Livro de luxo VHILLS

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Sponsor Exclusivo

Alexandre Farto

Texto Por:

Diogo Ferreira

Asdrúbal Morais

Ricardo da Costa

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Indice

Biografia - página 7

Obras - página 10

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A biografia de Alexandre Farto, A.K.A vhills

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VHILS IN VENICE, CALIFORNIA

Alexandre Farto Aka Vhils (1987)

Alexandre Farto (a.k.a. Vhils) nasceu em Lisboa em 1987. Cresceu no Seixal, na Margem Sul. Tinha apenas 10 anos quando se interessou pelo graffiti e começou a pintar (mais a sério) na rua com 13 anos. Primeiro nas paredes e mais tarde em comboios, com amigos ou sozinho. Em Portugal e depois um pouco por toda a Europa. Viajava para ir pintar comboios.

Diz que o graffiti lhe deu a base para decidir o seu futuro profissional. Passou da lata de spray para ostencil e mais tarde explorou outras ferramentas e processos.Começou a perceber que o graffiti vive num círculo fechado de pessoas mas que na rua havia grande potencial de comunicação. Já farto de pintar em paredes ilegais, passou para os posters de publicidade. Pintava-os de branco e escavava as camadas de anúncios acumulados. Experimentou voltar às paredes e esculpi-las também. E foi assim que conquistou o mundo.

Desde os 19 anos que vive em Londres, onde tirou um curso de Belas Artes na St. Martin’’s School. Foi lá que começou a ser conhecido, e conseguiu que a sua street art de retratos anónimos em paredes danificadas ou fachadas de casas devolutas lhe valessem o reconhecimento mundial.

Convidaram-no para expor no Cans Festival, evento organizado pelo Banksy e foram surgindo bons convites como a Lazarides Gallery, em Londres e a Studio Cromi, em Itália. Tem trabalhos espalhados em espaços públicos de várias cidades do mundo como Londres, Moscovo, Nova Iorque, Los Angeles, Grottaglie, Bogotá, Medellín e Cali. Por cá, um pouco por todo o lado, Torres Vedras, Porto, Lisboa (por exemplo

na Lx Factory ou na Fábrica do Braço de Prata). Normalmente é o Alexandre que escolhe o lugar onde crava a sua arte mas também tem recebido convites para fazer intervenções em vários locais. Acredita que o processo de trabalho é mais importante do que o resultado final e por isso filma todo o processo. “Um dos conceitos fundamentais que exploro reside no ato de destruição enquanto força criativa, um conceito que trouxe do graffiti – um processo de trabalho através da remoção, decomposição ou destruição ligado à sobreposição de camadas históricas e culturais que nos compõem.

Acredito que, de forma simbólica, se removermos algumas destas camadas, deixando outras expostas, podemos trazer ao de cima algo daquilo que deixámos para trás”. Escolhe rostos anónimos baseados em fotografias. Gosta de dar um rosto à cidade e de dar poder a pessoas comuns.

Usa explosivos e martelos pneumáticos para esculpir e dar textura, técnica que tem vindo a desenvolver. Mas não só, também usa lixívia, produtos de limpeza, ácidos corrosivos e café juntamente com os tradicionais sprays, stencils e tintas. A convite da editora holandesa Lebowski publicou o livro Vhils/Alexandre Farto Selected Works 2005-2010, uma compilação dos seus trabalhos em paredes e suportes como metal ou madeira. Recentemente esculpiu numa parede de Berlim um retrato da chanceler alemã Ângela Merkel. É conhecido em todo o mundo como Vhils. Os seus retratos contrastam o novo com o antigo, de forma complexa e ambiciosa mas poética.

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Vhils abre um precedente

Enquanto as áreas abandonadas do South Bronx continuavam a testemunhar uma intensa atividade de graffiti, as paredes da cidade de Lisboa foram preenchidas com esculturas em baixo-relevo de Vhils durante os primeiros anos do milénio. E não deixavam nada a desejar ao trabalho dos seus colegas e congêneres norte-americanos da galeria Fashion Moda, inaugurada nos anos 1980 no Bronx. Com alguns resquícios de intervencionismo artístico, caracterizado pela modificação de objetos, ambientes e espaços, Vhils revelou em Scratching the Surface e no London Cans Festival 2008 as suas já famosas imagens riscadas. E aí, certamente, Vhils revolucionou a abordagem tradicional a esta técnica clássica com o seu trabalho sobre a superfície dos edifícios, um ato que foi profundamente influenciado pelas transformações que o crescimento urbano português experimentou durante os anos 80 e 90. Vhils, ciente da reorganização dos espaços da cidade e da fragilidade de algumas fachadas, percorre não só o lado mais “superficial” delas, mas também os seus aspectos estruturais. Por isso gosta de modificar e “destruir” o ambiente, para que os telespectadores fiquem mais conscientes de que a imobilidade dos edifícios e a segurança do ambiente são apenas uma quimera.

