualidade. Sugerimos ainda o carpaccio de polvo, acompanhado de espumante super gelado.

Rua Haddock Lobo, 807. São Paulo – SP. @restauranteamadeus

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P O LT RO NA V I RT U S | EMERS O N BORG ES

Saccaro Belém | Av. Gentil Bittencourt, 1278 Nazaré | 91 3073.1400

Em mais de 70 lojas no m u n do • sac c aro .c om


dicas Brasil

Mahalo Ariani Malouf, chef do restaurante Mahalo, oferece aos seus comensais o melhor da cozinha criativa e com mesclas de sensações. Localizado em Cuiabá (ou seja, fora do eixo Rio-São Paulo), Ariani se destaca por oferecer um menu com influências da Amazônia e do Líbano, combinação que encanta os clientes e críticos especializados. Para começar, sugerimos o Tuna tartar, seguido pelo lombo de pirarucu e fechando com a Cartola do Serrado.

Rua Presidente Castelo Branco, 359 Quilombo. Cuiabá @mahalocozinhacriativa

SuR Arte Gastronômica Eleito pelo Guia 4 Rodas como um dos melhores do Brasil, o SuR também chama atenção por estar fora do Sudeste. Localizado em Maceió, no coração do Nordeste brasileiro, naturalmente a grande vedete são os frutos do mar. Acompanhados por emulsão de abóbora trufada e quinoa de cogumelos, os camarões e polvo, são uma excelente pedida! Mas se você preferir, há também o divino filé em crosta de brie. Para sobremesa, o escondidinho de cartola vai surpreender você!

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Rua Paulina Maria Mendonça, 759. Maceió. @restaurantesur









dicas mundo

DEN Elencado entre os 50 melhores do mundo, o japonês Den ganhou uma menção honrosa extra, que enfatiza a enorme hospitalidade. O cardápio é repleto de surpresas e texturas inovadoras. Os pratos são pequenas obras de arte, assinadas pelo chef Zaiyu Hasegawa. Destacamos a salada que traz 20 tipos de legumes e vegetais, sendo cada um deles preparados de maneiras diferentes. Um luxo no prato. A sobremesa fica por conta do surpreendente Tea-Ramisu.

Architect house hall JIA, 2-3-18 Jingumae, Shibuya Ku, Tokyo – JP. www.jimbochoden.com/en

White Rabbit Transpondo as páginas do clássico, o coelho branco encontrou uma morada perfeita: em Moscou, na Rússia. Brincadeiras à parte, o White Rabbit foi eleito um dos melhores do mundo e tal conquista é muito merecida. O chef Vladimir Mukhin surpreende com a abóbora tostada (servida com queijo de cabra e berries) ou o salmão branco com caviar vermelho. A gelatina de champanhe é um quadro vivo – chega até a dar dó de comer, de tão bonita. À boca, ela explode em várias sensações. Imperdível!

Smolenskaya ploschad 3, Moscow – Rússia. @whiterabbitmoscow

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LINHA

Todo o requinte das portas cava presente em sua cozinha.

|91| 3246.0302 Travessa Nove de Janeiro, 849 Umarizal | BelĂŠm/PA

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COMO NOS

TEMPOS DE

BELCHIOR

A Divina Comédia Humana é um blefe, um Pequeno Perfil de um Cidadão Comum, a Fotografia 3 x 4 de uma Alucinação. No entanto, é o Doce Mistério da Vida.

Celso Eluan Lima empresário celsolima2210@gmail.com

Nela repousam Galos, Noites e Quintais. Como se Fosse Pecado, Agimos como o Senhor Dono da Casa Todo Sujo de Batom de uma dama Brasileiramente Linda, mas Com Medo de Avião. Ouço Comentários a Respeito de John na Hora do Almoço e penso que isso é Como o Diabo Gosta E Que Tudo Mais Vá Para O Céu. Procuro uma Alegria, mas Sou Apenas um Rapaz Latino Americano perdido nas Paralelas do meu tempo Onde Jazz Meu Coração. Tem horas que o desespero bate e peço apenas que Saia do Meu Caminho, me esqueça. Não Leve Flores a Mucuripe muito menos Depois das Seis. Apesar dessa Velha Roupa Colorida não sou um Dandy na Lira dos Vinte Anos, talvez esteja apenas Brincando com a Vida, desencantado, compondo a minha Balada do Amor Perverso, inútil como um Clamor no Deserto. Antes do Fim, trago Notícias de uma Terra Civilizada: miseravelmente, A Palo Seco concluo que ainda somos os mesmos e vivemos Como Nossos Pais.

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Perdoem-me os leitores e minha querida editora, mas eu estava devendo uma homenagem ao meu maior ídolo musical, Antônio Carlos Belchior, desde sua morte, em abril de 2017. Gostaria de ter composto quase todas as letras dele, tal a identidade que assumo, mas humildemente me contento em assinar esse caleidoscópio dos títulos de algumas das suas magníficas composições.





perfil

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Carolina Menezes

Rafaela Cassiano

Milton Cunha, rapsódia em

verdade e vida.

Com uma trajetória digna de livro e/ou filme, o comentarista de voz e trejeitos inconfundíveis do carnaval da Rede Globo lembra da infância nos balneários do Pará, garante que se aposentar não é uma opção e fala sobre o paralelo que vive entre a vida regrada, caseira, e o personagem propositalmente criado com muito estudo e empirismo.

H

á quem diga que o preço mais caro a se pagar é o de manter-se fiel a si mesmo. Milton Cunha concorda com isso, mas fazendo essa máxima parecer um financiamento de suaves prestações, daquelas de prazo a perder de vista. Leve, sorridente e, sobretudo, carismático, ele sai de Belém para o Rio de Janeiro no início da década de 80 com um trocado no bolso, algum desgosto dos pais e a certeza de que algo muito grande o esperava - e que sorte a nossa. Psicólogo de formação, conta que estudou para ter firmeza diante das facilidades enganosas da vida que encontraria na cidade grande, e ele garante que não foram poucas. “Eu passei onze anos da minha vida trabalhando sem parar, porque não havia plano B. Ou eu passaria muita fome”, lem-

bra, sem esboçar nenhum “coitadismo”. Inegavelmente orgulhoso da vida que vive e de tudo o que construiu, desde o primeiro quitinete em Ipanema, quando ele se torna carnavalesco da Beija-Flor, à vida a dois com o marido, Eduardo Costa, com quem é casado há 12 anos, ele confessa, aos 57 anos, que se divertiu tanto que está cansado. “Sobrevivi porque nunca usei nenhum tipo de droga ilícita. As pessoas não têm ideia, mas eu sou muito doido! Há um regozijo na minha alma por eu ser quem eu sou”, explica, confirmando que a vida vai, sim, muito bem, obrigado, em meio a uma rotina muito intensa. “Muita coisa, muita gente, muito trabalho, muita correria, muito avião e está tudo ótimo”, confirma. Confira a entrevista completa: »»»

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Estás fora de Belém há muitos anos. Ainda assim, existe uma relação tua com a cidade, ou mesmo com o Estado? Se sim, é boa? Se não, por quê? Eu estou fora de Belém desde 1982, quando peguei um ônibus e fui embora. Tinha terminado a faculdade de Psicologia e parti para encontrar o meu futuro, meu sonho. Eu, literalmente, com a cara e a coragem, R$ 100 no bolso, eu parti porque eu acreditava que o futuro seria bom. E agora, passados 37 anos, nossa... 37 anos se passaram e... Eu volto sempre, mas eu sempre vou contratado a trabalho, sabe? As minhas passadas têm sido muito rápidas. Adoraria voltar a Peixe Boi, passeando, não trabalhando. Salinas, Mosqueiro, Icoaraci, que são as lembranças da minha infância. Papai e mamãe já faleceram, [tenho] dois irmãos aí, tios. Sempre que tenho evento aí aparece alguém da família para me ver, é uma alegria, uma festa. Então está tudo bem, tudo certo, mas a vida é muito corrida, né? Queria poder ir mais aí. Ainda bem que a minha “irmã”, Fafá de Belém, me convida sempre para ir ao Círio, ficar na varan-

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da dela, e sempre que posso, vou. E agora [referindo-se ao Círio 2019], por exemplo, eu fui e saí andando ali por São Brás. Vi a casa onde nasci, passeei no mercado, que está muito abandonado. Achei as ruas escuras, mal iluminadas, sujas. Acho que a “minha” Belém era mais bem cuidada, sabe?, que está na minha memória, a cidade hoje está mais mal cuidada. Tua primeira formação é em Psicologia, mas na pós-graduação você se dedicou a buscar conhecimento acadêmico sobre a área na qual escolheste trabalhar. Em algumas entrevistas, disseste que é justamente esse conhecimento que te aproxima das manifestações populares. Como foi para você encontrar essa conexão? O contato com as manifestações te fez querer estudar ou quiseste estudar para entender melhor as manifestações? Olha, eu fiz Psicologia porque eu achava importante dominar os processos psíquicos dos fantasmas. Todo mundo tem fantasmas, só muda de endereço, de perto ninguém é normal. Então eu fiz a Psicologia para me dar

base de amadurecimento, eu precisaria muito dela porque a minha luta, imagina... Chegar ao Rio de Janeiro, aos 19 anos, em 82. Teria que ter uma estrutura psicológica muito forte para dizer não às facilidades enganadoras da vida. E eu tinha muito foco, queria muito trabalhar. Então logo, de 82 até 90, eu trabalhei com moda. Fiz muita produção de moda para o Fantástico, da TV Globo, trabalhei no Scala Rio [casa de espetáculos localizada no Leblon], do Chico Recarey, com a Watusi [cantora e bailarina], Grande Otelo [ator, 1915-1993], o diretor era o Maurício Sherman [1931-2019]. Eu era camareiro, e via aquelas estrelas e tal. A minha grande chance vem, porque eu não conseguia me sustentar com o teatro, não dava o dinheiro, em 1993, quando eu, depois de onze anos no Rio, sou chamado pelo Anísio [Abraão David, atual presidente de honra] da Beija-Flor. Nessa primeira década eu trabalhei tão intensamente que eu não dormia, porque não tinha plano B. Se eu não trabalhasse, eu passaria muita fome. Juntei dinheiro e quando começam os anos 90 eu já compro o primeiro quitinete, então chego


na Beija-Flor já instalado, morando em Ipanema, na Visconde de Pirajá. Fico quatro anos, depois passo outros dois na União da Ilha, depois faço São Clemente, aí você sabe que há um grande incêndio no barracão da União da Ilha [em janeiro de 1999] e eu me retiro da cena, “famosinho”, e vou ficar um ano afastado. É nesse um ano que decido voltar a estudar, porque só tinha trabalhado. Já era carnavalesco e escolho voltar para as Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e eu passo no mestrado porque antes eu fiz especialização em Moda Indumentária, na Estácio de Sá. Fico quatro anos em Ciência da Literatura e Teoria Literária, estudando os enredos de Joãosinho Trinta [carnavalesco, 1933-2011] e publico a dissertação “Paraísos e infernos nos enredos escritos de Joãosinho Trinta”. Dali, parto para o doutorado direto e vou fazendo escola de samba, até 2009, ano em que apresento a tese “Rapsódia brasileira de Joãosinho Trinta”. Dou dois anos de pausa e em 2013 começo o pós-doutorado na Escola de Belas Artes. Basicamente, sou um estudioso, sou um enfeitado porque adoro meu personagem, de plumas e paetês, da televisão, e sou também um homem do povo. Eu frequento muito o botequim, a porta da escola de samba. Acho que emplaco na TV porque tenho a teoria, a prática e o personagem. Na hora de falar muito sério, eu falo. Na hora de contar a piada, eu conto. Na hora de dar pinta, eu dou. Mas eu consigo juntar as três pernas do que é preciso para ser um comentarista de manifestação popular. Porque já fiz muito também Boi de Parintins, foram cinco anos na transmissão da Band, então me movimento bem nesse meio, e acho que iria bem

para comentar o Maracatu, o Galo da Madrugada, iria bem em tudo isso. Em paralelo a todo o conhecimento que adquiriste para ser um profissional do carnaval, que já atuou em tantas frentes, você criou um personagem divertido, cheio de peculiaridades, seja no modo de falar, de se vestir, e com o qual o público

se identifica. Como é o Milton Cunha fora disso? Uma vez o Sidney Magal contou que uma fã meio que se decepcionou com ele ao encontrá-lo quase que anônimo em uma padaria, e ele disse que as pessoas têm essa ideia de que ele é o cantor de Sandra Rosa Madalena 100% do tempo. É assim com você também? Como você lida com isso?

