Diário Causa Operária nº5846

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QUARTA-FEIRA, 4 DE DEZEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5846

Lutar pela dissolução da PM N

a madrugada do último domingo (1), a favela de Paraisópolis, localizada na zona sul de São Paulo, foi testemunha de mais um massacre provocado pela Polícia Militar (PM). Segundo relato dos próprios moradores, policias invadiram o Baile 17 – considerado um dos mais famosos bailes funk da cidade -, aterrorizando a comunidade e encurralando os jovens com bombas e balas de borracha. O tumulto causado pelos policiais foi tamanho que os presentes na festa, em meio ao desespero, acabaram pisoteando nove pessoas, com idades entre 16 e 28 anos, que vieram a óbito.

Diante da carnificina, a própria Polícia Militar tomou a iniciativa de conceder uma coletiva de imprensa – restrita, obviamente, aos órgãos da imprensa golpista que fazem propaganda da ação brutal da polícia. Na coletiva de imprensa, o porta-voz da PM afirmou que os agentes entraram no baile funk porque estavam perseguindo dois suspeitos de terem atacado policiais de trânsito. Como foram recebidos com pedras e garrafas pelos moradores de Paraisópolis, os agentes teriam agido ostensivamente com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.

Como combater o desemprego R

ecente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre desemprego espelha a grave situação da classe trabalhadora no Brasil. Mesmo com a ressalva de que os institutos de pesquisas tendem, em geral, a maquiar os números, a serem conservadores, os dados apresentados expressam uma condição impossível de ser encoberta.

Apenas voto pode evitar chacinas como a de Paraisópolis? Em artigo publicado na Folha de S. Paulo intitulado “apenas o voto pode evitar tragédias como a de Paraisópolis“, o jornalista Luiz Fernando Azevedo, o “Dodô Azevedo”, ao tratar da chacina promovida pela Polícia Militar do Estado de São Paulo que levou à morte de jovens jovens entre 14 e 23 anos de idade, depois de uma emboscada contra um baile funk com mais de 5 mil pessoas, na madrugada do último domingo, responde à pergunta por ele mesmo formulada sobre “como, então, impedir estas tragédias?”, com uma simples e curta frase “com o voto”.

Jandira Feghali defende Esquerda dinheiro para o monopólio da acredita que o massacre em imprensa golpista

A deputada federal pelo PCdoB-RJ, Jandira Feghali, publicou em sua conta do Twitter um comentário defendendo a Folha de S. Paulo e afirmando que ela e seu partido entraram com ação popular para barrar o processo de licitação da Presidência que exclui o jornal.

Transição Socialista confunde mais um golpe com um levante operário

Paraisópolis foi uma fatalidade

O agrupamento voltou a caracterizar a situação política sob a base de uma realidade invertida, dessa vez apoiando o golpe na Bolívia.

O massacre produzido pela Polícia Militar de São Paulo na madrugada do último domingo, que resultou na morte de nove jovens num baile funk em Paraisópolis, foi alvo de declarações por parte de setores da esquerda. O PT e o Psol e políticos ligados a esses partidos apresentaram posição sobre o caso e, ao fazerem isso, acabaram revelando uma ideologia de completa adaptação à direita golpista.

Paraisópolis: “impunidade rigorosa”


2 | OPINIÃO EDITORIAL

CHARGE

Como combater o desemprego

Recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre desemprego espelha a grave situação da classe trabalhadora no Brasil. Mesmo com a ressalva de que os institutos de pesquisas tendem, em geral, a maquiar os números, a serem conservadores, os dados apresentados expressam uma condição impossível de ser encoberta. De acordo com a pesquisa, 12,4 milhões de brasileiros estão desempregados. Não estão computados nesses números os, 4,6 milhões de pessoas desalentadas, isto é, desempregadas que desistiram de procurar emprego. Em termos absolutos, portanto, o Brasil tem 17 milhões de pessoas desempregadas. A pesquisa mostra, ainda, que o número de trabalhadores subutilizados atingiu a marca de 27 milhões de pessoas. Esse grupo representa aqueles que gostariam de trabalhar mais horas, ou seja, são pessoas que vivem de bico, semiempregadas. Finalmente tem a população que trabalha por conta própria. São 24 milhões de pessoas que estão no mercado informal e que fazem qualquer negócio para não morrer de fome. A soma dos três grupos atinge aproximadamente 70 milhões de brasileiros que já caíram no precipício ou estão à beira dele. São dezenas de milhões de pessoas sem fonte de renda para sobreviver. Esse é o retrato do Brasil, cerca de dois terços da população economicamente ativa no Pais está desempregada ou vive de bico, no mercado informal. Essa é a bomba relógio da situação política brasileira. Diante desse quadro, vemos como é equivocada a política proposta em geral pela esquerda reformista para combater o desemprego. Primeiro, é absurda a ideia de que é necessário aquecer a economia para criar novos postos de trabalho. Mas, o que fazer até que esse aquecimento aconteça, se é que vai acontecer? Quem vai aquecer o mercado? O governo fascista que é o autor da miséria vai combater a miséria? A única saída real para o desemprego é a mobilização dos maiores inte-

ressados, os próprios trabalhadores, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários. É a única maneira de criar imediatamente novos empregos, preservando os daqueles que já estão trabalhando formalmente. A direita, os patrões, vão dizer que é impossível a redução da jornada porque já vivemos uma crise econômica. Na verdade eles querem o oposto, a redução dos postos de trabalho formais, dos direitos e o enfraquecimento das organizações que lutam pelos interesses dos trabalhadores. Querem ampliar a jornada de trabalho, reduzir os trabalhos, o que leva a um aumento ainda maior do desemprego. Tudo para manter seus lucrosMas isso é um problema deles. Os ricos que paguem pela sua própria crise. A questão toda consiste na mobilização. Só uma gigantesca luta popular popular concentrada será capaz de conseguir a vitória. Por isso o apelo deve ser feito diretamente à classe operária. Essa proposta unifica tanto os empregados como os desempregados. Os primeiros porque além de trabalharem menos, seriam beneficiados com o fortalecimento da sua estabilidade no emprego. Os segundos por garantir o seu próprio emprego, resultado da criação de milhões de novos postos de trabalho. A luta pela redução da jornada de trabalho completa no terreno social a luta pela derrubada do governo Bolsonaro pelas massas nas ruas. A situação política no Brasil vai evoluir mais cedo ou mais tarde para uma luta aberta contra o governo. Desemprego e inflação são as duas coisas mais explosivas no capitalismo e ambas estão crescendo em nosso País. A situação que temos no Brasil é insustentável. Diante dessa situação, coloca-se para as direções do proletariado a obrigação e a urgência de dirigir um apelo à mobilização de todos os trabalhadores. É preciso atacar o desemprego de frente. Esta é a grande questão da situação política que estamos vivendo: qual vai ser a politica a ser seguida pelas direções do movimento operário?


OPINIÃO | 3 COLUNA

A PM é um órgão fascista para esmagar o povo e deve ser extinta já! Por Nivaldo Orlandi

Chacina de Paraisópolis. “Jovens não foram vítimas de pisoteamento. Foram vítimas da Polícia Militar”, diz comerciante. Assunto na favela de Paraisópolis na segunda-feira (dia 2) era um só, o massacre de 9 jovens na madrugada de domingo, 01/12. Informes são de Maria Teresa Cruz e Paloma Vasconcelos (Ponte, 03/12/2019). “A versão policial é mentirosa”. Um comerciante afirma que nenhum motoboy usou o baile como escudo. O comerciante, que alega ser de família religiosa e não gostar de funk, detalha que sempre que há baile na favela a Polícia Militar não entra no local, mas ficam nas entradas de Paraisópolis fazendo blitz durante o dia. “Eles fazem blitz por volta das sete da noite. Duas viaturas, três motos. De madrugada começam a invadir o baile. Dispersam a multidão, Aí vão embora. A multidão volta e fica nessa disputa. É sempre assim”, explica o comerciante, que preferiu não ser identificado por temer represálias contra sua família. Neste domingo foi diferente PMs “invadiram o baile de uma vez só”. “Não foi bala de borracha, foi bala de fogo. Invadiram com pau, encurralaram o pessoal. Jogaram bombas”, continua o relato do comerciante. Imagens obtidas pela Ponte, perto de um dos pontos de concentração do baile, na Rua Ernest Renan, mostram policiais chegando em viaturas em alta velocidade lançando bombas. Pessoas correndo, Outras tentando se abrigar. O comerciante deixou pelo menos 100 pessoas se esconderem no seu estabelecimento. Conta que levou as pessoas para a laje enquanto, na viela, outros participantes do baile eram encurralados. Jovens foram vítimas de pisoteamento. Vítimas da própria polícia. A primeira reação de frequentadores é correr porque sabem que vão apanhar”, completa o comerciante. No meio da favela de Paraisópolis, onde os moradores chamam de centro, há pelo menos 10 anos rola o famoso Baile da Dz7. O baile é organiza-

do coletivamente pelos moradores e acontece de quinta a sábado. A mais famosa festa de Paraisópolis atrai Jovens de toda São Paulo Às vezes um DJ é convidado para tocar no local, mas normalmente a música vem das caixas de sons espalhadas nas quatro saídas do local de concentração da festa. É a festa mais famosa de Paraisópolis, que reúne milhares de pessoas vindas de várias regiões de São Paulo. Das vítimas do massacre, por exemplo, nenhum era morador da comunidade. Na visão de quem mora na favela, foi justamente isso – o fato de não serem do local – que pode ter atrapalhado as 9 vítimas, que tinham entre 14 e 23 anos, na tentativa de fugir e se proteger. Na hora do desespero, por conta das bombas de gás, balas de borracha e spray de pimenta usados pela PM na multidão, muitos jovens não sabiam para onde correr. A região onde o baile acontece tem pelo menos 4 ruas de ligação com o restante da favela e muitas vielas ao longo do caminho. Algumas vielas são longas, cercadas de paredes altas e à noite não são muito iluminadas, pois só contam com as luzes das casas no entorno. Em algumas delas, caminhar conversando com outra pessoa ao lado é tarefa

impossível, já que são muito estreitas. Outras, já têm um pouco mais de espaço. A viela Três Corações, escolhida por parte dos jovens que morreram na madrugada do domingo, era estreita, escura e baixa. Para entrar nela era preciso descer uma escada. As vielas de Paraisópolis funcionam como caminhos abertos entre as casas para facilitar o acesso de quem mora ali. Foi em um desses corredores minúsculos que parte da multidão tentou fugir da PM na madrugada do dia 1º de dezembro. Por falta de espaço, iluminação e com os bloqueios em todas as saídas, a ação da PM terminou com nove jovens encurralados e mortos, de acordo com moradores. Todas as saídas foram bloqueadas por viaturas da PM. Segundo moradores, o policiamento na favela aumentou muito desde que o sargento da PM Ronald Ruas Silva foi morto em novembro de 2019. De lá para cá, não houve um dia que a PM não esteve na favela. Os últimos trinta dias foram marcados por ameaças diárias, conforme mostrou reportagem da Ponte. “Depois da morte do sargento as ações policiais se tornaram freqüentes”, reforça funcionária de uma lanchonete no topo de uma das ruas onde o baile acontece. “Antes era diferente, era mais difícil” a polícia vir, “mas depois que mor-

reu o policial eles vêm direto, passam a semana todinha vindo aqui, com cavalaria, andando. A gente fica com medo de ficar aberto”, desabafa. Outra moradora que costuma frequentar o baile, relatou a ponte, que “desde a morte do sargento Ruas a repressão aumentou”. Chacina premeditada. PM anuncia Operação Pronta Resposta Dias antes da chacina o comando da PM anunciou que Paraisópolis seria palco de Operação de Guerra por um mês, por dois meses, por três meses. Sem tempo para acabar. A ameaça tinha como pretexto a morte, dias atras, do sargento Ruas (foto), na Favela de Paraisópolis. “Nesse sábado, pararam aqui. Ficaram só olhando. Na hora, só via o pessoal correndo, as bombas estourando. Umas 3 horas da manhã parou um rapaz aqui todo ensanguentado“. “Aqui de cima não deu pra entender a dimensão. O rapaz disse que tinha sido pisoteado. É um absurdo, os policiais já chegam como loucos”. Antes, durante o dia, policiais entraram, olharam para as câmeras. Deram ordem. Não era pra gente vazar nenhuma imagem”, denuncia a funcionária. PM é um órgão fascista. Sua principal função é reprimir os pobres, negros e favelados. A Polícia Militar precisa ser extinta.


