Diário Causa Operária nº5876

Page 1

WWW.CAUSAOPERARIA.ORG.BR

SEXTA-FEIRA, 3 DE JANEIRO DE 2020 • EDIÇÃO Nº5876

2020 é o ano para derrubar Bolsonaro E m 2019 a revolta operária e popular contra o governo já estava latente. Em todo grande evento público apareciam os gritos contra o presidente, e no mês de maio grandes manifestações tomaram as ruas do país. As direções do movimento, no entanto, omitiram-se durante essas manifestações, recusandose a levantar a palavra de ordem relativa ao poder que efetivamente oferece uma saída para a crise.

Reunir forças e preparar o Fora Bolsonaro O ano de 2019, por certo, será lembrado, como aquele em que a imensa maioria do povo brasileiro sofreu os mais duros ataques contra suas historicamente degradadas condições de vida. No ano passado foi aprovado o maior roubo de todos os tempos contra os trabalhadores, a “reforma” da Previdência que via tirar mais de R$ 850 bilhões de dezenas de milhões de pessoas, comprometendo o presente e o futuro de toda a classe trabalhadora.

Quem atirou o coquetel molotov e onde, importa muito

Em seu Facebook, Gilberto Maringoni afirmou que “quem exalta o incêndio da estátua da Havan tem de aceitar o atentado à sede do Porta dos Fundos como coisa normal.” As palavras de Gilberto Maringoni, que já foi candidato do Psol à prefeitura de São Paulo, revelam uma política cada vez mais predominante na esquerda pequeno-burguesa. Uma adaptação vergonhosa diante da direita e da extrema-direita.

Futuro de Guaidó pode ser definido neste dia 5

Ano começa com marcha fascista na Ucrânia

Dia 5 a Assembleia Nacional da Venezuela, que funciona em desacato desde que ignorou decisões da Justiça do país, terá uma nova eleição para a presidência da casa. Apesar de ser controlada por golpistas, o presidente da Assembleia, Juan Guaidó, está preocupado.

Na virada do ano, uma marcha nazista tomou conta das ruas de Kiev, na Ucrânia. A marcha homenageava Stepan Bandera, líder do movimento fascista Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), grupo que tinha em vista a separação da Ucrânia por meio da colaboração com os nazistas durante a segunda guerra mundial.

Invasão à embaixada dos EUA mostra radicalização popular no Iraque Milhares de iraquianos ocupam complexo diplomático dos EUA em Bagdá em protesto contra a ocupação norte-americana e os assassinatos de combatentes antiimperialistas

Por dentro do Réveillon Vermelho, a maior festa da esquerda nacional

O Centrão apoiou a extrema-direita: Temer votou em Bolsonaro Bolsonaro é uma continuidade, ou melhor dizendo, um aprofundamento do golpe que vinha sendo articulado por setores imperialistas dos EUA em parceiria com a burguesia nacional, e culminou com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, após sua reeleição.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

O

CHARGE

Reunir forças e preparar o Fora Bolsonaro

ano de 2019, por certo, será lembrado, como aquele em que a imensa maioria do povo brasileiro sofreu os mais duros ataques contra suas historicamente degradadas condições de vida. No ano passado foi aprovado o maior roubo de todos os tempos contra os trabalhadores, a “reforma” da Previdência que via tirar mais de R$ 850 bilhões de dezenas de milhões de pessoas, comprometendo o presente e o futuro de toda a classe trabalhadora. Mas não foi só isso. Recorde de desemprego, exponencial aumento da fome e da miséria, rebaixamento geral dos salários, seguidos recordes de matança da população pobre e trabalhadora pelos órgãos de repressão dos governos fascistas que tomaram conta do governo federal e estaduais depois das eleições fraudulentas de 2018. A cada dia, multiplicaram-se os cortes nos gastos públicos com Saúde, Educação, Moradia e tudo mais que interessa ao povo, para favorecer os bancos e grandes capitalistas “nacionais” e internacionais que patrocinaram o golpe. Não faltaram os maiores índices de todos os tempos em devastação ambiental e na entrega do País para os tubarões imperialistas, principalmente os norte-americanos. E como de costume nos governos golpistas e inimigos da população, os bancos bateram recordes de lucratividade. Impulsionada pelo governo ilegítimo e reacionário de Bolsonaro, a direita alojada no aparato estatal e para-estatal, intensificou os taques contra os trabalhadores e suas organizações. Essa situação deu lugar a um processo de experiência política que teve como ponto alto a experiência do fortalecimento dos comitês de luta em todo o País que, mesmo contra a orientação dominante na esquerda burguesa e pequeno burguesa levaram adiante a luta política pela liberdade de Lula, expressão maior do regime de perseguição política e social contra os trabalhadores e suas organizações. Cresceu se se fortaleceu politica e organizativamente também o Partido que impulsionou de forma consente e permanente essa luta, parte fundamental da luta contra o golpe. O PCO que organizou e impulsionou as principais mobilizações pela liberdade de Lula, junto com alas mais combativas da esquerda nacional de dentro e fora dos partidos tradicionais, também cresceu, aumentou sua audiência e apoio entre os trabalhadores e a juventude. O Partido encerrou ao ano realizando duas atividades no mês de dezembro que apontaram claramente no sentido de uma perspectiva revolucionária para o próximo ano. Primeiro foi a realização da II Conferência Nacional Aberta dos Comitês de Luta, juntamente com centenas de Comitês de todo o País que deliberou organizar em 2020 uma intensa campanha por Fora Bolsonaro e todos os golpistas, pela con-