O personagem é ótimo para ganhar dinheiro. É bom para puxar o Ibope. Mas é claro que, quando a gente acorda na segunda-feira às 8h, você não dormiu maquiado, com plumas. Leva uma vida absolutamente normal, regrada, então é claro que sou muito espirituoso, adoro os seres humanos, abraçar todo mundo, beijo todo mundo, sou bacana. E quando a pessoa me enche o saco eu digo “chega, vou me retirar”. Sei a hora de me recolher para também me resguardar. Você já foi carnavalesco, criou enredos vencedores, hoje é comentarista dos desfiles do Rio de Janeiro e criou uma identidade muito própria e nova dentro de algo que para o público já fosse batido, que é a transmissão da Rede Globo. Você já chegou com essa ideia de sacudir um pouco as coisas? Ou foi acontecendo? Eu sempre fui muito intuitivo, tive essa minha forma peculiar de ser. Aos quatro anos de idade eu já era essa coisa, esse trem. Me lembro do desespero dos meus avós, dos meus tios, da minha mãe, do meu pai, dos meus irmãos para me enquadrar. Eles não sabiam o que fazer comigo. Sempre não negociei. Ser isto que eu sou é o ar que eu respiro. A outra opção é morrer, desaparecer. Então eu era exatamente isso, tinha esse braço, essa mão, esse olho. Meus pais morreram sem conseguir compreender a liberdade que eu preciso, que eu necessito para ser o que nasci para ser. Então eu não negociei, eu já dei fora em governador, passa fora em deputado, eu sou isso. Querida, eu não tô te pedindo aprovação, eu não preciso da tua aprovação. Eu enfrentava padre do colégio marista, salesiano e as freiras do »»»

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colégio Berço de Belém. Nasci rebelde. Nasci assim: “não, querida, eu não vou ser o que vocês querem, vou ser o que sou, não vou para a hipocrisia que vocês me propõem”. Detesto hipocrisia, ser e não poder contar que sou, em qualquer coisa. Para o bem e para o mal, o público me assiste e diz: é de verdade, essa é a verdade dele, gosto ou não gosto, mas não percebo meia mentira. Ele não está fingindo ou interpretando, é isso, essa coisa. Acho que fica mais fácil para o público gostar de você sabendo que você é de verdade. E nessa verdade, quando fizeram o teste comigo, na Globo, no ar, eu fui exatamente para o outro lado, para onde ninguém iria. Sabia, desde que eu nasci, que só tem uma chance de você acontecer, que é sendo único. Você não é ninguém e ninguém pode ser você. Desde o primeiro momento, os diretores diziam “nossa, mas você é tão coloquial, tão solto” e tal. Se na TV Globo isso foi um ganho, eu te confesso que... Por exemplo, quando fiz o teste para a TV Educativa (TVE), a diretora disse “se você não fosse tão, se você não fosse tão assumido, a gente te daria um programa para apresentar”. Rede Brasil, ano de 1999, 1998, quando saio da Beija-Flor e vou pra União da Ilha. Faço o teste e a mulher me diz que sou gay demais. Querida [risos], eu saí de Belém do Pará, enfrentei pai e mãe, vim passar fome no Rio de Janeiro, tu acha que eu tô aqui para ser o que tu queres? Um boneco na tua mão? Enfia no c* esse teu galã apresentador de televisão, que para mim, ele não serve. Hoje, olhando para trás, fico felicíssimo de não ter perdido um segundo da minha existência nessa tentativa humana de mentir, de transformar todo mundo em padrão, ter um lugar na prateleira, menino veste azul, casa com mulher, tem filho... Deus me livre. Nunca tive qualquer pretensão de ter essa vidinha [risos]. Eu saí daí de mala e cuia, literalmente, uma mala de papelão e a cuia era de tacacá. E cada vez que

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eu desembarco numa capital distante do mundo mais eu estou aí perto, das tribos, da minha infância, das aldeias. Cada vez que eu desembarco na Groenlândia, toda vez que vou para os confins da África, da Ásia, eu estou muito próximo daquele silêncio da floresta. Entrava, sentava nos troncos e ficava ouvindo aquele silêncio, imaginando meu futuro, maquinando como ia ser. Sempre pensando nessa verdade, sabia que essa verdade iria me guiar. Quando cheguei na frente da câmera, só mantive isso. Pessoas chegam na frente da câmera e a câmera muda elas, elas montam um personagem. Eu, ao contrário, venho de uma vida vivida enlouquecida. Eu me diverti. Estou com 57 anos e estou cansadíssimo de tanto de diversão que eu já tive, e de toda a diversão que pinta por eu ser eu. Então, se eu puder dar um conselho aqui é: sejam vocês, 100%, total, sejam íntegros, se diferenciem da massa, da multidão do gado [risos]. Seja uma vaca cor de rosa [risos]!

rístico semanal da Rede Globo], quatro quadros, que eles me chamam. Adoro fazer texto escrito para mim. E aí eu enlouqueço com o texto do autor. Queria fazer uma novela, um mordomo, um diretor de redação de uma revista de moda. Queria fazer um cangaceiro matador, queria tantas coisas, fazer Oscar Wilde [escritor irlandês, 1854-1900]. Meus planos incluem ficção, muito, teatro e, não, não volto para barracão não, de jeito nenhum. Fiz 20 anos, chega, já foi. Adorei fazer, aprender tudo, mas chega. Gosto de fazer cenários para shows, montar projetos, mas essa coisa de ficar um ano dentro do barracão, com a escola, produzindo um desfile de uma hora e 20 minutos, não estou mais nessa não. Gosto de fazer coisas mais rápidas, mais curtas. Já estou indo para os 60 anos, a força física não é mais tamanha, e vou precisar dar uma descansada. Mas como eu tenho uma vida bem direitinha, organizada, está tudo se encaminhando para eu ser um velhinho sassariqueiro, um velhinho da pá virada e do barro remexido.

Eu enfrentava padre do colégio marista, salesiano. As freiras do colégio Berço de Belém. Nasci rebelde. Nasci assim!

Você também já fez Carnaval fora do Brasil, várias vezes. É melhor? É diferente? Quando fazes, ou quando fizeste, tentas, ou tentaste, levar elementos daqui para lá, ou vice-versa? A ideia que se tem de carnaval brasileiro é muito diferente da realidade? O carnaval internacional tem manifestações específicas na China, Uganda, no Caribe. Mas sabe o que percebo e que está na moda agora? É uma cópia do Carnaval carioca. Você tem Londres fazendo em Nottin Hill, que eu já fiz duas vezes, Suíça, carnaval de Lausanne, já fiz três vezes. São escolas com os moldes do Brasil. O Japão também nos copia muito. Quando faço, mato a saudade do barracão. É bem verdade que os barracões internacionais, Argentina inclusive, na província de Sant Loius, são barracões em escala bem menor. Os chassis são menores, as esculturas

Quais os teus planos para o futuro? Tens vontade de mudar de cargo, de voltar para os barracões...? Pretendes continuar estudando? Meu plano para o futuro é ser bem feliz. Isso inclui continuar na TV, fazendo ficção. Quero deixar um pouco o Jornalismo e quero interpretar. Acabei de fazer o Zorra Total [humo-


são mais baixas. Gosto de fazer e gosto de ver como o Brasil, que já exportava novela e futebol, agora explora esse modelo de narrativa super brasileiro. Ala, ala, ala, carro. Ala, ala, ala, carro. Ala, ala, bateria, passistas, alegoria. Isso é uma forma de narrar carioca, nascida nos morros, e é diferente do cinema, do teatro, da ópera, do balé, do circo. Bacana ver o mundo copiando, interessante ver. Engraçado é que quando sambam, cantam, tocam, dançam, e eles fazem isso, com enredo, com uma história, o samba é meio mequetrefe, descompassado. Quando dançam, parece que estão tendo um ataque epilético. Mas está tudo certo, estão se esforçando para serem sedutores, cariocas. Eu vejo como uma homenagem. Dá vontade de rir, de cair na gargalhada, mas eu dou força! Você vai gritando, sambando e eles vêm atrás. Joãosinho Trinta dizia que a alegria brasileira vai redimir o mundo no terceiro milênio. E a indústria cultural diz que o valor de um produto é a experimentação da alegria. O turista quer o sensorial da felicidade - e isso sobra no desfile da escola de samba, né? Quando passa o cortejo, a procissão, todo mundo sorri. É muito potente, energético. Eu vejo que essa proposta de espetáculo de alegria é o futuro de tudo e todo mundo está copiando. Tenho participado de muita coisa pelo mundo. Em Toronto, no Canadá, eu participo do Brazilian Bowl há sete anos. E tudo continua. Pensas em parar, te aposentar? Transformar tua vivência, não só de Carnaval, em livro ou algo do tipo? És extremamente discreto em relação à tua própria vida. Tens vontade de um dia mostrar, em detalhes, o que o Carnaval, por exemplo, fez pela tua trajetória? Não penso em me aposentar porque mesmo velhinho eu terei forças para escrever, gravar vídeos, continuar nessa batida - talvez não com essa força, mas vou continuar. Lancei um livro em Belém, na minha juventude, década de 80, “O Estranho Peixe que Pulou”. Em se- »»»

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guida, lancei “Carnaval e cultura - técnica e poética no fazer escola de samba”, em 2004, 2005. E agora vou para o terceiro, um livro de textos, mensagens, reflexões que publico na internet, me pedem muito. Vai se chamar algo como “um dedo de prosa” ou “saída para dentro”. São textos e fotos da minha vida, das minhas andanças pelo Brasil e pelo mundo, minhas crenças, no sentido da reflexão. Agora a biografia, claro que tenho que escrever, porque minha vida é de tal forma corajosa, inspiradora, para os malucos como eu. Sou testemunho vivo de que é o sonho que nos move, leva para frente. Acreditar, esse sou eu, perseverar, não ter medo. Medo é uma palavra que não existe no meu dicionário. Pode me empurrar, abrir a cortina que eu vou, não quero nem saber. Dormi psicólogo e acordei carnavalesco da Beija-Flor, que medo que nada. Pode dizer no ar que vamos lá, e vamos fazendo. Vou continuar, não vou me aposentar não.

