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Paróquia: comunidade de fé, comunhão, fraternidade e acolhimento

também são convidados para a Mesa do Senhor”.

A paróquia deve ser um centro de irradiação ao se pensar em uma pastoral a partir das pessoas afastadas e promover a cultura do encontro e da comunhão. Uma paróquia que se preocupe com aqueles que estão afastados dela. Uma paróquia que sirva a comunhão e a cultura do encontro. Vivemos um novo contexto cultural que exige novos modelos de paróquia e de pároco.

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O Papa Francisco nos pede que “rezemos para que a comunhão seja colocada no centro, de maneira a criar cada vez mais comunidades de fé, de fraternidade e de acolhimento dos mais necessitados”.

O Papa Francisco disse: “Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho! Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta para procurar e encontrar, aqueles que

Doutrina Social da Igreja

Quando eu escrevo sobre catequese, sobre Jesus e Maria menos de 50 mil respondem.

Quando falo de política de esquerda e de direita, mais de 80 mil respondem.

Se eu mencionar Lula ou Bolsonaro mais de 200 ou 300 mil respondem.

E se eu defender o Papa, os Bispos e a CNBB chegam a 40O ou até 800 mil que respondem.

São poucos os que querem saber mais a respeito de doutrinas sobre Deus e sobre nossa Igreja.

São muitos os que combatem o comunismo e acham que nossa Doutrina Social é comunismo ou socialismo.

É preciso uma paróquia que dê conta da mobilidade cultural, social, territorial e religiosa. Ela não pode se limitar ao espaço onde a comunidade se reúne, uma vez que, nos tempos atuais, deve ser uma realidade na qual, por sua densidade humana e urgências, a igreja deve se fazer presente, como por exemplo, em um hospital, em uma escola, entre outros.

Deve, assim, ter um cuidado pastoral indo até os que mais necessitam, evangelizando além de seus muros, para, desta forma, desenvolver a ação evangelizadora e santificadora, do testemunho na caridade.

A ação paroquial e de seus agentes deve ser claro testemunho de Cristo, a serviço de todos os carentes, pobres, necessitados e excluídos. A paróquia, diante das novas realidades, precisa de um processo de conversão para atender às novas demandas da evangelização, em face das transformações sociais e culturais. Uma paróquia sinodal, aquela que seja capaz de entrar em comunicação com as diversas formas de cultura, como lembrou o Vaticano II. Um processo que exige o dinamismo de uma cultura do encontro e que promova o diálogo e a solidariedade, contribuindo para que se faça emergir a centralidade da pessoa humana.

Por fim, a paróquia deve encontrar outras modalidades de proximidade e vizinhança, de maneira a favorecer o estar juntos e o crescimento das relações pessoais duradouras, para que assim, ela se redescubra como lugar fundamental de encontro, diálogo e saída para as realidades urgentes, além das atividades habituais.

INTERNAUTAS CATÓLICOS !

E, infelizmente, são milhares os católicos que acham que o Papa e nós, que pregamos justiça social e direitos humanos, somos maus padres.

Na verdade, estamos ensinando o que nossa Igreja está ensinando desde 1962-1965: doutrinas do Concílio Ecumênico Vaticano II.

A maioria que combate este Concílio nunca leu aqueles documentos, assinados por mais de 3 mil bispos convocados para aquele Conclave.

Mas os que discordam de nós também discordam do Papa e do Concílio! Pararam em Pio XII, que não era conservador.

Mas há católicos que acham que, antes de São João XXIII, a Igreja era mais católica!… Não aceitam a atualização! Mas Jesus e Paulo atualizaram o judaísmo daquela época. E foram caluniados e perseguidos pelos fariseus que não admitiam nenhuma mudança! Está tudo nos evangelhos, nos Atos e nas epístolas!…. Conservaram o que era bom e mudaram o que deveria ser mudado!

Pe. Zezinho, scj

Tema Pastoral A MORTE DE UM CARREIRISTA

maiores de Deus. Despreocupado com sua reputação, alvejado por tantas críticas, fez seu percurso de homem de fé com os olhos fixos n’Aquele que morreu dizendo que amava.

