Diário Causa Operária nº5863

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SÁBADO, 21 DE DEZEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5863

Rachadinha, lavagem de dinheiro: não faltam razões para Fora Bolsonaro O

filho do golpista Jair Bolsonaro está sendo enquadrado pela direita tradicional do regime político. Devido às divisões internas da direita golpista, permitiu-se que as investigações contra Flávio Bolsonaro seguissem adiante, e parte da história já foi devidamente vazada para a imprensa, complicando a família de extrema-direita colocada no poder após o golpe de Estado.

Organizar a luta: Em 2020 realizar uma plenária pelo Fora Bolsonaro Uma das propostas mais aclamadas na 2ª Conferência dos Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo, ocorrida em São Paulo no final de semana 14 e 15 de dezembro, foi a da realização de uma imediata campanha em torno da realização de uma plenária nacional pelo “Fora Bolsonaro”.

Ainda sobre o fracasso da esquerda britânica Neonazismo e fascismo: não são meia dúzia de gatos pingados Com a ascensão do fascismo por todo mundo, ou melhor, na sua volta à frente de muitos setores da direita mundial, a esquerda em geral passou a prestar mais atenção, nestes que são movimentos que cada vez mais ocupam espaço nas matérias de jornais burgueses.

2ª Conferência aprova: às ruas pelo cancelamento das privatizações

Porta dos fundos: “censura do bem” atinge a esquerda Uma das grandes polêmicas da última semana foi o caso envolvendo o tradicional especial de Natal do grupo humorístico Porta dos Fundos, uma polêmica que levantou o debate sobre problemas como liberdade de expressão e censura, em uma frenética campanha da direita contra o programa.

Governadores de esquerda promovem desmonte da previdência no Nordeste Cinco governadores do Nordeste já aprovaram a reforma da Previdência em seus respectivos estados


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Organizar a luta: Em 2020 realizar uma plenária pelo Fora Bolsonaro Uma das propostas mais aclamadas na 2ª Conferência dos Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo, ocorrida em São Paulo no final de semana 14 e 15 de dezembro, foi a da realização de uma imediata campanha em torno da realização de uma plenária nacional pelo “Fora Bolsonaro”. O “Fora Bolsonaro” foi o tema central de um jornal dos comitês de luta distribuído amplamente ainda antes do 2º turno das eleições de 2018. Naquele momento, acertadamente, os comitês apontavam que o candidato de extrema-direita era a via pela qual o golpe de 2016 procurava se legitimar e que para isso o conjunto das instituições golpistas havia garantido a fraude nas eleições, a começar pelo impedimento da participação do candidato do povo, Luís Inácio Lula da Silva, que estava à frente de todas as pesquisas, e era considerado pela própria burguesia como imbatível. A palavra de ordem de “Fora Bolsonaro” era ainda acertada de um outro ponto de vista: era a palavra de ordem do povo e isso ficou patente durante o carnaval de 2019, a maior festa popular do Brasil. Mal o governo havia completado dois meses, de norte a sul, de leste a oeste, o grito do povo mandado “Bolsonaro tomar no c#” explodiu por todos os cantos do País. Depois daí, como se diz no popular, o governo foi ladeira abaixo, com o “Fora Bolsonaro”, mesmo a contra gosto das direções do movimento, sendo o fator fundamental impulsionador das grandes mobilizações ocorridas nos meses de maio e junho por todo o País. Por muito pouco Bolsonaro não foi derrubado. A fim de evitar que as mobilizações se intensificassem, o que fatalmente acarretaria no aprofudamento da crise do regime golpista e do próprio Bolsonaro, boa parte da esquerda saiu a campo para estrangular a mobilização popular crescente. “O governo Bolsonaro é legítimo”, “defender o fora Bolsonaro é agir como os próprios golpistas agiram contra a Dilma”, “Bolsonaro tem apoio popular”, “o governo Bolsonaro é forte, temos que criar um movimento de resistência” entre tantas outras “pérolas”, foram os argumentos “esquerdistas” de sustentação do governo fascista de Bolsonaro, isso sim, em total

desacordo com o sentimento das massas. Enfim, chegamos ao final de 2019 com Bolsonaro no governo impondo a política do golpe a ferro e fogo contra os explorados. Embora momentaneamente o movimento tenha recuado, isso é produto da barreira de contenção criada pela própria esquerda a fim de impedir uma ação revolucionárias das massas, assim como está ocorrendo em diversos países da América Latina e do Caribe. O que é fundamental que seja compreendido pelos setores que verdadeiramente lutam para derrotar o golpe é que, como ocorreu no Brasil, a palavra de ordem central em todos esses movimentos são justamente as que se colocam pela derrubada dos presidentes. Isso significa uma tendência ou mesmo a existência de uma rebelião popular de conjunto contra a política de fome e miséria do imperialismo para todo o subcontinente. Justamente por ter consciência que as questões objetivas estão absolutamente favoráveis à luta pelo “Fora Bolsonaro” – crise econômica, desemprego, privatizações, liquidação da aposentadoria, sucateamento da saúde e da educação – é que os comitês já se preparam para empunhar a bandeira pelo “Fora Bolsonaro” por todo o País já desde o primeiro dia do ano. Será no bojo dessa campanha que se colocarão as condições para a realização de uma grande plenária nacional para intensificar mais ainda a campanha, associando o “Fora Bolsonaro” a outras reivindicações fundamentais para as amplas massas na atual etapa política.

Uma Conferência 100% sintonizada com a vontade popular: Fora Bolsonaro Por Antônio Carlos

Pesquisa Ibope divulga nessa sexta, dia 20, revela (ainda que parcialmente pela tradicional manipulação da imprensa e demais instituições golpistas) o que todo mundo já sabe: o povo brasileiro já não aguenta mais o governo de destruição!ao nacional o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro e toda sua corja golpista. Segundo a suspeita pesquisa, o percentual dos que consideram o governo como “ruim ou péssimo” é 30% maior do que o daqueles que consideram o governo como “ótimo ou bom”. Bolsonaro que foi eleito com o apoio (forçado, pela falta do candidato que o povo queria votar nas eleições) de menos de um terço do eleitorado, não teria o apoio nem da metade dessa porção. No mundo real, é muito pior. Praticamente não se encontra nos locais de trabalho, nas escolas e universidades quem defenda o governo desinteressadamente (sem estar auferindo algum tipo de vantagem). Os “analistas”, que erraram 99,99% de suas previsões no último período, apontam que o descontentamento seria maior entre a classe média, que não viu suas “ilusões” com o novo governo atendidas. Não era só tirar a Dilma? O problema não era o Lula? É evidente, no entanto que a rejeição é quase total entre os trabalhadores. A situação está a ponto de transbordar. E há claros sinais de revolta, entre os trabalhadores e a juventude. Não só contra Bolsonaro, mas também contra os governos capachos (da direita e da “esquerda”) que copiam sua politica contra os trabalhadores, como se vê no caso da “reforma”da Previdência nos Estados. A II Conferência Nacional Aberta dos Comitês de Luta, realizada nos dias 14 e 15 passados, em São Paulo, mostrou que o ativismo dos Comitês de todo o País, estão em perfeita sintonia com estas tendências de luta e expressou uma disposição de enfrentamento, oposta à política de setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa que querem “apaziguar”, conciliar e capitular diante da direita golpista que não para, nem por um muito, seus ataques contra os trabalhadores. Depois de um ano em que evolui a consciência de amplas parcelas do ativismo em torno da necessidade da mobilização pela liberdade de Lula, por Lula Livre (o que foi parcialmente conquistado e precisa ser garantido e aprofundado na luta), a Conferência fez um chamado a fazer de 2020 o ano de luta pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, mostrando uma profunda sintonia com o que deseja e precisa o povo brasileiro neste mo-

mento para defender suas já muito precárias condições de vida. Veja abaixo as principais resoluções adotadas pelo plenário da Conferência sobre o tema: “Realizar uma ampla campanha pelo “fora Bolsonaro” Nada de esperar pelas eleições, o caminho é o povo nas ruas Os comitês devem intensificar em todo o País a campanha nas ruas pelo “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”. Levantar um conjunto de reivindicações que se contrapunha ao avanço da ditadura da direita contra o povo e à paralisia dos setores da esquerda que querem apenas esperar pelas eleições e semear a ilusão de que a atual conjuntura de golpe e derrotas do povo trabalhador possa ser revertida por meio de processos eleitorais. • Fora Bolsonaro e todos os golpistas • Eleições gerais, com Lula livre e Lula candidato • Anulação da criminosa operação Lava Jato • Abaixo o golpe militar. Milicos na caserna • Plenária NACIONAL PELO FORA BOLSONARO • Fazer das eleições uma tribuna de luta contra o golpe • Incorporar nos mutirões a palavra de ordem fora Bolsonaro com um abaixo assinado • Intervenção dos comitês no carnaval • Incorporar lutas locais como pautas nos comitês (ex. reforma da previdência estaduais) • reformas nos Estados e Municípios atinge todos os trabalhadores • Incorporar claramente uma campanha em defesa de um Governo dos Trabalhadores • Luta contra os governos estaduais (fora Witzel; fora Doria etc) • Campanha com cartazes • Comitês formarem grupos para visitar locais para a campanha • Ampliar campanha nas fábricas e escolas, bairros • Contribuição das entidades para custear o jornal dos Comitês • Conferência Internacional da América Latina • Campanha internacional pela derrubada dos golpistas: Chile, Equador…. demais América Latina Organizar atividades com comunidades estrangeiras (da América Latina) que moram no Brasil Campanha Fora Imperialismo da América Latina Nada de frente ampla, frente de luta dos trabalhadores e da esquerda.”


