Diário Causa Operária nº5880

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TERÇA-FEIRA, 7 DE JANEIRO DE 2020 • EDIÇÃO Nº5880

Não à agressão imperialista ao Irã

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exta-feira (3) os EUA, sob ordens diretas de Donald Trump, realizaram um ato de barbárie no Iraque. Usando um drone, os norte-americanos assassinaram o general Qassem Soleimani no aeroporto de Bagdá. Milhões de pessoas em Teerã compareceram na segunda-feira (6) ao funeral de Soleimani, segunda figura mais importante do regime iraniano e extremamente popular no país. Pelos padrões da propaganda imperialista, esse ato poderia ser considerado um ataque “terrorista”. Devemos denunciar de forma inequívoca que esse ato bárbaro foi mais um crime do imperialismo no Oriente Médio. A propaganda imperialista, como sempre, tratou logo de apresentar mais esse crime dos norteamericanos como um gesto de “defesa”. Segundo essa versão fantasiosa dos fatos, os EUA teriam sido atacados primeiro. Basta lembrar que os acontecimentos ocorreram no Iraque para desmascarar essa flagrante distorção dos fatos.

2019: qual é o balanço da luta política Embora imerso em contradições e sem ter saído das urnas legitimado, em números absolutos, pela maioria dos votos do eleitorado, o repudiado governo Bolsonaro, durante todo o ano de 2019, ousou em sua ofensiva contra os explorados e as massas populares, levando adiante uma ofensiva sem precedentes, que atacaram duramente as condições de vida da maioria da nação, os trabalhadores em geral, assim como vilipendiou, de forma nunca antes vista a soberania nacional, submetendo os interesses estratégicos do País ao grande capital e ao imperialismo.

Psol quer uma saída individual para os negros Em entrevista à Carta Capital intitulada Diversidade, a codeputada Erika Hilton da bancada ativista do PSOL, apresenta a sua opinião sobre diversos temas como “participação política”, “cotas”, “feminicídio” entre outros e o caso que chama mais atenção é a proposta de luta defendida por Erika para a população negra.

“Nem Trump, nem 45ª Universidade de Férias: entenda o que é a Aiatolás”: PSTU a reboque do imperialismo Univerisidade Marxista O PSTU e sua Internacional de brinquedo, a LIT (Liga Internacional dos Trabalhadores), publicaram nota em seus respectivos sítios na internet com o pretexto de denunciar a agressão imperialista ao Irã, por ocasião do assassinato do general Qasem Soleimani. Até aí, tudo normal, é preciso defender incondicionalmente os países atrasados, e o Irã se enquadra nesse caso.

Irã: o que está em jogo na crise O Irã é um dos países mais ricos e industrializados do Oriente Médio, além de ser o mais populoso. Sua relevância para a região é fundamental, comparável a de países como Arábia Saudita, Egito e Turquia.

Irã: uma breve história da crise Em 1979 a revolução iraniana deu um duro golpe no domínio dos EUA sobre o Oriente Médio. O Irã é o país industrialmente mais desenvolvido da região, e a ditadura do Xá Mohammad Reza Pahlavi era o regime mais próximo dos EUA até ser derrubada pela revolução.

17-24 Jan

São Paulo

o de Formação s r u C

Fascismo O que é E como CombaTê-lo Parte 2

Curso de formação Marxista com Rui Costa Pimenta

45ª Universidade de Férias

AJR

ALIANÇA DA JUVENTUDE REVOLUCIONÁRIA

ACAMPAMENTO

DE FÉRIAS

A direita não “criou” 2013, tirou proveito da capitulação da esquerda A companheira Malu Aires, ativista da luta contra o golpe, que participou ativamente da luta contra o impeachment e pela sua anulação, impulsionando essa mobilização junto com o PCO (Partido da Causa Operária) e alguns setores minoritários da esquerda, em oposição à política capitulado da maioria da esquerda burguesa e pequeno burguesa que se recusaram a realizar uma ampla mobilização contra a derrubada da presidenta Dilma Rousseff,


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

2019: qual é o balanço da luta política

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mbora imerso em contradições e sem ter saído das urnas legitimado, em números absolutos, pela maioria dos votos do eleitorado, o repudiado governo Bolsonaro, durante todo o ano de 2019, ousou em sua ofensiva contra os explorados e as massas populares, levando adiante uma ofensiva sem precedentes, que atacaram duramente as condições de vida da maioria da nação, os trabalhadores em geral, assim como vilipendiou, de forma nunca antes vista a soberania nacional, submetendo os interesses estratégicos do País ao grande capital e ao imperialismo. No que diz respeito ao balanço que os diversos setores da esquerda nacional deveria fazer em relação ao primeiro ano do governo de extrema direita, chama a atenção o fato de não haver qualquer mínima avaliação séria e consequente por parte destes, a não ser a velha e já desgastada (e também inútil) lamentação, onde muito se reclama das maldades do governo contra o povo, mas muito pouco ou quase nada se fez para enfrentar de forma decidida e resoluta o governo fascistóide, apoiado pelos grandes capitalistas, a burguesia, a extrema direita e o imperialismo. Durante todo o ano de 2019 a esquerda se limitou a realizar movimentos tímidos e inócuos no âmbito das instituições do Estado (parlamento, tribunais), sem qualquer resultado prático e que apontasse uma via para a luta das massas. O resultado inevitável desta política não poderia ter sido mesmo outro senão derrotas e mais derrotas, que cumpriram o nefasto papel de desmoralizar a luta das massas populares, que em diversos momentos se mostraram dispostas a lutar, não encontrando, todavia, um canal de expressão para levar adiante seu enfrentamento contra os ataques e a ofensiva por parte do Estado capitalista e o governo burguês fascista de extrema direita. Neste sentido, o “balanço” da esquerda não dá conta de nada, não vai além de uma avaliação e um balanço puramente administrativo, pois não entra no problema principal, na luta de classes, na luta de partidos, nas causas da derrota, não avalia o verdadeiro problema que marcou a sua inoperância política, que foi exatamente a ausência de luta, a paralisia, a aposta na estratégia fracassada de lutar pela derrota pontual (a “luta” no varejo) dos ataques bolsonaristas – e mesmo estas não se mostraram eficazes, como foi o caso do projeto de reforma da previdência, onde não houve nenhum chamado à mobilização – e não a organização da luta de conjunto pelo “Fora Bolsonaro”, pela derrota total do governo fascista, de extrema direita. O resultado desta política fracassada, de prostração e de derrotas é que a esquerda encontra-se completamente desarmada para enfrentar os ataques do gover-

no; desarmada diante da ofensiva neoliberal do ministro Paulo Guedes e do grande capital. Em outro terreno também igualmente fracassado e sem perspectivas, setores da esquerda voltaram-se para articular uma tal “frente ampla”, na vã tentativa de formar um bloco de “oposição” ao bolsonarismo que juntasse todos os setores descontentes, contrários e que se opõem aos desvarios do presidente direitista, defensor da tortura e fascista. Neste grande “frentão” – de acordo com os estrategistas da esquerda – cabem todos, inclusive os que apoiam os projetos de Bolsonaro e Paulo Guedes dentro do parlamento, como o DEM, o PSDB, o PMDB e o “Centrão”. Uma completa inutilidade, pois estes “opositores” do bolsonarismo não têm vida extra-parlamentar, não têm autoridade nenhuma sobre o movimento de massas, sobre as organizações de luta dos trabalhadores, sua atuação se restringe ao balcão de negócios do parlamento, à política do toma lá, dá cá; portanto, mais uma iniciativa onde não há qualquer mínima possibilidade de vitória. Para muito além das lamentações e da choradeira inútil, o que está mais do que colocado para este segundo ano de Bolsonaro é não perder um só minuto na decisão de levar adiante um amplo movimento nacional que agrupe todos os mais importantes setores, que necessariamente sairão em luta contra o governo dos banqueiros e do imperialismo. Também no limitado e controlado terreno das eleições municipais de outubro, não há nada o que esperar a não ser mais derrotas, pois as eleições, além de se darem na alçada municipal, não são capazes de oferecer qualquer mínima perspectiva para enfrentar e derrotar Bolsonaro e seus ataques contra a população. Isto porque a esquerda não irá comparecer às eleições para fazer desta um momento de enfrentamento ao bolsonarismo; de defesa de um programa que faça evoluir a consciência dos trabalhadores, mas a julgar pelo que (não) fez durante todo o ano de 2019, não deverá ir além da defesa de um programa vulgar, burguês, de se apresentar como alternativa para uma administração eficiente dos municípios. Para superar o fracasso, as lamentações e a choradeira inútil, o que está mais do que colocado para este segundo ano de Bolsonaro é não perder um só minuto na decisão de levar adiante um amplo movimento nacional que agrupe todos os mais importantes setores, que necessariamente sairão em luta contra o governo dos banqueiros e do imperialismo. A única ferramenta eficaz de luta contra o governo de extrema direita, fascista, é a intervenção independente das massas no cenário político, na conjuntura, colocando na ordem do dia o fim do governo, o “Fora Bolsonaro”, a derrubada do governo pela mobilização popular.

