Diário Causa Operária nº5868

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QUINTA-FEIRA, 26 DE DEZEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5868

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2019, um primeiro balanço Em 2019, o principal fator da mobilização foi a base de partidos de esquerda, principalmente PT, PCdoB e PCO que se organizaram nos comitês de luta contra o golpe e a mobilização foi a parte das direções dos partidos, movimentos sociais e sindicais.

Indulto de Bolsonaro a policiais, mais uma carta branca para matar Nesta semana, o presidente ilegítimo e fascista Jair Bolsonaro decidiu conceder o indulto de Natal prevendo a extinção da pena de agentes de segurança que tenham sido condenados por crimes culposos ou excesso culposo em excludente de ilicitude.

Psol: censura e demagogia parlamentar não é lutar contra Bolsonaro Ao ser questionado sobre o envolvimento de Flávio Bolsonaro em esquema de corrupção, Jair Bolsonaro disse ao jornalista “você tem uma cara de homossexual terrível. Nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual.“

O avanço da extrema direita é culpa da esquerda que se recusa a lutar

Quem destruiu o Brasil? No dia 20 de dezembro, o jornalista Eduardo Guimarães reproduziu, no Blog da Cidadania, uma matéria do golpista Estado de S. Paulo tratando do aumento das tarifas do transporte público na capital paulista. Ao fazer isso, Guimarães acrescentou ao texto um título que revela uma série de preconceitos e incompreensões acerca da luta de classes no Brasil:

O artigo Os deserdados do capitalismo são a base social do autoritarismo escrito por Roberto Amaral no sítio Brasil 247 apresenta uma tese que “os deserdados do capitalismo são a base social do autoritarismo, e assim se dão as mãos oprimidos e opressores, pois o autoritarismo é o instrumento mediante o qual, na crise, a classe dominante conserva o poder”.

"Após destruir o país por 20 centavos, paulistanos se calam sobre R$ 4,40."

PCO realizará seu 11º Congresso em janeiro Entre os dias 25 e 27 de janeiro de 2020, o Partido da Causa Operária vai realizar o seu 11º Congresso Nacional, em São Paulo.

Shows, fogos, prêmios, ceia: a programação do Réveillon Vermelho No próximo dia 31, o Partido da Causa Operária (PCO) irá organizar uma grande festa de Réveillon para reunir os companheiros que participaram da luta contra a direita nesse ano.

Moro ganha prêmio do imperialismo por prender Lula e destruir o Brasil


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Indulto de Bolsonaro a policiais, mais uma carta branca para matar

Nesta semana, o presidente ilegítimo e fascista Jair Bolsonaro decidiu conceder o indulto de Natal prevendo a extinção da pena de agentes de segurança que tenham sido condenados por crimes culposos ou excesso culposo em excludente de ilicitude. Para ficar mais claro, Bolsonaro indultou agentes de segurança pública que tenham sido condenados por auto de resistência, “excesso culposo” ou “legítima defesa”, colocamos legitima defesa entre aspas pois a maioria dos crimes cometidos pelos policiais são classificados dessa maneira. O decreto também vai beneficiar militares das Forças Armadas empregados em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), como os soldados que assassinaram um pai de família no Rio de Janeiro atirando mais de 200 vezes em direção ao veículo e apresentaram que estavam armados. Em primeiro lugar a medida extremamente problemática porque é uma carta branca para os policiais agirem com extrema violência contra a população, pois saber que vão ter o indulto no final do ano apresentado pelo presidente. Isso se dá em um ano que aumento recorde da violência policial com o aval do presidente e governadores fascistas, como no caso do Rio de Janeiro (Witzel) e em São Paulo (João Doria), com números nunca antes alcançados de assassinatos e envolvendo muitas crianças. A medida é uma preparação para o ano de 2020 que será ainda mais violento e com grandes tendências a mobilização popular devido aos ataques do governo Bolsonaro e a essa ditadura colocada pelas forças de repressão do Estado contra a população. Um governo de milicianos Há inúmeras evidências e investigações da ligação entre Bolsonaro e as milícias que tomaram conta dos morros cariocas. As milícias são formadas por ex-policiais ou policiais

da ativa que se ajudam para expulsar os traficantes e controlarem o tráfico de drogas, armas e outros serviços da população das favelas e bairros pobres. Esse indulto natalino a policiais vai beneficiar diretamente integrantes das milícias que cometeram esses crimes e que sempre são classificados como defesa contra os chamados ‘bandidos’ que estavam armados e reagiram. Mas é evidente que esse é o modus operandi da polícia e que não há nenhuma veracidade de fatos e provas. Fica difícil de não fazer essa ligação para beneficiar sua base social e apoio dos milicianos e das forças de repressão fascistas que são a PM e a civil. Bolsonaro quer que parte de sua milícia seja solta para continuar e apoiar as atrocidades do governo de extrema direita que tomou conta do poder. Sérgio Moro, um dos principais responsáveis pela subida de Bolsonaro à presidência e do avanço da extrema direita, saiu em defesa do indulto concedido por Bolsonaro afirmando que substitui benefícios “salva-ladrões ou salva-corruptos” de governos anteriores”. É importante ressaltar que a medida apresentada por Bolsonaro e aprovada e elogiada por Moro põe nas ruas assassinos a sangue frio de trabalhadores das favelas, bairros pobres e no campo. São assassinos profissionais contratados pela direita e pelo Estado contra os trabalhadores. A violência nas ruas realizada pela polícia não é de agora e os números sempre foram elevados, mas existe agora uma mudança qualitativa na situação da violência policial porque existe uma força jurídica do presidente dar carta branca para os policiais serem absolvidos. A medida tomada por Bolsonaro consolida o caráter criminoso do governo e que sua estabilização tende a levar a um regime abertamente fascista, e reforça a necessidade de derrubada de seu governo pela esquerda e colocar a palavra de ordem que está na ‘boca do povo’ que é o Fora Bolsonaro.

PCO e Comitês farão jantares de fim de ano no Paraná Por Emmanuel Lobo

Nesta quinta e sexta (26 e 27), o Partido da Causa Operária (PCO) e os Comitês de Luta organizarão jantares especiais de fim de ano para confraternizar com todos os companheiros que travaram incansavelmente a luta contra os golpistas em 2019. Os jantares são uma forma de celebrar a luta que travamos neste ano, bem como a vitória parcial que tivemos com a liberdade do ex-presidente Lula, junto a todos os companheiros que participaram dela. Também é uma forma de reencontrar todos esses companheiros e reuní-los com amigos, familiares, etc. No Paraná, os jantares de fim de ano completarão três anos conse-

cutivos. Desde 2017 o partido e os comitês organizam a atividade no litoral e na capital, reunindo todo o ativismo da luta contra o golpe. Organizado pelo PCO e pelo Comitê Resistência Carijó Contra o Golpe, será em Paranaguá nesta quinta (26) às 20h no restaurante pizzaria Será o Benedito (Rua Odilon Mader, 518 – Estradinha). Já em Curitiba, organizado pelo PCO e pelo Comitê Contra o Golpe de Curitiba, será na sexta (27) às 20h no restaurante Nova Estrela (BR-116, 3750 – Bairro Alto). Por isso, nestes dias 26 e 27, garanta sua vaga neste brinde à luta contra o golpe, pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas!