OPINIÃO | 3 COLUNA

FNL realiza Encontro para discutir a conjuntura nacional Por Expedito Mendonça

Reunião do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo Todos os sábados às 16h

Num momento em que a luta social no país já se encontra paralisada (ou suspensa) em função das festas de final de ano, merece registro e destaque a iniciativa da Frente Nacional de Luta, movimento de trabalhadores sem terra, que busca organizar e coordenar as ações de luta deste segmento. No Distrito Federal, o movimento conta com três acampamentos, reunindo mais de 500 famílias, que se mobilizam pela conquista e regularização das terras onde se encontram. O evento realizado nesta sexta-feira, dia 20 de dezembro, aconteceu na embaixada da Venezuela, reunindo 85 participantes. Denominado “Encontro Frente Nacional de Luta Campo e Cidade do DF”, foi uma iniciativa conjunta da FNL e do Comitê Anti-imperialista Abreu e Lima, tendo como propósito realizar um debate acerca dos temas que estão em relevância neste momento na conjuntura política e econômica não só do Brasil, mas também dos países que se encontram em situação de mobilização e luta na América Latina. O encontro cumpriu o objetivo também de manter as famílias e os trabalhadores assentados mobilizados e preparados para qualquer situação que porventura possa acontecer, como por exemplo uma ação de reintegração de posse via processo que vem sendo movido pelos especuladores que reivindicam a propriedade da terra onde estão localizados os assentamentos. Na mesa de conjuntura nacional, merece destaque as colocações que foram feitas pelo coordenador do Comitê Abre e Lima, companheiro Pedro César Batista, que enfatizou a necessidade da esquerda nacio-

nal romper com o atual estado de paralisia e se movimentar no sentido da organização e do chamado às lutas populares no próximo período, com o intuito de conformar um amplo movimento nacional de luta, levantando a bandeira pelo “Fora Bolsonaro”. Por sua vez, o representante do PCO, companheiro Expedito Mendonça, colocou em relevo os ataques do governo Bolsonaro contra o país, os trabalhadores e as massas populares, denunciando também as ações que a extrema direita vem desenvolvendo no sentido de avançar em sua ofensiva contra os direitos democráticos da população; as leis repressivas contra os explorados pobres, negros e mulheres (pacote anticrime); as privatizações e a entrega do patrimônio público ao capital estrangeiro. O representante do PCO destacou ainda a importância da esquerda se apresentar nas eleições municipais do próximo ano defendendo um programa de luta contra o governo Bolsonaro e sua obra de destruição nacional, enfatizando a necessidade de se colocar como eixo de luta principal para o próximo período o “Fora Bolsonaro”; pela anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula e por novas eleições gerais. Por fim, o companheiro Expedito Mendonça salientou a importância da iniciativa dos Comitê Abreu e Lima e demais movimentos da esquerda do do DF em lançar, no dia 23 de janeiro de 2020, o “Comitê Popular pelo Fora Bolsonaro”, dando a largada para um grande movimento de envergadura nacional para colocar para fora o governo que vem promovendo a maior catástrofe de todos os tempos contra o país e os trabalhadores.

Local: Centro Cultural Benjamin Perét Rua Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde - São Paulo - SP Entre em contato conosco: • telefone/whatsapp: (11) 98192-9317 • facebook: @coletivorosaluxemburgo • Se você não for da cidade de São Paulo, participe a distância via Skype. Contato no Skype: mulheres_8


4 | POLÍTICA

É HORA DE MOBILIZAR

Rachadinha, lavagem de dinheiro: não faltam razões para Fora Bolsonaro Se a esquerda continuar apenas assistindo ao desastre do governo, a direita terá a chance de tentar contornar a crise mais uma vez O filho do golpista Jair Bolsonaro está sendo enquadrado pela direita tradicional do regime político. Devido às divisões internas da direita golpista, permitiu-se que as investigações contra Flávio Bolsonaro seguissem adiante, e parte da história já foi devidamente vazada para a imprensa, complicando a família de extrema-direita colocada no poder após o golpe de Estado. O filho do presidente golpista, ex-deputado estadual no Rio de Janeiro e hoje senador Flávio Bolsonaro, é acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de ser chefe de uma organização criminosa e de ter lavado dinheiro usando uma loja de chocolates em que teria como sócio um laranja. O esquema de “rachadinha”, que consiste em desviar os salários de assessores nomeados para um determinado parlamentar, teria movimentado cerca de R$2,3 milhões durante os mandatos de Flávio na Alerj. O dinheiro, que era parte dos salários dos assessores laranjas devolvidos ao parlamentar, teria sido lavado por meio de uma loja de chocolates franqueada da Kopenhagen no Rio, e também por meio da compra de imóveis.

O ex-PM Fabrício Queiroz, que oficialmente seria o motorista do gabinete de Flávio Bolsonaro, seria um velho amigo pessoal da família e é apontado como o operador do esquema das “rachadinhas”, sendo encarregado de receber de volta parte ou a totalidade dos salários dos funcionários fantasmas. A promotoria identificou um total de 383 depósitos na conta bancária de Queiroz, que juntos somam o valor de R$2 milhões. Parentes e milicianos

Na quarta-feira (18), a loja de chocolates foi um dos alvos de mandado de busca e apreensão cumpridos ao longo daquele dia. Os procuradores dizem que a organização criminosa de Flávio Bolsonaro teria funcionado “com alto grau de permanência e estabilidade, entre 2007 e 2018, destinada à prática de desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro”. Queiroz

Entres os supostos funcionários fantasmas estão parentes de uma ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. Esse dado respinga as denúncias no próprio presidente golpista. Além dessa ligação, a sogra e a esposa de Adriano Magalhães da Nóbrega teriam sido funcionárias fantasmas no gabinete de Flávio. Nóbrega é apontado como chefe do Escritório do Crime, principal milícia do Rio de Janeiro. Esse dado aponta, mais uma vez, a relação estreita do clã presidencial com as milícias e o crime organizado.

Fora Bolsonaro! Todos esses dados, que estão sendo levantados e divulgados pela própria direita, são motivos mais do que suficientes para justificar o imediato fim do governo Bolsonaro. No entanto, é a própria direita que está revelando essas informações, inclusive violando o sigilo de um processo que corre em segredo de justiça. Ou seja, a direita está à vontade para manobrar com esses fatos, procurando conduzir a crise política de acordo com sua própria conveniência. Usam esses fatos para tentar dar um desfecho à direita para a crise política nacional. A direita está à vontade para fazer essa manobra devido à omissão da esquerda diante da situação política. Atacam Bolsonaro para “colocá-lo na linha”. Mas essa jogada só é possível porque a oposição não se mexe. É preciso impedir que a direita consiga fazer essa manobra para tentar contornar a crise aberta pelo golpe. É a população que deve, mobilizada, derrotar o governo, levando em massa às ruas a palavra de ordem que concentra em si todos os fatores de oposição ao governo: Fora Bolsonaro!

