Diário Causa Operária nº5877

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SÁBADO, 4 DE JANEIRO DE 2020 • EDIÇÃO Nº5877

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Com Bolsonaro, Brasil dá marcha-ré e retrocede 40 anos

O resultado é o pior para o país desde 2015, quando houve superávit de US$ 224 19,5 bilhões. Rapidamente os “otimistas” analistas da burguesia, que não se cansam de apresentar o retrocesso econômico promovido pelo golpe como “lenta recuperação”da economia, anunciaram como causas fundametais o aumento da chamada guerra comercial entre Estados Unidos e China, bem como crise na Argentina; buscando atenuar a responsabilidade da equipe econômica comandada por Paulo Guedes e do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro de conjunto, apontando apenas – por exemplo – que teria ocorrido um “menor crescimento doméstico que o inicialmente projetado“.

Ao tentar desmentir Lula, PSTU novamente apoia o golpe imperialista Ainda sobre os debates sobre as manifestações de junho de 2013, que veio à tona após as declarações do expresidente Lula em entrevista à TeleSur afirmando que o imperialismo esteve por trás das manifestações que serviram para derrubar Dilma Rousseff, o PSTU publicou matéria na qual tenta discordar de Lula e analisar o que foi 2013. E como sempre faz ao tentar explicar a situação política desde então, acaba assumindo uma política de aliança com a direita e de apoio ao golpe de Estado.

Resultado do sucateamento: ferroviário da CPTM morre eletrocutado O ano de 2020 já começa com tragédia para a classe operária: um técnico de manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de São Paulo morreu na madrugada dessa quinta-feira (2) após ser atingido por descarga elétrica.

Banqueiros do Santander anunciam fim das contratações até abril


2 | OPINIÃO COLUNA

Com Bolsonaro, Brasil dá marcha-ré e retrocede 40 anos Por Antônio Carlos

Reunião do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo Todos os sábados às 16h Local: Centro Cultural Benjamin Perét Rua Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde São Paulo - SP Entre em contato conosco: • telefone/whatsapp: (11) 98192-9317 • facebook: @coletivorosaluxemburgo • Se você não for da cidade de São Paulo, participe a distância via Skype. Contato no Skype: mulheres_8

A balança comercial brasileira encerrou o ano de 2019 com um superávit de US$ 46,674 bilhões. Esse montante representa um recuo da ordem de 20,5% pela média diária sobre 2018. O resultado é o pior para o país desde 2015, quando houve superávit de US$ 224 19,5 bilhões. Rapidamente os “otimistas” analistas da burguesia, que não se cansam de apresentar o retrocesso econômico promovido pelo golpe como “lenta recuperação”da economia, anunciaram como causas fundametais o aumento da chamada guerra comercial entre Estados Unidos e China, bem como crise na Argentina; buscando atenuar a responsabilidade da equipe econômica comandada por Paulo Guedes e do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro de conjunto, apontando apenas – por exemplo – que teria ocorrido um “menor crescimento doméstico que o inicialmente projetado“. Mais o que por si é ruim para a economia nacional se mostra ainda pior quando se observa que dos US$ 224 bilhões exportados em 2019, cerca de US$ 118 bilhões (52,7%) correspondem a itens básicos, percentual que, em 2018, era de 49,8%. Isso representa um aumento da ordem de cerca de 5% da fatia correspondente à exportação de matérias primas e correspondente queda na de bens industrializados. O resultado não foi obtido pelo crescimento dessas exportações, o que já poderia ser negativo. Segundo o próprio Ministério da Economia, em 2019 as exportações de itens básicos recuaram 2%, enquanto as vendas externas de produtos industrializados caíram 10,3%, ou seja, cinco vezes mais. Tais números indicam que pela primeira vez em quatro décadas anos, os produtos básicos representaram mais da metade das vendas brasileiras ao exterior. E que estamos diante de uma verdadeira devastação da economia nacional, do setor mais importante para o desenvolvimento da economia nacional.

Mesmo com a queda no faturamento com a vendas de vendas de matérias primas, o resultado mostra també que – em uma situação de significativa desvalorização da moeda nacional (o dólar terminou o ano valendo pouco mais de R$ 4) – o País está entregando milhões de toneladas de matérias primas, de riquezas naturais, a “preço de banana” . A política de enfraquecimento do mercado interno e de favorecimento do grande capital estrangeiro do governo Bolsonaro está destruindo a economia nacional, constituindo-se em uma ameaça aos interesses nacionais e, em primeiro lugar, à vida de milhões de vidas da classe operária e do conjunto do povo brasileiro. A devastação econômica promovida pela política entreguista do governo surgido da fraude das eleições de 2018, em que o candidato em que a maioria do povo queria votar (segundo as próprias pesquisas da burguesia) foi condenado e preso ilegalmente, se soma à devastação social, com dezenas de milhões de desempregados, aumento exponencial da fome, destruição dos serviços públicos essenciais, devastação ambiental, matança crescente da população trabalhadora por meio do aparato estatal (PM etc.) e para estatal, em sua guerra contra o povo e perseguição crescente contra as organizações dos explorados, deixam evidente que a esquerda burguesa e pequeno burguesa que alimentam infundadas ilusões na vigência de um regime democrático no País, estão brincando com fogo. As vidas de milhões estão ameaçadas. Cada dia fica mais evidente que a sobrevivência do Governo Bolsonaro é uma ameaça contra todo o País. Por isso, e por muito mais, a luta pelo “Fora Bolsonaro e todos os golpistas” é uma questão decisiva mais de 200 milhões de brasileiros. Organizar a mobilização e sair às ruas para barrar essa devastação, derrotando o governo entreguista, é a grande tarefa de 2020.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 3