Universidade do PCO debaterá tema essencial para a luta do negro Por Juliano Lopes

Acontece no próximo dia 17 ao dia 26 de janeiro, em Ibiúna, São Paulo, a 45ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária, e que terá como tema “Fascismo, o que é e como combatê-lo”. É a segunda parte do curso iniciado em julho do ano passado. Essa atividade tem como propósito fornecer um dos melhores, se não o melhor, curso de formação política para os militantes e simpatizantes do partido. É afiar a ação política de todos aqueles que estiveram nas ruas contra o golpe de Estado, contra a direita, contra o bolsonarismo de conjunto. O debate, como não poderia ser diferente, tem uma importância fundamental para a luta do negro brasileiro. Como pode ser visto, após o golpe de Estado, os direitistas ficaram assanhados e estão nas ruas, com grupos nazistas, atacando a população pobre, moradores de rua, etc. Isso sem mencionar o fascismo oficial, de Estado, que é a Polícia Militar. Não se sabe, até o momento, a quantidade exata de mortos pela polícia no ano de 2019, no Brasil todo. Só se tem uma pequena noção de que quebraram todos os recordes de execuções no ano que passou. Foi um verdadeiro banho de sangue. Uma corporação que atua com e sem farda. É preciso ter claro que as organizações fascistas, extra-oficiais, são em sua maioria compostas por policiais, da ativa ou da reserva, e essas organizações servem para termi-

nar o serviço da PM, para promover mais ataques contra o povo, contra os trabalhadores, contra o negro e suas organizações. O curso promovido pelo PCO tem a finalidade de esclarecer o que é o Fascismo, como ele agiu ao longo da história, como foi criado e como, finalmente, foi combatido pelas mais variadas organizações dos trabalhadores. Em tempos de eleições, onde a esquerda pequeno-burguesa busca, a todo custo, a adaptação ao regime dos golpistas, é preciso estudar e se organizar para derrotar o fascismo, que não quer saber dos meios oficiais de atuação, como o parlamento, o judiciário, etc. e busca, a todo custo, esmagar as organizações do povo. Faz muito tempo que o negro enfrenta o fascismo oficial do Estado, a Polícia Militar. Organizou, centenas de vezes, manifestações contra a repressão policial. É preciso dar um caráter organizado a toda luta do negro contra a repressão, é preciso entender como funciona o fascismo e colocar em prática os meios para sua destruição. É para esta finalidade que o PCO organiza sua 45ª Universidade de Férias, e convoca todas as organizações interessadas em lutar contra o golpe, todas as pessoas que estiveram nas ruas contra a direita, toda a população pobre, negra e trabalhadora que quer por um fim ao fascismo em 2020, que quer derrotar Bolsonaro, que quer acabar com a Polícia Militar.


OPINIÃO| 3 COLUNA

O ano do Fora Bolsonaro, o carnaval do Fora Bolsonaro Por Victor Assis

Em 2020, o carnaval será comemorado no dia 22 de fevereiro. Isso, é claro, para quem não mora em Pernambuco, onde os blocos se apresentam durante quase todo o ano. Já no dia 7 de setembro de 2019, o tradicionalíssimo bloco Pitombeira, em conjunto com várias outras agremiações, abriu a temporada de prévias carnavalescas para o carnaval do ano recém-chegado. Desde então, todos os fins de semana foram presenteados com a folia nas ladeiras olindenses. No último domingo (5), não foi diferente. Blocos como o Ceroula arrastaram milhares de pessoas no sítio histórico de Olinda. Dessa vez, no entanto, os foliões puderam contar com uma novidade: estendida em frente à Igreja de São Pedro, estava uma enorme faixa em que se lia a palavra de ordem mais urgente para a atual etapa da luta política no Brasil: Fora Bolsonaro! A faixa, que logo atraiu a atenção dos presentes, fez parte de uma intervenção dos militantes do Partido da Causa Operária (PCO) e dos comitês de luta contra o golpe nas prévias de Olinda – intervenção essa que contou com adesivos exigindo a derrubada do governo e sucessivos gritos em torno do Fora Bolsonaro. Durante as horas em que os companheiros estiveram presentes, fazendo a campanha em torno do Fora Bolsonaro, a popularidade dessa palavra de ordem foi confirmada repetidamente. Incessantemente, os foliões paravam para tirar fotos junto a faixa e procuravam algum material que contivesse a propaganda. A popularidade do Fora Bolsonaro, por sua vez, não é nenhuma novidade. Herdeiro de uma profunda crise do regime político burguês, que viu partidos tradicionais como o PSDB, o DEM e o MDB serem quase que ex-

tintos por causa da impopularidade da política neoliberal, Bolsonaro é o chefe de um governo improvisado, sem qualquer perspectiva de êxito econômico, que ataca ferozmente os direitos dos trabalhadores e acena à extrema-direita ao mesmo tempo em que cerca os direitos democráticos. Não bastasse isso, Bolsonaro é o resultado de uma fraude eleitoral escancarada, que impediu que o maior líder popular do país pudesse ocupar o cargo de presidente. O governo Bolsonaro se encontra em crise há cerca de um ano, e é sistematicamente sabotado pela própria burguesia, que não confia em sua capacidade de aplicar a política neoliberal com a eficiência necessá-

ria para os capitalistas. E o começo dessa crise aconteceu justamente no carnaval, quando milhões de pessoas saíram às ruas, sobretudo guiadas pela juventude, para expressar o seu ódio ao fascista que ocupa o Palácio do Planalto. “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*”, bem como “Bolsonaro é o c*” foram, de longe, as canções que mais ecoaram no carnaval de 2019. As manifestações do carnaval de 2019 foram importantíssimas porque desmascararam, em menos de três meses toda a farsa que a imprensa burguesa havia montado para tentar legitimar a vitória eleitoral de Bolsonaro. Com milhões de pessoas nas ruas revoltadas com um governo re-

cém-empossado, não era mais possível sustentar que o governo seria popular e que o bolsonarismo fosse uma tendência majoritária na população. Tanto foi assim que, logo após o carnaval, a extrema-direita não conseguiu organizar mais nenhuma grande manifestação. Com as manifestações contra Bolsonaro no carnaval, feitas inicialmente de maneira descontraída, o movimento de luta contra o golpe ganhou confiança para organizar atos políticos contra o governo. Foi assim que, em maio, Bolsonaro teve de enfrentar dois atos gigantescos, que colocaram seu governo na corda bamba. Ao que tudo indica, o carnaval de 2020 tem condições para se transformar em mais uma grande manifestação contra a extrema-direita. Dessa vez, no entanto, a economia se encontra ainda mais deteriorada, o desemprego é ainda maior, as condições de vida ainda piores: é hora, portanto, não só de expressar o ódio contra o governo, mas de organizar um movimento para que o coloque abaixo. É hora, portanto, de transformar as festas carnavalescas de norte a sul do país em um grande carnaval pelo Fora Bolsonaro. Ao mesmo tempo em que as tendências à mobilização contra o governo ficaram evidentes no último domingo em Olinda, também foi possível comprovar o avanço da extrema-direita no regime. A Polícia Militar (PM), inimiga da população, sempre se comportou como uma inimiga do carnaval. Nas prévias mais recentes, no entanto, isso tem se intensificado: a toda hora, um bando de policiais está sempre a procura de alguma maneira de estragar a festa. É preciso, portanto, levar adiante a luta pela dissolução imediata da PM.