FASCISMO SE DERROTA NAS RUAS

Neonazismo e fascismo: não são meia dúzia de gatos pingados Os fascistas estão se organizando por todo país, inclusive para a formação de um novo partido. A esquerda e os movimentos populares devem agir imediatamente para derrota-los. Com a ascensão do fascismo por todo mundo, ou melhor, na sua volta à frente de muitos setores da direita mundial, a esquerda em geral passou a prestar mais atenção, nestes que são movimentos que cada vez mais ocupam espaço nas matérias de jornais burgueses. Cada vez mais ao abrirmos os jornais vemos notícias e mais notícias a respeito de células fascistas surgirem por todo país, militantes de esquerda sendo espancados nas ruas, suásticas nazistas, etc. Aquelas organizações dadas como mortas e enterradas pela história começam a novamente se proliferarem, financiadas pela grande burguesia, que até então mantinha seu cão feroz preso na coleira. O Brasil, devido a seu grau de industrialização e desenvolvimento econômico, é entre os países atrasados onde mais se encontra este fenômeno. Anteriormente, quando Hitler e Mussolini encontravam-se no poder europeu, proliferaram-se por todo mundo movimentos fascistas, impulsionados pela propaganda demagoga da direita, a falência e crise dos ditos regimes democráticos e o financiamento de grandes capitalistas. Com isto, no Brasil viu-se surgir o maior dos movimentos fascistas dentre todos os países atrasados, o conhecido Integralismo, que sob uma demagogia supostamente “nacionalista” brasileira apoiava-se muito no que

conhecemos hoje como a política bolsonarista. Entre aqueles que buscam opor o fascismo com uma receita de bolo, muito se confunde os reais aspectos deste movimento. Ao olhar-se para o integralismo do século XX vemos em seu interior uma tentativa demagógica de enquanto apoiavam Hitler na Alemanha, ter como lideranças figuras negras no Brasil. Esta ação, meramente propagandística continua sendo utilizada pela direita até os dias atuais, como o caso de Fernando Holiday, entre tantos outros que comprados pela direita fazem política contra seu próprio povo. Devido a estes fatores, levar a sério as demagogias direitistas e não compreender sua ação geral, ou seja, que todas elas servem para destruir o movimento operário, são erros clássicos da esquerda, que voltam a se repetir. Além disso, aos poucos certos discursos se repetem. “São apenas gatos pingados” disseram os espertalhões da política pequeno-burguesa quando nasceu o movimento dos golpistas contra Dilma, ou quando apareceu no interior deste movimento setores que levantavam o desejo de ver Bolsonaro na presidência e a volta da Ditadura Militar. Novamente, com o surgimento de inúmeras demonstrações que a extrema-direita se organiza por todo país, muitos desejam fechar os olhos para esta realidade e crer que devemos

tratar tudo com a santa democracia consolidada que supostamente há em nosso país. Recentemente, veio a tona o maior grau sintomático desta organização fascista que vem se desenvolvendo no país. Ao que tudo indica, os fascista já planejam formar um partido próprio, oficial e nacional, logo após o anúncio do novo partido do fascista Bolsonaro, que ao sair do PSL decretou a formação de um grupo embrião para todo movimento de extrema direita. Alguns tendem como sempre a apenas se preocuparem com fatores eleitorais, vale dizer no entanto, que pela própria experiência que temos com os fascistas no Brasil, disputar votos nas eleições é o menor dos problemas. O desejo da extrema-direita em formar um partido fascista não decorre da mera necessidade de ocupar cargos no parlamento, para o fascistas, a ação organizada e a destruição por todas as vias possíveis do movimento operário é uma necessidade que vai muito além das regras eleitorais. Se na Itália de Mussolini a prática facista era a de invadir diversas regiões, matar sindicalistas, líderes do movimento popular, no Brasil muito disso já começou a aparecer quando a extrema-direita levantou a cabeça. No campo os sem terra são mortos cada vez mais, na cidade figuras como Marielle entre tantas outras, já demonstraram do que é capaz a extrema-direita.

Não estamos assim, lidando com meros grupos de fundo de quintal. Além dos integralistas, neonazistas, milicias organizadas e os carecas do ABC, vemos aparecer por todos os locais mais e mais grupos, que agora buscam se organizar. Logo, é um caráter de necessidade urgente para toda esquerda, todo movimento popular, organizar-se para derrotar os fascistas. Para a proteção dos militantes, organizar grupos de auto-defesa, para a derrota dos fascistas, levar a mobilização popular contra o governo Bolsonaro, a principal figura deste setor, não abaixando a cabeça para eleições controladas pelo golpe, e exigindo a saída deste que é um presidente ilegitimo, fruto da fraude eleitoral. Vale lembrar que no Brasil, todo este movimento foi derrotado no passado por esta força popular e não por termos um ou dois lugares a mais no parlamento. Os integralistas ao confrontarem os comunistas há dezenas de anos atrás, protagonizaram a famosa “revoada das galinhas verdes”, onde desesperados pela mobilização popular, os fascistas fugiram para todos os lados, largando seus uniformes verdes e se escondendo em suas tocas por um longo período. Impor essa derrota aos fascistas e ao golpe é o que precisamos realizar. Sendo assim, o Fora Bolsonaro e o chamado para Novas Eleições com Lula Candidato, é um importante passo nesta luta.


POLÍTICA E ECONOMIA | 5

CANCELAMENTO DAS PRIVATIZAÇÕES

2ª Conferência aprova: às ruas pelo cancelamento das privatizações Mais de 100 empresas estão para serem privatizadas pelo governo do fascista Jair Bolsonaro, tais como Correios, CEF, BB, etc. É necessário tirar Bolsonaro do governo. O ataque ao conjunto da população brasileira está, cada vez mais, tomando proporções nunca antes visto no País. Desde o golpe que tirou Dilma Rousseff do poder, através do impeachment absolutamente fraudulento, que os golpistas, começando com Michel Temer e agora com o fascista Jair Bolsonaro, como verdadeiros capachos que são, estão implementando medidas de destruição do país, para entregá-lo de bandeja aos abutres internacionais. Uma dessas medidas é a entrega de todo o patrimônio brasileiro, o solo, rico em minérios, o petróleo, terra e mar, como também, terras de preservação ambientais, de indígenas, e as estatais. A capacidade de devastação é tamanha que, neste ano, numa ânsia tamanha de entregar terras para exploração privada, estão destruindo imensas áreas da Amazônia com o propósito de que esses abutres possam explorar minérios, metais preciosos como ouro, entre outros lá existentes. O fascista Jair Bolsonaro, através do ministério da economia do golpista Paulo Guedes já elencou vários empre-

sas a serem privatizadas. Já entregou às petroleiras internacionais vários áreas do pré-sal a preço de banana, entregou também a Embraer, entregou, inclusive, a Base de Alcântara no Maranhão, no entanto a lista de entrega ultrapassa a centena. O Banqueiro golpista Paulo Guedes disse que não vê a hora de vender tudo e o seu chefe maior o fascista Bolsonaro, em um tom de desdém disse que são mais de 100, que lembrava da Empresa Brasileira de

correios e Telégrafos não lembrava das demais. No entanto, no pacote estão O Serpro, Dataprev, como também as maiores empresas do país como a Petrobras, Correios, bem como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Eletrobrás, completando a obra de destruição do famigerado governo FHC (PSDB). As consequências para os trabalhadores dessas empresas e para todo o povo brasileiro são drásticas e as pri-

vatizações não podem ser derrotadas por meras iniciativas parlamentares e discursos ou inúteis atos nos dias de leilões. É preciso colocar em movimento a força da CUT e dos sindicatos, a força da mobilização dos Comitês de Luta e dos trabalhadores da cidade e do campo. No governo do FHC, do golpista PSDB, ocorreu, também, a entrega de várias estatais, ta como a entrega da Vale do Rio Doce, por um valor irrisório. É preciso realizar uma ampla campanha junto aos trabalhadores e a população; realizar plenárias e atividades unificadas dos trabalhadores das estatais e das suas organizações, construir comitês de luta contra a privatização e, principalmente, organizar a ocupação das empresas ameaçadas, como no caso dos correios. Essa campanha deve estar absolutamente vinculada a campanha pelo Fora Bolsonaro. Na realidade, uma complementa a outra. Contra a destruição do patrimônio do povo brasileiro, colocar para fora como tarefa central o fascista Bolsonaro.

NAS ALTURAS

Prévia da inflação no ano aponta aumento no custo de vida da população Dados divulgados pelo IBGE evidenciam o que o povo já sabe: as condições de vida estão cada dia piores no Brasil de Bolsonaro. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na última sexta (20), a prévia da inflação para o ano de 2019 – e, embora não haja motivo para surpresa, os números são alarmantes. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor – Amplo 15) apresentou uma alta de 1,05% em dezembro, o maior resultado para o mês desde 2015. No ano, o indicador ficou em 3,91%, acima dos 2,67% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Esse resultado foi puxado pela alta nos preços da carne, que subiram 17,71% em dezembro. Alimentos como o feijão, essencial no dia a dia da população, também teve alta no preço em assustadores 20,38%. Na prévia da inflação, também se destaca o aumento do valor das passagens aéreas, 15,63% mais caras e dos combustíveis, que teve aumento de 1,76%. A alta no preço dos combustíveis não é nenhuma novidade para quem viu a Petrobrás – sob controle dos governos entreguistas – anunciar, dia após dia, a escalada dos valores dos combustíveis. Outros itens como jogos de azar ficaram 36,99% mais caros, em razão dos reajustes nos preços das apostas lotéricas, em vigor desde novembro deste ano. Todos esses dados são apenas uma comprovação do que a classe traba-

lhadora vem sofrendo desde o golpe de 2016, e que se intensificou com a chegada de Bolsonaro ao poder. A população não precisa acompanhar as notícias sobre economia para saber que seu poder de compra está menor a cada dia e as condições de vida, piores. Como se a alta do preço dos itens básicos de sobrevivência não fosse suficiente, a população vem sofrendo todo tipo de ataques aos seus direitos por parte do governo golpista.

