Diário Causa Operária nº5853

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QUARTA-FEIRA, 11 DE DEZEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5853

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É hora do Fora Bolsonaro! Todos à Conferência Aberta dos Comitês

Caravanas de todo o País rumam para a 2ª Conferência contra o golpe No próximo fim de semana – dias 14 e 15 de Dezembro – será realizada em São Paulo a 2ª Conferência Aberta dos Comitês de Luta. O evento busca reunir militantes, organizações e a população em geral para discutir e definir estratégias de luta contra o avanço da ditadura e do fascismo que tomam conta do País.

Contra o massacre de indígenas, organizar a autodefesa no campo

Depois de perseguir Lula, MPF volta as armas contra seu filho Os golpistas vão continuar seus ataques contra o ex-presidente Lula e contra a esquerda, somente a mobilização popular pode por um fim na Lava Jato e nos patrocinadores do Golpe

PM assassina deficiente mental só por encostar em sua moto Após o massacre de Paraisópolis, uma sequência de casos de assassinato envolvendo policiais tem tomado conta da imprensa. Tanto os jornais da burguesia como as mídias alternativas estão entupidos de denúncias quanto aos abusos e covardias da polícia.

Impeachment de Trump: acusações são reveladas Um possível impeachment do presidente dos EUA, Donald Trump, continua caminhando na Câmara dos Deputados, embora tenha menores possibilidades de ser aprovado no Senado.

Números divulgados pela Pastoral da Terra apontam que no ano de 2019 já são sete os líderes indígenas assassinados, um aumento de 350% se comparado com o ano passado.

Ao que leva a política de desmobilização: Moreno aprova pacote do FMI

Não foi pisoteamento, denunciam moradores de Paraisópolis Fora Bolsonaro! Filho do presidente apoia chacina de Paraisópolis


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Contra o massacre de indígenas, organizar a autodefesa no campo Números divulgados pela Pastoral da Terra apontam que no ano de 2019 já são sete os líderes indígenas assassinados, um aumento de 350% se comparado com o ano passado. Não apenas os assassinatos, mas a violência contra as comunidades indígenas vem se intensificando ao longo dos últimos anos e estão absolutamente ligadas ao golpe de Estado, ao aumento dos casos de invasão e exploração ilegal de suas terras por latifundiários e grileiros. Guardadas as condições diferenciadas, existe no campo uma semelhança ao das cidades no Brasil. Uma política consciente por parte do Estado que utiliza os órgãos estatais e paraestatais com o intuito de manter um permanente estado de terror contra as comunidades exploradas. De acordo com o coordenador da Pastoral da Terra, Paulo Moreira Leite, “o Estado é o agente promotor das agressões” e que “os responsáveis decidiram que esses povos indígenas não têm direitos e que têm que ser eliminados”. Os povos indígenas, assim como o movimento dos sem-terra são duplamente atacados pelo Estado. São alvos da expropriação de suas terras e do terror permanente visando paralisar a reação dos trabalhadores, uma política orquestrada pelo Estado e que se intensificou com o golpe de Estado e com a che-

gada de um governo abertamente fascista. Um outro relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de 2018 é um atestado da dramaticidade da condição do povo indígena. Em 2018 o assassinato de indígenas aumentou em 20% se comparado ao ano de 2017. Foram 138 mortes contra 117 do ano anterior. Em um outro relatório, esse considerando o ano de 2019, de janeiro a setembro, portanto em um período de 9 meses, foram contabilizados 160 casos de invasão de terra contra 111 verificadas em todo o ano de 2018. A condição da população indígena é a mesma dos trabalhadores sem terra e também da população das periferias das cidades. Um permanente ataque por parte da Polícia militar, das milícias paraestatais de extrema-direita, latifundiários, jagunços só podem ser combatidos por uma ação decidida dos explorados da cidade e do campo. Não é possível se combater o terror, os assassinatos sistemáticos, as invasões de terra, a tortura dos explorados com uma política de benevolência com a extrema-direita. A saída está nas mãos dos próprios trabalhadores e o único caminho é a constituição de comitês de autodefesa para responder na mesma moeda a ofensiva fascista da extrema-direita.

É preciso reagir aos despejos contra os sem-terra Por Renato Farac

No último dia 3, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD) tentou despejar de maneira violenta cerca de 50 famílias do acampamento Companheiro Sétimo Garibaldi, localizado no latifúndio São Francisco, município de Querência do Norte, sob a bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Ratinho Júnior montou um enorme aparato repressivo com mais de 150 policiais militares, 40 viaturas e helicóptero. Durante a madrugada, os policiais chegaram atirando com balas de borracha e ferindo diversos acampados, incluindo crianças e estabelecendo um clima de terror entre as famílias. Segundo informações do MST em menos de oito meses, o fascista Ratinho Junior (PSD) já realizou oito despejos contra o movimento no Estado do Paraná e todos foram realizados com violência. No final de novembro a Polícia Federal, Polícia Militar e pistoleiros despejaram de maneira conjunta mais de 5 mil sem-terra dos acampamentos Abril Vermelho, Irmã Dorothy e Irany de Souza, nos municípios de Casa Nova e Juazeiro, no Norte da Bahia, começaram a ser despejadas violentamente. Também com grande aparato repressivo e extrema violência deixou vários feridos, incluindo um trabalhador sem-terra atingido na cabeça. Esses despejos estão acontecendo de maneira corriqueira e cada vez mais violenta pelos latifundiários e pelo go-

verno Bolsonaro. Um dos motivos do avanço de Bolsonaro no campo e a tentativa de aplicar a sua GLO Rural para despejos em ocupações de terra é que não está havendo resposta das organizações de esquerda contra o governo diante desses ataques. 2019 foi um ano em que as ocupações de terra foram muito reduzidas, o que está sendo apresentado pelos bolsonaristas como uma grande vitória contra a luta pela terra. Mas todos sabemos que há uma orientação para não haver ocupações dentro dos movimentos de luta pela terra diante da repressão. É preciso reagir aos ataques da direita. A política de evitar o confronto com o latifúndio e a direita vai levar a uma derrota dos movimentos de luta pela terra. Está evidente que a extrema direita não vai recuar e que é necessário derrotar Bolsonaro imediatamente para não levar o país a uma ditadura fascista. As áreas que tiveram reintegração de posse tem que ser reocupadas como forma de deter a ofensiva da direita latifundiária. É preciso mobilizar os trabalhadores que lutam pela terra em grandes ocupações, fechamento de rodovias e partir para o enfrentamento contra a extrema-direita da maneira que for necessária. Está na ordem do dia a criação de comitês de autodefesa contra a violência da polícias e da pistolagem, todos contratados pelos latifundiários.


POLÍTICA | 3 COLUNA

Extinguir a PM e substituí-la por milícias populares Por Nivaldo Orlandi

Saiba por que defendemos a Extinção da Polícia Militar. – Não é a Polícia Militar a proporcionar segurança; – Polícia Militar é estruturada para matar gente. PM é uma máquina de guerra para matar a população; – O massacre de nove jovens em Paraisópolis, pela Polícia Militar, não é uma exceção, é a regra; – A Polícia Militar também executou 11 em Guararema, outros 17 em Manaus. Tudo isso, em 2019. – PM matou mais de 200 mil em uma década; – Extinguir a Polícia Militar é medida inadiável; PM extinta, em seu lugar, Milícias Populares Nem polícia desmilitarizada, tampouco polícia regionalizada. Uma polícia civil. Popular, constituída por gente do bairro e, pelos moradores do bairro, controlada. Milícias Populares Uma polícia municipal, ou até polícia de bairro. Uma milícia constituída por pessoas civis, comprometida com a segurança, escolhida pela população. Chefe da milícia popular, eleito pela população, por ela controlado, a quem, regularmente, deve prestar contas. As prioridades para a segurança será definida em assembléias populares. Milícia armada e a população também Milícia armada. Importante que a população, armada também possa ser. Regularmente, milícia deve, contas prestar, em assembléias populares.´ Isso é mínimo que se pode exigir em um estado democrático de direito. Nada de escolha dos agentes através de concurso. Concurso para escolha de agentes públicos é o mais tradicional mecanismo de reprodução dos malefícios das instituições públicas. Milícia Popular de Segurança, ora proposta é constituída de cidadãos comuns em armas. Nada a ver com as milícias do Rio de Janeiro, por exemplo. Milícias Populares de Segurança, ora proposta Constituída por cidadãos comuns em armas, moradoras do bairro

Milícia Popular controlada pela comunidade Milícia democrática e popular Milícias hoje existentes no Rio de Janeiro Constituída por PMs e ex-PMs, Bombeiros, Carcereiros, ex-carcereiros, Militares, ex-militares Milícia que torna refém a comunidade, em troca de supostos serviços de segurança, TV à cabo, agiotagem, venda de gás, jogos ilegais. Verdadeira extorção. Milícia fascista tirânica Importância das Milícias:

Venha discutir

A LUTA

DO

POVO NEGRO Reunião do Coletivo de Negros João Cândido Todos os sábados às 16h

Milícia é uma organização composta por cidadãos comuns armados que, prestam segurança na comunidade (em substituição à Polícia Militar). Diferentemente das Milícias organizadas pela direita, as quais, compostas por militares e ex-militares, a milícia popular ora proposta, é formada por cidadãos comuns em armas. Na União Soviética e em Cuba, milícias são compostas também por mulheres e jovens. Na Segunda Guerra Mundial, (1939-1945), existiam milícias populares atuando contra as invasões de outros países. Milícia Nacional Bolivariana da Venezuela “A Milícia deve ser o povo em armas e isso é uma missão absolutamente revolucionaria”, proclamou em 2009 o então presidente Hugo Chávez, por ocasião da criação da Milícia Nacional Bolivariana da Venezuela. Desde o enfrentamento com o golpe de Estado, as milícias se generalizaram no País, com jovens, estudantes, professores, operários, pescadores, as comunidades indígenas, o povo representado, em todos os recantos do país organizando-se em milícias populares. Foi fundamental a intervenção dos batalhões da Milícia Bolivariana para rechaçar a tentativa dos Estados Unidos de invadir a Venezuela em fevereiro de 2019, sob o pretexto de forçar de maneira ilegal a entrada da suposta “ajuda humanitária”. As reiteradas tentativas de invadir a Venezuela pelos Estados Unidos e seus capachos, dos governos direitistas da Colômbia, Chile, Brasil etc., não tem tido sucesso, graças às milícias bolivarianas armadas, que tem entre suas principais funções somar-se ao Comando a defesa da nação venezuelana contra a invasão imperialista.