MORTE NO TRABALHO

Resultado do sucateamento: ferroviário da CPTM morre eletrocutado Devido ao sucateamento promovido pela economia mista que hoje administra a CPTM, um trabalhador morreu eletrocutado O ano de 2020 já começa com tragédia para a classe operária: um técnico de manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de São Paulo morreu na madrugada dessa quinta-feira (2) após ser atingido por descarga elétrica. O ferroviário é Robson Eduardo Gomes, que trabalhava em área de manutenção perto da Estação Júlio Prestes. Após o acidente, o trabalhador foi levado à Santa Casa de Misericórdia, onde morreu. Esse ocorrido acontece por causa das péssimas condições de trabalho na CPTM, que está cada dia mais sucateada, não havendo materiais de prevenção à acidentes. Os trabalhadores ficam expostos à própria sorte, uma vez que direita golpista fica procuran-

do acabar com regulações, piorando a situação do perigo em determinados trabalhos. As condições dos trabalhadores sempre foram ruins, mas com o golpe de 2016 e seu aprofundamento com a ascensão de Jair Bolsonaro, as condições pioraram muito, principalmente por causa do “exército de reserva” que vem aumentando a cada dia e também do fim dos direitos trabalhistas. Diante de mais uma morte, os trabalhadores devem lutar pela redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais e pelo aumento das regulamentações para trabalhos perigosos. Somente a mobilização dos trabalhadores vai reduzir a mortes de outros. Os trabalhadores deve pedir o Fora Bolsonaro e a estatização total da CPTM.

MEDIDAS CONTRA OS BANCÁRIOS

Banqueiros do Santander anunciam fim das contratações até abril Presidente do Banco Santander anuncia em comunicado interno que pretende explorar ainda mais os seus funcionários sem novas contrataçõese O representante, no Brasil, dos banqueiros imperialistas do banco espanhol, Santander, Sérgio Rial, divulgou em comunicado interno da empresa que estarão suspensas, até abril de 2020, contratações de novos funcionários e congelou a movimentação de cargos de pessoal em igual período. A justificativa do banqueiro golpista é de que o cenário econômico ainda não está definido, e sustenta a sua argumentação com a justificativa da redução da taxa básica de juros (Selic), feita pelo Banco Central, que passou a ser de 4,5% ao ano. Na verdade, o objetivo de mais esse ataque dos banqueiros do Santander é jogar nas costas dos seus funcionários parte do ônus da crise, fruto da orgia capitalista, e diz respeito à gigantesca crise econômica pela qual passa o país. É uma crise generalizada. A diminuição da taxa Selic é parte do retrocesso da política que os golpistas impuseram ao Brasil. Fica claro que os banqueiros estão tomando medidas numa economia que passa pela desindustrialização e da falência comercial e, além disso, enfrenta um desemprego em

ascensão e uma diminuição constante das expectativas para do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020. Em 2019, o crescimento Produto Interno ficou em pífio 1%, número insignificante para um país atrasado como o Brasil, que precisa desenvolver, inclusive, sua própria produção capitalista.

Diante disso, os banqueiros e os capitalistas querem descarregar todo o prejuízo com a crise nas costas da classe trabalhadora para manter abarrotados os cofres dos banqueiros e empresas falidas, financiadores do golpe. E é nesse sentido que se desenvolve a política dos banqueiros e particular-

mente em relação à determinação da direção do Banco Santander em não realizar contratações e congelar a movimentação de cargos. Segundo a própria imprensa capitalista, os quatros maiores bancos do país planejam fechar mais de 1200 agências até o final do ano, e isso irá, logicamente, acarretar a demissão de dezenas de milhares trabalhadores bancários. Os banqueiros e seus governos declaram guerra contra os trabalhadores bancários através das mais diversas medidas que liquida com os direitos da classe trabalhadora. Estão jogando no olho da rua dezenas de milhares de pais de família para manter os privilégios de meia dúzia de banqueiros e capitalistas que vivem de parasitar toda a população. Os trabalhadores e suas organizações devem, imediatamente preparar uma vigorosa campanha contra as demissões e contra o conjunto de ataques da direita reacionária que tenha como palavra de ordem central colocar abaixo o governo golpistas e seus lacaios: Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Eleições Gerais já!


4 | MORADIA E TERRA E ESPORTES

O ENGODO LATIFUNDIÁRIO

Fazenda Estrondo é um dos maiores casos de grilagem de terras do País Há quatro décadas os moradores de Formosa de Rio Preto resiste ao genocídio latifundiário da região, sendo a maior grilagem de terras registrada no país Em um período de quatro décadas, os conflitos territoriais no entorno da Fazenda Estrondo, localizada no Oeste da Bahia, acontecem diariamente, entre ameaças, mortes, conluios judiciais e perseguições diversas. É o maior, mais carniceiro e prolongado conflito de terras do Cerrado, colocando sistematicamente as comunidades geraizeiras de Formosa do Rio Preto sobre a mira das espingardas dos bandos de mercenários do campo. O latifúndio dessa região é o responsável pela maior produção de soja, milho e algodão do país, para encher as contas bancárias das empresas Bunge e Cargill. Às custas de desapropriação de terra ilegal de 444 mil hectares de terras nas proximidades da nascente do Rio Preto, desmatamento ilegal e trabalho análogo a escravidão da po-

pulação local (como relatou o Ibama). A comunidade de Formosa do Rio Preto, ameaçada pelo poder reacionário do latifúndio, o engodo nacional, é formada por quilombos e indígenas que habitam a região (os mais recentes) há duzentos anos pelo menos. Sobrevivem da produção de frutos, hortaliças e pequenas produções de gado. É necessário que essa população local se organize através de comitês de autodefesa para pôr fim a catástrofe humana e econômica que significa esse grande latifúndio. Botando fim ao monopólio da terra, para conseguir o principio de um verdadeiro desenvolvimento econômico no país. Sem luta, o inimigo sempre irá parecer maior do que de fato ele é. Reforma agrária já! Expropriação de todo latifúndio! Fora Bolsonaro!

COPA SÃO PAULO DE FUTEBOL JR.

Copinha: começou o maior compeonato de futebol do mundo Começou na quinta-feira (2) a 51ª edição da Copa São Paulo de Futebol Junior, com 127 clubes e 1.375 atletas.