4 | POLÍTICA

MASSACRE EM PARAISÓPOLIS

Lutar pela dissolução da PM A chacina em Paraisópolis, uma das maiores favelas do país, é a prova de que a Polícia Militar deve ser dissolvida. Na madrugada do último domingo (1), a favela de Paraisópolis, localizada na zona sul de São Paulo, foi testemunha de mais um massacre provocado pela Polícia Militar (PM). Segundo relato dos próprios moradores, policias invadiram o Baile 17 – considerado um dos mais famosos bailes funk da cidade -, aterrorizando a comunidade e encurralando os jovens com bombas e balas de borracha. O tumulto causado pelos policiais foi tamanho que os presentes na festa, em meio ao desespero, acabaram pisoteando nove pessoas, com idades entre 16 e 28 anos, que vieram a óbito. Diante da carnificina, a própria Polícia Militar tomou a iniciativa de conceder uma coletiva de imprensa – restrita, obviamente, aos órgãos da imprensa golpista que fazem propaganda da ação brutal da polícia. Na coletiva de imprensa, o porta-voz da PM afirmou que os agentes entraram no baile funk porque estavam perseguindo dois suspeitos de terem atacado policiais de trânsito. Como foram recebidos com pedras e garrafas pelos moradores de Paraisópolis, os agentes teriam agido ostensivamente com balas de borracha, bombas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. As informações dadas na coletiva de imprensa, no entanto, não condizem com os primeiros documentos oficiais sobre o massacre. De acordo com um “breve relato” do Cepol (Centro de Comunicações e Operações da Polícia Civil), assinado pelo delegado Gilberto

Geraldi, não houve arremesso de pedras e garrafas contra os policiais nas motocicletas. Um inimigo muito bem conhecido Todos os relatos feitos pela Polícia Militar só demonstram que o Estado atua abertamente contra os interesses do povo negro e pobre das periferias brasileiras. A todo o momento, a PM procurou dar as desculpas mais estapafúrdias possíveis para a chacina, mas considerou como um problema menor o fato de que, em uma madrugada, nove pessoas foram brutalmente assassinadas. Supondo que fosse verdade que a PM estivesse perseguindo um motociclista suspeito de ter atacado um policial de trânsito, supondo que fosse verdade que os agentes foram agredidos com pedras e garrafas, isso seria o suficiente para que um órgão que representa o Estado causasse a morte de nove jovens? Evidentemente que não. Esse número – nove civis mortos em uma madrugada – é uma estatística de guerra, o que reflete exatamente a prática da polícia: uma permanente guerra contra a população. O fato de que a própria PM tentou justificar a ação ostensiva com a história de que teriam sido agredidos com pedras e garrafas é mais uma prova de que a PM é inimiga do povo e serviçal da burguesia. Se a PM estiver sendo recebida com pedras e garrafas, não há, então, uma justificativa para reprimir duramente o povo, mas sim a

comprovação de que a PM é vista como uma velha inimiga das favelas. De acordo com os relatos dos moradores de Paraisópolis, a PM vem ameaçando os moradores sistematicamente. Há cerca de um mês, após a morte do sargento Ronald Ruas Silva, os agentes da repressão vêm intimidando de forma ainda mais intensa a população. No próprio dia em que aconteceu o Baile 17, policiais estariam revistando carros e agredindo jovens que estavam a caminho da festa. Um relato colhido pela Ponte Jornalismo escancara a fraude dos argumentos expostos pela PM: "É mentira. Não houve invasão da Rocam. Eles entraram com viaturas da Força Tática e ficaram nos encurralando e brigando de gato e rato com a gente. A gente ficou sendo encurralado. Eles fecharam as entradas da favela a gente não conseguia sair. Eles pegavam a gente no bairro e sentavam porrada. Foi isso até 5h, quando conseguimos ir embora da favela. Foi isso o tempo inteiro, correndo deles que nem gato e rato. É por isso que a galera foi pisoteada." Dissolver a PM já! O massacre de Paraisópolis mostrou mais uma vez de que lado está a Polícia Militar: do lado dos golpistas, que controlam o Estado. A polícia não está nas ruas para proteger os trabalhadores – muito pelo contrário, está nas ruas para atuar como um destacamento armado que usa o monopólio

da força para impedir que o povo pobre se manifeste, se reúna ou se revolte contra a política bárbara da direita. O problema da PM, portanto, não é o dos salários de seus agentes, nem de seus equipamentos, nem da cor de seus uniformes, nem muito menos da formação de seus integrantes. O problema da PM é a classe que a comanda – a burguesia reacionária e golpista, que está disposta a matar o povo de fome para encher os cofres dos banqueiros. O problema da PM é existir – portanto, a única reivindicação verdadeiramente democrática que pode ser feita em torno dessa questão é a dissolução integral e imediata da PM. Seja em Paraisópolis, seja nas outras favelas de São Paulo, seja na periferia de todo o Brasil e até mesmo no campo: a Polícia Militar vem acumulando dezenas de milhares de assassinatos desde sua criação, o que se acentuou assustadoramente com a ascensão da extrema-direita. É preciso, portanto, organizar uma reação de todos os explorados para pôr abaixo os governos golpistas, inimigos do povo, e decretar o fim dessa máquina de matança chamada Polícia Militar. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Dissolução da PM já!

MASSACRE

Paraisópolis: “impunidade rigorosa” Enquanto a direita golpista promete “apuração”, as chacinas e massacres na periferia fazem parte de seu programa político Dia 1º nove jovens morreram na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, durante uma ação repressiva da PM do governador João Doria (PSDB). Encurralados nas estreitas vielas do bairro, jovens de entre 14 e 23 anos morreram pisoteados e asfixiados por gás lacrimogêneo. Os policiais alegaram estar perseguindo dois ladrões em uma moto que teriam entrado no meio da multidão e trocado tiros com a polícia. Uma história inverossímil, em que sequer conseguiram apresentar a suposta moto. Os moradores contam uma história completamente diferente, apontando uma emboscada armada pela polícia. Diante disso, o governador João Doria afirmou que haveria uma “apuração rigorosa” do caso em sua conta no Twitter. O governador coxinha e bolsonarista de São Paulo também disse que “lamentava” o que aconteceu. As duas coisas são mentira. Doria não lamenta, e a “apuração rigorosa” é uma farsa. Mesmo que algum policial venha a ser

punido, Doria, assim como Wilson Witzel (PSC) no Rio de Janeiro, ou Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, tem como programa político incentivar a violência policial. Antes mesmo de assumir o mandato de governador, Doria afirmou no ano passado que “a partir de 1º de janeiro” a PM atiraria “para matar”. O incentivo ao massacre era inequívoco. Doria afirmou também que pagaria os “melhores advogados” para defender policiais que fossem acusados de matarem “suspeitos”. Esse é o bolsonarismo em nível estadual, seguindo a onda de extrema-direita criada pela campanha golpista que acabou levando Jair Bolsonaro à presidência. Permissão para matar Enquanto Doria fala em “apuração rigorosa” pressionado pelos acontecimentos e sua repercussão, uma proposta de lei do ministro da Justiça, Sérgio Moro,

poderia garantir a impunidade de policiais de forma generalizada a partir de sua aprovação. Segundo a proposta do ministro bolsonarista, policiais que cometam homicídio podem não ter nenhuma pena caso o juiz aceite o argumento de que eles agiram “sob forte emoção”. Essa proposta de Moro é a expressão em forma de lei da política de “bandido bom é bandido morto” tradicional do fascismo no Brasil. Não por acaso, o suposto “bandido” é invariavelmente pobre e quase sempre negro. Pela proposta de Moro, o assassinato desses “suspeitos” quase nunca poderia ser punido, com exceções pontuais em casos de ampla repercussão, e talvez nem mesmo com essas exceções. Incursões nos bailes funk Esmagar a população pobre é justamente o sentido das incursões da polícia em bailes funk como o baile que ocorria em Paraisópolis na madrugada de domingo. Só nos bailes que aconteciam em Paraisópolis, bairro com 100 mil moradores vizinho ao Morumbi, foram 45 invasões como a do último fim de semana. Jogar bombas em festas da periferia é uma atuação fre-

quente da polícia, especialmente agora, estimulada pela extrema-direita e pela onda golpista. Impunidade rigorosa Por tudo isso, a impunidade dos policiais que realizaram o massacre de Paraisópolis é o desfecho mais provável do caso. Mais do que isso, a impunidade da política de exterminar pobres para aterrorizar a maioria da população está garantida. Porque essa é a política da direita golpista que está no governo e que agora persegue adversários políticos e organizações operárias e populares que organizam a luta dos trabalhadores. A direita que promete “apuração” é a mesma que tem as chacinas como política. A chacina é o programa dessa direita fascista, e as promessas de investigação e punição não passam de cinismo. Só a organização popular e a mobilização contra o golpe pode levar a alguma punição para casos como esse. E só uma intensa mobilização pode obrigar a direita a parar de aplicar essa política contra os trabalhadores das periferias. É preciso se mobilizar contra a direita golpista e exigir o fim da PM, que só está aí para massacrar o povo.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 5

BOLSONARISMO NOS ESTADOS

Fora Doria! Fora Witzel! Combater os governos da direita golpista, seja nacionalmente, seja nos estados, tornou-se uma questão de sobrevivência diante de massacres como o de Paraisópolis no domingo (1º) O massacre de nove jovens em Paraisópolis nas mãos da polícia domingo (1º) colocam a necessidade de derrubar imediatamente os tucanos do governo de São Paulo. Nove jovens chacinados de uma única vez tornam a situação dramática, de modo que é preciso mobilizar-se imediatamente para impedir a continuidade do genocídio cotidiano contra os moradores das periferias da cidade. “BolsoDoria” O governador de São Paulo, João Doria, ao ser eleito ano passado declarou que pagaria “os melhores advogados” para defender policiais acusados de matarem suspeitos. Depois disse que, “a partir de 1º de janeiro” a PM do estado atiraria “para matar”. Finalmente, Doria, depois de dizer cinicamente que lamentava o ocorrido em Paraisópolis, declarou que não mudaria sua política de “segurança pública” e elogiou a policial paulista. Ou seja, fica claro que, se depender de Doria, o massacre nas periferias vai continuar

e, ao que os fatos mais recentes indicam, intensificar-se, em sintonia com a política de matança em massa do governo federal. Witzel No Rio de Janeiro, o bolsonarismo também está no governo. Wilson Witzel elegeu-se, apesar de ninguém conhecê-lo até então e o resultado das urnas ser muito questionável, com ajuda de Flávio Bolsonaro, filho do golpista Jair Bolsonaro. Witzel faz declarações como as de Doria, mas é ainda mais espalhafatoso. O governador do Rio já posou para fotos ostentando metralhadoras e participou de rasantes em helicópteros em cima de comunidades pobres, o que apareceu em vídeo em que se podia ouvir tiros sendo disparados para baixo a esmo. Witzel, antes mesmo de ser empossado, declarava que os atiradores de elite da polícia deveriam “mirar na cabecinha” e disparar. O resultado de um ano com um governo como esse já aparece nos números. Até agora,

1.546 pessoas já foram assassinadas pela polícia no Rio de Janeiro. É um recorde histórico, que corresponde à política do governo. Bolsonaro Tanto Doria quanto Witzel, em sua sede de sangue contra os trabalhadores de bairros pobres, seguem os passos do governo ilegítimo do Brasil. Bolsonaro colocou Sérgio Moro para ser seu ministro da Justiça. E uma vez no governo, Moro demonstrou logo ser um típico bolsonarista, ao propor o excludente de ilicitude para homicídios da PM, desde que os policiais consigam convencer os juízes de que estavam agindo “sob forte emoção”. O sentido dessa lei, caso seja aprovada, é inequívoco: trata-se de uma permissão para matar.

