Diário Causa Operária nº5859

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TERÇA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5859

Fora Bolsonaro foi a pauta central da 2ª Conferência Aberta de Luta

Organizar o movimento pelo Fora Bolsonaro

Freixo, Sâmia, Genro e David unemse à Globo contra a Coreia do Norte

O Brasil tem mais de 50 milhões de pessoas sem emprego ou subempregadas. O governo frauda os dados do PIB e a inflação dos itens mais básicos já não pode ser escondida. Os jornais capitalistas vendem otimismo nas bancas, mas sua ladainha soa como desespero de causa. A crise econômica é brutal e a crise política não termina desde a campanha da direita golpista que levou ao golpe de 2016.

O jornal O Globo trouxe á baila mais de dez dias depois a notícia de que o vereador do Psol do Rio de Janeiro, Brizola Neto, teria apresentado na Câmara de Vereadores da cidade uma moção em homenagem à Coreia do Norte. Com as piores intenções da imprensa golpista, O Globo procurou com isso realizar a típica campanha de assédio moral contra a esquerda.

A esquerda vai “conquistar os corações” da direita?

Desmatamento na Amazônia aumenta 103,7% em novembro e quebra recorde A política de favorecimento dos latifundiários, madeireiros e grupos empresarias na região amazônica, imposta pelo governo golpista de Jair Bolsonaro, tem suas consequências práticas demonstradas nos dados. O desmatamento na Amazônia cresceu 104% em novembro deste ano, tendo como comparação o mesmo período do ano passado.

Vídeo: conferência aprova encontro internacional contra o golpe Desastre em Brumadinho foi culpa da Vale, mostra relatório No dia 12 de dezembro, a Vale divulgou relatório acerca das chamadas causas técnicas da ruptura da barragem de Brumadinho: a liquefação de rejeitos, a falta de drenagem interna, o alto teor de ferro desses rejeitos e as chuvas intensas.

No último fim de semana, dias 14 e 15, os comitês de luta contra o golpe realizaram a 2ª Conferência Aberta de Luta. O evento foi uma vitória do movimento contra a direita golpista e elaborou um programa de esquerda para tirar o país da crise em que o golpe o colocou.

Veja os depoimentos dos presentes na Conferência contra o golpe

Organizar a autodefesa nos locais de trabalho, estudo e moradia


2 | OPINIÃO

Venha discutir

EDITORIAL

Organizar o movimento pelo Fora Bolsonaro

O

Brasil tem mais de 50 milhões de pessoas sem emprego ou subempregadas. O governo frauda os dados do PIB e a inflação dos itens mais básicos já não pode ser escondida. Os jornais capitalistas vendem otimismo nas bancas, mas sua ladainha soa como desespero de causa. A crise econômica é brutal e a crise política não termina desde a campanha da direita golpista que levou ao golpe de 2016. Diante desse quadro, no último fim de semana, dias 14 e 15, os comitês de luta contra o golpe realizaram sua 2ª Conferência Aberta de Luta, para apresentar um programa de saída para a crise nacional, uma saída à esquerda. Com isso em mente, militantes e ativistas que vieram a São Paulo de todas as partes do país elaboraram um programa com propostas para resolver as grandes questões nacionais. Por exemplo, redução de jornada de trabalho para 35 horas sem redução de salário para combater o desemprego. Dissolução da PM para cessar o genocídio da população pobre nas periferias. Formação de comitês de autodefesa para barrar os ataques da extrema-direita. E assim por diante. No centro desse programa, para tornar possível a implantação dessas medidas, está a questão do poder. Por isso a palavra de ordem central dessa luta contra a direita é

a seguinte: Fora Bolsonaro! É preciso derrubar o governo da direita golpista para começar a reverter as medidas neoliberais dos golpistas, recuperando direitos trabalhistas, salários e o patrimônio nacional. Nada disso pode ser feito, a não ser pontualmente, sem que se derrube o governo antes. Por isso, esse deve ser o eixo de mobilizações para aglutinar diferentes movimentos, com suas demandas parciais, em torno de uma unidade política, formando um bloco para lutar contra a direita. De modo que, no próximo período, os comitês de luta contra o golpe devem fazer uma campanha em torno desse problema específico. O Fora Bolsonaro é a palavra de ordem mais popular do país, mas tem aparecido nos protestos de forma incidental. É hora de mobilizar especificamente em torno desse problema. A 2ª Conferência já foi o primeiro passo nesse sentido. Daqui para frente, os esforços devem ser concentrados para erguer uma grande campanha nacional pelo imediato fim do governo Bolsonaro. O momento é favorável, e se a esquerda deixar a oportunidade passar a extrema-direita, que está se desenvolvendo, tomará conta do panorama político. É tempo de agir, e os comitês apresentaram uma diretriz clara e viável. Todos às ruas pelo Fora Bolsonaro!

A LUTA

DO

POVO NEGRO Reunião do Coletivo de Negros João Cândido Todos os sábados às 16h

CHARGE

Centro Cultural Benjamin Perét R. Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde - SP


POLÍTICA E ATIVIDADES DO PCO | 3

A QUESTÃO É O PODER

Fora Bolsonaro foi a pauta central da 2ª Conferência Aberta de Luta É hora de aproveitar o momento favorável, de enfrentar a extrema-direita e de levar às ruas a palavra de ordem mais popular do país No último fim de semana foi realizada a 2ª Conferência Aberta de Luta, organizada pelos comitês de luta contra o golpe de todo o país. Essa Conferência nacional foi um sucesso e representa uma vitória dos comitês no enfrentamento com a direita golpista. A partir desse evento foi possível organizar coletivamente um plano de ação para enfrentar os golpistas no próximo período. Com esse propósito, os comitês definiram como palavra de ordem central para este o momento o Fora Bolsonaro! Uma palavra de ordem em torno da qual diversos movimentos, com reivindicações diversas, podem se aglutinar para levar adiante um embate comum. O evento foi uma oportunidade para os comitês levantarem um conjunto de reivindicações que servem como um programa para o país sair da crise em que a direita o colocou a partir da campanha golpista que levaria à queda de Dilma Rousseff. Para o desemprego, os comitês debateram a necessidade de uma jornada de trabalho de 35 horas semanais sem perda de

salário; para interromper o genocídio de trabalhadores pobres nas periferias das grandes cidades e no campo, levantou-se a necessidade da dissolução da PM; para a defesa contra os ataques da extrema-direita, formação de comitês de autodefesa. Todo esse programa leva a uma palavra de ordem central, que concentra todas as reivindicações. Essa palavra de ordem é o Fora Bolsonaro! Uma palavra de ordem que coloca no centro da luta contra a direita a questão do poder. A luta pelo programa mobiliza contra o governo golpista, e o governo golpista precisa ser derrubado. É esse problema que a palavra de ordem relativa ao poder coloca no centro da questão da luta contra o golpe. Essa palavra de ordem já é popular entre os trabalhadores e a juventude, como já mostraram todos os protestos grandes ocorridos durante 2019, e também grande eventos culturais. A rejeição generalizada ao governo Bolsonaro manifestou-se em todas essas ocasiões, mostrando que Bolsonaro é extremamente impopular. Uma cam-