quista da liberdade plena de Lula, com a anulação da criminosa operação lava jato, anulação das eleições fraudulentas e realização de novas eleições gerais, com Lula livre e Lula candidato. Juntamente com a luta por reivindicações fundamentais em defesa dos interesse dos explorados como a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais e a dissolução da PM, máquina a de guerra contra os trabalhadores, como medidas de defesa da vida e d melhores condições para os trabalhadores e suas famílias. No apagar das luzes de 2019, o PCO realizou um espetacular Réveillon Vermelho, reunindo centenas de companheiros de todo o País, o qual, além de uma festa grandiosa, constitui-se de um importante ato político de celebração das lutas do ano que se encerrava (inclusive nos países irmãos da America Latina) e da perspectiva de uma grande mobilização popular pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, no ano de 2020. Reabastecidos de energia pela atividade de fim de ano, os militantes e simpatizantes do Partido estão sendo convocado pela sua direção partidária, para a primeira empreitada do ano de luta que se inicia. Já neste mês de janeiro serão realizadas duas importantes atividades: • A 45ª Universidade de Férias, a ser realizada entre os dias 17 a 25 de janeiro, em SP, tradicional e melhor curso deResultado de imagem para universidade de férias formação teórica marxista do País, que vai dar continuidade ao tema, O Fascismo: o que é, e como combatê-lo. A atividade organizada pelo PCO e pela Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), tem como objetivo armar os militantes do partido e ativistas da esquerda, da luta contra o golpe, com os conhecimentos teóricos fundamentais à compreensão e intervenção na situação política, de um ponto de vista classista, coerente, radical, revolucionário. • A Plenária Nacional do PCO, no dia 26 de janeiro, com representantes de, pelo Resultado de imagem para COnferência PCOmenos, 20 Estados, de todas as regiões do País, para debater a campanha pelo Fora Bolsonaro e a organização do Partido para as grandes lutas de 2020, preparando a realização do X Congresso do PC), que será precedido de Plenárias e Conferências Estaduais nos meses de fevereiro e março. No que depender do PCO, não vai faltar iniciativa para organizar e impulsionar uma perspectiva revolucionária nesse ano. Acompanhe nesse Diário, nas próximas edições, tudo sobre esses eventos. E veja como se inscrever e participar também, aderindo às caravanas que serão organizadas em todo o País, contribuindo para sustentar de forma independente essas iniciativas que servirão para armar a militância mais combativa do País para as próximas etapas.

COLUNA

RIP Bragantino Por Henrique Áreas de Araujo

Essa semana foi apresentado para a imprensa o novo distintivo (melho seria chamar de logomarca) do Bragantino (que agora deve ser chamado de Red Bull Bragantino). Na realidade, podemos afirmar, sem medo de exagerar, que a apresentação da novo símbolo e novo nome do time marca o fim do Bragantino. Na prática, o clube não existe mais. A empresa imperialista austríaca Red Bull adquiriu o Bragantino em meados do ano passado. Numa transação que envolveu o presidente do clube e o prefeito da cidade de Bragança Paulista, ambos herdeiros da família Chedid que domina políticamente o município e o clube há muitos anos. Esses cartolas, que quem acompanha de perto o futebol paulista sabe que são uma das maiores escórias corruptas do futebol brasileiro, foram os responsáveis por entregar algo que não é deles nas mãos desses capitalistas. Apenas essa transação financeira por si só já seria criminosa. A família Chedid pode até se achar dona do Brangantino, mas não é. O time não pertence a esses cartolas, pertence aos torcedores e à população de Bragança. Mas a operação criminosa não parou por aí. Não bastasse o clube estar nas mãos da multinacional de bebidas, o time foi descaracterizado naquilo que talvez seja a maior essência de um clube de futebol: seus símbolos, suas cores, seu uniforme. O Bragantino morreu quando suas lindas cores alvinegras foram apagadas do distintivo. O Bragantino morreu quando seus treinos deixaram de ser realizados na cidade

de Bragança e passaram a ser feitos na cidade vizinha de Jarinú, onde se localiza o Centro de treinamento da empresa Red Bull, ou seja, distante dos torcedores. E o Bragantino morrerá ainda mais quando entrar em campo com um uniforme colorido com cores que nunca foram seus. Para não ficar apenas no pessimismo é preciso dizer que a única forma de ressustar o Bragantino será através de sua torcida, inclusive com o apoio de outras torcidas. O clube de futebol é o maior e mais fiel e incondicional amor de um pessoa. Os capitalistas (e os cartolas) amam o dinheiro, apenas o dinheiro. Por isso cometem crimes como o que está sendo feito contra o Bragantino, por isso cometem crimes infinitas vezes piores no mundo. Ao descaracterizar as cores, o nome e o distintivo do clube o Red Bull está matando também os torcedores. Está ferindo profundamente o orgulho da torcida, que precisa reagir como único antídoto contra esse mal. É preciso colocar para fora esses empresários. O que está acontecendo no Red Bull deveria servir de exemplo para todos aqueles que ainda não se deram conta do significado do clube-empresa. Um torcedor que ama de verdade seu clube não abre mão de sua história e de seus símbolos. Não entrega seu clube nas mãos de um punhado de parasitas que querem destruir o futebol. É preciso uma reação imediata das torcidas sob pena de num futuro não tão distante os brasileiros estejam torcendo para marcas e não para seus times do coração.