Fora! Portanto, Doria e Witzel são expressões locais da política bolsonarista. Estão levando adiante políticas de terror em seus respectivos estados, massacrando a população para conter a revolta popular contra as políticas neoliberais. Esse é o sentido de incursões como a realizada domingo (1º) em um baile funk em Paraisópolis. Diante dessa situação, é necessário se mobilizar contra a direita golpista para impedir a continuidade do massacre. Assim como todo protesto que acontece no Brasil já levanta a palavra de ordem Fora Bolsonaro!, o que deve ser estimulado, é preciso levantar também as palavras de ordem: Fora Witzel! Fora Doria!

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6 | ATIVIDADES DO PCO

DERRUBAR TODOS OS GOLPISTAS

Comitê Central do PCO decide intensificar a luta pelo Fora Bolsonaro Direção do partido levará essa política para a Conferência Nacional Aberta que ocorre dias 14 e 15 de dezembro Nessa segunda-feira, dia 2, o Comitê Central Nacional do PCO se reuniu em São Paulo para discutir a organização da luta do partido para o próximo período. Dentre as principais discussões políticas, os membros da direção nacional do partido debateram a organização da Segunda Conferência Nacional Aberta da Luta Contra o Golpe e o Fascismo, que será realizada nos dias 14 e 15 de dezembro em São Paulo.

A Conferência deve reunir milhares de militantes e ativistas da luta contra o golpe de todo o País. Caravanas estão sendo organizadas saindo de vários estados, organizadas pelos comitês de luta e pelo PCO. A principal tarefa da Conferência, que foi debatida na reunião do Comitê Central do PCO, é a organização da luta pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas. A situação política na América Latina, de extrema ebulição nas ruas, e a profunda polarização política no

Brasil mostram que é necessário preparar o estado de espírito das massas para uma luta de enorme envergadura contra o governo golpista. Não dá para esperar. Tampouco dá para aceitar a atitude passiva que a esquerda pequeno-burguesa apresenta em todos os países vizinhos e no Brasil. É preciso orientar o povo para o enfrentamento de grandes proporções contra esse governo, cujo objetivo é destruir o país e acabar com cada direito social, econômico e político da

população. Por isso, a direção do PCO reafirma a necessidade de intensificar a campanha pelo fora Bolsonaro e levará esta política para a Conferência Nacional, assim como todas as palavras de ordem que servem como complemento para a luta contra o golpe: a anulação dos processos contra Lula, eleições gerais com Lula candidato, assembleia constituinte controlada pelo povo, redução da jornada de trabalho contra o desemprego massivo.

RÉVEILLON SÓ SE FOR VERMELHO!

DEBATE

Noite de gala vai apresentar Cantata de Santa Maria de Iquique

PCO realizou Escola Marxista no Instituto Federal de São Carlos

A canção é uma homenagem aos milhares de operários (entre 2 mil e 3,6 mil) que foram executados em 1907, durante manifestação pela redução da jornada de trabalho, quando se concentravam na escola de Santa Maria, na cidade de Iquique, Chile. A Cantata de Santa de Maria de Iquique será apresentada no Réveillon Vermelho do Partido da Causa Operária. A música chegou a ser censurada durante o Golpe Militar chileno de 1973. Nesse momento, em que a América Latina está sendo novamente tomada por golpes imperialistas, refloresce o debate de união entre os povos sul americanos uma vez que são vítimas do mesmo inimigo: o imperialismo.

No último sábado (30), aconteceu a atividade da Escola Marxista sobre o Programa de Transição de Leon Trotsky no campi do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia (IFSP), localizado na cidade de São Carlos, interior de SP. Professores da rede pública de ensino e estudantes do IFSP e da Unesp de Araraquara compareceram para assistir a palestra e participar do debate sobre o Programa de Transição, que é o programa da revolução socialista nos dias atuais. O Programa de Transição é a síntese da experiência da classe operária – em especial dos bolcheviques que lideraram a Revolução de Outubro de 1917 na Rússia – na luta contra o capitalismo e pela revolução socialista, e foi o documento-base da fundação da IV Internacional em 1938 por Leon Trotsky. O companheiro e palestrante Dimitri (PCO) discutiu a questão das condições objetivas e subjetivas para a revolução, o proletariado e sua direção política, a falência das direções oportunistas e reformistas (social-democracia) do movimento operário, a

Saiba mais sobre a história da Cantata A cantata popular é um dos principais gêneros de composição vocal-instrumental da Nova Música Chilena, com vários movimentos, abrange características da música erudita, a poesia moderna e o folclore chileno. O nome dessa cantata é baseado no massacre do dia 21 de dezembro de 1907, em que cerca de 8500 trabalhadores mineiros que estavam em greve durante o aumento da produção de salitre, se concentravam juntos com suas famílias na Escuela Domingo Santa María, localizada em Iquique, cidade do norte do Chile, quando o exército chileno, sob o comando do general Roberto Silva Renard, no governo do presidente Pedro Montt, abriu fogo contra os manifestantes. Tombaram entre 2200 e 3600 trabalhadores com mulheres e filhos. Essa cantata foi composta por Luis Advis (1935-2004), nascido na própria cidade de Iquique, a composição data de 1969, período do auge da Nova Música Chilena (1964-1973). A Nova Música Chilena foi um movimento musical e social que iniciou com Violeta Parra e seus filhos Isabel e Ángel Parra, em 1965, com a Peña de los Parra (com rock folk chileno), em Santiago, onde também atraiu e de-

senvolveu nomes como Rolando Alarcón, Patricio Manns e Víctor Jara. Com o movimento, se cria, em 1968, a Discoteca Popular do Canto (DICAP), da Juventude Comunista do Chile, para publicar temáticas anticapitalistas não aceitas pelas gravadoras dominadas pelo imperialismo, como o álbum “X Vietnã”, do grupo Quilapayún. Em julho do ano seguinte, 1969, aconteceu o Primeiro Festival da Nova Música Chilena, na Universidade Católica do Chile, com importantes participações como de Víctor Jara e Richard Rojas. O movimento apoiou a candidatura de Salvador Allende, eleito em 1970 e derrubado três anos depois, no dia 11 de setembro, tendo Augusto Pinochet, considerado no período como um general leal à Constituição e apolítico, como o principal articulador do golpe. A Ditadura Militar Chilena promove um “apagão cultural”, por meio de exílios, prisões, torturas e mortes a Nova Música Chilena é censurada. O próprio cantor e compositor Victor Jara no dia 11 de setembro é preso, torturado e executado no dia 16 de setembro. A Cantata de Santa Maria de Iquique, foi interpretada no réveillon passado e será novamente pela cantora Miriam Miráh, da banda Sendero. Miráh formou o grupo Tarancón, em 1972, no contexto da Unidade Latino-Americana, por conta das ditaduras que se espalhavam no continente criaram esse movimento de oposição aos regimes militares e a luta pelo socialismo. Miriam Miráh outrossim fez sólidas parcerias com Isabel Parra, filha de Violeta Parra e com o grupo Raíces de América, com quem participou em várias edições de réveillons do PCO. Nesse momento, em que a América Latina novamente é palco golpes imperialistas e revoltas populares contra os regimes golpistas, iniciar o ano de 2020 com a Cantata de Santa Maria de Iquique é de grande significado. Entre contato com os militantes do PCO e adquira seu convite.

luta pelo armamento geral do povo para resistir à ofensiva da extrema-direita fascista, a atuação dos comunistas nos sindicatos e as reivindicações transitórias para os países atrasados, em especial a luta pela verdadeira independência nacional diante da dominação imperialista. O debate político abordou questões concretas da luta de classes no momento atual, como as mobilizações de massas na América Latina (Chile, Equador, Colômbia, Bolívia, Uruguai, Argentina) e o enfrentamento ao neoliberalismo, a política dos reformistas e seu esgotamento no Brasil, o caráter fascista do governo Jair Bolsonaro, a necessidade de derrotar a perseguição política da extrema-direita nas escolas e universidades e derrotar a militarização das escolas, a política dos partidos de esquerda no Brasil, o problema da luta das mulheres, dos negros e do movimento LGBT, o capitalismo em sua etapa imperialista. Essa foi a primeira atividade da Escola Marxista em São Carlos. Veja as fotos abaixo.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 7

ATAQUE À ORGANIZAÇÃO SINDICAL

Multa aos petroleiros: não há direito de greve, há ditadura Ives Gandra, ministro bolsonarista do TST sufoca sindicatos ligados à FUP impondo multa exorbitante e impagável A escalada ditatorial, reacionária e persecutória do regime burguês golpista avança velozmente contra todos os mais elementares direitos civis, sociais e trabalhistas. Todos os direitos e conquistas que foram objeto das lutas sociais de massas e do conjunto da sociedade no último período estão neste momento sob a ameaça e o fogo cruzado do regime representante no Brasil dos interesses do grande capital, dos monopólios capitalistas dos meios de comunicação, das forças armadas golpistas, enfim, do imperialismo mundial. Embora as reações às essas hediondas investidas do regime burguês golpista ainda se dê de forma incipiente, aos poucos os trabalhadores começam a despertar para a necessidade da luta, com algumas importantes categorias já começando a se movimentar para responder de forma organizada aos ataques dos patrões e do Estado. Neste momento, um dos mais importantes segmentos de trabalhadores operários do país, os petroleiros, travam um duelo (desigual) com a direção bolsonarista da empresa, a maior e mais lucrativa estatal do país, a Petrobrás.