4 | INTERNACIONAL

ORIENTE MÉDIO

Não à agressão imperialista ao Irã Imperialismo praticou mais um ato de barbárie na última sexta-feira, ao assassinar general iraniano no aeroporto de Bagdá Sexta-feira (3) os EUA, sob ordens diretas de Donald Trump, realizaram um ato de barbárie no Iraque. Usando um drone, os norte-americanos assassinaram o general Qassem Soleimani no aeroporto de Bagdá. Milhões de pessoas em Teerã compareceram na segunda-feira (6) ao funeral de Soleimani, segunda figura mais importante do regime iraniano e extremamente popular no país. Pelos padrões da propaganda imperialista, esse ato poderia ser considerado um ataque “terrorista”. Devemos denunciar de forma inequívoca que esse ato bárbaro foi mais um crime do imperialismo no Oriente Médio. A propaganda imperialista, como sempre, tratou logo de apresentar mais esse crime dos norte-americanos como um gesto de “defesa”. Segundo essa versão fantasiosa dos fatos, os EUA teriam sido atacados primeiro. Basta lembrar que os acontecimentos ocorreram no Iraque para desmascarar essa flagrante distorção dos fatos. A presença dos EUA no Iraque é um abuso, e é um fruto de agressões imperialistas anteriores que deixaram o país devastado, com milhões de mor-

tos e refugiados e infraestrutura completamente destruída. É absurda a justificativa apresentada ao público pelo imperialismo, e só se sustenta graças ao fato de que a política imperialista se impõe pela força bruta. Portanto, quando os EUA se apresentam como vítimas se defendendo de agressores no Oriente Médio, isso não passa de uma grotesca inversão dos fatos para justificar a política agressiva do imperialismo. Uma política colonialista de dominação pela força, de exploração das massas dos países atrasados, de controle político e de roubo do patrimônio público e dos recursos naturais, notadamente, no caso do Oriente Médio, o petróleo. Se alguém pode reivindicar a legítima defesa para justificar a violência no Oriente Médio são os governos e grupos políticos locais, assim como a população local em geral. Toda a violência contra militares norte-americanos que venha a ocorrer nesse caso é uma legítima defesa. A propaganda imperialista inverte esse quadro apresentando os intrusos como vítimas. O imperialismo é justamente o principal fator de crise no Oriente Médio.

Foi o imperialismo que destruiu o Iraque e a Líbia, que quase acabou com a existência da Síria e que apoiou o cerco ao Iêmen. É o imperialismo o responsável pela situação dos palestinos, e foram os governos imperialistas que estimularam a violência sectária de divide o Oriente Médio. Divisão aproveitada pelo imperialismo com sua polí-

tica de dominação. De modo que um primeiro passo para os problemas do Oriente Médio começarem a se resolver é justamente expulsar o imperialismo de lá. Por tudo isso, a agressão do imperialismo contra o Irã na semana passada deve ser repudiada. Não à agressão imperialista contra o Irã!

REVOLUÇÃO IRANIANA

Irã: o que está em jogo na crise A força geopolítica torna este país um possível eixo de resistência ao imperialismo no Oriente Médio como um todo. O Irã é um dos países mais ricos e industrializados do Oriente Médio, além de ser o mais populoso. Sua relevância para a região é fundamental, comparável a de países como Arábia Saudita, Egito e Turquia. Entretanto, sua diferença está na busca de uma soberania e autonomia com relação ao imperialismo. Isso tornou o Irã uma pedra muito incômoda no sapato do Tio Sam e seus aliados. O incômodo já dura mais de 4 décadas e se mostra cada vez mais distante de ser resolvido, pelo menos aos olhos do imperialismo. Em fins dos anos 70, a classe trabalhadora e setores do clero e da burguesia nacional destituem o último Xá da Pérsia, Reza Pahlavi, encerrando o regime monárquico no país e instituindo a república. Foi empossado um dos líderes da revolução, ligado ao clero, Ayatolah Kohmeini, e o país passou a adotar, a partir de então, uma política “antiamericana”. Como forma de represália, os norte-americanos e aliados imediatamente apoiaram o presidente iraquiano, Saddam Hussein, na invasão do Irã, visando anexação de territórios. A guerra deixou um saldo de centenas de milhares de mortes, ou talvez mais de um milhão, ao longo de 8 anos de conflitos, empobrecendo duramente ambos os países, mas não foi capaz de derrubar o regime. A revolução e a guerra estiveram diretamente relacio-

nados com a explosão no preço do petróleo, que afetou a economia dos EUA e enfraqueceu a posição hegemônica do Dólar, mundialmente. O apoio militar dos EUA ao Iraque fez com que este país também procurasse uma expansão e independência do jugo norte-americano. Nos anos 90, Saddam invade o Kwait e os EUA se obrigam a intervir. Apenas mais de uma década mais tarde, sob um pretexto de armas de destruição em massa, os norte-americanos conseguem capturar e matar o presidente iraquiano, embora deixando o país totalmen-

te destruído e à beira de uma guerra civil. Em 2008, a crise financeira nos países centrais do capitalismo financeiro gerou repercussões no Oriente Médio, provocando as “primaveras árabes” na região. Foi outro ponto alto da crise de dominação imperialista sobre estes países, iniciando novas ofensivas militares sobre a Síria, a Palestina, o Iêmen, por exemplo. Entretanto, contra o Irã, país que tem programa nuclear e um exército respeitável, os imperialistas ficam na defensiva. A guerra contra o Irã, até o momento, ficou mais restrita à propaganda e

aos embargos econômicos. A exceção foram os últimos atentados a líderes militares iranianos, o que soa como uma declaração de guerra, e aumenta o risco da generalização do conflito. Isto se deve ao medo da influência geopolítica do Iran, que cresce na região, auxiliando exércitos de resistência de etnia xiita nos países vizinhos, por exemplo, e também o partido Hamas, na Palestina. Se nada for feito, ondas de sublevação antiimperialistas e antiamericanas podem crescer rapidamente. Quando analisada de maneira ampla, a política imperialista sobre o Oriente Médio, desde a Revolução Iraniana, pode ser resumida a um processo de crescente polarização onde, por um lado, cresce a força dos movimentos independentes e de resistência na região, principalmente liderados pelo Irã, e por outro, decresce a capacidade dos EUA de controlar os governos destes países. O perigo de que novas situações revolucionárias se desencadeiem na região faz com que os imperialistas não assistam parados a esta perda de controle. Na falta de outras alternativas, lhes resta destruir países, para adiar como podem o alastramento de revoluções pela região. Por isso, é preciso apoiar a resistência e a autonomia iraniana e dos países árabes, um foco de resistência ao imperialismo.


INTERNACIONAL | 5

DE 1979 ATÉ AQUI

Irã: uma breve história da crise Desde a revolução iraniana, domínio imperialista dos EUA sobre a região nunca mais foi o mesmo Em 1979 a revolução iraniana deu um duro golpe no domínio dos EUA sobre o Oriente Médio. O Irã é o país industrialmente mais desenvolvido da região, e a ditadura do Xá Mohammad Reza Pahlavi era o regime mais próximo dos EUA até ser derrubada pela revolução. Desde então, o domínio dos EUA sobre o Oriente Médio de conjunto nunca mais foi como antes. Há uma crise permanente, com os EUA tentando manter seu domínio jogando com as contradições regionais, intervindo com guerras e financiando grupos terroristas. A origem da crise é econômica, e começa com a crise do petróleo de 1974, que aprofundaram as contradições sociais nos países atrasados em todo o mundo, desatando um período marcado por revoluções também em outras partes do mundo, como aconteceu nas revoluções em Portugal ou na Nicarágua. A burguesia imperialista não conseguiu contornar esse problema, e viu seu controle político global se enfraquecer naquele momento. A partir da revolução de 1979, o Irã, de ter um governo capacho dos EUA servil aos interesses imperialistas no Oriente Médio, passou a ser um fa-

tor de instabilidade do ponto de vista imperialista. Após controlar a revolução, um setor religioso xiita, que corresponde à religião majoritária no meio da população persa, conseguiu se estabelecer no poder como representante dos interesses da burguesia nacional iraniana. Nessa condição, passou a confrontar os interesses do imperialismo no Irã e em todo o Oriente Médio, graças ao ímpeto da revolução no país. Durante os anos 80, para tentar derrotar a revolução, o imperialismo jogou com uma contradição regional para estimular uma guerra entre Iraque e Irã. Depois de 10 anos, o saldo do conflito foi de milhões de mortos e mutilados de guerra, com um enorme prejuízo para dois países atrasados. O Irã recuperou os territórios invadidos no começo do confronto, e a situação terminou indefinida, sem um vencedor.