Centro Cultural Benjamin Perét R. Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde - SP


4 | POLÍTICA E ATIVIDADES DO PCO

DIAS 14 E 15/12

É hora do Fora Bolsonaro! Todos à Conferência Aberta dos Comitês Faltando três dias para o evento que ser ampliar a organização dos Comitês de Luta e levantar uma ampla mobilização contra o governo e o regime golpistas Enquanto a América latina e parte da Europa pegam fogo, em meio a um levante popular com greves e grandes mobilizações. O Brasil está a três dias da II Conferência Aberta dos Comitês de Luta Contra o Golpe. Enquanto a população se levanta em vários locais do mundo com a burguesia, no Brasil as direções da esquerda estão dominadas pela politica burguesa e pequeno-burguesa. Isso ficou escancarado na aprovação do pacote anticrime do governo Bolsonaro com o apoio da maioria da esquerda no Congresso, mas também pode ser visto na intensa campanha da esquerda para as eleições do ano que vem, que procuram que as mobilizações ocorram somente em 2020 para se ajustar ao calendário eleitoral. Já por parte do movimento sindical, fica evidente que não há por parte dos dirigentes uma real compreensão do que se passa na América latina. Mesmo que eles considerem a tendência dos protestos latino-americanos desembocarem no Brasil, eles insistem na tentativa de canalizar a revolta popular para o terreno eleitoral e em manterem as reivindicações no rebaixado nível par-

cial. Isto tudo ao invés de mobilizar suas bases pela derrubada do governo Bolsonaro são as provas de que há um setor importante da esquerda que menospreza tanto o perigo do governo de extrema direita, quanto a capacidade de luta do povo brasileiro. No entanto, depois de meses de convulsão social na América Latina, agora a crise volta à França com todo vapor. Os transportes estão no seu quinto dia de greve contra a reforma da Previdência, projeto político que o imperialismo quer executar em todos os países. Essa explosão da mobilização também na França é um sinal de que a crise do capitalismo está atingindo um grau elevado, uma vez que está chegando aos países imperialistas. Por isso, é fundamental que os setores classistas e combativos dentro dos partidos da esquerda e da CUT, pressionem as suas direções e se mobilizem para derrubar o governo Bolsonaro, para não deixar que o movimento no país entrem no “ponto morto” que é o recesso de fim de ano, período onde a esquerda ignora a luta de classes, e a direita aproveita para levar adiante os seus planos e ataques ao povo. Na-

PARTICIPE!

da de esperar até março do ano que vem, a esquerda deve seguir os passos dos nossos irmãos latinos. A explosão das mobilizações populares no continente, a soltura de Lula, a retomada de uma luta que se intensifica a cada dia contra a burguesia e o imperialismo (escancarada hoje na América latina e a Europa) impõem a

necessidade de uma organização política da esquerda e dos trabalhadores em torno de um eixo mobilizador, prático e consciente, que impulsione a luta popular no próximo período. Por isso é a hora do povo brasileiro se levantar impulsionado por milhares de comitês! É a hora de levantarem-se pelo fora Bolsonaro e todos golpistas!

VENHA CONOSCO NESTE FIM DE ANO

Caravanas de todo o País rumam para Entre os dias 20 a 26, participe dos a 2ª Conferência contra o golpe jantares de fim de ano do PCO Partido da Causa Operária e Comitês de Luta organizam conferência aberta neste fim de semana. No próximo fim de semana – dias 14 e 15 de Dezembro – será realizada em São Paulo a 2ª Conferência Aberta dos Comitês de Luta. O evento busca reunir militantes, organizações e a população em geral para discutir e definir estratégias de luta contra o avanço da ditadura e do fascismo que tomam conta do País. Esta segunda edição do evento busca aumentar a politização e a organização da militância revolucionária. Ao modo da 1ª Conferência, ela ocorre em período de férias, onde tradicionalmente muitas organizações políticas e operárias também ficam paradas. É um período onde os golpistas procuram agir e intensificar ataques, tanto a nível dos Três Poderes quanto pelo acirramento dos ataques nas ruas. E para estas investidas, a classe trabalhadora precisa estar preparada. Além disso, as organizações partidárias de esquerda, em sua maioria, infelizmente se preparam para a corrida eleitoral do próximo ano. Assim, passam a dirigir boa parte da sua militância para os esquemas eleitorais, desviando um esforço que deveria ser colocado para colocar a população em movimento, nas ruas. Come-

çam as alianças partidárias espúrias. Começam as campanhas eleitoreiras. Começa uma concorrência destrutiva de candidatos da esquerda entre si. Para contornar esse estado de coisas, confuso e desmobilizante, o Partido da Causa Operária investe numa política clara, precisa, coerente, de organização e luta das organizações operárias pela tomada do poder político. Caravanas estão partido de 300 cidades brasileiras em direção a São Paulo. Procure a organização do PCO ou dos Comitês de Luta mais próximos a você, e faça parte da luta socialista e revolucionária. A Conferência acontecerá no Ginásio Osmar Santos, à Rua Estado de Israel, 860, Vila Clementino. A inscrição é aberta para todas as pessoas, sejam filiadas a partidos, sindicatos e movimentos populares, ou do público em geral. Basta querer lutar contra o regime golpista, bolsonarista e fascista instaurado no País. Ela pode ser feita pelo site https://www. alutacontraogolpe.com/ Para mais informações, é possível entrar em contato com a equipe organizadora do evento pelo telefone e whatsapp (11) 9 9741-4136 ou e-mail pco.sorg@gmail.com.

O Partido da Causa Operária irá realizar por todo país jantares de fim de ano. Venha celebrar conosco a luta travada e nossas vitórias, traga seus amigos e familiares! Neste fim de ano, entre os dias 20 ao 26 de Dezembro, o Partido da Causa Operária estará realizando por todo país especiais jantares de fim de ano, antecedendo nossa grande festa de Reveillon. Estes jantares, que tornaram-se tradicionais no calendário do partido são uma grande maneira de celebrar a luta contra o golpe, a vitória na Liberdade de Lula, com uma deliciosa comida junto a todos nossos companheiros que travaram esta importante luta ao longo do ano. Estaremos divulgando futuramente os locais onde os jantares irão ocorrer, mas já vá se preparando para não perder este importante evento. Para muitos representará um reencontro com saudosos companheiros, que estiveram juntos durante todo este processo do golpe de Estado, já para outros, que ainda não conhecem de perto o partido é uma bela forma de conhecer mais a respeito, conversando diretamente com nossos militantes. Nessa ocasião também é uma grande oportunidade para reunir junto a nós amigos, familiares, etc. Tornando

assim uma grande celebração que socializará entre todos nós. Sendo assim, aproveite este final de ano conosco e compareça em nossos jantares, pois dessa forma você não apenas se divertirá como também irá ajudar na formação de um partido revolucionário, que tanto vem representando dentro da esquerda brasileira. Pelo Fora Bolsonaro, anulação dos Processos contra Lula, venha conosco!


POLÍTICA | 5

A PF SOB O COMANDO DE MORO

Depois de perseguir Lula, MPF volta as armas contra seu filho Os golpistas vão continuar seus ataques contra o ex-presidente Lula e contra a esquerda, somente a mobilização popular pode por um fim na Lava Jato e nos patrocinadores do Golpe No dia de ontem, a Polícia Federal realizou mais uma operação integrante da Lava Jato, sob comando de Sérgio Moro, ex-juiz e atual ministro da Justiça do governo de extrema-direita, que ajudou a eleger após perseguir Lula e garantir sua prisão, com chancela da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, a mesma de que Moro foi titular. Essa operação tem por alvo principal filhos do ex-presidente Lula, sócios do grupo Gamecorp/Gol. A operação foi batizada de Mapa da Mina e teria o objetivo declarado de “aprofundar investigações sobre repasses suspeitos de mais de R$ 132 milhões realizados pelo grupo Oi/Telemar para empresas do grupo Gamecorp/Gol”. Não custa lembrar que, para atingir o presidente Lula, a imprensa burguesa iniciou publicações que procuravam criminalizar as iniciativas empresariais dos filhos e colocar sob suspeita algumas delas como um chamariz para o Ministério Público e a Polícia Federal, ainda hoje fortemente alinhadas com o PSDB. Assim, a mesma acusação da presente operação é similar àquela decorrente de investigação federal realizada em 2005, que resultou na abertura de duas ações contra Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha (foto), uma decorrente de inquérito civil correu em Brasília e outra, de um inquérito criminal, correu na Justiça de São Paulo. A primeira investigava se havia irregularidade na participação da Telemar na Gamecorp, a segunda para determinar se houve tráfico de influência do filho de

Lula para a autorização da fusão entre Telemar e Brasil Telecom. As duas foram arquivadas por falta de provas, inclusive apontando que foram iniciadas com base em matéria jornalística. Em 2016, já por iniciativa da Lava-Jato, sob alegação (a partir de delação premiada) de que foram verificados novos aportes da Oi/Telemar à Gamecorp e à G4 Entretenimento, da qual Fábio Luis também é sócio majoritário, por meio do Grupo Gol, do empresário Jonas Suassuna. Mesmo sem comprovação a PF e o MPF afirma que foram aportados menos R$ 132 milhões na empresa de Lulinha. Como nunca chegaram a comprovar ilegalidade nas

transações, não havia de fato ação penal, aliás nem denúncia. A atual operação teria o objetivo de “avançar” nesta investigação. É bom lembrar que os quatro filhos do ex-presidente Lula, Fábio Luis, Sandro Luis, Luis Claudio e Marcos, já foram alvo de investidas da Polícia Federal e do Ministério Público. Nesse ponto, é bom que se tenha claro que a ofensiva dos golpistas contra o ex-presidente Lula e, no limite, contra o Partido dos Trabalhadores e da esquerda em geral, não vai se encerrar sem resistência, sem luta, sem mobilização e ação continuada. Lembremos que, mesmo diante de toda pressão já exercita e com algu-

mas derrotas, a Lava Jato continuou sua atuação e o TRF-4 não só confirmou a condenação do ex-presidente no caso conhecido como “Sítio de Atibaia”, como aumentou sua pena. A Justiça Eleitoral de Minas Gerais, com a atuação do Ministério Público e, antes disso, com muita pressão do Superior Tribunal de Justiça, condenou o ex-governador de Minas Gerais pelo PT, Fernando Pimentel, a 10 anos de prisão. Sem esquecer todos as demais ações contra ex-ministros do governo do PT, incluindo aquelas contra José Dirceu, Ricardo Berzoini, Ideli Salvati, Carlos Gabas, Jacques Wagner, Erenice Guerra, Edinho Silva, Guido Mantega, Paulo Bernardo, Gleisi Hoffman, Orlando Silva (PCdoB) e Agnelo Queiroz (que também era do PCdoB) chegando àquelas contra Lindberg Faria, Fernando Haddad e a ex-presidenta Dilma Rousseff. Some-se a isso a atuação da imprensa para validar a narrativa de corrupção do Partido dos Trabalhadores e suas lideranças e temos um quadro bem claro do que estamos enfrentando. A perseguição ao filho do ex-presidente mostra que têm pressa e que não têm medo de manter sua jornada de perseguição para voltar a prender Lula ou inviabilizá-lo de vez e a seu partido. Mais que nunca, portanto, é preciso derrubar a Lava Jato e os agentes do imperialismo que a vem conduzindo todos esses anos. Isso somente pode ser levado a efeito pela mobilização popular contra o golpe.