Vhils afirma que “ser artista nunca esteve entre os seus planos, nunca foi uma ambição” e que aprendeu na escola de graffiti de rua o que é “disciplina”. A arte transformadora de Vhils, somada a este tipo de enunciados particulares, não só o fizeram destacar-se como uma referência de vanguarda, mas também

como alguém comprometido e humano, muito humano. Isso fica demonstrado em seus discursos pelo mundo, onde além de nos fazer refletir sobre o transitório, ele nos remete a uma realidade imediata e, infelizmente, dura. Vhils sabe que sua arte pode ser um instrumento de protesto e uma faca de dois gumes: de um lado, o retrato de pessoas comuns convertidas em ícones do espaço cidadão; de outro, o uso de técnicas arriscadas como explosões e modelagem 3D, que integram sua filosofia de destruição às novas tecnologias.

Obras notáveis de Vhils

Embora Vhils seja conhecido principalmente por seus trabalhos murais, a verdade é que os retratos urbanos são apenas parte de seu catálogo artístico. Fazendo uma resenha das obras mais marcantes e marcantes de Vhils dos últimos tempos, encontramos algumas peças como a Flicker Series de 2016, em formato de videoinstalação com resquícios da Pop Art e da cultura asiática; a série Highlight do mesmo ano em que Vhils cria retratos 3D com espuma e arame montados; a Gleam Series feita de luzes neon, que mais uma vez nos transportam para aquelas ruas das noites japonesas e americanas que têm gosto de Blade Runner e retro-futurismo; ou a Série Diminish e o Palimpsesto, de 2018 e 2019 respectivamente, que funcionam como cartazes publicitários recolhidos diretamente na rua. Das últimas instalações, destaca-se a Overexposure de 2019, que, sem perder a intencionalidade humanística dos habituais retratos Vhils,, ou a Série Gamut 2020, que deixam as mais espetaculares videoinstalações para os olhos e os sentidos.

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10 Overexposure (2019(

As obras mais icónicas de vhills

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1.Compact Life - Lisboa, Portugal, 2006

A história de Alexandre Farto começa na rua aos 13 anos, contudo rapidamente passou para um espaço museologico quando aos 17 anos teve a sua primeira exposição com a galeria de arte Vera Cortês. Com a ideia de criar um negócio de agenciamento de artistas, principalmente jovens em ascensão surgiu em 2003, Vera Cortês Art Agency. O conceito correu bem o suficiente para apostar na abertura de uma galeria própria, em 2006. Com um grande optimismo Vera Cortês,

nesta época de grande furor criativo acompanhou artistas – muitos deles na altura pouco conhecidos, como Alexandre Farto (Vhils), e Daniel Blaufuks, com foco na internacionalização da galeria. Vhils e a galerista Vera Cortês conheceram-se em 2004. Alexandre Farto afirmou: “Apostar num artista tão novo “foi um risco”. Na altura, Vhils estava à procura de uma galeria que “respeitasse o meu trabalho. Não queria estar a fazer telas”, recorda. Vera Cortês deu-lhe a oportunidade, em 2005, de fazer uma exposição pequena, arrancando com uma parceria que dura até hoje.

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Senhor Bonaça, Compact Life, Lisboa
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2.Scratching the Surface

Um dos conceitos fundamentais da obra de Vhils reside no ato de destruição enquanto força criativa, um conceito que trouxe do graffiti – um processo de trabalho através da remoção, decomposição ou destruição ligado à sobreposição de camadas históricas e culturais que nos compõem. Em 2008 participou no Cans Festival, em Londres, onde a sua inovadora técnica de escavação – que forma a base da série “Scratching the Surface” – foi exposta a um público internacional pela primeira vez, tendo sido aclamada pela crítica. Vhils afirmou: “Acredito que, de forma simbólica, se removermos algumas destas camadas, deixando outras expostas, podemos trazer ao de cima algo daquilo que deixámos para trás”.