Invasão do Iraque Já em 2003, os EUA invadiram o Iraque com um pretexto mentiroso, acusando seu antigo aliado, Saddam Hussein, de armazenar armas de des-

Fora tropas norte-americanas do Iraque! Neste domingo (05), o Parlamento do Iraque aprovou uma moção direcionada para o governo iraquiano que demanda a completa retirada das tropas americanas do país. No total, são 5.200 militares do Exército dos EUA presentes no Iraque, com o pretexto de combater o Estado Islâmico. A moção aprovada pelo Parlamento pela retirada das tropas americanas é resultado dos bombardeiros que mataram militares iraquianos e iranianos em Bagdá, em especial o general Qasem Soleimani e membros das Forças de Mobilização Popular e membros de milícias pró-Irã. A morte do general desencadeou mobilizações de massas no país persa contra a presença dos Estados Unidos no Oriente Médio, com gritos de “Morte aos EUA” e queima de bandeiras americanas. O episódio provocou uma escalada nas relações entre o Irã e os EUA e elevou o nível da tensão mundial. Na segunda (06), o presidente Donald Trump, que deu a ordem que autorizou o assassinato do general Soleimani, afirmou que a saída das tropas americanas estaria condicionada ao pagamento de despesas do Exército pelos iraquianos. Além disso, fez ameaças de duras sanções contra Iraque caso os americanos tenham que efetivamente se retirar. Contudo, mesmo com ameaças, um porta-voz das forças militares do Iraque afirmou que as autoridades têm colocado em marcha os preparativos para a retirada das tropas americanas, e já começaram a

restringir os movimentos das forças de coalizão na terra e no mar. Segundo o governo, estão proibidas as movimentações das tropas estrangeiras. Os Estados Unidos devem respeitar a decisão soberana do Parlamento e se retirarem imediatamente, sem impor nenhuma condição e tampouco promover retaliações com sanções econômicas contra a Economia iraquiana. A afirmação de Trump de que os iraquianos devem pagar as despesas do Exército americano revela uma mentalidade de tipo colonialista, como se a ocupação ilegal e ilegítima do Iraque fosse um bem para o país. É a mesma atitude dos nazistas, que obrigavam os países por eles ocupados a pagar os as despesas da ocupação. Mesmo diante da decisão soberana que obriga a retirada, Donald Trump quer manter a ocupação militar do Iraque. Os países do Oriente Médio e todos os países oprimidos do mundo devem se colocar contra as ameaças e a presença de bases militares dos EUA fora de seu território. O direito de extraterritorialidade da aplicação de suas leis e a doutrina de guerra preventiva são instrumentos que o imperialismo utiliza para intervir militarmente em outros países em defesa de seus interesses políticos e econômicos. Todos os países estão sujeitos a intervenções dos EUA, seja por meios diretos, isto é, militares, seja por patrocínio de golpes de Estado que resultam na instalação de governos-satélites.

truição em massa no país. O pretexto revelou-se uma farsa completa, mas já era tarde. Os norte-americanos provocaram uma enorme destruição, deixando o país em ruínas e a população desesperada, entre centenas de milhares de mortos e refugiados. O objetivo da invasão, além de roubar muito petróleo, era controlar o Oriente Médio. Retomar o controle perdido desde 1979. A manobra, porém, fracassou completamente. Em 2007, os EUA tiveram que entrar em um acordo justamente com o Irã para procurar estabilizar a situação no Iraque e evitar uma derrota absoluta. Esse acordo com o Irã custou a expansão da influência do Irã em todo o Oriente Médio, uma influência que leva justamente a uma política anti-imperialista. Graças a essa expansão da influência iraniana, os iranianos conseguiram evitar, junto com os russos, a queda de Bachar Al assad na Síria, derrotando os norte-americanos. O Irã também apoia o Hamas na Palestina, o Hezbollah no Líbano e os Houthis no Iêmen, fora outros grupos. Ou seja, conseguiram espalhar sua política por todo o Oriente Médio. O sentido dessa política, da parte do Irã, é defensivo. Trata-se de evi-

tar que os EUA consigam derrubar o regime iraniano e, desse modo, voltem a controlar o país. Essa política defensiva, porém, coloca a posição dos EUA na região em xeque. Com o domínio imperialista em crise, os EUA estão se tornando mais agressivos e imprevisíveis, com uma política desesperada. Esse foi o sentido do bárbaro assassinato do general iraniano Qassem Soleimani pelo imperialismo no aeroporto de Bagdá na sexta-feira (3). Chefe do Kuds, grupo especial da Guarda Revolucionária Islâmica, Soleimani era justamente um articulador dessa política defensiva do Irã que ameaça as posições do imperialismo em todo o Oriente Médio. O assassinato de Soleimani, porém, não resolverá os problemas do imperialismo na região. Pelo contrário, pode desatar uma enérgica reação popular em todo o Oriente Médio.

VENEZUELA

Fracassado Guaidó agora é autoproclamado presidente da Assembleia Depois de se autoproclamar presidente, Guaidó agora se autoproclama presidente da Assembleia Nacional da Venezuela. O deputado golpista Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente da Venezuela em janeiro do ano passado, perdeu o posto de presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, após ficar desmoralizado pelas sucessivas tentativas falhadas de golpe de estado contra o governo legítimo de Nicolás Maduro. Guaidó perdeu o posto de presidente do órgão para o também direitista e membro da oposição Luis Parra, com a ajuda de votos dos partidos aliados ao governo bolivariano. No momento de sua derrota, o agora ex-presidente da assembleia (E novo autoproclamado presidente), deu um show na tentativa de criar a ilusão de que houve um golpe contra ele na votação para o novo presidente do órgão legislativo, com direito a tentativa de invasão da assembleia pulando o muro. Se trata de mais uma derrota para Guaidó e para todo o bloco golpista, que apesar de ainda contar com um setor bem direitista e opositor ao governo como presidente da Assembleia Nacional Venezuelana, tem de reco-

meçar do zero uma nova tentativa de golpe de estado no país caribenho, caso a alternativa seja um golpe através do novo eleito. Guaidó acaba por sair totalmente enfraquecido, pois não conseguiu corresponder aos planos do imperialismo para acabar com o governo bolivariano. Ainda assim, os países imperialistas e os governos capachos de países oprimidos (caso do Brasil) não aceitaram a nova eleição, argumentando que não houve quorum para a votação na assembleia. Na realidade houve quorum, pois houve pelo menos 150 deputados dentro da casa no momento da votação, que é o necessário para eleger o novo presidente. No entanto, não se deve ter falsas esperanças sobre o caráter do novo presidente da Assembleia Nacional Venezuelana. O órgão é comandado pela oposição golpista do país, a mesma que se juntou ao lado de Guaidó nas tentativas de golpe de estado, mas que agora procura um novo líder por Guaidó ter fracassado na tentativa de retirar Maduro do governo.