Todo mundo tem fantasmas, só muda de endereço, de perto ninguém é normal. Então eu fiz a Psicologia para me dar base de amadurecimento, eu precisaria muito dela porque a minha luta, imagina... Como está tua vida agora, que projetos estás tocando? Há oito anos e sou contratado da TV Globo, e a partir de setembro eu gravo um programa chamado “Enredo e Samba”. Esse ano visito as 13 escolas do grupo especial - mas já houve ano em que foram 14 - e faço gravações extensas sobre o enredo da escola, explicando para o telespectador. Depois toco samba, danço nas comunidades,

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vou aos morros, às quadras, algo que dá muito trabalho, são gravações intermináveis. Faremos então 13 programinhas que irão ao ar dentro do RJ TV 1a edição [telejornal diário da afiliada carioca da Rede Globo]. Estou chegando, neste exato momento da entrevista [concedida por telefone], do Morro do Tuiuti, amanhã vou de novo, pela terceira vez, na Mangueira. Já fiz [entrevista com a cantora] Alcione, amanhã vou fazer Buraco Quente, e fiz as gravações extensas do Zorra Total. É muita entrevista, muita gente pedindo vídeos, encomendando mensagens. E tem uma coisa que são os bailes, que faço muito. Baile dos Passistas, Baile dos Destaques, o Glam Gay, dou aula nas universidades, aulas magnas, viajo muito, faço muita assessoria técnica de carnaval. Estive em Belém dando palestra para as ligas das escolas de samba, estou indo semana que vem para Manaus (AM), para uma Feira de Natureza. Cheguei do Amapá, fui ao Rio Grande do Sul, a Guaíba. Muita coisa, muita gente, muito trabalho, muita correria, muito avião e está tudo ótimo. Era assim que tinha que ser. Nasci para isso. Como essa rotina tão intensa encontra e se ajeita com a sua vida pessoal? Sou casado há 12 anos com o Eduardo Costa, que é professor de Educação Física e dançarino popular, passista de escola de samba, um projeto da vida dele que colocou em prática só depois de a gente se conhecer. Eu tenho a minha vida, ele tem a vida dele e temos nossa casa em Copacabana. A gente adora filme, cinema, ler jornal, conversar, e fora isso ele respeita completamente o meu papel cultural, meu personagem, minhas idas às gravações, às quadras, e eu respeito a carreira dele. É um modelo que dá certo. Ele é muito mais discreto e recluso do que eu, mas que vira um artista ao subir no palco. A vida está ótima, o casamento está ótimo, sempre falo com muita naturalida-

de quando perguntam. Só que isso não vem na minha frente. Meu personagem chega antes, depois é que as pessoas vão ver que tenho uma vida direita, normal, caseira. Porque pode parecer, e muita gente chega me trazendo papelote de cocaína, maconha, e mal sabem que já nasci louco! Uma champagnezinha vai bem - deviam trazer uma garrafa, se possível Cristal Picot. O que estou querendo dizer é que sobrevivi porque sou drogas ilícitas zero. Sou muito doido [risos]! Tenho uma alegria, uma energia, sou solar. Me acordo sozinho, olho no espelho e digo “bom dia, belezura!”, eu sou desses. Há uma alegria, um regozijo na minha alma por eu ser do jeito que sou e não ter negociado. Não há tristeza. Para todos os meus fantasmas eu digo “oi, fiquem aí porque vocês perderam a existência”. Sou movido ao prazer, a uma esperança do futuro que vai raiar. Naquela madrugada, naquela manhã, quando o meu pai esperou eu descer com a mala de papelão, estava amanhecendo o dia, aquele lusco-fusco. Pensei “ai, meu Deus, vai ter briga, ele não vai querer que eu vá, mas eu vou”. Quando desci, ele disse que iria me levar na rodoviária. Pensei “eita, olha isso”. E nós dois entramos no carro dele e as lágrimas desciam no meu rosto e no dele, e ele me disse “tu estás fazendo o que eu deveria ter feito na tua idade, devia ter ido embora”. E eu disse “pai, tu não fez, tu perdeu a tua chance, agora é a minha e eu tô indo”. O dia raiava para mim, para São Brás, para a rodoviária, para o mundo, para os esperançosos, para os loucos, para os sonhadores. E que o dia raie para todos os que lerem essa entrevista e que não morra a chama da crença de que o mundo é melhor quando é diverso. Cor de pele, sexualidade, conta bancária, grau de instrução nada disso define caráter, competência, que as oportunidades sejam para todos. Que o mundo encontre em cada ser humano a grandeza, a beleza, e que ninguém precise fingir para ser feliz. A felicidade é dos verdadeiros.




Ângela Sicilia chef de cozinha @angelasicilia

CONEXÃO

BRASIL-CHINA Estive, há algumas semanas, na China, a convite da Prefeitura/ Unesco para divulgar Belém como cidade criativa da Gastronomia. Trinta e oito horas de viagem me separaram do outro lado do mundo (quando eu penso que para chegar a alguns municípios paraenses, leva-se o dobro deste tempo, fico aqui imaginando quantos mundos o Pará tem dentro de si) e... Enfim, chegamos. A primeira parada foi Shangai, uma cidade tão cosmopolita quanto fiel ao seus costumes... Tênis confortável no pé, sem saber o que me aguardava, saí pela cidade. Não falo uma única palavra do chinês, mas com dinheiro na mão e vontade de desbravar essa cultura milenar, não passaria fome - tinha certeza disso!

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A cada esquina, um quiosque ou uma barraca improvisada de comida. Noodles, legumes, proteínas de todas as origens imagináveis... E pés de galinha (montes deles!) boiando em cumbucas de sopa. Eles amam! Acreditam ser os pés uma poderosa fonte de colágeno. E faz sentido: não vi uma única chinesa com pés de galinha no rosto (desculpem o trocadilho! Não foi intencional, rs). E o que dizer das pimentas? São alucinados por elas. Na China, os baianos comeriam só comidas “muito quentes”. Caí numa primeira “pegadinha” de pimenta. Depois eu fiquei esperta! O café da manhã dos chineses compara-se ao nosso almoço. Chás, muitas infusões, bolinhos, frutas,

pastéis no vapor, pés de galinha (tem pra todos os gostos). Os chineses gostam de comer bem e aprenderam a extrair o melhor dos insumos - ainda que cause estranheza aos ocidentais. Depois de Shangai, rumamos para Shunde. Lá, tendo por companhia outros chefs de outras partes do mundo/cidades irmãs da Unesco, houve uma linda celebração de intercâmbio, prova maior de que o alimento constrói pontes (algumas indivisíveis) e é o melhor intercâmbio que se pode ter. Minha conclusão final é de que após 38 horas de voo, algumas centenas de quilômetros de estradas, com muitos pés de galinha, paraenses e chineses são mais parecidos do que se imagina!



especial

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Yan Caldeira

Dudu Maroja

Lounge

Sicilia por

Leal Moreira A inspiração veio da Toscana, região reconhecida pelas paisagens exuberantes e modo de vida rústico. Transpor a inspiração das linhas no papel para a realidade foi uma missão confiada à Leal Moreira.

C

omumente diz-se que livros e comida nos transportam sem que tenhamos que sair do lugar. Essa é uma das filosofias do restaurante Famiglia Sicilia, que há 30 anos, tem a missão de oferecer aos seus comensais o melhor da culinária italiana. A casa serve as receitas originais, ensinadas pelo pai, Giuseppe Sicilia e de mamma Jussara. Comandado pelos irmãos Fabio e Angela, o restaurante já ganhou inúmeros prêmios e o reconhecimento popular de ser um dos melhores da capital paraense. Parceiros (inclusive da revista LiV, com a qual Angela Sicilia colabora há alguns anos), Famiglia Sicilia e a construtora Leal Moreira decidiram unir seus talentos para proporcionar ao público uma experiência sinestésica: viver a Toscana sem sair de Belém por meio de um lounge, dedicado a ser uma área para os clientes aguardarem com mais conforto. »»»

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Uma grande parceria estabeleceu-se para inaugurar o lounge a tempo para a tradicionalíssima temporada de apresentações do Natal FS. Realizada em apenas quatro semanas, o projeto teve contribuições essenciais dos parceiros: Design da Luz, Donna J, Ebbel, EspaçoNovo, Idélli, Imperador Soluções, Julia Leão, Metallo, Paraferro, RL e Salt, que deram o toque final de estilo no sofisticado ambiente. Emocionada com o resultado final, a chef Angela Sicilia disse que era mais um sonho realizado. “Queríamos aliar segurança, confiança à capacidade de transformar esse espaço a tempo para o Natal e a Leal Moreira fez isso acontecer. Somos parceiros e temos uma admiração enorme por tudo que a empresa faz. Estou mais feliz ainda porque isso ocor-

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re no ano em que nossa casa completa três décadas de existência”, declarou. O chef, sommelier e chocolatier Fabio Sicilia também estava muito emocionado na ocasião. “A Leal Moreira é uma empresa séria, compromissada e com um estilo de empreendimentos com o qual nos identificamos muito. Não haveria parceria mais perfeita do que a nossa!”, afirmou. Para o diretor de marketing da Leal Moreira, André Moreira, a concretização do sonho dos Sicilia é a grande matéria-prima de uma parceria cujas bases são a confiança e admiração. “A Leal Moreira entende que a conclusão do lounge é também um presente para a cidade que tanto amamos. Realizar isso juntamente com o Famiglia Sicilia é um orgulho enorme para nós”, finalizou.





especial BelĂŠm 404 anos

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Rodrigo Cabral

Dudu Maroja

Belém das

bibliotecas: a história que

poucos conhecem

Belém possui imponentes templos. Cheios de memórias e movimentação cultural, cumpriram (e continuam cumprindo) o fundamental papel de disseminar uma devoção especial e extremamente necessária: a devoção pela leitura e pela história. As bibliotecas da cidade, além de abrigar a história do mundo em milhares de páginas, também fixaram prateleiras nas vidas de quem passou, formou-se ou se transformou por elas.

N

em precisamos ir tão longe. Se você estiver pelo centro da capital paraense, pode entrar, pela Avenida Conselheiro Furtado ou pela Gentil Bittencourt para (re)encontrar a Biblioteca Pública Arthur Vianna, localizada dentro do Centur. A instituição que, hoje, integra a Fundação Cultural do Pará, foi fundada há quase um século e meio, como anexo do Arquivo Público do Estado e, há 37 anos, transferida para o prédio atual. Aos que nasceram em Belém (quando não recorríamos à internet e ao Google para as pesquisas escolares), a Arthur Vianna tem um apelo afetivo: não há como não lembrar o quanto era bom subir aquelas escadas, girar as catracas e encontrar o contraste entre o silêncio do

ambiente e as múltiplas vozes do conhecimento ali reunidas. Se você foi estudante nessas três últimas décadas, certamente passou por lá. O acervo geral, hoje, conta com aproximadamente 800 mil exemplares, entre livros, periódicos, vinis e DVDs. É aberto ao público, das 8h às 19h, sem intervalo. O prédio abriga a biblioteca principal (com as áreas de consulta e empréstimos), o Infocentro (que disponibiliza computadores com acesso à internet), arquivo de jornais e revistas, seções de obras do Pará e de obras raras. Também mantém uma área lúdica, com brinquedoteca, fonoteca (acervo de vinis para serem ouvidos no local. Conta com poltronas, vitrolas e fones de ouvido), sala de audiovisual (com TVs e DVDs), biblioteca infantil e gibiteca. »»»

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“É no espaço lúdico que, todas as terças e quintas-feiras, recebemos visitas escolares e realizamos contação de histórias e teatro de fantoches. São momentos muito importantes para o estímulo à leitura entre as crianças. Na seção de obras raras, temos em torno de 100 mil exemplares. Quase a totalidade deles é advinda de doações. São livros que faziam parte dos acervos particulares de personalidades paraenses, como os escritores Idelfonso Guimarães e Haroldo Maranhão, por exemplo, e que vieram a ser doados pelas famílias deles após o falecimento”, conta Simone Rabelo, 47 anos, bibliotecária da Arthur Vianna. Parte desses títulos raros já está digitalizada e pode ser acessada no site da Fundação Cultural do Pará. Mensalmente, essa

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seção recebe uma média de três mil acessos on-line, a partir de computadores do Brasil e de outros países. Mas não pense que o processo de digitalização esvaziou a biblioteca. Simone se orgulha em dizer que a circulação média de pessoas no espaço é de 700 por dia. “Recebemos gente que vem fazer pesquisa, emprestar livros ou, simplesmente, aproveitar o espaço e o silêncio para estudar. Na época do ENEM, isso aqui fica lotado todas as tardes. Em alguns dias, foi preciso colocar cadeiras extras para atender todo mundo. Trabalhar em uma biblioteca pública é incrível! Aqui, eu atendo professores, alunos, pesquisadores, donas de casa que adoram ler e até moradores de rua. É um público muito diverso. Certa vez, um de nossos funcionários chegou

contando que viu um homem deitado na calçada, abraçado com um de nossos livros, todos os exemplares são identificados com etiqueta da instituição”, conta Simone. Qualquer pessoa pode emprestar livros na Biblioteca Arthur Vianna, mediante a realização de um cadastro prévio, para o qual é necessário apresentar documentos de RG, CPF e comprovante de residência. Pessoas em situação de rua têm a oportunidade de se cadastrar, pois, geralmente estão vinculados a algum abrigo e utilizam o comprovante de endereço da entidade para ter como referência. Cada leitor pode emprestar até dois livros por 10 dias. Idosos, a partir de 60 anos, têm um tempo maior pra devolver: até 14 dias. Já os professores, podem levar até três livros por vez.