Os petroleiros realizaram, na semana passada, nos dias 25 e 26 de novembro, paralisações a nível nacional, exercendo seu direito constitucional de greve, na disputa que travam com a empresa pelo pleno cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho. A empresa reagiu imediatamente levando a contenda para os tribunais burgueses. O ministro reacionário e direitista Ives Gandra, do Tribunal Superior do Trabalho, bolsonarista de primeira hora e carrasco histórico dos trabalhadores, decretou logo de imediato a ilegalidade do movimento. Mas não foi só. Gandra Martins investiu furiosamente contra os petroleiros e sua entidade, a Federação Única dos Petroleiros, não somente colocando o movimento – que é constitucional e legal – na clandestinidade, como também impondo pesadas e exorbitantes multas aos nove sindicatos filiados à Federação. “Além de punir pela greve, o ministro exorbitou no valor da multa: R$ 2 milhões por dia de paralisação cobrado de cada um dos nove sindicatos filiados à FUP (Norte Fluminense, AM, SP, CE/ PI, RN, BA, PE/PB, PR.RS) e da própria Federação. Exorbitou, ainda, na forma da cobrança. Sem oferecer prazo pa-

ra que o dinheiro fosse pago, mandou bloquear R$ 5,826 milhões encontrados em 26 contas bancárias dessas mesmas entidades, transferindo esse valor para uma conta judicial. Como ainda faltam R$ 26,171 milhões para atingir o total da multa aplicada, Gandra Martins Filho mandou a estatal repassar direto para a conta judicial as mensalidades dos sindicatos descontadas tradicionalmente nos contracheques de seus empregados sindicalizados” (Blog Marcelo Auler Repórter, 30/11). Aqui se expressa, de forma aberta e escancarada, sem tergiversações e sem meias palavras, todo o caráter ditatorial, policialesco, persecutório

e nazifascista do Estado burguês, golpista, que tem sua expressão atual no governo Bolsonaro e nas instituições que dão sustentação a esta enorme engrenagem de guerra contra os trabalhadores e a população pobre e explorada do país. E ainda há quem sustente a ideia que estamos em uma “democracia” e que em 2022 o “fascismo” será derrotado no país quando o resultado das urnas se revelarem, por ocasião das eleições. Não pode haver fantasia maior do que acreditar nessas baboseiras, pois a realidade é outra completamente diferente. O regime se aproxima cada vez mais velozmente de uma ditadura policial aberta, de um regime de terror contra as massas, contra os trabalhadores, contra os direitos sociais e políticos da população. Este regime deve ser derrubado imediatamente, não como resultado de qualquer ação institucional, eleitoral, mas pela ação independente das masas populares, do conjunto da população explorada do país, da juventude, dos negros, das mulheres, que sentem na pele a brutal ofensiva dos golpistas, da extrema direita e do imperialismo contras as suas condições de vida.

FORA EDUARDO LEITE (PSDB)

Greve dos professores do RS atinge mais de mil e quinhentas escolas Maior registrada na história da categoria, paralisação dos professores e funcionários cresce contra o governo bolsonarista do Rio Grande do Sul Tendo completado duas semanas de paralisação na última segunda (dia 2), os professores do Rio Grande do Sul mantém em todo o estado 1556 escolas na greve, das quais 788 estão totalmente paralisadas. A atualização foi feita pelos 42 núcleos do CPERS (Sindicato que representa os professores, funcionários de escola e especialistas da rede estadual de todo o Rio Grande do Sul) na última quarta (27). A greve, que já é a maior registrada na história da categoria, é uma resposta ao ataque do governo bolsonarista do governador Eduardo Leite (PSDB), que procura impor aos servidores gaúchos o programa que a extrema direita vem implementando com Bolsonaro no governo federal: destruição total do funcionalismo, privatização da Escola Pública, roubo da previdência, etc. Por isso toda a esquerda e a população devem apoiar de conjunto a greve dos professores e funcionários da Educação (e os demais setores do funcionalismo), como corretamente fizeram no estado estudantes e pais, contra os ataques dos governos golpistas, eleitos pela fraude eleitoral. Assim como a greve no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Paraná, professores e servidores também estão em greve contra seus governos esta-

duais golpistas (Bolsodoria-PSDB e Ratinho Jr.-PSD) filiais do bolsonarismo, o que mostra a tendência crescente na mobilização e que o único caminho para a derrota dos golpistas e seu programa de terra arrasada é a mobilização popular nas ruas pelo fora Leite, Ratinho, BolsoDoria, Bolsonaro e todos os golpistas. Prova disso é a crise do governo tucano gaúcho ao se chocar contra a mobilização. Na última quarta (27), a bancada do MDB, maios bancada governista, divulgou nota conjunta posicionando-se contra à proposta do governador de ataque aos servidores. A Famurs, entidade que agrupa prefeitos e gestores de todos os 497 municípios gaúchos, também manifestou apoio aos educadores. Bem como nas Câmaras municipais, representantes de mais de 250 cidades já aprovaram moções semelhantes. Além disso, a greve dos professores e funcionários recebe um amplo apoio da população, com apoio de comerciantes, que afixam cartazes de apoio junto às vitrines e a crescente dos atos de rua, que se espalham pelo estado. Conforme denuncia nota do sindicato da categoria: “…a crise não é nossa, é do projeto neoliberal… Por trás deste projeto está a intenção

de acabar com a escola pública e os sonhos de milhões de gaúchos. Querem privatizar o ensino e cobrar das famílias a conta do acesso à educação. Não vamos deixar que isso aconteça. Não há saída possível fora da mobilização coletiva. É tempo de redobrar as forças e as esperanças. ‘Como programa’, escreveu Paulo Freire, ‘a desesperança nos imobiliza e nos

faz sucumbir no fatalismo onde não é possível juntar as forças indispensáveis ao embate recriador do mundo’.” É preciso ter clareza de que este movimento grevista (presente no RS, PR e SP) pode ser o gatilho para impulsionar as mobilizações no País, diante da ofensiva da direita contra os servidoires e o conjunto da população trabalhadora.


8 | MOVIMENTO OPERÁRIO

SAÚDE

Servidores da Saúde começam greve em Natal Deflagrada greve dos servidores municipais da saúde de Natal, um caminho inevitável da classe trabalhadora diante do volume de ataques sofridos em todo o Brasil Nesta segunda feira, 2 de dezembro, entrou em vigor a greve dos servidores da saúde do município de Natal, paralisando totalmente as unidades de saúde da família e parcialmente o funcionamento de unidades de atendimento 24 horas, como hospitais e UPA’s. As reivindicações demonstram que tais trabalhadores estão sofrendo ataques que se assemelham aos de todas as demais categorias desde o golpe de 2016 e intensificadas com a ascensão da fraude eleitoral de 2018, ou seja, recusa da prefeitura de Natal(Alvaro Costa Dias-MDB) em receber representantes da classe, não reconhecimento da mesma sobre os reajustes da data base, gratificações, adicionais e piora nas condições de trabalho, não apenas materiais mas até mesmo nas relações de trabalho. A deflagração dessa greve evidencia que inevitavelmente a luta nas ruas será a única solução para conter e re-

verter os ataques que a classe trabalhadora, tanto do setor público como privado, está submetida. A própria argumentação da prefeitura de estar ainda analisando as reivindicações sem ao menos se sentar à mesa com representantes dos servidores é uma técnica para adiar o enfrentamento com a massa e ao mesmo tempo esperar que os ânimos se acalmem, o que de fato tem tido sucesso até aqui graças à “paciência” de algumas direções sindicais. No entanto, algumas considerações devem ser colocadas respeito da greve e de muitas outras que tendem a surgir em breve. O primeiro ponto é que tais lutas não se dão por questões meramente econômicas mas políticos, pois é evidente que ainda que esse ataque à saúde cesse, fatalmente este retornará, afinal essa política tem se tornado mais e mais presente desde o golpe de 2016, ou seja, estamos diante

de um problema política na sua raiz. O segundo ponto é a necessidade de uma mobilização das demais categorias para se somarem à uma greve ge-

ral, não apenas em Natal mas em todo o Brasil a fim de colocar abaixo a política de desmonte dos direitos sociais e trabalhistas.

CASSI

Barrar os ataques dos golpistas privatistas ao Plano de Saúde do BB Direção golpista do BB aproveita a “aprovação” do estatuto da Cassi para aprofundar a privatização do banco Logo que saiu o resultado da consulta de “reforma” do estatuto, proposta pela direção golpista do Banco do Brasil, da Caixa de Assistência do Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), mais uma vez rejeitada pela categoria, o Banco do Brasil divulgou, mentirosamente, que a mudança havia sido aprovada e, imediatamente, soltou um Comunicado ao Mercado informando que a reforma estatutária da Cassi, submetida aos seus associados, foi aprovada no processo de votação realizado entre 18/11/2019 e 28/11/2019. Tal atitude do banco em apressar ao dar uma justificativa para os investidores do mercado é mais um indício de que toda a campanha, que visa liquidar com a maior operadora de autogestão em saúde do Brasil na tentativa de transformar em um plano de mercado com vistas a satisfazer os interesses dos banqueiros privados nacionais e internacionais, tem como um dos

seus principais fundamentos preparar o banco para a sua privatização, com a diminuição dos custos com a saúde dos seus funcionários que quebra o regime de solidariedade (passa a cobrar valores por dependentes) e com o fim do sistema de Benefício Definido passando para Contribuição Definida por parte do banco. Há, por parte do governo golpista Bolsonaro, um ataque sistemático aos bancos públicos e as empresas estatais, na tentativa de privatiza-los. Como parte desses ataques, uma das medidas é a liquidação dos planos de saúde dessas empresas, que, além de beneficiar os banqueiros privados, donos dos planos de saúde, com a migração dos associados, visa diminuir custos das empresas. É necessário organizar, imediatamente uma gigantesca mobilização dos trabalhadores dos bancos públicos, através das suas organizações,

juntamente com os demais trabalhadores das empresas estatais (que passam pelo mesmo ataque), que vise derrotar a ofensiva reacionária da direita golpista através de uma greve geral das empresas estatais em defesa dos seus direitos e conquistas. Essa

mobilização deve ser a ponta de lança para uma campanha nacional pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Eleições gerais, como única forma de se opor aos ataques ao patrimônio do povo brasileiro e à classe trabalhadora.


ECONOMIA | 9

A HUMILHAÇÃO DO SERVO ILUDIDO

Taxação do aço: a verdadeira relação entre Brasil e EUA é de submissão A verdadeira relação entre Brasil e EUA continua sendo a de submissão, com o agravante de que o atual governo alimenta a ilusão de ser importante e de que controla alguma coisa. Em reportagem do Washington Post, do dia 2/11/19, Bolsonaro é colocado em seu devido lugar em relação ao governo norte-americano. Diz sua manchete algo como: ‘uma traição bastante forte’: Bolsonaro se junta a outros líderes e descobre que um (bom) relacionamento pessoal com Trump tem seus limites. Na realidade, não se trata de nenhuma traição, pois os norte-americanos, seus dirigentes em particular, só têm compromisso consigo mesmo, com seus negócios, com seus interesses. O deslumbre de Jair Bolsonaro, espelhando a vocação vira-latas da burguesia nacional é o único motivo de espanto quanto à decisão recente de Donald Trump de retomar a taxação do aço brasileiro. Afirmando que Argentina e Brasil estariam promovendo a desvalorização de suas moedas e, com isso, prejudicando os agricultores dos EUA, o presidente norte-americano faz um aceno para seus eleitores e manda uma banana para aqueles que, aqui no Brasil, acreditam ter algum privilégio ou ser objeto de consideração diferenciada pelo império. Aproveitando que nossa moeda, o real, sofreu forte desvalorização diante do dólar – e, na prática, fazendo com que a importação de produtos brasileiros nos EUA fique mais barata, o governo dos EUA tem uma boa desculpa, justificando que é necessário agir, pois os produtores norte-americanos estariam perdendo competitividade.