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


POLÍTICA | 3

ESQUERDA CAPITULADORA

2019, um primeiro balanço A política de resistência e de reivindicações parciais se mostrou uma fraude e não mobilizou ninguém, fato que facilitou os ataques de Bolsonaro contra a população Em 2019, o principal fator da mobilização foi a base de partidos de esquerda, principalmente PT, PCdoB e PCO que se organizaram nos comitês de luta contra o golpe e a mobilização foi a parte das direções dos partidos, movimentos sociais e sindicais. O método utilizado pela esquerda foi da chamada “resistência”, com lutas pequenas e a utilização de reivindicações parciais, com a argumentação que seria mais fácil mobilizar através dessas reivindicações pontuais. Outra política que levou à pasmaceira foi levar a luta contra os ataques para denúncias no parlamento. Para cada ataque de Bolsonaro, parlamentares para fazer discursos no congresso nacional e denunciar os ataques. Essa política tem um resultado de apenas lamentações, discursos e nenhuma luta ou mobilização. O resultado dessa política em um ano foi de desastre total. A política de resistência e de reivindicações parciais não mobilizou ninguém. A única mobilização grande que houve foi contra os

ataques do governo à Educação e que rapidamente se transformou em uma mobilização pelo fora Bolsonaro. O que ficou em evidência é que as reivindicações parciais não resolvem, não mobilizam nenhum setor e essa estratégia da esquerda tem que ser alterada para que haja uma efetiva luta contra o governo Bolsonaro. Essa política impediu o desenvolvimento do movimento pelo fora Bolsonaro A política de resistência e de reivindicações parciais serviu para esmagar as mobilizações mais políticas pelo fora Bolsonaro e a derrota da extrema direita. Quase não houve atos nacionais e os que ocorreram foram devido a mobilização de ativistas e a base de partidos da esquerda, e do PCO, para a liberdade de Lula em Curitiba. Houve apenas dois atos nacionais pela liberdade de Lula, organizados em setembro e outubro, mas que não houve uma convocação dos aparatos sindicais e partidários. Inclusive essas duas mobilizações sofreram com o

boicote de setores parlamentares e da direita do PT que quando não convocou, boicotou abertamente. As duas mobilizações foram feitas por ativistas dessas organizações, independentes de suas direções, para romper a paralisia da esquerda em defesa de Lula. Que apesar de não ser gigantescas, cresceu muito em apenas um mês entre o primeiro ato e o segundo.

No segundo semestre não houve nenhuma mobilização ou tentativa das direções da esquerda e praticamente todos os ataques realizados pelo governo Bolsonaro foram efetivados sem resistência e luta. Em 2020 essa situação precisa ser revertida e a esquerda tem que colocar e mobilizar através da palavra de ordem de Fora Bolsonaro, eleições gerais com Lula candidato.

SERVIÇOS SUJOS PRESTADOS

Moro ganha prêmio do imperialismo por prender Lula e destruir o Brasil Ex-juiz fascista que condenou, garantiu prisão do ex-presidente Lula de forma ilegal e a eleição fraudulenta de Bolsonaro, recebe “parabéns” do órgão dos banqueiros internacionais O jornal dos banqueiros internacionais, Financial Times, apontou o ministro da Justiça Sérgio Moro como uma das 50 personalidades da década. Em uma clara campanha em favor do ex-juiz fascista que condenou sem provas e prendeu, como parte da criminosa operação lava jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O próprio jornal reconhece ser esse o maior dos feitos de Moro, ao destacar que “a investigação sobre pagamentos de propina do grupo da construção Odebrecht levou à prisão do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e indiciou outros quatro ex-presidentes ou então presidentes do Peru — um deles se matou com um tiro antes que a polícia pudesse prendê-lo”, comemorando que a ação criminosa de Moro serviu aos interesses do imperialismo em diversos países da América Latina e abriu a possibilidade do domínio do continente por governos golpistas e/ou liberais de direita, mesmo sem o apoio popular. A inclusão de Moro na Lista de “personalidades da década”, além de se tratar de um reconhecimento por serviços prestados é, evidentemente uma campanha em seu favor, o que o próprio órgão não esconde ao assinalar na conclusão damatéria que anuncia o fato que “no ano passado, o Sr. Moro se tornou ministro da Justiça no governo do presidente de extrema-direita

Jair Bolsonaro — um movimento em direção à política que colocou em dúvida sua independência como juiz, mas que pode tê-lo colocado na corrida pela Presidência”. Deixando evidente que o juiz-criado do imperialismo pode ser usado em outras “missões” pelo imperialismo caso haja condições, uma vez que está afinado com os interesses do grande capital internacional de destruição da economia brasileira, de promoção do brutal retrocesso que os

golpistas vêm impondo nas condições já precisarias de vida da imensa maioria da população e e na adoção de um regime ditatorial de cassação dos direitos democráticos dos explorados e das suas organizações. O destaque dado aMoro também evidencia, uma vez mais, que a “campanha contra a corrupção”, apoiada e realizada pelas maiores máfias da política burguesa do País (algumas das quais , agora, procuram se “reciclar”, se

apresentando como “progressistas”) é uma política imperialista, à serviço dos interesses dos banqueiros e grandes monopólios internacionais. O fato ocorre também ao final de um ano em que o governo ilegítimo de Bolsonaro e o próprio Moro passaram por uma intensa desmoralização e crescente rejeição popular, surgindo como uma tentativa de distanciar o ex-juiz que foi “pago”com o cargo de ministro da Justiça e com a promessa publica de uma vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, da própria figura de Bolsonaro que cuja rejeição é destacada até mesmo nas super manipuladas pesquisas de opinião encomendadas, realizadas e divulgadas por instituições golpistas que apoiaram (diante da falta de outra alternativa) sua “vitória” eleitoral, com o voto de pouco mais de um terço do eleitorado brasileiro. O posicionamento da imprensa imperialista e do imperialismo de conjunto em defesa dos seus capachos, como Moro e Bolsonaro, evidenciam a importância de iniciar o ano de 2020 com uma intensa campanha para colocar abaixo o governo ilegítimo do capitão e de todos os golpistas, para impedir o aprofundamento da política de destruição do Brasil e do seu povo em favor dos interesses de um punhados de tubarões do mercado financeiro mundial.


4 | ATIVIDADES DO PCO

PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA

PCO realizará seu 11º Congresso em janeiro Congresso reúne militância de todo o Brasil. Traçará plano de ação para a próxima etapa, a participação nas eleições de 2020, e, a temática da campanha por Fora Bolsonaro Entre os dias 25 e 27 de janeiro de 2020, o Partido da Causa Operária vai realizar o seu 11º Congresso Nacional, em São Paulo. Balanço das intervenções na situação política nacional, elaborar plano de ação para o próximo período No Congresso do PCO, o principal partido da luta contra o golpe, será a oportunidade de reunir companheiros militantes do partido do Brasil inteiro, e também convidados simpatizantes que podem se tornar novos militantes. É a oportunidade para consolidar a unidade de ação. Demonstrar força na organização do partido, de par e passo, à influência que o partido tem tido na situação da política nacional. PCO participará das eleições, por Fora Bolsonaro

A participação nas eleições municipais em 2020 será tema da pauta de discussões políticas do Congresso do Partido da Causa Operária, porém não com as ilusões eleitorais da esquerda brasileira, viciada em eleições. O PCO utilizará esta tribuna – o da participação nas eleições – para denunciar o golpe, denunciar a fraude costumeira das eleições no Brasil, totalmente viciadas, controladas, e com os resultados dos eleitos previstos, com a vitória certa da burguesia. O eixo da temática eleitoral da campanha nos municípios não será a costumeira demagogia dos partidos viciados em eleições, tais como, “consertar buraco de rua”, “mais segurança com polícia”, “contra a corrupção”, e demais demagogias eleitorais, nas quais ninguém acredita. Incorporar deliberações da 2ª Conferência dos Comitês de Luta ao Plano de Ações do PCO

• A participação do PCO nas eleições do próximo ano terá como tema locomotiva da campanha, o Fora Bolsonaro, principal deliberação da 2ª Conferência Aberta dos Comitês de Luta. • Anulação das eleições fraudadas de 2018; • Eleições gerais já, com Lula candidato. • Contra o desemprego, redução para 35 horas semanais, a jornada de trabalho, que é hoje de 44 horas. Redução da carga horária de trabalho, sem redução de salários; • Salário mínimo de R$ 4.000,00. • Nenhuma privatização a mais. Cancelamento das privatizações já feitas. Controle dos trabalhadores sobre as empresas estatais; • Fim do extermínio da população pobre. Dissolução da Polícia Militar; • Cancelamentos das reformas, trabalhista, da previdência, de todas as reformas do golpe; • Reforma Agrária. Expropriação do

latifúndio. Direito do armamento pelos trabalhadores rurais; • Cancelamento das concessões de rádios e TVs; • Estatização do sistema financeiro; • Por Governo de trabalhadores da cidade e do campo.