ATIVIDADES DO PCO | 3

REPORTAGEM

Por dentro do Réveillon Vermelho, a maior festa da esquerda nacional Muita música, companheiros de todo o País. Comida e bebida da maior qualidade. Veja como foi e o que acharam as pessoas que participaram da festa da luta contra o golpe Nesta terça (31), o Réveillon Vermelho, organizado há quase 20 anos pelo Partido da Causa Operária (PCO), reuniu pessoas de todas as partes do país em São Paulo para celebrar a passagem do ano. A redação do DCO esteve presente para acompanhar esta festa, maior da esquerda nacional e que celebrou a luta contra o golpe neste ano, reunindo integrantes do PCO e simpatizantes (famílias, amigos, companheiros de outras organizações de esquerda). Logo na entrada da atividade, via-se uma recepção agradável, de companheiros que encaminhavam os recém-chegados para a escolha de suas mesas, que incluíam as opções de térreo e 1º andar. Ao caminhar pelo salão, repleto de iluminação colorida, no fundo do palco e na parede de fundo do salão 2 grandes telões exibiam uma apresentação de fotos de atividades do PCO neste ano, destacando a organização e participação do partido nos atos nacionais em Curitiba pela liberdade de Lula e dos atos das greves da Educação pelo fora Bolsonaro.

Após acomodar-se, eram oferecidos aos presentes uma ampla gama de comidas, que iam de entradas, petiscos, aperitivos, saladas, carnes e acompanhamentos variados, o tradicional pernil e sobremesas que iam de sorvete e pudins, passando por tortas e mousses. Também, bebidas desde água, suco, refrigerantes, cerveja a espumantes e vinhos. Destaque para um dos sucessos da festa: os drinks, servidos num espaço próprio e com um cardápio que incluía mais de 10 opções. Somados aos comes e bebes, vieram as atrações culturais, incluindo a cantata sobre a massacre de Santa Maria de Iquique, apresentado por Miriam Mirah e pelo grupo Sendero, a exibição da banda Revolução Permanente e do grupo Mayombe. Entre os intervalos de uma e outra apresentação, ocorria o sorteio de prêmios, que foi de camisetas, livros, acessórios eletrônicos a um celular de modelo atual. Perto do momento da virada do ano, os presentes se agruparam perto do palco para ouvir o discurso do

companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do PCO. Em sua fala, destacou a luta do partido e dos comitês neste ano, os avanços da organização e os atos nacionais pela liberdade de Lula, que contribuíram decisivamente para sua soltura, bem como as perspectivas para o próximo ano, com foco total à campanha pela derrubada de Bolsonaro e todos os golpistas. Bastante aplaudido, aos gritos de fora Bolsonaro ecoando no público, foi feita a contagem regressiva para a virada do ano. Atingida meia-noite, iniciou-se o show de fogos e os presentes saíram do local para acompanhar alguns minutos de explosões coloridas e comemorar o ano novo saudando uns aos outros os companheiros que travaram a luta contra o golpe em 2019. No retorno ao salão, os pratos principais, que iam de medalhão de mignon à pernil, foram dispostos na mesa principal aos presentes, seguidos de uma grande variedade de sobremesas e música dançante, que durou até as 3h do dia 1º de 2020.

Confira alguns depoimentos dos presentes: “O réveillon vermelho do PCO foi uma surpresa para mim, no nível de organização e qualidade da festa. wComida de primeira, local super aconchegante e bebida das melhores. É o segundo que passo com o partido, o primeiro foi em Curitiba no boicote ao presidente ilegítimo Bolsonaro, em frente a carceragem da polícia federal, masmorra de Sérgio Moro. Esse, diferente do primeiro, foi um de comemoração e de otimismo. Uma confraternização de alto nível que é o fôlego necessário à militância para a jornada que será 2020. Com esse réveillon o impulso dado para colocarmos o povo na rua e o Bolsonaro para fora foi conquistado. Ontem na festa, amanhã nas trincheiras da luta.” Pedro – Londrina-Paraná “Este foi meu primeiro réveillon do partido. Sempre li a respeito na imprensa tanto do partido quanto a burguesia (devido a grande repercussão da festa) que esta era uma festa diferenciada, com bastante qualidade e alto nível. Porém, agora estando presente no evento percebo que na realidade tudo é melhor do que eu imaginava. Este réveillon contou com belíssimas atrações, principalmente a Cantata de Santa Maria de Iquique, que me surpreendeu muito. As comidas também eram fartas e a bebida com grande diversidade. Contudo, creio que o maior destaque se deve a grande organização do partido e o seu crescimento durante o ano. 2019 foi o ano do PCO, estando presente sempre na vanguarda da luta popular no país e este belíssimo réveillon é a cereja no bolo para fechar um ano de muita luta, que sofremos duríssimos ataques do governo Bolsonaro, mas que ao mesmo tempo o partido teve um crescimento nunca antes visto.” Arthur – Palhoça-Santa Catarina


4 | ATIVIDADES DO PCO

PARA FORA!