Começou na última quinta-feira (2) a Copa São Paulo de Futebol Júnior, mais conhecida como “Copinha”, a maior competição da categoria. Os jogos vão até o dia 25 de janeiro, data da final que será no estádio do Pacaembu. Pela primeira vez na história os jogos serão transmitidos: o torcedor poderá assistir a copinha pela internet, TV aberta e por canais fechados. Essa será a 51ª edição e terá 127 clubes, com 3.175 atletas. Os jogos serão distribuídos em 32 sedes espalhadas por todo estado. Atletas do país inteiro nascidos entre 2000 e 2004 terão a oportunidade de mostrar todo seu potencial. O atual campeão é o São Paulo, o Corinthians é o time que acumula mais títulos. Pelo tamanho do campeonato dá pra perceber o poder do futebol de base brasileiro, candidatos a craque não faltam na competição. O Campeonato é dividido em 32 grupos de 4 times cada e um grupo (grupo 25) com três times por causa da desistência do Flamengo em participar da Copinha. Dos grupos, só dois ganhadores avançam. Após a fase de

grupo, as equipes ainda passam por dois mata-matas até chegarem às oitavas de final. O campeonato de base, além de encantar os torcedores em relação aos grandes jogadores que vêm despontando no futebol nacional, também democrático, por que tanto times grandes como times pequenos e desconhecidos têm a oportunidade de aparecer. Por serem categoria de base, os clubes acabam jogando mais de igual para igual, apesar de na maioria das vezes os clubes grandes se sobressaírem. Confira os jogos da 1º rodada da Copinha: Quinta-feira – 2 de Janeiro 14h45 – União Mogi x Juventus – 17h00 – Ituano x Vilhenense (RO) – 17h00 – Grêmio (RS) x Real (DF) – 18h00 – Sertãozinho x Penapolense – 19h15 – Fluminense (RJ) x Socorro (SE) – 19h15 – Ferroviária x Petrolina (PE) – 20h15 – Goiás (GO) x Confiança (SE) – 21h30 – Palmeiras x União (MT) – Sexta-feira 3 de Janeiro 13h00 – Assisense x Botafogo –

13h00 – Desportivo Brasil x Galvez (AC) 13h00 – Tanabi x Votuporanguense – 13h00 – Comercial RP x Desportiva Perilima (PB) – 13h00 – Primavera x XV Piracicaba – 13h00 – Taboão da Serra x Inter Limeira – 13h00 – Jaguariuna FC x Santo André – 13h00 – Suzano x São Raimundo (RR) – 13h00 – Taubaté x Ricanato (TO) – 13h00 – Manthiqueira x São Bernardo FC – 13h00 – AA Flamengo x Guarulhos – 13h00 – Mauá Futebol x Atlético Cearense (CE) – 14h00 – Paulista x Rio Claro – 14h45 – Oeste x Sergipe (SE) – 15h00 – Noroeste x Grêmio Novorizontino – 15h00 – Internacional (RS) x Confiança (PB) – 15h15 – Atlético Goianiense (GO) x Dimensão Saúde (AL) – 15h15 – América (MG) x Volta Redonda (RJ) – 15h15 – Fortaleza (CE) x Brasil (RS) – 15h15 – Juventude (RS) x Cuiabá (MT) – 15h15 – Bahia (BA) x Tupi (MG) – 15h15 – CRB (AL) x Vila Nova (GO) –

15h15 – Criciúma (SC) x Náutico (PE) – 15h15 – Chapecoense (SC) x União ABC (MS) – 15h15 – Atlético Mineiro (MG) x Ríver (PI) – 15h15 – ABC (RN) x Resende FC (RJ) – 15h15 – Santa Cruz (PE) x América (RJ) – 15h15 – Avaí (SC) x CENA (MS) – 16h15 – Athletico Paranaense (PR) x Gama (DF) – 17h00 – Osvaldo Cruz x Ponte Preta – 17h00 – Marília x Olímpico EC (SE) – 17h00 – Velo Clube x Red Bull Brasil – 17h00 – Cruzeiro (MG) x Trindade (GO) – 17h15 – Botafogo (RJ) x Visão Celeste (RN) – 17h15 – Capivariano x Linense – 17h45 – XV Jaú x Guarani – 17h45 – Mirassol x Linhares FC (ES) – 18h45 – Audax x Moto Club (MA) – 19h15 – Londrina (PR) x São José (RS) – 19h15 – Santos x Timon EC (MA) – 19h15 – Paraná (PR) x Nacional (AM) – 19h15 – Francana x Fluminense (PI) – 20h – Vitória (BA) x Serra (ES) – 20h – Joinville (SC) x Nova Iguaçu (RJ) – 21h – Sport Recife (PE) x Desportiva Paraense (PA) – 21h30 – Corinthians x Retrô (PE) – Sábado – 4 de Janeiro. 08h45 – Água Santa x Trem (AP) – 08h45 – Nacional x São Caetano – 11h00 – Flamengo (RJ) x Vitória da Conquista (BA) – 11h00 – Ceará (CE) x Canaã (BA) – 16h00 – São Paulo x Operário Ferroviário (PR) – 18h15 – São Bernardo x Palmeira (RN) – 18h30 – Itapirense x Jacuipense (BA) – 18h30 – CSA (AL) x Coritiba (PR) – 20h45 – Vasco (RJ) x Carajás (PA) – 20h45 – Portuguesa x São Bento –