IMPERDÍVEL

Shows, fogos, prêmios, ceia: a programação do Réveillon Vermelho No próximo dia 31, o Partido da Causa Operária (PCO) irá organizar uma grande festa de Réveillon para reunir os companheiros que participaram da luta contra a direita nesse ano. O ano de 2019 foi marcado por uma sequência impressionante de eventos decisivos para a luta de classes no Brasil e em todo o mundo. A ascensão da extrema-direita em vários países, os levantes na América Latina contra a política neoliberal, as grandes manifestações de maio contra o governo Bolsonaro, a retomada das mobilizações na França, o golpe militar na Bolívia, as chacinas ainda mais sangrentas da Polícia Militar brasileira e a derrota de Jeremy Corbyn nas eleições britânicas foram apenas alguns dos episódios que integraram o último período. Em todos esses eventos – e nos demais em que a luta contra a direita pela libertação da classe operária esteve colocada -, o Partido da Causa Operária (PCO) esteve presente, analisando criteriosamente os fatos, sob um ponto de vista marxista, e propondo uma intervenção real que visasse desenvolver a luta pelo socialismo. Por isso, no próximo dia 31 de dezembro, quando se encerra o ano de 2019, o PCO estará organizando, em São Paulo, mais uma grande festa de Réveillon – uma festa que tem como objetivo reunir todos os companheiros que participaram da luta contra a direita nos últimos meses e deverão organizar a rebelião contra o governo Bolsonaro no ano seguinte. A grande – e merecida – festa, que terá como nome Réveillon Vermelho, contará com uma extensa programação, digna da disposição de todos os que passaram os últimos meses enfrentando a escória golpista que to-

mou de assalto o país. Quem comparecer ao evento, terá a oportunidade de participar das seguintes atividades: Show da Banda Revolução Permanente Formada por militantes do PCO, a banda Revolução Permanente já é tradicional nas festas organizadas pelo partido. O grupo traz um repertório fundamentalmente político, com canções autorais e de outros compositores de relevância nacional. Show do grupo Sendero O grupo Sendero também se apresentará no Réveillon Vermelho do PCO, trazendo canções que remetem a diversos povos da América Latina. O grupo é formado por Ademar Farinha (viola caipira e flautas andinas), Jara Arrais (violão, charango e voz), Chico Pedro (flautas transversal, andinas e vocal) – músicos do Terramérica e Raíces de América – e Afonsinho Menino (percussão). Show de Miriam Mirah Miriam Mirah, uma das maiores artistas latino-americanas das últimas décadas, também confirmou presença no Réveillon Vermelho. Conhecida por sua participação no grupo Tarancón nos anos 1980, Miriam Mirah hoje integra o grupo Raíces de América e apresenta um vasto repertório de

canções inspiradas nos ritmos do continente americano. Cantata de Santa Maria de Iquique A Cantata de Santa Maria de Iquique, uma das obras primas da música andina, será parte da programação do Réveillon Vermelho. A peça, que será apresentada por Miriam Mirah e os músicos do grupo Sendero, conta a história do massacre promovido pelo exército chileno em 1907, quando disparou sobre uma manifestação de mineiros na cidade de Iquique, localizada no litoral sul do Chile. Mais de três mil trabalhadores morreram no massacre. Discurso de Rui Costa Pimenta Presidente nacional do Partido da Causa Operária e apresentador dos

programas Análise Política da Semana, Análise Internacional e Marxismo, da Causa Operária TV, Rui Costa Pimenta é uma referência nacional na luta contra o golpe. Próximo da virada do ano, o dirigente fará um discurso retomando os principais acontecimentos do ano e mostrando as perspectivas de luta que se abrem com a chegada de 2020. Sorteio de prêmios, ceia, open bar e muito mais! Além das apresentações de altíssima qualidade, o Réveillon Vermelho do PCO contará com sorteios de prêmios, uma farta ceia com direito a Open Bar e a presença de militantes e ativistas da luta contra o golpe de todas as regiões do país. Não fique de fora dessa! Adquira já seu ingresso através do telefone (11) 96388-6198.


INTERNACIONAL | 5

NOVAS CATEGORIAS EM GREVE

Ferroviários, petroleiros e até bailarinas em greve na França Bailarinos, músicos e técnicos da área cultural se somam às outras categorias mobilizadas contra a agenda neoliberal do governo francês que tenta impor a reforma previdenciária Na véspera do Natal, na terça-feira (24), o corpo de dança, a orquestra e técnicos da Ópera de Paris, resolveram protestar mostrando o que fazem de melhor: oferecendo um espetáculo, em plena rua. Como os ferroviários, petroleiros e várias outras categorias na França, a Ópera de Paris também está em greve a 15 dias, com uma paralisação que resultou em uma perda de € 8 milhões para a instituição: foram cancelados 45 espetáculos desde 5 de dezembro. Inédita a mobilização, também contra o projeto de reforma da Previdência, bailarinos, técnicos e músicos do Ópera e da Comédie Française, as únicas instituições culturais afetadas pelos planos da reforma, também apoiam a luta contra a previsão de uniformização da situação de todos os trabalhadores, acabando com os 42 regimes especiais e passando de 62 anos para 64 anos a idade mínima para a aposentadoria, que, apesar da idade considerada precoce para a aposentadoria, os artistas justificam que a carreira para eles, começa muito cedo e exige uma rígida disciplina já desde o início. Em uma entrevista dada a um jornal local, uma jovem bailarina conta um pouco da rigorosa rotina que segue desde criança para chegar ao nível exigido pela instituição. “Comecei a escola de dança aos oito anos. Deixei minha família e tive que adaptar meu percurso escolar. Com cinco horas de

dança por dia, aos 17, 18 anos, enfrentamos lesões crônicas, tendinites, fraturas devido ao cansaço, dores… Somos vários a não conseguir nem mesmo terminar o Ensino Médio”, diz. Ela também afirmou, que, todo o conjunto de trabalhadores da Ópera, pode ser prejudicado pelo projeto de reforma da Previdência. “É nossa arte que está em perigo”, salientou. Como se pode ver, a intenção do governo é extinguir o atual sistema de aposentadoria, o qual permite que determinadas categorias se aposentem mais cedo, em troca de um sistema por pontos, que não é outra coisa senão dificultar o acesso dos trabalhadores ao direito de se aposentar. Com seu projeto de reforma da previdência, o governo Macron, ligado aos

setores centrais do imperialismo, quer impor um verdadeiro roubo das aposentadorias dos trabalhadores franceses. A classe trabalhadora francesa continua mobilizada, tendo, inclusive, novas manifestações marcadas para o dia 28 de dezembro e um ato nacional convocado para o dia 9 de janeiro, demonstrando sua decisão de não recuar diante das pressões contra a reforma da previdência. No dia 24 de dezembro, as linhas de metrô ficaram paralisadas em Paris, e a rede ferroviária, apenas 40% dos trens de alta velocidade circularam. Mas o movimento, em suas reivindicações, ainda apresenta um caráter, dado pelas suas direções, predominantemente econômico. E, para que a

greve tenha o efeito esperado, e supere a investida do imperialismo na tentativa de assaltar a classe trabalhadora francesa com essa reforma, precisa que a mobilização adquira um caráter político e coloque em pauta o Fora Macron! Só com essa palavra de ordem, o movimento ganhará força e consciência necessária para subjugar o governo neoliberal de Macron e reverter a iniciativa da reforma no parlamento. O governo neoliberal de Macron, como em todo o mundo, é uma necessidade do imperialismo de superar a crise de desde 2008, se acirrou por todos os lados. Além da reforma da previdência, o regime político neoliberal francês também precisaria se impor e outras frentes e impor uma derrota ainda maior à classe trabalhadora francesa, numa luta, que está longe de terminar,muito pelo contrário. A exemplo do que já se viu no Brasil, o ataque na França só não é maior porque a classe trabalhadora francesa, muito mais preparada, já está nas ruas desde outubro de 2018, com os coletes amarelo. Agora, diante das crescentes protestos na América do Sul, a França, o país europeu que tem tido mais manifestações de massa, pode abrir o ano de 2020 aprofundando ainda mais o caos para o regime burguês, e contagiar a classe trabalhadora em toda a Europa, já bastante expoliada e sacrificada pela exploração do capital.