PCO EUROPA

panha em torno disso dará vazão a uma demanda das massas. É preciso, portanto, organizar uma campanha com atos de rua que tenham essa questão como eixo central. Uma campanha pelo Fora Bolsonaro. É hora de aproveitar o momento favorável à mobilização contra o gover-

no. O governo é impopular e a situação econômica insuportável. É necessário enfrentar a extrema-direita, que está se desenvolvendo, antes que seja tarde demais. E para isso é preciso esquecer as ilusões eleitorais e levantar a palavra de ordem mais popular do país nas ruas: Fora Bolsonaro!

UM INSTRUMENTO DE LUTA

Vídeo: conferência aprova encontro Veja os depoimentos dos presentes internacional contra o golpe na Conferência contra o golpe Militantes de fora do país discutirão em uma Conferência como auxiliar na luta contra o golpe no Brasil

No último fim de semana, dias 14 e 15, os comitês de luta contra o golpe realizaram a 2ª Conferência Aberta de Luta. O evento foi uma vitória do movimento contra a direita golpista e elaborou um programa de esquerda para tirar o país da crise em que o golpe o colocou. Companheiros de todas as partes do Brasil foram à Conferência para organizar os próximos passos do enfrentamento com a direita e o golpe. Ativistas dos comitês de

luta e militantes de diversos partidos compareceram, e também militantes do PCO de fora do país. Durante a Conferência, o PCO Europa apresentou a proposta de realização de uma Conferência Internacional de Luta Contra o Golpe ano que vem. Uma Conferência que terá como objetivo organizar militantes fora do país para fazer uma campanha de denúncia contra o golpe, auxiliando na luta contra o golpe no Brasil.

Companheiros de todas as regiões do País estiveram presentes Nesse domingo, dia 15, terminou a Segunda Conferência Nacional Aberta dos Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo, em São Paulo. Centenas de companheiros de dezenas de cidades do País estiveram presentes no encon-

tro, que traçou um plano de lutas para o próximo período, que deve ser de intenso enfrentamento com a direita golpista. Conheça alguns depoimentos que os participantes da Conferência deram para a Causa Operária TV.


4 | POLÍTICA E ATIVIDADES DO PCO

II CONFERÊNCIA APROVA

Organizar a autodefesa nos locais de trabalho, estudo e moradia Fruto da necessidade de organizar comitês nos bairros, nas fábricas, nos locais de moradia e estudo, para proteger a população da Polícia, dos fascistas e das milícias Neste domingo (15), em sua II Conferência Aberta dos Comitês, integrantes de comitês de todo o País deliberaram por organizar a autodefesa do movimento operário e social contra a extrema direita. Fruto da necessidade de organizar comitês nos bairros, nas fábricas, nos locais de moradia e estudo, para proteger a população da Polícia, dos fascistas e das milícias ligadas ao governo golpista. O tema foi debatido durante os dois dias da Conferência e aprovado na plenária final deste domingo. Entre as deliberações aprovadas está a de criar uma campanha que explique o básico do que precisaria ser um comitê de autodefesa, para orientar como as mais diversas organizações do campo e da cidade devem reagir à hostilidade e ataques da extrema-direita. Bolívia

comitês de autodefesa para se opor à extrema-direita. Graças a isso, o golpe no País está em crise e mostra a dificuldade que a burguesia tem para conduzi-lo. Índios Guajajara

Para reagir ao golpe militar que derrubou Evo Morales, trabalhadores da Bolívia, sobretudo de El Alto, criaram

Um grupo de índios Guajajara, localizados no Maranhão, formou um grupo de autodefesa armado para

enfrentar os ataques de madeireiros às suas terras. O grupo tem o objetivo de interromper a invasão e o processo de desmatamento na Terra Indígena (TI) Araribóia, alvo da cobiça de madeireiros que tem destruído suas terras. A terra Araribóia, foi definida como Terra Indígena em 1991, mas desde então nunca houve a presença do Es-

tado para garantir os limites da área demarcada e que os direitos dos indígenas fosse respeitado. O armamento e a única solução, a população pobre precisa se defender dos ataques fascistas de forma incisiva, buscando os meios necessários para responder a altura esse tipo de violência. A burguesia precisa sentir a fúria do povo trabalhador, pois, somente a luta revolucionaria pode acabar com a burguesia fascista e assassina. Os golpistas estão instigando e financiando os grupos de extrema direita, no campo e na cidade. Enquanto o governo de Bolsonaro não cair, eles aproveitam para levar adiante seus planos de dizimar o povo. A autodefesa é uma necessidade democrática como resultado do atual estágio do regime golpista. É preciso se defender, reagir à altura, para evitar que a direita avance ainda mais contra a população, contra o povo trabalhador. Essa é a única resistência possível contra a direita golpista.

