Diário Causa Operária nº5840

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QUINTA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5840

Uruguai: o avanço A LUTA do golpismo e da POVO NEGRO extrema-direita Venha discutir

DO

Reunião do Coletivo de Negros João Cândido Todos os sábados às 16h

Preparando o golpe militar Com medo das mobilizações que certamente chegarão ao Brasil no próximo período é incontestável que a direita e a extremadireita se preparam para o enfrentamento.

“Fragmentação do trotskismo” ou depuração do movimento revolucionário? O dirigente da corrente Resistência do Psol, Valério Arcary, publicou texto no sítio Esquerda Online no qual procura explicar os motivos do que ele chama de fragmentação no movimento trotskista internacional.

União com os “democratas” é união com aqueles que criaram Bolsonaro

O

Uruguai acaba de passar por eleições presidenciais. À primeira vista, poderia dar a impressão de que é um processo político normal, em que uma eleição normal estaria servindo para trocar de governo institucionalmente. Ou seja, tratar-se-ia de um mecanismo para alternar o governo sem um golpe de Estado, diferentemente do que vem sendo feito por toda a América Latina no último período.

Maiores informações entre em contato com os coordenadores Juliano Lopes (11) 95456-9764 Izadora Dias (11) 95208-8335

Diante das sucessivas ameaças da extremadireita de fechar o regime político, Manuela d’Ávila, do PCdoB, procura apresentar a frente ampla como política para a esquerda.

Uruguai: a extrema-direita levanta a cabeça Bolívia: a terrível capitulação do MAS Extrema-direita uruguaia também começa a fazer propaganda de uma ditadura para conter a crise política no país, que a própria direita acaba de criar abruptamente

Folha de S. Paulo: o golpe na Colômbia: da Bolívia contado pela direita greve geral à crise geral

Réveillon Vermelho: festa do PCO e dos que lutam contra o golpe Em oposição ao senso comum tradicional das festas de família, o Réveillon Vermelho é uma festa para celebrar a luta dos trabalhadores

No dia 26 de novembro, o governo golpista de Jeanine Añez deu mais um passo no sentido de transformar o regime político boliviano em uma ditadura aberta contra toda a população. Após matar mais de 30 manifestantes que lutavam pela recondução de Evo Morales ao poder, o regime começou a prender os seus adversários políticos.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Preparando o golpe militar Com medo das mobilizações que certamente chegarão ao Brasil no próximo período é incontestável que a direita e a extrema-direita se preparam para o enfrentamento. As seguidas declarações do núcleo bolsonarista e agora do seu ministro da economia em defesa de um novo AI-5; a Medida Provisória enviada pelo Executivo e em tramitação na Câmara que trata do excludente de ilicitude para as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e a utilização dessas operações na repressão de eventuais manifestações e processos de reintegração de posse no campo, são ações que podem ser interpretadas como uma política defensiva por parte dos golpistas, mas podem, também, significar que o bolsonarismo e as Forças Armadas tenham chegado a uma conclusão sobre a necessidade de um golpe militar diante do agravamento da crise política que varre a América Latina. O que está acontecendo na Bolívia, Uruguai e também no Brasil mostram que o imperialismo não está disposto a recuar e buscar um acordo com o nacionalismo burguês, como fez diante da reação popular à primeira onda neoliberal no final do século passado e início deste. Nesses países foi e é patente que a alternativa da extrema-direita é levar às últimas consequências os golpes de Estado. Cada um a seu momento, Bolsonaro, Camacho e Guido Manino no Uruguai, são a expressão de uma etapa de enfrentamento e não de distensão política.