Quando se pega um livro raro ou se lê um jornal do ano de 1850, é como se você voltasse para aquela época

Com Portugal, veio o mundo para as prateleiras Agora, sigamos na leitura até a Rua ‘Phila’, escrita em Latim”, destaca. Senador Manoel Barata e vamos cheHá 20 anos, Nazaré sobe e desce gar um prédio histórico, no bairro da as escadarias de madeira do prédio Campina. Propriedade privada de um da sede social do Grêmio. O som dos clube social, no terceiro andar, abriga passos nos degraus parece contribuir a biblioteca Fran Paxeco, considerada para o clima de volta no tempo. Os a terceira do Brasil em quantidade de livros e jornais são cuidadosamente obras raras. Segundo Nazaré Goes, bi- guardados em armários de madeibliotecária responsável, o espaço foi ra com portas de vidro. Neles estão criado em 1867, junto com a fundação armazenados livros raríssimos alusida agremiação, com o objetivo de pro- vos a Camões, assim como a primeiporcionar ambiente para leitura e re- ra edição ilustrada de “Dom Quixote”, creação aos imigrantes portugueses, de Miguel de Cervantes, lançada em no período da Borracha. Não por coin- 1723. Outro exemplo de raridade é cidência, o clube que a detém cha- a obra “Chronographia y Repertorio ma-se Grêmio Literário e Recreativo de los Tiempos”, publicada pelo asPortuguês. trônomo espanhol Francisco Vicente “Naquela época, a biblioteca tinha o de Tornamira, em 1585. O exemplar papel de manter os lusitanos que mo- da biblioteca do Grêmio Literário e ravam em Belém informados sobre os Recreativo Português é o segundo a acontecimentos da Europa. Eles vi- ser encontrado fora da Espanha. nham aqui para ler os jornais que che“Quando se pega um livro raro ou se gavam de lá. Temos um acervo geral lê um jornal do ano de 1850, é como de livros. Porém, grande parte é sobre se você voltasse para aquela época”, literatura portuguesa e francesa. Entre diz a bibliotecária. A biblioteca Fran os franceses, contamos com edições Paxeco guarda, ainda, jornais e revisoriginais – alguns em suas primeiras tas de Portugal e de outros países da edições – e outras traduzidas para a Europa, do período entre 1840 e 1856. nossa língua. A biblioteca reúne aproxi- Periódicos paraense já extintos tammadamente 35 mil exemplares. São tí- bém fazem parte do acervo, como tulos que contam a história de Portugal, o “13 de maio”, o “Velho Brado do coleções sobre a Amazônia, além da Amazonas”, o “Correio dos Pobres”, “O obra de Camilo Castelo Branco quase Publicador Paraense”, entre outros. O completa. O livro mais antigo da biblio- espaço é aberto ao público, de segunteca data de 1528, é a obra religiosa da a sexta, das 8h às 12h. »»»

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Colônia, Império e República no mesmo lugar, ao mesmo tempo Para finalizar o nosso passeio literá- ram para fora. “O prédio é um oásis no rio, vamos voltar algumas páginas. Na meio do Comércio. Foi todo construído verdade, muitas, até retornar ao ano de em estilo neoclássico. Tanto a área ex1901. Lembra que falamos, lá no início, terna quanto a interna e os mobiliários que a Biblioteca Pública Arthur Viana remontam ao período da Belle Époque. nasceu atrelada ao Arquivo Público do Aqui, no final no século XIX, funcionaPará? Então, é para lá que iremos agora. va o Banco Comercial do Pará. Hoje, o Órgão do governo do Estado, ligado à Arquivo Público abriga mais de quatro Secretaria de Cultura, tem como prin- mil documentos. Se organizados de cipais missões recolher documentos forma linear, chegam a dois mil metros históricos produzidos pela administra- de história”, evidencia Leonardo Torii, 36 ção estadual, conservá-los e disponi- anos, historiador e diretor do Arquivo bilizá-los à sociedade. É considerado Público. O espaço é aberto de segunda o quarto mais importante do país, reú- a sexta, das 8h às 15h. Não é necessário ne documentos dos períodos Colonial, agendamento. Imperial e Republicano. Entre eles, corAlém de base para pesquisas e esrespondências que contam sobre a co- tudos acadêmicos, o Arquivo Público lonização portuguesa na Amazônia, for- é acessado como fonte de provas para necem informações sobre os conflitos processos pessoais. “Somos procucom os indígenas na época, além da rados por gente que deseja pleitear introdução dos negros e a escravidão dupla cidadania e vem em busca de na região. documentos que possam comprovar Situado na travessa Campos Sales, nº o parentesco com antepassados por273, está no epicentro da movimenta- tugueses ou espanhóis, por exemplo. ção do comércio de Belém. No entanto, Além disso, funcionários públicos que é como se os seus portões abrissem trabalharam para o Estado na década verdadeiros portais para outra dimen- de 1980, em repartições que já foram são. Do lado de dentro, o visitante é extintas, também vêm para encontrar envolvido por uma sensação de paz e documentos que possam referendar o silêncio absolutos, que até se esquece tempo de serviço para o processo de de toda a confusão de sons que fica- aposentadoria”, afirma o diretor. Muitos

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dos arquivos são documentos administrativos, que passaram a ter valor histórico. Há registros de inquéritos policiais do século XIX e parte do XX, prontuários de hospitais, um verdadeiro quebra-cabeças que, ao se encaixar, revela imagens de como era a sociedade paraense ao longo do tempo. Com documentos do período colonial, o Arquivo Público do Pará tem importância reconhecida, também, por guardar registros de outros estados da federação. Naquela época, integrávamos o Estado do Grão-Pará e Maranhão, uma unidade administrativa da coroa portuguesa, que englobava as regiões que, atualmente, correspondem aos estados do Pará, Amazonas, Maranhão, Amapá, Roraima e Piauí. “O Arquivo Público detêm correspondências das autoridades estabelecidas aqui com a coroa portuguesa, cartas entre as lideranças da capital com as lideranças de São Luís e da capital com os municípios do interior. São documentos que revelam informações interessantes, como a importância dos rios, a forma como se deu a escravidão e a incorporação de hábitos indígenas pelos portugueses, como dormir em redes e comer farinha”, afirma o diretor Leonardo Torii.


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O dono da festa, ó pa! Técnico do Flamengo arrebata a torcida, declara sua paixão pelo clube e fala sobre o futuro.

E

le nasceu Jorge Fernando Pinheiro de Jesus, em Amadora, 1954, nos arredores de Lisboa. Mas esse ano Jorge Jesus foi rebatizado na Gávea. Cabelos grisalhos e desalinhados, Jorge Jesus hoje atende por muitos nomes: ídolo, santo, salvador, gênio ou, simplesmente, como a nação rubro-negra gosta de chamar: o Mister. O grito é famoso nos estádios. “Olê, Mister!”, “Olê, Mister!”. Entoam os torcedores do Flamengo, encantados com o desempenho do time em campo. Seja com qual nome, os torcedores estão completamente apaixonados pelo técnico de futebol português, que deu ao clube duas conquistas históricas: foi campeão nacional e continental em um mesmo fim de semana. Em menos de um dia. Em novembro, o Flamengo sagrou-se campeão da Copa Libertadores da América num sábado, em Lima, no

Peru, enfrentando e batendo o forte rival argentino River Plate por 2 a 1. E não só venceu. Venceu historicamente, inacreditavelmente, quase que milagrosamente, fazendo dois gols em dois minutos e virando o placar da partida no fim do jogo. Enquanto os torcedores ainda gritavam, meio incrédulos, em comemoração ao título, no dia seguinte, no domingo, uma combinação de resultados deu ao Flamengo o Campeonato Brasileiro. A dupla conquista na mesma temporada só tinha sido igualada pelo Santos de Pelé, em 1963, há 56 anos. E mesmo assim não num prazo tão curto, 24 horas. Na noite de domingo, o Flamengo era bicampeão da Taça Libertadores da América e hepta campeão do Campeonato Brasileiro. A famosa “nação” rubro-negra, que já estava apaixonada, jogou-se aos pés de Jorge Jesus. »»»

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A paixão entre torcida e o treinador flamenguista, hoje plenamente correspondida, foi construída aos poucos. No início do ano, Jorge Jesus, quando citado como um dos nomes para comandar o time, ainda era dúvida entre muitos torcedores. Idolatrado pela torcida portuguesa, principalmente pela do Benfica, um dos maiores times de Portugal, Jorge Jesus nunca conquistou grandes títulos europeus. Tinha uma carreira vitoriosa, mas não tinha renome mundial. Ex-jogador, vestiu a camisa de 12 clubes portugueses, até se tornar técnico em 1990. Levou o Amora Futebol Clube à Segunda Liga, chegou à

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final da Taça de Portugal como técnico do Belenenses, venceu a Taça Intertoto como treinador do Braga e, no Benfica, ganhou dez títulos e alcançou duas finais da Liga Europa. Mas, no Flamengo, Jorge Jesus virou Deus. Levou o incerto Flamengo do início do ano para uma conquista que já é histórica e mais: vai disputar o Mundial Interclubes em dezembro. “É um título também muito importante para o Brasil. É preciso agora ter fé para conquistar, e pra isso eu conto com toda a estrutura atrás de mim, ninguém ganha nada sozinho”, diz. Logo depois da conquista, Jorge Jesus, depois de desfilar em carro

aberto pelas ruas do Rio de Janeiro, ser adorado pela torcida, ainda recebeu o título de cidadão carioca da Câmara dos Vereadores do Rio. Na cerimônia, falou com a imprensa brasileira e internacional sobre a excelente fase que vive. Fica no Flamengo? “Se depender do coração, sim, mas vamos decidir na hora certa”. O que espera deixar de herança? “Meu legado será para as crianças”. Emocionado, voz embargada, olhos lacrimejando, Jorge Jesus agradeceu o título e confirmou que está apaixonado pelo Flamengo. Se depender da torcida, esse sonho não vai terminar.


A Era Jesus - temporada inesquecível • 33 jogos – 23 vitórias • 8 empates e 2 derrotas • 73 gols marcados • 28 gols sofridos Taxa de aproveitamento – 78,4% Em campo pela Libertadores da América • 7 jogos – 4 vitórias • 2 empates, 1 derrota • 13 gols marcados • 5 gols sofridos Pelo Brasileiro • 25 jogos – 20 vitórias • 4 empates, 1 derrota • 58 gols marcados • 21 gols sofridos Jogos na Copa do Brasil • 2 jogos – 2 empates • 2 gols marcados • 2 gols sofridos As conquistas do técnico • 3 Ligas Portuguesas • 1 Taça de Portugal • 6 Taças da Liga Portuguesa • 2 Supertaças de Portugal • 1 Copa Intertoto Uefa • 1 segunda Divisão Portuguesa • 1 Supertaça da Arábia Saudita

Como o senhor se sente sendo agora cidadão carioca? É uma mistura de sentimentos, não é só desportiva, mas também sentimental. Antes de ser cidadão carioca eu já era cidadão brasileiro. Estou num país que fala a mesma língua, e até nós portugueses sabemos melhor, porque nossa história nos obriga a conhecer muito do Brasil, tudo isso está ligado. Portugal está ligado ao Brasil desde 1500. Antes de ser carioca eu já era cidadão brasileiro. Sempre aprendi que Brasil e Portugal são países irmãos. Sinto grande orgulho, tem um grande significado. Um dos motivos disso é o Flamengo. Não vou me

cansar de dizer que o Flamengo é o maior clube do mundo. As conquistas desportivas do Flamengo, nesses últimos meses, têm sido das mais importantes da minha vida. O senhor pretende continuar no Brasil? Vou continuar, tenho contrato com o Flamengo até maio. O importante neste momento é que estamos numa competição muito importante para o Flamengo, para o povo brasileiro, para todos os jogadores, para os torcedores do Flamengo, que é o campeonato do mundo. Esse é o nosso foco. Outras coisas natural-

mente vão ser resolvidas pela força das circunstâncias. Depois de todos esses meses, a equipe já está jogando como o senhor quer, ou ainda há alguma coisa a melhorar? Bom, eu não queria entrar muito em questões sobre a equipe do Flamengo, eu hoje estou aqui, como treinador do Flamengo, é verdade... mas também estou aqui como cidadão português, e agora também como cidadão carioca e também brasileiro. Essa minha homenagem hoje aqui tem um significado muito sentimental pra mim. »»»