Jair Bolsonaro e seu ministro Chicago Boy, Paulo Guedes, trabalham a todo momento seguindo a lógica neoliberal, tirando do povo para dar para os bancos e aos monopólios capitalistas. Aumentam os impostos – apesar de Bolsonaro fazer demagogia com o discurso de que o povo paga muito imposto – e atacam os salários – recentemente, o Congresso Nacional aprovou um reajuste para o salário mínimo de R$ 1.031,00 para 2020 – portanto, sem aumento real.

A destruição dos direitos trabalhistas e da Previdência pública também tornam as condições de vida da população ainda piores. Com a “reforma trabalhista” aprovada por Michel Temer após o golpe de estado, o trabalhador passou a ser mais intensamente explorado. A “reforma da previdência”, em tramitação no Congresso, deve levar muitas pessoas à condição de miséria. Fora todas as dificuldades econômicas enfrentadas pela classe trabalhadora, não há como deixar de mencionar a imensa quantidade de pessoas que estão desempregadas. Pelos números oficiais são mais de 12,4 milhões de desempregados no país, mas esses dados não incluem as pessoas que estão trabalhando sem carteira assinada, que chegam a 11,9 milhões, outro recorde alcançado pelo governo, segundo dados do IBGE. O número de pessoas que desistiram de procurar emprego, os “desalentados“, chega a quase 5 milhões. O saldo de primeiro ano de mandato de Bolsonaro é muito negativo para a maior parte da população, que compreende que suas perdas são culpa do governo. Sabendo disso, não há outra alternativa além de mobilizar os trabalhadores para irem às ruas exigir a derrubada de Bolsonaro e de todos os golpistas.


6 | INTERNACIONAL

EXTREMA-DIREITA AVANÇA

Alemanha: com conivência do Estado, grupos nazistas se reorganizam O crescimento do fascismo é um fenômeno mundial – ocorre em países imperialistas e em países atrasados. Os grupos alemães de extrema-direita aumentaram em 2019, segundo pesquisa de uma agência de inteligência alemã (o BfV). Divulgada nesta semana pelo jornal alemão Tagesspiegel, ela informa que atualmente tais grupos contam com pelo menos 32,2 mil integrantes. Em 2018, haviam sido identificados 24,1 mil militantes de extrema-direita. Na contagem de nazistas, foram acrescentados grupos associados ao partido neonazista Alternativa para a Alemanha. Por exemplo, 7 mil membros do grupo A Ala (Der Flügel) passaram a ser considerados extremistas de direita, com potencial para praticar ataques terroristas, intimidar imigrantes e outros setores vulneráveis, e cometer assassinatos. Órgãos de segurança alemães afirmam à imprensa que estão comprometidos com o controle das facções neonazistas. Foram anunciadas recentemente medidas para intensificar a vigilância das comunicações de células mais violentas e para nelas infiltrar agentes. O crescimento da extrema-direita alemã na última pesquisa não surpreende. Em outubro ocorreu na cidade de Hal-

le um ataque antissemita que vitimou duas pessoas. O político direitista Walter Lübke foi assassinado em junho por um nazista que o acusava de ser demasiado simpático com os imigrantes. Pontos turísticos de Berlim são patrulhados por grupos de extrema-direita, que visam sobretudo moradores de rua, imigrantes e aquilo que julgam como “potenciais batedores de carteira”. O movimento anti-islâmico fascista Pegida foi fundado em Dresden, cidade do leste alemão, em 2014. A imprensa dá conta de investigações sobre a articulação de grupos nazistas dentro de instituições públicas, como a polícia de Frankfurt. Uma célula denominada Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU) foi responsável pelas mortes de pelo menos 9 imigrantes e um policial nos anos 2000. A condenação da líder do grupo e de pessoas associadas se deu apenas em 2018. Investigações de parlamentares alemães sobre a atuação do estado na prevenção e apuração dos assassinatos concluíram que houve omissão e negligência da parte das instituições de segurança. A grande crise econômica de 2008 não foi superada. Seus efeitos ainda

perseguem os capitalistas em todo o mundo. É da natureza do capitalismo a ocorrência de grandes crises e, à medida que o imperialismo cambaleia, elas tendem a se tornar cada vez maiores. Quando a burguesia perde o controle da crise econômica pelas vias “democráticas” usuais, ela recorre a

um instrumento mais perigoso e drástico, ao fascismo, para roubar dos trabalhadores os recursos de que o capital necessita para prolongar um pouco a sua vida. Mas o capitalismo está na UTI. É preciso unificar os trabalhadores para destruí-lo de vez e instaurar o socialismo!

EXTREMA-DIREITA AVANÇA

Rádios indígenas são censuradas pelo governo golpista na Bolívia Desde o golpe contra Evo Morales, rádios comunitárias geridas pelo povo e movimentos sociais bolivianos vêm sendo destruídas na tentativa de controlar a reação popular. Na Bolívia, país que sofre as consequências do golpe de estado que derrubou o presidente eleito Evo Morales, o governo provisório e golpista de Jeanine Añez tenta silenciar a voz do povo atacando as rádios comunitárias. Até a renúncia imposta ao presidente, existiam no país 53 emissoras ativas distribuídas entre as 9 províncias bolivianas, todas gerenciadas pela população nativa e por organizações sociais. Agora, a sua maior parte está inativa, foi destruída ou foi saqueada na onda de violência provocada pela extrema-direita. A primeira rádio comunitária foi inaugurada pelo presidente Evo Morales em 2006. Em 2007, as rádios passaram a divulgar “orientações no âmbito político, cultural, ideológico e programático” a pedido do presidente. Em 2011 , a Assembleia Legislativa aprovou a Lei de Telecomunicações, que estabelecia que o Estado teria 33% das frequências, os povos indígenas, 17%, e os movimentos sociais e sindicato, os outros 17%. O setor privado, que anteriormente tinha 90% das frequências, ficaria com 33%. Saques, incêndios e depredações promovidas pelos fascistas tornaram-se frequentes. Foi suspenso o repasse de recursos financeiros que vinha da propaganda governamental e muitas rádios tiveram que fechar suas portas por não ter como manter os funcionários. “Eu esperava chegar até o final

do ano, mas o administrador nos disse que não havia dinheiro e que ele só iria transmitir música porque não temos mais publicidade nem transmissões com o novo governo. Somos 11 pessoas com famílias que estão nas ruas ”, disse um trabalhador de rádio na cidade de

La Paz que pediu para não publicar nomes. O líder do movimento camponês Rodolfo Machaca informou ao jornal La Razon que ainda estão levantado dados nas estações que pararam de funcionar, e que as que ainda funcionam não

transmitem notícias, apenas tocam músicas. “Temos o relatório preliminar de que em Santa Cruz foi saqueada a rádio da Federação Única de Camponeses, assim como a das interculturais. Em La Paz, eles destruíram a rádio da Confederação Única dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia e tentaram tomar a rádio Bartolina Sisa. Em Cochabamba eles queimaram a emissora dos plantadores de coca ”, afirmou. A ministra de comunicação do governo golpista não recebe os administradores das rádios, porém apresentou um projeto de decreto para “A recuperação da liberdade de expressão na Bolívia”, que em um de seus artigos afirma “atribuir ou realocar as rádios dos povos originais no âmbito da inclusão social para expandir o direito de acesso à informação ”. Belas palavras de esquerda em boca de golpistas de direita: a liberdade a que se referem certamente não inclui a voz da população oprimida e assassinada pelo governo autoproclamado. O gerenciamento das rádios pelos povos originais e movimentos sociais certamente está relacionado com o grau de reação demonstrado pela população boliviana nos últimos meses, assim como o impulso ao enfrentamento com o golpe de estado. Para isso, o governo golpista boliviano tenta a todo custo acabar com as rádios comunitárias.


