Revista Comuna 103

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VOCÊ TEM UM SONHO? Quando pensamos sobre sonhos, logo relacionamos a coisas que gostaríamos de conquistar – uma viagem, uma casa, um carro, etc. Tudo isso é bom, mas pode parecer fútil quando colocamos na perspectiva da vida eterna que Cristo preparou para nós. Como cristãos, devemos ser sonhadores. Está em nosso DNA sonharmos com algo melhor. Mas o quê? O que seria esse algo melhor? Jesus respondeu a essa pergunta quando disse que veio para pregar as boas novas do Reino de Deus (Lc. 4.43). Precisamos sonhar com o Reino de Deus, que não tem a ver só com as ruas de ouro sobre as quais ouvimos quando crianças, mas que começa dentro do seu e do meu coração, que nos compele a viver uma vida voltada para implantar este Reino em nossos dias, nas vidas das pessoas ao nosso redor. Sem um sonho claro, nos falta esperança e sobra reclamação. O sonho nos faz planejar, nos faz pesquisar, preenche uma parte da nossa vida que nos traz propósito e satisfação. E sabemos que a única satisfação verdadeira é aquela que provém de Deus, portanto, somente os sonhos dele poderão nos preencher completamente. Nesta edição da Revista Comuna, queremos trazer sonhos do coração de Deus para você: uma vida cristã que vai além da conversão, que busca o bem comum e atua para abençoar o próximo – mesmo que ele não concorde com tudo o que pensamos. É através do amor e do serviço que demonstramos, que Jesus irá tocar os corações. Mais do que uma boa leitura, que essas palavras te levem ao engajamento, pois eu e você somos a resposta que o mundo precisa, nós somos as cartas vivas que irão transformar o mundo! Gustavo Rosaneli, Pela equipe editorial

#103 | SETEMBRO | 2018

DIREÇÃO GERAL:

Carlos Alberto de Quadros Bezerra CONSELHO GESTOR:

Carlos Bezerra Jr, Osmar Dias, Aguinaldo Fernandes, Valmir Ventura, Lair de Matos, Cézar Rosaneli, Fernando Diniz, Gustavo Rosaneli, Ronaldo Bezerra COORDENAÇÃO EDITORIAL:

Carlos Bezerra Jr. Gustavo Rosaneli COORDENAÇÃO DO PROJETO:

Gustavo Rosaneli JORNALISTA RESPONSÁVEL:

César Stagno - MTB 58740 REVISÃO:

Mayra Bondança COLABORADORES:

Mayra Bondança, Enrico Guerrero, Mariana Martins Equipe de Fotografia da Comunidade da Graça DIREÇÃO DE ARTE E PROJETO GRÁFICO:

Salsa Comunicação CIRCULAÇÃO:

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No Estado de São Paulo: São Paulo Capital; Arujá; Atibaia; Balsa; Bragança; Campinas; Caraguatatuba; Guarulhos; Mauá; Mogi das Cruzes; Registro; Santos; São Bernardo do Campo; Socorro; Sorocaba; Tatuí; Taubaté; Ubatuba. Rio de Janeiro: Macaé. Minas Gerais: Governador Valadares; Belo Horizonte; São Sebastião da Vargem Alegre; Visconde do Rio Branco. Paraná: Foz do Iguaçu; Londrina; Maringá; Paranaguá; Rolândia. Pernambuco: Barreiros; Caruaru; Catende; Itapissuma; João Pessoa; Recife; Sta. Maria da Boa Vista. Bahia: Salvador; Vitória da Conquista IMPRESSÃO:

Gráfica MaisType DISTRIBUIÇÃO:

11.500 exemplares


COMO SER CRISTÃO HOJE?

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O MAIOR ENTRE VOCÊS

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08 O REINO DO BEM CHEGOU

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VÁ E ABENÇOE

CHAMADAS PARA UM PROPÓSITO

Princípios para entender e praticar de forma sadia a liderança e a autoridade

Deus conta conosco para abençoar as pessoas neste mundo

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O AMOR É O QUE O AMOR FAZ

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12 RECOMENDO

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FÉ CIDADÃ

JÁ ACONTECEU COM VOCÊ?

A MISSÃO DA IGREJA É AMAR

Carlos Bezerra Jr. lança seu primeiro livro 5


PALAVRA DO PRESIDENTE

VÁ E ABENÇOE PRINCÍPIOS PARA ENTENDER E PRATICAR DE FORMA SADIA A LIDERANÇA E A AUTORIDADE

o longo dos meus mais de 50 anos de ministério, tenho falado sobre como um líder deve tratar seus discípulos, enfatizando, em todo tempo, que a liderança deve ser em amor e serviço. A arbitrariedade ou a procura do benefício próprio são a deformação pecaminosa do princípio dado por Deus, e levarão, inevitavelmente, ao tão temível e rejeitável autoritarismo. Por isso, é muito importante que todos, como corpo de Cristo, possamos entender que quem recebe autoridade deve usá-la para abençoar e não para controlar. Na época dos juízes, o povo de Israel vivia caindo sob o jugo dos inimigos. Rejeitavam a autoridade divina e não havia autoridade humana estabelecida. Não havia rei em Israel (Jz. 21.25). Cada juiz se levantava para exercer um ministério de pequena duração. Por outro lado, quando os reis foram estabelecidos, a nação judaica conheceu sua época de maior prosperidade em toda a história, principalmente no reinado de Salomão. Mas, quando os reis começaram a se corromper, distanciando-se do padrão deixado por Davi, todo o povo também foi se perdendo até que foram para o cativeiro. A melhor parte da história de Israel corresponde ao período em que havia uma liderança estabelecida por Deus e que dirigia o povo de acordo com a vontade divina. Todo grupo precisa de uma liderança. Se ela não existir, cada um fará o que bem lhe parecer, até que o grupo se desintegre. Por outro lado, se a liderança existe, mas não é obedecida, é como se não existisse. Os resultados serão, da mesma forma, fracasso e desintegração do grupo. Muitas vezes, a relação autoridade-submissão é confundida com um confronto entre poder e impotência, força e fraqueza. A liderança existe para que o grupo tenha direção, para que os recursos humanos e materiais possam ser corretamente direcionados visando o objetivo comum. Não significa que o líder seja maior ou mais importante que os seus liderados. Portanto, o líder não deverá se sentir superior nem o liderado inferior. Todos são importantes. O líder precisa do grupo e vice-versa. Todos nós estamos envolvidos em autoridade e submissão em diversas áreas de nossas vidas. Numa empresa a autoridade é exercida a partir daqueles que a constituíram, portanto, os que concordam em trabalhar para ela, submetem-se à sua autoridade. Numa democracia como a que temos no nosso país, os eleitores delegam autoridade para que outros os governem – por isso é tão importante ouvir a Deus com cuidado antes de exercer nosso voto. 6