EM DEFESA DOS TRABALHADORES

Desemprego e Fora Bolsonaro! Compre o Jornal Causa Operária da semana JCO desta semana denúncia a ação da Polícia Militar, levanta a política pela sua dissolução junto a campanha pelo Fora Bolsonaro, o único caminho para sairmos desta situação. Nesta semana o jornal do trabalhador brasileiro, Causa Operária, lançado no sábado e vendido por todo país pelos militantes do PCO durante toda a semana, traz consigo uma série de matérias a respeito da crise em que nosso país vive, os ataques do governo Bolsonaro ao povo pobre e o desemprego que assola a nação. Porém, ao contrário dos jornais burgueses que mentem a respeito dos reais índices de desemprego e inflação, tentando conter a revolta popular, o Jornal Causa Operária tem como matéria de capa justamente uma denúncia precisa e uma solução imediata para os problema do povo: Crescem o desemprego e a inflação. FORA BOLSONARO! Tais informações, assim como uma denúncia completa da situação de vida do trabalhador, uma explicação da necessidade de partirmos em uma ofensiva contra os golpistas para garantir a vida dos trabalhadores além de toda uma análise do quadro geral brasileiro, denunciando a capitulação das direções da esquerda e retirando as dúvidas do povo sobre o que precisa ser feito, formam o JCO desta semana. Contudo, não obstante de tratar os temas envolvendo diretamente o go-

verno Bolsonaro, que ataca o povo brasileiro e promove uma total destruição do país, o Causa Operária também vem travar contra os fascistas uma série de denúncias contra a ação da PM, principalmente envolvendo o caso de Paraisópolis e o massacre policial que já matou 700 pessoas em São Paulo, verdadeiros números de guerra que comprovam a necessidade de por um fim no aparelho de repressão do Estado. Junto a isto vem a polêmica envolvendo o problema do armamento, com uma série de matérias que buscam esclarecer a real situação que existe entre o povo pobre desarmado e um aparelho de repressão que o esmaga diariamente, trazendo assim uma posição crítica à burguesia que prega em sua imprensa o total desarmamento do povo e o fortalecimento das policias. Além desta polêmica, tratamos também de explicar e denunciar as falas da antropóloga Rosana Pinheiro Machado, que por meio da campanha de lançamento de seu novo livro, levanta uma política de conciliação com a direita e pelo apartidarismo assim como o MBL. Já quando trata-se da situação internacional, o Jornal Causa Operária vem com uma matéria especial sobre o caso fran-

cês, e toda a mobilização que tomou conta do país como também a ligação disto com toda a crise que explode na América Latina. Seja sobre a greve dos caminhoneiros, sobre o desemprego e a PM, ou até mesmo sobre a situação na Bolí-

via, o Jornal Causa Operária satisfaz a todos com seu semanal que é o mais tradicional da esquerda brasileira. Em todas as regiões do país nos mutirões de domingo do PCO, por apenas 2 reais, venha conhecer o Jornal Causa Operária!

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POLÍTICA E ATIVIDADES DO PCO | 5

DISSOLUÇÃO DA PM

2ª conferência nacional dos comitês propõe a dissolução da PM Um dos debates da 2ª conferência Nacional aberta dos Comitês de Luta Contra o Golpe, tirou-se várias proposta pela implementação, como a de Milícias populares votadas pelo povo No domingo (15) diversos Comitês Nacional de Luta Contra o Golpe, que contou com membros de diversas cidades, Estados e Municípios do país, debateram inúmeras propostas práticas para avançar no processo de derrubada do governo Fascista do ilegítimo Jair Bolsonaro, dentre elas, foi exaustivamente debatido sobre o papel da Policia Militar, na 2ª conferência Nacional A Aberta dos Comitês de Luta Contra o Golpe, ocorrido na Capital de São Paulo. Foram levantados por praticamente todos os grupos de discussão esse tema e apresentados vários exemplos, tais como os inúmeros assassinatos diários no Rio de Janeiro, diretamente ligados ao governador fascista Wilson Wetzel, o sanguinário que atira na população até de Helicóptero, mostrando através das estatísticas “oficiais” números que, mesmo que fossem poucos, já denotariam a brutalidade da ação da Policia Militar (PM). São Paulo, outro estado onde a carnificina é de assustar, governado pelo fascista João Doria Jr., onde re-

centemente ocorreu a morte de nove jovens, na chacina da favela de Paraisópolis. De acordo com dados oficiais, em 2018 foram mortos mais de seis mil pessoas pelas mãos da polícia no pais, neste ano, em apenas 10 meses esse número já foi superado, deve-se ressaltar que esses órgãos de repressão

destroem por ano uma quantidade de jovens e negros correspondentes a mais de um município com cinco mil habitantes. Em 10 anos, a máquina de guerra contra a população negra e pobre dizimou 200 mil pessoas. Debateu-se também de, em oposição à proposta reacionária da direita

e de setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa de reforçar o aparato repressivo ou da sua “reforma” por meio de propostas de desmilitarização etc. que buscam apenas dar uma cobertura de aparência democrática ao massacre povo, que é a de: Defender polícias municipais, controladas pelas entidades populares, com cargos de chefia e comando escolhidos e destituíveis por meio do voto da população, em cada comunidade. É preciso defender policiais municipais, controladas pelas entidades populares, com cargos de chefia e comando escolhidos e destituíveis por meio do voto da população, em cada Comunidade. Problema da segurança é o combate à pobreza e não o aumento do aparato da segurança Dissolução do exército permanente e formação de milícias populares Treinamento militar para todo o povo (direito da população) Todos os comitês devem confeccionar uma faixa “FIM DA PM”

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6 | POLÍTICA E ESPORTES

FORA BOLSONARO, FORA DITADURA!

Ditadura assassina: seis ossadas são encontradas perto do Doi-Codi Durante as obras de uma construção em uma região próxima a antiga sede do Doi-Codi, foi encontrado ossadas do período da ditadura. Se não agirmos contra Bolsonaro, isto voltará! Enquanto participava do lançamentoDurante as obras de uma construção em uma região próxima a antiga sede do Doi-Codi, órgão do governo militar responsável por perseguir e torturar opositores, foi encontrado em torno de seis ossadas humanas que remetem ao período da ditadura. A denúncia ocorreu quando funcionários que trabalhavam na obra de prédios residenciais na Rua Abílio Soares, Vila Madalena, zona sul de São Paulo, encontraram ossadas durante uma escavação. Ao serem encontrados, os corpos apresentavam estar cobertos por um pó branco que lembraria o cal, geralmente utilizado para amenizar o cheiro, estando já em completo estado de deterioração devido ao tempo e a forma com que foram desovados. Contudo, as denúncias ficam mais claras quando revela-se o fato destes corpos apresentarem “orifícios provocados por disparos de arma de fogo”, isso em uma obra que fica a 150 metros de onde um dia foi um centro de organização da tortura em São Paulo. Esta denúncia expõe novamente uma situação já muito conhecida pelo povo pobre brasileiro, sobretudo às famílias daqueles que um dia foram