Deus, por meio da Igreja, o chamou para ser Papa. Ele aceitou. Para os seus desa-fetos, era a confirmação de que suas críticas tinham sentido: um homem carreirista como ele, claro, aceitaria. A verdade dos fatos, porém, leva a olhar sob outro ângulo. Após quase oito anos intensos de pontificado, com o declínio de suas forças físicas, mais uma vez Ratzinger surpreendeu o mundo: em fevereiro de 2013, renunciou ao Papado, con-forme suas palavras, depois de ter examinado retamente sua consciência perante Deus. Retira-se, em silêncio, para uma vida contemplativa e orante até o fim dos seus dias, rezando pela Igreja. Um final vergonhoso para um carreirista, mas digno de um homem de fé. Bento XVI foi um carreirista no melhor sentido da expressão. Viveu sua vocação com uma profundidade tão grande que o fez, em cada etapa de sua longa existência, permitir que Deus fosse desenhando sua carreira, sua história. Não correu atrás, acolheu! Seus gestos, tão profundos, demoraram para serem compreendidos por um mundo acostumado ao superficial. Demonstraram, porém, o que é a verdadeira carreira: seguir o Cordeiro aonde quer que Ele vá (Ap 14,4).

Bento XVI morreu. Tal foi a notícia com que amanheceu o último dia de 2022. Serenamente, depois de uma longa vida, Joseph Alouisius Ratzinger entregou sua alma a Deus no silêncio do Mosteiro Mater Ecclesiae, onde residia desde sua renúncia ao Papa-do, em 2013, dentro do próprio Vaticano.

Durante seus funerais (sóbrios, a seu pedido), que trouxeram alguns elementos comuns aos ritos fúnebres que se usam quando morre um Papa reinante, não faltaram análises sobre sua longa vida e sobre seu ministério na Igreja, como teólogo e como Pa-pa.

Positivamente, diversas vozes o aclamaram como “magno” (grande), postulando que seja declarado como Doutor da Igreja. Todavia, não faltaram vozes que, do outro lado, tecessem comentários maldosos, sobretudo na verdadeira “terra de ninguém” que são as redes sociais, onde não faltam peritos capazes de definir a verdade absoluta em comentários rasos e, não raro, expressivos de ódio e outros sentimentos dos mais baixos e vis que há em nós, humanidade.

Dito isto, não seria e nem poderia ser diferente com alguém como Bento XVI. Sua vida e sua atuação na história recente da Igreja, sem dúvida alguma, o fizeram ama-do por muitos e desgostado por tantos. É assim que acontece com pessoas “grandes”, cuja envergadura moral lhes impede de passar despercebidos na história.

Dentre as críticas feitas ao defunto Papa Emérito, há uma que, particularmente, se destaca: chamaram-no, sempre e, sobretudo, após sua morte, de “carreirista”. Quando lhe aplicam tal rótulo, parecem afirmar que ele sempre correu atrás dos cargos que exer-ceu, almejando poder e visibilidade. Sua própria vida, entretanto, responde a tais críticas: é sabido de seu pedido, mais de uma vez, para deixar a função de responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, que foi negado por São João Paulo II. Do mesmo modo, seu gesto profético e ousado de renúncia ao trono de Pedro fala por si mesmo. Então, terá sido Bento XVI um carreirista?

Certamente, ele foi, sim, um carreirista. Porém, não no sentido ruim do termo, mas sim naquele de ter sido um autêntico homem de fé que, por isso, se colocou nas mãos de Deus. A carreira de Bento XVI foi resultado de uma existência aberta à graça de Deus, a quem ele se deu de coração. O professor de Teologia, defensor da Verdade e desejoso de com ela cooperar, teve sua vida traçada pelos misteriosos desígnios d’Aquele a quem se dispôs a servir.

A menção nostálgica à terra natal em seu testamento demonstra o quanto “seguir carreira eclesiástica”, certamente, não estava nos planos do jovem padre e professor. Contudo, os planos de Deus eram outros. Feito Bispo e, pouquíssimo tempo depois, Cardeal, Ratzinger viu seus sonhos serem modificados.

Assim, ele foi deixando que sua carreira acontecesse. Fidelíssimo ao dever e ao bem da Igreja, entregou-se totalmente aos propósitos

Em pleno Ano Vocacional para a Igreja no Brasil, o testemunho da vida e “car-reira” de Bento XVI é eloquente: o sentido da vida é encontrar a própria vocação e res-ponder, generosamente, a Deus. Porém, isso de nada adianta se a vocação não for entre-gue nas mãos de Deus, sendo fiel à Verdade e crendo, absolutamente, sem se deixar levar pelos ventos de tantas doutrinas e pelo poder (dentro da Igreja, também!).