INTERNACIONAL | 7

CRISE DO IMPERIALISMO

Greve geral na França contra Macron tem apoio da maioria da população Greve na França é apoiada por 66% da população do país, segundo pesquisa do jornal conservador Le Figaro, o que por si só já indica um apoio ainda maior da população à mobilização. Após 16 dias de greve nos transportes da França, o jornal conservador Le Figaro divulgou uma pesquisa na qual apresenta um apoio massivo da população às greves contra a reforma da previdência francesa e contra o presidente neoliberal Macron, que propõe acabar com 42 regimes de aposentadorias especiais e subir a idade mínima para 64 anos. Deve-se destacar o fato de que esse tipo de pesquisa é manipulado para sempre parecer desfavorável para a luta da classe trabalhadora, o que demonstra como o número de apoiantes deve ser bem maior que o 66% divulgado, ainda mais por se tratar de um jornal conservador. O governo apostou no esfriamento das mobilizações e das greves durante um período, com a esperança de que com a proximidade do fim do ano a população rejeitasse a luta. No entanto, a maioria dos sindicatos que entraram em greve não deverá realizar nenhuma pausa para o natal e o ano novo, demonstrando como a classe operária está disposta a sacrificar o pequeno período de descanso criado pela burguesia para tentar impedir a explosão

dos trabalhadores no final do ano em prol de garantir a aposentadoria. Algumas análises dão conta de que o governo estaria disposto a negociar alguns pontos da reforma, mas que não abriria mão do limite da extinção dos 42 tipos de aposentadorias especiais. Trata-se na verdade de uma estratégia para tentar enganar a população, chegando a um acordo sobre o não aumento do limite de idade, que poderia acontecer por fora da proposta assim que as greves e as manifestações esfriassem. Estratégia semelhante foi vista no Equador quando as mobilizações estouraram e no Brasil, também com a reforma da previdência, em que os funcionários dos estados ficariam de fora em um primeiro momento, mas que foram incluídos no roubo dos trabalhadores em uma proposta separada. É preciso que a mobilização seja apoiada e que outros setores da classe trabalhadora se somem na luta. A política de acordos com o governo deve ser rejeitada e os trabalhadores não devem abrir mão de suas reivindicações até que elas sejam atendidas. Fora Macron!

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8 | CIDADES

OPERAÇÃO CALVÁRIO

Abandonado pelo PSB, ex-governador da Paraíba Ricado Coutinho é preso Ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho foi preso por suposto envolvimento com desvios de verba pública que somam o total de quase 140 milhões de reais. Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Natal, no Rio Grande do Norte, no fim da noite da quinta-feira (19), quando do seu retorno de viagem à Europa, foi preso por policiais federais o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB), um dos alvos da sétima fase da “Operação Calvário – Juízo Final”, que investiga desvios de R$ 134,2 milhões na saúde e educação da Paraíba. Na manhã de ontem (20), após a realização da audiência de custódia, foi mantida a prisão preventiva do ex-governador, para a surpresa de seu advogado Eduardo Cavalcanti, que esperava que a prisão fosse revogada. Por essa razão, ele deverá ser transferido para a Penitenciária de Segurança Média Juiz Hitler Cantalice, no bairro

de Mangabeira, na capital paraibana, junto aos demais presos na sétima com prerrogativa de prisão especial. Segundo a operação, o valor total desviado da saúde e educação foram destinados a agentes políticos e às campanhas eleitorais de 2010, 2014 e 2018. Uma conversa gravada mostra Ricardo Coutinho debatendo valores de supostas propinas com o operador da Organização Social Cruz Vermelha (CVB) e Instituto de Psicologia Clínica Educacional e Profissional(Ipcep), Daniel Gomes. No áudio, Coutinho questiona sobre o pagamento de quantias em atraso. O ex-governador nega as acusações, e disse, na terça-feira (17), que “jamais seria possível um Estado ser governado por uma associação criminosa e ter vivencia-

do os investimentos e avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados”. A investigação identificou fraudes em procedimentos licitatórios e em concurso público, além de corrupção e financiamento de campanhas de agentes políticos e superfaturamento em equipamentos, serviços e medicamentos. Embora já tivesse sido expedido o mandado de prisão preventiva para o político, ela só pôde ser efetivada agora quando do retorno da viagem de férias. Mas, mesmo antes, seu advogado já havia impetrado habeas corpus ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), para tentar evitá-la, o que não foi possível pois o STJ não havia proferido nenhuma decisão. Coutinho, embora do PSB e defensor de alianças com a direita, é um ex-pe-

tista que foi contra o impeachment de Dilma Rousseff, possui ligações com apoiadores do ex-presidente Lula e pertence a uma ala mais nacionalista do PSB. Por isso, acabou sendo vítima de mais uma prisão política do regime golpista, não tendo recebido apoio algum de seu partido. Pelo contrário: o seu sucessor João Azevêdo, atual governador da Paraíba, defendeu publicamente as investigações. Em nota divulgada na terça-feira (17), o atual governador informou que está colaborando com as investigações da Operação Calvário: “desde o início, a atual gestão tem mantido a postura de colaborar com quaisquer informações ou acesso que a Justiça determinar em seus processos investigativos”.

ROUBO DA APOSENTADORIA

Governadores de esquerda promovem desmonte da previdência no Nordeste Cinco governadores do Nordeste já aprovaram a reforma da Previdência em seus respectivos estados, o que os colocam na vanguarda do ataque às aposentadorias dos servidores. A aprovação da reforma da Previdência no estado do Ceará, que aconteceu na última quinta-feira (19), confirmou o Nordeste como a região onde o ataque às aposentadorias dos servidores está se desenvolvendo de maneira mais fluida. Camilo Santana (PT) se tornou o quinto governador nordestino a ter sua proposta aprovada pelos deputados estaduais, seguindo os passos de Paulo Câmara (PSB-PE), Renan Filho (MDB-AL), Wellington Dias (PT-PI) e Flávio Dino (PCdoB-MA). As reformas da Previdência nos estados são uma continuação dos já brutais ataques do governo Bolsonaro às aposentadorias dos servidores. Impulsionados pelos capitalistas, que querem desviar todo o dinheiro da Previdência para seus cofres, os governos estaduais elegeram os dois últimos meses para organizar mais essa ofensiva contra os direitos trabalhistas. Ao todo, nove estados já consagraram o roubo da aposentadoria

de seus funcionários públicos, distribuídos da seguinte maneira pelo país: Nordeste (55%), Norte (11%), Sudeste (11%), Centro-Oeste (11%) e Sul (11%). Como se pode ver, o Nordeste concentra mais reformas da Previdência do que todas as demais regiões somadas. Contraditoriamente, essa é a região que mais concentra governadores que se declaram opositores ao governo Bolsonaro. Dentre os nordestinos que atacaram a aposentadoria dos servidores, três pertencem à chapa PT-PCdoB, que foi a principal adversária de chapa vencedora, liderada pelo fascista Jair Bolsonaro. Os dois governadores restantes, por outro lado, foram eleitos com apoio explícito do PT. A posição de vanguarda dos governadores do Nordeste em relação aos ataques à aposentadoria dos servidores estaduais é, na verdade, apenas a continuação de uma política que já havia sido anteriormente expressa por

essa ala do regime. Em inúmeras oportunidades, tais governadores, que foram eleitos por uma base ativa, popular, que se dispõe a lutar contra o golpe e o fascismo, já haviam sinalizado que estavam procurando um acordo com o governo Bolsonaro em nome de condições estáveis para seus governos. Todos os governadores do Nordeste reconheceram Bolsonaro como um presidente legítimo – embora seja esse um inimigo do povo pobre e um vigarista que ascendeu ao poder após uma escancarada fraude eleitoral. Durante a discussão sobre a reforma da Previdência nacional, frequentemente os governadores nordestinos declaravam publicamente que era necessário algum tipo de alteração na Previdência dos trabalhadores, favorecendo, assim, os capitalistas, maiores sonegadores da Previdência nacional. Ceder às pressões do governo Bolsonaro, defender publicamente todos

os seus ataques e castigar o próprio povo, em troca apenas da possibilidade de aplicar meia dúzia de programas sociais em seus estados, não é uma política que pode ser levada adiante pela esquerda. Afinal, o governo Bolsonaro é o governo da burguesia, o governo dos que querem assolar o país para salvar os parasitas que sempre impediram o desenvolvimento nacional. A única política viável é, portanto, aquela que se volte para a derrubada imediata do governo ilegítimo. É preciso, portanto, que os trabalhadores e setores democráticos rompam com a política de capitulação e de adaptação ao governo Bolsonaro. Todos os acordos com a direita se mostraram, até aqui, desastrosos, e não têm razão para deixarem de ser. Atender aos interesses da direita apenas confunde e desmobiliza o movimento já incendiário de luta contra o golpe, permitindo que a extrema-direita avance.