MAIS ATO DE SELVAGERIA

PM assassina deficiente mental só por encostar em sua moto Além de ter agredido a vítima e sacado a arma para um deficiente mental – o policial, notadamente, mirou no peito da vítima. Após o massacre de Paraisópolis, uma sequência de casos de assassinato envolvendo policiais tem tomado conta da imprensa. Tanto os jornais da burguesia como as mídias alternativas estão entupidos de denúncias quanto aos abusos e covardias da polícia. Desta vez, um deficiente mental foi a vítima. Contudo, o que esperar de uma instituição que orienta seus soldados a agir como cães raivosos contra o povo? O caso relatado ocorrera no município de Eirunepé, no Amazonas, onde um homem identificado como José Francisco Mourão, conhecido popularmente como “sabão”, de 35 anos, foi morto após um desentendimento com policiais militares. Sabão, todavia, era portador de necessidades especiais. Embora tivesse problemas psicológicos, segundo amigos, Sabão não tinha comportamentos violentos. Tudo ocorrera em virtude de “Sabão” ter encostado, acidentalmente, sua bicicleta na moto de um dos po-

liciais que, prontamente, o agrediu verbalmente dando-lhe um tapa. É possível ver a cena através de um vídeo divulgado na internet. é possível ver “sabão” pegando um pedaço de madeira e batendo no policial militar, identificado como André. Logo, um segundo soldado, identificado como Clodoaldo que estava presente no local, saca uma arma e atira em “Sabão”. A vítima foi levada ao Hospital Regional de Eirunepé, logo após ter sido baleada, mas por não ter os equipamentos necessários para uma cirurgia, foi encaminhado para um hospital em Cruzeiro do Sul, no Acre, onde falecera na noite desta sexta-feira (6). Sabe-se, no entanto, que até o momento os policiais envolvidos no crime não foram afastados e estão trabalhando normalmente. Por parte da assessoria da polícia militar sequer houve pronunciamento sobre o caso. Essa situação não deixa dúvidas que os PMs são adestrados para matar. Além de ter agredido a vítima e, por

conseguinte, sacado a arma para um deficiente mental – o policial, notadamente, mirou no peito do rapaz. Esse caso, portanto, só comprova que Pa-

raisópolis não foi o resultado de uma banda podre, mas sim de uma instituição que é orientada para atacar a população.


6 | POLÍTICA

PM MENTIU, FOI MASSACRE!

Não foi pisoteamento, denunciam moradores de Paraisópolis Depoimentos de moradores desmentem versão apresentada pela polícia. O que ocorreu em Paraisópolis foi mais uma chacina promovida pela PM. Não demorou muito – a verdade veio à tona. Segundo depoimento de moradores que presenciaram o massacre de nove pessoas que participavam de um baile funk na Favela de Paraisópolis, na madrugada do ultimo dia 1, não houve pisoteamento; trata-se de uma farsa inventada pela polícia. Em entrevista ao canal de notícias Viomundo, moradores, na condição de anonimato, contam que as vítimas não morreram pisoteadas. Diferente da versão apresentada pela mídia, os jovens foram muito espancados e teriam sido asfixiados pelo gás lacrimogêneo e spray de pimenta ao serem encurralados em uma das vielas da favela. Ademais, segundo as testemunhas, a maioria dos mortos não morava em Paraisópolis, o que dificultou a rota de fuga, já que não conheciam as ruas da favela, caindo, justamente, em uma viela que não possibilitava a fuga. Uma das testemunhas, inclusive, contou que os corpos ficaram espalhados pelo chão, vários deles na escada que dá acesso ao beco. “Não consegui dormir depois das cenas que vi. Foi desesperador ver o que esses meninos passaram. Os PMs bateram sem dó. Mataram na porrada e com spray de pimenta e bombas de gás. Não foram pisoteados”, revelou a testemunha.

Ainda de acordo com a testemunha, “os meninos pediam socorro, estavam passando mal. Tinha muito gás lacrimogêneo, não dava para respirar. Sete já saíram daqui mortos. Alguns estavam com os lábios roxos.” A moradora também desmente a versão apresentada pela polícia, a qual afirma que os PMs estavam perseguindo uma moto, quando, por acaso, se depararam com o baile funk. Assim, de acordo com a moradora que testemunhou a ação covarde da polícia, “a história da moto é mentira, balela. Não tinha moto nenhuma”. Outro morador também contestou a tosca versão da polícia quanto à existência da moto. “Como uma moto entra no meio de cinco mil pessoas e não atropela ninguém?”, indagou José Maria, corroborando com o questionamento feito pelo ex-tenente-coronel Adilson Paes de Souza. “Há uma falha na narrativa, não faz sentido. Entraram com a moto no meio de cinco mil pessoas? E onde está a moto? Naquela confusão dizem que encontraram o cartucho de uma bala. Mas não encontraram uma moto?”, concluiu. Outro morador que preferiu não revelar o nome, com medo de represália, ratificou dizendo: “O que o delegado está falando é mentira. Eles já vieram

determinados a matar a meninada na maldade. Encurralaram e bateram com cacetete de madeira na nuca, nas costas. Foi um massacre”. Quanto a versão apresentada pela PM, que afirmou os policiais teriam sido recebido a tiros, o morador desmentiu essa versão: “eles dizem que foram recebidos à bala, mas não foram”. Segundo Valdemir José Trindade, o Guga, nascido e criado em Paraisópolis, dirigente da associação de moradores União em Defesa da Moradia, é comum que a polícia aja com truculência contra os moradores de Paraisópolis há muito tempo. Guga recorda que em 2010, um grupo de extermínio integrado por PMs, conhecido como Bonde dos Carecas, tinha o costume de agredir moradores da favela. Os casos envolvendo atrocidades por parte da polícia não se esgotam. Ainda segundo Guga, “Cegaram inclusive uma menina com uma bomba. A Daiane era bonita e ficou revoltada por ter ficado cega de um olho. Se entregou às drogas e hoje mora no cemitério São Luiz. A família da vítima chegara a denunciar o caso, mas fora ameaçada pelos policiais. Ao falar do massacre do Baile Funk, Guga explica que vários dos feridos sequer estavam participando do baile.

“A rua faz uma encruzilhada. De um lado tem o baile funk, de outro tem forró, de outro tem samba, do outro tem barzinhos”. Guga revelou, também, a intimidação que ele e outros moradores já vinham sofrendo através de áudios recebidos no aplicativo Whatsapp. “Recebemos áudios dizendo que a polícia ia fazer uma tragédia na comunidade Paraisópolis de vingança. Mas ninguém acreditou.” Guga ainda denotou grande indignação quanto à postura do prefeito de São Paulo. “O Doria mora aqui do lado, no Palácio (dos Bandeirantes). Não adianta dizer que lamenta. Ele está dando apoio para que isso aconteça. A Polícia Militar tem uma facção miliciana.” Em meio a diversos depoimentos de moradores que presenciaram a ação da PM, não restam dúvidas quanto ao caráter fascista da corporação. O que ocorreu em Paraisópolis não foi pisoteamento, mas, dentre tantos outros, mais um massacre da PM contra o povo pobre das favelas brasileiras, sendo este, portanto, um modus operandi do aparato repressivo do Estado brasileiro. Nesse sentido, só há uma alternativa: exigir a imediata dissolução da polícia militar.

NOVE MORTOS PELA PM

Fora Bolsonaro! Filho do presidente apoia chacina de Paraisópolis Segundo o deputado Eduardo Bolsonaro, culpa pela chacina em baile funk é das próprias vítimas e não da PM O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do golpista Jair Bolsonaro, saiu em defesa da chacina de Paraisópolis. Em um vídeo publicado no Twitter no último dia 9, o deputado de extrema-direita comentou as nove mortes de jovens atacados pela polícia em Paraisópolis, ocorridas na madrugada do dia 1º de dezembro, durante um baile funk. Segundo Eduardo Bolsonaro, “de maneira nenhuma a gente pode culpar a Polícia Militar por isso”. No caso, “isso” refere-se a mais uma chacina da PM, que cercou as saídas do local onde o baile acontecia e jogou bombas de gás lacrimogêneo contra a população, para depois policiais que participaram da ação alegarem que os frequentadores do baile teriam morrido por “pisoteamento”. Seja como for, foi a ação policial aquele dia que provocou a morte de Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos, Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16, Denys Henrique Quirino da Silva, 16, Mateus dos Santos Costa, 23, Eduardo da Silva, 21, Luara Victoria Oliveira, 18, Gabriel Rogério de Moraes, 20, Dennys Franca, 16, e Gustavo Cruz Xavier, 14. Culpa das vítimas

De acordo com Eduardo Bolsonaro, deputado de extrema-direita, os culpados pelas mortes do massacre de Paraisópolis são os próprios assassinados. Segundo ele, funcionaria assim: “Quer preservar sua vida? Frequente outros lugares”. Ou seja, se as vítimas frequentaram um “pancadão”, a morte delas estaria explicada por esse fato. No entanto, não foi o “pancadão” que assassinou os jovens, foi a PM. Eduardo Bolsonaro disse ainda que “quem tá errado é bandido que dá tiro pra cima da polícia e a população que não coopera com as autoridades”. De novo, devemos lembrar que quem assassinou nove jovens foi a PM, não foi nenhum “bandido”, muito menos a população que “não coopera com as autoridades”. O que seria a cooperação com as autoridades em um caso como esse? Ajudar fascistas bolsonaristas a matar os filhos da periferia usando prerrogativas estatais? Fora Bolsonaro! Essas declarações de Eduardo Bolsonaro, típicas do bolsonarismo, embora muito diferentes do tom adotado pelo próprio presidente golpista, ex-

pressam um programa político da extrema-direita. O deputado disse que “a polícia está ali para manter a ordem e a disciplina, e todos os trabalhadores gostam disso”. Completando com a afirmação de que “quem não gosta disso é marginal”. Ou seja, no Brasil da extrema-direita a PM deve ter carta branca para entrar na favela e realizar massacres à vontade, e quem ficar contra tem

que ser perseguido como “bandido”. Trata-se de um programa político que consiste em um genocídio da população pobre dentro do País. É preciso impedir esse genocídio, é necessário parar a ofensiva da direita contra os trabalhadores. Por isso, é hora de mobilizar os trabalhadores para irem às ruas pelo fim do governo Bolsonaro, levantando a palavra de ordem: Fora Bolsonaro!