Usa explosivos e martelos pneumáticos para esculpir e dar textura, técnica que tem vindo a desenvolver. Mas não só, também usa lixívia, produtos de limpeza, ácidos corrosivos e café juntamente com os tradicionais

Calçada (Portrait of Amália Rodrigues), 2015 Vhils ficou conhecido pelos rostos de desconhecidos mas também de figuras importantes para a história de Portugal. Exemplo disso, é a encomenda pública, uma peça única criada em calçada portuguesa que presta homenagem à falecida diva do Fado Amália Rodrigues (1920-1999). Localizada no centro da cidade de Lisboa, a peça intitulada “Calçada” é uma colaboração com a equipa de pavimentos da Câmara Municipal. Evocando o Fado – o género musical urbano português por excelência – e a cidade de Lisboa que Amália tão bem cantou, é também uma homenagem aos próprios pavilhões enquanto artistas urbanos mais antigos da cidade responsáveis pelo desenvolvimento de uma arte decorativa singular que se tornou A identidade

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Scratching the surface, Hong Kong (página á esquerda) Calçada, Lisboa

4.Portugal, Retrocesso ao Futuro, 2016

“Portugal, Retrocesso ao Futuro”, uma extensa instalação multidisciplinar de Vhils e MaisMenos, aproveita a decadência poética das antigas instalações de uma serralharia no centro de Viseu para tecer uma reflexão marcante que parte da realidade de um resgate pós-financeiro de Portugal para refletir sobre a sua condição de refém das instituições internacionais e perda de autogoverno, sobre a incerteza que envolve o seu futuro, mas também sobre a sua relação com a Europa e o próprio futuro desta em um momento em que pressões internas conflitantes parecem tê-lo levado à beira do abismo, revivendo tensões históricas que se pensavam resolvidas e enterradas no conforto de um modelo abrangente e harmonioso. Uma reflexão que ganha atualidade na realidade pós-referendo britânico, que também explora temas como o ressurgimento do populismo, da divisão norte-sul, da xenofobia e da demagogia, da relativização das conquistas do modelo europeu que, apesar de tudo, de suas falhas, precisa ser reformado por dentro. Uma reflexão, em suma, sobre as possibilidades de futuro de Portugal e da Europa num momento histórico crítico.

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Retrocesso ao Futuro, Portugal Retrocesso ao Futuro, Portugal

5.Rupture

Vhils apresentou os seus trabalho em mais de 40 países em exposições individuais e coletivas, intervenções de arte site-specific e projetos em vários contextos –desde trabalhar com comunidades em Lisboa, Rio de Janeiro e Xangai até colaborações com instituições de arte como o Centre Pompidou (Paris ), Barbican Centre (Londres), CAFA Art Museum (Pequim), MAAT (Lisboa), Palais de Tokyo (Paris), Le Centquatre-Paris, (Paris), Victoria & Albert Museum (Londres), entre outros. Um ávido experimentalista, Vhils vem desenvolvendo sua estética pessoal numa pluralidade de meios, além da sua técnica de escultura: da pintura em estêncil à gravura em metal, de explosões pirotécnicas e vídeo a instalações escultóricas. Também dirigiu vários videoclipes, curtas-metragens e duas produções teatrais. Vhils esta presente analogicamente mas também no virtual, com alguns NFTs. O primeiro consistiu num vídeo que capturava o momento exato em que os explosivos que o artista português usa no seu trabalho – destruíam em forma de criação. O vídeo foi filmado através de slow motion avançado, incluindo 2000 frames por segundo, o que oferece uma experiência e perspetiva única sobre o processo de criação único de Alexandre Farto. “Rupture” faz parte da METAVERSE: A CRYPTO ART EXPERIENCE IN 3 METAVERSES, uma ação da BEYOND THE STREETS que visou promover a comunidade artística no blockchain através de exposições, lançamentos de peças, colaborações exclusivas de artistas e conversas no ClubHouse e YouTube. Vhils tem vindo a usar de tudo, desde bisturís e cinzéis a brocas, britadeiras e até explosivos para destruir paredes em ruínas, revelando rostos realistas de moradores locais e muitas vezes marginalizados. Agora o artista passou esta mensagem para os NTFS, sendo a primeira experiência em Portugal com estes criptoativos.

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Rupture, NFT

todos os conteudos deste livro são da autoria de Vhills.

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19 FUNDAÇÃO ALEXANDRE FARTO
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Diogo Ferreira 2023

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