6 | POLÊMICA

UMA CONCEPÇÃO PEQUENO-BURGUESA

Psol quer uma saída individual para os negros Deputada Erika Hilton afirma que a solução para os negros é conseguir altos cargos no regime burguês Em entrevista à Carta Capital intitulada Diversidade, a codeputada Erika Hilton da bancada ativista do PSOL, apresenta a sua opinião sobre diversos temas como “participação política”, “cotas”, “feminicídio” entre outros e o caso que chama mais atenção é a proposta de luta defendida por Erika para a população negra. Um dos argumentos dela é que os partidos de esquerda devem “dar protagonismo para as minorias como negros, mulheres e LGBT’s, ocuparem cargos, ascenderem economicamente”. Ou seja, a deputada do Psol não tem um programa de luta para o povo negro, ela propõe que o problema seja resolvido de maneira individual e em última instância através da simples integração do negro às instituições da burguesia, numa completa adaptação ao regime político. Dentro dessa pro-

posta também, apenas alguns negros conseguiriam ascender politicamente. E os outros milhões de negros do País, haverá cadeiras suficiente para todas a pessoas negras? Outro argumento apresentado por ela é a política de que os negros devem acreditar que pelo parlamento e pelas eleições eles irão resolver os problemas deles, inclusive os casos de chacinas nas comunidades. A visão dela é completamente institucional. Para ela não existe movimento de luta, nem uma organização independente, existe apenas a saída institucional. Essa é tradicionalmente a política do Psol, uma política de desorientação para a população que acaba sendo enganada que se votar num representante negro, a luta já está ganha e ele, sozinho na luta parlamentar, apoiado apenas pelos votos, conquistará uma vitória para o coletivo.

Outro ponto também para demonstrar o erro desse tipo de política é acreditar que basta ser negro para representar as reivindicações dos negros. Temos exemplos que mostram como representantes das ditas minorias podem defender apenas o interesse da direita, como o vereador Fernando Holiday e Sérgio Nascimento de Camargo, indicado pelo próprio Jair Bolsonaro para presidente da Fundação Palmares. Por fim, é preciso levar em consideração que o País está sob um golpe de Estado. A direita e a extrema-direita dominam todas as instituições do regime político, e organizações fascistas estão nas ruas, levantando a cabeça a cada dia, como por exemplo o ataque a moradores de rua que foram cruelmente assassinados por grupos nazistas que atearam fogo em seus corpos

enquanto dormiam. Nesse momento, uma política que joga a população negra para a crença nessas instituições é não apenas inócua. É jogar fumaça nos olhos do povo negro. O único caminho possível é a luta política real nas ruas, a mobilização das amplas massas da população, em particular dos negros, contra os golpistas e a extrema-direita, responsáveis pelos maiores ataques contra o povo. Do mesmo jeito que a direita está organizada promovendo todos esses ataques a esquerda e as organizações do povo negro devem se organizar para uma reação à altura nas ruas, não nas eleições e nas instituições.

A direita não “criou” 2013, tirou proveito da capitulação da esquerda A companheira Malu Aires, ativista da luta contra o golpe, que participou ativamente da luta contra o impeachment e pela sua anulação, impulsionando essa mobilização junto com o PCO (Partido da Causa Operária) e alguns setores minoritários da esquerda, em oposição à política capitulado da maioria da esquerda burguesa e pequeno burguesa que se recusaram a realizar uma ampla mobilização contra a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, que defenderam “virara-se a página” do golpe(esquece-lo) e até mesmo se integrar aos golpistas, publicou nas redes sociais texto em que procura se colocar frente ao debate em torno do balanço que a esquerda vem realizando sobre as manifestação de julho de 2013, principalmente, após as declarações do ex-presidente Lula acusando os “EUA de promover manifestações de Junho de 2013 com o objetivo de derrubar Dilma“, que foram criticadas pelo presidente do PSOl, em nome do suposto estudo realizado por “centenas de historiadores, sociólogos e cientistas políticos de ESQUERDA“. Visando, corretamente, criticar a política direitista de setores da esquerda (como a maioria do PSOL) que embelezaram aquelas manifestações e até chegaram a apresentá-las como a chegada da revolução ao Brasil, enquanto adotavam uma política profundamente reacionária de apoiar ou se curvar diante da tomada das manifestações pela direita, justamente para atacar o governo, o PT e a maioria da esquerda, a companheira Malu desconsidera – como quase toda a esquerda – que as manifestações surgiram de um movimento real fruto da enorme revolta popular contra a brutal repressão empregada pelos Resultado de imagem para repressão PM

SP junho 2013governos da direita – em primeiro lugar do governo tucano de Alckmin (SP), contra as manifestações – de maioria estudantil. – contra o aumento das passagens. As quais fizeram os protestos de alguns poucos milhares de jovens se transformarem em atos gigantescos a partir do dia 13 de junho daquele ano. Essa esquerda realiza uma analise subjetiva dos acontecimentos, sobre a base dos desdobramentos das manifestações, deixando de lado o que de fato aconteceu naquele movimento. Passam por cima do fato de que as mobilizações de 2013 Resultado de imagem para junho 2013foram, inicialmente, típicas manifestações de esquerda e populares, iniciadas tendo como centro a palavra de ordem contra o aumento da passagem. Se tornaram ainda mais populares quando Geraldo Alckmin do PSDB colocou sua polícia (essa sim fascista) para “arrepiar” os manifestantes nas ruas de São Paulo. Com isso, o movimento transbordou e a luta contra a repressão também se tornou uma palavra de ordem do movimento. Adotando uma consideração de tipo fatalista (foi assim porque estava estabelecido a priori assim) esses analistas que não baseiam suas analises nos fatos, ignoram a luta de classes. Desconsiderando os fatos a esquerda deixa de lado que as manifestações que foram controladas e infiltradas pela direita, “pautadas” pelas reivindicações apresentadas pela Rede Globo, surgiram da revolta não contra o governo Dilma, mas sim contra os governos da direita cujas PM’s dispararam contra trabalhadores e estudantes, alguns para ocultar o fato de que dirigentes da esquerda, como o então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, não denunciaram a selvageria da direita e não se colocaram ao lado

das manifestações contra a repressão da direita, mas buscaram achar uma solução comum pra conter os protestos, realizando reuniões conjuntas para conter as manifestações, buscando inclusive transferir parte da responsabilidade ara o governo Dilma. Malu embarca nessa perspectiva comum, entre outros, aos que ao que ela chama de “galera” que “que saiu mesmo com a extrema-direita às ruas, naquela suruba apartidária” e aos que foram vítimas dessa ofensiva (como Lula e o PT), sem se dar conta do fato de que os primeiros apoiaram – no fundamental – a politica e os métodos reacionários que a direita buscou ditar para o movimento (apartidarismo, apoio à reacionária campanha contra a corrupção comandada pelos corruptos, frete com a direita contra o PT etc.) e os segundos se colocaram contra a mobilização real, fizeram frente com os governos da direita (como Haddad com Alckmin), não chamaram a mobilizar contra a repressão e a direita, entregaram as ruas para a direita etc. A companheira chega ao ponto de desconsiderar essa mobilização anterior e posterior à repressão da direita, apontado que “lançar a esquerda nas ruas”teria sio apenas uma “tentativa de neutralizar a sana fascista da classe média, que já erguia suas plaquinhas, contra a PEC 37, em favor do conluio da LJ”. Com a colaboração ativa e/ou passiva da maioria da esquerda, o movimento foi entregue à direita, e aprofundou a defensiva que levou a que a imensa maioria da esquerda não lutasse – de fato – contra o golpe (não indo além de uma rala oposição parlamentar ao impeachment), abandonasse a defesa do governo Dilma e da anulação do impeachment (o que a companheira Malu sabe foi eito por

uma minoria) e buscasse uma integração cada vez maior com os golpistas, defendendo o “plano B” de substituição de Lula por outro candidato aceitável pela burguesia golpista, se recusando a mobilizar contra a prisão e pela liberdade do ex-presidente e defendo uma frente, cada vez mais ampla, com partidos golpistas que ajudaram a extrema direita a “virar” as manifestações de junho de 2013 contra a esquerda. Mas essas consequências das derrotas sofridas em 2013 e nos anos posteriores, não deve levar a esquerda a ignorar que o movimento de 2013 foi uma grande mobilização popular, com condições inclusive de colocar em risco o regime político direitista, em particular os governos estaduais de São Paulo (PSDB), Minas Gerais (PSDB) e Rio de Janeiro (PMDB). A burguesia, sabendo desse risco, aproveitou-se da política capituladora da esquerda para tomar para si os rumos do movimento. Entregar todo aquele movimento popular para a direita é dar um atestado de que a direita é popular, tem apoio e que portanto talvez o golpe deve até ter sido merecido e Bolsonaro seria o herdeiro legítimo de tudo isso.Resultado de imagem para fora Bolsonaro Acaba servido também à política dos que querem se opor a qualquer mobilização real contra o golpe, que hoje tem que assumir a forma de luta pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, apresentando a fatalidade de que isso não é possível (como não era possível, para eles, evitar a derrubada de Dilma ou lutar pela anulação do impeachment, porque – supostamente – a direita seria toda poderosa e as massas incapazes de enfrentar e derrotar sua ofensiva).