INTERNACIONAL | 7

EUA

Impeachment de Trump: acusações são reveladas O presidente republicano está sendo acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso Um possível impeachment do presidente dos EUA, Donald Trump, continua caminhando na Câmara dos Deputados, embora tenha menores possibilidades de ser aprovado no Senado. Na terça-feira (10), os deputados democratas apresentaram as acusações contra Trump que serão votadas. O presidente republicano está sendo acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso. O Comitê Judiciário da Câmara deve votar hoje se recomenda à Câmara que aceite as acusações contra o presidente e o denuncie criminalmente. O processo contra Trump começou em setembro, depois que apareceu uma denúncia de que presidente teria pedido ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que iniciasse uma investigação contra Joe Biden, que era um possível candidato à presidência pelo Partido Democrático nas eleições do ano que vem.

A possibilidade de impeachment estava colocada desde o início do governo Trump, que marca uma contradição interna do imperialismo. O atual presidente representa uma ala mais fraca do imperialismo norte-americano, que tem divergências com a ala dominante em relação a uma série de questões, de modo que o governo Trump constitui um governo de crise. Trata-se de uma expressão da crise do regime político norte-americano, que é consequência do colapso econômico de 2008, a partir do qual o capitalismo entrou em uma nova etapa de crise. O impeachment de Trump é um acontecimento que apareceu na superfície de uma luta muito mais encarniçada pelo controle do principal país imperialista do mundo. Trump representa um setor mais frágil deste imperialismo, ligado a setores da indústria nacional mais fracos e defensor de uma política

que entra em choque com o principal setor da burguesia norte-americana, as grandes empresas multinacionais e os banqueiros. O setor fundamental do imperialismo norte-americano, que flutua entre a ala direita do Partido De-

mocrata e o setor mais moderado dos republicanos, vem atacando Trump desde sua eleição, fora dos planos da burguesia imperialista, e agora se intensificam com a proximidade das próximas eleições presidenciais.

EQUADOR

Ao que leva a política de desmobilização: Moreno aprova pacote do FMI Com a cumplicidade criminosa do CONAIE, governo equatoriano fecha acordo com o FMI que irá penalizar ainda mais os explorados As grandes mobilizações que ocorrem neste momento em várias regiões das Américas tiveram seu estopim, no continente sul-americano, no Equador, que durante duas semanas vivenciou uma verdadeira insurreição popular, com centenas de milhares de populares ocupando as ruas da capital do país, Quito, provocando não só o encurralamento do governo direitista de Lenin Moreno, como obrigou o mandatário usurpador, traíra e golpista, a deixar a capital, transferindo a sede administrativa do governo para a ex-capital do país, Guayaquil. O levante insurrecional das massas equatorianas demoliu completamente a autoridade do governo reacionário de Lenin Moreno, colocando em xeque o conjunto do regime político de caráter abertamente pró-imperialista, de violência e terror contra os explorados. Os enfrentamentos de rua contra a repressão estatal se deram de forma violenta e desigual, com a população indo para cima da força policial “armada” de paus, pedras e outros instrumentos. A repressão, por sua vez, agiu como sempre age e faz todos os exércitos a serviço da burguesia e do grande capital, com extrema brutalidade, atirando na população, onde o número de mortos – oficialmente – chegou a dez entre os populares. Por parte dos setores dirigentes das mobilizações, particularmente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), a capitulação não tardou a chegar. Diante da gigantesca pressão provocada pela radicalização das massas em luta, o governo – que teve muito próximo de ser derrubado pela força das enormes

mobilizações – acenou com uma proposta de “negociação”, em uma clara manobra para esvaziar e desmobilizar o movimento insurrecional. Os “representantes” indígenas da CONAIE prontamente sentaram à mesa com o governo serviçal da casa Branca e do FMI, para juntos, quebrarem a maior mobilização popular que o Equador testemunhou em toda a sua história. Em troca de nada, pois nem mesmo dá para falar de migalhas, as impressionantes mobilizações – que por muito pouco não colocaram abaixo o governo burguês-direitista do traidor Lenin Moreno, o que abriria uma etapa de lutas vitoriosas das masas populares em todo o continente – foram, em toda a sua extensão, quebra-

das, traídas. Isso não só fez com que o governo se recompusesse, como permitiu ao imperialismo e à direita manobrar para novamente ir para cima da população, com a costumeira virulência contra os trabalhadores e a população pobre e explorada do país. Neste momento agora, Lenin Moreno, o Congresso Equatoriano e o Fundo Monetário Internacional (FMI) estão “brindando” a população com um presente de grego; um pacotaço de medidas para impor um sofrimento ainda maior à população. “Com 83 votos a favor, o plenário da Assembleia Nacional aprovou o Projeto de Lei Orgânica de Simplificação e Progressividade Tributária”, informou o Parlamento. A sessão teve a presença de 128

dos 137 membros do Congresso, no qual o governo não tem maioria. “Felicito o compromisso dos legisladores que, sem olhar para bandeiras políticas, apoiaram nossa proposta porque beneficia as grandes maiorias”, escreveu o presidente Lenín Moreno no Twitter. “O projeto volta ao Executivo e, com diálogo e consensos, seguiremos tomando decisões para um país melhor” (UOL, 10/12). Esse foi o desfecho (trágico, para as massas) do esforço e do heroísmo de centenas de milhares de populares que desejavam colocar abaixo o regime de fome, traição, miséria e opressão, de Lenin Moreno, da direita equatoriana e do imperialismo. A política de pequenos ganhos, de “vitórias parciais”, ao invés de se colocar claramente no terreno da luta pela derrubada do governo e do regime burguês em seu conjunto, acabou por determinar um fôlego para que a burguesia e o imperialismo encontrassem uma “solução” que nada mais significa do que a continuidade do ataque à população pobre e aos trabalhadores. No lugar do fim dos subsídios – cuja lei foi revogada pela pressão das massas populares – as burocracias dirigentes da luta social do povo definiram, de comum acordo com os opressores locais e com os representantes do imperialismo e da agiotagem internacional (FMI), um novo “ajuste”, que permitirá ao país arrecadar quase 600 milhões de dólares. Esta conta, evidentemente, recairá, mais uma vez, sobre as costas dos que foram às ruas pedir o fim do governo pró-imperialista de Lenin Moreno: A população empobrecida do país andino.


8 | DIA DE HOJE NA HISTÓRIA

CUBA

11/12/1964: Che Guevara discursa na ONU Che Guevara pronunciou histórico discurso na ONU, onde denunciou as ameaças do imperialismo americano à Cuba Ernesto “Che” Guevara pronunciou um discurso histórico na Assembleia das Nações Unidas em 11 de Dezembro de 1964. Em seu discurso, o líder revolucionário denunciou as provocações e ameaças do imperialismo americano à Cuba, que tentara invadir a ilha no episódio do ataque mercenário promovido pela CIA na Baía dos Porcos (Playa Girón) e no episódio da crise dos mísseis, quando os EUA cercaram a ilha com sua marinha, o que quase resultou em um conflito nuclear com a União Soviética. Che ainda menciona a violação sistemática do espaço aéreo por aparelhos espiões dos EUA, a infiltração de sabotadores, os ataques piratas nas águas internacionais e as provocações dos marines americanos na zona de Guantánamo. Desde 1898, os EUA mantém uma base naval no território cubano, que transformou-se em uma prisão política amplamente denunciada pela tortura e todos os tipos de arbitrariedades após as guerras do Afeganistão e Iraque. O direito de soberania do Estado Cubano não era negociável e qualquer

compromisso deveria implicar em obrigações recíprocas. Assim, Che coloca que Cuba não aceitaria as inspeções da ONU a mando dos EUA para impedir que o governo revolucionário da ilha possuísse as armas que julgassem necessárias para sua defesa. De acordo com o revolucionário, os EUA não teriam direito de interferir na política interna de países soberanos e tampouco violar seu território e espaços naval e aéreo. Afirma ainda que Cuba quer construir o socialismo. Che saudou o ingresso na ONU dos países Zâmbia, Malawi e Malta e os chamou para fazerem parte ao movimento de países não-alinhados, com o objetivo de lutar contra o imperialismo, o colonialismo e o neocolonialismo. Disse que o governo cubano, apesar de ser marxista-leninista, não se alinhava com a URSS, pois os não-alinhados combatem o imperialismo. O líder destaca a disposição revolucionária das massas latino-americanas e sua decisão de luta que paralisa a mão armada do invasor imperialista. A proclamação revolucionária dos povos se sintetiza na consigna “Pátria ou Morte!”.

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MOVIMENTO OPERÁRIO | 9

CAMPANHA SALARIAL 2019/2020

Trabalhadores dos frios terão reunião nesta quarta-feira (11) Trabalhadores nas indústrias de carne, derivados e do frio no estado de são paulo terão reunião com os patrões e, já decidiram, se não houver aumento haverá greve Na última sexta-feira (06), em assembleia, os trabalhadores nas indústrias de carne, derivados e do frio no Estado de São Paulo recusaram a proposta indecorosa de reajuste de 2,55%, que corresponde à inflação manipulada e imposta ao conjunto dos trabalhadores pelo governo golpista do fascista Jair Bolsonaro. A campanha salarial corresponde ao período de 2019/2020. Nas campanhas anteriores, ou seja, de 2017/2018 e 2018/2019 foram recusadas e neste ano. Os trabalhadores que já recusaram, no último ano, uma proposta de 4,00%, sequer consideraram o percentual atual. É uma afronta, disseram os trabalhadores na assembleia. Neste ano será a terceira vez que os patrões vêm impondo aos trabalhadores um aumento miserável e, apesar dos volumosos lucros estão decididos, mais uma vez, em não assinar o acordo coletivo de seus funcionários. Os patrões vinham enrolando e somente no dia quatro de dezembro, mais de um mês do inicio da data ba-

se, que é no dia primeiro de novembro é que ocorreu a primeira reunião. Os trabalhadores, que discutiram o aumento extorsivo dos produtos processados nos frigoríficos, inclusive a carne de boi, de frango e suínos, in natura, decidiram também, organizar a greve, caso não tenha nenhum avanço e os patrões continuarem enrolando nas negociações que ocorrerão hoje. Debateram também sobre o ataque que o governo golpista do fascista Jair Bolsonaro vem implementando a classe trabalhadora, inclusive sobre as Normas Regulamentadoras (NRs) sobre segurança e saúde dos operários, que estão sendo retiradas e a falta de fiscalização dos frigoríficos que a cada dia que passa vêm escravizando o setor frigorífico. Os trabalhadores exigem salário mínimo de R$ 4.500,00; Reposição de todas as perdas salariais, o que corresponde a 35%; Cesta básica de 45 kgs; Convênio médico gratuito para o trabalhador e toda a sua família;

Redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, sem redução nos salários; Os trabalhadores nas Indústrias de carne, derivados e do frio no estado de São Paulo farão nova assembleia e será, na próxima sexta-feira (13).