Existem princípios que devemos conhecer para podermos entender a prática sadia da liderança e da autoridade: Toda autoridade vem de Deus e deve submeter-se a Ele (Rm. 13.1-2). Não há nada acima dele ou da Sua Palavra. Em Mateus 8.8-9, o centurião recebe Jesus em sua casa e declara: “Pois eu também sou homem sujeito à autoridade”. Aquele homem estava reconhecendo que Cristo estava debaixo de autoridade e por isso podia exercê-la, e as coisas seriam feitas como ordenadas. De fato, o Mestre sempre declarou que fazia apenas o que o Pai lhe pedia para fazer. Isso nos leva ao segundo princípio. Há autoridade direta e autoridade delegada. A direta é a de Jesus sobre a vida de cada cristão. E a delegada é a que recebemos dele para fazermos discípulos, como registrado na Grande Comissão no livro de Mateus. Só podemos exercer autoridade se estivermos submissos a uma. Não somos Deus. Se reconhecemos o fato de que não há nada além dele, então Ele é Senhor. Logo, precisamos estar submissos à autoridade direta do Senhor, através do Seu Espírito Santo (Rm. 14.7-11), e às autoridades delegadas por Ele – se somos membros do corpo de Cristo, não agimos de maneira independente, mas submissos ao Cabeça; assim também na estrutura da igreja. Nossa autoridade sobre o diabo depende de nossa submissão à autoridade. É o caso registrado em Atos 19.13-16, quando alguns judeus tiveram de ouvir de um demônio: “Jesus, eu conheço. Paulo, eu sei quem é. Mas vocês, quem são?”, antes de serem atacados. Quando um servo de Deus ordena algo para o diabo, este é obrigado a obedecer. A razão disso é exclusivamente a autoridade do próprio Senhor Jesus Cristo na vida desse servo. E nesse caso, o inimigo não tem alternativa senão obedecer, sob pena de ser atingido pelo exército de Deus. Bendito seja o nome do Senhor pela autoridade que nos é delegada em Jesus Cristo! Quem recebe autoridade deve obedecer e honrar a Deus acima de tudo. O diabo não teme nossas pregações ou discursos. Ele teme quando, debaixo de autoridade, oramos e obedecemos a Deus. Precisamos nos santificar a Deus por meio da obediência. Cientes de que não há capacidade em nós, mas que dependemos constantemente dele para exercermos qualquer tipo de autoridade. Cientes de que a vaidade é um veneno que devemos rejeitar, pois é o cenário da ruína. Precisamos exercer a autoridade com base na Palavra de Deus, com amor e compaixão e sempre para abençoar, nunca para amaldiçoar. Disse Jesus: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei” (Mt. 28.18-20). Assim devemos fazer.

CARLOS ALBERTO BEZERRA Carlos Alberto Bezerra é fundador da Comunidade da Graça. Um homem apaixonado por pessoas. Pastor há 52 anos e casado com Suely pelo mesmo tempo. Tem seis filhos e 16 netos. O amor, o serviço e a valorização da família são suas ênfases ministeriais. Pregador apaixonado, escritor inspirador.

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TRANS FORMAÇÃO

CHAMADAS PARA UM PROPÓSITO DEUS CONTA CONOSCO PARA ABENÇOAR AS PESSOAS NESTE MUNDO

speramos impacientes pelo paraíso onde está Deus, mas é possível para nós estarmos no paraíso com Ele agora. Estar feliz com Ele significa amar como Ele ama, ajudar como Ele ajuda, dar como Ele dá, servir como Ele serve.” Essas palavras foram ditas por uma mulher que cumpriu o chamado de Deus aqui na Terra. Madre Teresa de Calcutá deu a sua vida para cuidar das pessoas. Ela foi feliz com Jesus, porque amou como Ele ama, ajudou como Ele ajuda, deu como Ele dá e serviu como Ele serve. Por causa disso, milhares tiveram suas vidas transformadas. Deus nos chamou para servir as pessoas. Podemos fazer isso de diversas maneiras diferentes, mas nunca podemos nos afastar desse propósito. Em sua segunda carta a Timóteo, Paulo escreveu: “Você, porém, deve manter a sobriedade em todas as situações. Não tenha medo de sofrer. Trabalhe para anunciar as boas-novas e realize todo o ministério que lhe foi confiado” (4.5). O Senhor espera que cumpramos por completo o que nos foi confiado. A função da mulher no Reino de Deus, além de suas incumbências com o lar, continua sendo pregar, curar, romper cadeias, abrir os olhos espirituais das pessoas e servi-las com amor (Is. 61.1). E é o próprio Deus que nos capacita para esse propósito. Somos Suas filhas, chamadas como amigas, cooperadoras, membros de Sua equipe, sem restrições em toda a boa obra que Ele quer que realizemos. Estamos neste mundo para causar um grande impacto e para levar Jesus ao maior número de pessoas possível. Para isso, algumas atitudes podem nos ajudar muito:

ORE, ORE, ORE A oração é o que nos aproxima de Deus e nos faz mais parecidas com Jesus. É impossível termos o nosso coração voltado para as pessoas se não tivermos intimidade com o Senhor, se não separarmos tempo para estar com Ele a sós, para ouvir a Sua voz e conhecer o Seu coração. Por isso, antes de qualquer coisa, seja uma mulher de oração. Ore para conhecer mais a Deus, ore em arrependimento, interceda pelas pessoas, pelo seu bairro, sua cidade, pelo Brasil. 8

A oração é a primeira atitude de alguém comprometido com o chamado de Deus. Nada pode substituí-la.

SEJA PROATIVA Se você vê alguma necessidade, seja onde for, tome a iniciativa de fazer o que precisa ser feito. Se conhece alguém passando por algum problema, ore por essa pessoa e pense em como pode ajudá-la de forma prática. Pode ser também que enxerguemos necessidades que não sabemos como suprir, por isso é tão importante orarmos em primeiro lugar e, depois, pedirmos ajuda de pessoas mais experientes. Ser proativa também significa estabelecer prioridades e colocar o importante antes do urgente. Somos parceiras de Deus e o que fazemos tem valor eterno. Por isso, esteja atenta ao que está acontecendo ao seu redor e esteja pronta para ser a resposta para aqueles que estão perdidos e necessitados.

ESCOLHA ENXERGAR AS OPORTUNIDADES Muitas vezes, quando olhamos para este mundo, só vemos tristeza e injustiça. Vi-


vemos dias maus. Mas Deus é especialista em transformar o mal em bem, em mudar a vida daqueles que são injustiçados, esquecidos, deixados de lado. E Ele quer nos usar para isso! Precisamos escolher olhar para as pessoas e para as situações com os olhos de Jesus, enxergando tudo aquilo que Ele pode fazer, vendo oportunidades em meio às dificuldades.

TENHA UM CARÁTER SANTO Nada é mais impactante do que uma pessoa que vive para glorificar a Deus. Nossas atitudes e nosso caráter são as primeiras coisas que os outros vão enxergar em nós, é isso que mostra Jesus. Por isso, precisamos nos esforçar para conhecer a Deus e a Sua Palavra, para ter uma vida devocional comprometida e para ter as mesmas atitudes de Cristo. A vida centrada no Senhor produz alegria e nos capacita a cumprirmos completamente o que Ele nos chamou para fazer. Faz com que as outras pessoas queiram experimentar aquilo que experimentamos e vejam Deus em cada uma das nossas atitudes. Viver para Deus neste mundo é o maior privilégio que podemos ter. Ele é tão bom e tão maravilhoso que nos deu um propósito, um plano para cumprir, que quer nos usar para ser a Sua resposta àqueles que tanto precisam, seja um familiar, um vizinho, a mãe de um ami-

go dos nossos filhos ou alguém que nunca vimos, mas que passa por momentos de necessidade. Vale a pena nos esforçarmos para sermos as mulheres que Ele nos chamou para ser.