POLÊMICA | 7

AGRESSÃO AO IRÃ

“Nem Trump, nem Aiatolás”: PSTU a reboque do imperialismo PSTU mais uma vez se coloca lado a lado do imperialismo O PSTU e sua Internacional de brinquedo, a LIT (Liga Internacional dos Trabalhadores), publicaram nota em seus respectivos sítios na internet com o pretexto de denunciar a agressão imperialista ao Irã, por ocasião do assassinato do general Qasem Soleimani. Até aí, tudo normal, é preciso defender incondicionalmente os países atrasados, e o Irã se enquadra nesse caso. Para o PSTU e a LIT, no entanto, o problema está justamente no “incondicional”: “Soleimani – diz a matéria – não foi só uma peça chave do regime ditatorial-teocrático iraniano, mas também compunha sua ala mais repressora e belicista. Estima-se que a repressão aos recentes protestos no Irã tenha causado entre 200 e 400 mortes.” No fundamental, o PSTU assina embaixo das acusações que justificaram a ação imperialista contra o líder iraniano. “Sem conceder nenhum apoio político ao regime ditatorial dos Ayatolás, estamos ao lado povo iraniano contra qualquer agressão imperialista”, formula o PSTU. Na realidade, a posição do PSTU o coloca a reboque do próprio imperialismo. É preciso defender os iranianos e os países atrasados agredidos pelo imperialismo de maneira incondicio-

nal, o que não significa ter a mesma política dos governo burgueses desses países. O que o PSTU faz, no entanto, é dizer que apoio o povo iraniano, mas justifica os ataques contra os governo desses países usando os mesmos argumentos e justificativas do próprio imperialismo. Com uma defesa assim, quem precisa de agressores? Mas as ressalvas do PSTU/LIT contra o governo iraniano não param por aí. Segundo os morenistas, que já são conhecidos pelo seu sistemático alinhamento com as posições imperialistas, apoiando golpes de Estado em todo o mundo, o general iraniano também seria o responsável pela destruição da Síria: “É sabido que na Síria o regime iraniano – junto com a Rússia, o Hezbolah e a China – é responsável por ter afogado em sangue a revolução popular e manter no poder o ditador sanguinário Bashar Al-Assad. No Iraque, o general foi responsável pelo assassinato de milhares de manifestantes da revolução que está em curso. Não é difícil entender porque muitos manifestantes iraquianos, que estão há meses enfrentando o governo ao custo de mais de 400 mortos, tenham celebrado a sua morte.” Para o PSTU/LIT, a Síria é vítima do Irã, da Rússia, da China e até do grupo guerrilheiro Hezbolah, que apoiam,

nas palavras do PSTU e do imperialismo, o “ditador” Assad. Nesse sentido, o PSTU reafirma que o ataque imperialista na Síria na realidade foi uma revolução popular. A matéria não explica, como o PSTU nunca explicou, por que o imperialismo norte-americano defenderia essa “revolução” contra Assad. Asim, o PSTU/LIT está lado a lado do imperialismo. A mesma posição o PSTU/LIT tem sobre os protestos no Iraque, chegando ao ponto de afirmar que o general iraniano assassinado é responsável

pela repressão contra esses “manifestantes revolucionários”. Interessante, a justificativa do PSTU é a mesma que foi usada pelo governo Trump para assassinar Soleimani, o que mostra, na realidade, que as manifestações no Iraque são financiadas pelo imperialismo, não são, de nenhuma maneira, manifestações populares nem revolucionárias. Assim como são pró-imperialistas as manifestações no Líbano e no próprio Irã. É preciso dizer claramente fora imperialismo do Irã e do Iraque!

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8 |ATIVIDADES DO PCO

PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA

PCO realizará plenária nacional dia 26 de janeiro PCO realiza Plenária Nacional em São Paulo, no próximo dia 26. Evento terá a participação de militantes do PCO e outros, que seguem a política do partido O Partido da Causa Operária realiza Plenária Nacional em São Paulo, no próximo dia 26 de Janeiro. Evento que terá a participação de militantes de todo o Brasil. Servirá entre outras coisas para preparar o congresso e aumentar a organização e centralização do partido nacionalmente na luta contra o golpe. Evento acontece em sequência a 45ª Universidade de Férias, também realizada em São Paulo, com início previsto em 17 de Janeiro.

Incorporar as principais deliberações da 2ª Conferência dos Comitês de Luta, como temática das eleições de 2020, a saber:

Balanço das intervenções na situação política nacional, elaborar plano de ação para o próximo período Plenária será aberta com análise de conjuntura pelo presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta. Aberta às intervenções de todos os militantes, bem como convidados. Será a oportunidade de reunir companheiros militantes do partido do Brasil inteiro, e também convidados simpatizantes que podem ao PCO, incorporar-se. Oportunidade também para consolidar a unidade de ação. Demonstrar força na organização do partido, de par e passo, à influência que o partido tem tido na situação da política nacional.

PCO e as eleições, por Fora Bolsonaro A participação nas eleições municipais em 2020 será tema da pauta de discussões políticas da importante plenária, porém não com as ilusões eleitorais da esquerda brasileira, viciada em eleições. O PCO utilizará esta tribuna – o da participação nas eleições – para denunciar o golpe, denunciar a fraude costumeira das eleições no Brasil, totalmente viciadas, controladas, e com os resultados dos eleitos

previstos, com a vitória certa da burguesia. O eixo da temática eleitoral da campanha nos municípios não será a costumeira demagogia dos partidos viciados em eleições, tais como, “consertar buraco de rua”, “mais segurança com polícia”, “contra a corrupção”, e demais demagogias eleitorais, nas quais ninguém acredita.

Incorporar deliberações da 2ª Conferência dos Comitês de Luta ao Plano de Ações para o ano de 2020

• O Fora Bolsonaro; • Anulação das eleições fraudadas de 2018; • Eleições gerais já, com Lula candidato. • Contra o desemprego, redução para 35 horas semanais, a jornada de trabalho. Redução da carga horária de trabalho, sem redução de salários; • Salário mínimo de R$ 4.000,00. • Nenhuma privatização a mais. Cancelamento das privatizações já feitas. Controle dos trabalhadores sobre as empresas estatais; • Fim do extermínio da população pobre. Dissolução da Polícia Militar; • Cancelamentos das reformas, trabalhista, da previdência, de todas as reformas do golpe; • Reforma Agrária. Expropriação do latifúndio. Direito do armamento pelos trabalhadores rurais; • Cancelamento das concessões de rádios e TVs; • Estatização do sistema financeiro; • Por Governo de trabalhadores da cidade e do campo.