Os representantes do Sindicato dos Frios estão percorrendo várias regiões, tais como, regiões Norte, Sul, Leste e Oeste da capital de São Paulo, Santo André, Osasco, Barueri, São Caetano, etc., realizando reuniões nas portas dos frigoríficos, e chamando todos à assembleia.

CARAVANA BANCÁRIOS

Bancários organizam caravanas no país inteiro na luta contra o golpe Trabalhadores bancários do país inteiro se organizam em caravanas para participar da 2ª Conferência Aberta dos Comitês de Luta contra o Golpe A política do governo ilegítimo Bolsonaro é de implantar uma ditadura fascista no país para que com isso aumentar os ataques aos trabalhadores e a toda população, para entregar o patrimônio nacional aos capitalistas nacionais e internacionais e aos países imperialistas. Por trás do golpe de Estado, um dos seus grandes financiadores estão os banqueiros, que se utilizam dos seus governos para aumentar a ofensiva direitista contra a categoria bancária e de toda a população. Os bancários, com o golpe, estão sendo duramente atingidos pelas medidas desse governo golpista. Somente neste ano já foram demitidos mais de 35 mil trabalhadores e, até o ano de 2020 pretendem demitir mais 11 mil, centenas de agências em todo o país estão sendo fechadas, o que, além das demissões, ocasiona uma enxurrada de descomissionamentos e transferências compulsórias. Aumentou consideravelmente a política de assédio moral que visa a obrigar o funcionário a cumprir metas de venda de produtos; as agências estão cada vez mais lotadas devido à falta de pessoal em consequência daqueles milhares que foram demitidos e não foram substituídos. Com as “reformas” já está aumentando o número de trabalhadores terceirizados, que com a MP da terceirização as empresas podem já contratar terceirizados para

exercer cargos inclusive nas atividades fim; com o fim da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) os trabalhadores podem ter as suas férias parceladas, contrato individual em relação a banco de horas, redução do horário de almoço para 30 minutos, arrocho salarial, etc. A última medida veio através da MP 905/2019 que, dentre outros ataques, visa aumentar a jornada de trabalho dos bancários e abre a possibilidade de trabalho aos sábados e domingos. Os bancos públicos estão sob um forte ataque com a política de reestruturação e a destruição dos seus direitos e conquistas, como por exemplo os ataques aos seus planos de saúde com o objetivo de diminuir os custos dessas empresas como forma de preparar para a privatização. Nesse sentido, para barrar a ofensiva da direita golpista, é necessário liquidar com o golpe. Os golpistas têm bem claro que os trabalhadores não aceitarão os brutais ataques desferidos contra os seus direitos e conquistas tão facilmente como já foi demostrado através de duas greves gerai, para isso é preciso intensificar as mobilizações da classe trabalhadora para barrar a ofensiva da direita reacionária. É necessário organizar a categoria bancária, conjuntamente com as demais categorias de trabalhadores, organizações populares, associações de

movimento de luta pela terra, moradia, partido de esquerda, para discutir e preparar os trabalhadores para enfrentar essa situação em uma ação unitária em torno da luta contra o gol-

pe que tenha como bandeira principal as palavras de ordem de: Fora Bolsonaro, pela Anulação de todos os processos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Eleições Gerais já.


10 | POLÊMICA

MOBILIZAÇÃO OU MISTICISMO?

Sem carro de som, sem partido, sem bandeira: a “nova geração” é o MBL Na última semana, a jornalista Rosana Pinheiro Machado concedeu uma entrevista ao jornal burguês espanhol El País e defendeu uma política bastante direitista para a esquerda. Prestes a lançar o livro Amanhã vai ser maior: O que aconteceu com o Brasil e possíveis rotas de fuga para a crise atual, a antropóloga Rosana Pinheiro-Machado concedeu uma entrevista ao jornal burguês espanhol El País, que foi publicada no dia 9 de dezembro. Na entrevista, Pinheiro-Machado expôs uma série de impressões sobre a situação política atual, tratando sobretudo daquilo que considera que há de errado na atuação da esquerda. A ação das massas Na primeira parte da entrevista, Rosa Pinheiro-Machado afirma que a “nova geração” de jovens seria muito mais politizada e, até mesmo, mais democrática, que as anteriores: "E, para mim, a grande diferença é que esta geração é muito mais autonomista, muito mais democrática, com muitos coletivos. Você vai numa escola e vê 10 grupos feministas, não apenas um DCE centralizador. É uma geração que se expressa de maneira muito mais horizontal. Não é perfeito, a gente sabe de todos os conflitos e contradições que existem, mas há uma lógica muito mais democrática e horizontal. E também pouco partidária. De alguma maneira esta geração inclusive rejeita os partidos." De uma maneira geral, não há nenhum motivo para os jovens que nasceram nas últimas décadas serem mais democráticos do que os jovens que viveram o governo FHC ou a ditadura militar. Afinal, pouquíssima coisa mudou para a juventude nos últimos anos: a sociedade capitalista permite que apenas uma parcela muito restrita da população goze de privilégios, enquanto a esmagadora maioria é destinada às piores condições de vida possível. A quase totalidade da juventude está inserida nas camadas mais desfavorecidas da população, de modo que, em qualquer período, tende a se chocar com os interesses da classe dominante. A juventude é, inclusive, por suas próprias características, o setor mais explosivo dentro da classe trabalhadora. As diferenças que a antropóloga aponta sobre a juventude dos dias atuais não são resultado de nenhuma inovação tecnológica, nem muito menos representam uma evolução política. A existência de dezenas de coletivos e grupos feministas e a adoção da horizontalidade são aspectos de uma política já ultrapassada e falida – uma política que, em último caso, apenas fortalece a direita. O debate de que a juventude e os trabalhadores não devem se organizar em centrais únicas, sejam sindicais, sejam estudantis, e de que deveriam rejeitar organizações centralizadoras, ao contrário do que aponta Pinheiro-Machado, é muito antigo. Não fosse assim, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que é uma das maiores centrais sindicais do mundo e foi construída através da luta de milhões de trabalhadores, jamais teria existido. Tampouco teriam existido o Partido dos Trabalhadores (PT), o

Partido Bolchevique ou qualquer outra organização que se desenvolveu no movimento de massas. As organizações não são uma repartição criada artificialmente por alguns engenheiros sociais que pretendem subjugar a população, mas são o resultado da própria luta política. E a existência de tantos coletivos e grupos feministas nas universidades demonstram isso: tais grupos emergiram justamente onde as organizações da juventude não se mostraram capazes de acompanhar as demandas do movimento estudantil. A ineficiência dos Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs) que viram coletivos feministas brotarem ao seu redor não se dá, ao que aponta a antropóloga, porque são excessivamente centralizadores, mas justamente pelo contrário. O motivo pelo qual os trabalhadores e os estudantes lutam para criar suas centrais é para que ela sejam capazes de organizar suas bases em torno de reivindicações que as unifique. Como a maioria dos DCEs, no último período, se eximiu de lutar contra o golpe, direcionando seus esforços para interesses mesquinhos, geralmente capitaneados pela UJS/PCdoB, nada mais natural que causasse uma dispersão em seu entorno. Mas isso não mostra uma centralização: muito pelo contrário, é uma dispersão motivada por uma política completamente equivocada. As organizações do movimento estudantil e do movimento popular, por fim, são fundamentais porque são a única forma de fazer com que a revolta contra a direita atinja o seu potencial máximo. Afinal, se há tantas divergências a ponto de haver 10 grupos feministas, como o movimento estudantil poderia ter sucesso na luta contra a direita? Se não há divergências e a juventude está pronta para lutar, por que então criar tantos grupos periféricos ao DCE? Partidos e caminhão de som A mesma discussão feita em relação ao DCE, vale também para os partidos. Se os trabalhadores e a juventude, por exemplo, querem derrubar o governo Bolsonaro, como irão fazê-lo sem um partido político? Se, eventualmente, um levante explosivo derrubá-lo, o problema ainda se mantém: a população deve permitir que a burguesia indique seu próximo capacho a governar o país ou o partido que tem prestígio junto às massas irá tomar o poder? A luta sem partidos implica na desistência de um programa claro e de uma direção definida para o movimento. Implica, portanto, em um projeto inviável, uma vez que a burguesia, ao contrário do que prega Rosana Pinheiro-Machado para a esquerda, tem seus interesses definidos e, portanto, é capaz de se cartelizar para manter seus privilégios. Continuando suas impressões sobre a situação política, a antropóloga declara também que a juventude seria contra bandeiras e, até mesmo, contra

caminhões de som: "Esse é o grande conflito. Você tem a CUT, mas muitas vezes essa nova geração não quer ir a um protesto com a bandeira da CUT ou mesmo do PT. E há uma esquerda que não consegue ver os frutos e sementes de Marielle Franco. É uma esquerda institucionalizada, que sofreu um golpe, é verdade, mas que não consegue abarcar essas novas lideranças e novos movimentos. Vai para a rua com caminhão de som, mas estamos falando de uma geração totalmente contrária ao caminhão de som." Essa declaração de Pinheiro-Machado mostra como sua análise está influenciada pela propaganda da imprensa burguesa. Não é verdade que uma bandeira da CUT ou do PT seja rejeitada pelos trabalhadores. Quando essas bandeiras não aparecem nas manifestações, é porque as próprias direções não as levam! Mas não há nenhuma evidência que esse fenômeno – isto é, de que erguer uma bandeira da esquerda leve a vaias – seja real. Prova disso é que as maiores mobilizações contra o golpe tiveram várias bandeiras da CUT e que o maior líder popular do país, que seria eleito em 2018, mesmo estando preso, é um petista. A proposta de excluir os caminhões de som das manifestações, por sua vez, é uma demonstração de que os novos métodos propostos por Rosana Pinheiro-Machado atingem o patamar de puro misticismo. Seria minimamente razoável pensar que a juventude os trabalhadores não querem lutar contra uma ofensiva que quer tirar sua aposentadoria, seu salário, o patrimônio do país, seu direito de expressão e todos os demais direitos democráticos simplesmente porque as manifestações da esquerda têm caminhões de som? E, invertendo a pergunta, por que um megafone, ao invés de um caminhão de som, convenceria mais um jovem a se enfileirar na luta contra um inimigo poderoso? Renovar ou capitular? Ao defender que a esquerda tenha novas figuras, Pinheiro-Machado acaba afirmando que o golpe de 2016 teve sucesso porque a esquerda foi incapaz de negociar seus métodos: "Há uma carência de novas figuras. É preciso ampliar, renovar mesmo. E há uma insegurança da esquerda com essa geração que ocupa as ruas. Não raro a esquerda culpa junho de 2013 por tudo que aconteceu, já que não controla essas pessoas, não é algo centralizado. É muito mais fácil acusar de golpista e não fazer mais nada do que trabalhar politicamente. Precisa negociar, disputar essas multidões, e não culpá-las. A esquerda até quer a multidão, desde que seja controlada por bandeiras. Se não for, ela se torna um risco. Isso é o oposto de um processo de politização e da camaradagem, o que significa trabalhar dentro de uma lógica universal, de amor." Conforme já discutido nas outras sessões, os novos métodos – que já apare-