Estamos neste mundo para causar um grande impacto e para levar Jesus ao maior número de pessoas possível

SUELY BEZERRA Fundadora e líder do Ministério Mulheres Intercessoras, Suely Bezerra tem uma vida marcada pela oração e intercessão. Tem mentoreado líderes e pastoras ao redor do país durante toda sua vida. É esposa do Pr. Carlos Alberto Bezerra. Eles são casados há 52 anos, têm seis filhos e 16 netos.

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INSPIRAÇÃO

FÉ CIDADÃ CARLOS BEZERRA JR. LANÇA SEU PRIMEIRO LIVRO

TRECHOS DE PREFÁCIOS DO LIVRO “Num momento de descrédito da política em nosso país, Carlos Alberto Bezerra Jr. a reafirma como atividade voltada ao bem comum e atenta, especialmente, às pessoas que são mais vulneráveis a condições sociais adversas.” Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República “A presença dos evangélicos em lugares e momentos de sofrimento da população revela a amorosa disposição de servir ao próximo e aos necessitados, mas a aversão à política e à escolha de uma representação parlamentar que tem agido contra os valores do reino de Deus, em muitos momentos, indicam a urgência de conhecer e compreender a melhor e mais efetiva forma de construir a justiça e praticar, com a menor contradição possível, os valores de nosso Deus — pois, segundo Bezerra, a política motivada pela fé deveria ser transformadora e não oportunidade para acumular poder e privilégios. Marina Silva, ex-senadora

TRECHOS DO LIVRO Quero agradecer a todos que de alguma maneira contribuíram com o meu trabalho ao longo desta caminhada. Eu sou a confiança, o carinho e a força que vocês têm em mim. Acredito que quanto mais “sonhadores” houver, maior resistência teremos a esses tempos tão pragmáticos e de tanto ceticismo, em que, mais do que nunca, precisamos de esforços coletivos para que “a justiça corra como água e o direito como um caudaloso rio”. (...) Não é de agora que venho pensando e discutindo sobre como os evangélicos são percebidos e representados pela grande mídia. Sou estimulado por questionamentos como: “Por que as religiões são vistas de forma tão preconceituosa, em especial a fé cristã evangélica e, em particular, sua vertente pentecostal?”. Creio que chegou o momento de dar a minha contribuição, tendo por base a experiência que acumulei ao longo dos anos como líder cristão e indivíduo dedicado à vida pública. Quero convidar você a aceitar minhas provocações, a avaliar minhas percepções e, a partir delas, compreender a pluralidade evangélica. Ou, como diria o educador Paulo Freire, desejo provocar a pedagogia do olhar. (...) Gosto muito de uma história que ouvi da missionária Analzira Nascimento, que passou longos anos de sua vida em Angola como missionária da Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira, mesmo durante a guerra civil. Relatando sua experiência, ela disse que orava todos os dias: “Deus, não me deixe fora do que o Senhor está fazendo no mundo”. Que Deus nos dê a coragem e a ousadia que Analzira teve de, mesmo em meio à guerra, manter o foco no que realmente importava. É preciso ir à luta, pôr a mão na massa e chegar ao ponto em que o ser humano seja incapaz de permanecer inerte às dores e aos clamores dos que vivem oprimidos, violentados e invisíveis à sociedade. (...)

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Sonho com o dia em que os cristãos brasileiros farão marchas pelas mulheres e pelos jovens vitimados pela violência que nos assola com tragédias humanas expressas em números estatísticos. Precisamos derramar lágrimas pelas pessoas cujo sangue “clama da terra até os céus”. Quando marcharemos pela erradicação da miséria, da exploração sexual de crianças e do trabalho escravo, em solidariedade aos mortos (civis e agentes de segurança pública), em defesa da vida plena para todos e todas? (...) Como cristão, não posso ignorar os mais de dois mil versículos da Bíblia vinculados à pobreza e à justiça social. A luta contra a pobreza também é um valor moral. Grandes movimentos de transformação social na história foram movidos pela fé, como a abolição da escravidão na Inglaterra, a luta pelos direitos civis nos EUA e os esforços contra o Apartheid na África do Sul. Quando vamos inserir as diferenças gritantes em nossa sociedade como um valor moral no debate sobre questões como o trabalho escravo, o combate à pobreza, os direitos das mulheres e a proteção das crianças? (...) Jesus deixou uma mensagem muito clara aos Seus seguidores: basta ao discípulo ser igual ao seu mestre. Portanto, ser um discípulo de Jesus

é fazer o que Ele fez, é agir como Ele agiu, nos ambientes em que Ele desempenhou Seu ministério. Onde Jesus estava? Cuidando e Se identificando com quais pessoas? Uma análise cuidadosa dos evangelhos deixa claro que a prioridade de Cristo era o cuidado com os violentados, marginalizados, explorados e oprimidos. (...) Comprometer-se com a defesa dos direitos humanos é um imperativo de fé. Uma violência contra qualquer criatura é uma blasfêmia contra o Criador. Um ser humano é alguém que possui dignidade intrínseca e cuja vida é sagrada. E, se a vida é sagrada, mais do que preservada ela deve ser reverenciada. Ser imagem e semelhança é refletir quem Deus é. A Bíblia nos diz que Deus é amor, portanto, servir a Deus é, necessariamente, amar o próximo, o semelhante. 11


LIDERANÇA

Já aconteceu com você? ão era isso o que eu queria dizer, a ansiedade sempre me atrapalha!” “Fiquei nervoso na hora de falar e me deu um branco, que vergonha!” “Acho que as pessoas não gostaram de mim e da minha apresentação.” Para muitas pessoas, experiências como essas são tão chocantes que acabam gerando um frio na barriga todas as vezes que é necessária a comunicação com o público, seja em grupos grandes ou pequenos. Se este é o seu caso, espero que as ideias a seguir te ajudem bastante! Comece considerando que a comunicação verbal representa uma poderosa maneira de transmitirmos verdades que podem transformar realidades, e por isso ela não deve ser desprezada. Quando a comunicação verbal é desprezada há: • Desperdício de oportunidades; • Sensação de frustração; • Ideias e projetos desacreditados; • Perda de conexões pessoais. Como podemos fazer para destravar essa área tão importante da vida?

NÃO PENSE QUE É O FIM DO MUNDO É muito comum passarmos por situações onde sentimos que não comunicamos bem. Mas não pense que as pessoas estão se lembrando até hoje de alguma apresentação sua que não foi boa. Você terá novas oportunidades e, se falhar, sem desespero. Logo à frente haverá outras.

VOCÊ É UM FILHO – OU FILHA – QUE ESTÁ EM APERFEIÇOAMENTO A Palavra de Deus diz que nos tornamos filhos de Deus quando recebemos a Jesus (Jo. 1.12; Gl. 4.7). Como filho, além de ser muito amado, você se tornou herdeiro e uma das suas heranças é o Espírito Santo, que produz o caráter de Cristo em você. Assim sendo, você tem um ajudador por ex12

celência, que pode te ensinar a se comunicar com profundo amor e compaixão pelas pessoas – wow! E tem mais. Em 2 Timóteo 1.7, Paulo ensina àquele jovem que Deus, o Pai, não nos deu espírito de medo, mas de coragem, amor e equilíbrio.

COMECE SENDO AGRADECIDO É interessante notar que Jesus sempre demonstrava gratidão. Assim o fez na ressurreição de Lázaro (Jo. 11.41), na multiplicação dos pães e peixes (Mt. 14.19) e na Última Ceia (1Co. 11.24), para citar alguns exemplos. Quando falar, comece agradecendo por aquelas pessoas estarem ali te ouvindo. Não precisa fazer isso com formalidades, seja espontâneo. Isso é simpático, cria sintonia e uma atmosfera graciosa e leve, o que te deixará mais natural, afinal o artificialismo não comunica nada. Agradecer é uma atitude que abre muitas portas, pois demonstra humildade e honra a Deus e às pessoas. Esteja realmente agradecido!