MOVIMENTO CARECE DE DIREÇÃO

Itália: esquerda paralisada diante de mobilizações antifascistas A mobilização popular deixa claro: a esquerda precisa compreender que o povo está demonstrando que quer lutar contra os fascistas. Assim como em diversos países em que a extrema-direita tomou o Estado, a Itália tem sido tomada por crescentes mobilizações populares. Levando em conta a atual etapa do capitalismo (monopolista) – e sua aparente degeneração, um regime de força torna-se a única via capaz de servir às necessidades da burguesia imperialista. Diante dessa imposição, uma polarização contrária aos regimes de caráter fascista, naturalmente, se desenvolve à medida em que a luta de classes é agudizada. No entanto, a falta de uma direção capaz de colocar um programa operário no curso dos acontecimentos, tem revelado a paralisia da esquerda ante a escalada da extrema-direita. Os protestos iniciados em meados de novembro, em Bolonha, por um professor e três amigos, têm reunido multidões nas ruas em grandes protestos contra a extrema direita. Esse caso, não obstante, demonstra a animosidade da população com o governo de extrema-direita. Após um simples chamado nas redes so-

ciais, cerca de 15 mil atenderam à convocação. Mattia Santori, um dos quatro protagonistas da mobilização popular, passou a ser uma espécie de porta-voz do “Movimento das Sardinhas”. Em meados de dezembro – o movimento chegou a contar com 100 mil pessoas nas ruas, enchendo a Piazza San Giovanni, em Roma; um local considerado reduto de grupos de esquerda e sindicatos. No entanto, a falta de uma política clara tem

apontado para uma possível dispersão do movimento. Na noite de 1º de dezembro, a Piazza dele Erbe, em Padova, uma grande manifestação contra a extrema-direita representada pela Liga Norte (partido do governo) e suas políticas fascistas, racistas e contra os imigrantes dos países oprimidos, colocou milhares de pessoas em movimento. O deslocamento da população contra a extrema-direita é tamanho que, em uma

das manifestações, a organização tentou atrair cerca de 6 mil pessoas contra Salvini, porém, o número chegou a 13 mil pessoas nas ruas. Embora haja uma grande espontaneidade popular para sair às ruas contra a extrema-direita, nitidamente, os protestos são espontâneos e desorganizados, o que faz com que tenham uma forte tendência de dispersão ou mesmo de serem capturados pela direita. Há que se destacar, com efeito, que a esquerda italiana está em uma paralisia enorme há anos, tendo sido a maior parte dela totalmente incorporada ao regime – como o Partido Comunista Italiano que, ao fim e ao cabo, virou o Partido Democrático – um partido com políticas neoliberais. Ademais, vale destacar que o resto da esquerda praticamente não existe. Nesse sentido, essa seria uma boa oportunidade para a esquerda voltar a ter importância no país, que, atualmente, é governado pela extrema-direita. A esquerda precisa compreender que o povo está demonstrando que quer lutar contra os fascistas.


6 | INTERNACIONAL

CHINA

26/12/1893: nasce o revolucionário chinês Mao Tsé-tung Mao Tsé-Tung foi um líder comunista chinês. Lutou contra a invasão japonesa, derrotou as tropas do Kuomintang na guerra civil e proclamou a República Popular da China No dia 26 de Dezembro de 1893, nasceu na cidade de Shaoshan, província de Hunan, localizada no Sul da China, o líder revolucionário chinês Mao Tsé-Tung. Na época da infância de Mao ainda vigorava o regime monárquico e quem governava o país era a dinastia Qing, que se se auto-intitulava como o Império Celestial. A monarquia fora fortemente abalada no decorrer do século XIX, a partir da penetração britânica com as guerras do ópio (1839-1842 e 1856-1860), rebelião camponesa dos Taiping e a Guerra dos Boxers. O futuro llíder revolucionário era filho de camponeses e estudou até 13 anos de idade, quando abandona a escola para trabalhar na lavoura. A possibilidade de aprender a ler e a escrever, ter acesso ao conhecimento clássico chinês e a literatura política e científica produzidas no Ocidente, bem como ler panfletos de agitação política que denunciavam a dominação estrangeira sobre a China foram fundamentais na evolução de sua consciência políti-

ca, até compreender que a situação da China precisava ser transformada por meio da ação política, o que fez até os últimos dias de sua vida. Em 1911, o jovem Mao alista-se no Exército Revolucionário como soldado e atua na Primeira Revolução Chinesa, um movimento de massas que pôs um fim ao regime imperial e proclamou a República da China. Sua adesão ao marxismo-leninismo coincide com sua participação no Movimento Quatro de Maio contra a entrega de regiões da China ao Império Japonês. No ano de 1921, aos 28 anos de idade, participa da fundação do Partido Comunista Chinês. Mao assiste a derrota da Segunda Revolução Chinesa em 1927, quando o general Chiang Kai-Shek, comandante do partido nacionalista Kuomintang (KMT) massacra os comunistas e sufoca a insurreição da classe operária chinesa nas principais cidades industriais. Na década de 1930, Mao vai adquirir grandes destaque na organização do Partido Comunista e na guerra civil travada contra o partido naciona-

lista Kuomintang, que vai organizar expedições de extermínio contra os comunistas e os territórios que estes governavam na China. No decorrer da guerra civil contra o KMT, ocorre a épica Longa Marcha, quando os comunistas, liderados por Mao, procedem a uma marcha forçada para romper o cerco das tropas inimigas do sul até o norte da China. Estima-se que dentre os cem mil que começaram a marcha, cerca de dez mil conseguiram terminar o percurso. Ainda na década de 1930, em meio à guerra civil, ocorre a invasão da China pelo império japonês. Ao compreender as prioridades do momento, Mao propõe a conformação da Frente Única Anti-japonesa com o KMT. De acordo com ele, era necessário unificar as forças para combater o invasor japonês, mas o Partido Comunista preservaria sua independência política e suas forças militares, sem se dissolver no bloco político. Com a expulsão dos japoneses em 1945, recomeça a guerra civil

entre o Partido Comunista Chinês e o KMT, que vai se encerrar em 1949 com a proclamação da República Popular da China. Sob a liderança de Mao, no decorrer dos quatro anos de enfrentamentos, os comunistas derrotam política e militarmente as tropas de Chiang Kai-Shek, que, sob proteção do imperialismo, fogem para a ilha de Formosa e proclamam sua independência, rebatizada de Taiwan. Mao consegue estabelecer um governo centralizado e que exerce sua soberania sobre todo o território chinês, algo que desde a tomada britânica da China jamais ocorrera. Desde a proclamação da República Popular (1949) até sua morte (1976), Mao foi considerado como o principal líder do país. Na ddécada de 1960, Mao comandou a Revolução Cultural, uma espécie de revolução dentro da revolução, que visava a combater o burocratismo, o revisionismo e ceder lugar à juventude no interior do Partido Comunista Chinês.

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MOVIMENTO OPERÁRIO E CIDADES | 7

MAIS UM PRETEXTO MORAL

Proibição de fogos de artifício, uma censura contra a festa popular Ao menos em Curitiba, São Paulo e Recife a direita tem usado uma suposta defesa dos animais para impor mais uma lei absurda de proibição e controle do povo O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), sancionou, no último dia 20, lei que proibe o uso de fogos de artifício com estampido na cidade. Tal proibição já foi colocada em prática em São Paulo desde o ano passado e também em Recife. Pela lei, que passa a valer apenas no ano que vem, “está proibida a queima, soltura e manuseio de fogos de artifício e artefatos pirotécnicos de alto impacto ou com efeitos de tiro. A nova legislação também libera o uso dos fogos luminosos, com ‘efeitos visuais sem tiro'”. Caso a lei seja desrespeitada, a pena prevista é a apreensão do material e multa que será definida pela prefeitura. Muitos podem se confundir com esse tipo de lei. A justificativa, como sempre moral, é a de que os fogos com barulho incomodam os animais de estimação. Rafael Greca, em Curitiba, o PSDB em São Paulo estariam portanto preocupados com o bem estar dos animais de estimação. Só mesmo uma pessoa muito ingênua para acreditar em tal conto de fadas. Greca, que agora aparece como grande preocupado com os animais,

foi o mesmo que apareceu na imprensa afirmando que não “gostava de cheiro de pobres”. Os tucanos do PSDB em Sâo Paulo são conhecidos por acordarem moradores de rua, nos dias mais frios do ano, com jatos d’água. Isso apenas para ficar em um caso. São governos completamente hostis à população e agora procuram se apresentar como defensores dos animais. Devemos concluir disso, sem medo de erra, é que essa direita acha que o povo é inferior aos animais de estimação. Mas na realidade, esse não é o principal problema. A questão principal é que o pretexto de defesa dos animais não passa de uma justificativa para aumentar a repressão e controle sobre a populção. Como toda lei repressiva, ela irá recair sobre o povo mais pobre ou simplesmente servirá para perseguir inimigos políticos. Não tem nada a ver com os animais. Tem a ver com repressão e censura contra o povo e contra a livre expressão da população. Para a direita, todo pretexto é usado para perseguir e controlar a população.