POLÊMICA | 5

NÃO TEVE GOLPE

Ao tentar desmentir Lula, PSTU novamente apoia o golpe imperialista Partido defende novamente a tese da direita de que o imperialismo não está por trás do golpe e portanto nem mesmo teve golpe, tudo foi “a vontade do povo” Ainda sobre os debates sobre as manifestações de junho de 2013, que veio à tona após as declarações do ex-presidente Lula em entrevista à TeleSur afirmando que o imperialismo esteve por trás das manifestações que serviram para derrubar Dilma Rousseff, o PSTU publicou matéria na qual tenta discordar de Lula e analisar o que foi 2013. E como sempre faz ao tentar explicar a situação política desde então, acaba assumindo uma política de aliança com a direita e de apoio ao golpe de Estado. A matéria, intitulada “Junho de 2013 não foi só por 20 centavos, nem armação dos EUA, foi contra o sistema” já mostra a política direitista do partido de esquerda que assumiu uma política golpista até hoje, quando o produto do golpe de Estado foi a ascensão da extrema-direita ao governo. A pressa do PSTU em desmentir Lula ” 2013 não foi armação dos EUA” faz o partido cair na vala comum da direita, que procura apresentar qualquer um que denuncia sua política como lunático ou adepto da “teoria da conspiração”. Afinal, quem, além do PSTU e poucos outros pequenos grupos da esquerda pequeno-burguesa afirmam que não existe armação do imperialismo? Só mesmo a própria direita pró-imperialista. E para disfarçar, bem mal disfarçado, sua política direitista, o PSTU chama as manifestações genericamente de “contra o sistema”. O problema é que qualquer um que acompanhe a política internacional sabe que o extrema-direita fascista também se coloca de maneira demagógica e genericamente como “anti-sistema”. Talvez seja por isso que para o PSTU Bolssonaro é um produto das grandes mobilizações “anti-sistema” “não armadas pelos EUA” defendidas pelo PSTU. Diz o artigo: “os governos não ouviram a voz das ruas. Dilma, depois de eleita prometendo não mexer em direitos, praticou um estelionato eleitoral e perdeu apoio popular. Bolsonaro surfou na onda anti-PT, se elegeu presidente e quer aplicar uma política de guerra aos trabalhadores e o povo pobre.” O PSTU afirma, assim como afirma a direita golpista, que Dilma cometeu “estelionato eleitoral” e isso teria levado à perda de apoio popular. De maneira espetacular, então, o povo que

teria se sentido “traído” pelo PT decidiu votar em Bolsonaro. O apoio popular do PT foi para Bolsonaro, apenas essa ideia seria absurda por si só, mas a explicação do PSTU é ainda mais absurda. Essa guinada espetacular do povo seria resultado direto da promessa não cumprida de Dilma Rousseff nas eleições. Devemos concluir então que para o PSTU o único caso de candidato que promete e não cumpre é o de Dilma. Afinal, passamos por dois mandatos de FHC, dois de Lula e um de Dilma. FHC, inclusive, deve ter dito somente a verdade quando foi eleito, afinal seu governo não foi derrubado. Uma explicação completamente fantasiosa que é na realidade uma versão pseudo-esquerdista do que diz a própria direita golpista.

O que realmente aconteceu em 2013 Segundo o PSTU, “Os protestos de junho expressaram de forma generalizada o repúdio das massas aos políticos, aos grandes partidos e a essa falsa democracia dos ricos.” De início até poderíamos concordar, ainda que em partes, com o PSTU. As manifesta-

ções de 2013 se iniciaram como grandes movimentos políticos, iniciado pelo problema das passagens e cujo estopim foi a brutal repressão colocada em marcha pelo governo da direita do PSDB de São Paulo. O movimento transbordou a partir daí. Esse movimento, até esse momento, era de esquerda e popular e com reivindicações populares, como centro a questão das passagens e da repressão policial. E é a aí que a coisa muda de figura. Percebendo que o movimento sairia de controle e colocaria em xeque em primeiro lugar o governo tucano de São Paulo a direita tratou de sequestrar as manifestações. Primeiro por meio de uma propaganda incessante na imprensa atribuindo àquele movimento pautas artificiais, como a corrupção, e passou também a direcionar o movimento contra o governo federal. Segundo, infiltrando agentes da polícia e de organizações de direita com o intuito de introduzir tal política artificial por dentro das manifestações e também hostilizar os partidos de esquerda presentes. Essa operação só foi possível graças à política totalmente desastrosa

do conjunto da esquerda pequeno-burguesa. Em primeiro lugar aos preconceitos anarquistas do Movimento Passe Livre, do qual participavam não apenas os anarquistas mas também representantes do PT, PCdoB, PSTU e Psol, que colocaram em marcha a política demagógica de horizontalidade que permitiu que a direita ocupasse as manifestações com facilidade. Em segundo lugar pela ausência de uma orientação política para as manifestações. A capitulação final foi inclusive permitir que a direita sequestrasse a manifestação. A esquerda em geral não enfrentou a direita, em particular o PSTU, que inclusive chegou a lançar a palavra de ordem de “nossa bandeira é verde, amarela e vermelha”. Uma capitulação total. Tal política permitiu, aí sim, que o imperialismo iniciasse uma política de rua que se desenvolveram para os atos coxinhas que resultaram na queda de Dilma Rousseff. Para o PSTU, no entanto, tudo isso é o povo. Foi o povo que derrubou Dilma e foi o povo que colocou Bolsonaro no poder. Afinal de contas, não teve golpe. Essa é a política do PSTU.


6 | INTERNACIONAL

ATAQUE IMPERIALISTA AO IRÃ

Esquerda americana capitula e não denuncia agressão ao Irã Apesar de toda a repercussão internacional, a resposta da esquerda norte-americana à ofensiva criminosa do governo dos EUA contra o Irã foi tímida e moderada. Na manhã de sexta-feira, 3 de janeiro, saíram as notícias sobre mais uma investida criminosa do imperialismo contra um país atrasado que, já faz um tempo, se mostra uma inconveniência para sua hegemonia no Oriente Médio. Trata-se do assassinato do general iraniano Qassem Soleimani, comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã, considerada mais importante do que as próprias forças armadas nacionais iranianas. O general Soleimani era considerado o principal articulador das forças iranianas nos países vizinhos, tendo atuado em operações no Iraque, na Síria, no Líbano e em diversos outros lugares. O seu assassinato veio sem nenhum motivo real dado pelo governo norte-americano. Portanto, trata-se de um crime político, uma ofensiva gigantesca contra a soberania iraniana. O ataque se deu no Aeroporto de Bagdá, no Iraque, e assassinou oito pessoas, entre elas o general iraniano e o principal líder das milícias xiitas ligadas ao governo iraquiano, Abu

tras cidades do país para protestar contra o assassinato de seu general. Houve uma marcha até o escritório das Nações Unidas e incêndios de bandeiras americanas. Além disso, em outros países com grande população muçulmana também há vários protestos contra a ação criminosa dos EUA, como Índia, Paquistão e Iraque.