Fora Bolsonaro! Veja o discurso de fim de ano de Rui Costa Pimenta Discurso de Rui Costa Pimenta no réveillon vermelho do PCO, apontando uma perspectiva de luta clara e objetiva para 2020. Nas vésperas da virada do ano, o presidente do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, saudou a todos na festa de réveillon do partido com um discurso apontando as perspectivas de luta para 2020. O ano do povo na rua, o ano do fora Bolsonaro. Abaixo segue a transcrição do discurso na integra. “Boa noite, companheiros. Peço um minuto da sua atenção. Queria falar algumas palavrinhas para fechar esse ano aqui. Eu estava pensando em como poderíamos resumir o ano que passou em termos daquilo que foi realizado pelo nosso partido na situação política nacional. Observando esse show lindíssimo de música que é muito significativo porque trata da luta dos trabalhadores chilenos em um momento em que nós vimos essa grandiosa mobilização, esse enfretamento enorme contra o governo de direita no chile, que foi feito praticamente feito em nome de todos os países, todos os povos, que sofrem do mesmo problema. Ouvindo essa música e prestando atenção nas fotografias apresentadas aqui, temos que dizer com todas as letras: esse foi o ano do nosso partido! Nós dominamos a mobilização de rua em todos os momentos. Nós dominamos as mobilizações, companheiros, seja em conjunto com outros partidos de esquerda e outras organizações. Seja em mobilizações que nós tivemos a coragem e a

firmeza de chamar sozinhos! Nós fizemos dois atos em Curitiba praticamente sem nenhum apoio de outras organizações do país. E esses atos começaram a canalizar a tendência a mobilização que esteve represada em 2019. Então, nós vemos a presença do partido nas ruas, sem falar da presença política de apontar um caminho correto para população brasileira na atual situação. Nossa presença nas ruas foi extraordinária. Agora no final do ano, pudemos perceber na impressa uma clara movimentação de crise do governo Bolsonaro. Isso indica claramente seguinte: se o ano de 2019 marcou uma presença muito intensa do partido nas ruas, o ano de 2020 que é o ano do fora Bolsonaro, nós vamos estar dirigindo essa mobilização, que é uma mobilização contida, mas que irá estourar em todo país! Então, nesse final de ano, companheiros, nós temos que olhar para o futuro imediato com um enorme otimismo. Nós vamos colocar o povo na rua, nós vamos colocar o Bolsonaro para fora! O Brasil vai fazer parte do coro dos países que estão se levantando contra a extrema-direita. E isso vai ser um acontecimento muito marcante na história do nosso país. Muito obrigado por estarem aqui. Saúdo a presença de todos. Feliz 2020 e fora Bolsonaro, companheiros!”

COMO COMBATER O FASCIMO

Fascismo será o tema da 45ª Universidade de Férias 45ª Universidade terá a segunda parte do tema fascismo o que é e como combatê-lo, agora com países como Brasil, Espanha, Portugal e Japão, venha conhecer. Voltando a ser muito debatido nos dias atuais, o problema do fascismo deixou de ser uma mera discussão histórica e passou a ser uma realidade em todo mundo. Com a crise geral do sistema capitalista, ainda mais aprofundada após 2008, a polarização política se intensificou por todo globo, invocada principalmente pelos ataques da burguesia imperialista aos povos oprimidos, as invasões no oriente médio, a onda de golpes por toda América Latina, e a crise social e econômica encontrada até mesmo nos países mais ricos do mundo. Sendo assim, o PCO, compreendendo a importância do assunto nos dias atuais, irá realizar a 45ª Universidade de Férias focada neste problema, buscando orientar os militantes e ativistas para uma maneira, clara e objetiva, de se combater na prática o avanço da extrema-direita. O que é o fascismo? Por que devemos travar um profundo debate sobre o tema? Incompreendido por muitos, o fascismo torna-se uma incógnita na ca-

beça de vários militantes da esquerda, principalmente ao se depararem as milhares teorias que tentam explicar da forma mais confusa e imaginária possível a ascensão da extrema-direita. Porém, o mesmo só poder ser seriamente caracterizado como um fruto da situação de decadência total do sistema capitalista. Toda esta situação calamitosa que encontra-se a economia desde o início do século XX, leva com que a burguesia adote políticas ainda mais radicalizadas contra o povo, sugando até a última gota dos trabalhadores para sustentar minimamente as falidas empresas capitalistas, hoje compostas principalmente por um capital meramente especulativo e que a qualquer estouro na bolsa podem vir a ruir por completo. Como efeito histórico da crise capitalista, o fascismo é uma resposta da burguesia que visa sustentar seu controle político e econômico atacando e destruindo as organizações populares, a democracia operária, os partidos. Não tratando-se de uma loucura social e mental, como muitos sociólogos ten-

tam explicar, que devido a suas abordagens fora da realidade, confundem ainda mais os trabalhadores. Contudo, para solucionar este problema, o Partido da Causa Operária tratará do assunto com uma abordagem diferenciada, típica dos cursos de formação revolucionária do partido, em que o principal objetivo não trata-se de levantar meras especulações filosóficas mas sim, com base na experiência prática de militantes que viveram o período, de escritos de revolucionários como Leon Trotsky, travar uma discussão profunda sobre o tema, orientando pelo guia da experiência histórica a forma com que devemos combater os fascistas. Além disso, a razão para discuti-lo é fácil de ser reparada. Com o crescimento da extrema-direita por todo mundo, com um presidente fascista controlando o país, entender e saber como lutar contra o fascismo é uma necessidade imediata para toda a esquerda. O tema da 45ª será a continuação da primeira parte, apresentada na 43ª Universidade de Férias

No inicio de 2019 foi já tratado de forma parcial o problema do fascismo. A primeira parte do curso foi focada nas principais nações onde o mesmo se desenvolveu, como o caso da Alemanha e Itália, além de uma completa explicação das características gerais do movimento, buscando resolver as inúmeras confusões sobre o assunto. Contudo, a segunda parte que será realizada nos dias 17 à 24 deste mês de janeiro irá se aprofundar no tema, tratando agora principalmente de países onde o fascismo se desenvolveu de forma secundária, mas com grande expressividade. Por isso, países como Japão, Brasil, Portugal e Espanha serão os principais focos do curso, que contará com toda uma explicação histórica sobre a extrema-direita nesses lugares, uma análise revolucionária marxista da questão que irá por meio das experiências vividas e as lições tiradas orientar todos os participantes. Agora, resta se inscrever para poder participar do maior curso de formação política da esquerda brasileira, e organizar-se para lutar conosco contra Bolsonaro e toda extrema-direita brasileira no próximo período.