Um outro fator que agrava a situação de conjunto é a deterioração da economia mundial e a expectativa de uma nova crise da dimensão ainda maior do que a de 2008, o que aumentará ainda mais o tensionamento da luta de classes. É por isso que os acontecimentos do Brasil não se dão por acaso. A defesa do AI-5 por um ministro civil, a omissão dos militares diante da polêmica gerada tanto pelas iniciativas de Bolsonaro como sobre o “novo AI-5”, apontam para um movimento de conjunto. Mostram que uma conspiração está sendo gestada dentro do governo. Diante dessa situação não é possível esperar 2022 com a ilusão que uma eleição é capaz de derrotar o golpe no Brasil. O momento é muito crítico. A crise que toma conta da América Latina tem uma única causa: a política de terra arrasada do neoliberalismo. É por isso que as massas estão nas ruas enfrentando a repressão. É por isso que é preciso levantar o povo brasileiro e impulsionar ainda mais a luta de todos os povos oprimidos para derrotar o imperialismo. A única saída para a esquerda é chamar o povo às ruas. É defender a luta aberta pela derrubada de Bolsonaro. É levar a discussão sobre o problema da direita, do fascismo, do golpe de Estado como uma realidade que tem que ser combatida pelas massas nas ruas, não com uma política de conciliação com a burguesia, pela pacificação da crise com um acordo, muito menos com a ilusão nas eleições.

Reunião do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo Todos os sábados às 16h

CHARGE

Local: Centro Cultural Benjamin Perét Rua Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde - São Paulo - SP Entre em contato conosco: • telefone/whatsapp: (11) 98192-9317 • facebook: @coletivorosaluxemburgo • Se você não for da cidade de São Paulo, participe a distância via Skype. Contato no Skype: mulheres_8


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DIREITA GOLPISTA

Uruguai: o avanço do golpismo e da extrema-direita Aparentemente uma alternância de poder institucional estaria ocorrendo no país vizinho, mas o quadro político geral logo demonstra que se trata de mais um golpe da direita O Uruguai acaba de passar por eleições presidenciais. À primeira vista, poderia dar a impressão de que é um processo político normal, em que uma eleição normal estaria servindo para trocar de governo institucionalmente. Ou seja, tratar-se-ia de um mecanismo para alternar o governo sem um golpe de Estado, diferentemente do que vem sendo feito por toda a América Latina no último período. A direita estaria assumindo o governo por meios democráticos sem nada de extraordinários, e o regime político estaria portanto intacto, restando discutir a estratégia eleitoral para a esquerda voltar ao governo daqui a quatro anos. O quadro mais amplo da região, porém, demonstra que não é assim. Extrema-direita A se confirmar a vitória eleitoral da direita essa semana, depois de uma votação muito apertada acontecida no último domingo (24), não se tratará simplesmente de uma derrota eleitoral de Daniel Martínez, pela Frente ampla, diante de Luis Alberto Lacalle Pou, do tradicional Partido Nacional, da direita tradicional do regime. Lacalle Pou teve apoio de toda a direita do país para derrotar Martínez, com uma ampla campanha golpista e a mobilização de elementos de extrema-direita, animados pela campanha do Cabildo Abierto nas eleições.

General Manini Ríos

Golpe

O Cabildo Abierto inclui o general Guido Manini Ríos, demitido em março do comando do Exército por fazer declarações contra a punição de militares que cometeram crimes durante a ditadura, torturando, matando e desaparecendo com militantes políticos. Ríos pediu votos para os militares em sua chapa de extrema-direita, e depois disso apoiou Lacalle Pou. Ou seja, caso se confirme a eleição de Lacalle Pou, trata-se de uma eleição da direita com apoio da extrema-direita. E o governo terá participação dessa extrema-direita.

Portanto, uma vez no governo, a direita, com participação da extrema-direita em sua equipe, deverá começar a tomar medidas para fechar o regime progressivamente, até chegar a uma ditadura. É o mesmo movimento que vem sendo feito pela direita em todo o continente. Antes da votação do primeiro turno, e do plebiscito, houve uma grande marcha contra a direita em Montevidéu. A direita golpista no governo querendo fechar o regime e o antecedente de um protesto que já aconteceu na capital anunciam um embate no país no próximo período. Trata-se de uma expressão do mesmo embate que se reproduz em toda a região, em que as massas se enfrentam com o imperialismo, principalmente dos EUA. A esquerda precisará superar sua política conciliadora e sua crença nas instituições. Enquanto isso,a direita golpista tratará de levar adiante sua política golpista de dentro do governo, preparando-se para tirar direitos dos trabalhadores, atacar as condições de vida de amplos setores e reprimir violentamente qualquer reação. É um golpe de Estado feito de dentro do governo, que seria feito de fora do governo se a direita perdesse as eleições. O fato de que houve eleições ofusca o que realmente aconteceu, mas é preciso compreender bem isso: o