CONHEÇA: UNIVERSIDADE MARXISTA

45ª Universidade de Férias: entenda o que é a Univerisidade Marxista O novo projeto do PCO, a Universidade de Marxista, está em se expandindo, recebendo agora novos cursos e uma série de conteúdos provindos da Universidade de Férias. No próximo dia 17, iniciará em Ibiúna -Estado de São Paulo- a 45ª edição da Universidade de Férias, uma atividade que ocorre há mais de vinte anos, organizada pelo Partido da Causa Operária e a Aliança da Juventude Revolucionária. Nesta atividade, companheiros de todo país se reunirão para participar do maior curso de formação política da esquerda brasileira, com uma série de palestras e debates que guiam o curso por todos os dias da universidade. A realização do evento, que sempre foi uma marca do partido há décadas, nasce do intuito de fornecer aos seus militantes e interessados, uma profunda base revolucionária marxista dos fatos, defendendo o interesse dos trabalhadores. Para o PCO, o alto nível de compreensão política de seus militantes é algo a sempre ser presado, pois é com estas características que poderemos de fato saber como agir corretamente frente a etapa de crise capitalista em que vivemos. Contudo, não é apenas de meras teorias que se faz um partido, uma or-

ganização popular que visa lutar pelo socialismo. A prática, e as noções reais de como enfrentar os problemas políticos, preparando os militantes para sua atuação no dia a dia, é algo fundamental, sendo na realidade o principal motivo de realização dos cursos. Ao contrário da esquerda pequeno-burguesa, sobretudo de características acadêmicas, o PCO enxerga uma grande necessidade de sairmos dos debates meramente filosóficos e sem quaisquer bases na realidade. E sim, utilizando a experiência prática de militantes marxistas por toda história -seja Marx, Engels, Lênin, Trotsky, entre tantos outros- fornecer importantes cursos sobre os mais diversos temas, todos eles relacionados a atuação na luta política e com a pretensão de fortalecer politicamente os envolvidos. Graças a estes fatores, surgiu durante o ano de 2019, com o lançamento do curso sobre a Revolução Chinesa, o mais novo projeto do PCO, a Universidade Marxista, uma iniciativa que será responsável por desenvolver uma grande rede de conteúdo marxista, com textos, documentários, análises

e tantos outros, muitos deles raros e apenas organizados no Brasil pelo próprio partido. Com o curso sobre a revolução chinesa, o site Universidade Marxista foi inaugurado, contando já com um vasto conteúdo sobre o tema, que serve de importante complemento ao curso de cinco aulas realizadas pelo companheiro Rui Costa Pimenta. Todos aqueles que agora irão ver os novos cursos do PCO, poderão participar em conjunto deste novo projeto, financiando a imprensa revolucionária e um partido que está na vanguarda da luta contra o golpe e o fascismo, tendo assim a possibilidade de disseminar uma série de fundamentais textos e conteúdos para estudo da teoria marxista, todos estes desenvolvidos pelo partido, seja na tradução, organização, etc, desenvolvendo dessa forma um projeto único na esquerda brasileira, fazendo com que o contato direto com a teoria revolucionária esteja ao alcance de todos. A Universidade Marxista, assim com as demais atividades do partido, estão em constante expansão. No próximo

período, novos materiais estarão presentes em nosso site, e os companheiros interessados poderão assim usufruir de maneira completa destes que são a base de toda teoria e compreensão política do partido.


POLÍTICA E ECONOMIA | 3

OS FASCISTAS DESAVERGONHADOS

Integralista no governo: a expansão do fascismo Enquanto a esquerda se amedronta e aposta nas eleições, recusando-se a assumir o Fora Bolsonaro, a extrema-direita escancara seu fascismo e o promove dentro do governo. Recentemente um grupo fascista que se autodenomina integralista assumiu a autoria de um atentado à produtora do grupo Porta dos Fundos, após uma pseudo polêmica em torno de seu último ‘especial de Natal’, no qual se coloca em dúvida a sexualidade de Jesus a partir do evento chamado Tentação no Deserto. O personagem principal desse atentado é Eduardo Falzi (Richard Cerquise) que, avisado por alguém da polícia ou com acesso à investigação, fugiu do país quando tinha mandado de busca e apreensão contra si. Falzi e seu grupo, autointitulado Comando de Insurgência Popular Nacionalista, que, segundo eles faria parte da “Família Integralista Brasileira” têm histórico como criminoso e como militante de extrema-direita (infiltrado em manifestações). Os integralistas são fascistas, nasceram sob a égide do fascismo e sustentaram ideias fascistas durante todo o tempo em que existiram, desde 1932. O Integralismo, enquanto movimento, apresentava-se como Ação Integralista Brasileira (AIB). Fundado por Plínio Salgado, um ultraconservador de extrema-direita, deve ser compreendido no contexto global de surgimento de partidos de extrema-direita que surgiram na Europa e na América Latina, em particular na década de 1930. Os integralistas apoiam o golpe de Estado levado a cabo por Getúlio Vargas, o Estado Novo. Mas logo depois

foram colocados na ilegalidade, juntamente com os outros partidos. Em 1939, Plínio Salgado foi preso e exilado em Portugal, país em que permaneceu até o final da Segunda Guerra Mundial, o que levou a uma desmobilização dos integralistas no Brasil. Em 1942, assim que o Brasil entra na guerra, contra, portanto, o fascismo/ nazismo, cria-se no país um clima anti integralista muito forte e o movimento acabará se tornando impopular, com uma imagem negativa, como acontecerá com o nazismo e o fascismo assim que a guerra acaba. O integralismo passou a ser identificado com o nazifascismo e aqueles que mantinham-se fiel aos seus ideias, cientes do problema de usar o termo ‘integralista’, fundaram, no final de 1945, um outro partido sem citá-lo: Partido de Representação Popular (PRP). Atualmente existem pelo menos duas organizações que, conforme seus estatutos, promoveriam a ideologia integralista (ou seja, nazifascista) no país: 1) Frente Integralista Brasileira; e 2) Movimento Integralista Linearista Brasileiro. Um grupo que não usa o termo integralista em sua designação é a Associação Cívica e Cultural Arcy Lopes Estrella (ACCALE), mas que cultura personagens como Plínio Salgado e Arcy Lopes Estrella e do qual faz ou já fez parte Eduardo Falzi. Os que se dizem integralistas hoje nasceram (ou renasceram) no contexto das chamadas ‘tribos urbanas’, que aparecem a partir dos anos 1970/80.

Assim como os denominados “Carecas”, “skinheads”, alguns grupos punks etc, na Europa, engrossam fileiras de partidos neofascistas, teria sido um momento propício no Brasil para a retomada de ideias como a do movimento integralista, mesmo que de forma renovada. Com a internet se popularizando, no final dos anos 1990, veremos surgir vários sites integralistas, mas foi exatamente em 2013 que os vimos ressurgirem nas ruas, pedindo a saída do PT do poder. Evidente que não seria surpresa um apoio dos integralistas à Bolsonaro. Foi o que aconteceu durante a campanha das eleições de 2018. Quando a Frente Integralista Brasileira (FIB), formalmente declarou seu apoio à candidatura presidencial de Jair Bolsonaro. Quando houve o atentado ao Porta dos Fundos, o assessor especial da Casa Civil, Felipe Cruz Pedri, por meio de sua conta no Twitter, afirmou que o ataque à sede do Porta dos Fundos, teria sido realizado pela esquerda, sustentando que “no Brasil o uso de milícias para fins políticos é historicamente uma prática esquerdista”. Ironicamente, o mesmo Felipe Cruz Pedri é um dos assessores do Planalto que escreveu o manifesto de fundação do Aliança pelo Brasil, partido idealizado por presidente Jair Bolsonaro. Um partido com todas as características nazifascistas do integralismo. Por isso, não causa também nenhuma surpresa que, após o grupo

integralista ter assumido autoria do atentado, de a polícia ter identificado o mentor do atentado – ligando-o de fato a um grupo integralista, o governo de extrema-direita não só não se manifestou para condenar o ataque e o grupo nazi-fascista, mas, nesta segunda-feira, dia 03 de janeiro, o presidente da Frente Integralista Brasileira no Distrito Federal, Paulo Fernando Melo da Costa, foi nomeado assessor especial da ministra Damares Alves. Verdade que o fascista já exercia um cargo no ministério da Damares, como secretário-adjunto de Promoção e Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, mas foi elevado à condição de assessor especial, provavelmente porque tenha muito que ensinar à ministra sobre as ideias de Mussolini, Franco e Hitler. Ou seja, o governo Bolsonaro já não esconde mais a que veio e quais suas verdadeiras bases. As direções partidárias de esquerda continuam negando o Fora Bolsonaro, como bandeira mais importante nesse momento, ao mesmo tempo em que se ilutem com as eleições vindouras, enquanto o fascismo perde totalmente a vergonha e amplia sua presença na sociedade, e no governo. É urgente que se combata o desenvolvimento da extrema-direita, motivo pelo qual é fundamental a exigência do Fora Bolsonaro. É hora de apresentarmos um programa para a crise nacional e construir um partido dos operários para derrotar o avanço do fascismo. Essa hora é já.