No jogo comercial, os americanos são mestres, enquanto hoje somos, no Brasil, governados por incompetentes do pior tipo, atua-se ingenuamente para favorecer os interesses e negócios do imperialismo, em troca de afagos e falsos sinais de consideração. O The Washington Post foi muito suave, não deveria falar de traição e de ser condescendente com o governo de extrema-direita do Brasil. Poderia ter escancarado a relação de submissão que deliberadamente marca a atual política externa brasileira. Mais, poderia ter feito chacota sim, da mais que ingenuidade do governo e da grande esperteza dos que lucram com essa ingenuidade, principalmente os próprios norte-americanos. Não importa se Donald Trump está usando uma desculpa para proteger os seus, ou para quebrar um acordo com o Brasil e a Argentina, o fato é que os EUA, e os políticos de plantão, sempre fizeram e farão o que for preciso para garantir lucro e a satisfação de seus eleitores. Lembremos que, no começo do mês de novembro, os EUA manteve veto à carne bovina brasileira, e internamente também se falou de traição dos norte-americanos. Desde o Golpe de 2016, os EUA assumiram a dianteira na corrida por assumir áreas e negócios no Brasil que foram prejudicados ou destruídos pela ação da Operação Lava Jato

ou ações de privatização promovidas pelos golpistas de plantão. Apenas para ficar com um único caso, o do Diesel, verificamos que em menos de três anos, os EUA se tornaram praticamente o único fornecedor (cerca de 90%) do óleo importado pelo Brasil. Mas, no geral, a balança comercial nos anos de governo golpista tem sido ruim para o País. Nos últimos dias, o governo Bolsonaro têm feito malabarismos, quase heroicos, para afirmar um superávit (exportações), mas isso criou, por outro lado, uma desconfiança sobre a capacidade de o atual governo cuidar das próprias contas. Um governo confuso e submisso é tudo de que os EUA precisam para usar e abusar. O namoro de Bolsonaro com Trump está fadado a ser abusivo, com

os EUA impondo o que bem quiser, sem dar nada em troca, ou, como nos velhos tempos (e no imaginário popular), trocando bugiganga por ouro. Enquanto pagamos mais caro pela gasolina, pelo gás, pela carne, o governo de Washington quer levar de graça nossos recursos, a Amazônia inclusive, quer facilidades, isenções, enquanto devolve, como criminosos os ‘ilegais’ brasileiros, o governo Bolsonaro isenta os ianques de visto, entrega a Embraer (e os empregos dos nacionais) e Alcântara, sem levar nada em troca. A ironia do momento é que a burguesia do aço foi uma das que mais apoiou o golpe de 2016 e, sabendo ser impossível eleger a direita em 2018, deu seu aval à extrema-esquerda e seu candidato tosco e entreguista.

MP DO SUBEMPREGO

MP 905: direita golpista prepara mais ataques contra os trabalhadores Com o contrato “verde-amarelo”, o empregado entra verde (jovem) e sai amarelo (esgotado) Os ataques aos trabalhadores não terminaram com a Reforma Trabalhista. Na verdade, esta “reforma” apenas escancarou as porteiras, “liberou geral”, para que o governo passasse a elaborar obstinadamente uma série de medidas que suprimem direitos dos trabalhadores. Uma delas é a Medida Provisória MP 905. Também chamada de MP do Contrato Verde Amarelo, ela dá um caráter oficial ao subemprego, ao emprego informal e aos bicos, que junto com o desemprego, são as únicas modalidades de trabalho que crescem no Brasil. Ao invés de fomentar o desenvolvimento e a criação de empregos dignos, o governo permite que os patrões contratem funcionários em condições de trabalho muito mais precárias. A MP 905 estabelece um teto de 1,5 salário mínimo para o empregado sujeito a este contrato, praticamente obrigando o funcionário a não ter pretensões salariais decentes. Ela permite que o empregado pague apenas 20% da multa do FGTS, e não os 50% atuais, no caso de demissão. Permite a jorna-

da de trabalho de 10 horas diárias. Ela autoriza o “banco de horas tácito”, ou seja, o empregador pode impor aumento da jornada sem qualquer documento escrito, a ser compensado em até 6 meses. Obviamente, sem controle e documentação, e com uma Justiça do Trabalho mais onerosa, as dificuldades para o trabalhador se defender de abusos são imensas. O contrato também isenta a empresa de contribuir para o INSS, Sebrae, Sesi, Sesc e pagar salário-educação. Também não há necessidade de pagar seguro-desemprego. O adicional de periculosidade cai de 20% para 5% e só precisa ser pago em trabalhos onde a exposição ao perigo for maior do que 50% do tempo de trabalho. Fica extinta a multa de 10% sobre o saldo do FGTS, bem como correções monetárias e juros de mora sobre multas contratuais. Autoriza-se irrestritamente o trabalho aos domingos e feriados para bancários. e permite que o patrão fique com algo entre 20% e 33% das gorjetas. A MP ainda retira o poder dos auditores e agentes de fiscalização para em-

bargar obras ou interditar atividades, e retira a exigência de aprovação prévia para instalação de caldeiras, fornos e recipientes sob pressão, ou seja, facilita as normas de segurança que dariam alguma proteção ao funcionário. Além disso, acidentes no percurso entre casa e trabalho deixam de ser considerados acidentes de trabalho. Como se pode ver, esta é mais uma medida que evidencia toda a brutalidade da burguesia capitalista no trato aos trabalhadores. Não se deve

manter ilusões a respeito de possível conciliação com esta classe desumana e parasitária. Na imprensa golpista, a retórica utilizada é que a MP 905 irá “estimular a contratação de jovens entre 18 e 29 anos”. Trata-se de uma falácia. Os patrões não irão abrir mais vagas de trabalho por causa disso. Do contrário, irão demitir mais – uma facilidade concedida pela Reforma Trabalhista – e abrir vagas “verde-amarelo”, precárias, no lugar das vagas anteriores.


10 | POLÊMICA

UMA POLÍTICA ILUSÓRIA E REACIONÁRIA

Apenas voto pode evitar chacinas como a de Paraisópolis? Jornalista da Folha, quer que população vítima do massacre da direita acredite nas eleições como “solução” Em artigo publicado na Folha de S. Paulo intitulado “apenas o voto pode evitar tragédias como a de Paraisópolis“, o jornalista Luiz Fernando Azevedo, o “Dodô Azevedo”, ao tratar da chacina promovida pela Polícia Militar do Estado de São Paulo que levou à morte de jovens jovens entre 14 e 23 anos de idade, depois de uma emboscada contra um baile funk com mais de 5 mil pessoas, na madrugada do último domingo, responde à pergunta por ele mesmo formulada sobre “como, então, impedir estas tragédias?”, com uma simples e curta frase “com o voto”.Indo mais longe, o jornalista, o jornalista ainda se arrisca a ensinar e dar como exemplo a própria comunidade onde ocorreu a chacina e afirma em sua matéria que “só em Paraisópolis vivem 100 mil pessoas. Assumindo que 50 mil são eleitores aptos a votar, e que este número de votos elege um vereador, alguém que de fato os represente na câmara, que possa combater esta necropolítica, pode-se também concluir que três comunidades pobres de SP, se unidas, podem eleger um deputado estadual. Até mesmo e um federal”. “Dodô” atua como quem tivesse “descoberto a pólvora”, encontrado uma solução mágica para uma situação, como ele mesmo admite atinge locais como o Complexo do Alemão e Costa Barros, (ambos no Rio de Janeiro) e “uma fila sem fim de casos pelo Brasil e pelas décadas de nossa história que envolvem policiais militares”. Sejamos mais explícitos. Só no ano passado a PM matou em todo o País, apenas segundo dados oficiais, mais de 5.100 pessoas. São mais de 50 mil mortos em apenas 10 anos. Um verdadeira guerra contra a população trabalhadora, em sua maioria pobre, negra e jovem executados pela ação criminosa dessa máquina de guerra e terror contra o povo pobre que é a Polícia Militar.O jornalista, desconsiderando essa situação e o fato de que estamos na vigência de um regime golpista em que não só o governo ilegítimo de Bolsonaro, mas também os governos estaduais, como o de Dória (PSDB-SP) e Witzel (PSC-RJ) etc., fazem aberta campanha a favor da matança da po-

pulação pobre e negra na periferia das grandes cidades; com comemoração, premiação e estímulo aos executores de jovens, negros e pobres, quase sempre apresentados como “criminosos”, “bandidos”, “suspeitos”, “provocadores” etc. Propõe uma “solução” já testada e reprovada. Há mais de 130 anos, a imensa maioria da população vota, escolhe “representantes”, com vínculos ou não com as comunidades, porque é claro que todos os partidos e políticos burgueses e profissionais da enganação do povo há mais d num século buscam se apresentar como defensores dos interesses do povo, às vezes utilizando-se de cabos eleitorais e candidatos manipulados da própria comunidade, para depois servirem no governo e no parlamento aos interesses dos capitalistas que são os verdadeiros donos de seus mandatos, votando leis que interessam ao patrões, apoiando a repressão policial contra o povo etc. etc. Essa política é ainda mais enganosa no momento em que todo o processo eleitoral, como se viu nas últimas eleições está totalmente dominado por esquemas golpistas que visam alijar da participação política os trabalhadores, suas organizações e representantes. Ou não foi na última eleição presidencial que o candidato apoiado pela imensa maioria da população pobre, trabalhadora, negra, pelos sindicatos e organizações populares condenado em um processo totalmente fraudulento, preso e impedido de participar do processo eleitoral como candidato ou até mesmo de fazer campanha para o candidato reserva do seu partido. Dodô ignora até mesmo o fato de que mesmo os eleitos com algum vínculo com essas comunidades, estiveram e estão sob intensa ameaça e perseguição dessa máquina de guerra e sob su Amira, como se viu no caso da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro e tantas outras lideranças populares mortas nos últimos anos. E, absurdamente, chega a repetir a polícia de boa parte da esquerda burguesa e pequeno burguesa de res-

ponsabilizar as próprias vítimas pelos governos reacionários que se impuseram ao povo, por meio de fraudes, manipulações etc. afirmando, por exemplo que “nas últimas eleições, Paraisópolis elegeu, para legislativo e executivo, do prefeito ao presidente, candidatos que defendiam uma política que tem como consequência prática o extermínio da população de comunidades como a própria Paraisópolis”. Segundo ele, o mesmo aconteceu com os eleitores das demais comunidades pobre de todo o País e foi isso, o “voto errado” do povo, que “deu no que deu. Em um ano de mandato, nas duas cidades, não cessam de serem batidos os recordes de assassinatos de pretos e pobres, com envolvimento da polícia militar, anuência do legislativo e judiciário e o aplauso da opinião pública conservadora”. A população pobre do País que elegeu um ex-operário nordestino para a presidência da República e que por quatro vezes consecutivas votou na esquerda para governar o País teria, segundo o autor e a direita, retrocedido e resolvido apoiar seus algozes. Uma falsificação total da realidade, quando se sabe que o candidato da direita teve o apoio (que ja perdeu) de apenas um terço do eleitorado, diante do fato de que o candidato apoiado pelo povo estava atrás das grades e impedido de participar das eleições. A proposta de Dodô, que repete a saída apresentada por muitos setores da esquerda, representa também o abandono de qualquer perspectiva de

mobilização, de luta, de enfrentamento real com os responsáveis pelo genocídio de Paraisópolis de todo o País. Significa que o povo pobre, negro, trabalhador deveria abrir mão da única força que gerou mudanças efetivas na vida do povo explorados, desde Zumbi dos Palmares até os dias atuais, a força da luta organizada, com os métodos de luta próprios dos explorados (que não são o voto na urna), como a mobilização revolucionária nas ruas, nos locais de trabalho e de moradia, inclusive, para se organizar e se defender do massacre que vem sendo realizado. Vai ser a mobilização nas ruas e os comitês de autodefesa dos trabalhadores que vão parar o massacre e não as campanhas eleitorais dominadas pela direita. Defender que o voto pode barrar essa ofensiva é iludir e desarmar os trabalhadores e permitir que a matança prossiga. Foi assim no “tempo do império”, quando a escravidão foi derrotada pela luta revolucionária dos negros e pela mobilização dos defensores dos direitos democráticos do povo, e não pelo voto. Foi assim em todos os momentos decisivos da luta do povo brasileiro. Agora, diante do regime de golpe de Estado, mais do que nunca precisa ser pela mobilização e pela luta, pelo Fora Bolsonaro e todos os governo golpistas , junto com outras reivindicações concretas para barrar a ofensiva como é o caso dia dissolução da Polícia Militar de todo o aparato repressivo.