Plebiscito Outro sinal alarmante foi um plebiscito votado juntamente com as eleições durante o primeiro turno. Uma proposta que previa um endurecimento das leis e dava mais poder aos militares, chamada “Vivir sin miedo”, que foi rejeitada com pouco mais da metade dos votos. A chamada “segurança pública”, com o aumento de homicídios no país, foi mote da campanha da extrema-direita para mobilizar seus elementos ao longo do ano. Se fosse aprovada, essa lei já levaria o país imediatamente para um regime político mais fechado, pronto para o momento em que a direita assumisse a presidência depois da vitória eleitoral de Lacalle Pou.

Uruguai também está passando por um golpe de Estado. Da mesma forma que aconteceu na Argentina, em que o fato de que o golpista Macri foi eleito também confundiu o panorama político do país. É preciso entender bem essa situação, para notar mais uma peça da política do imperialismo na América Latina, uma política de dominação geral e de um controle exercido de muito perto, por meio de capachos direitistas do imperialismo.

GENERAL MANINI RÍOS

Uruguai: a extrema-direita levanta a cabeça Extrema-direita uruguaia também começa a fazer propaganda de uma ditadura para conter a crise política no país, que a própria direita acaba de criar abruptamente A direita, provavelmente, será anunciada como vencedora das eleições realizadas no último dia 24 no Uruguai. Luis Lacalle Pou deve aparecer na contagem como vencedor diante do candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, por uma estreita margem da votação. Na coalizão que apoiou Lacalle Pou estavam elementos da extrema-direita, representada pelo partido Cabildo Abierto e pelos militares nazistas e fascistas, como é o caso do general Guido Manini Ríos. De modo que, com seus 10% de votos no primeiro turno, a extrema-direita entrará no governo através de Lacalle Pou, que seria um representante da direita tradicional do regime uruguaio. Caso a direita perdesse as eleições mais uma vez (e talvez tenha perdido, mas fraudado votos o suficiente para aparecer como vencedora), a extrema-direita já alimentava uma retórica golpista, preparando os espíritos para uma derrubada do governo da Frente Ampla. Com a chegada ao governo

por meio dessas eleições, ocorridas em meio a uma campanha golpista e à mobilização de elementos fascistas, a extrema-direita prepara-se para entrar no governo por meios aparentemente institucionais, o que por ora pode encobrir momentaneamente seu caráter golpista. Golpe e ditadura O golpe, no entanto, virá de dentro do próprio governo. O general Manini Ríos, que foi comandante do Exército até ser destituído pela Frente Ampla esse ano, depois de defender militares envolvidos nos crimes da ditadura, faz uma campanha abertamente fascista. Com um governo da direita golpista apoiado na extrema-direita, o deslocamento do regime em geral à direita será enorme. Olhando-se a situação nos outros países do continente, a tendência é de que haja uma polarização também no Uruguai. Desde já o general Mani-

ni Ríos faz declarações ao estilo bolsonarista, dizendo, por exemplo, em seu chamado aos soldados para que votassem em Lacalle Pou no segundo turno, “a eles desta vez contestamos, nós os soldados, porque os conhecemos”. Uma declaração que poderia ser entendida como um simples chamado a votar, mas que deixa clara a intenção de levar adiante uma perseguição política contra “eles”, querendo dizer a esquerda e as organizações populares e operárias em geral. Ou seja, Manini Ríos deixa explícito que quer implantar uma nova ditadura. Embate continental Assim como na Bolívia, tudo parecia normal no Uruguai até a direita virar a situação de cabeça para baixo do dia para a noite. Essas duas mudanças abruptas mergulharam em um curto período os dois países na crise generalizada da América Latina. Nos dois casos, o imperialismo