A carreira é esta: não correr atrás dos cargos, mas ter os olhos fixos em Jesus. Di-ante d’Ele, unicamente, após os cargos terem passado, a carreira se torna história de vida doada, de vocação realizada e, somente assim, se pode fechar os olhos para este mundo dizendo: “Senhor, eu te amo!”.

Obrigado, Bento XVI!

Entrevista

A Campanha da Fraternidade deste ano retoma o tema da fome, nos recordando, com a frase categórica de Jesus – “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16), de que o compromisso de erradicar a fome é de todos e de cada um. Em Taubaté, o programa “Bom Prato” é um exemplo de que, com políticas públicas adequadas somadas à solidariedade, é possível reverter o problema da fome e dar dignidade aos mais pobres. Nesta entrevista, Pe. Marlon Múcio, fundador da Missão Sede Santos, fala sobre esse programa de segurança alimentar coordenado pela comunidade.

O LÁBARO: O que é o “Bom Prato” e como funciona?

Pe. Marlon: O programa “Bom Prato” é o maior programa de segurança alimentar do mundo. Hoje, existem 80 unidades no Estado de São Paulo. Três das unidades são geridas pela Missão Sede Santos. O restaurante de Taubaté já fez 16 anos; o de São José dos Campos, 4 anos; e o de Jacareí, 8 meses. O Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento Social, faz um chamamento público, e aí as entidades entram concorrendo. Nós ganhamos nessas três cidades. Nós temos uma grande alegria: das 80 unidades, as três primeiras colocadas são as nossas, no quesito qualidade e excelência, no atendimento e no trabalho.

O LÁBARO: Como é a organização do programa, para que as pessoas sejam bem atendidas?

Pe. Marlon: Em cada uma das três unidades, nós temos uma média de 20 funcionários. São funcionários da Missão Sede Santos. Em cada unidade, também temos dois voluntários. Existe um padrão para que os restaurantes funcionem segundo o programa Bom Prato. Então, nós temos, dentro desse padrão, funcionários. Cada pessoa para um real pelo almoço ou pelo jantar, e 50 centavos pelo café da manhã. O Governo do Estado faz um subsídio de R$ 6,10 por cada refeição. Desde que começou o contrato, o preço é um real. Para muitas pessoas, é a única refeição do dia. E é assim: apareceu na fila, come. Mas o programa é especialmente voltado para moradores em condição de rua e desempregados.

O LÁBARO: Como o “Bom Prato” funcionou durante a pandemia?

Pe. Marlon: Na pandemia, como não podia ter refeição de contato, então nós servíamos o marmitex. Mas, agora, graças a Deus, já está normal. O restaurante de Taubaté e o de São José dos Campos funcional de segunda a sábado; o de Jacareí, de segunda a sexta-feira; Taubaté e São José, com café da manhã, almoço e jantar; Jacareí, com café da manhã e almoço. Nós conseguimos na época da pandemia mais ou menos 300 refeições em cada unidade. Graças a Deus, isso se manteve. Hoje, em Taubaté, são 400 cafés da manhã, 1.400 almoços e 300 jantares; em São José, são 300 cafés da manhã, 1.250 almoços e 300 jantares; em Jacareí, são 300 cafés da manhã, 1.250 almoços e 300 jantares. Cada prato tem seis ingredientes: arroz, feijão, salada, guarnição, prato principal e sobremesa. É uma coisa muito linda. A cara do prato é muito bonita, e o tempero também é muito gostoso.

O LÁBARO: Há uma preocupação importante que não é apenas a de oferecer a comida, mas acolher as pessoas com dignidade.

Pe. Marlon: Tem uma preocupação social, mas profundamente

Pe. Jaime Lemes, msj

humana e humanitária. Por quê? A pessoa ganhar o prato é uma coisa, você permitir que ela compre com um real resgata a cidadania dela, a dignidade dela. Os pratos são preparados nutricionalmente balanceados. Então, para a Missão Sede Santos, isso é pura evangelização. Eu recordo do Evangelho da Multiplicação dos pães: todos comem. Em Taubaté e em Jacareí temos convênio com o Centro Popular das Pessoas em Situação de Rua. Elas levam um cartãozinho, e não precisam pagar, porque a Prefeitura paga.