Você tem um ajudador por excelência, que pode te ensinar a se comunicar com profundo amor e compaixão pelas pessoas Valeu a nossa conversa? Já falhou na comunicação? Tenha calma e lembre-se: não é o fim do mundo, haverá outras chances. Você é um filho que está sendo aperfeiçoado! Seja agradecido, mais específico e claro, exercite a simplicidade!

SEJA ESPECÍFICO

Recebi um cartão da minha filha de 9 anos, Manuela. Ela me lembrou que a simplicidade continua sendo uma maneira muito eficaz de comunicar uma poderosa verdade!

Um dos erros mais comuns na comunicação verbal é o excesso de subjetividade e de informações generalizadas, bem como a falta de um propósito claro. É quando muita coisa é falada, mas não se disse nada. A falta de didática com o uso de exemplos e de uma aplicação prática, torna a coisa ainda mais confusa. Quem vai te ouvir? É seu filho? Sua esposa ou esposo? O pessoal da célula? A turma da sua classe? A equipe da sua empresa? Para cada público use a linguagem adequada e defina qual é a mensagem a ser dita. Escolha uma coisa só e comunique com clareza.

EXERCITE A SIMPLICIDADE Ser simples não significa ser raso. É possível falar de coisas profundas e complexas com simplicidade. Simplicidade é a postura que se tem para falar COM as pessoas, o que é diferente de se falar PARA as pessoas. Quando fala COM as pessoas, seu coração está mais atento a elas e não focado em você. Descubra as necessidades que elas têm e tenha um interesse genuíno em ajudá-las. Assim sendo, antes de se preocupar se as pessoas gostarão de você, preocupe-se em transmitir uma verdade clara e transformadora, que realmente será útil e praticável.

FERNANDO DINIZ Fernando Diniz é pastor da CG Guarulhos e líder nacional de jovens. É casado com a pastora Sueli, com quem tem três filhos.

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DISCIPULADO

O MAIOR ENTRE VOCÊS COMO JESUS DEFINIU ISSO?

ateus 18.1, Marcos 9.33-34 e Lucas 9.46 registram o mesmo episódio. Numa discussão, os apóstolos queriam saber: “Quem é o maior?”. Ou seja, eles pretendiam ter poder, título: “Quem manda? Quem é o chefe?”. Não partiram do pressuposto de “será que há um maior que o outro?”. Imaginavam que haveria algum mais importante do que o outro, só queriam saber qual. A resposta de Jesus é clara e direta: “Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos. E, lançando mão de um menino, pô-lo no meio deles e, tomando-o nos seus braços, disse-lhes: ‘Qualquer que receber um destes meninos em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, recebe, não a mim, mas ao que me enviou’” (Mc. 9.35-37). Ou seja, o mestre afirma que o Reino de Deus não funciona do jeito em que os apóstolos estavam pensando. Não há título, posição, glória. Jesus tinha acabado de falar sobre Sua morte pela segunda vez, quando aquela discussão surgiu. Alguns dias depois, segundo Mateus 20, Ele falaria pela terceira e última vez sobre Seu sacrifício, mas o assunto daquela briga ressurge quando a mulher de Zebedeu, mãe dos apóstolos João e Tiago, se aproxima. Os versos 20 e 21 dizem que ela chegou “adorando-o” e pediu: “Por favor, permita que no seu Reino, meus dois filhos se sentem em lugares de honra ao seu lado”. Será que existe adoração com segundas intenções, interesseira? A Bíblia é maravilhosa porque abre o jogo. Mostra claramente como é o coração do homem e como Deus lida com isso. Aquela mulher quis fazer seu “papel de mãe” de interceder pelos seus filhos para lhes arrumar um lugar melhor, específico. Ela não “perdeu tempo” com discussões, foi direto no chefe para resolver. De forma muito doce, Jesus responde no verso 22: “Vocês não sabem o que estão pedindo! São capazes de beber do cálice que estou prestes a beber?”. Mas eles não entenderam e, com arrogância, responderam: “Somos”. Imagina se, no meio de uma obra na casa, uma criança de 5 anos de idade chega para seu pai, que carrega sacos de cimento, e diz: “Deixa te ajudar carregando um deles. Eu aguento”. 14


O que os filhos daquela mulher fizeram foi a mesma coisa. Eram como crianças sem noção daquela carga, daquilo que estavam afirmando. Então Jesus lhes disse: “De fato, vocês beberão do meu cálice. Não cabe a mim, no entanto, dizer quem se sentará à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai preparou esses lugares para aqueles que Ele escolheu” (Mt. 20.23). Ouvindo isso, os outros dez discípulos ficaram “indignados” (v. 24). Mas na cabeça deles não

estava o pensamento: “Como é que alguém vai perguntar um negócio desses?”. Eles ficaram raivosos imaginando que, com aquela atitude, os dois irmãos tinham passado na frente na briga por saber quem era o maior, que tinham sido mais “espertos”. O ser humano quer título, cargo, posição. E ele vai fazer qualquer coisa para alcançar isso. Mesmo que isso signifique usar a mãe ou adorar por interesse. Nosso coração é corrupto e perverso. Percebendo o clima de insurreição, de disputa de poder, Jesus os chama e, antes que alguém chegue no ponto de se intitular e tentar mandar nos outros, encerra a discussão: “Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por muitos” (Mt. 20.25-28). Ele corrigiu os relacionamentos dentro da Sua casa e deixou uma mensagem para quem exerce qualquer nível de liderança, discipulado, para qualquer um de nós: “Não será assim entre vocês”. O critério para exercer qualquer tipo de autoridade dentro do corpo de Cristo está baseado no quanto você ama a outra pessoa, no quanto você está disposto a servi-la. Uma das forças mais corruptoras do homem é o poder, a autoridade. Não somente no poder político, mas na farda, na igreja, numa empresa, numa escola, em qualquer lugar. O poder corrompe. É o princípio que corrompeu Satanás. Um lugar de autoridade pode gerar no coração de quem o ostenta um coração altivo, e, do outro lado, ciúmes. Por isso é tão maligno. E dentro da igreja, isso é absolutamente destruidor. Acaba com relacionamentos, discipulado, comunhão, serviço mútuo. Estraga tudo! Cada um dos que exercem um papel no corpo de Cristo o faz para servir. Não é posição, é serviço. Por uma questão de maturidade, a Bíblia nos ensina a assumir diferentes responsabilidades de serviço para a edificação do corpo de Cristo. Mas ninguém é melhor nem mais importante. Que possamos, com temor, continuar zelando pela comunhão. Servindo uns aos outros em humildade, procurando ser mais parecidos com Cristo e sem tentar discernir quem é maior. Isso não é ser igreja. “Não será assim entre vocês”.

VIRGILIO AMARAL NUNES Virgílio é pastor da Comunidade da Graça em Ubatuba. É casado com a pastora Márcia e pai de dois filhos, Gabriel e Raíssa.