tratou de criar, abruptamente, uma crise política para derrubar governos de esquerda. O plano é o mesmo que se vê em todo o continente: atacar as condições de vida das amplas massas em favor de poucos capitalistas, e reprimir a população e os trabalhadores em caso de reação popular à direita golpista. Esse é o mesmo embate que está colocado em todos os países da região no próximo período. De uma lado, a classe operária, de outro, a burguesia e o imperialismo. Conforme a classe operária desenvolve sua resistência às políticas neoliberais, a burguesia se desloca mais à direita, levando a uma polarização cada vez mais intensa. É nesse quadro que aparecem as ameaças de Bolsonaros e generais como Manini Ríos. Esse é o programa da direita golpista para a próxima etapa de luta política. A esquerda, de sua parte, deve se preparar e preparar os trabalhadores para o novo tipo de confronto que se avizinha.


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PRISÕES POLÍTICAS

Bolívia: a terrível capitulação do MAS O regime político boliviano, no entanto, está perseguindo ferozmente seus oponentes. Está demonstrado a política desastrosa que é a conciliação com a direita golpista. No dia 26 de novembro, o governo golpista de Jeanine Añez deu mais um passo no sentido de transformar o regime político boliviano em uma ditadura aberta contra toda a população. Após matar mais de 30 manifestantes que lutavam pela recondução de Evo Morales ao poder, o regime começou a prender os seus adversários políticos. Deisi Choque, que foi candidata pelo Movimento ao Socialismo (MAS), foi presa em casa, com direito ao mesmo sensacionalismo que a imprensa brasileira destinou às prisões políticas da Operação Lava Jato. A direita também já emitiu uma ordem de prisão para o ex-ministro da presidência Juan Ramón Quintana, considerado o braço direito de Evo Morales. A ordem de prisão dada a Juan Ramón Quintana é um exemplo que mostra claramente qual é a política que a direita pretende levar adiante na Bolívia. Ex-militar, Quintana coordenou a campanha de Evo Morales à presidência em 2019 e era considerado como parte da “ala dura” do governo Morales. Pouco após ter sido deflagrado o golpe militar na Bolívia, Quintana declarou, em entrevista, que: a Bolívia vai se transformar em um grande campo de batalha, um Vietnam moderno, pois aqui as organizações sociais encontraram um horizonte para reafirmar sua autonomia, soberania e identidade. A declaração de Quintana, que expressa nada menos do que a realidade, uma vez que o povo boliviano não iria aceitar de braços cruzados que o imperialismo derrubasse um governo popular para impor um capacho seu, foi suficiente para que a autoprocla-

mada presidente da República Jeanine Añez o acusasse de terrorismo. Cinicamente, o governo golpista culpou Quintana pelos levantes contra o golpe militar e solicitou sua prisão junto ao Ministério Público, sendo rapidamente atendido. Até o momento, o paradeiro de Quintana não é conhecido. Obviamente, a questão do terrorismo foi apenas uma desculpa que o regime encontrou para prender um elemento que se colocou frontalmente contra o golpe. Quintana está sendo perseguido, inclusive, porque se mostrou não só como uma figura contrária ao golpe, mas alguém que, diferentemente da política de capitulação do MAS, defendeu o enfrentamento das massas à ofensiva golpista. O avanço da direita no regime político, por sua vez, para chegar ao ponto de prender os seus adversários políticos, é resultado justamente da sequência de capitulações do MAS diante da ofensiva golpista. Os parlamentares e dirigentes do partido, em conjunto com o próprio Evo Morales, não prepararam nenhuma reação ao golpe da direita e, uma vez concretizado o golpe, se colocam contrários à mobilização dos trabalhadores. Enquanto o povo está na rua enfrentando a polícia com paus e pedras, a direção do MAS está clamando pela pacificação – pacificação essa que jamais virá por parte da direita, que , se não for combatida, levará toda a população à morte e à miséria. Além de não organizar o povo para enfrentar a direita – considerando que o povo já está mobilizado -, os dirigentes do MAS fizeram vários acordos com a direita que estão dando