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É verdade que, dos troféus da minha carreira, esses foram os mais importantes, mas eu também já ganhei muitas coisas importantes em Portugal. Mas isso mexeu comigo. Por isso, já agradeci, nessa casa bonita, não só aos brasileiros, mas também a todos os vereadores. Por terem lembrado e reconhecido que eu, por ser treinador do Flamengo, fiz coisas importantes, mas há muitas outras coisas importantes a fazer no Brasil. Pretendo lançar um livro e um percentual das vendas desse livro eu pretendo doar para uma instituição do Rio de Janeiro. O que o senhor acha desse feito, de ter sido campeão Continental e nacional em tão pouco tempo, um feito que só tinha sido alcançado pelo épico time do Pelé, o Santos? Isso faz parte da vida de um treinador, mas eu estou tão emocionado (a voz fica embargada), que não tenho falado muito, falo mais em nome do Flamengo. Mas eu estou aqui hoje, diante de tanta gente do Flamengo, também de sua diretoria, que soube transformar as idéias que nós tínhamos pro time. Foi o casamento perfeito. O que vai dentro de mim é

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um sentimento bom, é a forma carinhosa, profissional, a maneira como eu fui recebido pelo Flamengo. Pra mim, isso teve o significado especial de ter me transformado numa pessoa que pode ser tomada como referência, não só para os jogadores do Flamengo mas... Eu sempre mexo com as crianças. Em Portugal eu já trabalhava com crianças. E eu espero deixar boas lembranças para os jovens do Brasil e principalmente do Rio de Janeiro. Quais são as próximas estratégias agora? Como estão os preparativos para o mundial? Bom, agora vamos ter um tempo para pensar no mundial. É um título também muito importante para o Brasil. É preciso agora ter fé para conquistar, e pra isso eu conto com toda a estrutura atrás de mim, ninguém ganha nada sozinho. Por isso ganhamos esses dois títulos importantes, aqui no país e fora do Brasil. Agora temos mais um título para ganhar fora do Brasil, e temos todas as condições como equipe e como estrutura para chegarmos a ele. Eu aprendi muita coisa no Brasil, e tenho aprendido. E tenho aprendido

com um povo que é maravilhoso. Na Europa, não somos muito bons em expressar nosso sentimento, mas eu tenho aprendido. Nesse momento não passa mais nada na minha cabeça que não seja trabalhar pelo Flamengo. O que eu sei hoje, com muita certeza, é que temos um objetivo pra conquistar para a “nação”. O senhor já se admitiu um apaixonado pelo Flamengo, se tiver um convite pro senhor permanecer, qual é a sua vontade? Quais são os planos pra depois do fim do contrato? Não é fácil pra mim responder essa pergunta diretamente. Se for pelo coração, claro que eu gostaria de ficar no Flamengo. Mas para além disso há outros fatores que são importantes, que devem ser levados em conta na vida de um treinador. Mas vamos passo a passo, todos, pensando no que é melhor para o Flamengo, o que é melhor pra mim. E quando tivermos que decidir, vamos levar em conta não só as decisões profissionais, mas também as afetivas, porque as afetivas já estão no meu coração. Nós vamos decidir da melhor maneira.





galeria

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Dominik Giusti

Inspiração que vem da

Acervo pessoal/Divulgação

força

Com traços fortes, que delineiam rostos de mulheres vigorosas, o artista visual Negritoo, de São Paulo, homenageia o universo feminino em que fora criado. “Meus pais se separaram e eu cresci rodeado por mulheres. Minha mãe trabalhava o dia inteiro e eu ficava com minha avó e tias. Sempre encontrei mulheres com personalidade forte e independentes”, revela. Ele é um dos artistas que estão despontando na cena contemporânea brasileira e se prepara para participar em dezembro do Art Basel, uma das mais conhecidas e maiores feiras de arte em Miami.

A

arte urbana, como referência, salta aos olhos. Dentre outras influências, Negritoo traz, em suas obras, o colorido do grafite. Das histórias em quadrinhos, a ideia das personagens – em suas memórias ainda constam os famosos da Hanna Barbera e o famoso Pica-Pau. Já o movimento vem das inspirações nas obras do pintor tcheco Alphonse Mucha, ícone do art-nouveau e que também pintava mulheres em suas melhores formas. Walney Martins (nome de registro de Negritoo) acredita que, imerso nesse liquidificador de arte, ainda tem um vasto caminho de descobertas pela frente. “No começo eu costumava deixar os desenhos somente em preto e branco e aos poucos fui acrescentando as cores. Vi que era algo alegre e gostei dessa sensação. As pessoas se sentiam alegres também, com essa ideia do trabalho ser mais colorido. Sinto que isso tudo ainda está em processo; percebo mutações no meu trabalho, como algo que ainda está se moldando. Mas acredito que cheguei num resultado que estou gostando bastante”, afirma, acrescentan-

do que é normal de todo artista revisar sua carreira. Nesse período de testes e experimentações, ele também tem feito trabalhos em outros suportes: telas, muros, paredes… mas também madeiras e, até mesmo, bases de skate. Da mesma forma que varia com os materiais, o artista alterna entre spray, lápis, tintas e a pintura digital. Ele conta que sempre gostou de experimentar, fazer coisas novas para “sair da zona de conforto”, misturando suas ideias com os detalhes de obras de artistas que ele admira. “Vejo meus trabalhos antigos e o quanto eles mudaram. Então, sei que daqui a um ano, a minha forma de desenhar e pintar também vai ser diferente, estou sempre tentando testar coisas novas para expressar minha arte”, conta. “Gosto de ir variando os suportes para experimentar, mesmo com os shapes quebrados dos skates, que normalmente vão pro lixo, pra mim servem como tela, superfície – da mesma forma como faço grafite no muro. Não quero ficar só na parede ou no papel. Gosto de mudar para ver os efeitos e as transformações dos objetos”, diz. »»»

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O começo Para Negritoo, a arte surgiu naturalmente em sua vida. Ele lembra que, ainda criança, quando tinha entre 3 e 4 anos, já adorava desenhar os super heróis que via na TV. Quando decidiu falar para a mãe que queria ser artista, veio a preocupação com o sucesso na carreira e o desejo mesmo era que ele seguisse por profissões como médico ou advogado. “Mas nunca tive o menor dom para isso”, admite o artista, que após terminar o ensino fundamental, foi estudar na escola técnica Carlos de Campos, onde passou quatro anos aprendendo

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sobre arte. “Era como se fosse uma faculdade! Aprendi gravura, pintura, história da arte e isso abriu minha mente. Foi quando tive certeza que queria trabalhar como artista. Formado na escola técnica, fui para a Mackenzie fazer o curso de desenho industrial. Iniciei nos estágios como designer gráfico e, desde então, trabalho como designer e ilustrador”, conta. E no meio das demandas, o que era apenas um hobby - desenhar sem o compromisso de entregar aos clientes - acabou se tornando a sua expressão autoral, o

que foi ganhando peso ao longo dos anos, com os rostos femininos. Ele gosta de definir como “rostos expressivos, mas que carregam também melancolia e mistério”. “Gosto de passar esses sentimentos. Às vezes vejo no Instagram um rosto interessante e fico rabiscando, buscando algo entre a força e a delicadeza”, diz, sugerindo que agora é só o começo. “Agora que estou começando a entrar nesse circuito de mostras. Tem pouco mais de um ano e meio que meu trabalho autoral tem aparecido”, comenta. »»»


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Um dos seus objetivos, para os próximos anos, é realizar mais expiações e uma mostra individual. Por enquanto, ele se conecta com o público de forma virtual, por meio do Instagram, rede social que também tem sido uma vitrine para venda de trabalhos e para networking. Para os próximos meses, ele está pesquisando uma maneira de inserir nos desenhos um volume, por meio de MDF. “Já fiz umas três peças, são desenhos que mando recortar em madeira e viram 3D. Tenho realizado aos poucos e estou achando legal, um resultado bem interessante”, adianta.

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FELIZ

SONHO NOVO No intervalo do trabalho, em meio à correria de fim de ano, eu paro para contemplar, uma sabedoria recente que tem me feito muito bem. No Palácio do Catete observei que os jovens andam em bandos, abraçados aos amigos, ou se beijam sentados na grama. Já as crianças correm livres, atrás dos patos e pombos, vigiadas por suas babás. Os velhos, não. Os velhos sentam solitários em bancos cativos. Eles passam horas ali. Sentados, sozinhos, observando o tempo dos jovens e das crianças. Os velhos conseguem prever o futuro, como cartomantes. Eles sabem que aquelas crianças serão sufocadas por suas versões adultas. Eles sabem que aqueles jovens vão sofrer por amor. E uma vez recuperados da primeira decepção amorosa, vão se formar, arrumar um bom emprego, casar com o “verdadeiro amor da sua vida” (que, misteriosamente, aparece entre os 25 e 35 anos), ter filhos, comprar um apartamento, um carro, viajar uma vez por ano, desenvolver doenças psicossomáticas e morrer. Eles, os antigos, sabem que toda criança some dentro da gente. Toda criança, um dia, desaparece. E por mais que espalhemos cartazes em busca dessa criança que um dia fomos, ela dificilmente é reencontrada. É quando os sonhos de infância morrem, e passamos o resto da vida de luto pela ingenuidade que perdemos. Adultos amargos que dedicam seus dias a julgar a alegria alheia, a criticar a brincadeira do vizinho que ousa não levar a vida tão a sério. O adulto não precisa aprisionar a sua criança no passado, e sim seguir caminhando de mãos dadas com ela pela vida. Essa criança continua aprendendo coisas novas com mais

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facilidade, enquanto o cérebro adulto vai perdendo as sinapses com o tempo. Esse papo de “perseguir realizações” na vida, perderá todo o sentido quando, ao sentarmos no banco da praça, por volta dos 70 anos, percebermos que as memórias inesquecíveis são as das brincadeiras de infância, daquela paixão avassaladora, das perdas e tropeços, das aventuras e perrengues naquele “mochilão” com os amigos. “O inconsciente é a memória do esquecimento”, já dizia Freud. Toda essa epidemia de depressão, Burnout e síndromes de pânico, que crescem vertiginosamente em nossa sociedade, podem surgir dos gritos que ecoam do seu próprio porão. Pegue a chave e liberte sua criança de lá. As horas voaram e quando dei por mim, já era tempo de voltar ao trabalho, mas antes sentei ao lado de um velhinho solitário e sorri. Como só as crianças conseguem fazer com estranhos. Ele olhou bem dentro dos meus olhos, me ofereceu um pirulito e disse: “Feliz ano novo”. Eu agradeci e confiei na sua bênção. Os velhos são videntes.

Leila Loureiro advogada, professora universitária e escritora @leilaloureiro


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Wagner Pinheiro/Divulgação

Ana Roldão Chef e historiadora Convidada especial desta edição

Colombo:

uma jovem senhora de 125 anos A Confeitaria Colombo faz parte da identidade cultural e culinária do Rio de Janeiro. Uma das suas missões, além do bom atendimento e das boas receitas, é o resgate dessa memória gustativa e cultural da cidade, um Rio que viveu o esplendor da belle époque – por isso, muitas informações sobre a Colombo ainda são um tesouro escondido.