POLÊMICA | 11

A CRENÇA NAS INSTITUIÇÕES

Esquerda acredita que o massacre em Paraisópolis foi uma fatalidade A única política correta diante de um massacre como o de Paraisópolis é a extinção da polícia e a derrubada dos golpistas O massacre produzido pela Polícia Militar de São Paulo na madrugada do último domingo, que resultou na morte de nove jovens num baile funk em Paraisópolis, foi alvo de declarações por parte de setores da esquerda. O PT e o Psol e políticos ligados a esses partidos apresentaram posição sobre o caso e, ao fazerem isso, acabaram revelando uma ideologia de completa adaptação à direita golpista. Vejamos primeiro a nota do PT divulgada pelos deputados estaduais de São Paulo. Ali é exigida “explicações, punições duras e exemplares aos envolvidos na ação truculenta que resultou na morte dos nossos jovens”. Fica claro que há uma ideologia ultra direitista impregnada nesta esquerda. Ignora que explicações a PM já tem bastante e como fascistas a explicação é simples: “fizemos porque tínhamos que fazer”, afijnal, esse é o modus operandi da polícia. No mesmo sentido, a deputada federal do Psol, Sâmia Bonfim, pede “explicações” para o governo: “nosso mandato vai acionar o Ministério Público e cobrar explicações à PM.” Sâmia quer ainda mais: que o Ministério Pública, este que os brasileiros aprenderam que é dominado por procuradores fascistas, faça alguma coisa. Uma extrema adaptação da mentalidade direitista diante de um caso tão grave como o que aconteceu em Paraisópolis

Acreditar também que haverá punições aos envolvidos é absurdo. A ação feita em Paraisópolis não é um acaso, mas é parte da política orquestrada pelo governo do PSDB, e também o governo golpista de Bolsonaro, de genocídio nas periferias. É a política de terror contra o povo. A nota do PT mostra a confusão ao atribuir a chacina ao “preconcei-

to”, em determinado trecho se que o ocorrido em Paraisópolis é uma “clara atuação preconceituosa e de marginalização da juventude negra periférica.” Se existe esse “preconceito” ele é produto da política de terror contra a população pobre, negra e trabalhadora. O preconceito contra a diversão dos jovens na periferia é apenas uma cobertura para essa po-

lítica e essa política que precisa ser denunciada. Por fim, vale uma nota sobre o comentário do psolista Guilherme Boulos nas redes sociais: “quem deveria proteger leva o terror há algo muito errado.” O ex-candidato do Psol acredita que a Polícia Militar deveria existir para proteger o povo. Disso, devemos concluir então que o massacre foi uma espécie de fatalidade, algo que, embora aconteça com frequência, não deveria acontecer.Quem sabe a polícia não comelça a cumprir o seu papel de “proteger o cidadão” se os policiais envolvidos fossem trocados por outros mais honestos e humanos. A colocação de Guilherme Boulos é um verdadeiro escárnio contra qualquer política que se pretende minimamente de esquerda e progressista. Ao invés de denunciar e defender o fim da polícia, Boulos crê que tudo não passa de um deslize e que se de repente reformássemos a corporação talvez isso não acontecesse mais. Não denunciar o ocorrido como resultado direto da política da direita golpista de terror contra o povo é comtemporizar com o massacre e jogar areia nos olhos da população cuja única saída é se revoltar e colocar para correr essa direita. Nesse sentido, não defender abertamente a extinção da PM também demonstra a completa capitulação diante da direita assassina do povo.


12 | INTERNACIONAL

BOLÍVIA

Vice de Evo denuncia que Camacho comprou polícia e exército Polícia amotinou-se contra o governo no mesmo fim de semana do golpe, quando o general Williams Kaliman “sugeriu” que Evo Morales renunciasse Sábado (30), o vice-presidente derrubado pelos militares na Bolívia, Álvaro García Linera, denunciou que a extrema-direita golpista deu malas de dinheiro para corromper oficiais da polícia e das Forças Armadas. Linera denunciou que Fernando Camacho, do comitê cívico de Santa Cruz, comprou os militares para levarem o golpe adiante. Evo Morales renunciou à presidência da Bolívia forçado pelos militares no dia 10 de novembro, um domingo, depois que o chefe das Forças Armadas, Williams Kaliman, fez um pronunciamento à nação “sugerindo” que ele renunciasse. Naquele mesmo fim de semana, a polícia se amotinou contra o governo, ajudando nos ataques da extrema-direita contra apoiadores do governo. A participação de militares no golpe, portanto, foi decisiva, em uma campanha golpista relâmpago, que começou 20 dias antes da queda do governo, logo depois de Evo Morales ser eleito pela quarta vez para gover-

nar o país, em 20 de outubro. Imediatamente o candidato derrotado, Carlos Mesa, não reconheceu o resultado eleitoral, acusou o governo de fraude e começou a convocar manifestações pelo país. No caso da Bolívia aconteceu o mesmo que no Brasil, mas em uma velocidade muito mais rápida. Em um primeiro momento, Mesa, que seria o equivalente de Aécio Neves no golpe boliviano, um membro da direita tradicional dentro do regime político, desencadeou o movimento golpista. Posteriormente, com a polarização colocada pelo golpe, a extrema-direita assumiu a dianteira do processo golpista, sob a liderança de Camacho. O Bolsonaro da história seria o Camacho, e a capitalização pela extrema-direita do golpismo da direita tradicional deu-se em 20 dias. Portanto, outras características do golpe boliviano ajudam a esclarecer o golpe no Brasil. A participação dos militares no governo, sob Bolsonaro,

é enorme. E o fechamento do regime na Bolívia apresenta uma perspectiva sombria para a luta contra o golpe no Brasil. Por outro lado, para que a situação chegasse a esse ponto na Bolívia, foi necessário uma sequência inacreditável de capitulações da esquerda. É possível evitar esse desfecho no Brasil enfrentando a direita golpista, apro-

veitando o fato de que há uma tendência à mobilização contra o governo, a direita e o golpe. De modo que agora, vendo o nível a que a repressão pode chegar pelo exemplo da Bolívia, é preciso redobrar os esforços em torno de uma campanha pela derrubada do governo, com a palavra de ordem Fora Bolsonaro!

IMPERIALISMO VS AMÉRICA LATINA

Imperialismo preocupado com as revoltas na América Latina Em meio a crescente rebelião popular que tem tomado toda a América Latina, o imperialismo já se antecipa e inicia ingerências para esmagar a população. Em meio às crescentes revoltas que vem ganhando corpo na América Latina, Mike Pompeo, Secretário de Estado dos Estados Unidos, afirma que Washington fará uma intervenção. O recado revela a tensão do imperialismo ante a rebelião popular que se instaurou nos países da América Latina e, nitidamente, não tende a arrefecer. A insurreição popular tem como objetivo declarado – a derrubada dos governos fantoches do imperialismo. Nesse sentido, o imperialismo estadunidense já assinala ingerência para assegurar seus interesses. A afirmação de Pompeo veio através de um evento ocorrido nesta segunda-feira (2), na Universidade de Louisville, no Kentucky. De acordo com o porta-voz do imperialismo estadunidense, os protestos “não refletem a vontade democrática do povo”, chamando os governos alvo dos protestos, de “legítimos”. A França, Espanha e Inglaterra se anteciparam e colocaram seus destacamentos policiais para dar assessoramento os policiais chilenos, ou seja, como reprimir de forma mais eficaz a população. Toda essa movimentação desses países imperialistas, através de

ingerências e apoio concreto ao aparato repressivo dos governos de seus vassalos, tem por finalidade impor, na marra, as vontades do imperialismo contra a população. Nesse sentido, o imperialismo, já prevendo um alastramento da rebelião popular em todo o continente, pretende, imediatamente, pôr fim ao levante popular que aumenta a cada dia na América Latina. Nesse diário, recentemente foi escrita uma matéria sobre a situação na América Latina >>> América Latina, o centro da crise mundial. A colaboração entre o governo de Piñera, no Chile e as forças repressivas do imperialismo, por sua vez, foi gerenciada por meio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para o qual as autoridades chilenas solicitaram contato com a polícia estrangeira, na intenção aumentar a repressão contra o povo chileno. Todo esse alarde do imperialismo, expressa a preocupação com as revoltas populares que tem tomado países como: Chile, Bolívia, Equador, Honduras, Porto Rico, e agora na Colômbia. A rebelião popular, cada uma em um grau diferente de desenvolvimento,

tem um nítido caráter revolucionário; e a burguesia sabe muito bem disso. Sabendo que a América Latina se coloca como um centro insurrecional capaz de ganhar proporções incontroláveis, podendo, inclusive, afetar os

países imperialistas que, visivelmente, encontram-se em crise, o imperialismo busca conter, a todo custo, os focos de manifestação capazes de derrubar os governos que sustentam uma política pró imperialista.