dados como “desaparecidos” e nunca mais foram encontrados. A lista de assassinatos da ditadura até hoje é completamente desconhecida. Os dados oficiais refletem números ínfimos comparados a realidade da época e no Brasil são encontradas com grande frequência as famosas “covas comuns” onde eram desovadas da maneira mais inumana possível os corpos daqueles assassinados. Em muitas destas valas chega a ser extremamente difícil sequer contabilizar o número de pessoas mortas, devido a forma com que os ossos são jogados em pilha, uns em cima dos outros. Além do mais, a identificação dos

mesmos chega a ser quase impossível, dado ao fato de existir pouquíssimas informações para a coleta e muitos mortos, onde aqueles pobres e desconhecidos pela sociedade, são completamente apagados da história. Tais informações servem para os dias atuais como um forte alerta ao povo brasileiro e às organizações da esquerda. Se no passado a sanguinária ditadura massacrou centenas de milhares de pessoas, ao ponto de até os dias atuais encontrarmos covas completamente desconhecidas, hoje o governo golpista, encabeçado pelo fascista Jair Bolsonaro, fazem fortes alusões a este período.

Muitas são as declarações de integrantes do governo, seja Bolsonaro e seus filhos ou o Ministro Paulo Guedes, dizendo que o Brasil possa facilmente entrar em um “novo AI-5”, uma ameaça que liga não o sinal amarelo, mas sim o vermelho de total alerta. Com esta posição tomada pelos golpistas e evidenciada por Bolsonaro, sabemos que na primeira oportunidade que tiverem um novo período como a ditadura militar retornarão. Atualmente o povo brasileiro, sobretudo no campo e nas periferias, morrem como mosca nas mãos dos fascistas órgãos de repressão do Estado. Contudo, com uma retomada da ditadura, defrontaremos uma realidade muito pior e por isso é dever da esquerda e suas direções agirem imediatamente. Bolsonaro é um pilar para esta campanha golpista, logo a necessidade de derrubá-lo junto a todos os golpistas é uma necessidade de caráter urgente, facilmente percebida após todos os ocorridos em menos de um ano de governo. O povo brasileiro está a beira de explodir contra os golpistas, cabe a esquerda organizar esta luta e impedir que a volta da ditadura seja um tema tão atual. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Eleições Gerais com Lula Candidato!

ESPORTES

Nigeriano “vinga” o Brasil nocauteando americano racista fã de Trump Nigeriano Kamaru Usman aplica uma surra no falastrão Colby Covington e dedica a vitória a todos imigrantes nos EUA e aos brasileiros. Em luta realizada na madrugada do último sábado (14/12), em Las Vegas (EUA), pelo UFC 245, o conhecido falastrão Colby Covington foi derrotado pelo nigeriano Kamaru Usman por nocaute técnico no quinto assalto. A luta foi a principal da noite e era uma das mais aguardadas dos últimos anos. Covington, apesar de ter resistido até o último round, levou uma surra de Usman e teve a mandíbula fraturada, provavelmente ainda no começo da luta, além de várias escoriações no rosto. A lutador estadunidense ficou conhecido mundialmente não por sua performance no octógono, mas pelas besteiras que tem falado contra oponentes, torcedores, imigrantes e povos de outros países. Como foi o caso da ofensa que desferiu contra os brasileiros em São Paulo, no UFC Fight Night 119 em outubro de 2017, quando venceu o brasileiro Demian Maia e disse: “Brasil, você é um chiqueiro. Todos vocês são animais imundos”. Ele também desrespeitou diversas vezes K. Usman, dizendo que este não era o campeão verdadeiro, que o campeão ainda seria ele, chegando a ir assistir lutas de Usman e invadir eventos para atrapalhar a promoção do campeão. Covington, foi destituído

do posto de campeão por Dana White por inatividade. O lutador também é fã do presidente Donald Trump e tem feito propaganda da política demagógica da extrema direita norte americana, como quando desfila com um boné com o lema “Faça a América Grande de Novo”, slogan de Trump durante a campanha eleitoral que levou à Casa Branca. O lutador ainda fez questão de, em agosto de 2018, após se tornar campeão dos meio médios interino do UFC, derrotando o brasileiro Rafael dos Anjos, foi até à Casa Branca levar o cinturão a Trump, disparando: “Eu disse a todos que iria tornar a divisão dos médios novamente grande e agora vou comemorar como um americano de verdade deve comemorar o título mundial, e isso vai à Casa Branca ver Donald Trump e colocar isso em sua mesa, diferente das Águias de Filth-a-delphia, desrespeitando nossa bandeira e ajoelhando-se para o hino nacional.” As Águias que Convigton se refere, é time de Futebol Americano de Filadélfia, o Philadelphia Eagles, que ano passado (2018) ao vencer o Super Bowl, foi barrado por Trump de visitar a Casa Branca por terem se ajoelhado durante a execução do hino estadunidense, um gesto que tem sido repe-

tido por atletas de vários times e modalidades, em protesto pela repressão policial que a comunidade negra vem sofrendo em todo o país. O grande vencedor da noite Kamaru Usman, que aguentou muitas besteiras faladas por Covington nos últimos anos, antes da luta disse: “Essa luta é mais do que um cara falando merda. Essa luta significa muito pra mim. Quanto eu tiver a chance de por minhas mãos nesse cara, saiba que é ira de todo imigrante nesse país que eu vou colocar nele” Após a bela vitória o Nigeriano desabafou e ainda mandou uma mensagem para os brasileiros: “Esta vitória é para pessoas do mundo todo. Não se pode plantar o ódio. O amor, às vezes, vence. ‘E aê Brasil, essa aqui é para vocês”. Usman, é casado com a brasileira Eleslie Usman. A noite ainda teve a participação de vários brasileiros, como os ex-campeão José Aldo enfrentando outro brasileiro, Marlon Moraes, a brasileira Viviane Araújo de Ceilândia-DF, e principalmente, a atual campeã dos Galos e dos Penas, a baiana Amanda Nunes, que venceu mais uma e segue no topo, reconhecida como a maior lutadora de MMA da história. O MMA é um esporte que tem crescido em todo o mundo e atraído atle-

tas de todo o planeta, o sucesso dos brasileiros é notório, e possuem amplo domínio de várias categorias, além de terem, praticamente, criado o próprio esporte herdeiro do antigo “Vale Tudo”, além de ter criado o próprio UFC com a família Gracie, a qual levou o legado do Jiu-Jitsu brasileiro ao status de uma das principais artes marciais do mundo. Não é raro, que volta e meia, apareçam atletas que se utilizam de discursos racistas, xenófobos, extremamente conservadores, como propaganda. Mas, é importante destacar, que estes atletas são como ferramentas muito bem utilizadas pelos grandes meios de comunicação para expor a política da burguesia reacionária. No caso dos Estados Unidos, os movimentos conservadores que são a favor da segregação racial, contra as liberdades individuais, direitos dos imigrantes e direitos democráticos em geral, são conhecidos há muito tempo. Assim, atletas como Colby Covington, são impulsionados ganhando espaço em meios de comunicação para fazer propaganda dessa política, que no momento, está sendo a ponta de lança da extrema direita estadunidense, veja o alinhamento e receptividade de Donald Trump com o lutador.