sustentação ao governo Añez. Após a renúncia de Evo Morales, o MAS poderia continuar na sucessão presidencial, visto que controlava a presidência do Senado e da Câmara. No entanto, os parlamentares que ocupavam esses postos renunciaram. Mesmo com o MAS controlando a maioria do parlamento, aceitou que a golpista Añez, abertamente pró-imperialista, que inclusive reconheceu o vigarista Juan Guaidó como presidente da Venezuela, se consolidasse como presidente. Além de permitir que Añez constituísse um governo – governo esse que já matou mais de 30 pessoas e reformulou a cúpula das Forças Armadas -, o MAS entrou em um acordo que permitirá a realização de novas eleições presidenciais sem a presença de Evo Morales. Trata-se, portanto, da consolidação do golpe: toda a operação que a direita realizou foi para expulsar o maior líder popular da Bolívia do regime político. Recentemente, Diego

Pary, que era o chanceler do governo Morales, reafirmou a posição da direita, declarando que a melhor solução para a crise na Bolívia seriam eleições sem a participação de Evo. Após o anúncio da ordem de prisão de Quintana, os trabalhadores da Bolívia organizaram um protesto em Cochabamba. Os dirigentes dos sindicatos da região, no entanto, procuraram se mostrar distantes da manifestação, afirmando que se tratava de “um grupo radicalizado” e que contrariavam seus interesses pela pacificação. A política da capitulação, apresentada pelo MAS, é a política da derrota, e tem sua parcela de responsabilidade no avanço da direita obre o regime. Por isso, é preciso organizar uma reação enquanto ainda há tempo. Ao contrário de permitir que a direita ganhe confiança para avançar cada vez mais e impor uma ditadura sobre o povo, é preciso enfrentar nas ruas, até as últimas consequências.

Todas às sextas-feiras, 14h na Causa Operária TV


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EXTREMA DIREITA IMPOPULAR

Folha de S. Paulo: o golpe na Bolívia contado pela direita Imprensa golpista brasileira tenta conferir apoio popular às manifestações da direita no continente A burguesia pró-imperialista latino americana e aqueles que lhes dão voz e espaço na imprensa (os monopólios capitalistas que controlam os meios de comunicação golpistas) vem fazendo um esforço hercúleo para tentar conferir legitimidade aos movimentos organizados pela extrema direita no continente, buscando com isso transformar ações tipicamente fascistas e minoritárias, em manifestações supostamente populares. Foi assim no Brasil em 2015/16, onde a extrema direita colocou em movimento uma malta de desclassificados morais, fascistóides, que ocuparam as ruas do país, realizando manifestações que pediam a deposição (impeachment) do governo petista eleito pelo voto popular em 2014. As tais “manifestações” nunca foram atos verdadeiramente populares, mas ajuntamento de direitistas “mobilizados” pela grande imprensa capitalista (Globo News, Band, Record, SBT e outras) para atacar ideologicamente a esquerda nacional, sob a mal disfarçada cobertura do discurso de luta contra a corrupção.

O fato é que nunca houve qualquer apoio verdadeiramente popular ao golpe de Estado orquestrado pelo conjunto das forças reacionárias e direitistas do país. A ocupação das ruas pela classe média fascista brasileira, portanto, não passou de uma operação engendrada pelo imperialismo e seus consorciados tupiniquins para legitimar o golpe e posteriormente instalar no país um governo abertamente fascistóide, resultado da mais vil e grotesca fraude contra o eleitorado nacional e a população. Na Venezuela, a operação farsesca é a mesma, onde os capitalistas que exercem o controle sobre os órgãos de imprensa – lá e aqui – buscam legitimar um representante da extrema direita pró-imperialista (Juan Guaidó) como opositor popular ao governo do presidente legítimo Nicolás Maduro. Várias tentativas de golpe (todas financiadas pelo imperialismo ianque) já foram levadas a efeito contra o regime chavista-bolivariano. Os apoiadores do “opositor” Guaidó nunca foram além de um punhado desprezível de direitistas, sem qualquer apelo popular.