FORA DORIA

Trabalhadores ambulantes colocam PMs para correr no Brás (SP) No Brás, bairro de São Paulo, os ambulantes cansados com a truculência da polícia, revidaram colocando os agentes para correr. No último dia 19, ambulantes colocaram vários policiais para correr na região do Brás, bairro central de São Paulo. O motivo do protesto foi a rotineira ação criminosa da Prefeitura, que confisca as mercadorias dos ambulantes que trabalham nas ruas do Brás. Segundo os ambulantes, as ações de confisco são cada vez mais frequentes. Cada vez que uma mercadoria é apreendida, os ambulantes precisam

pagar uma multa para poder reaver os seus produtos. Para os tucanos, que administram o estado de São Paulo há mais de vinte anos, os trabalhadores que tentam sobreviver em meio à falta de emprego – que, lembremos, foi gerada pelo golpe de Estado, levado à cabo por empresários que estavam sabotando a economia – devem ser presos, criminalizados, colocados como “ilegais”.

Morrendo de fome, morando em barracos, os trabalhadores mais carentes tentam sobreviver da forma que podem, vendendo produtos diversos, muitos desses conhecidos popularmente como, “do Paraguai”, e, agora, serão penalizados por trabalhar. Estamos vendo a cada dia mais pessoas nessa situação, nas capitais de São Paulo, do Rio de Janeiro, são milhões de pessoas vendendo

água, refrigerante, lanches rápidos etc. Os ambulantes devem se organizar para atacar a PM que vai roubar suas mercadorias, os trabalhadores devem criar comitês de auto-defesa para se defender da Policia e dos fiscais. Essa ação dos ambulantes deve ser o padrão e não a exceção. É preciso, também, que toda a população se organize para pôr fim ao governo truculento e inimigo do povo do PSDB. Fora Doria!


CULTURA E MULHERES | 9

GOLPE CENSURA A ARTE

ASSISTA

Porta dos fundos: “censura do bem” atinge a esquerda

Documentário “O Futuro Ausente” tem participação de Rui Costa Pimenta

O programa Porta dos Fundos sofreu grande perseguição da direita brasileira nesta última semana. Em nome da “censura do bem” os direitistas buscam destruir a arte brasileira.

Documentário analisa a conjuntura política de 2013 até os dias atuais.

Uma das grandes polêmicas da última semana foi o caso envolvendo o tradicional especial de Natal do grupo humorístico Porta dos Fundos, uma polêmica que levantou o debate sobre problemas como liberdade de expressão e censura, em uma frenética campanha da direita contra o programa. Devido ao enorme sucesso que o especial fazia em seu canal no Youtube, o Porta dos Fundos foi parar na Netflix, pelo seu segundo ano, ganhando uma repercussão de grande expressão a nível nacional e até internacional. O especial trazia uma versão humorística de clássicas figuras cristãs, como Jesus, retratado como homossexual, sua mãe Maria e a relação com Deus, além de em certo momento criar uma interação de Jesus com figuras de outras religiões, como Buda, Shiva, etc. O programa em si fez enorme sucesso, porém junto a isso contou com uma série de denúncias por parte da direita, grupos religiosos, etc. Todos estes falando em nome do “desrespeito religioso”, dos “limites da liberdade de expressão” e pregando a censura do Porta dos Fundos mais uma vez. O discurso utilizado pela extrema-direita curiosamente muito se fez semelhante com o típico discurso da esquerda pequeno-burguesa, que assim como a direita neste caso, vem pregar a censura contra o que por ela é considerado “intolerância religiosa”. Se a esquerda considera que criando leis que visam censurar o tratamento da direita dado as religiões afro por exemplo, é a solução dos problemas, vemos que a direita busca usar dos mesmo artífices para censurar justamente a esquerda. Neste jogo de forças, quem sai vitorioso é sempre aquele que possui o controle sobre as instituições, ou seja, a direita. Toda esta campanha contra o Porta dos Fundos denota de onde realmente vem, e a quem beneficia, a política de que “liberdade de expressão tem limites”, e que aqueles dos quais ultrapassarem estes limites deveriam ser punidos pela lei. Se anteriormente o discurso era utilizado na defesa dos homossexuais contra as falas caluniosas direitistas, chegando até mesmo virar crime, agora percebe-se que o fortalecimento da justiça nada mais é que o fortalecimento da direita, ampliando ainda mais o leque de possibilidades em que a burguesia possa vir a censurar o povo, dessa vez com um aval prévio da esquerda. É provado ainda mais os limites bem estreitos que tem esta “liberdade de expressão”, sempre em nome da famosa “censura do bem”, que por fim apenas segue e são ditados de acordo com os interesses da direita. O caráter democrático deste problema deve ser intensamente discutido. Em um período onde setores da

esquerda adotam a política de censura da burguesia em nome de um bem moral, de uma conduta sobre o que seria o certo e o errado na fala de um cidadão, a esquerda se desprende da clássica defesa dos direitos democráticos, o que como vemos neste caso com o Porta dos Fundos, sempre vem culminar em mais ataques contra a própria esquerda. Os direitos democráticos é o que resta ao povo poder se expressar livremente, sem as rédias da burguesia, contudo, nos dias atuais tal realidade está muito longe de ser vista. No Brasil de hoje você pode ser preso por qualquer coisa, tudo em nome do bem, de uma suposta defesa dos oprimidos, que na verdade sempre favorece aos opressores. A justiça prender um homem pobre esmagado pela sociedade em nome da defesa de uma mulher pobre também esmagada pela sociedade é fácil, encarcerar e censurar os trabalhadores é política vigente neste país, independente de que aparência moral ela tome. No entanto, sabemos que os mesmos pretextos jamais serão utilizados contra a direita, tornando-se assim uma perseguição total contra o povo, e apenas ele. Defender a liberdade de expressão, que só é liberdade por não ter limites, é de extrema importância para os trabalhadores. É o que permite sua organização e sua discussão política sem o controle do Estado. O caso da Porta dos Fundos, e toda a censura contra a arte brasileira, é um reflexo disso e por isso deve ser denunciado. O golpe de Estado da passos largos na implantação de uma ditadura no Brasil, e a garantia da liberdade de expressão é um pilar nesta luta contra a extrema-direta. Devemos garantir os direitos democráticos do povo acima de qualquer moral, seja ela aquela dita pela direita ou a defendida pela esquerda-pequeno burguesa, só assim seremos minimamente livres do controle da burguesia, não abrindo as portas para a campanha ditatorial que se aprofunda nos últimos anos.

Lançado no dia 17 de dezembro, na plataforma Bombozila, o documentário O Futuro Ausente, dirigido por Arthur Moura, faz uma análise da conjuntura política desde 2013 até os tempos atuais, analisando a participação da esquerda nos protestos e a ascensão do fascismo no cenário político. O documentário contou com entrevistas de várias figuras da esquerda, entre elas, a do companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO. Leia a seguir algumas das falas do companheiro Rui: A ideia de que não haja classe operária, de que a classe operária retrocedeu absolutamente, é absurda. Eu acho que nunca houve tantos operários no mundo como hoje. Acho não, tenho a absoluta certeza, pela dimensão da economia, que nunca houve tantos operários. A produção mundial é muito grande e a tendência dela é crescer, lógico, independentemente das crises capitalistas e do fato de que o capitalismo em si é um retrocesso para a produção. Então, primeiro, a gente não deve se confundir nesse sentido. Segundo é que eu acho que a raiz principal da confusão está nos acontecimentos posteriores à segunda guerra mundial, por causa do estado de bem estar social. A burguesia, vendo a situação revolucionária que a guerra havia causado, decide universalizar um sistema de direitos e de atendimento social para a classe operária e a população em geral, mas isso é uma conquista, na realidade, da classe operária. Essas conquistas não são um padrão geral de vida da classe operária, elas são uma medida ultradefensiva da burguesia diante da possibilidade da revolução. Agora,

nós entramos numa etapa diferente, os estados estão falidos, o capitalismo está em retrocesso novamente, depois de um breve período de alívio, e não consegue manter a organização de classe nas mesmas bases anteriores, então nós estamos voltando a uma situação que é um “misto” de pós 1945 e primórdios do capitalismo, mistura tudo. Você tem o trabalhador que tem a carteira assinada, décimo terceiro, férias, etc. e tal; e você tem aquele outro trabalhador que não tem nada, ele só tem o salário. Nesse momento a organização é difícil. Os trabalhadores têm sofrido bastantes derrotas, mas isso é um resultado de uma política que encurrala a classe trabalhadora de um modo geral, que é uma política de recessão, digamos assim, de baixa intensidade. Uma política que busca o equilíbrio num desemprego oculto, no sub-emprego, que coloca os sindicatos na defensiva, na cooptação dos dirigentes sindicais através da democracia, que é muito importante. Os capitalistas encontraram um equilíbrio precário nessa situação, mas isso daí tem limite. Vai se esgotar e os trabalhadores vão voltar à luta numa intensidade muito grande. Não só os trabalhadores, todos os setores explorados da população. Como nós estamos vendo, no Equador foi uma revolta generalizada. Ocuparam o Congresso, tentaram ocupar o Palácio do governo, não é pouca coisa. E no Chile agora a burguesia está assustada, declarou que a população no Chile é inimiga. Como se fosse uma guerra. É uma guerra, na verdade. Isso daí é um preâmbulo, uma faísca muito grande, um raio de uma guerra civil que está sendo gestada, que é latente na sociedade. Não há dúvida nenhuma sobre isso.