ceram em todo o século XX – não são um caminho apontado pela juventude, mas sim o resultado de uma pressão da burguesia para que a esquerda não exerça o seu papel adequadamente. Se, por exemplo, os DCEs estivessem sendo utilizados para lutar contra a direita, certamente que a aparição de grupos com novos métodos seria inexpressiva. Por isso, o problema não se resume em encontrar novas figuras, mas sim em as direções adotarem uma política combativa, que tenha a mobilização das massas contra o regime como eixo. Ao afirmar que a esquerda precisaria negociar, a antropóloga explicita qual a sua política para a esquerda: o papel das direções da esquerda não seria o de convencer os trabalhadores a engrossar suas fileiras para lutar contra a direita, mas simplesmente abrir mão de seus princípios para atender supostos interesses da nova geração. Além de ser absurdo que a esquerda abra mão de seus princípios, é preciso também levar em conta que o que Pinheiro-Machado entende como nova geração é justamente aquilo que a burguesia quer que a esquerda pense sobre a juventude. MBL é a extrema-direita por excelência Ao tentar advogar o misticismo da chamada nova geração, a antropóloga chega ao absurdo de considerar o surgimento de grupos de extrema-direita como positivo: "Mas, ao mesmo tempo, vemos o MBL [Movimento Brasil Livre], que cresceu absurdamente com um discurso juvenil, com uma estética jovem, subversiva… Essa crise institucional partidária ficou escancarada em 2013. Já não havia engajamento partidário há muito tempo. A crise é profunda, há uma indignação e uma vontade por politização e processo democrático imensas. Tenho diferenças ideológicas com correntes como o Renova ou MBL, mas acho extremamente positivo que esses diferentes grupos transversais se apropriem da política." Aqui, certamente que a tese de Pinheiro-Machado atinge o seu grau máximo de confusão. O MBL é um grupo tipicamente fascista, cujos objetivos estão explícitos desde sua origem. Financiado pelo imperialismo norte-americano, o MBL já protagonizou várias tentativas de intimidação a alunos em escolas e a trabalhadores em atos, já foi responsável pela censura de uma exposição em um museu e promove toda uma política de terrorismo contra a esquerda. Para se projetar no cenário nacional, o MBL lançou mão do velho discurso da crítica da velha política, procurando se mostrar como uma organização desvinculada da política tradicional. Pura mentira. Hoje, seus membros estão em partidos como o Democratas – partido da ditadura militar de 19641985 – e são servos dos interesses da burguesia internacional.


CIDADES E CULTURA | 11

REPRESSÃO

Agentes invadem penitenciária de Bauru (SP) e torturam presos Uma operação de terror e tortura contra os presos e seus familiares começou na penitenciária de Bauru nesta segunda. Relatos das famílias de presos denunciam a operação de terrorismo de Estado que teve início nesta segunda-feira às 4 horas da manhã na penitenciária de Bauru, localizada no interior de São Paulo. Uma operação de tortura e imposição de terror contra os presos teria começado na penitenciária. Outro diretor da unidade prisional, conhecido como Marcão, teria assumido a função e quer mostrar serviço para o governador João Dória (PSDB), um fascista e destacado apoiador da tortura, da violência policial e carcerária e do massacre contra o povo pobre. Isso significa que o diretor estaria buscando torturar, humilhar, aterrorizar e martirizar os presos e suas famílias para afirmar sua autoridade sobre eles e aplicar as diretrizes políticas do governador. Há denúncias de que os presos estariam nus no pátio da unidade, enfileirados no chão, sem comer e tomar água há muitas horas e estariam apanhando dos agentes do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), uma força especializada da Secretaria de Adminis-

tração Penitenciária (SAP). De acordo com os familiares, pertences dos presos levados por eles foram destruídos pelos agentes carcerários e pelo GIR. Os órgãos do sistema penitenciário que seguem as diretrizes do governador fascista João Dória estão se negando a prestar quaisquer informações às famílias, que desesperadamente buscam informações e temem que seus entes queridos sejam torturados ou assassinados no interior da unidade prisional. É sabido o fato de que se algum preso for assassinado, a polícia vai criar uma situação e imputar a responsabilidade aos próprios presos, de forma a ocultar o que verdadeiramente ocorre e o papel do Estado nos massacres, torturas e violações de todos os tipos. A operação de terrorismo de Estado de João Doria contra os presos e suas famílias na penitenciária de Bauru demonstra o caráter fascista do governo do Estado de São Paulo. As prisões são instrumentos de imposição de terror e torturas contra a população pobre e negra, com o objetivo de exercer

controle social direto e impedir que a pobreza coloque o regime político de dominação burguesa em xeque. São Paulo concentra quase metade de toda a população encarcerada do país em sua ampla e complexa rede de penitenciárias espalhadas por todo o território. O encarceramento massivo da

pobreza é uma das políticas centrais do PSDB, partido político que governa o Estado há 30 anos. As prisões devem ser extintas e todos os presos liberados. Esse aparelho de massacre e tortura que são as prisões devem ser extintos de uma vez por todas.

FIM DA GRATUIDADE NOS ÔNIBUS

Bolsonaro ataca passageiros de ônibus e desregulamenta setor Decreto de Bolsonaro cria conjunto de medidas que desregulamentam o setor de transporte de rodoviário de passageiros, levando ao fim da gratuidade e aumento dos custos nas viagens. Mais um ataque do governo Bolsonaro à população mais pobre, em benefício dos empresários proprietários de ônibus. É o que foi definido a partir do Decreto 10.157/19, assinado na última quarta-feira (04/12), pelo presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, através do qual define medidas que desregulamentam o setor a pretexto de livre iniciativa e livre concorrência e dificultam a vida dos passageiros. O decreto, que tem a finalidade de instituir a chamada “Política Federal de Estímulo ao Transporte Rodoviário Coletivo Interestadual e Internacional de Passageiros”, diz ter como princípios a livre concorrência, liberdade de preços, itinerários e frequência, defesa do consumidor e redução do custo regulatório. Define ainda como “Diretrizes” a inexistência de limite para um mesmo itinerário e a limitação das passagens com gratuidades. Ou seja, um conjunto de medidas que visam deixar nas mãos dos empresários a definição sobre preços de passagens, origem e destinos, bem como, horários e quantidades de itinerários e, se qual viagem poderá ou não ter passagens gratuitas, um benefício previsto em lei*. Outro aspecto gravíssimo é que, com esse conjunto de medidas de desregulamentação, até a certeza que a viagem irá ocorrer acaba, pois como a prioridade passa a ser a liberdade de frequência e redução de custo com a finalidade de lucro do empresário, na

prática, se a empresa não vender a quantidade de passagens que ela entende como lucrativa, pode não realizar a viagem, não estando obrigada a devolver os valores ao consumidor. É um completo absurdo e ataca diretamente a população mais pobre, que para transitar pelo interior do país só conta mesmo com os ônibus, o qual mesmo com todas as dificuldades, em geral, são mais seguros e mais organizados do que os transportes conhecidos como alternativos, como lotações, carros fretados, entre outros. O decreto de Bolsonaro, além de praticamente permitir que as empresas extingam a gratuidade, vai estimular o aumento das passagens e demais custos para os passageiros, pois como a população bem sabe, os empresários só realizam medidas que beneficiam os consumidores quando são obrigados pela agências reguladoras ou por lei. Como é caso da própria gratuidade que, muitas vezes não é cumprida por falta de fiscalização, mas também na garantia dos horários das viagens, da qualidade dos ônibus, do treinamento e condições de trabalho para os motoristas, da disponibilização de itinerários em locais que muitas vezes não seriam tão lucrativos para a empresa etc. Ou seja, a desregulamentação do setor tende a aumentar o controle dos empresários sobre todos os aspectos da atividade, permitindo-lhes cometer diversas atrocidades em benefício do

capital. Como por exemplo, oferecer uma linha entre dois municípios grandes, mas não entre as regiões mais afastadas como, distritos e povoados, impedindo que a população chegue a uma cidade grande, para trabalhar, ir ao médico etc. Como o setor, em geral, é um oligopólio, em que poucos empresários dominam regiões inteiras, é fácil concluir que com todo esse poder em mãos, o maior e mais imediato reflexo será o aumento dos custos para os passageiros. A população e os trabalhadores, que dependem dos ônibus para se locomover pelo país, inclusive para trabalhar, não podem aceitar mais esse ataque do fascista Bolsonaro. É preciso agluti-

nar-se em entidades de luta dos trabalhadores como sindicatos, associações de moradores e exigir medidas que beneficiem a população pobre e não os empresários que já são suficientemente ricos! Fora Bolsonaro e todos os golpistas! *A gratuidade de passagens em transporte rodoviário coletivo de passageiros é regulamentada por resoluções da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), como a gratuidade para o idoso de baixa renda e para pessoas com deficiência e carentes (portaria nº 1.692 de 24/10/06), jovens de baixa renda (resolução 5.063/16) e crianças de até 6 anos incompletos (resolução nº 1.922/07).


12 | CIDADES E CULTURA

DIREITA ATACA A CULTURA

Wagner Moura denuncia a destruição da Cultura no Brasil de Bolsonaro Em Nova York, Wagner Moura denuncia Bolsonaro. Neste domingo (8), o diretor e ator Wagner Moura fez o lançamento do filme Marighella, na Universidade de Columbia, em Nova York. Antes da exibição, o diretor fez um discurso em que denunciou o governo Bolsonaro. “Eu não gosto de falar do ‘Marighella’ como um caso isolado. Todo o universo da cultura, no Brasil, está basicamente destruído. A Ancine (Agência Nacional do Cinema) está destruída. Acabada. Game over. E esse é o jeito que eles fazem hoje: a censura não é como a da ditadura militar, que dizia ‘isso é proibido’”, disse o diretor em seu discurso. O filme conta a história do guerrilheiro Carlos Marighella que, interpretado pelo ator e cantor Seu Jorge, ainda não estreou no Brasil. O filme enfrenta empecilhos burocráticos da Ancine. Moura afirmou que “Hoje eles infiltram pessoas nessas agências, e elas tornam tudo impossível de acon-

tecer. Foi isso que fizeram com ‘Marighella’. Eles acharam uma forma de tornar o lançamento impossível do ponto de vista burocrático. Mas nós iremos achar um jeito”. “Marighella” já foi exibido no festival de Berlim, Lisboa e teve duas sessões em Nova York. O filme seria lançado no dia 20 de novembro, que é o mês da consciência negra, e também o mês que a morte de Marighella completou 50 anos. A produtora O2 Filmes declarou, em nota, que não foi possível cumprir todas as burocracias exigidas pela Ancine. A produtora também teve dois recursos negados pela agência. Wagner Moura está certo, o governo golpista de Bolsonaro está aplicando a política de terra arrasada para a cultura. O setor da cultura também precisa ir às ruas e unir forças com o povo para lutar pelo fora Bolsonaro.