Reação da esquerda

Mehdi al-Muhandis, o que configura um ataque aos dois países ao mesmo tempo. Ainda mais se considerarmos que o ataque se deu em solo iraquiano. Centenas de milhares de iranianos já saíram às ruas de Teerã e de ou-

No entanto, não se vê por parte da esquerda norte-americana nenhuma denúncia ao crime cometido por seu país. O candidato presidencial democrata Bernie Sanders deu uma declaração extremamente moderada, em que critica o fato de Trump não ter conseguido apoio do Congresso para o ataque e diz que pode aumentar a instabilidade na região, além de citar os gastos financeiros que os EUA têm com os conflitos que promove pelo mundo. Porém, não diz uma palavra sobre o ataque à soberania iraniana e

iraquiana e não denuncia como crime um ataque violentíssimo contra um dos principais líderes de uma nação independente. A também democrata Alexandria Ocasio-Cortez se coloca contra uma possível guerra contra o Irã em sua conta no twitter, mas coloca como razões principais apenas questões orçamentárias e uma defesa genérica da “paz” e da “vida de pessoas inocentes”. Da forma como ela coloca seu protesto, despolitiza totalmente a questão e traz tudo para o reino da moral. A esquerda internacional e principalmente a de países atrasados como o Brasil, que também sofre ataques do imperialismo deve se colocar de forma clara contra a ação do imperialismo, contra o assassinato das lideranças do Irã e Iraque, contra o embargo ao Irã, pela saída das tropas norte-americanas do Iraque e de todo o Oriente Médio e contra o fim da destruição dos países da região e a independência de todos os povos.

ESPANHA

PSOE fica perto de formar governo na Espanha após acordo com catalães O impasse para a formação de governo na Espanha, que levou o país a realizar 4 eleições em 4 anos, parece que finalmente está perto de seu fim. Isso porque o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) está próximo de garantir que o principal partido separatista da Catalunha, o Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), se abstenha da votação sobre a formação de governo. O partido catalão acabou por fazer algumas exigências para a realização do acordo, tendo como centro que a questão catalã seja feita por meio de um diálogo entre o governo espanhol e o governo regional da Catalunha, chamado de Generalitat. Há de se destacar que o PSOE foi um dos principais responsáveis pela repressão da população catalã nos últimos tempos, tendo inclusive auxiliado nas prisões de muitos dos líderes da região, inclusive, de alguns líderes da própria ERC, como é o caso de Oriol Junqueras. Ao contrário da ERC, outros grupos favoráveis à separação da Catalunha não devem apoiar a investidura de Pedro Sánchez do PSOE. É o caso do partido Juntos por Catalunha (JxCAT) e do partido de esquerda Candidatura de Unidade Popular (CUP) cuja recente palavra de ordem foi a de desestabilizar o estado espanhol até conseguir a independência catalã. Outro a criticar o apoio da ERC ao PSOE foi o político independente Quim Torra, presidente da Generalitat. O

político chegou a dizer que o acordo é um “acordo entre partidos” e que não coloca as necessidades da Catalunha em primeiro lugar, como a anistia aos presos políticos, a autodeterminação e o fim da repressão. Quim Torra ainda se queixou do fato de que o acordo nem mesmo menciona a necessidade de mudança da constituição Espanhola, sendo praticamente um apoio por nada. O acordo provavelmente foi feito por debaixo dos panos, mas com cara de democrático. Segundo o jornal português de direita o Expresso, um órgão do governo chamado Advocacia do Estado realizou um acordo para a soltura de Oriol Junqueras, sob a justificativa de que ele era eurodeputado e estava protegido por uma espécie de foro privilegiado. As abstenções da ERC abrirão passagem para a formação do governo, que será o primeiro governo de coalizão desde o fim do franquismo, em uma junção do PSOE com o Unida Podemos, coligação de vários partidos de esquerda menores, em que se destaca o próprio Podemos. As votações para a tentativa de investidura terão início neste sábado, e, como provavelmente Pedro Sánchez não conseguirá os 176 votos necessários para obter a maioria absoluta, uma nova votação ocorrerá no dia 7 de janeiro, em que será necessário apenas a maioria simples, que ocorrerá com a abstenção da ERC.

A GLOBO

MENTE O DIÁRIO

DESMENTE


NACINAL| 3

GOVERNO AÑEZ

Ditadura golpista boliviana prende estudante por postagens na Internet Ditadora Jeanine Añez manda prender estudante que publicava memes contrários ao regime golpista. A ditadura boliviana prendeu nessa quarta feita, 01 de janeiro, a estudante Maria Alejandra Salinas Quiroga pelo crime de publicar memes nas redes sociais que atentariam contra a moral do regime. Apoiada pelo imperialismo e seus capachos como Bolsonaro, a golpista Jeanine Añez tem mobilizado a milícia virtual de bots para promover uma ampla campanha de difamação contra a estudante nas redes. O blog de Quiroga – “Suchel” – já havia encerrado suas atividades após uma série de ameaças que incluíam estupro, a morte da estudante e atentados contra sua família, seguindo o modus operandi tradicional dos fascistas. A prisão política provocou uma onda de denúncias por parte de órgãos dedicados a proteção da liberdade de expressão na Bolívia e no mundo, além de ter sido amplamente denunciado na imprensa internacional e por grupos de defesas dos direitos das mulheres, que a exemplo da nota publicada pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências de Desenvolvimento da Universidade Mayor de San Andrés, lembram os riscos que acompanham as mulheres vítimas de prisões políticas em regimes ditatoriais. Tratando-se de uma pessoa que já foi ameaçada de estupro, e considerando o histórico hediondo das ditaduras latino-americanas, o perigo não é de modo algum imaginário. Como temos denunciado neste diário, tendo menos reserva para buscar “aproximações sucessivas” mais seguras, a burguesia boliviana e o imperia-