TRAGÉDIA NA BRF – BRASIL FOODS

Em um ano três vazamentos de amônia no BRF Brasil Foods de Uberlândia As tragédias com vazamento de gás em nos frigoríficos são parte da rotina dos trabalhadores e, com as medidas impostas pelo governo do fascista Jair Bolsonaro, como a extinção das Normas Regulamentadoras (NRs), a situação que tende a se tornar uma verdadeira hecatombe. Um dos maiores e mais causadores de danos quanto às péssimas condições de trabalho e segurança dos funcionários em frigoríficos é o grupo BRF – Brasil Foods. A situação é tão dramática que, este ano, em uma única fábrica desse grupo, ocorreram três acidentes com gás amônia. A última tragédia registrada ocorreu no dia 23 de dezembro no frigorífico de Uberlândia, no bairro Jardim Brasília. Um funcionário, que não teve identidade informada, sofreu queimaduras no joelho e nos membros superiores e foi encaminhada para a Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do Bairro Roosevelt. Segundo a BRF, o vazamento foi na unidade de processamento de aves, restrito a uma sala de máquina. Por precaução, a fábrica foi 100% evacuada e o vazamento foi contido pelos técnicos da unidade. Assim que o local for liberado, os funcionários retornarão aos postos de trabalho. (G1 – Triangulo e Alto Parnaíba – 23/12/2019) A irresponsabilidade dos patrões, que visam única e exclusivamente o lucro, em detrimento dos que muitas vezes

dão a vida em troca de um salário miserável fez com que, em outro acidente, sequer os bombeiros fossem acionados pela empresa, ou seja, tentaram esconder a ocorrência, porem, a vizinhança sofrendo com o gás que se espalhou pelos bairros, comunicaram ao Corpo de bombeiros, teve inclusive, moradores que tiveram que ser socorridos, no entanto, nunca se soube a situação dos trabalhadores dentro do frigorífico e, ainda teve outro acidente no dia 27 de maio, 36 dias após. Desta vez os próprios funcionários acionaram os bombeiros e vários tiveram que ser socorridos devido à intoxicação pelo gás amônia. Os frigoríficos, os maiores causadores de acidentes e doenças do trabalho no país, mesmo com a tentativa de ocultar tais fatos e, com as medidas do governo golpista do fascista Bolsonaro, juntamente com o banqueiro Paulo Guedes, ministro da economia e da latifundiária golpista, Tereza Cristina que, decidiram acabar com as NRs, principalmente as relacionadas à saúde e segurança dos trabalhadores, bem como com a fiscalização deste setor de produção, como forma de pagamento pelo financiamento do golpe, vão criar no país uma situação de terra arrasada. Aos trabalhadores é necessário a organização de comitês de luta contra o golpe em todo o país para impor uma derrota aos ditames dos patrões, bem como, impulsionar a luta pelo fora Bolsonaro.

Bolsonaro cortou 1,16 milhão familias do Bolsa Família em 2019 O governo golpista de Jair Bolsonaro retirou 1,16 milhão de famílias do atendimento pelo programa Bolsa Família. Este é mais um dos ataques do governo neoliberal à população pobre. Os cortes no programa social Bolsa Família, uma das principais heranças dos governos petistas, estão levando parcelas significativas da população a situação de profundo desespero, com o aprofundamento da miséria e da vulnerabilidade social. Somente no decorrer de 2019, o governo golpista de Jair Bolsonaro retirou 1,16 milhão de famílias do atendimento pelo programa. Com o pretexto de que havia supostas fraudes no programa e que seria necessário rever os benefícios, ancorado na demagogia rasteira da “luta contra a corrupção”, o governo Bolsonaro retirou milhões de famílias do alcance do atendimento. Em Alagoas, Estado onde uma parcela significativa da população depende do programa, o que se verifica é que muitas famílias não terão comida para ceia de natal e tampouco poderão comprar presentes ou satisfazer as necessidades mais básicas. Famílias que recebiam em torno de R$ 380,00 mensais estão sobrevivendo de doações de ONGs. A maioria dos beneficiários estão na região Nordeste.

No ano de 2019, o Bolsa Família fechou com o gasto total de R$ 33,6 bilhões, cerca de 10% a mais do que em 2018, quando foram gastos 30,6 bilhões. O impacto do programa no combate à miséria é reconhecido internacionalmente, inclusive como modelo para outros países, uma vez que proporciona um mínimo de assistência social à população mais pobre e explorada e contribui para movimentar a economia local, que forma uma rede de atendimento e serviços. No mês de Maio, o programa beneficiou 14.339.058 famílias. O golpe de Estado avançou sobre os programas sociais e as condições de vida do povo. O governo Jair Bolsonaro, a expressão mais violenta do golpe, aprofunda a política iniciada no governo Michel Temer (MDB), de retirar todo tipo de assistência do Estado para as famílias trabalhadoras que necessitam. O Bolsa Família é uma conquista da população pobre e explorada, pois é fruto de mobilizações contra o neoliberalismo que resultaram na chegada ao poder dos governos do PT.


8 | ECONOMIA, NEGROS E CULTURA

POLÍTICA NEOLIBERAL

Corte de gastos do governo: golpistas afundam o País na crise Com o Congresso mais direitista da história e a gestão bolsonarista, Governo aprova um orçamento catastrófico para 2020. Bolsonaro pretende seguir a política neoliberal de terra arrasada, reduzindo cada vez mais os gastos goveramentais com a camada mais pobre da poupulação. Com o congresso ultra-direitista e o controle sobre o Orçamento de 2020, o governo pode avançar com todo o seu potencial destrutivo e covarde contra o povo humilde e trabalhador. O programa Minha Casa Minha Vida teve o menor aporte de recursos de sua história. Este programa habitacional recebeu, em média, R$11,3 bilhões de reais por ano, de 2009 a 2018. No orçamento de Bolsonaro, o repasse previsto é de apenas R$2,7 bilhões de reais. Estes cortes afetam justamente as famílias que recebem menos de 2 salários mínimos, e que têm mais di-

ficuldades de financiar uma casa própria. O Bolsa Família também foi prejudicado. De R$32 bilhões repassados em 2019, o orçamento para 2020 é de R$29,5 bi. Como resultado, 600 mil famílias ficarão de fora do programa no ano que vem. Novamente, é um recurso destinado a pessoas que recebem menos de R$89 por mês, ou R$178 se tiverem crianças. O programa tem sido constantemente elogiado por órgãos como a UNICEF, como o real mais bem gasto pelo governo brasileiro, e projetou o Brasil internacionalmente como um modelo na erradicação da pobreza. Os repasses para a infraestrutura de educação também irão cair, de R$2,2 para R$1,9 bilhão. O PRONATEC – Programa Nacional de Acesso ao Ensino

Técnico – praticamente desaparece. As verbas que eram R$4 bilhões cairão para R$140 milhões. Na área da segurança e saúde do trabalho, e inspeção contra o trabalho escravo, o orçamento é 49% menor, e ficará em R$36 milhões. Como resultado, menos fiscalização contra empresas irresponsáveis e mais acidentes. Também estão previstos cortes no orçamento para a Farmácia Popular de R$100 milhões. Outro corte é no patrimônio histórico, que cai de R$300 milhões para R$33 milhões. Estão tramitando, ainda, propostas igualmente criminosas contra os salários. Bolsonaro e Paulo Guedes querem extinguir o FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador – que dá abono salarial a quem receba menos de 2 salários mínimos. Também estão trabalhando

pela aprovação de uma “PEC Emergencial”, que autoriza cortes nos salários de funcionários públicos em estados cujas despesas correntes superem 95% do total das receitas. Os cortes podem chegar a 25% do valor salarial. Os servidores trabalharão 25% a menos do tempo mas, como têm as mesmas atividades a cumprir, precisarão trabalhar com mais intensidade durante a jornada. A população também sai prejudicada, pois menos servidores significam filas de espera mais longas e horários de atendimento reduzido. Embora os pré-candidatos da esquerda pequeno-burguesa queiram esperar, e pedem para que o povo aguarde 2022, a classe trabalhadora precisa agir antes que seja tarde. Fora Bolsonaro!