POLÍTICA | 5

FORA!

2020 é o ano para derrubar Bolsonaro Chegou a hora de romper o cerco levantado em torno da reivindicação mais popular do país, é hora de levar às ruas uma campanha pelo fim do governo Em 2019 a revolta operária e popular contra o governo já estava latente. Em todo grande evento público apareciam os gritos contra o presidente, e no mês de maio grandes manifestações tomaram as ruas do país. As direções do movimento, no entanto, omitiram-se durante essas manifestações, recusando-se a levantar a palavra de ordem relativa ao poder que efetivamente oferece uma saída para a crise. É preciso agora canalizar a revolta contra o governo que faz parte da situação política desde antes de o governo começar, levar às ruas a palavra de ordem: Fora Bolsonaro! É hora de derrubar Bolsonaro. Portanto é preciso romper a barreira que foi levantada em torno dessa reivindicação. Como foi feito no caso da campanha pela liberdade do ex-presidente Lula, se os demais setores da esquerda resolverem ficar assistindo aos ataques da direita contra os trabalhadores, à espera das eleições,

se fazer nada para que esses ataques sejam imediatamente suspensos e para que se possa começar a revertê-los, então será necessário tomar a iniciativa de colocar nas ruas a campanha pelo Fora Bolsonaro. Mesmo que em um primeiro momento os atos relativos a uma campanha como essa sejam pequenos e minoritários, será uma vitória colocar essa pauta na rua. Uma vez que essa pauta esteja nas ruas, a tendência é que manifestações específicas pelo Fora Bolsonaro só cresçam, dada a popularidade enorme dessa exigência no meio da população em geral. A rejeição ao governo é enorme, e a propensão das massas a ir às ruas para exigir o fim do governo é muito forte. É preciso perceber esse dado da situação política e agir de acordo com essa constatação, que pode ser feita dia após dia. Além disso, é um perigo deixar uma oportunidade como essa passar. Pois se o governo Bolsonaro conseguir mais

PONTE PARA O FASCISMO

tempo, a direita pode estabilizar seu governo, ou substituí-lo de acordo com seus próprios interesses, enquanto os trabalhadores ficariam assistindo a mais uma manobra dos golpistas. Outro perigo é o fechamento do regime para que a direita possa manter o golpe por meio de uma repressão mais intensa contra as organizações dos trabalhadores.

Todo o continente está incendiado pela luta contra a política neoliberal do imperialismo, que está sendo imposta graças a golpes de Estado. Essa onda de mobilizações chegará também ao Brasil. Essa mobilização tem o potencial de derrubar o governo da direita. É hora de ir às ruas pelo Fora Bolsonaro!

2013

Sem supresas: perseguição aos O Centrão apoiou a extremadireita: Temer votou em Bolsonaro integralistas se volta aos Black Blocs Michel Temer foi a ponte para o fascismo. A esquerda não pode se aliar com golpistas! Bolsonaro é uma continuidade, ou melhor dizendo, um aprofundamento do golpe que vinha sendo articulado por setores imperialistas dos EUA em parceiria com a burguesia nacional, e culminou com a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, após sua reeleição. Quem reconhece esta continuidade é o próprio Michel Temer, vice de Dilma, que inicou o desmonte das pequenas políticas sociais petistas e reinaugurou um ataque ao país no típico estilo neoliberal. Foi sob o governo interino deste usurpador que se começaram a desarticular os programas como Minha Casa Minha Vida, Luz Para Todos, Bolsa Família, Ciências Sem Fronteiras, Mais Médicos e tantos outros. Foi o início do congelamento dos gastos públicos com saúde, educação, pesquisa, infraestrutura, sob a PEC do Corte de Gastos. Foi o acirramento das políticas repressivas contra a população pobre, com intervenções militares em alguns estados, convocações das Forças Armadas e das Forças de Segurança Nacional para reprimir manifestações, etc. Temer também acelerou o processo de desmonte das empresas públicas e de privatizações, e iniciou os ataques contra os direitos dos trabalhadores, que culminaram nas “reformas” trabalhista e da previdência.

Em entrevista ao jornal golpista O Estado de S. Paulo, Temer inicia avaliando positivamente o governo de Bolsonaro. “Vai indo bem porque está dando sequência ao que fiz,” diz o presidente mais impopular de todos os tempos sobre outro que segue por igual caminho. A diferença entre ambos seria uma mera questão de “estilo”, é a maneira eufemística usada pelo traíra para descrever um governo abertamente fascista. Em seguida, Temer assume ter votado em Bolsonaro. Há setores da esquerda articulando frentes e coligações eleitorais com partidos golpistas como o MDB de Michel Temer. Parece ignorar ou – mais provavelmente – fazer vistas grossas ao fato de que este dito “centrão”, “democrático e civilizado”, sempre serviu e sempre servirá de ponte para o fascismo. Foi com a colaboração essencial do centrão fisiológico que deu-se o golpe no Partido dos Trabalhadores e permitiu-se a formação de um governo e congresso mais bolsonaristas do que nunca!