lismo são obrigados a implementar o receituário do golpe fascista de maneira explícita. Sem muitas opções, a tendência é que o terror fascista evolua para um regime de carnificina aberta, a menos que enfrente a reação organizada e disciplinada dos únicos segmentos com força suficiente para pôr um fim ao golpe de Estado na Bolívia: os operários e os camponeses. Nesse sentido, o que não falta às organizações revolucionárias bolivianas são exemplos de que a ditadura de Añez enfrenta uma ampla rejeição por parte dos trabalhadores. E se os partidos

tradicionais de esquerda se perdem em meio às mais covardes capitulações, organizações que unam os setores mais corajosos e dispostos precisam ser criadas pela vanguarda dos trabalhadores. E conforme o mundo tem observado, trabalhadores bolivianos corajosos e dispostos a enfrentar a ditadura existem aos milhares no país vizinho. A situação da Bolívia é emblemática para entendermos o problema do fascismo e serve de alerta vermelho para a esquerda brasileira, especialmente os setores mais conservadores que,

movidos por uma fé cega e descabeçada, tendem a imaginar que através de uma política de avestruz, é possível se deixado em paz pelos fascistas brasileiros. Lá, como cá, o fascismo precisa ser enfrentado com toda energia disponível, e a força das armas se necessário. O inferno fascista nunca na história foi derrotado com discurseira chata. A história prova que só a ação enérgica dos trabalhadores organizados e lutando coletivamente tem se mostrado eficiente no combate ao regime de guerra civil imposto pelas experiências infernais do fascismo.

TODAS ÀS SEXTAS-FEIRAS ÀS 14H NA CAUSA OPERÁRIA TV


8 | CULTURA E NEGROS

SABOTAGEM

Prefeitura do Rio nega autorização para Procissão de Iemanjá Falta de emissão do alvará pela prefeitura impediu a realização do tradicional cortejo até Copacabana No Rio de Janeiro, a tradicional festa da Procissão de Iemanjá foi, pelo segundo ano consecutivo, dificultada pelo prefeito direitista, Marcelo Crivella. Isso porque a prefeitura não emitiu o alvará liberando a realização do cortejo que, há anos, é feito a partir do Mercadão de Madureira, na Zona Norte, em direção à Copacabana, na Zona Sul da capital fluminense. Esse fato foi denunciado pelos organizadores do evento, que decidiram realizar somente um “circuito” no mercado, no dia 28 de dezembro. Iemanjá é uma divindade do Candomblé e da Umbanda, religiões trazidas ao Brasil por africanos escravizados e que se tornou símbolo da cultura do povo negro no país. Considerada a rainha do mar, seus devotos aproveitavam a procissão para enviar oferendas e pedidos, jogando-os ao mar. No entanto, com o impedimento do cortejo até Copacabana, os pedidos e oferendas foram

depositados em um local específico dentro do mercadão. A organização do evento garantiu que as homenagens serão levadas ao mar.

Este não foi o primeiro ataque do prefeito Crivella às manifestações culturais do povo negro. Desde o início de sua gestão, o prefeito, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, vem procurando atacar monumentos da cultura afrodescendente na cidade do Rio de Janeiro, como no caso da interdição da Pedra do Sal, um dos maiores patrimônios da cultura africana na capital fluminense. A interdição, realizada em novembro de 2019, fez com que os eventos do Dia de Luta do Povo Negro e de Zumbi dos Palmares fossem cancelados. Outro evento popular que vem sendo atacado pelo prefeito é o carnaval. No ano passado, Crivella junto com os vereadores golpistas aprovaram um corte de 50% nas verbas de subvenção do carnaval carioca, impedindo com isso o ensaio das escolas de samba na Sapucaí, às vésperas do carnaval. Recentemente, prefeito anunciou que as escolas de samba que desfilam

na Marquês de Sapucaí não receberão subsídios da prefeitura em 2020. A medida é um ataque à Rede Globo, que transmite o desfile, mas também às comunidades que se preparam, durante todo o ano, para os desfiles de carnaval, uma das maiores festas populares do mundo. Além disso, a repressão à população negra vem se aprofundando com o aumento no número de ataques a terreiros de Umbanda e Candomblé, com o apoio de milícias fascistas ligadas à igreja e ao tráfico de drogas. A direita está fazendo de tudo para perseguir e destruir a cultura, especialmente as manifestações oriundas do povo negro. Bolsonaro e Crivella não apenas promovem ataques diretos à cultura, cortando verbas, como incentivam os ataques por parte de grupos fascistas. Para pôr fim a essa ofensiva, é preciso mobilizar a população para lutar pela derrubada destes governos que já sofrem com grande rejeição.

PELO FIM DA PM!