10 | MULHERES

UM SISTEMA DECADENTE

No capitalismo, mulheres vão ter que esperar 250 anos para igualdade É impossível que haja qualquer tipo de igualdade entre mulheres e homens no capitalismo, somente uma revolução pode fazer com que a mulher seja verdadeiramente emancipada. A situação da mulher no sistema capitalista é sempre baseado em extrema insegurança, exploração e opressão, isso em todos os âmbitos, desde a vida em casa até a vida fora, como no mercado de trabalho. Uma das maiores dificuldades, inclusive, está na desigualdade no trabalho, onde mulheres acabam sendo direcionadas aos cargos mais baixos e receber os piores salários em relação aos homens. Um exemplo disso está no relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM), divulgado nesta última terça-feira (17), onde os números apontam que as mulheres terão de esperar mais de dois séculos para alcançar a igualdade no trabalho. Isso, claro, no sistema capitalista. Apesar do aumento da presença das mulheres tanto nas universidades, quanto no mercado de trabalho, o relatório não deixa de chamar atenção para o fato de que há um aumento crescente na desigualdade nos locais de trabalho. Ainda, segundo o relatório, essa disparidade não deve ser eliminada até o ano de 2276. Essa desigualdade cresceu, principalmente, desde o ano passado para cá, em que fica claro que um dos principais motivos para mais esse ataque às mulheres se deve aos retrocessos causados pela extrema-direita, que vem avançando cada vez mais, principalmente na América Latina. A onda fascista que vem atingindo dezenas de países faz com que a situação da mulher tenda a piorar. Com sede em Genebra, o Fórum Econômico Mundial avalia anualmente as desigualdades em 153 países e em

quatro áreas: educação, saúde, economia e capacitação política. Nessas quatro áreas, a disparidade diminuiu um pouco, mas não o suficiente para fazer com que a situação das mulheres melhore exponencialmente. Nem mesmo com a demagogia da direita sobre “empoderamento” e direito das mulheres, foi possível fazer com que essas disparidades alarmantes fossem resolvidas. Muito pelo contrário, todo esse discurso ser, apenas, para mantê-las nas rédeas da exploração

capitalista, como se fosse culpa das mulheres esse problema, entrando até o quesito da meritocracia. Levando em conta oportunidades de emprego e pagamento de salários, o relatório final da FEM indica que serão necessários 257 anos para que se atinja a igualdade entre homens e mulheres. Esses dados mostram que não é possível, nem em dezenas de anos, as mulheres alcançarem a igualdade no trabalho, muito menos serem totalmente emancipadas. Isso porque,

enquanto o modo de produção capitalista estiver em vigor, se sustentando da opressão e exploração, nenhum humano estará livre. Somente um revolução onde a classe trabalhadora passe a gerir um governo operário e socialista é que as mulheres poderão se emancipar e alcançar a paridade em todos os âmbitos da vida, pois não mais haverá opressão e exploração. colocar que só a revolução pode mudar essa situação e de maneira bem rápida.


MOVIMENTO OPERÁRIO E POLÊMICA | 11

ENQUANTO OS PATRÕES FATURAM

Aumenta o número de bancários afastados por doenças ocupacionais A cada dia que passa aumenta o número de afastamento de bancários dos seus locais de trabalho devido ao adoecimento por causas ocupacionais. Dados dos estudos realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) revelam que, a cada dia que passa, a categoria bancária aumenta o número de afastamento de trabalhadores bancários por motivo de doenças ocupacionais. Segundos os dados coletados pelos pesquisadores, os afastamentos vêm aumentando ano a ano devido ao processo de digitalização bancário e com a redução do número de funcionários e, consequentemente, o aumento da carga de trabalho daqueles que permanecem no banco. Um dado significativo foi em relação à mudança no perfil dos afastados, deixando de ser aqueles que são acometidos por LER/ DORT (Lesão por esforço repetitivo/ distúrbio osteomuscular relacionados ao trabalho), passando a liderança de afastamento em 1/3 dos casos aque-

les que sofrem algum tipo de transtorno mental. Desde o início do golpe através da farsa do impeachment, no reacionário Congresso Nacional, da presidenta Dilma Rousseff até hoje, com a política de ataque aos trabalhadores, foram demitidos dos quadros dos bancos mais de 50 mil funcionários. Seja através dos famigerados PDVs (demissões travestidas de plano “voluntário” de desligamento) ou de processo de demissões sem justa causa os banqueiros cortaram substancialmente o número de trabalhadores o que leva o bancário hoje ser obrigado a executar o serviço de três ou mais funcionários. Os bancários são umas das categorias mais afetadas pelas doenças desenvolvidas no trabalho. As principais doenças são as mentais, tais como o estresse, depressão, ansiedade, sín-

drome do pânico; e motoras como as de síndrome degenerativos e cumulativas como a LER/DORT, doenças de coluna, tendinite, bursite, síndrome do túnel carpo, entre outras. Os dados do INSS em relação a concessão de benefícios acidentários ou previdenciários dos bancários, que só vão até 2017, são reveladores: cerca de 36 mil bancários foram afastados do trabalho por motivo de doenças ocupacionais. Isso, logicamente, sem contar com um contingente gigantesco de bancários que tiveram o benefício negado pelo INSS ou que não acionaram a Previdência e permanecem trabalhando, mesmo adoecidos, a base de remédios como antidepressivos e ansiolíticos, etc. Estudos revelam que a categoria bancária é a que corre o maior risco de desenvolver distúrbios psicológicos e, mostram que esses trabalhadores cor-

rem um risco duas vezes e maior de se afastarem do trabalho por mais de 15 dias consecutivos por problemas mentais. O assédio moral nas relações de trabalho, ou seja, a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras dos chefes, as cobranças de metas para garantir os bilionários lucros dos banqueiros, o terror das demissões, a sobrecarga de trabalho, o desrespeito aos direitos do trabalhador, enfim, um implacável sistema de opressão no trabalho debilita e afeta – muitas das vezes profundamente e de forma irreversível – as já precárias condições de vida e de saúde da categoria bancária. Estes dados comprovam que ao contrário do discurso de “criação de melhores condições” pelos bancos aos seus funcionários, a situação dos bancários é um verdadeiro caos.

DERROTA DE CORBYN

Ainda sobre o fracasso da esquerda britânica As explicações por parte da imprensa burguesa e dos ideólogos da esquerda pequeno-burguesa não dão conta da complexidade da luta de classes no Reino Unido. A derrota de Jeremy Corbyn, da extrema-esquerda do Partido Trabalhista britânico, e a consequente vitória do direitista Boris Johnson, do Partido Conservador britânico, repercutiu em todo o mundo como um dos mais importantes eventos políticos deste fim de ano. A partir daí, vieram à tona uma série de teses sobre o trabalhismo britânico que serão analisadas neste artigo. 1 – Seria o Partido Trabalhista de direita? O Partido Trabalhista não é muito diferente dos partidos social-democratas que se desenvolveram em todo o mundo ao longo dos últimos dois séculos. Assim como o Partido dos Trabalhadores (PT), no Brasil, o Partido Trabalhista Britânico possui uma vasta ligação com os sindicatos do Reino Unido e com o movimento popular em geral. Ao mesmo tempo, sofreu uma forte infiltração de setores da burguesia e da pequena-burguesia, que foram responsáveis por conduzir o partido a uma política que interessava à classe dominante. Um dos principais responsáveis por fazer com que o Partido Trabalhista desse uma guinada à direita foi Tony Blair, expoente do chamado novo trabalhismo. Blair impôs uma série de mudanças no partido, afastando os sindicatos das decisões partidárias e criando condições para que a organização se tornasse um pilar da aplicação da política neoliberal. As bases mais operárias e jovens do Partido Trabalhista, no entanto, pres-