PURA DEMAGOGIA

FRANÇA

Globo usa questão racial para fazer ação comercial com a Coca-cola

Em greve, Ópera de Paris apresenta Lago dos Cisnes ao ar livre

A rede Globo de televisão apresentou na noite deste dia 25 um especial de natal composto apenas por atores negros. A inovação está presente também no fato de o especial ser fruto de uma parceria comercial entre o monopólio de comunicação e o monopólio imperialista Coca-Cola. Juntos a Magia Acontece dá nome tanto ao especial de natal, quanto a nova campanha publicitária da Coca-Cola, que está presente e tem papel fundamental, evidentemente, no especial. Trata-se, contudo,de demagogia que em nada tem haver com a luta democrática do povo negro, mas com os interesses escusos dos monopólios. Na trama, grosso modo, é apresentada uma família negra pobre do subúrbio do Rio de Janeiro; suas dificuldades econômicas e a luta contra o racismo, apresentado na forma da impossibilidade do avô já aposentado conseguir um emprego como papai noel no fim do ano para ajudar a família em dificuldades financeiras. O preconceito torna-se um empecilho intransponível ao posto. Até que a Coca-Cola, empresa humanitária transforma o sonho em realidade. A Coca-Cola utiliza-se da questão racial no Brasil para efeitos de propaganda positiva para marca, o que é necessário a sua dominação, a Globo, por sua vez, lucra com a questão, ao mesmo tempo que faz propaganda de si no mesmo sentido em que a Coca-Coca faz de si. O problema da opressão racial do negro no Brasil serve apenas como instrumento de propaganda e lucro aos monopólios. As grandes empresas imperialistas, devido a sua ação predatória, selvagem no mundo inteiro, necessitam manter sua imagem de empresas de ponta, civilizadas, modelos etc., inclu-

Os dançarinos e músicos da Ópera de Paris resolveram realizar uma das maiores obras primas do Ballet mundial na rua, para que todos os trabalhadores em greve na França pudessem assistir, “O Lago dos Cisnes” do russo Piotr Ilitch Tchaikovski. A exibição foi parte dos protestos contra a reforma da previdência de Macron, que acabou por mobilizar a classe trabalhadora contra a proposta do governo. Os membros da Ópera de Paris já haviam aderido às greves que estão se espalhando pelo país, pois além de aumentar o número de anos de 62 para 64 para que os trabalhadores consigam se aposentar, a proposta de Macron prevê também a extinção de 42 formas especiais de aposentadoria, o que atingiria em cheio a Ópera de Paris e a Comédie Française, pois com a extinção de sua aposentadoria especial, os trabalhadores das duas instituições passariam diretamente a se aposentar aos 64 anos

sive para facilitar a sua atividade comercial no mundo inteiro. Não foca bem uma grande empresa ter fama de utilizar trabalho escravo, de apoiar sistemas de apartheid, etc. A propaganda permanente, supostamente apoiando causas humanitárias e ambientais é o que camufla a podridão destes monopólios. Neste caso, porém, a iniciativa na Globo vai ainda além promoção de uma campanha positiva para o monopólio imperialista, trata-se também de distorcer a própria questão racial no país. Esta surge no especial como fato particular, o racismo seria assim um problema de comportamento individual que de tão arraigado tornou-se corrente. Um problema quase que de educação, sendo assim a globo aparece como um elemento central no combate ao racismo ao promover a “representatividade” assim com o passar do tempo essa prática vai se tornando outra na medida em que o negro é mais valorizado e menos estereotipado. Essa que poderia ser a política de setores da esquerda é totalmente equivocada e nefasta, da parte da globo deliberadamente. O problema do negro não é um problema de mero opinião ou hábito a ser mudado. Trata-se de um problema nacional e democrático, o negro como população identificável é oprimida pela classe dominante da sociedade, ou seja pela burguesia de conjunto, sendo o estado e a iniciativa privada os veículos desta opressão. A Globo é parte fundamental dos opressores do povo negro, e inimiga incondicional deste, essa demagogia, tem por objetivos enganar a população negra criando falso problema e de outro lado limpar sua imagem profundamente suja.

de idade, quando hoje conseguem a aposentadoria aos 42 anos. O regime de trabalho para os bailarinos é intenso e começa muito cedo. Algumas bailarinas começam aos 8 anos de idade com os treinamentos, passando por rotinas que chegam a 5 horas diárias de dança. Muitos se queixam de doenças crônicas, tendinites e fraturas, além do estresse e não é raro que não completem o ensino médio para se doar exclusivamente à dança. Além de desumano, pois o trabalho começa cedo demais, a extinção do regime especial de aposentadoria coloca também em risco as próprias instituições de arte, o que levou os bailarinos a estenderem faixas em que é possível ler “A cultura em perigo” e “Ópera de Paris em greve”. É a primeira vez na história que a Ópera de Paris entra em greve, o que já dura mais de 15 dias e gerou um prejuízo de 8 milhões de euros para a instituição.


POLÊMICA | 9

CAMPANHA ELEITORAL

POLÊMICA COM EDUARDO GUIMARÃES

Psol: censura e demagogia parlamentar não é lutar contra Bolsonaro

Quem destruiu o Brasil?

Deputado do Psol entra com representação contra Bolsonaro por ter chamado jornalista de homossexual

No dia 20 de dezembro, o jornalista Eduardo Guimarães reproduziu, no Blog da Cidadania, uma matéria do golpista Estado de S. Paulo tratando do aumento das tarifas do transporte público na capital paulista. Ao fazer isso, Guimarães acrescentou ao texto um título que revela uma série de preconceitos e incompreensões acerca da luta de classes no Brasil: "Após destruir o país por 20 centavos, paulistanos se calam sobre R$ 4,40." 1 – A direita não iniciou os protestos de 2013

Ao ser questionado sobre o envolvimento de Flávio Bolsonaro em esquema de corrupção, Jair Bolsonaro disse ao jornalista “você tem uma cara de homossexual terrível. Nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual.“ Não há dúvida de que a declaração é conhecida baixaria de Bolsonaro e da extrema-direita, que é usada para esconder o verdadeiro conteúdo de sua política de ataques contra o povo. Não há dúvida também que é preciso denunciar, combater e lutar pela derrubada de todo o aparato golpista que se apoderou das instituições. A única coisa que não se deveria fazer é usar essas mesmas instituições contra Bolsonaro. Mas é exatamente o que está fazendo o deputado distrital do Psol, Fábio Félix. Segundo informações do próprio sítio do Psol, o deputado entrou com uma “representação contra o presidente Jair Bolsonaro por prática de racismo com recorte LGBTfóbico. A medida encontra respaldo na recente decisão do Supremo Tribunal Federal, que equipara a LGBTFobia ao crime de racismo no Brasil.” Fábio Félix está usando a lei recentemente aprovada pelo STF de criminalização da homofobia para atacar Bolsonaro. É mais uma demostração de completa demagogia parlamentar por parte do Psol. Primeiro porque é difícil acreditar que o Judiciário golpista realmente tomará alguma medida efetiva contra Bolsonaro. Portanto, a política

do deputado do Psol serve apenas como propaganda eleitoral contra o presidente golpista. É uma medida que não ássa de uma campanha eleitoral, melhor dizendo, uma tentativa de enganar os incautos de que o Psol estaria realmente lutando contra Bolsonaro. Há ainda outro aspecto importante da questão. Ao entrar com representação contra algo que o presidente golpista falou, o deputado do Psol só está reforçanco o caráter repressivo do Judiciário. Bolsonaro afirmou que o jornalista tem “cara de homossexual, mas que ser homossexual não é crime”. Por causa disso, o deputado do Psol acha que pode calar Bolsonaro, mas na realidade o STF pode entender que não. Será que dá para ter alguma dúvida sobre qual será a decisão do STF? Será que Bolsonaro será preso por ter falado isso? Difícil de acreditar. Mas, com base na lei de criminalização da homofobia, uma pessoa que não seja o presidente da República, ou seja, que não tenha esse poder, pode ser condenado por falar algo muito menor do que o que foi dito por Bolsonaro. No final das contas, é para isso que serve a tentativa de censura e a demagogia parlamentar. Apenas para reforçar o domínio da direita. Enquanto isso, Psol e a maioria da esquerda se recusam a levantar claramente e mobilizar em torno da palavra de ordem de fora Bolsonaro.