Mortes de policiais negros servem para mascarar papel genocida da PM O jornal El País argumenta que a maioria dos policiais mortos são negros e que o racismo existiria tanto dentro quanto fora da PM, porém esconde a finalidade genocida da própria PM Em uma matéria recente, no jornal direitista El País (que a esquerda brasileira encara como sendo um jornal progressista), foi levantada a discussão sobre o número de mortes de policiais militares negros em relação ao número de policiais brancos. Segundo o jornal, cerca de 51,7% dos policiais mortos são negros, enquanto 48% são brancos, sendo que apenas 37% dos policiais são negros. Em entrevista ao jornal, o líder do Movimento Policiais Antifascismo declarou que a esquerda trata os policiais como cães de guarda da burguesia, e que, apesar de realmente o serem, que ao pedir o fim da Policia Militar no Brasil, a esquerda acaba por afastar os membros da corporação de sua luta, pois os policiais sentem medo de perderem seus empregos. O policial completa que a luta deveria se dar pela desmilitarização da PM. Realmente, caso os dados do El País estejam corretos, o número desigual de mortes entre os policiais brancos e negros tende a desfavorecer os negros, da mesma forma que em toda a sociedade brasileira. No entanto, o problema da Polícia Militar não é tão simples e passa pelo próprio caráter da corporação. A Polícia Militar é uma entidade que tem como fim a repressão da população pobre brasileira, em especial os negros, em prol da burguesia. O que a matéria do El País tenta fazer é mascarar a questão apontando que uma parte da corporação também é negra, e portanto, que o racismo acontece

em via de mão dupla, o que não é a realidade, pois, um policial negro acaba por ser um agente do estado para reprimir a população pobre e negra, tanto quanto um policial branco. Não é à toa que para um único agrupamento antifascista da polícia militar de todo o Brasil, existem inúmeros grupos fascistas dentro da própria PM. Não só o fim da polícia é o de reprimir a população, coisa que todo brasileiro sabe, mas também o próprio treinamento da polícia acaba por fazer com que todos os policiais saibam o que se deve fazer nas ruas, que é perseguir a

população pobre e negra. Prova disso é o do recente caso do policial militar negro do Rio de Janeiro, o membro do MBL Gabriel Monteiro, que invadiu o enterro da menina Ágatha Felix para tentar amedrontar quem chorava a morte de uma criança pelas mãos da polícia. Quanto às declarações do líder do Movimento Policiais Antifascismo, a esquerda não deve deixar de lutar contra o fim da PM para que os policiais se aproximem dela. A própria polícia em si é um órgão antidemocrático que tem como fim a opressão

da população, como o próprio membro do grupo relatou ao dizer que a polícia acaba mesmo sendo o cão de guarda da burguesia. Nesse sentido, não há como manter a corporação e ser democrático ao mesmo tempo, pois as duas coisas estão em contradição. A única solução para a segurança pública é a autodefesa da própria população organizada e o fim da Polícia Militar. A desmilitarização é somente uma fórmula importada de outros países que não diz respeito às especificidades do Brasil.


ECONOMIA E JUVENTUDE | 9

O PAÍS DOS GOLPISTAS

Devastação: exportações de produtos indústriais é a menor em 40 anos Dados mostram o crescimento da exportação de produtos básicos em detrimento dos industrializados. O projeto do governo Jair Bolsonaro de transformar o Brasil em uma colônia novamente está a todo o vapor. Na quinta-feira, 2, o Ministério da Economia divulgou os dados da exportação no ano de 2019 que mostram o crescimento da saída de produtos básicos em detrimento da exportação de manufaturados no país. No total, foram exportados produtos equivalentes a US$ 224,018 bilhões, sendo que mais da metade, US$ 118,180 bilhões (52,75%), correspondem a itens básicos – que não têm tecnologia envolvida ou acabamento, como minerais, frutas, grãos e carnes. A última vez que o Brasil exportou tantos produtos básicos foi há quarenta anos, na década de 1980. Os dados do Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes, mostram que, enquanto as exportações de itens básicos aumentaram, as vendas externas de produtos industrializados caíram cinco vezes mais

(10,3%). As exportações de produtos manufaturados diminuíram 11,1% no ano passado e de semimanufaturados recuaram 8%. Outro dado divulgado é referente ao superávit, que é quando as exportações superam as importações feitas pelo país. Em todo ano de 2019, a balança comercial brasileira teve o menor superávit em quatro anos. A imprensa burguesa justifica esse fato com a crise econômica mundial, a crise na Argentina e a guerra comercial entre EUA e China. De fato, esse cenário ajuda a explicar a situação econômica brasileira, mas o governo Bolsonaro – e seu antecessor, Michel Temer – tem papel importante nesse resultado, já que seu governo segue a cartilha dos golpistas que impõem uma política econômica entreguista, em prol dos monopólios imperialistas. O projeto de retorno ao Brasil Colônia foi intensificado após o golpe de estado de 2016, quando o país foi

MAIS UM ATAQUE A UNIVERSIDADE

Universidades organizam abaixoassinado contra decreto de Bolsonaro O governo federal lançou a Medida Provisória 914 no final do ano de 2019 que visa alterar todo o sistema de eleições internas nas universidades e institutos federais de todo país. Com esta MP, haverá mais um forte ataque à autonomia universitária, impedindo que a comunidade acadêmica organize por si só as eleições. Atualmente mais de 60% das universidades do país utilizam um sistema de peso igualitário para todos os votantes, de modo que professores, servidores e alunos têm a mesma interferência no processo eleitoral, e que a partir desta consulta geral é respeitado a vontade da maioria na escolha da lista tríplice, na qual, tradicionalmente, os governos aceitavam o candidato vitorioso. No entanto, após o golpe de Estado e principalmente com o início do governo Bolsonaro, tais escolhas passaram as ser duramente afetadas. Em alguns meses de governo, uma série de interferências nas escolhas de reitores para diversas universidades brasileiras, em que o Estado escolhia a dedo o ocupante do cargo, a revelia dos estudantes e professores, foram realizadas. Agora, a decisão de Bolsonaro fez estes fatores escalarem de nível, colocando na ilegalidade as eleições feitas com toda comunidade acadêmica, impondo de vez um sistema em que 70% do peso nos votos serão dos professores, deixando 15% para alunos e servidores, uma total quebra de qualquer escolha democrática, já que os alunos são a grande maioria nas instituições.