INTERNACIONAL| 13

VENEZUELA

Maduro entrega 13 mil fuzis a trabalhadores do leste venezuelano O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, frente aos crescentes ataques da extrema-direita em todo o território latino-americano, toma a correta atitude de armar os trabalhadores Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, ordenou a entrega de 13 mil fuzis para os trabalhadores do leste da Venezuela, incentivando os trabalhadores a organizar cada vez mais a sua própria defesa frente qualquer tipo de tentativa de intervenção estrangeira ou de ataques da extrema-direita. Longe de capitular como acontece com muitos líderes da América Latina frente ao crescimento da extrema-direita (impulsionada pelo imperialismo mundial, principalmente o dos Estados Unidos), Maduro distribui armas para que os próprios trabalhadores consigam se defender, o que deixa a tarefa de golpistas como

os bolivianos bem mais difícil, pois atirar em quem está desarmado é fácil, mas em quem está armado é complicado. Não é a primeira vez que Maduro age de maneira a proteger o território venezuelano dessa forma nesse ano, este diário já noticiou alguns outros atos de distribuição de armas para a classe trabalhadora, como é possível ver nos links abaixo. https://www.causaoperaria.org.br/ maduro-distribui-dezenas-de-milhares-de-fuzis-para-o-povo/ https://www.causaoperaria.org. br/e-assim-que-se-faz-maduro-entrega-320-mil-fuzis-a-milicia-popular/

CRESCE A MOBILIZAÇÃO NA ITÁLIA

Movimento dos “sardinhas”: italianos saem às ruas contra a direita Uma onda de protestos tem tomado as ruas na Itália. De norte a sul, a população vai às ruas contra a direita. Uma multidão toma as ruas em Milão, cidade natal de Matteo Salvini (Liga Norte), ex-ministro do interior. De acordo com os organizadores, cerca de 25 mil pessoas tomaram a Praça do Domo, neste domingo (1). Os protestos, que vêm ocorrendo há duas semanas em toda a Itália, sinalizam uma reação contra a direita em todo o país. O ato revela a polarização que se desenvolve na Itália, concentrando setores que se colocam contra a extrema-direita capitaneada por Salvini. Não só em Milão, como em Taranto (extremo-sul da Itália) e Pádua (norte da Itália), a mobilização deu mostras da impopularidade de Salvini e sua camarilha. Salvini, por sua vez, ironizou a situação, dizendo: “espero que sejam cada vez mais e em todos os lugares, porque me dão alegria”. Em discurso, Mattia Sartori, um dos fundadores das Sardinhas, deixa claro a insatisfação popular com o a extrema-direita: “não há ninguém por trás de nós, apesar de muitos tentarem nos dividir, mas nós estaremos cada

vez mais nas ruas”. “Precisamos dialogar com a política, mas não com quem desintegrou o tecido social por um punhado de votos. Chega de instrumentalizar os desfavorecidos em troca de votos, chega de fazer política sobre a pele dos mais frágeis”, complementa. Vale ressaltar que, desde que Salvini assumiu a liderança da coalizão de direita com o moderado Força Itália (FI) e o extremista Irmãos da Itália (FdI), o Partido Democrático (PD), maior força de centro-esquerda no país, perdeu o governo de sete regiões, possibilitando a ascensão da coalizão conservadora. A Emilia-Romagna, portanto, é um dos últimos bastiões “vermelhos” ainda de pé, juntamente às vizinhas Toscana e Marcas. O deslocamento popular contra a direita é tamanho que, apesar de a organização ter buscado atrair cerca de 6 mil pessoas contra Salvini no primeiro protesto realizado em Bolonha, o movimento popular chegou a atingir 13 mil pessoas nas ruas. Já o segundo,

realizado em Modena, contou com 7 mil pessoas. Desde então, o movimento tem tomado conta de diversas regiões de norte a sul do país, fazendo com que praças e ruas fiquem pequenas para tamanha agitação. É importante destacar que, mesmo sendo uma manifestação confusa e

desorganizada – contra a extrema-direita, o termômetro vem subindo e já esquenta os miolos do governo. Isso porque essas manifestações vem crescendo cada vez mais na Itália. Nesse sentido, essa onda de protestos denota uma crise no país, podendo, inclusive, gerar um movimento de massas.


14 | NEGROS

POLÍCIA ASSASSINA!

Paraisópolis: mais um massacre do povo pobre e negro É preciso lutar pela dissolução da PM, máquina de massacre do povo. Mais um massacre sobre a população pobre e negra da periferia brasileira. Essa é a tradução mais objetiva dos crimes cometidos pela Polícia Militar de São Paulo na noite do último sábado (30/11) no bairro de Paraisópolis, zona sul da capital. Em mais uma ação de pura violência da polícia, que compete com a do Rio de Janeiro pelo título de quem mata mais pobre, as informações de moradores e das pessoas que estavam no local são de que a polícia simplesmente chegou para acabar com o baile funk da Dz7. Na rua aonde ocorria a festa não tinha só o baile, havia outros bares tocando outros estilos musicais como forró, pagode e, principalmente, muita gente na rua. Quem conhece festas em comunidades sabe que o principal espaço de diversão é a rua, aonde basta reunir os amigos e um som pra acontecer a festa. É neste cenário que a polícia militar alega ter chegado em perseguição a criminosos que estavam em uma moto e atiram na polícia antes de entrar pelo baile, utilizando os presentes como escudo. Versão que não possui sustentação e é contestada. Quem estava no local informa que, na verdade, a polícia chegou com uma estratégia montada para acabar com a festa e encurralar aqueles que deixavam o baile nas vielas próximas. Contam ainda que a polícia utilizou gás de pimenta e lacrimogênio contra o público. Em diversos vídeos publicados na internet e nas redes sociais é possível ver os policiais encurralando as pessoas, batendo pelas costas naqueles que tentavam fugir da violência. Após os diversos espancamentos surgiu nesta segunda (02/12) a informação de que os chamados de emergência à rede do SAMU (Serviço Atendimento Móvel de Urgência) foram cancelados pelo Corpo de Bombeiros, pois lhes foi informado que o atendimento estava sendo feito pela PM. O que provavelmente foi uma ação combinada com os comandantes da ação no bairro. Resultado da ação, foram 9 (nove) mortos e 12 (doze) feridos, todos jovens negros e trabalhadores. Inicialmente a mídia burguesa correu para noticiar que as mortes tinham sido causadas por pelo tumulto, tendo as vitimas sido pisoteadas. Uma conclusão que aparentemente isentaria de responsabilidade a PM. Mas, a quantidade de informação, vídeos e fotos divulgadas na internet nos últimos dias, deixa claro que as mortes não só são de total responsabilidade da polícia, como também foram crimes bárbaros e premeditados. O conjunto de informações que se tem até o momento não deixam dúvidas. É preciso deixar claro que a polícia militar do PSDB tem um histórico

Venha discutir

A LUTA

DO

POVO NEGRO Reunião do Coletivo de Negros João Cândido

de extrema violência contra as comunidades e moradores de rua. Estes são seus alvos preferenciais. Diversos moradores de Paraisópolis relataram que as agressões contra moradores são uma constante. Porém, a ação no baile foi ainda pior, pois havia muita gente que não morava ali, somente foi participar da festa. Assim, quando se deparam com as agressões da polícia correram para locais sem saída. Moradores, relatam ainda que não houve a presença de peritos legistas, o que integra mais uma característica da PM, a manipulação das cenas de crimes. Os jovens mortos são todos negros, trabalhadores e/ou estudantes e foram brutalmente assassinados por pura crueldade dessa verdadeira milícia fascista que é a Polícia Militar, simplesmente por estarem se divertindo, estarem numa festa.

Todos os sábados às 16h

POLÍCIA INIMIGA DO POVO Esse é mais um massacre que entra na conta do Estado brasileiro, tomado pelas forças golpistas e fascistas, e que utiliza com cada vez mais violência o braço armado da polícia. As chacinas cometidas são cada vez mais frequentes, seja em presídios como no histórico massacre do Carandirú ou diretamente nas ruas das comunidades. O endereço muda, mas o alvo não. O alvo é sempre o povo pobre, negro, trabalhador e periférico. Não há exceção. Como a comunidade bem diz, com o “playboy” do Morumbi o tratamento é diferente. Na verdade, a polícia só vai na área nobre pra tirar o preto de lá, como já foi cantado em tatos raps. Simplesmente, não existe esse tipo de violência policial nas áreas nobres e bairros de classe média, o que, obviamente não quer dizer que não haja crimes. Há, mas o tratamento é outro. Assim, a população das comunidades devem se organizar e lutar contra a violência indiscriminada da PM e o melhor caminho é lutar pela dissolução dessa polícia assassina. Lutar pela formação de uma milícia popular que garanta a tranquilidade e bem estar da comunidade que é habitada essencialmente por trabalhadores.

Centro Cultural Benjamin Perét R. Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde - SP


JUVENTUDE | 15

POLÍCIA MILITAR

Estudante morre em escola da PM no Amazonas Equipe médica diz que a provável causa da morte foi um mal súbito No dia 29 de novembro, sexta-feira, um estudante de 13 anos faleceu durante uma aula de educação física no Colégio Militar do Amazonas V, em Manaus. O estudante estava jogando futsal quando teve um desmaio. Ele foi socorrido pelos médicos do colégio e encaminhado à Unidade Básica de Saúde (UBS) Nilton Lins, onde acabou falecendo. De acordo com a equipe médica que atendeu o jovem, a provável causa da morte foi um mal súbito, também conhecido como morte súbita, podendo se manifestar de maneiras mais sérias, como paradas cardíacas ou AVCs, ou de maneiras mais “leves”, como por meio de um desmaio ou queda de pressão. De certa forma, é uma situação estranha. Já é do conhecimento da população o alto nível de violência física e psicológica da PM com os jovens na periferia, agressão que se intensifica dentro dos colégios militares. Leia a nota da Secretaria de Estado de Educação e Desporto e a Polícia Militar do Amazonas (PMAM): A Secretaria de Estado de Educação e Desporto e a Polícia Militar do Amazonas (PMAM) informam que estão prestando apoio e assistência à família do estudan-

te Athos Henrique Pereira Figueiredo, de 13 anos, que durante um jogo de futsal no Colégio Militar da Polícia Militar V (CMPM), na manhã desta sexta-feira (29/11), teve um desmaio e veio a óbito. Após o desmaio na quadra da escola, a equipe de professores prestou os primeiros socorros levando o adolescente para a Unidade Básica de Saúde (UBS) Nilton Lins, onde Athos foi atendido por médicos socorristas que realizaram os procedimentos de urgência e emergência. No entanto, não houve reação do adolescente e foi constatado o óbito. Informações preliminares da equipe médica que atendeu o caso indicam que o adolescente teve um mal súbito, o que só poderá ser confirmado com a conclusão do laudo do Instituto Médico Legal (IML). A Diretoria de Promoção Social da Polícia Militar do Amazonas está prestando atendimento psicossocial aos familiares, corpo docente e comunidade escolar, bem como a viabilização do serviço funeral do referido aluno. A Polícia Militar e Seduc se solidarizam com os familiares e amigos, pedindo conforto a seus corações e força para transformar a dor da perda em esperança. Transmitimos nossos mais profundos sentimentos.

EDUCAÇÃO

Resultado da prova do PISA mostra o ataque da burguesia à Educação Um dos principais alvos dos golpistas é o direito elementar do povo à Educação Em 2018, ano do último levantamento do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) , que é a metodologia aplicada pela OCDE para avaliar o desempenho de estudantes, o Brasil ficou entre os últimos das lista de 79 países participantes. O país ficou nas seguintes posições: 57° lugar em leitura, 66° em ciências e em 70° em matemática. A posição do Brasil no ranking do PISA denuncia a falência da política da direita golpista para a educação pública. O desempenho dos estudantes é consequência da precarização do ensino, da destruição da carreira docente e a transformação dos professores em semi-terceirizados (caso dos professores temporários categoria “O” em São Paulo) e das escolas em uma espécie de cadeia, sem qualquer condição para o aprendizado com qualidade. O PSDB, partido tradicional da direita golpista que governa o Estado de São Paulo há 30 anos, transformou a rede estadual de ensino, a maior do Brasil com mais de 5.000 escolas e 200 mil docentes, em um campo de concentração, onde não há qualquer condição mínima para a aprendizagem e onde os professores vivem ao limiar da fome e ostentam a maior taxa de adoecimento mental

entre todos os servidores públicos. A precariedade da escola contribui para que a mesma seja esvaziada de sentido e os alunos tenham a sensação de estarem presos e sejam condicionados a viver uma rotina burocrática e conservadora. Ano após ano, os golpistas desorganizam ainda mais a rede estadual paulista, com modificações repentinas nos procedimentos de atribuição, modificações nas leis sem qualquer consulta aos professores e congelamento salarial. Em São Paulo, os professores já se encontram há 4 anos sem reajuste salarial. A direita golpista e neoliberal, que se materializa nos governos tucanos em São Paulo, aplica as diretrizes políticas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a educação. O resultado é a absoluta precarização do ensino público. O a política neoliberal tucana tornou-se em uma receita para destruição do ensino em todo o país e vem sendo implementado sistematicamente após o golpe de Estado que derrubou a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. Desde então, o governo golpista de Michel Temer (MDB) congelou todos os investimentos públicos e aprovou a Reforma do Ensino Médio, que liquida o ensino médio.