A associação entre os vinte centavos, citados por Eduardo Guimarães, e a destruição do Brasil remonta à seguinte tese absurda: as manifestações contra o aumento da passagem em 2013 se transformaram nas manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff e, deste modo, foram responsáveis pela ascensão da extrema-direita ao poder. Essa tese, que é defendida por alguns outros setores da esquerda pequeno-burguesa além do próprio Guimarães, considera, portanto, que as manifestações de 2013 partiram da iniciativa da direita. Isso, no entanto, não tem qualquer fundamento. Na verdade, corresponde ao exato oposto dos fatos. As manifestações contra o aumento das passagens já vinham ocorrendo havia muitos anos, e sempre arrastavam consigo uma parcela da juventude e das organizações de esquerda. O que fez com que os atos crescessem ao ponto de se transformarem em uma explosão social foi a reação dos participantes à duríssima repressão promovida pela Polícia Militar. O gatilho das manifestações foram, portanto, a revolta da população contra o aparato de repressão do Estado, sobretudo em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – os dois primeiros então comandados pelo PSDB e o último comandado pelo MDB. A explosão não tinha como motivo a insatisfação com o governo Dilma Rousseff ou com o Partido dos Trabalhadores, mas sim com os velhos representantes do regime político burguês. É fato que, a partir de um momento, os atos passaram a ser controlados pela direita, que impôs pautas reacionárias e excluiu as reivindicações populares. No entanto, isso se deve à falta de iniciativa da esquerda, que, capitulando, permitiu que a extrema-direita crescesse nas ruas. O golpe dado contra Dilma Rousseff em 2016 – tendo como consequências a prisão do ex-presidente Lula e a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro – não foi resultado dos atos contra o aumento das passagens. Foram, portanto, resultado da política extremamente defensiva e conciliadora das direções da esquerda nacional, que se recusaram a enfrentar a direita golpista e tiveram de assistir a uma sucessão de ataques

por parte da camada mais reacionária da sociedade. 2 – Paulistas versus brasileiros Outra tese célebre da esquerda pequeno-burguesa que aparece no comentário de Eduardo Guimarães é a de que os paulistanos seriam um setor da população diferente dos demais. Isto é, além de considerar que os protestos contra o aumento da passagem seriam promovidos pela direita, Guimarães também destaca a participação dos moradores de São Paulo no que chama de destruição do Brasil. O destaque aos paulistanos parte da tese profundamente reacionária de que os paulistanos seriam um povo mais direitista do que o restante do país. O paulistano, por algum motivo inexplicável, odiaria o Nordeste, votaria sempre na direita e seria contra qualquer progresso. Os defensores dessa tese se apegam a algumas impressões de pouco valor. Uma delas é a de que os paulistas e paulistanos sempre votariam no PSDB – ou seja, são um eleitorado cativo da direita. De fato, o PSDB vem dominando há muito tempo o estado de São Paulo, mas isso não quer dizer que fascistas como João Doria Geraldo Alckmin ou José Serra sejam populares: tais vigaristas só venceram as eleições por causa das sucessivas capitulações e acordos empreendidos pela esquerda parlamentar e por causa de uma série de manobras fraudulentas. Regiões como o Nordeste, frequentemente apresentadas como progressistas em relação aos paulistas, sofrem do mesmo mau: seu povo é castigado por vigaristas da pior espécie, que tomam de assalto o poder por falta de uma iniciativa firme por parte das direções da esquerda. Até mesmo os governadores que fora eleitos por partidos de esquerda, como é o caso de Flávio Dino (PCdoB) e Camilo Santana (PT-CE), estão se mostrando incapazes em enfrentar a direita, aplicando o mesmo programa dos golpistas aos seus estados. 3 – O povo está calado? Ao contrário do que Eduardo Guimarães declara em seu comentário, o povo não está calado. O povo, tanto o paulistano, como em todo o país, está sendo pisoteado pelo governo Bolsonaro e está se mostrando disposto a reagir. Na própria São Paulo, há alguns dias, ambulantes se enfrentaram com a polícia, expressando a revolta com a política repressiva da direita. Assim como os povos do Chile, do Equador e de Honduras se levantaram contra a política neoliberal, o povo brasileiro deverá se levantar a qualquer momento. O que falta não é disposição, mas sim que as direções da esquerda nacional tomem a iniciativa de organizar a revolta já existente contra o governo Bolsonaro e canalizem para um levante decidido.


10 | POLÊMICA

PARALISIA DA ESQUERDA

O avanço da extrema direita é culpa da esquerda que se recusa a lutar Artigo de Roberto Amaral tenta convencer o leitor que setores dos oprimidos se unem a direita, mas não denuncia que a esquerda se recusa a ir as ruas mobilizar os pobres. O artigo Os deserdados do capitalismo são a base social do autoritarismo escrito por Roberto Amaral no sítio Brasil 247 apresenta uma tese que “os deserdados do capitalismo são a base social do autoritarismo, e assim se dão as mãos oprimidos e opressores, pois o autoritarismo é o instrumento mediante o qual, na crise, a classe dominante conserva o poder”. O texto apresenta uma série de afirmações e exemplos que tentam convencer o leitor de que a burguesia nos momentos de crise, os trabalhadores e a classe média buscam a direita para resolver os problemas de maneira autoritária. É fato que através de muita manipulação a burguesia tenta atrair setores dos explorados para implantar suas medidas para reduzir o impacto da crise no sistema capitalista e explorem ainda mais os trabalhadores. E para isso, se utilizam de medidas cada vez mais violentas e autoritárias, que é o fascismo. No texto também tentam convencer o leitor sobre as mudanças no ‘mundo do trabalho’ e do avanço da tecnologia que exigem a invenção de novas formas de atuar entre os trabalhadores e a população explorada. Roberto Amaral afirma que “a tendência, em curso, na vigência da globalização capitalista e do neoliberalismo, é a precarização das condições de trabalho, desafiando partidos e sindicatos, o que passa a exigir das lideranças políticas e sindicais a invenção de novas formas de organização e de ação política”. Mas o ponto fundamental dessa questão é por que a esquerda não mo-

biliza os pobres contra os causadores da desgraça e ao invés culpar setores que se aproximam da extrema direita ou da maioria esmagadora dos trabalhadores que não apoiam, no nosso caso o bolsonarismo, mas também não reagem. A esquerda deixou de fazer luta nas ruas e mobilizar os trabalhadores para ir atrás de ‘novas formas de atuação’, ou seja, não vai mais na porta das fábricas, bairros operários, escolas e por aí vai. Nesses anos após o golpe, em que os ata-

ques contra os trabalhadores foram gigantescos, a esquerda concentra seus esforços no parlamento, com parlamentares que quase nunca estão antenados nas questões dos trabalhadores ou canalizam a revolta da população para as eleições que não resultam em nada. A esquerda e os intelectuais deveriam parar de jogar a culpa nos trabalhadores pelo bolsonarismo e pelo avanço da extrema direita e ir na porta das fábricas e bairros operários para mostrar que Bolsonaro e a extrema

direita estão destruindo o país e organizar os trabalhadores para derrubar Bolsonaro, cuja vontade demonstra em qualquer aglomeração recente surge a frase “Ei Bolsonaro, vai tomar no….”. O avanço da extrema direita no Brasil se dá porque setores dirigentes da esquerda pequeno-burguesa se recusam a colocar a palavra de ordem Fora Bolsonaro e lutar para derrotar o governo nas ruas, pois buscam uma maneira de fazer acordo e conviver com os bolsonaristas.


JUVENTUDE | 11

SP AUMENTA TARIFAS

Preparar a mobilização contra o aumento das passagens Governador e prefeito anunciam aumento das tarivas de trem e ônibus em São Paulo O Governador João Doria e o Prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB, anunciaram o aumento das passagens de ônibus e metrô da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. O preço subirá de R$4,30 para R$4,40. A proposta foi enviada à Assembleia Legislativa e implica em mais um peso para os estudantes e trabalhadores. Nas metrópoles brasileiras, o preço da passagem fica em torno de 12% a 16% do salário médio da população, um ônus bastante pesado para a população mais carente. O aumento da locomoção em São Paulo é, portanto, uma afronta a uma população à qual são exigidos sacrifícios cada vez maiores. Infelizmente, ela estimula os consórcios de outras cidades a fazer o mesmo.

O aumento é uma provocação que merece uma resposta da população. Os movimentos estudantis sempre tiveram protagonismo nas lutas em torno do passe livre. Com foi dito acima, o custo de transporte pesa muito no bolso do trabalhador, que precisa se deslocar diariamente para o local do trabalho. Foi este problema que provocou as manifestações pelo passe livre em 2013, e foram questões muito parecidas – aumento nos combustíveis – que irritaram os “coletes amarelos” franceses – em luta desde o início do ano – e provocaram greves e atos explosivos no Equador. Ou seja, o momento atual pede a convocação de todos para atos e manifestações contra os aumentos, e tem possibilidade de ampla adesão por parte da população.