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CAPA

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O BEM COMUM SEGUNDO O EVANGELHO PAULO ALEXANDRE SARTORI

que leva um capitão de navio negreiro se tornar um abolicionista? O que faz um homem conhecido por ser arrogante, insubordinado, instável e impaciente, se tornar comprometido com a causa do outro, sendo um dos responsáveis por uma transformação profunda em seu país? A história do britânico John Newton nos dá a resposta. Criado em seus primeiros anos de vida por uma mãe cristã, ele aprendeu os valores bíblicos desde cedo, mas escolheu seguir uma vida de libertinagem e amor ao pecado. Começou a trabalhar no mar e acabou se tornando capitão de um navio que fazia o tráfico de escravos negros, comércio sobre o qual a Inglaterra tinha monopólio na época e que contava com os meios de transporte mais cruéis possíveis. Depois de enfrentar uma forte tempestade em uma viagem de volta para casa, Newton sentiu muito medo de morrer e orou para que Deus o ajudasse. Apesar de ter tido um grande impacto naquele dia, ele voltou para sua antiga vida. Mas, tempos depois, acometido por malária, começou a refletir sobre sua vida mais uma vez e percebeu como a graça e a misericórdia de Deus o cercavam. Foi quando se entregou completamente ao Senhor e se dispôs a fazer o que Ele quisesse.

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O Senhor já transformou a nossa vida e o nosso caráter, já nos deu esperança e agora espera que nós façamos o mesmo pelas outras pessoas

A grande transformação aconteceu justamente em seu trabalho. Logo após a sua conversão, ele realizava cultos de oração e adoração com os escravos que transportava. Mas, como capitão, ainda usava instrumentos de tortura para conter rebeliões. Foi então que percebeu o quanto o tráfico de escravos e sua participação nele eram ultrajantes e repulsivos. Como aquilo não condizia com o tipo de pessoa que a Bíblia o instruía a ser. Convencido pelo Espírito Santo, Newton abandonou seu trabalho como capitão, se tornou pastor e passou a trabalhar incansavelmente para extinguir a escravidão. Nessa caminhada, se tornou conselheiro e orientador de William Wilberforce, que atuava no Parlamento Britânico a favor da abolição da escravatura. Foi nessa época que compôs uma das canções mais conhecidas da história do cristianismo, “Amazing Grace” (“Maravilhosa Graça”, em português), contando sua história de redenção. Meses antes de sua morte, John Newton viu o fruto de seu trabalho, a Inglaterra aprovou o Decreto da Abolição do Tráfico de Escravos em 1807. Uma transformação tão profunda se explica nas próprias palavras de “Amazing Grace”: “Maravilhosa graça, quão doce é o som que salvou um miserável como eu. Eu estava perdido, mas fui encontrado. Estava cego, mas agora vejo”. É exatamente isso que a graça e a misericórdia de Deus fazem, transformam a nossa maneira de ver, o nosso caráter. Tiram a nossa atenção de nós mesmos e a colocam no nosso Salvador e naqueles que também precisam conhecê-lo, naqueles que precisam de amor, de liberdade, de um abraço, de água, de pão. John Newton transformou a história da sua nação e, junto com ela, a história de milhões de pessoas. Tudo isso porque ele teve seu caráter transformado pela graça e pela misericórdia de Deus. O Senhor nos chama a responder às necessidades deste mundo. Ele já transformou a nossa vida e o nosso caráter, já nos deu esperança e agora espera que nós façamos o mesmo pelas outras pessoas. Antes, éramos cegos para o nosso próximo, mas agora podemos ver. Porque, assim como disse o apóstolo Paulo: “Somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos as boas obras, as quais Deus preparou antes para nós as praticarmos” (Ef. 2.10).

A RAZÃO NÃO MATOU A FÉ

Ilustração de um dos navios britânicos de tráfico de escravos, semelhante ao que era comandado por John Newton. 18

No século XVIII, o Iluminismo tirou Deus do centro do pensamento ocidental e colocou o homem e a razão no seu lugar. Mas a busca do bem comum não achou respostas satisfatórias e o século XX viu acontecer duas Grandes Guerras, governos totalitários, extermínios em massa, genocídios, massacres e toda sorte de crimes contra a humanidade.


O mundo percebeu que a ciência e a razão forneceram avanços expressivos, mas elas sozinhas não tornam o ser humano mais civilizado e solidário. Assim, as pessoas continuam em busca de respostas existenciais e melhores condições de vida, que façam desse planeta um lugar melhor de se viver. Será que o cristianismo, pelo menos da forma como é praticado hoje, pode resolver essa questão? No Brasil, a parcela evangélica da igreja vive um crescimento numérico bastante expressivo. Segundo o IBGE, entre os anos 2000 e 2010, o número de membros cresceu 61% e poderá ser maioria em 10 ou 15 anos. Mas, com exceção de algumas iniciativas isoladas, infelizmente, aquele desenvolvimento quantitativo não tem redundado em ações geradoras de mudanças e bem-estar social.

FÉ OCIOSA X FÉ COERCITIVA O teólogo croata Miroslav Volf aponta em seu livro “Uma Fé Pública” duas falhas da fé: a ociosidade e a coerção, “e elas correspondem grosso modo às duas espécies de pecados categorizados na tradição cristã: pecados de omissão, nos quais deixamos de fazer o que devemos fazer, e pecados de comissão, nos quais fazemos o que não devemos fazer”. A fé ociosa é aquela que apresenta uma grande imobilidade e apatia frente ao caos social em que nosso país se encontra. Ao se deparar diariamente com situações de exploração, miséria e injustiças crescentes, muitos cristãos se acomodam a uma postura de indiferença e isolamento frente às necessidades de uma população que segue abandonada, carente e à margem da sociedade organizada. Esse tipo de fé foi contaminado pelo relativismo e individualismo modernos que tornam as questões religiosas em atividades pessoais e privadas. Vive-se essa fé no interior de sua alma ou junto com as pessoas que pensam de forma igual, mas não nos espaços públicos (como as ruas e praças) ou institucionais (como as escolas, hospitais e empresas). Afinal, no mundo globalizado, ninguém tem nada a ver com a vida do outro, e cada um faz o que quiser de sua própria vida. A fé coercitiva, por sua vez, é aquela que se apresenta hiperativa, impondo seu próprio modo de vida e oprimindo os que não a querem. Os praticantes dessa fé distorcem os valores cristãos quando interpretam a pobreza, a miséria, as doenças, a falta de recursos e os demais problemas sociais como maldições na vida daqueles que não professam a mesma crença. Esse tipo de fé condiciona toda e qualquer ação na direção do próximo e do bem comum à conversão espiritual das pessoas. É uma relação de troca: se entregar sua vida a Cristo, haverá ajuda e bênção; se não, a necessidade continuará sem aten-

Jesus fala sobre o bem comum na história do bom samaritano, descrita em Lucas 10.25-37. Ilustração de Gustave Dore.

ção, não a merece. Para essa fé, o mundo só será melhor quando seus ideais forem obrigatórios em toda sociedade, quer ela concorde ou não.