M

anuel Lebrão, um português da região do Minho, fundador da Colombo, chegou em terras brasileiras, sem dúvida, à procura da sorte de uma vida melhor, talvez encantado com a lenda da árvore das patacas, como dizia o imperador d. Pedro I, “o dinheiro no Brasil dá em arvores ...”. Brincadeiras à parte, a jovem e elegante senhora da belle époque faz 125 anos mais “inteirona” do que nunca, plena de saberes, sabores e histórias para contar. Em 1894 nascia a Colombo, na rua Gonçalves Dias, números 34 e 36, a partir de uma sociedade entre Manuel José Lebrão e outro imigrante português, Joaquim Borges de Meireles que, algum tempo depois, saiu da sociedade. No prédio simples funcionava uma fábrica de doces, armazém de secos e molhados, restaurante, serviço de catering e refinaria de açúcar. Os cozinheiros e confeiteiros, além do pessoal de salão, vieram de Portugal, Áustria, Hungria, Alemanha e Suíça. Lebrão era um homem sábio e tinha ideias inovadoras para a época: dava muito valor ao trabalho e no primeiro ano distribuiu 20% dos lucros da empresa aos funcionários. Estes trabalhavam com afinco. Além disso, deu cotas de participação para alguns, criando a figura dos “interessados”, que depois se tornariam seus sócios – ao que se dizia na cidade, que “na Colombo quem entra empregado, sai patrão”. Os produtos usados na confeitaria eram da melhor qualidade: vinham da Europa e dos Estados Unidos. O açúcar para a refinaria vinha de Pernambuco. No restaurante, os pratos misturavam a culinária portuguesa e a francesa. Inicialmente um espaço pequeno, logo começou a receber famílias, o que não era comum. Na verdade, a Colombo servia as famílias até um certo horário. Depois, era frequentada por coronéis e cocotes, um hábito da época! »»» 79


Naquele tempo, os intelectuais frequentavam a confeitaria Paschoal. Uma desavença por causa do recheio de uma empada, fez com que Olavo Bilac não fosse mais ao local. A convite de Lebrão, o poeta tornou-se assíduo da Colombo e logo foi seguido por sua legião de seguidores. Assim, a Colombo passou a receber Machado de Assis, Chiquinha Gonzaga, Rui Barbosa e outros. Logo, a confeitaria portuguesa havia se tornado o reduto da intelectualidade carioca! A roda de Bilac e seus amigos nas mesas da Colombo era uma das atrações da casa. Machado de Assis gostava de comer folhados com limonada e o poeta Bilac apreciava muito o empanado de camarão acompanhado de água Caxambu. Em 1897 Lebrão promove a primeira grande reforma do local: a refinaria de açúcar e uma parte da fábrica de doces são transferidas para outro endereço. A reforma dura três anos e neste tempo a Colombo nunca fechou. Neste período, a confeitaria já faz jus à fama: fornece grandes refeições e piqueniques e tem um serviço de catering muitíssimo sofisticado que atende para banquetes no próprio espaço e nas residências da alta sociedade. Após a reforma, a Colombo se torna um espaço de luxo. Iluminada pelas primeiras lâmpadas elétricas, passa a ser o local preferido e ponto de encontro da sociedade carioca. Suas vitrines douradas, aquecidas a gás, eram repletas de iguarias salgadas como empadinhas, croquetes, siris recheados, rissoles, ovos recheados, bolinhos de bacalhau e pastéis com os mais diversos recheios. A doçaria era de ‘cair o queixo’: finíssimos bombons, sorvetes de pistache, morango, chocolate e baunilha eram acompanhados de chantilly, fios de ovos e vários tipos de biscoito, além do famoso sorvete de bacuri (fruta do norte do Brasil). Mil folhas, babas, éclairs e tortinhas mostravam a influência da confeitaria francesa e austríaca na Colombo, além de todos os doces conventuais portugueses, com uma quantidade imensurável de gemas e açúcar, que faziam do lugar uma referência de doceria da belle époque. Destacavam-se os pingos de tocha, as fatias da china, as trouxinhas, os quindins, as balas, os ninhos de ovos e, claro, os pastéis de nata. Doces de abacaxi e caju, bom-bocados de aipim e cajuzinhos davam o tempero brasileiro. Em 1905 a Colombo começou a fabricar industrialmente doces em pasta e em compo-

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ta. A marmelada, que era trazida de Portugal, passou a ser fabricada no Brasil. Pessegadas, bananadas, doce de goiaba e pastas de polpa de maçã e laranja integravam a oferta. Além destes produtos ali também se fazia a farinha de mandioca Suruí. Produzida no município de Magé, virou referência em farinha de mandioca de mesa. A Colombo se tornava cada vez mais requisitada para banquetes, inclusive fora do estado do Rio de Janeiro. Tinha também um leque de produtos importados da mais alta qualidade para venda, desde doces e salgados, finas iguarias, a vinhos, azeites e manteigas, passando por produtos de produção própria confeccionados industrialmente. Em 1912 uma nova reforma é iniciada. Chegam os magníficos espelhos de cristal da Antuérpia que vão dar à Confeitaria Colombo uma luxuosa decoração e ar de riqueza - salões majestosos, lustres de cristal tcheco, mármore italiano e madeira de jacarandá - comparável às confeitarias de Paris ou Londres, e que fazem

dela até hoje uma das 10 confeitarias mais bonitas do mundo. Nessa época também uma tradição inglesa chegará à Colombo: o five o´clock tea, com música tocada por uma pequena orquestra da casa, onde se notava o virtuosismo de Villa-Lobos ainda nos seus primórdios. O salão era inundado pelas torradas Petrópolis, casadinhos, bolinhos Rivadávia, uma infinidade de biscoitos, petit fours e chás variados, entre outras delícias. Em 1922, uma outra reforma é feita, e é construído o salão do 2º andar, com a magnífica claraboia vinda da França, um dos ex libris da Colombo. Na ocasião, também ali é instalado um dos primeiros elevadores do Rio de Janeiro, em uso até hoje. Com o passar dos anos, a Colombo continuou recebendo personalidades e fazendo os seus banquetes oficiais. É quando se transforma na maior fornecedora de banquetes da República brasileira. Além disso, suas mesas estavam sempre cheias. Serviu reis e rainhas, figuras eclesiásticas, presidentes da República e ou-

tras personalidades comemorando efemérides, como o Príncipe Alberto da Bélgica (1920), os aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral (1922) no banquete de comemoração da primeira travessia aérea do Atlântico, Umberto di Savoia, da Itália (1924), o cardeal Eugênio Pacelli, futuro Papa Pio XII (1934) e a Rainha Elizabeth II, do Reino Unido (1968). Neste último caso, um banquete foi servido a bordo do iate real Britannia e a rainha ficou encantada com o sorvete de bacuri. Banquetes de casamentos, bodas, batizados, piqueniques e serviço de catering nas casas da alta sociedade carioca eram uma constante na rotina da Colombo. Na parte do armazém, a Confeitaria tinha uma infinidade de produtos da mais alta qualidade. Quando chegava a época de Natal enfrentavam-se horas de filas para comprar o melhor bacalhau da cidade. A seleção de produtos era infindável, a marca própria da Colombo era da mais alta qualidade e a marmelada estrelava nas prateleiras. »»»

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Celebridades e divas do Carnaval, como Virgínia Lane, frequentavam as mesas da Colombo, e a confeitaria servia os menus da folia do Theatro Municipal. Os anos se passaram e a Colombo foi mudando de proprietários e de frequentadores. Presidentes da República eram assíduos. Seu garçon mais antigo, Orlando Duque, conta algumas histórias: “O Juscelino Kubitscheck gostava de um carré de porco; Getúlio Vargas, um churrasco à gaúcha e o Tancredo Neves, um peixinho grelhado”. O segundo andar era reduto da República brasileira nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Eram momentos de glória, de encontros de personalidades e de glamour! Hoje em dia as histórias continuam e as receitas tradicionais também. Os frequentadores habituais se juntam aos inúmeros turistas brasileiros e estrangeiros que querem ver esse templo da belle époque! Segundo Marcelo Teixeira, maître da casa, um

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dos momentos mais inesquecíveis que teve na Colombo, foi quando serviu um chá para Paulo Coelho no dia que o escritor entrou para a Academia Brasileira de Letras. As mesas estão sempre lotadas. Nas vitrines, continuam os pastéis de nata, os pingos de tocha, os mil folhas e os éclairs “falando francês e português”, como idealizado por Manoel Lebrão, autor da famosa frase: “o cliente tem sempre razão”. Nas mesas, as torradas Petrópolis “perfumam” o ambiente, assim como os empanados de camarão, além, claro, das famosas latas azuis repletas dos famosos biscoitos, os leques da Colombo, que são confeccionadas artesanalmente até hoje! Segundo Leonardo Fernandes, chef executivo da Colombo, hoje em dia a confeitaria tem dois ótimos restaurantes: o Cristóvão, com serviço de buffet e o Bilac, com serviço à la carte. Os salgados continuam sendo feitos artesanalmente, como há 125 anos; todas as cozinhas e os empanados são

feitos e enrolados manualmente! A quantidade dos insumos impressiona: 2.500 ovos, 300 kg de farinha e 200 kg de açúcar gastos, mas é o necessário para abastecer a confeitaria com as suas iguarias. Entrevistei alguns anônimos que estavam na Colombo e que, deslumbrados, me disseram: “a Colombo é um mito”, “todos vão a Colombo e os que nunca foram têm o sonho de um dia poderem conhecer”. Uma senhora que aparentava uns 70 anos e bebia vagarosamente um chá me disse: “Quando eu dava à luz, o meu marido levava de presente para mim, na clínica, umas caixinhas de gaufrettes que eu adorava! Pena que já não tenha para vender”. A confeitaria Colombo faz parte da história do Rio de Janeiro e nos leva a entrar no túnel do tempo dos sabores da alta cozinha carioca do início do século! Parabéns e vida longa para esta jovem senhora!


Colombo Copacabana Restaurante Café do Forte Praça Cel. Eugênio Franco nº1 - Posto 6, Copacabana - RJ (dentro do forte de copacabana) | (21) 99603.2171 • (21) 3201.4049 | Terça-feira a domingo, das 10h às 20h. Colombo Centro Cultural Banco do Brasil Centro Cultural Banco do Brasil - R. Primeiro de Março, 66 - Centro, Rio de Janeiro | (21) 2283.2196 | De quarta à segunda, das 10h às 20h. Confeitaria Colombo Rua Gonçalves Dias, 32 - Centro – Rio de Janeiro/RJ | (21) 2505.1500 | De 2ª à 6ª feira: de 09:00 às 19:00h - Sábados e feriados: de 09:00 às 17:00h

Colombo Galeão Restaurante Aeroporto Galeão Av. Vinte de Janeiro, s/nº • Ilha do Governador • Rio de Janeiro - Terminal 2 - 2º Andar - Embarque Internacional | Diariamente, das 05:00 às 00:00.

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Receita

Torta Frangipane com Compota de Maçã e Amêndoas INGREDIENTES: Massa sablé • 50 g. de manteiga sem sal • 90 g. de açúcar confeiteiro • 2 g. de sal • 30 g. de farinha de amêndoas • 1 Ovo • 250 g. de Farinha de trigo Compota de maçã • 4 Maçãs médias • 2 colheres de sopa de açúcar • 100 ml de água

MODO DE PREPARO Massa sablé 1. Misturar a manteiga com o açúcar, o sal e a farinha de amêndoas; 2. Acrescentar o ovo e a farinha de trigo e formar a massa; 3. Embrulhar a massa em papel-filme e levar à geladeira para descansar durante no mínimo 1 hora; 4. Abrir em tampo ligeiramente enfarinhado. Compota de maçã

Frangipane • 200 ml de creme de leite fresco • 200 g de farinha de amêndoas • 200 g de açúcar • 2 ovos

1. Descascar as maçãs e retirar as sementes;

Finalização • 2 maçãs • 100 g. de amêndoas laminadas e torradas • 4 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro

Frangipane

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2. Cortar em lâminas e colocar numa panela com a água e deixar ferver por 5 minutos e reservar. Num bowl, misturar os ingredientes, formando uma pasta homogênea e reservar.

MONTAGEM DA TORTA 1. Abrir a massa numa assadeira de fundo removível de aproximadamente 23 cm de diâmetro; 2. Colocar a compota de maçã; 3. Descascar 2 maçãs em lâminas e colocar em cima da compota; 4. Cobrir a compota e as lâminas de maçã com o frangipane; 5. Levar ao forno préaquecido a 180 graus por aproximadamente 45 minutos a 60 minutos, ou até que a massa esteja cozida e o recheio firme. FINALIZAÇÃO 1. Desenformar e colocar as amêndoas torradas; 2. Polvilhar o açúcar de confeiteiro e servir.


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destino

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Larissa Noguchi

On the

na

Divulgação

road

Nova Zelândia

Longe de tudo, entre outras ilhas do triângulo polinésio, está um dos destinos mais procurados para quem é apaixonado por aventura e paisagens que ficam na memória para o resto da vida: a Nova Zelândia. A jornalista Larissa Noguchi e o marido decidiram embarcar numa aventura inesquecível pelo país.