INTERNACIONAL | 7

INTERNACIONAL

Fora Macron! França tem hoje mais um dia de greve geral Nesta terça iniciou-se mais uma jornada de greves e mobilizações contra a “reforma” da Previdência do governo neoliberal de Macron. As mobilizações e greves continuam na França contra a proposta do governo neoliberal de Macron de “reforma” da Previdência. Nesta terça-feira (17), se inicia uma nova jornada de mobilizações e greves de professores, trabalhadores dos transportes, médicos e magistrados. Os transportes públicos no país estão praticamente paralisados. Verifica-se 620 km de engarrafamentos nas estradas da região de Paris. Em diversas localidades, ocorrem bloqueios de estradas e confrontos com as forças de repressão. Os sindicatos e o governo acusam-se mutuamente pela paralisação do país e não há sinal de trégua até o momento, apesar das tentativas do governo de manobrar para esvaziar a mobilização e impor uma derrota ao movimento.

O movimento dos coletes amarelos tem entrado em cena nas ruas do país. Na atual etapa da luta em curso, a própria classe operária que se coloca em luta contra o governo. A crise na França é expressão da crise capitalista que se manifesta no mundo todo. Na América Latina, o que se observa são levantes generalizados das massas populares contra os governos neoliberais, caso da própria França. O que impede que a mobilização evolua e instaure uma crise revolucionária no país é a política conservadora das direções dos movimentos operário e sindical e da esquerda francesa, que não colocam a palavra-de-ordem de Fora Macron e ficam se limitando a uma luta por reivindicação parcial, caso da “reforma” da Previdência.

DIREITA NO CONTROLE

Golpistas da Bolívia impedirão voto de toda uma região, fraude começou O aprofundamento do golpe de Estado na Bolívia se aproxima articulando as novas eleições presidenciais para legitimar a direita e a extrema-direita no poder. Evo Morales, que governou a Bolívia de 2006 a 2019, quando foi deposto por um golpe de Estado, foi apoiado pelos camponeses indígenas do pobre Altiplano Andino, que falam idiomas autóctones como o quéchua e o aymará, enquanto seus adversários são os políticos das províncias das planícies, que fazem fronteira com Brasil, Paraguai e Argentina, e têm forte presença branca, concentrando, historicamente, o poder econômico do país. O golpe de Estado que derrubou Morales, teve início em unidades da Polícia nas cidades de La Paz, Santa Cruz, Sucre e Cochabamba, que se rebelaram contra a vitória eleitoral que o reelegeu presidente. A revolta teve início em Cochabamba, quando um policial com o rosto coberto anunciou no Quartel-General da Unidade Tática de Operações: “Estamos amotinados”. Atualmente, na província do Chapare, localizada no trópico de Cochabanba, a população tem se colocado contra o reconhecimento da autoridade da polícia, a ponto do Ministro do Governo, Arturo Murillo, alertar sobre a necessidade de retornar a presença do Estado na região. As lideranças da região argumentaram que perderam a confiança nos homens uniformizados, que declararam um motim e depois levantaram a demissão do ex-chefe de Estado. Os produtores de folhas de coca na área expulsaram a polícia após uma apreensão, que ocorreu depois da renúncia do ex-presidente Evo Morales, e da assunção de Jeanine Áñez à Presidência de forma ilegítima e contra a vontade popular. Cerca de 85 policiais destinados a realizar tarefas de segurança nesta área foram retirados para

Cochabamba, depois que as unidades policiais foram atacadas, e a segurança na área ficou a cargo de um órgão de segurança do sindicato. Os produtores de coca anunciaram que não permitirão seu retorno. No fim de semana retrasado, a líder da coca Segundina Orellana, confirmou que havia perdido a confiança na polícia. “Nossos afiliados discordam do retorno da polícia. Se eles querem voltar, primeiro precisam pedir perdão de joelhos ”, disse ela. As tensões sociais provocadas pelo amotinamento da polícia contra Morales, acirra uma luta que vem de longe, e piorou com o programa de erradicação dos cultivos ilegais na Bolívia, e que já tinham deixado a região do

Chapare, principal região produtora de coca ilegal, em clima de guerra. A Bolívia, que é o terceiro produtor de coca no mundo, depois de Colômbia e Peru, embora tenha na planta milenar a matéria-prima para a fabricação de cocaína, desde os tempos pré-coloniais tem a sua utilização pelos nativos para mastigar, fazer chás, e aplicar em rituais religiosos. A folha de coca, originária dos antepassados incas dos cocaleiros da região, é o produto central da cultura indígena local, cujo temor pela sua perda tem assombrado os nativos da região, não só por ser algo que faz parte da identidade daquele povo, mas também por ser a única atividade econômica da região.