16 | CULTURA E ESPORTES

CARÁTER REACIONÁRIO NA CULTURA

Funarte bolsonarista, “rock leva às drogas, ao aborto e ao satanismo” O inferno de Dante Mantovani Dante Mantovani é o novo presidente da Funarte. O cargo esta aberto desde 4 de novembro, quando o pianista Miguel Ângelo Oronoz Proença foi exonerado do cargo. Ângelo foi demitido do cargo após defender a atriz Fernanda Montenegro dos ataques do atual secretário de cultura, Roberto Alvim. Mantovani tem um canal no youtube, onde essa semana fez algumas declarações que provocaram polêmicas. Ele disse em seu canal que o “rock ativa as drogas, ativa o sexo livre, que ativa a industria do aborto, que ativa ao satanismo. Em suas reflexões ele mistura Ador-

no com Beatles. Dante também afirmou que os soviéticos se infiltraram na CIA para “destruir a moral burguesa da família americana” e afirmou que foi nessa época que surgiu “Elvis Presley” com seu requebrado, morrendo de “overdose” No dia 2 de Dezembro Jair Bolsonaro, também nomeou Rafael Nogueira (seguidor de Olavo de Carvalho) para a Fundação Biblioteca Nacional. Não há duvidas que este desgoverno quer acabar com patrimônio cultural do Brasil. É preciso denunciar esse caráter reacionário do governo golpista, expresso no ponto de vista do novo presidente da FUNARTE.

“MODERNIZAÇÃO” DO FUTEBOL

Privatização do futebol: Botafogo prestes a se tornar clube-empresa Avança o projeto de tornar o futebol em clube empresa. Fora capitalistas do futebol!! Na noite de segunda feira, 2 de dezembro, em razão do Projeto de Lei 5082/2016 aprovado na câmara, foi divulgada a convocação dos conselheiros do Botafogo para uma reunião a respeito da adesão ao projeto de tornar o departamento de futebol em S/A, tendo sua gestão separada do restante da gestão dos clubes. Embora tratada com entusiasmo pela mídia como a solução para clubes que se encontram com dificuldades financeiras, a realidade é mais delicada do que essa fantasia. O primeiro ponto a ser discutido é a ilusão vendida de que o departamento de futebol seria gerido pelos banqueiros, irmãos Moreira Salles, e a partir disso seria injetado dinheiro no clube como se fosse uma caricatura do bilionário excêntrico que passa a investir em negócios de seu puro apreço pessoal. Pois bem, recentemente o ex-presidente do clube, Carlos Augusto Montenegro, veio a público declarar que em caso de adesão do Botafogo ao projeto de sociedade anônima, os irmãos Moreira Salles não ocupariam qualquer cargo de direção, tendo ape-

nas contribuído para traçarem um projeto de adesão do clube a esse modelo de gestão de futebol. O segundo ponto é que a partir da adesão ao clube empresa, o Botafogo e os demais clubes que seguirem esse caminho, perderão seu caráter de instituições sem fins lucrativos e passarão a ter capital aberto e ações na bolsa, ou seja sujeitos a intempéries da especulação financeira(e justamente num momento de bolha explodindo!!). No Brasil, o modelo de clube empresa, há anos atrás, era vendido com o exemplo do Milan de Berlusconi, clube que recorrentemente aparecia entre os principais candidatos nas edições de Champions League, hoje esse mesmo clube empresa mal consegue se manter na serie A italiana, tendo sua força começado a se perder justamente a partir da crise de 2008, pois de lá pra cá só conquistou apenas um scudetto na temporada 2010-2011. Outro ponto a ser destacado é a exclusividade de refinanciamento de dívidas apenas para clubes que aderirem ao projeto, algo que recentemente o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ)

classificou como imposição à adesão. E por fim, seguindo a esteira do golpe de 2016 e da farsa eleitoral de 2018, o projeto ainda apresenta reduções nos direitos trabalhistas dos futebolistas. Sobre isso, há de se entender que o futebol é um bem do povo brasileiro, em especial dos torcedores, que não

pode ficar sujeito aos arbítrios dos capitalistas que se promovem como solução, pois a massa é a única solução para vencer crises de clubes, vide a própria reta final do Botafogo em 2019 quando o clube perigava fortemente ao rebaixamento e imediatamente a torcida mostrou seu valor.


MORADIA E TERRA | 17

SEM-TERRA

Culpado por queimadas, governo prendeu sem-terra por fogo na Amazônia Trabalhadores sem-terra foram presos pelo regime de Bolsonaro para encobrir que é o próprio governo e seus apoiadores quem colocou fogo nas recentes queimadas da Amazônia Além dos quatro brigadistas de Alter do Chão presos pelo regime Bolsonarista para tentar encobrir o fato de que o governo apoiava os verdadeiros promotores dos incêndios do Dia do Fogo, três trabalhadores sem-terra foram presos sob a alegação de que colocariam fogo na mata para um posterior loteamento. Segundo uma reportagem do Blog do Sakamoto, uma das lideranças dos sem-terra na região de Altamira, Silvanira Teixeira de Paula, conta que havia denunciado a ação de madeireiros no local e que foi presa no lugar de quem ela havia denunciado. Os três trabalhadores ficaram cerca de 50 dias na cadeia, sem nem mesmo entender o motivo de estarem ali. Tudo indica que a ação ilegal do Dia do Fogo foi feita em conjunto por madeireiros, grileiros e latifundiários que querem expandir sua ação para áreas de reserva ambien-

tal, tendo como apoiadores membros da polícia e de setores judiciários, que além de encobrirem seus crimes, perseguem aqueles que lutam contra eles. A ação da polícia e de órgãos militares contra a população em defesa dos latifundiários é uma prática fascista e que deve ser combatida como tal. É necessário que a população que lida diretamente contra esses setores forme grupos de autodefesa e consiga se armar, pois não adianta pensar que a justiça que está do lado dos latifundiários irá fazer algo para os prejudicar. É importante também salientar que devemos continuar na luta pelo Fora Bolsonaro, pois sua permanência no governo coloca ainda mais em risco a população brasileira, principalmente a parcela dos trabalhadores que lutam pelos seus direitos, como é o caso dos três trabalhadores sem-terra aqui destacados.

AÇÃO DE DESPEJO CONTRA O MST

PM despeja 50 famílias de forma violenta no norte do Paraná De forma violenta e intimidatória policia do estado do Paraná ataca movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no noroeste do estado. Na madrugada desta Terça-feira (03), 50 famílias do MST de Querência do Norte, no noroeste do Paraná foram surpreendidos pela presença na região do acampamento onde vivem de aproximadamente 150 policiais. Com criação de gado, suíno, hortaliças e grãos as famílias já estão a um ano e meio naquela região e é formada por crianças, jovens, adultos e idosos. Por volta de 6 horas da manhã, 40 viaturas cercaram o acampamento Companheiro Sétimo Garibaldi localizada na fazenda São Francisco. O clima no momento é de tensão e conflito eminente, vídeos feitos do local, mostram helicópteros sobrevoando a área fazendo voos rasantes sobre a comunidade. Há também pessoas feridas por bala de borracha, mas ainda não confirmação do numero de atingidos. Conforme o advogado das famílias acampadas, Humberto Boaventura, “há notícias de muita arbitrariedade, ilegalidade, truculência, muitos policiais, uso de helicópteros que têm aterrorizado e assustado as famílias que estão lá então. Nós esperamos que ainda durante o dia de hoje haja uma manifestação dos órgãos estaduais para que esse despejo ilegítimo seja suspenso” O advogado Boaventura também afirma que a ação de despejo autorizada pela Secretaria de Segurança Publica apresenta arbitrariedades jurídicas, o prazo para manifestação de defesa ainda estava aberto, não houve intimação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria (Incra) e

há divergência a respeito de quem que é o proprietário legitimo daquela área. Segundo o jornal Brasil de Fato esse é o nono despejo em cinco meses sob a gestão do governo bolsonarista de Ratinho Junior (PSD) entre maio e outubro deste ano, mais de 450 famílias foram expulsas das áreas onde viviam, produziam e tiravam seu sustento e de seus familiares. As ações ocorrem em desacordo com o funcionamento da Comissão Estadual de Mediação de Conflitos Fundiários. Nas primeiras horas da ação policial contra as famílias pela manhã, o eco-

nomista e escritor Eduardo Moreira postou em suas redes sociais um vídeo que denuncia o despejo e se solidariza com a comunidade. “É muito triste para quem conheceu, como eu conheci, os acampamentos e assentamentos do MST. Porque é um espaço onde antes existia terra improdutiva, ou então uma fazenda que devia centenas de milhões de reais para a União, que tinha trabalho escravo, degradava o meio ambiente. Sempre alguma característica que faz com que aquela terra seja propícia para a reforma agrária, e depois que ela é ocupada passa a pro-

duzir, reativa e reanima a economia da região” Na segunda-feira passada (25) o ilegítimo presidente golpista Jair Bolsonaro afirmou que iria enviar ao congresso nacional um GLO (Garantia da Lei e da Ordem) do campo, projeto que autoriza e isenta de punição agentes de segurança que cometerem crimes e excessos durante as operações para retirada de ocupantes e uso de violência e truculência em ações de reintegração de posse na área rural. Em outras varias declarações, Bolsonaro afirma que seu objetivo é acabar com o Movimento Sem-Terra e destruir as “invasões” do movimento. Sendo assim é preciso que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, se organize e se mobilize em comitês de luta armados, monte vigílias diurnas e noturnas nas fronteiras de suas terras, ocupadas ou assentadas, afim de evitar surpresas e assassinatos no campo durante a tentativa de repressão e ação violenta e brutal de militar, de latifundiários e desses governos fascistas de extrema-direita que tomaram o poder no país. O MST deve estar preparado com todo tipo de armas para o confronto direto contra o braço armado do estado, para defender suas terras, casas, plantações e familiares. Em suas mobilizações e reuniões dos sem terra, a palavra de ordem central deve ser o Fora Bolsonaro e todos os golpistas, no caso do Paraná deve se fazer presente a palavra de ordem também de Fora Ratinho.


BOLÍVIA: ABAIXO O GOLPE MILITAR

SEMANÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA O jornal Causa Operária é o mais tradicional jornal da esquerda nacional, um semanário operário, socialista que contém notícias e análise de interesse para as lutas operárias, populares e democráticas. Adquira o seu com um militante do partido por apenas R$2,00 ou entre em contato pelo telefone: 11 96388-6198 e peça já o seu exemplar


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