O

país era apenas a passagem para a minha viagem de lua de mel, mas meu marido e eu decidimos ficar cinco dias para conhecer Auckland e realizar um sonho de aventureiro: alugar aquelas vans que tem tudo e pegar a estrada, numa vibe on the road, por um lugar desconhecido por nós. E foi isso que fizemos: vivemos uma experiência que guardaremos a vida toda. Há que se dizer algo, antes de tudo: tem que ser desapegado para encarar banheiro dentro da van, dormir no carro, fazer comida e morar por alguns dias nesse tipo de veículo, mas para nós foi tranquilo. Antes de viajar, pesquisamos os sites de aluguel de van e chegamos lá bem encaminhados para isso. Para quem quiser fazer o mesmo, tem que se preparar e tirar a permissão internacional pelo menos 4 meses antes da viagem para dirigir em outro país. O

sorteado da vez foi meu marido, Alan, que nunca tinha dirigido na mão inglesa e deu super certo, mais tranquilo do que imaginávamos. O país tem estradas ótimas, muito sinalizadas e motoristas conscientes, foi fácil encarar o volante por lá. O país é dividido em duas grandes ilhas, a ilha norte, onde está Auckland, e Coromandel onde escolhi explorar. Auckland é uma cidade grande, com ritmo acelerado e é o principal centro econômico do país (mas não é a capital). A primeira visita foi ao Auckland Museum, o Museu nacional, onde assisti uma apresentação de dança Maori e pude conhecer um pouco mais sobre essa cultura e costumes. Os Maoris são os povos nativos da Nova Zelândia, que chegaram por lá há mais de mil anos atrás, vindos de ilhas da Polinésia. A cultura e costumes são preservados no país, inclusive, a língua maori. »»»

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Todo o país é encantador. A Nova Zelândia tem muitas montanhas, vulcões inativos e as formações geológicas que são impressionantes. Não à toa, foram cenários de “O Senhor dos Anéis” Pela cidade, a hospedagem foi em um hotel barato e no centro, afinal, era só para passar o primeiro dia. À noite, a dica é conhecer os pubs. Decidimos pegar a estrada no segundo dia de viagem e baixei o mapa local para usar o GPS, mas não dispensava um mapa de papel para ter aquela sensação de pegar a estrada para o desconhecido, sabe? Os cenários, por onde passamos eram incríveis e, em vários pontos, é possível parar para apreciar a paisagem das montanhas e até lugares com trilhas e cachoeiras. Parei em uma mas não tive coragem de tomar um banho gelado (fazia uns 10 graus). O destino, Coromandel, fica a duas horas de Auckland. Ao chegar por lá, procuramos um lugar para estacionar a van e carregar as baterias. Vários acampamentos pelo país têm estacionamentos com tomada para este serviço. Carro estacionado, rumamos para a famosa praia “Hot Beach” que tem água quente na areia. Inusitado né? A formação dessa praia é vulcânica, então, a pedida é cavar um buraco na areia da praia e ficar de molho na água quentinha. Fazia uns 15 graus e a água do mar estava congelante. Os hotéis e hostels das proximidades até alugam uma pequena pá para poder cavar o buraco. Foi demais! Encontramos pessoas de vários lugares do mundo.

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Em Coromandel, também é possível fazer trilhas. Em vários lugares, há sinalização de trilhas para visitação e todas são gratuitas. Escolhemos uma com até mais ou menos 1 hora e meia de caminhada. O destino era a Cathedral Cove, um lugar exuberante onde foram gravadas cenas do filme “Crônicas de Nárnia”. Uma caverna enorme que parece um portal, bem de frente para o mar azul claro da baía de Mercury, um dos lugares mais bonitos que já vi nessa vida. Todo o país é encantador. A Nova Zelândia tem muitas montanhas, vulcões inativos e as formações geológicas que são impressionantes. Não à toa, foram cenários de “O Senhor dos Anéis”. Pelo litoral de Coromandel, entre trilhas montanhosas e o encontro com o mar, é possível se sentir em um desses filmes. Já a Ilha Sul é conhecida como a terra de invernos gélidos e as maiores atrações são os picos. Aqui deixo a dica pra visitar a cidade de West Coast, conhecida como lar das cavernas. Para quem gosta de aventura, dá pra fazer rafting subterrâneo pelas águas escuras ou se não curtir esporte aquático, explore as cavernas e grutas iluminadas por vagalumes. Embora tenhamos passado lá apenas 5, certamente é um país para explorar por, pelo menos, 15 dias! A Nova Zelândia é um país totalmente sustentável, ruas e estradas muito organizadas e sinalizadas. Um país diverso, com muitos imigrantes chineses e indianos e que também recebe vários intercambistas para aprender a falar inglês. Na internet, achei também vários brasileiros que escolheram esse país para viver. Depois de uma viagem como a minha, quem sabe um dia? »»»

Planeje sua trip! Buscamos os bilhetes aéreos quase um ano antes da viagem. Dá para acionar alarme nos sites de busca até conseguir um bilhete com valor baixo. Saindo de São Paulo, a escala é em Santiago, no Chile, até Auckland.

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Como chegar? Até outubro de 2019, não era necessário visto para entrar na NZ, mas agora já é exigido. É preciso entrar no site oficial do país (www.immigration.govt.nz/) e solicitar. É necessário preencher um formulário com dados e objetivo da viagem além de apresentar declaração de antecedentes criminais. O documento tem validade de dois anos. Custa 47 dólares neozelandeses (média de R$ 127) para turismo e negócios.

Onde se hospedar? Se decidir ficar na região central, há vários hotéis no centro com preços bem baixos. Você também encontrará hotéis 5 estrelas e com paisagens incríveis. Nas regiões mais afastadas e isoladas, tem parques para acampamento, trailers e até casas de férias. Se decidir ir para outras regiões da NZ, vale muito a pena alugar o motorhome. A experiência de dormir na van, cozinhar e fazer tudo mais dentro do carro, é muito bacana para quem curte pegar a estrada. Além de ser econômico, comprei tudo no supermercado e cozinhava. A alimentação em restaurantes e lanchonetes é cara.

Clima e tempo A temperatura média da NZ diminui conforme você viaja para o sul. Eu, por exemplo, fiquei na Ilha Norte, as temperaturas variavam entre 15 e 20 graus. De dezembro a fevereiro é verão, logo são os meses mais quentes. Março a maio é outono. De junho a agosto é inverno, e julho é o mês mais frio do ano. Setembro a novembro é primavera. Na estação mais quente, a média das faixas de temperatura máxima varia entre 20 e 30 graus, já no inverno, entre 10 e 15 graus.

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DRA.

ÍRIS Desde que ela ganhou um kit médico, com estetoscópio, termômetro, injeção e outras filigranas, desses vendidos a rodo no Comércio, passei a ser usuário contumaz de serviço médico extremamente bizarro. Contudo, antes de narrar as estranhezas, peço que considerem o fato de que a profissional só tem 3 anos de idade. Doutora Íris, ela se chama. Do nada ela aparece com o jaleco branco e chapeuzinho com a cruz vermelha, qualquer hora do dia, em qualquer situação, decretando: “papai, você tá doente.” Ainda penso em argumentar, o riso segurado entre os dentes, mas sei que nada vai dissuadir a pequena ditadora. – Estou doente não, filha. - Tá doente sim, papai. Deita aqui – e, quando percebo, já estou no chão sendo examinado de forma totalmente displicente - você tá com dorzinha de barriga - decreta a médica enquanto abre minha boca para examinar meus dentes com uma lanterninha, como se barriga tivesse relação com dentição. - Não estou doente! – resmungo, quase sem poder falar, mas não adianta. - Tá sim – ela decreta. Quando dou por mim, ela já me largou de canto e foi examinar uma boneca, me deixando abandonado nos

Fernando Gurjão Sampaio advogado e escritor @tantotupiassu tantotupiassu@gmail.com

corredores do hospital imaginário. Não recomendo tais serviços em qualquer caso, ouçam-me bem! A médica decide as doenças sem escutar as queixas do doente, troca os exames, faz verificações clínicas descabidas e tem uma estranha fixação por examinar a boca do pai. A piorar, todo mundo sofre de dorzinha de barriga neste mundo imaginário. Outro dia aconteceu um absurdo: no meio do exame clínico a médica me abandonou e foi auscultar outro paciente que nem mesmo precisava de auxílio médico. Dra. Íris consegue ir além: em algumas ocasiões ela engaveta o diploma médico e passa a usar diploma de médica veterinária. Mal vi, sai correndo atrás do gato – pobre gato – que sofre da mesma dorzinha de barriga que acomete a todos. Enquanto o gato corre, há um pai deitado no chão, ladeado por cinco bonecas que, aparentemente, não se importam com o péssimo tratamento recebido. A situação fica mais escabrosa quando, no meio dos procedimentos, Dra. Íris, desiste de tudo e joga promissora carreira para o ar. Ela decreta: - Agora você é o médico, papai. - Não, filha, papai não quer ser o médico. - Papai, você é o médico sim!! – as

mãos em riste, pequena mandona que nem vale a pena contradizer. Aí me vejo médico, o minúsculo jaleco amarrado no pescoço, o chapeuzinho que não passa nem no nariz, mais parecido um sheik árabe. - Bom dia, paciente! O que a senhora tem? - Tenho dorzinha na barriga. - Faz quanto tempo que a senhora sente essa dor? - Sete anos. Pausa na brincadeira para uma pequena lição de matemática. - Filha, você só tem três anos, não pode ter dorzinha de barriga faz sete anos... - Ah, é? - Diz que sente a dor desde ontem. - Tá bom. Recomeça a cena. - Faz quanto tempo que a senhora sente essa dor? - Sete anos – diz ela, fazendo dois com os dedos e rindo da minha pretensa cara de brabo. Aí nós nos abraçamos e entramos no modo cosquinha - que sempre encerra nossas brincadeiras – e a risada dela se torna a perfeita cura de todos os males da alma e do corpo que possam afligir um pai. Deitado no chão, observando a imaginação da filha que cria o mundo, existe a mais nítida noção da perfeição da vida.

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especial escrita japonesa

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Larissa Noguchi

Dudu Maroja

arte milenar do caminho A

da

escrita

Há mais de três mil anos, a caligrafia japonesa encanta pelos traços delicados e precisos. Olhando de perto, parece até uma pintura e exige muita técnica e prática para alcançar a perfeição. A técnica de escrever no papel remonta à antiguidade: surgiu na China 1.300 a.C e foi introduzido no Japão pelo budismo, sendo mais difundida a partir do século VI d.C. A caligrafia japonesa, como é popularmente conhecida, é chamada de Shodo, que significa “o caminho da escrita”. E é assim, que a arte se dá no papel, como se fosse um caminhar dos traços. No Japão, essa arte continua viva, mesmo nos dias atuais. Milhares de pessoas se dedicam à escrita, que faz parte do currículo escolar e é disciplina obrigatória nas escolas japonesas. Foi no ensino primário, que Etsuko Watanabe aprendeu a escrever a caligrafia japonesa e trouxe para o Pará. Nascida no Japão, chegou na Amazônia aos 22 anos, acompanhada do marido, tam-

bém japonês. Hoje, aos 84 anos, continua exercitando o Shodo em casa. Etsuko fala e escreve poucas coisas em português e mantém a cultura da escrita japonesa assim como outros costumes orientais. O kit para fazer a caligrafia japonesa é composto por pincéis, tinta, um apoio para pincel e papel de arroz, que é bem similar a um papel de seda. O material de Etsuko ainda é o mesmo com o qual ela aprendeu a escrever, tem mais de 60 anos e permanece intacto com muitas memórias e lembranças da evolução dos seus traços. O material original dificilmente é encontrado no Brasil. É possível comprar pela internet ou em papelarias de materiais japoneses no bairro da Liberdade, em São Paulo. »»»

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Os componentes necessários para a escrita japonesa são: suzuri (tinteiro), que serve para colocar a tinta; o bunchin (peso de papel) que mantém o papel fixo, sendo, geralmente, de ferro ou cerâmica; o washi (papel de arroz) feito artesanalmente (não possui aditivos químicos e tem a durabilidade maior que os papéis comuns); fude (pincel) com tamanhos e espessuras diferentes para cada tipo de traço e o sumi (bastão de tinta). Em Belém não há cursos regulares de Shodo, apenas oficinas nas comemorações da Semana do Japão ou em grupos fechados e foi em uma dessas festividades que Etsuko começou a mostrar sua arte aos paraenses. “Quando foi se aproximando as festividades da cultura japonesa, aqui em Belém, a Associação Nipo Basileira me chamou para mostrar um pouco da caligrafia e ofereci oficinas curtas, de três dias. Mas o tempo é curto demais! Difícil alguém aprender de primeira”, ressalta. É preciso persistência para alcançar a perfeição nos traços. O pincel é bem molhado na tinta e desliza no papel em quarenta e cinco graus com precisão firme das mãos. Caso a letra ou símbolo não esteja perfeito, o papel é descartado. Não pode haver erro. No Japão, o Shodo é usado para escrever poesias, canções e frases soltas e pode ser emoldurado. “Adoro escrever as poesias japonesas. Treino as letras e deixo cada vez mais perfeita a escrita. Um dia me disseram que eu fazia muito bem e eu fiquei muito feliz”, comenta Etsuko sobre a prática da caligrafia que sempre busca a perfeição do traço. O sistema da escrita japonesa também é desafiador. Existem três tipos diferentes: o hiragana, o katakana e o kanji. O hiragana e katakana são silábicos e cada alfabeto tem 46 letras, que podem ser usadas em conjunto. Já o kanji tem origem chinesa e são ideográficos, cada símbolo representa uma palavra, por exemplo. »»»

Adoro escrever as poesias japonesas. Treino as letras e deixo cada vez mais perfeita a escrita.