Uma das duas principais etnias indígenas que compõem a população boliviana, a aymará, com forte presença na região do chapare, também sofreu duro ataque de etnocídio nos últimos 500 anos de ocupação da América. E são eles que afirmam: “Não deixaremos que nos tirem mais nada.” A principal reivindicação dos cocaleiros do Chapare é a manutenção de um “cato” (medida equivalente a 1.600 m2) de coca para cada uma das 40 mil famílias. E isso depois da redução de cerca de 32 mil hectares, em 1997, para menos de 1.500 hectares. Com essa determinação, os camponeses chaparenhos viram sua principal fonte de renda desaparecer, provocando uma onda de protestos que está longe de ter um fim. Mas a direita no poder, que pretende dizimar a população indígena impondo o seu branqueamento, e, enquanto isso não ocorre, evangelizá-los, para torná-los mão-de-obra dócil à exploração, se ocupa com o aprofundamento do golpe, preparando novas eleições sem Evo Morales, que era um dos principais defensores da cultura indígena e líder sindical antes mesmo de se eleger presidente em 2006. Muito provavelmente, a região que radicalizou a sua posição contra os golpistas, ficará sem representação nas eleições, o que não será nenhuma surpresa, mas trará muito mais revolta da população local. Com as eleições, Jeanine Áñez prepara a legitimação da direita no poder de forma fraudelenta, através de uma verdadeira farsa eleitoral, algo contra o que toda a população indígena já vem se opondo, que é a grande maioria da Bolívia, a exemplo dos cacaleiros do Chapare.


8 | INTERNACIONAL

INTERNACIONAL

Colômbia investiga vala com mais de 50 civis executados por militares Uma vala com mais de 50 corpos de civis assassinados pelo Exército colombiano foi encontrada na cidade colombiana de Dabeíba, departamento de Antioquia. No município de Dabeiba, departamento de Antioquia (região noroeste da Colômbia), foi encontrada neste sábado (14) uma vala com mais de 50 corpos de civis executados pelo Exército colombiano. Estes corpos pertencem à categoria de “falsos positivos”, que é quando o Exército assassina pessoas comuns, trabalhadores, jovens ou camponeses e afirma que eram guerrilheiros mortos em combate para ocultar seus crimes e gerar dados falsos para enganar a população. Mais de 2.248 pessoas foram executadas extrajudicialmente na Colômbia nas últimas décadas. No cemitério Las Mercedes, localizado a 170 quilômetros de Medelín, A Jurisdição Especial de Paz (JEP), estima-se que foram enterrados homens entre 15 e 16 anos de idade. A JEP encontrou o cemitério clandestino graças à cooperação de um militar. Cerca de 59% dos assassinatos ocorreram entre 2006 e 2008, período de governo do ex-presidente Álvaro Uribe, um elemento da extrema-direita

fascista que alinhava a política do país de acordo com os interesses dos Estados Unidos. No governo Uribe, foram instaladas bases militares americanas em território colombiano. A Colômbia é uma férrea ditadura que persegue e assassina opositores. Ano após ano, o país é denunciado pelo extermínio de lideranças camponesas, sindicais e populares. Mesmo após os acordos de paz com as FARC, o terrorismo de Estado continuou, inclusive com a violação dos acordos e assassinatos das lideranças da antiga guerrilha, que se tornou um partido político legalizado, a Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC). Nas últimas eleições, o que se viu foi a execução generalizada de candidatos das FARC. Os governos da direita colombiana transformaram o país em um enclave imperialista no subcontinente sul-americano. O país é completamente submetido aos interesses dos Estados Unidos, que abertamente interferem na política colombiana e controlam o país.

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MORADIA E TERRA | 9

CAPITALISTAS SÓ QUEREM LUCRO

Desastre em Brumadinho foi culpa da Vale, mostra relatório Os trabalhadores só conseguirão concretizar os seus interesses se agirem de forma independente da burguesia. A economia é de quem trabalha, e não dos exploradores! No dia 12 de dezembro, a Vale divulgou relatório acerca das chamadas causas técnicas da ruptura da barragem de Brumadinho: a liquefação de rejeitos, a falta de drenagem interna, o alto teor de ferro desses rejeitos e as chuvas intensas. A empresa havia encomendado o estudo a um grupo de engenheiros especialistas em barragens, para analisar o desastre de um ponto de vista neutro, puramente técnico, deixando de lado razões de caráter “corporativo”. Mas o documento aponta como causas do desastre de Brumadinho uma série de fatores que são de responsabilidade dos empresários. Até mesmo engenheiros consultados pela imprensa burguesa afirmaram que a catástrofe de Brumadinho poderia ter sido evitada se a Vale tivesse adotado medidas de segurança adequadas. O relatório não permite a interpretação de que a catástrofe foi um acidente, algo que poderia acontecer sob qualquer administração, pública ou privada. As mortes e a destruição decorrentes do rompimento da barragem são culpa da gestão privada da Vale. É importante lembrar que, em 25 de janeiro de 2019, uma barragem cheia

de rejeitos da mina de minério de ferro do Córrego do Feijão rompeu-se em Brumadinho, cidade do interior de Minas Gerais situada a cerca de 60 km de Belo Horizonte. Os alarmes não foram acionados. A avalanche de lama destruiu um refeitório e uma área administrativa, naquele momento ocupados por trabalhadores da Vale, e atingiu comunidades próximas. Os rejeitos de mineração alcançaram em pouco tempo o rio Paraopeba. Luz, água e serviços básicos da cidade foram suspensos. Por precaução, mais de 20 mil habitantes de Brumadinho tiveram de deixar suas casas. Aproximadamente 25 famílias de uma aldeia pataxó foram deslocadas para um local mais seguro. Do dia do rompimento até hoje, passados mais de 320 dias, foram encontrados 257 corpos e 13 permanecem desaparecidos. Inúmeros trabalhadores foram mortos pela catástrofe e a economia da região permanece em frangalhos. A Vale foi fundada em 1942 por Getúlio Vargas e vendida para o setor privado, por um valor irrisório, pelo governo do golpista Fernando Henrique Cardoso. Toda empresa privada tem como

DEVASTAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Desmatamento na Amazônia aumenta 103,7% em novembro e quebra recorde Aliado do agronegócio e do latifúndio, governo golpista de Bolsonaro destrói a passos largos patrimônio ambiental brasileiro A política de favorecimento dos latifundiários, madeireiros e grupos empresarias na região amazônica, imposta pelo governo golpista de Jair Bolsonaro, tem suas consequências práticas demonstradas nos dados. O desmatamento na Amazônia cresceu 104% em novembro deste ano, tendo como comparação o mesmo período do ano passado. Os dados são do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram divulgados no último dia 13 de dezembro. Foram 563,03 km² desmatados no período de um mês, um recorde histórico. Um fator que chama atenção

nos dados é que o mês de novembro é marcado pelo período de chuvas na região, o que levaria a uma diminuição do desmatamento. No entanto, os números demonstram exatamente o contrário. No meio do ano, os números também foram altíssimos. Nos meses de julho, agosto e setembro, o desmatamento atingiu os índices de 278%, 222% e 96%, respectivamente. O governo golpista e fraudulento de Bolsonaro, aliado do latifúndio e do agronegócio, leva uma política de devastação do patrimônio ambiental do país. Isso ficou demonstrado, por exemplo, nas queimadas que atingiram grandes áreas de preservação da Amazônia. Ao mesmo tempo, impõe uma política de terror e violência contra a população do campo e as comunidades indígenas. É preciso opor a essa destruição promovida pela extrema direita e a direita golpista uma política de enfrentamento levada adiante pelos setores oprimidos. Isso só será possível por meio da mobilização popular em torno da palavra de ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

objetivo principal o maior aumento possível dos seus lucros. Do ponto de vista da burguesia, são secundários gastos sociais, custos relativos à segurança e ao bem-estar do trabalhador e das localidades próximas, preocupações com o desenvolvimento do país. Se um capitalista tiver de sacrificar os

interesses da classe trabalhadora para manter os seus lucros e agradar aos acionistas, ele o fará sem hesitação, a menos que os trabalhadores se organizem e, pela sua força coletiva, o coloquem contra a parede. É preciso nacionalizar as empresas e colocá-las sob o controle dos trabalhadores!


10 | POLÊMICA

UM PARTIDO LIBERAL

Freixo, Sâmia, Genro e David unem-se à Globo contra a Coreia do Norte Ditadura é só na Coreia do Norte, no Brasil dá até para votar junto com o governo golpista O jornal O Globo trouxe á baila mais de dez dias depois a notícia de que o vereador do Psol do Rio de Janeiro, Brizola Neto, teria apresentado na Câmara de Vereadores da cidade uma moção em homenagem à Coreia do Norte. Com as piores intenções da imprensa golpista, O Globo procurou com isso realizar a típica campanha de assédio moral contra a esquerda. Porém, o que mais chamou a atenção foi a reação dos colegas de partido de Brizola Neto. Parlamentares do Psol correram para atacar a iniciativa do vereador carioca. Em primeiro lugar é preciso dizer que esses elementos do Psol fazem uma seleção bastante peculiar do que é uma ditadura. Para eles – e para o imperialismo -, a Coréia do Norte é uma ditadura, alguns dizem que Cuba e Venezuela são uma ditadura, já o Brasil de Jair Bolsonaro, não. Peça para um desses psolistas afirmarem com todas as letras e toda a facilidade com que acusam a Coreia do Norte que o Brasil é uma ditadura e logo receberemos uma tonelada de explicações pseudo-acadêmicas para mostrar que “não é bem assim”. Mais ainda, será que esses parlamentares do Psol estão igualmente preocupados em atacar os Estados Unidos como uma ditadura? O que dizer da Bolívia, Colômbia e Chile? É a ditadura seletiva e quem faz a seleção, claro, é a imprensa imperialista. Em segundo lugar, é preciso dizer que o mundo não é dividido em ditadura e não ditadura, seria um critério superficial e em grande medida falso para definir qual seria a posição a ser tomada diante de um problema político. Este é apenas uma problema de forma. Por exemplo, muitos, até mesmo setores do Psol, vão dizer que Cuba é uma ditadura, mas lá as pessoas comem, têm saúde e têm onde dormir. No Brasil, não. Portanto, essas “ditaduras” cubana e norte-coreana parecem ser realmente terríveis; fiquemos, então, com a “democracia” brasileira.

Em terceiro lugar e talvez mais revelador sobre o caráter político e de classe do Psol é o desrespeito com que tratam os países cujos povos realizaram grandes revoluções contra o capitalismo. As conquistas sociais que existem na Coreia são resultado dessa revolução, independentemente de qualquer interpretação ou juízo que se possa fazer do regime daquele país. A revolução feita pelo povo coreana expropriou os capitalistas e procurou instituir um Estado operário que garantisse conquistas mínimas para a população. Se esses elementos do Psol não respeitam nem mesmo isso, o nome socialismo do partido é o que realmente é: apenas um nome. Na realidade o Psol – em particular seus principais dirigentes e parlamentares – é uma espécie de Partido Democrata norte-americano, com ideias liberais. Na melhor das hipóteses, Freixo, Sâ-

mia, Luciana Genro e cia são esquerdistas liberais, nada mais do que isso. Do mais, é preciso mostrar o cinismo oportunista da posição sobre a Coreia do Norte. Diante da ” denúncia” de O Globo, os futuros candidatos correram para mostrar que a posição de Brizola Neto é “isolada” no partido. Em busca do voto dos leitores do Globo e da classe média que, assim como eles, acreditam na “terrível ditadura” da Coreia do Norte, saíram para atacar Brizola Neto. A psoição é de um oportunismo rastejante. Nunca é demais lembrar que dias antes, Luciana Genro estava muito preocupada em seu sítio na internet em defender os brigadianos – PMs gaúchos – no momento em que a polícia é vista por cada setores cada vez mais amplos da população como uma verdadeira máquina de guerra contra o povo. Genro não está sozinha em

sua posição pró-PM, Freixo está sempre pronto a defender a polícia. Os que chamam a Coreia de ditadura defendem os democráticos PMs brasileiros. E os mesmos que estão prontamente dispostos a atacar a Coreia e a moção e Brizola Neto na Câmara dos Vereadores votaram a favor do pacote anticrime que aumenta a repressão contra o povo. Ou seja, na moção em solidariedade à Coreia do Norte não dá para votar, mas no pacote de Sérgio Moro e Alexandre de Moraes, dá. Mais uma vez, temos que dizer: ditadura é na Coreia, aqui no Brasil dá até para votar junto com a direita fascista. Esse fato, assim como tantos outros, só reforça a ideia de que o Psol é um partido liberal. Nesse sentido, um partido com uma ideologia caracteristicamente burguesa, composto por elementos da classe média.