Parte da esquerda está reivindicando a aplicação da lei antiterrorismo, esse é um caminho que pode rapidamente levar à perseguição contra a própria esquerda Foi identificado um dos suspeitos de atacar a produtora do Porta dos Fundos. Eduardo Fauzi Richard Cerquise aparece nas redes sociais como um típico “olavete”, e seria membro do PSL desde 2001, quando o partido era um desconhecida legenda, muito antes da entrada de Bolsonaro ano passado para concorrer às eleições. Eduardo Fauzi está foragido, e chegou a divulgar um vídeo em que reproduzia acusações lunáticas típicas de olavetes, acusando a atração veiculada pelo YouTube de ser financiada pelo PT. Parte da esquerda reivindicou a aplicação da lei antiterrorismo contra Eduardo Fauzi e os outros suspeitos. Devemos renovar o alerta de que esse tipo de lei estimula o crescimento da própria direita na sociedade, e no final das contas acaba sendo aplicada com rigor somente para perseguir a esquerda ou para prender pobres, como acontece com todas as leis repressivas do Estado. No caso em questão, já apareceu uma conexão suspeita que deve ser vista com atenção. Em 2013, a ativista Elisa Quadros, conhecida como “Sininho”, apareceu em um vídeo defendendo Eduardo Fauzi de uma suposta prisão arbitrária. Sininho é apontada como integrante de grupos chamados de “black blocs”, nome associado a uma determinada forma de resistir à violência policial. O vídeo

foi relembrado agora nas redes sociais, e tem sido usado para insinuar que as manifestações de 2013 teriam sido uma orquestração da direita desde o início. O que aconteceu em 2013 foi mais complexo, com uma ampla operação da direita montada para sequestrar um movimento que tinha uma direção confusa. Contudo, independentemente da avaliação que se faça de 2013, a suposta ligação de alguém que realizou um atentado com uma pessoa apontada como sendo ligada a “black blocs” pode levar o regime a procurar justificar uma perseguição contra “black blocs” usando alguma estranha associação entre a extrema-direita que cometeu o atentado e os “black blocs”. Ou seja, mesmo no caso de uma acusação contra um grupo de extrema-direita, que no caso se reivindica integralista, a polícia, controlada pela direita, pode aproveitar para perseguir a juventude nas grandes cidades, sob o pretexto de estar combatendo o terrorismo. Leis repressivas nas mãos do Estado burguês são um perigo para o movimento popular e para os trabalhadores. Especialmente quando a extrema-direita vai parar no governo. É preciso ficar alerta e acompanhar os desdobramentos desse caso, que pode levar a mais perseguição contra a esquerda, usando um ataque da extrema-direita como pretexto.


6 | INTERNACIONAL

VENEZUELA

Futuro de Guaidó pode ser definido neste dia 5 Guaidó pode perder seu posto de presidente da Assembleia Nacional dominada pela direita, o que seria mais um duro revés para a operação golpista do imperialismo Dia 5 a Assembleia Nacional da Venezuela, que funciona em desacato desde que ignorou decisões da Justiça do país, terá uma nova eleição para a presidência da casa. Apesar de ser controlada por golpistas, o presidente da Assembleia, Juan Guaidó, está preocupado. Autoproclamado “presidente” da Venezuela ano passado, tentando roubar o posto para o qual Nicolás Maduro foi eleito, Juan Guaidó está correndo risco, segundo determinados indícios, de perder até mesmo seu cargo na direitista Assembleia Nacional em desacato. Sabe-se que a direita venezuelana é extremamente dividida, e Guaidó fracassou em dar o golpe no ano passado, chegando ao ridículo de tentar liderar uma invasão fracassada do país sob o pretexto de envio de “ajuda humanitária”. A manobra não deu certo, de modo que Guaidó pode ter saído enfraquecido. Um indício forte de que Guaidó pode perder as eleições até mesmo na Assembleia Nacional tomada por lacaios do imperialismo é a acusação que o

governo dos EUA estão fazendo contra a Venezuela dessa vez. O enviado especial à Venezuela pelo Departamento de Estado, Elliott Abrams, inventou a seguinte acusação desesperada contra o governo Maduro: o governo venezuelano estaria comprando votos de deputados da direita para impedir a reeleição de Guaidó à presidência da Assembleia Nacional em desacato. Ao New York Times, em reportagem do último dia 20 (“U.S. Accuses Venezuela’s President of Rigging Coming Vote”), Abrams afirmou que o governo estaria usando uma combinação de intimidação, prisões e propinas de US$ 500 mil por voto. Não foi apresentada nenhuma prova dessas afirmações, mas a fabricação de uma acusação desse gênero pelo imperialismo contra o governo Maduro indica que é possível que Guaidó perca de fato as eleições dentro da Assembleia dominada por golpistas, o que tornaria inviável que ele continuasse se apresentando por aí como “presidente”. Um problema que se criaria para a direita golpista, para os EUA e para os

capachos do imperialismo em todo o continente, e que o governo norte-americano e todos os governos submissos aos interesses dos EUA no continente reconheceram Guaidó como “presidente”. Daí o desespero dos EUA diante dessa possibilidade, que frustraria de vez toda uma operação golpista em que, apesar de todos os seus

fracassos, esteve em curso durante todo o ano passado. De alguma forma, o imperialismo teria que recomeçar o golpe do zero, outra vez, depois de tantas tentativas de se apoderar da Venezuela contra a vontade do povo venezuelano, expressa repetidamente nas urnas e defendida nas ruas pelas armas.