Neste momento agora, a mesma farsa se manifesta na vizinha Bolívia, que vice um golpe de Estado desde o início do mês, quando os militares reacionários golpistas “recomendaram” ao presidente reeleito, Evo Morales, que renunciasse ao cargo de presidente, ainda com o mandato em vigor. Aplicando o mesmo receituário golpista, a extrema direita do país altiplano recusou-se a aceitar o resultado das urnas e partiu para a solução que lhe é familiar, acionando os bandos fascistas para ameaçar, agredir e assassinar a população apoiadora de Morales. Aqui no Brasil, um dos porta-vozes mais ativos da empreitada golpista que derrubou o governo eleito pelo voto popular, o jornal Folha de S.Paulo, em sua tentativa de “interpretar” os fatos ocorridos na Bolívia, publicou em sua página eletrônica (sítio UOL), entrevista com uma socióloga brasileira, radicada no país vizinho, Fernanda Wanderley, professora da Universidade Católica Boliviana, onde a acadêmica, sob medida para o periódico golpista brasileiro, declara que “os protestos que se iniciaram logo depois

das eleições presidenciais de 20 de outubro ocorreram de maneira espontânea em várias cidades do país (UOL, 27/11). Nada mais falso, nada mais farsesco. Os protestos e as manifestações que se seguiram ao resultado das eleições, que revelaram a vitória do candidato do MAS, Evo Morales, não tiveram qualquer conteúdo espontâneo, mas foram convocadas pela extrema direita do país, liderada por Luiz Fernando Camacho, encabeçador da violência fascista contra a população indefesa. Os golpistas da imprensa nacional – a “Folha” tem lugar de destaque nessa galeria – buscam interpretar os fatos e acontecimentos contra os governos populares de esquerda do continente latino como movimentos legítimos, populares, de “defesa da democracia”, em oposição ao “autoritarismo antidemocrático” da esquerda. Uma farsa que não se sustenta, pois nunca foram movimentos legitimamente democráticos, populares as mobilizações da direita, mas manifestações com caráter e conteúdo claramente artificiais, fascistas, organizados e financiados pelos capitalistas, em estreita conexão com o imperialismo.

SINAL VERMELHO PARA O IMPÉRIO

Colômbia: da greve geral à crise geral A situação da Colômbia é grave e vai muito além de reivindicações pontuais. A greve geral aponta para uma crise geral do governo e coloca em cheque o atual sistema político. No dia 21 de novembro, teve início uma greve geral na Colômbia, com milhares de trabalhadores nas ruas, colocando mais fogo na luta de classes recém exacerbada no Continente Latino Americano. A greve vem na esteira de manifestações de massa e das greves no Chile, da erupção dos protestos sociais no Equador, de meses de mobilização no Haiti, de protestos violentos em Honduras, da resistência dos trabalhadores e camponeses bolivianos ao golpe militar de direita apoiado pelos EUA. Agora os trabalhadores colombianos se mobilizam contra as políticas neoliberais na quarta maior economia da América Latina. O país teve suas ruas ‘invadidas’ por cidadãos cansados, mas conscientes de que este é o momento propício para a luta. Sem uma estatística oficial, estima-se que entre 200.000 a mais de 1.000.000 de pessoas participaram da mobilização em todo o país. Mais de 100.000 marcharam na chuva por Bogotá, Capital do país. Em Barranquilla, o protesto agregou cerca de 80.000 pessoas e em Medellin, contabiliza-se 70.000 manifestantes. Do mesmo modo, pelo menos 20.000 marcharam em Cali, e dezenas de milhares participaram em mais de 100 cidades da Colômbia.