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NEGROS E MULHERES | 13

É PRECISO COMBATER O RACISMO

Avanço do fascismo: mulher cospe em taxista negro e diz ser racista O Bolsonarismo arreganhou as portas do racismo: mulher branca nega corrida e cospe em taxista negro em Belo Horizonte. A chegada da extrema direita ao poder, com Jair Bolsonaro, escancarou as portas do fascismo. Racismo, machismo, homofobia já não são ocultados e se apresentam abertamente. Manifestações de ódio são cada vez mais recorrentes e o Bolsonarismo, agente e alimentado pelo golpe imperialista no Brasil, tem responsabilidade direta sobre os distúrbios sociais. Em Belo Horizonte (MG), Natália Burza Gomes Dupin (36 anos), recusou uma corrida alegando não andar com negros e ainda desferiu uma cusparada no taxista, Luis Carlos Alves Fernandes (51 anos). A mulher branca ofendeu ainda um policial também negro e demonstrou mais preconceito chamando uma policial de sapata. Chama atenção o tratamento dado pelos policiais, que mesmo após ofensas racistas e homofóbicas, além de desacato, conduziram Natália Dupin sem algemas e no banco de passageiros. É de conhecimento geral da população a violência da polícia militar no tratamento com pobres e pretos. Outra coisa que chama atenção é

a Lei contra o Racismo, que na prática não existe. A mulher declarou “sou racista mesmo”, também que não daria em nada e que não sabiam quem ela era. Racismo é inafiançável, mas o delegado interpretou como injúria e a mulher foi solta após pagamento de fiança. Fica cristalino o constrangimento das autoridades da polícia militar (sar-

gento e do delegado) na abordagem, condução e aplicação da lei de racismo à mulher branca. A lei não foi elaborada com propósito de prender pessoas brancas de classe média alta. Finalmente, a leis contra o racismo, a criminalização da LGBTfobia e de agressão contra mulher servem apenas para encarcerar ainda mais população pobre e preta. Esse tipo de manifestação não é produto do acaso, não é um raio em céu azul. É preciso ter claro que muito antes do golpista Jair Bolsonaro ser eleito pela maior fraude da história e mais intensamente durante o golpe de 2016, o mesmo abusou de declarações contra o povo negro, contra povo nordestino, contra a comunidade LGBT, contra as mulheres entre outros setores esmagados da população. Com a chegada ao poder, o presidente fascista ilegítimo não demorou a atacar os indígenas, os trabalhadores do campo, os quilombolas, as mulheres e outros setores oprimidos da população com sua política fascista. Bolsonaro já colocou um capitão do

mato na presidência da Fundação Palmares e por meio de Sérgio Moro tenta dar carta branca para polícia militar assassinar o povo negro. É preciso ter em conta que o ódio que o Bolsonarismo despertou não se restringe a agressões verbais e cusparadas. É preciso recordar as agressões aos militantes de esquerda durante o golpe, o atropelamento do integrante do MST em manifestação, os espancamentos de LGBTs e mulheres, a morte do mestre Moa entre outros crimes praticados por seguranças de lojas, por guardas municipais e policiais bolsonaristas. Todo a violência e assassinatos dos setores mais explorados é culpa do Bolsonarismo e do golpe imperialista. As manifestações de preconceito não serão combatidas através da punição dos indivíduos. É preciso derrotar o governo Bolsonaro para varrer o fascismo do país. Os amplos setores oprimidos devem se levantar e impor uma derrota aos golpistas nas ruas. É preciso pedir Fora Bolsonaro e Eleições Gerais!

RACISMO

LEGALIZAÇÃO DO ABORTO

UFRB: aluno se recusa a receber documento de professora por ser negra

Mulher argentina morre após aborto ilegal; é preciso liberar o aborto!

Aluno recusa-se a receber documento das mãos de professora negra na Universidade Federal do Recôncavo Baiano e declara “não me misturo com negros porque fui bem criado”.

Proibição é uma violação dos direitos da mulher

Em vídeo divulgado pelo perfil do Twitter “Lista Preta” e “Mostra Danilo” em sala de aula do curso de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, composta em grande parte por negros, o aluno, identificado como Danilo Araújo Góis, recusa-se a receber documento das mãos de professora por esta ser negra. Segundo estudantes que convivem com Danilo, desde que este ingressou na instituição nega-se a pegar coisas das mãos de pessoas negras e que estas tenham manuseado ou, até mesmo, sentar-se próximo, declarando inclusive que “não se misturava com negros, pois havia sido bem cuidado”. Nas imagens, o estudante deixa claro que não irá receber o documento das mãos da docente, enquanto os estudantes gritam “racista”. Somente após a chegada da coordenadora do curso de Historia da Universidade teria sido expulso da sala. Não dá para passar despercebido que esta ação foi ideologicamente impulsionada por uma onda fascista que avança contra diversos países, dentre eles o Brasil, e que tem por representantes, no geral, figuras escatológicas que misturam falácias com discursos intolerantes que remontam, por exemplo, o nazi-fascismo de Hitler. Quem

já esqueceu que Bolsonaro declarou que negros quilombolas “não servem para nada”, em suas palavras, “nem para procriadores servem mais”? – Isto foi dito por ele em atividade no Clube Hebraica no Rio de Janeiro em abril deste ano – ou talvez não entendam o significado de “Make America Great Again” slogan da campanha eleitoral de Trump nos EUA, que faz referência ao período de ascensão do massacre promovido pelas políticas imperialistas americanas em diversos países do mundo. E preciso denunciar que este governo pratica políticas que visam naturalizar comportamentos inaceitáveis, como o racismo, quando, por exemplo, tenta impor o excludente de ilicitude – pelo excludente de ilicitude, atos praticados por agentes de segurança, como tirar a vida de uma pessoa, não são considerados crimes – num cenário onde a população pobre, composta na maioria por negros, é massacrada em violentas ações policialescas nas periferias, chegando ao absurdo de dispararem mais de 200 vezes contra o músico Evaldo Rosa dos Santos, e recentemente causar a morte de 9 jovens numa operação em Paraisópolis, cujo resultado, para Doria, deve e continuará sendo incentivado pelo Estado.

Uma mulher argentina de 34 anos morreu após tentar realizar um aborto clandestino. A tentativa de aborto caseiro resultou em uma infecção generalizada, fazendo com que ela desse entrada no hospital de San Martín de La Plata, em Buenos Aires. A mulher veio a falecer dois dias depois. O aborto é ilegal na Argentina, o que nos da a estatística de que ele é a principal cauda de morte materna no país. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) acontecem, por ano, cerca de 20 milhões de abortos clandestinos no mundo inteiro, dos quais cerca de 47 mil resultam na morte da mulher. Precisamos considerar que esses são os casos conhecidos. Os abortos clandestinos são procedimentos de alto risco e, por isso, quem morre nesse

processo são as mulheres pobres, que não tem condições de pagar clínicas especializadas e acabam fazendo isso em casa. O aborto precisa ser legal, amplo e irrestrito, a mulher precisa decidir sobre o próprio corpo. Além de negar isso a ela, o Estado burguês ainda a pressiona politicamente com casos como o do grupo “40 dias pela vida”. É necessário mobilizar a população nas ruas não só pela descriminalização do aborto, mas contra todos os outros fatores que massacram o povo, como a falta de emprego, os preços abusivos e a polícia repressiva. Em resumo, é preciso mobilizar o povo contra os governos fascistas em ascensão e em solidariedade aos povos da América Latina que também estão se levantando contra a repressão.


14 | JUVENTUDE E MORADIA E TERRA

“NÃO FECHEM NOSSA ESCOLA”

Alunos protestam contra fechamento de escola em Salvador Alunos da Escola Estadual Odorico Tavares , em Salvador – Bahia , protestam pelo impedimento de terminarem o ensino médio no estabelecimento. Na semana passada, cerca de 100 alunos da Colégio Estadual Odorico Tavares, em Salvador, Bahia, realizaram um protesto por dois dias denunciando a ausência de vagas naquela escola. Portando cartazes e provocando a interrupção do trânsito, os alunos pediam por mais vagas na escola, que é uma referência na região, pois haviam sido informados que não poderiam finalizar o ensino médio no estabelecimento em decorrência de reorganização e redistribuição realizada pela secretaria de Educação. Os alunos relatam que ano a ano a escola vem diminuindo a oferta de novas vagas,culminando agora com o impedimento de rematrículas para o próximo ano. Denunciam também que a escola não tem recebido os investimentos necessários para a manutenção de sua infra-estrutura. A Secretaria de Educação, manifestando-se sobre o assunto, declara que

não há ausência de vagas e sim uma redistribuição dos alunos para outras escolas, e que anualmente realiza esta redistribuição de acordo com análise da frequência dos alunos, como também da procura por matrículas. A resposta da Secretaria vai de encontro ao relato dos estudantes, uma vez que a reclamação é justamente a diminuição contínua de vagas para matriculas e rematrículas. A denúncia de 100 estudantes certamente não é desprovida de fundamento, a demanda por rematrícula, demonstra que a reestruturação e redistribuição não leva em consideração os anseios da comunidade escolar que deseja permanecer naquela unidade. Outro fator a se considerar é a discrepância de qualidade de ensino entre os diversas escolas públicas, evidenciado na fala dos alunos que afirmam que a Colégio Estadual Odorico Tavares prepara melhor para a Univer-

sidade, o que não deveria ocorrer pois não privilegia o aprendizado de forma igualitária para os estudantes, independente da localização da escola. Todo apoio à manifestação da comunidade escolar, por sua iniciativa

em buscar seus direitos, por denunciar o descaso do poder público com o patrimônio e por denunciar os golpistas, a começar por Bolsonaro, um dos mentores dos ataques contra a Educação.