UMA FÉ QUE PRODUZA OBRAS Outra questão que costuma moldar o pensamento cristão é o velho debate entre fé e obras. Muitos religiosos, em várias épocas, estabeleceram a salvação como um prêmio a quem praticasse boas ações. A Reforma Protestante, no século XVI, recuperou o princípio bíblico da gratuidade da salvação: somos salvos por meio da fé (Ef. 2.8). A partir daí muitos começaram a desprezar ou desvalorizar uma vida voltada à prática de boas obras, uma vez que elas não são condição para a entrada na vida eterna. As obras não são condição, porém são evidências de uma fé viva e operante. A falta de obras demonstra uma vida espiritualmente morta. 19


A epístola de Tiago apoia e reforça esse princípio cristão de uma vida comprometida para com as necessidades do próximo: “Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem porém lhe dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta” (Tg. 2.15-17). Se a fé que temos não é capaz de gerar em nós compaixão, sensibilidade e compromisso com as necessidades de nossos irmãos e do mundo, então é melhor não dizermos que somos cristãos, pois em nada somos diferentes dos demais. Nossa fé tem que ser um elemento gerador de condutas e ações efetivas que causem impacto no mundo e promovam o bem comum!

JUSTIÇA SOCIAL: CIDADANIA E CIVISMO A Bíblia declara que Deus é justo, e Ele deseja que Seus filhos manifestem Sua justiça na Terra. Justiça fala daquilo que é justo e correto, como por exemplo o respeito à vida e à igualdade de direitos de todas as pessoas. Isso nos leva ao exercício da cidadania, que é fazer valer esses direitos e cumprir os deveres como membros de uma sociedade. Defender o interesse público e o bem-estar coletivo é um ato de civismo e cidadania. Assim, todo cristão precisa estar envolvido ativamente na construção de uma sociedade mais justa, onde sejam cultivados valores como respeito, lealdade, compaixão, misericórdia, bondade, dignidade humana, entre outros. “Ele mostrou a você, ó homem, o que é bom e o que o Senhor exige: Pratique a justiça, ame a fidelidade e ande humildemente com o seu Deus” (Mq. 6.8). Entretanto, olhando para a nossa nação, enxergamos uma crise sem precedentes em sua história: não apenas social, mas também moral, ética, familiar e espiritual. Não basta apenas termos conhecimento da situação e nos indignarmos. Será que a responsabilidade por mudanças está apenas a cargo de nossos políticos e governantes? Se realmente temos uma experiência de real transformação de vida, isto tem que gerar em nós uma resposta. Mas o que podemos fazer?

RESPONSABILIDADE SOCIAL DO CRISTÃO Nós cristãos podemos e devemos participar de modo voluntário e consciente em atividades de públicas que promovam a prosperidade humana e o bem comum. 20

A Rocinha é a maior favela do Brasil. Atualmente, acredita-se que mais de 100 mil pessoas vivam ali – segundo o Censo das Favelas, realizado pelo governo do estado. A região tem um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do Rio de Janeiro.

As obras não são condição, porém são evidências de uma fé viva e operante. A falta de obras demonstra uma vida espiritualmente morta


Como cristãos responsáveis temos o dever de compartilhar toda essa sabedoria com as pessoas à nossa volta, quer elas sejam cristãs ou não. Nosso estilo de vida precisa ser visto, apreciado e absorvido pela sociedade onde estamos inseridos. “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt. 5.16). Engajamento público (participação na vida política) Como vimos anteriormente, nem a fé ociosa nem a coercitiva correspondem ao desejo de Deus para Seu povo. Conscientes desses perigos, devemos participar sim da vida política e pública da nossa nação; não como dominadores, mas como uma voz (entre outras) em favor da justiça social, colaborando “na contenção da implacável e crescente onda de miséria humana (...): epidemias, fome, violação de direitos ou poluição ambiental”.

Segundo o já citado teólogo Miroslav Volf, “os seguidores de Cristo se engajam no mundo com todo o seu ser” e esse “engajamento diz respeito a todas as dimensões de uma cultura”. E completa explicando que isso pode acontecer de dois modos: no testemunho para não cristãos e na participação na vida política. Compartilhando sabedoria (testemunho para não cristãos) A Bíblia está repleta de princípios de sabedoria para um estilo de vida “que possibilita a prosperidade de pessoas, comunidades e de toda a criação”. Há diversos conselhos, provérbios e mandamentos recíprocos nas Escrituras Sagradas que promovem a paz, a boa convivência e o desenvolvimento dos relacionamentos. “Sábios são os seres humanos que seguem esse caminho”.

Todo cristão deve exercer com sabedoria seu direito de voto, acompanhar o mandato dos seus políticos, cobrar dos governantes o cumprimento das promessas de campanha, fiscalizar as políticas públicas (na educação, saúde, segurança etc.). Outra forma de engajamento público é se voluntariar em ONGs, empresas ou organizações que desenvolvem projetos ambientais, esportivos, culturais, de assistência social e tantas outras formas de contribuir para o bem comum. “Quanto a vocês, irmãos, nunca se cansem de fazer o bem” (2 Ts. 3.13). Diante do ensino da Palavra de Deus, do exemplo da vida de Jesus e da história da igreja, o cristão não pode ignorar sua responsabilidade social. A nova vida que alegamos ter deve nos impulsionar na direção da justiça e do bem comum. Afinal, a fé sem obras é morta. 21


FATO

O REINO DO BEM CHEGOU

“SER VOLUNTÁRIO MUDA TUDO”, AFIRMA FÁBIO SILVA, LÍDER DA ONG NOVO JEITO á ouviu falar em empreendedorismo social? Recentemente, o termo ficou bem conhecido e tem ganhado força na mídia, mas poucos conseguem dar uma definição clara. Trata-se de uma atividade que envolve a criação de produtos ou serviços capazes de gerar transformação social. Mais que compromisso com o lucro, o objetivo passa por resolver demandas de pessoas que, por diversas razões, não são atendidas pelo mercado convencional. Fábio Silva se tornou uma referência em termos de voluntariado e ações sociais no Recife e no Brasil. O empreendedor é o responsável pela ONG Novo Jeito – que mobiliza pessoas para situações emergenciais –, pela plataforma Transforma Recife – que conecta pessoas interessadas em serem voluntárias com o objetivo de melhorar a qualidade de vida na cidade – e pelo Porto Social – que oferece mentoria jurídica, de gestão, contabilidade, comunicação e captação de recursos a projetos sociais. Tudo isso começou em 2010, quando as cidades da Mata Sul de Pernambuco foram atingidas por uma grande cheia. Tocado pela tragédia, Fábio mobilizou amigos para arrecadar colchões para a população atingida e, a partir daí, a Novo Jeito nasceu. Hoje, a ONG trabalha com diversas ações em hospitais, abrigos, áreas de risco do sertão nordestino, creches e vários outros espaços. Recentemente, ele participou de um workshop sobre Empreendedorismo Social organizado pela Fundação Comunidade da Graça, e respondeu às perguntas da Revista Comuna. Revista Comuna Para que nasceu a Novo Jeito? Fábio Silva – Ela nasceu para tentar despertar na sociedade civil um senso de engajamento, de voluntariado, de serviço comunitário, o que no Brasil é tão baixo. No nosso país, apenas 14% da população fez ou faz alguma atividade cívica coletiva. Isso gera, entre outras coisas, falta de pertencimento: o espírito passa a ser do cliente da pátria e não do protagonista. Então, a Novo Jeito nasceu como uma convocatória para toda 22