Importante ressaltar que foram dezenas de organizações as que participaram da greve, principalmente os sindicatos, mas também grupos de direitos indígenas e organizações estudantis. Em todas as grandes cidades, os manifestantes bloquearam o transporte público, fechando ruas e estradas em todo o país. O governo, por meio da polícia atuou violentamente, desde os primeiros movimentos da greve. A quarta morte provocada pela polícia foi a gota d’água para que se decidisse por uma nova greve, com início no dia 27. O Esquadrão Móvel Antidisturbios (Esmad) atingiu o jovem Dilan Cruz, no sábado, dia 23, com uma bomba de gás, chegando a expor seu cérebro tamanha a violência do ataque. Dilan Cruz morreu no hospital. Diógenes Orjuela, presidente da Central Unitaria de Trabajadores (CUT), informou, após reunião com o governo: “Mañana 27 de noviembre vamos a realizar otro paro nacional en todo el país junto a grandes jornadas de movilización para reclamarle al Gobierno que negocie el ‘paquetazo’ que nosotros hemos señalado como las causas que han prendido esta protesta social” Ao mesmo tempo, à medida em que a greve geral se desenvolveu e a adesão às manifestações foram aumen-

tando, apareceram outras demandas que foram sendo agregadas, entre elas: a questão da saúde, o problema ambiental e do fracking (método de extração de petróleo considerado perigoso e danoso para o meio ambiente), o desmonte do Esquadrão Móvel Antidistúrbio da polícia. Desde a semana passada, portanto, o que temos é o povo colombiano mobilizado, de forma permanente, contra o governo de extrema-direita de Iván Duque. Milhares de manifestantes lotam a Plaza Bolívar em Bogotá, a principal praça da capital. Ali, lembram a violência do Estado contra manifestantes no Chile, onde centenas de pessoas perderam a visão após serem baleadas por balas de borracha. Em uma das manifestações, pode-se ver uma grande faixa pendurada em um dos lados da praça com os seguintes dizeres: “Quantos olhos nos custarão para abrir os deles?” O governo, mesmo considerando que a mobilização não é ainda tão grande como a que se vê no Chile, por exemplo, ou como a que aconteceu no Equador e na Bolívia, chamou o comando de greve para o diálogo, ficando claro que tem medo de que as mobilizações se radicalizem. O governo sabe que a tendência é a radicalização, por isso, embo-

ra tenha tomado todas as medidas para mostrar força e reprimir com violência os protestos, julga que ceder um pouco pode refrear o movimento. Obviamente a chamada para um ‘diálogo’ é uma manobra, muito conhecida entre nós. Mas o fato em si, de um governo de extrema-direita, com uma máquina de guerra em suas mãos, uma polícia das mais violentas do mundo, considerar negociar com sindicalistas e movimentos sociais, indica uma crise política de dimensões gigantescas. O governo está em crise, está muito fragilizado, como indica a baixa popularidade do presidente. Além de questões complicadas que acompanham a história do país, algumass mal resolvidas e mal compreendidas, como a do narcotráfico e da luta armada[6], a crise atual não se deve apenas à situação crítica do próprio país, mas também porque o continente tem dado mostras de que as políticas da direita e da extrema-direita são rechaçadas e sua rejeição tende a alcançar os seus representantes, seus partidos. No entanto, embora conte com a capacidade de ataques violentos, como têm ocorrido no Chile, sabe que, nesse momento, esse caminho não implica êxito, ao contrário, pode levar a situações que beiram a uma revolução.