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Onde encontrar informações sobre a caligrafia japonesa: A Associação Nipo-Brasileira expõe e oferece oficinas livres durante a semana do Japão. Não há curso fixo em Belém.

“Quando dou aula para brasileiros, ensino em katakana. Pois para os estrangeiros, é mais fácil de aprender. Depois, é possível treinar o kanji, que cada palavra é um símbolo e também é interessante pra ensinar”, comenta Etsuko. Outra curiosidade do alfabeto japonês é a ausência de encontros de consoantes como o “TR” ou PR”. Por ser escrita e falada silabicamente, os encontros consonantais acabam sendo separados em sílabas com vogais. A palavra “Brasil”, em japonês, fica “Bu-ra-ji-ro”. Algumas letras, como “L” e “J”, não existem e são substituídas por outras sílabas. O nome próprio “Larissa”, fica “Ra-ri-ssa”. Por isso, além da caligrafia, o praticante do Shodo acaba aprendendo o básico da língua japonesa para entender as diferenças das palavras. Não existe gênero (masculino e feminino) e nem

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o plural das palavras. A escrita é feita da direita para a esquerda, assim como a leitura, bem diferente do modo ocidental de se escrever, que é ao contrário. As linhas são verticais, também o inverso da linguagem ocidental que é na horizontal. Anualmente, são feitas diversas competições no Japão para incentivar os praticantes e não deixar essa arte morrer. Os candidatos possuem as idades mais variáveis, desde crianças até os mais velhos. Preservação de uma cultura que é admirada por muitos paraenses, afinal, o Pará tem a terceira maior população de imigrantes japoneses do país. A curiosidade e admiração pela arte milenar do Shodo, motivou Ana Maia, de 21 anos, a participar de uma oficina de caligrafia. “A caligrafia japonesa é muito representativa da cultura, pois leva a

disciplina como principal base para exercê-la, de que a pessoa tem que estar numa posição adequada e seguir rigidamente as sequências e direções ao fazer cada pincelada no papel”, disse a estudante de design que não tem descendência oriental, mas é apaixonada pela cultura japonesa. Estudante de design, Ana conheceu a arte da caligrafia visitando as festividades culturais de origem japonesa e se informando sobre hábitos e tradições orientais. Por curiosidade e afinidade com a sua área de estudo, decidiu fazer uma oficina e percebeu o quão difícil é o Shodo. “A caligrafia é apreciada em muitas peças industriais e gráficas, sendo um conceito que manteve sua estabilidade como tendência. Meu interesse em usá-la como conceito também floresceu a vontade de aprender mais sobre ela”, finalizou.



horas vagas | Fox

CORINGA

DVD | Blu-Ray

Dir. Todd Phillips

ERA UMA VEZ... EM HOLLYWOOD

Destaque

Dir. Quentin Tarantino

HEBE A ESTRELA DO BRASIL

Dica

Dir. Maurício Farias

A MÚSICA DA MINHA VIDA

Cult

Dir. Gurinder Chadha

Em Gotham City, o comediante com problemas mentais Arthur Fleck é desconsiderado e maltratado pela sociedade. Ele então embarca em uma espiral descendente de revolução e crimes sangrentos. Esse caminho o coloca frente a frente com seu alter-ego: o Coringa. “Gloriosamente ousado e explosivo, o filme é um conto quase tão distorcido quanto o homem em seu centro, cheio de ideias e voltado para a anarquia (The Guardian).” Los Angeles, 1969. Rick Dalton é um ator de TV que, juntamente com seu dublê, está decidido a fazer o nome em Hollywood. Para tanto, ele conhece muitas pessoas influentes na indústria cinematográfica, o que os acaba levando aos assassinatos realizados por Charles Manson, entre eles o da atriz Sharon Tate, que na época estava grávida do diretor Roman Polanski. Hebe foi uma das apresentadoras mais emblemáticas da televisão brasileira. Sua carreira passou por diversas mudanças, mas foi na década de 80 que Hebe, ao 60 anos, tomou uma decisão importante. Ela passou a controlar a própria carreira e, independentemente das críticas machistas, do marido ciumento e dos chefes poderosos, se revelou para o público como uma mulher extraordinária, capaz de superar qualquer crise pessoal ou profissional. Inglaterra, 1987. Javed é um adolescente de ascendência paquistanesa. Proibido pelo pai de ter uma namorada e até mesmo a ir em festas, ele se sente acuado em uma vida que se limita a ir de casa para o colégio, e vice-versa. Um dia, um amigo do colégio lhe dá duas fitas cassete de álbuns de Bruce Springsteen. Javed começa a ouvi-las e logo se identifica com as canções, que o estimulam a lutar pelo que deseja.

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Destaque

RAUL SEIXAS: NÃO DIGA QUE A CANÇÃO ESTÁ PERDIDA Jotabê Medeiros

Como Raulzito, o garoto de classe média de Salvador, se transformou em Raul Seixas, um dos maiores ícones da cultura pop brasileira? Como o jovem sonhador conquistou as gravadoras e o grande público? E como o criador de versos que se confundem com a contracultura dos anos 1970 foi derrotado pelas drogas e pelo alcoolismo, mas sem deixar de produzir hits inesquecíveis? Jotabê Medeiros responde a essas perguntas e apresenta, neste livro vertiginoso, a primeira biografia de Raul à altura de sua importância.

Dica

SOBRE OS OSSOS DOS MORTOS Olga Tokarczuk

Subversivo e macabro, este livro parte de uma história de crime e investigação convencional para se converter numa espécie de suspense existencial. “Uma das grandes vozes humanistas da Europa”, segundo o jornal The Guardian, Olga Tokarczuk mistura thriller e humor nesta reflexão sobre a condição humana e a natureza. Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura e do Man Booker International Prize.

Lançamento

ESSA GENTE

Chico Buarque

Um escritor decadente enfrenta uma crise financeira e afetiva enquanto o Rio de Janeiro colapsa à sua volta. Tragicomédia urgente, o novo romance de Chico Buarque é a primeira obra literária de vulto a encarar o Brasil do agora. “Com aparente simplicidade, Chico faz uma enternecedora, ainda que ligeiramente cômica, elegia à solidão, à mágoa, aos mal-entendidos eróticos (e literários) e à nostalgia de todas as coisas não ditas.” - Lila Azam Zanganeh.

Confira

CARTA A MINHA FILHA Maya Angelou

Com seu estilo único, mesclando relato confessional e poesia, Maya Angelou concebe uma espécie de manual, contando sua trajetória fascinante e também seus anseios para um futuro que está nas mãos das herdeiras de seu legado. Conhecida por estar no front do movimento pelos direitos civis, a autora e ativista não apenas nos dá seu testemunho de luta, mas nos presenteia com um tocante relato de exaltação à vida. Esta edição conta com prefácio inédito da escritora Conceição Evaristo.

Clássicos

O AVESSO DAS COISAS

Carlos Drummond de Andrade

Nesta surpreendente reunião de aforismos, o poeta das sete faces subverte de A a Z a ideia de “máximas” e define conceitos tão variados como amor, Deus, governo e infância. Lançado originalmente em 1987, este volume reúne verbetes que, em ordem alfabética, elencam assuntos dos mais diversos diante do olhar aguçado de um dos nossos poetas fundamentais. Drummond compila, numa espécie de dicionário, suas próprias definições para cada palavra, convidando o leitor a “repensar suas ideias”.



institucional - LM

Uma noite na Toscana Uma noite para guardar na memória. A pré-inauguração reuniu amigos e parceiros no novo espaço “Lounge Sicilia por Leal Moreira”, no restaurante Famiglia Sicilia. Fotos: Dudu Maroja

A Leal Moreira e o Famiglia Sicilia agradecem a participação neste projeto dos parceiros: Design da Luz, Donna J, Ebbel, EspaçoNovo, Idélli, Imperador Soluções, Julia Leão, Metallo, Paraferro, RL e Salt. 102 | www.revistaliv.com.br



institucional - LM

Leal Moreira marca presença na Pará Negócios Entre os dias 5 e 8 de dezembro, a Leal Moreira esteve presente na Feira Pará Negócios, importante evento voltado para o Comércio e Indústria do estado. Com foco nos empreendimentos prontos para morar, a construtora recebeu parceiros e clientes em seu estande. Outros empreendimentos, como o Torre Santoro e o Torre Lumiar, que estão em fase de construção, também atraíram atenção de clientes.

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institucional - LM

Terra Fiori está pronto para morar A Assembleia Geral de Instalação (AGI) do condomínio Terra Fiori foi realizada no último dia 12 de dezembro. Realizada no Computer Hall, o evento reuniu clientes e profissionais da Leal Moreira, com o objetivo de eleger o primeiro síndico, além da comissão de futuros moradores, que irá receber, de fato, o empreendimento. Após a AGI, o próximo passo é realizar uma vistoria nas instalações. O Terra Fiori já está pronto para morar!

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Check-list

obras Leal Moreira TO R R E

P ROJETO

L A NÇA MENTO

FUNDAÇÃO

ESTRUTURA

FECHAM ENTOS

FASE D E ENTR EGA

ACABAM EN TOS

SE U L E AL MO R E I RA ESTÁ P R O NTO

Torre Lumiar 2 ou 3 dormitórios (1 suíte) • 78m2 e 106m2 • Av. Roberto Camelier, 261 (entre Rua dos Tamoios e Rua dos Mundurucus)

Torre Santoro 2 ou 3 suítes • 123m2 • Av. Governador José Malcher, 2649 (entre Av. José Bonifácio e Tv. Castelo Branco)

Torres Floratta 3 e 4 dormitórios (1 ou 2 suítes)• 112m² e 141m² • Av. Rômulo Maiorana, 1670 (entre Travessa Barão do Triunfo e Travessa Angustura) mês de referência: dezembro de 2019

Veja fotos do andamento das obras no site: www.lealmoreira.com.br

em andamento concluído • PROJETO = elaboração e aprovação de projetos executivos. • LANÇAMENTO = apresentação e início da comercialização do empreendimento. • FUNDAÇÃO = execução de fundações. • ESTRUTURA = execução de estrutura de concreto armado. • FECHAMENTOS = execução de alvenarias/painéis externos e internos. • ACABAMENTOS = execução de revestimentos de argamassa, revestimentos cerâmicos (piso e parede), esquadrias e pintura. • FASE DE ENTREGA = paisagismo, decoração e início do processo de entrega com as vistorias. • SEU LEAL MOREIRA ESTÁ PRONTO

Acompanhe o andamento do seu Leal Moreira em nosso site ou acesse o link por meio do QR Code abaixo:

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98114-1011

e-mail: drmodulados77@hotmail.com raimundolobato237


institucional - LM

Check-list obra Elo

TO R R E

P ROJ ETO

L A NÇA MENTO

FUNDAÇÃO

ESTRUTURA

FECHAM EN TOS

ACABAM ENTOS

FASE D E ENTR EGA

SE U E LO ESTÁ P R O NTO

Terra Fiori 2 quartos • 44,05 a 49,90 m2 • Tv. São Pedro, 01. Ananindeua. mês de referência: dezembro de 2019

em andamento concluído

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L EA L

M OREI RA

Décadas passam. Ícones ficam.

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