NAZISTAS MARCHAM EM KIEV

Ano começa com marcha fascista na Ucrânia Uma marcha em homenagem a um líder fascista ucraniano que auxiliou a invasão alemã à Rússia, além de perseguir poloneses e judeus, aconteceu em Kiev, capital da Ucrânia, no dia 1 Na virada do ano, uma marcha nazista tomou conta das ruas de Kiev, na Ucrânia. A marcha homenageava Stepan Bandera, líder do movimento fascista Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN), grupo que tinha em vista a separação da Ucrânia por meio da colaboração com os nazistas durante a segunda guerra mundial. A organização foi responsável por pela morte de pelo menos 100.000 pessoas, dentre judeus, russos e poloneses em sua maioria. Durante a segunda guerra, a OUN aproveitou a invasão da Alemanha na Rússia para proclamar o estado independente da Ucrânia. Porém, os nazistas resolveram prender seus líderes para não perderem o território. Foi o que aconteceu com Stepan Bandera até 1944, quando a Alemanha começou a perder a guerra e tentou liberta-lo na tentativa de que ele combatesse os soviéticos. No ano de 2019, o dia de nascimento de Bandera se tornou feriado na Ucrânia (1 de janeiro) e, já em 2020, uma marcha de fascistas munidos de bandeiras da OUN, bandeiras da Ucrânia e tochas, saíram às ruas para festejar o nascimento de seu líder ideológico.

O acontecimento demonstra, para quem ainda tinha algum tipo de dúvida, o caráter fascista do governo ucraniano que se instalou no poder desde 2014 após o golpe de estado no país. É preciso impedir que o mesmo ocorra no Brasil. Desde 2013 a extrema direita fascista está levantando a cabeça no Brasil, com direito a volta dos integralistas e atentado terrorista contra os humoristas da Porta dos Fundos em 2019, ao mesmo tempo em que a esquerda é perseguida no país.

A GLOBO

MENTE O DIÁRIO

DESMENTE


INTERNACIONAL | 7

SENTIMENTO ANTI-IMPERIALISTA

Invasão à embaixada dos EUA mostra radicalização popular no Iraque Milhares de iraquianos ocupam complexo diplomático dos EUA em Bagdá em protesto contra a ocupação norte-americana e os assassinatos de combatentes anti-imperialistas A política de opressão e ataque aos povos e nações indefesas perpetrado pelo imperialismo tem feito crescer em todo o mundo o sentimento anti-imperialista, que vem se manifestando em revoltas e levantes populares nas mais diversas regiões do planeta. Nos países e regiões onde a presença do imperialismo é mais impactante e destrutiva, a reação tem se intensificado, com mobilizações e lutas que vem colocando em xeque a própria dominação político-militar imperialista. No Oriente Médio e região do Golfo Pérsico, geograficamente uma das regiões mais afetadas pela presença indelével do imperialismo, o sentimento contra esta força de opressão e esmagamento dos povos vem se desenvolvendo e assumindo contornos de revoltas populares, onde vem se verificando enormes mobilizações e atos contrários à política dos Estados Unidos e seus aliados, os países da própria região que respaldam os interesses ianques em oposição às lutas e os direitos dos povos e das nações à sua autodeterminação. O mais recente episódio deste crescente sentimento anti-imperialista que toma conta da região aconteceu no Iraque, país destruído nos anos noventa do século passado pela política de rapina do grande capital imperialista, comandado pelos EUA, auxiliado por seus satélites europeus (Inglaterra, França), que promoveu uma verdadeira carnificina genocida contra a população iraquiana, hoje mobilizada e em luta contra a ocupação e o governo fantoche pró-imperialista, mantido e sustentado pelas grandes corporações norte-americanas que se apoderaram das riquezas do País, ex-

plorando-as em prol do grande capital usurpador e assassino. Em resposta a um ataque executado por forças militares norte-americanas no domingo, dia 29 de dezembro, que deixou um saldo de 25 mortos das brigadas do Kataeb Hezbollah, um grupo armado xiita iraquiano, supostamente apoiado pelo governo iraniano, milhares de manifestantes iraquianos entraram na embaixada dos Estados Unidos em Bagdá na terça-feira (31/12), em protesto contra os bombardeios norte-americanos. O País vem sendo abalado desde 1º de outubro por uma revolta popular que tomou conta das ruas da capital e outras cidades. Oficialmente o que se divulga é que os protestos são motivados pela corrupção e incompetência do governo. No entanto, a verdadeira motivação está no fato do País ser governado por um regime pró-imperialista, submisso aos ditames das grandes corporações e

monopólios capitalistas, que controlam toda a vida da população iraquiana. A luta da população e o levante popular das massas está dirigida, portanto, não contra a “corrupção e incompetência” das autoridades, mas é a expressão do sentimento e da revolta popular contra o imperialismo, contra a opressão do País pelas forças de ocupação que sustentam o governo fantoche, inimigo do povo, títere do grande capital, que oprime e massacra a população. Este sentimento ficou patente nos atos e nos protestos, quando os manifestantes atearam fogo na bandeira norte-americana, em repúdio aos assassinatos dos combatentes do Kataeb Hezbollah, vitimados pelos bombardeios ianques. O que aconteceu pode ser descrito da seguinte forma: “Os milhares de manifestantes que participavam do