ATAQUE CONTRA A JUVENTUDE

POVOS INDÍGENAS

Universitários são os maiores afetados com a crise

Indígenas protestam contra nomeação de fuzileiro para Funai no AM

Crise provocada pelos golpistas afeta universitários, setor fundamental para a formação intelectual brasileira

Indígenas protestam contra a nomeação de um militar para a função de coordenador regional do Alto Solimões da FUNAI de Tabatinga (AM)

Com o golpe de características continentais, que visa arrasar o Economia da América Latina, com o chamado projeto neoliberal, a onda de desemprego e miséria cresce em escala nunca vistas antes. Para que este plano de verdadeiro desastre econômico, para salvar meia dúzia de tubarões do mercado financeiro em plena crise terminal do capitalismo, é necessário atacar uma questão fundamental: as Universidades. Para isso, não basta atacar o corpo burocrático, é preciso lançar a ofensiva em cima dos estudantes, principalmente nas suas condições de vida, durante e após a graduação. Em 2000, em plena crise do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), primeiro governo a aplicar essa política neoliberal no Brasil, ele promete que abriria as portas das universidades para melhor condição econômica da população. Não passou de palavras, no velho estilo demagogo da direita tradicional. A bola foi passada para o PT, que pegou um país em ruínas, que com a sua política moderada aplicou medidas paliativas para situação de crise. Mesmo essas medidas sendo limitadas, o contingente de universitários mais que dobra. Medidas como o Fies e o Prouni, que financiava as universidades privadas, para que o estudante não pagasse diretamente o valor absur-

do das altas mensalidades desses monopólios de diplomas, favoreceu esses dados, levando uma parte significativa a ingressar no ensino superior, mesmo que nesse caso bem precário. Em 2016, o Brasil passa pela rota do imperialismo, principalmente norte-americano, no seu plano golpista de fazer do continente seu jardim, ou melhor, seu deserto. Em 2014, o país já chegava no número de 25% de graduados fora dos postos de trabalho. Em 2019, já no processo de aprofundamento do golpe e de virtual ditadura, são de 30%, segundo a Consultoria iDados sobre Pnad Contínua. No mesmo ano de 2014, os dados da população formada que recebia menos de um salário era de 39%. Hoje chega a praticamente a escala de metade das pessoas formadas, segundo os números, a aberração de 45,4%. A saída que se apresenta é seguir o exemplo dos nossos países vizinhos. Aprofundar uma explosiva mobilização que no Brasil se encontra latente, por enquanto. Ficar parado esperando eleições que podem vir a nem existir é suicídio. É preciso sair as ruas com as palavras de ordem de Fora Bolsonaro! 35 horas de jornada semanal! Novas eleições! Assembleia constituinte! para que as mudanças vistas antes, possam ser realmente profundas e duradouras!

No último dia 27 de Novembro, o governo fascista de Jair Bolsonaro nomeou o fuzileiro naval da reserva Jorge Gerson Baruf para a função de coordenador regional do Alto Solimões da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Tabatinga (AM). Mais um militar das Forças Armadas passa a fazer parte do governo. Os povos indígenas das etnias Tikuna-Maguta e Kokama, Alto Solimões, localizado no oeste do Estado do Amazonas, manifestaram o completo repúdio à nomeação do militar para a coordenadoria regional da Funai. Lideranças destes povos exigem

o imediato cancelamento da portaria de nomeação pelo governo Bolsonaro e afirmam que se não houver o cancelamento da nomeação, ocuparão a sede da Funai em Tabatinga (AM). Se a ocupação da sede da Funai não for eficaz para impelir o governo a atender a reivindicação, passados 7 dias as lideranças indígenas afirmam que interditarão a pista de pouso do Aeroporto Internacional de Tabatinga. As lideranças indígenas destacam que o fuzileiro naval não tem formação e nem capacidade de lidar com os povos indígenas, uma vez que não se sabe qual seu posicionamento sobre as demandas concretas destes. Além disso, os indígenas denunciam a ocupação cada vez mais frequente de postos da Funai por militares e o enfraquecimento do órgão responsável pela política indigenista no Brasil. Atualmente, a presidência da Funai é ocupada pelo delegado da Polícia Federal Marcelo Augusto Xavier da Silva. A concepção retrógrada do governo Bolsonaro em relação aos povos indígenas, garantidos na Constituição Federal de 1988, é ressaltada em nota. Desde que tomou posse após a fraude eleitoral que o colocou na Presidência da República, Bolsonaro tem estimulado a invasão de reservas indígenas por madeireiros e garimpeiros e a violência e assassinato de lideranças indígenas é frequente.


ESPORTES | 15

ESPORTES

Putin denuncia motivação política de perseguição contra esporte russo WADA define pena punição irrestrita à Rússia por dopping Em atitude contrária à carta olímpica, onde as punições por dopping são individualizadas diretamente aos atletas, técnicos e dirigentes envolvidos em casos dessa natureza, a Agência Internacional Anti Dopping (WADA) decidiu pela punição da Rússia como um todo, sem distinguir pessoas envolvidos ou não em casos dessa natureza. De maneira geral a punição aplicada afirma que a Rússia será impedida de participar das Olimpíadas de Tóquio e do Qatar e da Copa do Mundo de 2022. Embora argumente-se que atletas russos poderão participar, todos o farão diante de constrangimentos como ter que provar estarem “limpos” de substâncias proibidas, o que geralmente se realiza no decorrer das competições, ou seja, já chegarão com o estigma de trapaceiros. Não bastasse isso, até mesmo a bandeira russa não poderá ser exibida nas competições, sendo utilizada uma “bandeira neutra”.

Diante de tal absurdo o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que tal punição se dá por motivos meramente políticos. E de fato, quando ataca-se russos de modo indiscriminado e seus símbolos mais básicos como sua bandeira, evidencia-se que o problema não é esportivo. Qual problema seria então? Vamos nos recordar que a Rússia, mesmo com suas limitações, é o principal obstáculo para o avanço do imperialismo no leste europeu e no oriente médio. Ao contrário do entendimento pequeno burguês, que enxerga competições esportivas como um modo de amansar as massas, na verdade são eventos de lazer e cultura dos povos, especialmente dos trabalhadores. Embora haja interesses capitalistas bilionários, no fundo as disputas esportivas independem dessa classe, e na verdade os capitalistas até são limitadores de tais eventos. Ou seja, há

muitos interesses envolvidos quando há paixões e capital em campo, logo é impossível enxergar a política como algo distante do esporte. As disputas esportivas devem ser vencidas tão somente nos estádios, gi-

násios, etc. Transgressões esportivas como o dopping não deve dar base para a presunção de culpa como a WADA fez e aparentemente pretende fazer de modo seletivo futuramente. Isso é perseguição.

CENSURA NO FUTEBOL

PM reconhece que é fascista e censura faixa do Botafogo Antifascista Em mais um episódio de endurecimento da censura nos estádios, PM coage torcedores da Botafogo Antifascista a removerem sua faixa A última rodada do campeonato brasileiro de 2019, encerrada no dia 8 de dezembro, domingo, foi marcada por um acontecimento sintomático dos rumos da repressão e censura às torcidas organizadas que tendem a se endurecer mais e mais diante de um cenário de aprofundamento da ditadura que se instala no Brasil desde 2016. Em partida contra a equipe do Ceará, a torcida organizada Botafogo Antifascista estendeu nada mais do que uma faixa com seu nome. O que bastou para que os torcedores desta fossem abordados por policiais militares e coagidos a dobrarem tal faixa sob pena de apreensão da mesma, o que do contrário pos-

sivelmente geraria algum transtorno aos torcedores. A argumentação dos PMs, conforme se observa no vídeo, remete a uma vedação tirada do quepe a respeito de manifestações políticas dentro dos estádios. Uma argumentação tão reacionária que não encontra paralelo nem mesmo com o, já muito retrogrado, estatuto do torcedor. Como se não fosse o suficiente, em um dado momento do vídeo observa-se que o policial fotografa um documento de uma torcedora, uma maneira de fichar a torcedora de modo extra oficial? O episódio deixa bem evidente a luta que se encontra hoje nas arquibancadas. A polícia militar, fiel guardiã dos interesses burgueses, está se anteci-

pando a qualquer evento de massas que venha a puxar um posicionamento contrário tanto à elitização do futebol como à política golpista do cotidiano. Num primeiro momento, com as falácias de “promoção da paz nos estádios” e “combate à homofobia”, concedem-se super poderes de repressão às PMs e à CBF sob aplausos da esquerda pequeno burguesa que confia na boa vontade de entidades tão reacionárias, para mais adiante estas mesmas puxarem o tapete do campo progressista em qualquer ocasião em que a massa aja de modo minimamente mais incisivo. As torcidas organizadas são nada além de organizações populares, logo devem ter sua existência e per-

manência nas arquibancadas mantidas a qualquer preço, sob pena de termos a legitimação do principal pilar do fascismo, que é justamente a perseguição às organizações populares, movimentos sociais e partidos políticos. A permanência das polícias militares, seja nas ruas ou nos estádios, é tão somente uma maneira de escoltar os interesses burgueses, sendo assim torna-se necessária a dissolução dessa instituição. Vale lembrar que diante dessa afronta, a organizada Botafogo Antifascista está organizando um ato marcado para dia 11 de dezembro, quarta feira, na porta da ALERJ, denominado “Ato pela aprovação da livre manifestação política”.

PRIVATIZAÇÃO

Governo da Bahia quer privatizar Estádio do Pituaçu Governo do estado da Bahia quer privatizar o estádio de futebol de Pituaçu. O titular da SETRE (Secretaria Emprego, Trabalho, Renda e Esporte), Davidson Magalhães (preside o PcdoB na Bahia), disse que o Estádio Roberto Santos, mais conhecido como Pituaçu, deve ser passado para a iniciativa privada. O estádio fica em Salvador, Bahia. Privatizar significa colocar sob o controle de empresa particular um bem público, do povo. A política de terra arrasada, entregando o estado nas

mãos da iniciativa privada com alegação de bem sucateado. O estado constrói com numerários do povo e depois entrega a preço de banana ao capital privado que não fez nenhum esforço para existir. Além disso na última terça-feira (3), o governo apresentou o lançamento do edital de licitação para a contratação de uma empresa de engenharia para realizar as obras afirmando que o objetivo é tornar a praça esportiva

mais atrativa aos futuros candidatos interessados em administrá-la. A canalhice é enorme. Gasta-se dinheiro público para depois vender. Logo se vê que dinheiro não falta. Depois, ficam com discurso demagógico “o bem não serve pra nada” ” é um elefante branco”. Pituaçu é um patrimônio do povo baiano. O governo golpista do presidente Jair Bolsonaro exerce em âmbito nacional a sua política de terra arrasada,

destruindo todo o patrimônio do povo, através de sua política neoliberal de privatizações do patrimônio de toda nação brasileira.



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