O mesmo se repete nos institutos, onde com a alteração a escolha de diretores de cada campus será decida pelo reitor, este escolhido pelo governo do fascista Jair Bolsonaro. Devido a isto, diversas universidades começaram um abaixo-assinado que visa coletar 1 milhão de assinaturas a serem entregues em fevereiro, como forma de pressionar o congresso a barrar tais medidas. Contudo, sabemos que este não é um simples episódio isolado, mas sim um sintoma de revolta que toma conta novamente em toda comunidade acadêmica. No ano de 2019, milhões foram às ruas contra o governo Bolsonaro, e novamente, mesmo nas férias, vemos movimentações nas universidades que já se preparam para um 2020 muito intenso na política nacional. Bolsonaro foi claro e taxativo, ele deseja destruir o ensino público brasileiro, cabe ao movimento estudantil defender os direitos de todos os brasileiros e garantir por meio da mobilização popular uma derrota aos golpistas. Para isso, precisamos nos organizar em todos os lugares, correspondendo à revolta popular, e levantando a palavra de ordem do povo brasileiro: Fora Bolsonaro. A única capaz de levantar todos os setores oprimidos da sociedade em um movimento amplo pela derrota e derrubada dos golpistas. Além disso, garantir a derrubada do governo Bolsonaro é uma prioridade clara, pois em apenas um ano os estragos feitos pelo governo representaram ataques históricos à população. Sendo assim, não podemos esperar os 4 anos acabarem, necessitamos agir agora. Fora Bolsonaro!

colocado novamente na condição de subordinado aos países imperialistas. Para se ter uma ideia, só nesse ano, o IBGE contabilizou o fechamento de mais de 2 mil indústrias. Desde então, o país passou a sofrer com a política entreguista de Michel Temer e de Jair Bolsonaro que operam a destruição e entrega das empresas nacionais para o capital internacional. Exemplo disso é a venda da Empresa Brasileira de Aviação (Embraer) para a norte-americana, Boeing, a entrega do pré-sal a Chevron e Shell, a venda de parte da Eletrobrás e a ameaça de privatização da água. Além disso, a política oficial dos golpistas é facilitar a importação e promover o boicote da produção nacional, como no caso da produção de remédios e de fertilizantes. É importante destacar o papel da Operação Lava Jato nesse cenário de destruição, já que ela foi fundamental na perseguição unilateral de empresas nacionais, como no caso da Ode-

brecht – sob o pretexto do combate à corrupção, atendendo aos interesses imperialistas de destruir importantes setores do parque industrial. O governo de Jair Bolsonaro deve continuar o ataque à economia nacional, aprofundando o processo de desindustrialização e entrega do patrimônio brasileiro. Esse processo não apenas deve ser denunciado como combatido. Para isso, é necessário fortalecer a luta contra o golpe, contra Bolsonaro e todos os golpistas.

Em São Paulo, pais passam 5 dias em fila para tentar vaga em escola O desmonte na educação pública estadual paulista ganha novas feições à medida em que o modelo neoliberal é aplicado pelos sucessivos governos tucanos. Nessa passagem de ano de 2019 para 2020, uma cena lamentável ocorreu em frente à Escola Estadual José Geraldo de Lima no Jardim Ipanema, região do Socorro, Zona Sul de São Paulo. Pais, mães e alunos formaram uma grande fila com acampamento para tentar vagas na instituição no dia 28 de dezembro, passaram a virada de ano acampados em frente à escola, e permaneceram lá até dia 3 de Janeiro, quando foram atendidos pela direção da escola, sem qualquer garantia de conseguirem uma vaga para seus filhos. Esse tipo de fila era comum em São Paulo para fãs disputando um ingresso para um show musical de alguma celebridade pop, mas para conseguir uma vaga em uma escola pública é uma “inovação” do governo paulista do playboy João Dória, do PSDB. Uma matéria veiculada pelo canal de TV golpista Rede Globo procura apresentar a ideia de que a fila ocorre devido à qualidade da instituição, que é de tempo integral. Tratando-se assim, não de uma situação vexatória para pais em busca de uma vaga em escola pública, mas algo bom, uma vez que mostra que a escolas estaduais estão atingindo um nível de grande excelência. O que a matéria da Rede Globo oculta é, em primeiro lugar, um processo crescente de fechamento de salas de aula em todo estado, levando as escolas a ficarem com turmas superlotadas de alunos e muitas vezes, com os alunos estudando em locais distantes do local de moradia. Essa situação, combinada com os constantes cortes nos salários dos professores e servidores, com os crescentes cortes para a infraestrutura e gastos básicos das escolas (para itens elementares como

papel higiênico, por exemplo), tem levado à uma situação de caos completo na rede pública estadual paulista. As escolas se transformaram praticamente em presídios, sem a menor condição de estudo. Como exemplo disso, um terço das escolas públicas estaduais não possuem sequer uma biblioteca ou sala de leitura. O resultado são péssimas condições de aprendizagem para os alunos e de trabalho para os professores, que sofrem cada vez mais com doenças causadas por transtornos mentais. Para maquiar esse processo de destruição da rede pública estadual de ensino, o governo do tucano Geraldo Alckmin, sendo seguido pelo governo de João Dória, iniciou um programa para transformar escolas regulares em escolas de tempo integral. Entretanto, por coincidência, essas escolas estão localizadas de uma maneira geral em áreas de maior poder aquisitivo, onde a demanda por vagas nas escolas públicas são menores. De forma de que esse processo acabou excluindo os alunos mais carentes de áreas periféricas, que são a maior parcelas dos alunos. Os pais desses alunos em áreas periféricas obviamente preferem as escolas em tempo integral, que independentemente da avaliação da qualidade de ensino dessas instituições, possuem uma maior grade horária, permitindo aos pais trabalharem sem a preocupação de pegar o filho em horário de trabalho (para aqueles que trabalham em horário comercial), além disso a escola conta com 3 refeições diárias. Algo que em tempos de crise econômica e arrocho salarial são de grande valia para os pais trabalhadores. Entretanto, as escolas de tempo integral atendem a apenas 6% do quadro de alunos das escolas estaduais. Ou seja, é uma peça de propaganda eleitoral que atende à uma minoria da população, enquanto o ensino é destruído em todo estado.


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