POLÊMICA | 11

ADAPTAÇÃO AO BOLSONARISMO

A esquerda vai “conquistar os corações” da direita? Em artigo publicado pelo portal The Intercept Brasil, a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado defendeu que a esquerda adotasse a mesma propaganda da direita golpista. A antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, que está lançando o livro Amanhã vai ser maior: O que aconteceu com o Brasil e possíveis rotas de fuga para a crise atual, tem defendido, sistematicamente, que a esquerda reveja uma série de erros que teria cometido – isto é, que faça uma autocrítica -, apresentando como tese que as organizações populares não conseguiram se adaptar às mudanças da “nova geração”. Dando continuidade a essa revisão da política da esquerda brasileira, Pinheiro-Machado escreveu a coluna Por que a esquerda não está conquistando novos corações, publicada pelo portal The Intercept Brasil no dia 10 de dezembro. Rosana Pinheiro-Machado abre seu texto contando um caso de um trabalhador que teria se desiludido com a esquerda e que, por isso, se tornou um eleitor do fascista Bolsonaro: "Hoje, com 23 anos, Joca já é pai e dirige 16 horas por dia para um aplicativo. Já foi assaltado e perdeu seu carro, o que ajudou a torná-lo um punitivista convicto, dando seu primeiro voto a Bolsonaro. Eu não presenciei a briga para saber o que aconteceu de fato. O que tenho é apenas uma narrativa construída sobre uma indignação que não achou o seu lugar na esquerda." De fato, não são poucas as pessoas que se frustraram com a esquerda nos últimos anos. No entanto, a colocação da antropóloga merece duas observações. Em primeiro lugar, não se pode considerar que os votos que foram creditados a Bolsonaro demonstram um vínculo sólido entre os eleitores e a extrema-direita. As eleições de 2018, que são utilizadas como grande trunfo do bolsonarismo, foram uma das fraudes mais escandalosas da história, repleta de falcatruas, ameaças e muita truculência. No meio desse golpe, um voto em Bolsonaro não significa uma adesão ao programa da extrema-direita, mas sim que a operação de tipo terrorista por parte da burguesia surtiu algum efeito temporário. Nenhum trabalhador, afinal, vira um punitivista convicto – isto é, coloca a necessidade de punição à criminalidade acima de todas as suas necessidades. Certamente, se o ex-presidente Lula concorresse às eleições com um programa combativo, que denunciasse os capitalistas como grandes responsáveis pela miséria do país, haveria poucos personagens como o da história narrada por Pinheiro-Machado. Isso nos leva à segunda observação: a de que a frustração dos trabalhadores não advém da incapacidade da esquerda de se adaptar aos tempos atuais, mas sim da política que vem sendo seguida por suas direções. Os levantes populares nos países andinos e até mesmo em países imperialistas, como é o caso da França, estão mostrando o caminho que a esquerda deve seguir: o de enfrentamento ao regime político. No entanto, firmemente,

as direções de todas as grandes organizações de massa do mundo, até o momento, têm optado por seguir uma outra política: a política de adaptação ao regime político. Dessa maneira, ao invés de mobilizar os trabalhadores para derrubar a direita, as direções estão orientando suas bases a procurar um acordo com sues próprios algozes – trata-se, obviamente, de uma política suicida. A política que Rosana Pinheiro-Machado propõe, ao falar de novos caminhos para a esquerda, não tem, portanto, nada de novo. Nada mais é do que o aprofundamento da política de colaboração de classes entre a esquerda e a burguesia: a política da esquerda de se submeter às exigências dos capitalistas, ao invés de se livrar dos parasitas que impedem o desenvolvimento nacional. Isso fica bastante claro quando a antropóloga fala em cancelamento: "Quando o assunto é cancelamento, o comportamento da extrema-direita bolsonarista é muito mais nefasto. Bots (robôs) atuam como milícias virtuais, e membros do PSL se ofendem de modo vulgar nas redes sociais. Mas eles estão no poder. Já a esquerda precisa trilhar o caminho oposto: um longo processo de reconstrução e diálogo franco com a sociedade brasileira. Não precisamos abraçar bolsominion. É totalmente legítimo que a esquerda, golpeada de todos os lados,

esteja hoje recrudescida, ferida e com raiva daqueles que votaram em um projeto autoritário que massacra as minorias. Não é de ciranda e ‘paz e amor’ que estamos precisando. O desafio do futuro imediato é não deixar que esse sentimento de injustiça e indignação escorregue em ressentimento individual, mas que seja capaz de se transmutar em ação e projeto coletivo." Segundo a antropóloga, a esquerda não deveria se preocupar em cancelar o seu adversário – embora a autora não defina o termo, admitimos aqui que tenha o mesmo significado de anular, encurralar o adversário. Isto é, a política da esquerda não deve a ser de enfrentar a direita, de dar o nome aos bois, de chamar de golpista quem é golpista, de chamar de fascista quem é fascista e de apontar as capitulações e traições. Seria preciso, portanto, a política do diálogo com a direita – que é, sempre, uma política de adaptação, pois considera os argumentos de um adversário que não tem argumentos, mas apenas a truculência. Essa política, no entanto, nunca deu, nem dará certo. Foi essa política, por exemplo, que foi empreendida por Fernando Haddad e Manuela D’Ávila nas eleições de 2018. Mesmo apoiados por todo o movimento popular, ao invés de organizarem um enfrentamento contra a extrema-direita, ambos buscaram se apresentar, para a direita, como uma esquerda

com convergências com a direita. Daí, viu-se o uso cada vez mais frequente das cores verde e amarelo, da adoção de políticas ultra-reacionárias, como a criminalização do aborto e a defesa da Lava Jato etc. O resultado? Os trabalhadores, que havia pouquíssimos meses fizeram um ato gigantesco pelo registro da candidatura de Lula, mostrando uma tendência à mobilização, ficaram cada vez menos mobilizados, resultando na vitória eleitoral de Jair Bolsonaro. Política semelhante tem adotado o presidente deposto da Bolívia, Evo Morales, e seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS). Em vez de procurar organizar a reação às tentativas de golpe e ao próprio golpe, Morales segui se adaptando, falando em pacificação e convocando a Organização dos Estados Americanos (OEA) para interferir nas eleições bolivianas. Adotar o programa da burguesia, portanto, não irá fazer com que a esquerda “conquiste os corações” da direita. Afinal de contas, se uma pessoa já é vinculada à direita, vota na direita e vê que o candidato da esquerda tem o mesmo programa, por que deixaria de votar como sempre votou? O papel da esquerda é apresentar uma saída concreta, real para os trabalhadores na atual etapa de crise, e não fazer demagogia. O papel da esquerda é explicar que, enquanto a burguesia existir, não haverá progresso na face da Terra.


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