cortejo fúnebre dos combatentes mortos em Bagdá nesta terça conseguiram atravessar pontos da capital iraquiana sob forte controle de segurança e se reuniram em frente ao grande complexo diplomático dos EUA. A ação começou com uma oração em memória aos mortos e depois seguiu com um protesto que invadiu a primeira barreira de proteção da sede diplomática. Os manifestantes pró-Irã queimaram bandeiras norte-americanas aos gritos de “Morte à América”, arrancaram câmeras de segurança, atiraram pedras nas torres dos guardas e cobriram o vidro blindado com bandeiras das Forças de Mobilização Popular e das brigadas do Kataeb Hezbollah” (Sítio RFI, 31/12). O que não se pode desconhecer e ocultar é que as crescentes revoltas e os levantes populares em todas as regiões, mas principalmente na conflagrada região do Golfo Pérsico contra o imperialismo, são a expressão do enorme sentimento anti-imperialista que toma conta dos povos e nações ao redor do mundo contra o jugo e a opressão do grande capital. A gigantesca crise do capitalismo e da sua etapa terminal, o imperialismo, impulsiona e coloca em movimento todas as forças populares ao redor do planeta contra a política de destruição do grande capital, dos monopólios e das corporações. Portanto, a luta dos povos no limiar da nova década cada vez mais se coloca contra o inimigo maior da humanidade, o imperialismo, luta que somente pode ser vitoriosa se estiver dirigida contra o coração do sistema capitalista, pela abolição do regime de propriedade privada e pela socialização dos meios de produção, em direção ao comunismo.

TODAS ÀS SEXTAS-FEIRAS ÀS 14H NA CAUSA OPERÁRIA TV


8 | POLÊMICA

UMA ESQUERDA MORALISTA

Quem atirou o coquetel molotov e onde, importa muito Membro do Psol iguala atentado fascista ao incêndio da estátua da Havan e assim isenta a direita de todos os seus crimes contra o povo Em seu Facebook, Gilberto Maringoni afirmou que “quem exalta o incêndio da estátua da Havan tem de aceitar o atentado à sede do Porta dos Fundos como coisa normal.” As palavras de Gilberto Maringoni, que já foi candidato do Psol à prefeitura de São Paulo, revelam uma política cada vez mais predominante na esquerda pequeno-burguesa. Uma adaptação vergonhosa diante da direita e da extrema-direita. A começar pela própria relação um tanto quanto forçada do psolista entre o atentado à produtora do Porta dos Fundos e o incêndio na estátua da Havan. Não deveria passar pela cabeça de alguém de esquerda, de alguém minimamente progressista, a ideia de que um e outro acontecimento seriam comparáveis. Em primeiro lugar, a questão do ataque contra o Porta dos Fundos não está apenas no fato de que foi realizado pela extrema-direita como uma retaliação e tentativa de calar um grupo de humor. O atentado é impulsionado pela própria política golpista da direita e da burguesia. Ou seja, à parte a demagogia de órgãos como a Globo e outros da imprensa golpistas, são eles mesmos os principais responsáveis pelo atentado. Foi essa direita, foi o

imperialismo, que soltou os cachorros fascistas para criar uma base para o golpe de 2016 e depois foram eles os que elegeram Bolsonaro. Em suma, o que aconteceu com Porta dos Fundos deve ser não apenas repudiado, como a esquerda deve chamar o povo a responder à altura e se preciso for, na mesma moeda, esse atentado. O caso do incêndio da estátua da liberdade da Havan é oposto disso. O que aconteceu ali, independentemente de se concordar com tais métodos, é uma resposta em primeiro lugar a um dos símbolos do golpe e da extrema-direita: Luciano Hang é um dos responsáveis pela política de destruição nacional, de superexploração dos trabalhadores. E sobre a réplica da estátua da liberdade não seria preciso explicar que o incêndio representa de maneira distorcida ou não, o repúdio ao imperialismo. Para Gilberto Maringoni, no entanto, os dois casos são iguais. A revolta contra a direita que está destruindo o País e o ataque de fascistas impulsionado por essa direita na tentativa de intimidar e calar uma produtora de filmes. Faltam coordenadas políticas para a esquerda pequeno-burguesa. Ma-

ringoni viu fogo e achou que os dois casos era igual e colocou em marcha um moralismo febril: “vocês, pecadores, que comemoram o incêndio da estátua da Havan são tão ruins quanto os integralistas e irão queimar no fogo do inferno”. As eleições que se aproximam estão deixando a esquerda ainda mais adaptada à direita. No próprio caso do atentado contra o Porta dos Fundos essa mesma esquerda evocou a lei antiterrorismo contra os integralistas (!),

ignorando que tal lei está direcionado para a esquerda. A vontade de agradar a direita é tão grande que essa esquerda pequeno-burguesa perdeu completamente a bússola política. No caso em questão, é preciso explicar que importa e muito os motivos de uma e de outra ação.Ao igualar os dois casos Maringoni está isentando a direita de todos os seus crimes contra o povo, inclusive sobre o atentado dos integralistas.

TORNE-SE MEMBRO DA CAUSA OPERÁRIA TV! Apenas

R$7,99 Ajude a construir uma TV revolucionária 24h por dia. Além disso, você terá diversos benefícios, como a transmissão de programas exclusivos e a possibilidade de participação nos programas do canal.

www.youtube.com/causaoperariatv


Não leia o que eles querem que você leia. Saiba o que realmente está acontecendo

SEMANÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA O jornal Causa Operária é o mais tradicional jornal da esquerda nacional, um semanário operário, socialista que contém notícias e análise de interesse para as lutas operárias, populares e democráticas. Adquira o seu com um militante do partido por apenas R$2,00 ou entre em contato pelo telefone: 11 96388-6198 e peça já o seu exemplar


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.