a sociedade civil. Porque se a gente quer mudar uma cidade, um estado ou o país, isso começa por cada um de nós. Queremos encorajar as pessoas a fazerem sua parte através do serviço comunitário. A grande pegada da Novo Jeito é mudar a agenda de vida da sociedade, que ela passe a ter um olhar de compaixão pelo outro e deixe de colocar todos os problemas nas costas do poder público. As iniciativas solidárias são o caminho para a cidadania, são um chamado a ser parte da solução. Nosso papel é viabilizar aquilo que já está no coração de muita gente: a disposição para ajudar. RC – A que pode ser atribuída a falta de engajamento? FS – São duas coisas. Primeiro, a uma cultura que foi construída. Hoje, por mais que o brasileiro queira se engajar civicamente, fazer algum serviço comunitário, ele não sabe como pode fazer isso. Para quem ele liga? Procura por quem? Acessa qual site? O cardápio não está disponível e isso já dificulta demais as coisas. Na hora em que a gente coloca essas coisas à disposição, o engajamento começa a crescer. E a segunda coisa é que em países como Canadá ou Estados Unidos, quem se engaja civicamente tem um programa de benefícios. Isso acaba acelerando a participação. Os pontos acumulados pela participação cívica nesses países acabam ajudando no ingresso na universidade, acesso ao mercado de trabalho, participação de programas sociais e concursos públicos, é um diferencial mercadológico. Então, a grande questão é deixar o cardápio disponível e criar um programa de benefícios para valorizar a quem faz o bem. RC – Como esse programa funcionaria, por exemplo, no mercado de trabalho? FS – Qualquer empresa hoje, na hora de uma contratação, solicita um currículo que, normalmente, está conformado pela trajetória estudantil e profissional do candidato. Imagina se você conseguisse anexar a isso o seu currículo social, dizendo que você investe tempo aos finais de semana auxiliando numa creche ou num asilo, cuidando da praça do bairro, doando


Em sua vinda a São Paulo, Fábio Silva visitou diversos projetos da Fundação Comunidade da Graça e participou de um Workshop sobre Empreendedorismo Social na CG Sede.

sangue, plantando árvores, utilizando seu talento a favor de uma comunidade menos favorecida. Isso traz valor para o profissional que é contratado, porque quem carrega esses valores de compaixão, justiça e solidariedade, não vai estar enrolando num emprego remunerado. Quem tem engajamento cívico carrega o conjunto de valores da vida de serviço. Assim, a gente conseguiria levar para o mercado de trabalho além de bons profissionais técnicos, profissionais mais humanos. RC – Muitos olham para a ideia de mudar o mundo como uma utopia. O empreendedorismo social é uma ferramenta para mostrar que aquilo, de fato, é possível? FS – Sim. Mas o jeito de mudar o mundo começa pela esquina, o quarteirão, a praça, o bairro, aquilo que está próximo de nós. O empreendedorismo social é uma ferramenta para que microtransformações sejam reproduzidas em escala. Ele não pensa em mudar a vida de apenas um idoso, pensa em criar tecnologia para que todos os idosos do país sejam beneficiados. É uma revolução silenciosa de cidadãos que começam mudando as ruas, ajudando os porteiros, colocando sua profissão a favor de quem não tem acesso. Se isso tudo acontecer, vamos mudar o mundo.

Se a gente quer mudar uma cidade, um estado ou o país, isso começa por cada um de nós

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AMOR QUE TRANSFORMA

O AMOR É O QUE O AMOR FAZ CARDÁPIO DE VOLUNTARIADO DA FCG AJUDA AS PESSOAS A ENCONTRAREM A MELHOR MANEIRA DE TRANSFORMAR VIDAS ATRAVÉS DO SERVIÇO

meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo. 15.12-13). Jesus nos amou tanto, amou tanto as pessoas que deu a Sua própria vida em favor delas. Mas isso não foi só quando morreu na cruz por nossos pecados, enquanto viveu aqui na Terra, Ele entregou a Sua vida para que cada um que encontrasse tivesse suas necessidades supridas e conhecesse a Deus. E é exatamente isso que Ele quer dizer quando pede que amemos uns aos outros como Ele nos amou. É um amor que doa, que alcança, que serve, que dá a vida. Como o próprio pastor Carlos Alberto costuma dizer, “o amor é aquilo que o amor faz”. A Fundação Comunidade da Graça tem feito isso há mais de 20 anos, sendo os pés de Jesus, Suas mãos, Sua boca, Seu abraço, e levando uma vida melhor a milhões de pessoas através de seus diversos programas. E isso só é possível com a ajuda daqueles que se comprometem com o voluntariado, que dão seu tempo, seu conhecimento e os seus recursos para abençoar o próximo. E para que mais pessoas possam trabalhar neste mesmo propósito, a FCG montou um “cardápio” de voluntariado, mostrando de forma simples todos os lugares em que alguém pode servir, seja nas creches, no Projeto Primícias, nos polos profissionalizantes ou em qualquer outro projeto. Existem, inclusive, alternativas para ajudar sem sair de casa, apenas usando um computador com acesso à Internet, como é o caso do voluntariado em comunicação e com a Nota Fiscal Paulista. Conheça todas as opções e veja onde você se encaixa melhor. Todo mundo pode usar seus dons e talentos em favor de outros. Todo mundo pode ser um instrumento para transformar os nossos bairros e as nossas cidades através do amor. 24


VOLUNTARIADO

ACHE O LUGAR IDEAL PARA SER VOLUNTÁRIO CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL

EDUCAÇÃO

Contação de histórias;

Higienização e limpeza;

Atividades recreativas;

Portaria/segurança.

Suporte administrativo; SASF

CCA

Panificação;

Aulas para o público adulto;

Atividades recreativas;

Separação de alimentos;

Montagem de cestas;

Palestras;

Higienização e limpeza;

Entrega de cestas;

Direito (advogados).

Aulas variadas;

• •

Apoio administrativo;

Palestras.

Contação de história.

SEDE

SOCIAL

PRIMÍCIAS

BOM PRATO

Comunicação;

Recepção;

Cadastro de NF;

Organização;

Higienização e limpeza;

Atendimento;

Higienização e limpeza.

Palestras e oficinas.

DORCAS

Organização de roupas;

Atendimento;

Venda de produtos;

Suporte.

POLO DA BELEZA ESCOLA DA MODA

AÇÕES COMPLEMENTARES

NPJ

Odontologia;

Cabeleireiro;

Psicologia

Psicologia;

Manicure/Pedicure;

Assistência social

Psicopedagogia;

Ginecologia;

Design de sobrancelhas;

Direito (advogados).

Farmácia;

Equipe Técnica.

Depilação/ Maquiagem;

Corte e costura;

Organização.

Todas essas atividades acontecem de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Você também pode escolher o melhor horário para servir. Para saber mais, acesse as redes sociais, o site da Fundação ou entre em contato pelo telefone (11) 2672-1200.

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Site

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RECOMENDO

LIVRO

Fé cidadã CARLOS BEZERRA JR | MUNDO CRISTÃO

No seu primeiro livro, Carlos Bezerra Jr., médico, pastor, ativista social, deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do estado de São Paulo, lança um desafio: “Quanto mais “sonhadores” houver, maior resistência teremos a esses tempos tão pragmáticos e de tanto ceticismo, em que, mais do que nunca, precisamos de esforços coletivos para que “a justiça corra como água e o direito como um caudaloso rio””. Num momento tão importante na história da nação brasileira, Bezerra Jr. defende que a política deve ser exercida cotidianamente, a fim de criar novos vínculos de solidariedade e empatia entre pessoas comuns, e de desenvolver o compromisso delas com causas e responsabilidades coletivas. Ao longo de quase duas décadas de vida pública, que incluem, entre outras, a autoria da Lei Paulista contra o Trabalho Escravo, considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) a legislação mais avançada sobre o tema no mundo, Bezerra Jr. apresenta um cenário onde a espiritualidade e a política se encontram. É uma leitura inspiradora que mostra que é possível – e extremamente necessário – viver o cristianismo de forma integral, “dando voz aos que não têm voz”.