sionadas pela situação miserável para a qual a crise capitalista as empurrou, foram responsáveis pela ascensão de Jeremy Corbyn, que atingiu a liderança do partido com uma plataforma oposta ao novo trabalhismo. Tal fenômeno comprovou que, mesmo que o Partido tivesse sido dominado por uma ala pró-imperialista durante algum tempo, sua composição social o levou rapidamente para a esquerda. O corbynismo não foi um fenômeno fugaz e de características puramente eleitorais. A plataforma erguida por Corbyn no início de sua ascensão – e que foi, equivocadamente, alterada ao se aproximar das eleições – é a expressão clara da necessidade do movimento operário britânico em se chocar com os interesses da direita imperialista. Questões como o fim do Estado de Israel, os direitos trabalhistas e a política externa britânica são parte de um programa necessário para a atual etapa de crise capitalista. 2 – Teria o Partido Trabalhista chegado ao fim? As capitulações de Jeremy Corbyn perante a direita britânica foram responsáveis, de fato, por sua derrota. No entanto, essa derrota não resultará em uma derrota definitiva de toda a extrema-esquerda trabalhista. Muito pelo contrário: na medida em que a ala mais direitista do Partido Conservador tomou as vagas dos elemento mais tradicionais da burguesia, a dissolução do regime político continua em marcha a todo o vapor.

Se os setores mais tradicionais do Partido Conservador – que são os setores que defendem abertamente a política neoliberal – foram derrotadas nas últimas eleições, ao mesmo tempo que todas as tentativas de Corbyn de se aproximar de uma conciliação com a burguesia se mostraram ineficientes, tudo indica que a polarização política se acentuará ainda mais no Reino Unido. Com esse colapso, a extrema-esquerda trabalhista tenderá, uma vez recuperada do abalo da derrota, a voltar a crescer. 3 – O Brexit Outro ponto de muita discussão é a saída do Reino Unido da União Europeia – o famoso Brexit. A União Europeia é um dos pilares da dominação do imperialismo europeu sobre os trabalhadores britânicos. Há muito tempo, a população britânica tem se revoltado contra a abertura de mercado, responsável pelo fechamento de indústrias e pela baixa valorização da mão de obra. Qualquer organização de esquerda que saia em defesa da União Europeia está, portanto, se distanciando dos anseios do povo pobre e trabalhador do Reino Unido e cumprindo as exigências dos setores dominantes da burguesia. No entanto, por falta de iniciativa da esquerda, a extrema-direita, de maneira demagógica e artificial, vem liderando o processo de saída da União Europeia desde seu referendo, em 2016. O fato de haver, nas bases do Partido Trabalhista, um setor contrário

ao Brexit, fez com que Corbyn cometesse uma de umas vacilações fatais. Na medida em que não se propôs, de maneira firme, a retirar o Reino Uido da União Europeia, Corbyn continuou sendo associado à política tradicional do regime político, arrefecendo todo o movimento que o apoiava para pôr abaixo a farra dos capitalistas. 4 – A política da esquerda Os erros cometidos por Corbyn nas eleições britânicas possuem, em geral, o mesmo teor dos erros da esquerda em todo o mundo. Em vez de aproveitar as condições favoráveis à mobilização e partir para uma ofensiva contra a direita, Corbyn procurou firmar um acordo com a burguesia, conciliar o programa de reivindicação dos trabalhadores e da juventude com as exigências conservadoras da classe dominante. Corbyn, inclusive, aceitou participar de uma eleição que foi uma verdadeira fraude – as eleições foram convocadas no pior momento possível para o Partido Trabalhista, que passava por uma crise interna por causa das discussões do Brexit. Em vez de denunciar a operação golpista da direita e utilizar tdos os recursos disponíveis para colocar os trabalhadores nas ruas para derrotar o Partido Conservador, Corbyn acabou por assistir a ascensão da extrema-direita. Esse processo foi muito semelhante ao acontecido no Brasil. Em 2018, em meio a uma das fraudes eleitorais mais escancaradas da história, o Partido dos Trabalhadores optou por lançar um candidato que não tinha quaisquer condições de vencer, rifando, na época, seu maior trunfo, o ex-presidente Lula. Como resultado, subiu ao poder o fascista Jair Bolsonaro.


12 | ESPORTES

FLAMENGO E LIVERPOOL

Final do Mundial: a decadência do futebol europeu Brasileiros serão peça-chave na partida, tanto no Flamengo como no Liverpool. Neste sábado, dia 21, acontece a grande final do Campeonato Mundial de Clubes. Flamengo e Liverpool se enfrentam às 14h30 no Qatar e decidem quem será o último campeão de 2019, levando assim o título do campeonato mundial. A imprensa imperialista, incluindo aí suas sucursais, os jornais brasileiros, apresentam o time inglês como superior, atribuindo a suposta superioridade ao futebol europeu. Claro, se o Liverpool conquistar o campeonato, estará registrado na história que um europeu venceu a competição, mas não é disso que se trata a campanha. Quando os jornais imperialistas apresentam os times europeus como favoritos, o significado disso é uma propaganda ideológica em torno do futebol europeu como “mais organizado, mais técnico etc” – ou seja, os europeus seriam superiores ao restante do mundo, especificamente os sul-americanos.

Há um interesse econômico em torno dessa propaganda ideológica. É preciso vender os produtos dos clubes europeus para o mercado consumidor muito mais rico do que os outros países. Mas a realidade é muito distante da propaganda, que serve para esconder que o futebol europeu enfrenta a maior crise de sua história. O jogo deste sábado é um retrato dessa crise. De um lado, o Flamengo é um time composto quase em sua totalidade por jogadores brasileiros (sendo que Arrascaeta é uruguaio, ou seja, do futebol sul-americano). De outro lado, no Liverpool, um time bilionário que é uma verdadeira seleção de jogadores de vários países, a minoria são europeus. Mas não é só isso. O sucesso do Liverpool está nos pés de um brasileiro, Firmino, e dois africanos, Salah e Mané. Esses três são os elementos decisivos do clube inglês. Não há futebol europeu de fato no Liverpool, assim

como não há em todos os grandes times da Europa. Os bilhões de euros gastos para a montagem desses times servem apenas para mascarar uma profunda decadência do futebol europeu. Esse é o motivo central de toda a campanha

contra a Seleção Brasileira e toda a propaganda que procura convencer os próprios brasileiros a gostar dos times europeus, acreditando serem realmente inferiores. Nesta final, estaremos com o futebol brasileiro!

FUTEBOL

VAR: mudanças não resolverão a crise Mudanças propostas pela CBF manterão o VAR sob domínio dos inimigos do futebol. Em entrevista recente, o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, apresentou seu pacote de mudanças para o mecanismo de VAR para 2020. No ano de sua estreia, a vídeo arbitragem se mostrou um grande fracasso, pois enquanto se esperava que a confiabilidade do apito se recuperasse, as torcidas notaram que ocasionalmente a ferramenta foi acionada e em outras semelhantes o jogo seguia. O primeiro ponto é estabelecer uma central de VAR, onde os árbitros de vídeo invariavelmente ficarão, ou seja, centralizar a um único local a checagem de lances polêmicos, não mais nos estádios. A centralização geográfica da checagem só estreita a submissão dos árbitros para com seus superiores da CBF. A argumentação seria de que isso torna a comunicação entre os árbitros de vídeo e o árbitro principal mais dinâmica. Ora essa, a comunicação melhora com o aumento da distância?

Outra proposta é que os lances de checagem sejam exibidos nos telões dos estádios. Na verdade fica a pergunta: quem vai determinar qual ângulo será exibido nos telões? Afinal de contas comenta-se muito no jornalismo esportivo, às vezes vindo até da boca de ex-árbitros o fato de que o ângulo exibido ou a velocidade com que o lance é mostrado nas telas pode fazer com que uma jogada limpa pareça faltosa e vice versa. O VAR nada mais é do que uma maneira de fazer com que o futebol gerido por capitalistas ganhe um verniz de honestidade. Algo que imediatamente foi percebido por torcidas em 2019 e inclusive gerando protestos contundentes, como a partida do segundo turno entre Ceará x Fortaleza. O futebol deve ser disputado tão somente nas quatro linhas e não gerido por mecanismos que buscam, ainda que sem sucesso, enganar torcedores. Sua extinção deve ser imediata pelo bem do esporte.

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