TODAS ÀS SEXTAS-FEIRAS ÀS 14H NA CAUSA OPERÁRIA TV


10 | POLÍTICA E ECONOMIA

CAPACHO

Bolsonaro abre o quintal dos EUA para sediar reunião de ataques ao Irã Brasil vai sediar reunião de aliados militares dos EUA para discutir a ampliação do assédio imperialista contra a nação persa O Brasil vai sediar, nos dias 5 e 6 de fevereiro, uma reunião entre os aliados militares dos Estados Unidos para discutir a possibilidade de agressão militar mais ampla ao Irã, após a crise instalada com o assassinato do general Qassem Soleimani, na última sexta (03) a mando de Donald Trump. Oficialmente, o encontro faz parte do Processo de Varsóvia, que serve para debater a situação de refugiados pelo globo. No entanto, na prática, servirá para abordar os ataques ao Irã, uma vez que deverão estar presentes os principais fantoches dos EUA no Oriente Médio, como Israel, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrein,

Jordânia e Afeganistão. Por outro lado, Rússia, China e França (cujos interesses de seus monopólios se veem contrariados com a escalada nas tensões entre EUA e Irã) rejeitaram o processo. Trata-se de uma clara utilização do Brasil como quintal dos Estados Unidos, administrado pelo cãozinho de Trump, Jair Bolsonaro. Após o bombardeio norte-americano que matou Soleimani, o Itamaraty – liderado pelo devoto de Trump, Ernesto Araújo – emitiu nota vergonhosa apoiando a ação criminosa do imperialismo, ao mesmo tempo em que denunciou o ataque em retaliação, realizado contra a embaixada dos EUA em Bagdá, no Iraque.

ECONOMIA MUNDIAL

A proximidade da recessão mundial e uma nova crise política Crise política, recessão e inflação: ingredientes explosivos que aceleram a decomposição do imperialismo Pesquisa realizada pela Universidade de Duke – considerada uma das mais prestigiosas do mundo – com diretores de grandes bancos de investimentos, dão o tom do pessimismo que toma conta com relação a evolução da economia norte-americana e da mundial para o ano de 2020. Mais da metade dos diretores consultados apontam que a economia da principal potência mundial está desacelerando e que a possibilidade de que entre em recessão é não apenas real, como o mais provável. Segundo o coordenador da pesquisa, John Grem: “Diretores financeiros dos EUA estão preparando suas empresas para a recessão. Eles estão cortado gastos, acumulando dinheiro em espécie, reforçando a situação financeira e tomando outras medidas para se preparar para a queda” (sítio Sputniknews). Na mesma linha de Grem, o economista chefe do Saxo Bank , Stin Jacobsen, declarou em entrevista que “Uma recessão nos EUA é bastante provável. No quarto trimestre de 2019, o crescimento do PIB dos EUA ficou entre 0,2 e 0,3%, e podia mesmo ser negativo. No início de 2020 o país deve ficar muito próximo disso. Um sinal claro do início de uma queda econômica foi a situação com a variação da taxa de juros, que prevê recessão com uma probabilidade de sete em oito”. (reproduzido do mesmo sítio) Embora a pesquisa reflita um pessimismo vinculado a guerra comercial entre os EUA e a China – inclusive demonstrando um desalento quanto a uma evolução positiva das negociações em curso entre os dois países -, existe toda uma corrente de analistas

de mercado que avaliam que o mundo caminha para a retomada da crise de 2008, que foi momentaneamente estancada, mas em nenhum momento superada. Aliás, o atentado dos Estados Unidos contra lideranças políticas e militares do Irã e do Iraque levará a crise política no Oriente Médio às alturas o que fatalmente agudizará mais ainda a crise econômica mundial. Como se pode observar pelos indicadores da economia mundial, uma eventual retomada da crise se dará em um marco muito mais desfavorável do que em 2008. É pensamento comum, também, entre uma parcela significativa dos analistas do mercado financeiro, que os bancos centrais das principais economias mundiais não terão o fôlego para intervir no mercado como na crise de 2008. Finalmente, a possível disparada do preço do barril de petróleo como consequência do crescente aumento da instabilidade no Oriente Médio tem tudo para adicionar um ingrediente absolutamente explosivo a uma economia mundial já a caminho da recessão, que é a inflação.

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


CULTURA E JUVENTUDE | 11

ATAQUE A CENTRO DE UMBANDA

Centro de umbanda é atacado pela extrema-direita no Pará Um centro de Umbanda foi atacado no último sábado de 2019. É preciso organizar a luta contra a extrema-direita fascista e exigir a saída do governo Jair Bolsonaro, Um centro de Umbanda foi alvo de ataque no último sábado (28) de 2019, por volta das 7 horas da manhã. O centro religioso era localizado em um sítio na rodovia PA-136, entre os municípios de Castanhal e Inhangapi, nordeste do Pará. Quatro homens encapuzados armados invadiram o local, renderam o porteiro e o proprietário e empresário José Cavalcante Pinheiro, de 72 anos, foi morto durante a ação. O ataque ao centro de uma religião africana como a Umbanda demonstra o desenvolvimento e a ação da extrema-direita, que levanta a cabeça e comete atentados por todo o país. Os pistoleiros, em geral, são acobertados e pelas autoridades locais e têm vinculações estreitas com as polícias civil e militar. O governo Bolsonaro e todo o bloco golpista garantem total impunidade para os grupos de extrema-direita quando atacam e assassinam lideranças de movimentos populares e depredam seus locais de reunião.

O golpe de Estado de 2016 e a fraude eleitoral de 2018, que resultaram na eleição fraudulenta do governo Jair Bolsonaro, têm permitido o avanço da extrema-direita no controle do Estado

ÀS RUAS CONTRA O AUMENTO

Hoje: estudantes fazem ato em São Paulo contra o aumento da tarifa O aumento da passagem é mais um ataque dos governos golpistas e direitistas

Na cidade de São Paulo, para esta terça-feira dia 7 de janeiro, foi convocado um ato em repúdio a mais um ataque do prefeito golpista Bruno Covas e do governador João Doria, ambos do PSDB, à população, em especial à juventude e à classe trabalhadora. Como de costume, nas maiores cidades de todo o Brasil, a decisão de aumentar o valor das passagens do transporte público foi tomada de forma sorrateira e anunciada durante os feriados festivos de fim de ano. Em São Paulo, a partir do dia 1º de janeiro de 2020, o valor das passagens de ônibus, trem e metrô aumentaram de 4,30 para 4,40 reais. A integração passará de 7,48 reais para 7,65, atingindo em cheio a população trabalhadora das periferias da capital paulistana, a maior usuária deste serviço.

Entre outros efeitos, esta é mais uma maneira da prefeitura e do governo fascista de João Doria de manter a juventude trabalhadora fora das universidades públicas de SP. De acordo com a página do evento da manifestação nas redes sociais, a concentração está marcada para as 17 horas. O ato sairá às 18 horas no Viaduto do Chá, em frente à sede da prefeitura de São Paulo. Este é o momento ideal para colocar toda a juventude às ruas, já nas primeiras semanas de um 2020 que promete mobilizar uma população cada vez mais insatisfeita não só com suas prefeituras e governos de seus estados, mas com o governo ilegítimo e golpista de Bolsonaro. Hoje, dia 7 de janeiro, é dia de Fora Doria e Fora Bolsonaro!

e, por meio disso, uma ofensiva sobre os direitos democráticos da população e os movimentos populares, inclusive contra as religiões africanas e o movimento negro em geral. Membros do

governo Bolsonaro já afirmam que a escravidão foi benéfica para os negros, que não existe racismo no país e que é preciso destruir as tradições de luta dos povos africanos, começando pelo líder da resistência quilombola Zumbi dos Palmares. A única saída para a crise política e econômica que se aprofundam diariamente e que abrem a perspectiva da implantação de uma ditadura milita, caso a esquerda não reaja, é a construção de um partido da classe operária, capaz de apresentar uma alternativa para as massas e que as mobilize em favor dos seus próprios interesses. A experiência histórica demonstra que o fascismo jamais foi e não será derrotado por meio de eleições ou petições e discursos parlamentares. Somente as massas organizadas e mobilizadas é que podem fazê-lo. É preciso enfrentar nas ruas o governo fascista de Jair Bolsonaro e exigir sua saída imediata.


Não leia o que eles querem que você leia. Saiba o que realmente está acontecendo

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