A EXTINÇÃO DO PRONATEC

Pronatec tem orçamento reduzido em 97% para 2020 Governo acaba com o PRONATEC ao reduzir em 97% as verbas destinadas ao programa com a desculpa do aumento de gastos com a previdência e funcionalismo público. Após o anúncio em outubro de 2018 da repaginação de projetos para a educação, agora batizado de “Novos caminhos”, onde o MEC anunciava a criação de 1,5 milhão de novas matrículas no PRONATEC até 2023, e afirmava que esta era uma área prioritária, o governo decide reduzir as verbas em 97% dos 4 bilhões destinados ao projeto em 2015, ano em que este atingiu seu auge. A divulgação de que o ensino técnico seria uma prioridade , mostra-se como mais um anúncio demagógico dos Bolsonaristas, pois não se justifica a redução de verbas em áreas prioritárias. Estes alardearam a intenção de aumentar em 80% as matrículas no programa , passando de 1,9 mihões de alunos para 3,4 milhões em 2023. O PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), foi um dos carros chefes do governo Dilma, e consiste em uma parceria público/privada para a formação de trabalhadores de nível médio e de formação superior em cursos de curta duração, além da capacitação de professores. Embora possamos criticar a transferência de recursos públicos para a rede privada para custeio destes estudantes, o programa deu acesso à formação profissional para milhares de jovens nos últimos anos, atingindo 9 milhões de matrículas entre 2011 e 2018. Estes alunos jamais teriam condições de acesso a alguma formação profissional via sistema público, o que garantiu a estes condições mínimas para o ingresso no mercado de trabalho, pois o acesso ao ensino superior público é praticamente impossível para a maioria da população.

A justificativa para o corte orçamentário para 2020, está na PEC (Projeto de Emenda Constitucional), que criou o teto de gastos para a união. Segundo a lei, a união está impedida de elevar as despesas públicas para além da inflação do mês anterior, necessitando a escolha de áreas que deverão ter as verbas reduzidas. O ministro Paulo Guedes , coerentemente com sua política de transferência de recursos para o sistema financeiro, afirma que o corte se justifica, pois os cursos do PRONATEC não atendem à demanda de trabalho do

mercado. Precisamos lembrar a fala de outro direitista , o deputado do PTB de SP Nelson Marquezelli : “Quem quiser estudar que pague”, mostrando o caráter privatista dos golpistas. O governo também mais uma vez usa a desculpa do aumento nos gastos de Previdência e no funcionalismo. Desculpas como estas servem de preparação de terreno para a aprovação da menina dos olhos de Paulo Guedes que é a Reforma da Previdência, a qual irá espoliar bilhões de reais do bolso dos trabalhadores. Estes valores serão jogados

no colo das instituições bancárias seja através do pagamento da indecente “dívida pública “como também pela previsão de aumento dos planos de aposentadorias privada. O que podemos deduzir diante do conjunto de ações do governo golpista, é que não há preocupação alguma com a formação de mão de obra para o fomento do mercado de trabalho. O que existe é um conjunto de ações que visam a destruição do ensino gratuito e que garantam o compromisso principal da direita para com seus patrões: a manutenção do Mercado Financeiro .


12 | MORADIA E TERRA E ESPORTES

RORAIMA

RR: Sem-terra do acampamento Lula Livre recebem ordem de despejo Cerca de 80 famílias estão ameaçadas por uma ordem de despejo contra o acampamento Lula Livre, em Roraima, perto de Mucajaí Com a esquerda pequeno burguesa entrando em férias no final do ano, a direita golpista se prepara para intensificar a repressão contra a classe trabalhadora no Brasil. Os casos de despejo de terras ocupadas por trabalhadores sem-terra e sem-teto tem aumentando. É o caso de cerca de 80 famílias do acampamento Lula Livre em Roraima, que receberam ordem de despejo do juiz Evaldo Jorge Leite, da Comarca do município de Mucajaí (Roraima), que inclusive determinou a utilização de força policial caso as famílias não saiam do lugar. O acampamento tem como moradores brasileiros e venezuelanos, que ocuparam o local por este se encontrar improdutivo. As famílias organizaram uma horta comunitária com plantações de de macaxeira, feijão, mamão, cheiro verde e horta-

liças, além de uma casa de farinha. O MST disse em uma nota de repúdio que as famílias devem permanecer no local como forma de resistência ao ato do juiz, que sequer teria autoridade para dar a ordem de despejo, já que se trata de uma propriedade da União que não estaria em sua alçada. É importante destacar que o Brasil passa por um momento em que as leis, que já eram fracas para a classe trabalhadora, não garantem o mínimo para a população e que aquilo que está escrito na constituição de 1988 já não vale para os golpistas que tomaram o poder em 2016. Somente a luta dos trabalhadores é que pode garantir algo. Outro fator importante a se destacar, é que enquanto a esquerda pequeno burguesa entra de férias e prega o não armamento da população, as ordens de despejo dos fascistas que

hoje dominam o estado vêm acompanhadas de policiais armados, que não estão nem um pouco preocupados com a população. A população, ao

contrário do que pensa a esquerda pequeno burguesa, deve ter o direito de se armar e de constituir grupos de autodefesa para combater os fascistas.

ASSÉDIO GOLPISTA AO FUTEBOL

Vasco fecha patrocínio com empresário bolsonarista dono da Havan Vasco da Gama, tradicional clube carioca terá logomarca das Lojas Havan no uniforme do time em 2020 Um dos mais tradicionais e vitoriosos clubes de futebol do país, o Clube de Regatas Vasco da Gama, do Rio de Janeirto, acaba de receber um presente de grego neste final de ano. A diretoria do clube acaba de fechar um patrocínio com ninguém menos do que o empresário bolsonarista e sonegador de impostos, Luciano Hang, proprietário da loja de departamentos Havan. Afundado em dívidas – como de resto estão todos os grandes clubes nacionais em função da crise que atinge todo o país, como resultado do golpe de Estado de 2016 – o clube carioca de São Januário foi assediado pelo empresário direitista (uma figura patética e bizarra) que, de forma oportunista, considerando uma situação quase falimentar do clube, se valeu das dificuldades financeiras pelas quais o time passa e ofereceu sua logomarca pa-

ra que a mesma fique estampada no omoplata dos atletas, na camisa oficial do clube. O empresário Luciano Hang é o mesmo que protagonizou espetáculos de pura bizarrice durante as eleições presidenciais de 2018, apoiando ostensivamente o então candidato da extrema direita, Jair Bolsonbaro que, através da mais grotesca das fraudes e manipulação, acabou elegendo-se presidente da república. Não foram poucas as denúncias contra o empresário bolsonarista durante a campanha eleitoral, que obrigou os funcionários das lojas a vestirem a camisa do candidato fascistóide, ameaçando de demissão aqueles que se recusassem a fazer propaganda para Bolsonaro. Logo que foi anunciado o acordo entre a diretoria do clube e o proprietário das lojas Havan, imediatamente houve

uma enxurrada de protestos por parte de um setor da torcida vascaína, inconformada em ver na tradicional camisa cruzmaltina a logomarca de uma empresa que ostenta laços de irmandade com o bolsonarismo reacionário, incompatível com a grandeza e a popularidade do time do Rio de Janeiro, detentor de vários títulos estaduais e nacionais, sendo a segunda maior torcida no Estado e uma das maiores do pais, com torcedores espalhados por todas as regiões. Mesmo sabendo das dificuldades de caixa do clube, um setor da torcida se declara contrária ao acordo da diretoria do Vasco com o “Véio da Havan”. O muro da sede do clube foi pixado na última sexta-feira, dia 20, com xingamentos à loja do empresário sonegador-reacionário-bolsonarista. O fato envolvendo o clube carioca e as lojas

Havan, para muito além de uma operação comercial de marketing esportivo, revela, através das manifestações de protesto e repúdio por parte de um setor da torcida, a elevada e crescente impopularidade do bolsonarismo e tudo a que a ele está associado. O fato é que governo Bolsonaro, em toda a sua extensão, é um cadáver insepulto, um governo que só tem a oferecer tragédia e sofrimento às massas populares e à população em geral. Este sentimento generalizado de repúdio, asco e revolta ao governo deve ganhar contornos de luta organizada de todos os setores da sociedade, particularmente dos trabalhadores, incluindo aí torcidas organizadas, conformando um amplo movimento nacional para colocar para fora o governo mais repudiado da história do país. Fora Bolsonaro! Fora todos os golpistas.

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