O LÁBARO: Qual a importância dessa ação social, especialmente em Taubaté?

Pe. Marlon: Eu vejo a importância desde o começo. Todo ano, a gente faz uma grande festa, no aniversário (do programa). Então, todo ano vem o prefeito, deputado, governador e também todo ano ia o Dom Carmo e o Dom Antônio almoçar lá. Eles cobravam: “está chegando o dia”. E a gente via a cidade melhorar. O patamar de vida das pessoas melhora. Elas se sentem acolhidas, amadas, promovidas, não apenas um assistencialismo, mas a promoção da pessoa. E também, o restaurante, nós damos cursos rápidos e fazemos encaminhamentos para os PATs (Posto de Atendimento ao Trabalhador) e também para casas de recuperação. Uma delas é nossa, que atende gratuitamente, em Caçapava. Então, a pessoa é pensada no todo. Nós vemos não apenas o estômago dela, mas a pessoa que tem fome, desde a acolhida, quando ela chega, procuramos fazer assim. Ora, quem sai ganhando? Sai ganhando a população , sai ganhando também a Diocese de Taubaté, porque nós estamos lá com a bênção da Diocese, em nome da Diocese, fazendo esse trabalho.

O LÁBARO: De que maneira o programa “Bom Prato” fortalece o carisma da Missão Sede Santos?

Pe. Marlon: O carisma da Missão Sede Santos é tornar Jesus mais conhecido, amado, seguido e adorado. Então, quando uma pessoa vem tomar a refeição, nós estamos fazendo isso, porque vemos Mt 25 naquela pessoa: “Eu estava com fome e me destes de comer”. O carisma é fortalecido, a nossa entidade social e também a comunidade ganham visibilidade, e isso abre muitas portas no coração das pessoas, junto às prefeituras e fortalece a ação evangelizadora da Diocese. Vêm pessoas de todos os credos, até de classes sociais, mas a Igreja é que está fazendo isso. Eu me lembro de Madre Teresa de Calcutá. Ela cuidava dos hindus, e dizia: “ele é meu irmão. Não importa que tenhamos religiões diferentes, eu faço isso por causa da minha religião”.

O LÁBARO: A realidade da fome, como mais uma vez insiste a Campanha da Fraternidade, abordando o tema neste ano, com o lema: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16) é uma chaga não só no Brasil, mas no mundo. Como nós cristãos católicos devemos enfrentar essa realidade?

Pe. Marlon: Eu penso o seguinte: a fome é uma chaga vergonhosíssima para a humanidade, mas cada pessoa pode fazer a sua parte. Mesmo as paróquias têm os grupos sociais, elas têm o domingo do quilo para arrecadar alimentos para as cestas básicas. Ora, alguém pode dizer: Isso é dever do Estado. Mas, cristãmente falando, isso é dever de todos nós, porque Jesus mandou dar de comer. O milagre da multiplicação passa pela partilha. As paróquias já fazem o trabalho de conhecer as famílias, ajudam com cestas básicas, procuram estar próximas, cadastram as famílias, veem a real necessidade. Esse é um trabalho simples, que toda paróquia pode fazer. Quase todas fazem isso, mesmo as mais pobrezinhas. As pessoas se ajudam. Agora, individualmente falando, cada pessoa também pode ter a consciência de partilhar. Eu penso que a partilha é o grande refrão da Campanha da Fraternidade de todos os anos. Saber partilhar! Quem partilhar está perto, conhece, se compadece, levanta a pessoa. A pandemia nos fez ficar mais egoístas; as pessoas se fecharam nos condomínios, nas ruas, nas suas casas. Mas a gente percebe, quando alguém toca a campainha, se ela precisa ou não. Também a gente conhece um pouquinho dos vizinhos, e a gente percebe se eles estão precisando de ajuda ou não. Então podemos ser mais sensíveis, cristãos... e partilhar. Esse trabalho das paróquias não é tapa buraco, não é um trabalhinho, é um trabalho sério e muito bonito, e faz a diferença. Não há ninguém que seja tão pobre que nada possa dar e nem tão rico que nada possa receber. Cada um pode dar o que pode dar, mas tem que dar. Isso nos salva e salva aquela vida. A salvação da alma passa pela promoção do corpo.