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LIVRO

LIVRO

A gentileza que cativa

Sete enigmas e um tesouro

DALLAS WILLARD | MUNDO CRISTÃO

MAURICIO ZÁGARI | MUNDO CRISTÃO

Defender a fé é tanto um direito como um dever de todo cristão. Mas, no ambiente conturbado e intolerante dos dias atuais, muitos pensam que as pessoas seguirão a Cristo como resultado de um ato de força, de imposição. O que aconteceria, então, se deixássemos de lado os argumentos racionais, lógicos e doutrinários e usássemos a nossa vida como exemplo do que Jesus pode fazer?

Excelente opção de literatura para toda a família, “Sete Enigmas e um Tesouro” elucida lições preciosas contidas na Bíblia de uma forma cativante e curiosa. Por meio de seu fascinante enredo, que prende a atenção do leitor do início ao fim, o livro aborda temas como a importância da verdadeira amizade, a atenção ao julgamento pelas aparências, os perigos do namoro em jugo desigual, a centralidade da Palavra de Deus e da oração na vida do cristão, entre outros assuntos.

Quem não teve a vida realmente transformada passa por propaganda enganosa. E quem teve a vida transformada por Jesus possui uma de Suas marcas mais notáveis: a gentileza. Gentileza que cativa e desperta o interesse em conhecer mais sobre aquele que é Deus. Use o leitor de QR Code em seu celular e saiba mais sobre o livro

Use o leitor de QR Code em seu celular e saiba mais sobre o livro

APP

Bênção BACKSTAGE DIGITAL

O aplicativo oferece diariamente aos pais frases encorajadoras e inspiradas em textos bíblicos, para serem ministradas aos filhos. “Minha oração é que as próximas gerações sejam prósperas, generosamente abundantes e que sejam alcançadas pelas bênçãos de Deus”, afirmou o desenvolvedor. Use o leitor de QR Code em seu celular e baixe o aplicativo

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REFLEXÃO

A missão da igreja é amar uando Cristo foi indagado sobre o que está acima de tudo na lei moral, respondeu: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc. 12.30-31). Nada está acima do amor. Sem amor, desempenho religioso algum agradará ao Deus que está preocupado tanto com o que fazemos quanto com o que somos. Antes de chamar a igreja para pregar, Deus a convoca para o exercício do amor. Compreender isso é de fundamental importância para a correção daquele tipo de espiritualidade que resume a vida e a missão do cristão e da igreja ao ato de pregar o Evangelho. Esse pensamento tem feito que igrejas inteiras neguem os princípios mais elementares do amor, em nome de uma dedicação exclusiva a algo que, se for real, levará o convertido a fazer muito mais do que evangelizar. Imagino esse amor sussurrando nos nossos ouvidos o que devemos fazer por aquele que a providência divina põe em nosso caminho. Ele pode dizer: “Pregue o Evangelho para essa pessoa, porque viver sem Cristo é muito triste”, “Leve uma cesta básica para a casa dela; a fome tem pressa, e um estômago vazio não tem interesse em metafísica”, “Ajude-a a investir em si mesma e a crescer como ser humano, a fim de que ela coma do pão com o suor do seu rosto, deixando de depender da misericórdia incerta da sociedade e do Estado”, “Ame essa pessoa de modo político; a cesta básica resolve seu problema imediato, mas não a introduz na verdadeira cidadania, livrando-a das amarras das estruturas sociais da maldade”. Quem nos fez esquecer de amar desse modo? O que nos levou a negligenciar o mais importante? Por que mutilar o amor? Uma das passagens bíblicas mais significativas sobre a razão de ser da missão cristã é esta: “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregan28

do o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Mt. 9.35-38). Jesus tinha contato com as pessoas. Se Ele viu as multidões é porque estava próximo delas. Não há nada que supere a experiência de campo. Não pense que você pode ter ideia exata sobre os pro-


blemas sociais do Brasil, por exemplo, apenas lendo o jornal; é preciso ir lá onde os problemas acontecem. Essa relação permite que se forme uma opinião pessoal bem sólida, além de criar oportunidades para conhecer e amar pessoas reais. Jesus se compadecia das pessoas. A condição humana é trágica: todos estamos expostos a uma vida dura, curta e incerta; sujeitos a uma cultura religiosa que põe na boca de Deus o que Ele nunca falou. Cristo vê esse quadro calamitoso e se compadece. Amar vem antes de liderar. O chamado de Cristo não é para liderarmos, mas para servirmos. O serviço cristão pressupõe amor. Por que cantamos, ensinamos, pregamos, lideramos? Porque temos interesse pelo bem-estar das pessoas. Sem amor, o trabalho perde o sentido, a razão fica sem brilho, o serviço é realizado sem espontaneidade e a pregação acontece sem originalidade. Não há congresso que ensine a amar. Podemos falar sobre métodos de liderança, princípios de administração e técnicas de composição musical, mas amar vem do céu. Por isso, deve ser buscado. Amar é viabilizar a vida humana e ajudá-la a cumprir sua vocação divina. Significa tratar com dignidade todo aquele que cruza o seu caminho e levá-lo a voltar para casa se sentindo mais amado e próximo de Deus. Não ignore o pobre, o vulnerável, o excluído, o enlutado, o doente, o desempregado, o que sofre violação de direitos humanos. Não explore ninguém. Não pague salário baixo. Peça a Deus por amor. Não queira ser um grande pregador, um exímio cantor ou um poderoso líder eclesiástico. Procure amar e servir, aperfeiçoando seu talento para ser útil, em vez de famoso. Somente assim você não perderá sua alma na religião.

Amar vem antes de liderar. O chamado de Cristo não é para liderarmos, mas para servirmos. O serviço cristão pressupõe amor

Que no seu e no meu caminho não haja rastro de destruição e miséria. E que, dos altos céus, Deus olhe para nós e sorria, pelo simples fato de nos ver vivendo a vida que Ele próprio vive: uma vida de amor. *Trecho extraído do livro “Teologia da Trincheira”, lançado pela editora Mundo Cristão.

ANTÔNIO CARLOS COSTA Antônio Carlos Costa é teólogo, jornalista, pastor da Igreja Presbiteriana da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e fundador da ONG Rio de Paz. Defensor dos Direitos Humanos, é também autor de três livros. É casado com Adriany e pai de três filhos, Pedro, Matheus e Alyssa. 29


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CONFERÊNCIA MINISTERIAL

EQUIPANDO OS SANTOS

10 a 13 de Abril de 2019 Hotel Tauá Atibaia

PRELETORES...

Carlos Alberto Bezerra Fundador e pastor presidente da Comunidade da Graça

Suely Bezerra

Carlos Bezerra Jr.

Fundadora e líder do Ministério Mulheres Intercessoras

Paulo Mazoni Pastor sênior da Igreja Batista Central de Belo Horizonte

Carlito Paes

Compositor e pastor da Comunidade da Graça

Hernandes Dias Lopes

Escritor e pastor da Igreja da Cidade, em São José dos Campos

Inscrições:

Ronaldo Bezerra

Deputado, médico e pastor da Comunidade da Graça

EVENTOS.COMUNA.COM.BR

Escritor, conferencista, diretor executivo da Luz para o Caminho e pastor da Igreja Presbiteriana de Pinheiros em São Paulo


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