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O BRAÇO REPRESSIVO DO GOLPE

Bolívia: documento revela participação organizada da polícia no golpe Polícia Militar e Exército: o braço repressivo a serviço de um regime político e econômico de terra arrazada. O ex-presidente Evo Morales divulgou um documento que revela o que os policiais aspiravam fazer. Em um pouco mais do que um mês antes de sua renúncia no dia 10 de novembro de 2019, Evo Morales, presidente boliviano, veio à público para denunciar um motim dentro da polícia militar em algumas cidades como Cochabamba, Sucre e Santa Cruz, e o prelúdio de um golpe de Estado. É que a oposição boliviana, eleitores da direita e contrários a Evo Morales, exigiam a anulação das votações que o teriam reeleito presidente, sob a ameaça de que os protestos continuariam caso suas reivindicações não fossem atendida. Evo estava certo e a situação se acirrou e o golpe se confirmou levando-o ao exílio no México. Na segunda-feira (26) o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, tornou a público para revelar um documento oficial em que o comandante da polícia aparece exigindo ao governo Jeanine Añez, o cumprimento do compromisso assumido com a corporação de aumento salarial pelo motim da polícia em 8 de novembro, uma ação que, como se viu, foi o estopim e o caminho para a edificação do golpe de estado na Bolívia.

A publicação se deu em um blog da Telesur, cujo link é: https://www. telesurenglish.net/news/Bolivia-Police-Demand-to-be-Paid-for-Their-Support-for-Coup-20191126-0001.html?fbclid=IwAR3Bafi291Y8j1xaUQZWvZcAs86LfvDlrIjsxrKYqcD3L2m62S4utrNJEjM. Não é demais frisar que TELESUR é um veículo de imprensa que conta também com um canal de televisão. A Telesur é uma iniciativa do ex-presidente Hugo Chávez, da Venezuela, junto aos governos de Cuba, Argentina e Bolívia, e foi criada como o objetivo de dar uma alternativa comunicacional para toda a América Latina e Caribe, em resposta à mídia imperialista como a CNN e outras emissoras, que transmitem em espanhol e compromissadas com a ideologia burguesa. A notícia não conta como se deu o vazamento do documento, mas que é uma cópia de uma nota oficial enviada pelo coronel Rodolfo Montero ao ministro do Interior Arturo Murillo, em 25 de novembro passado. Segundo conta, a nota refere-se à “proposta de elevação de salário para policiais” que aspiram a receber salários e benefícios equivalentes aos que os militares têm direito.

Além disso, revela ter o selo oficial da polícia e a assinatura do oficial que liderou o motim, cujo estopim conduziu ao golpe de Estado e a renúncia de Evo. Não que isso seja uma surpresa pra nós, mas é sempre libertador quando um documento dessa natureza vem a público para confirmar as “teorias de conspiração” da esquerda mais radical, encarada assim pela imprensa golpista, que, quando isso acontece, pinta a realidade como um movimento de revolta. Uma verdadeira desinformação e um total desrespeito ao público que tem que enfrentar uma tal massificação sem ter estrutura para se contrapor e resistir. Recentemente no Brasil tivemos um importante caso de vazamento protagonizado pelo The Intercept Brasil, com o Glenn Greenwald trazendo a público os áudios da conversa de Moro com Dallagnol, demonstrando a arquitetura de um golpe, que se apropriou da justiça e da polícia federal, em um plano de perseguição política contra o PT e Lula para impor uma política neoliberal. Outros também, como os casos clássicos de Julian Assange e Edward Snowden, foram casos emblemáticos que abalaram essa estrutura de farsa e enganação encobertada pela mídia golpista.

Mas a notícia avança, e lembra, ainda, que, segundo o fórum, Bruce Williamson, o encarregado de negócios dos EUA na Bolívia foi responsável por doar um milhão de dólares a cada chefe militar e 500 mil a cada chefe de polícia. Nada de novo pelo jeito! Pois, tanto o polícia como o Exército vêm cumprindo a função de sustentar o regime de terra arrasada implementado pelo imperialismo norte americano em todos os países da América do Sul, e uma dura investida para socorrê-lo da crise que o acomete. Aliás, no caso boliviano fica bem claro que mesmo que a população ganhe nas urnas, a eleição vai fatalmente ser derrubada. Veja que Evo fez todas as concessões à direita concordando com a reivindicação da direita por novas eleições. E mesmo assim o golpe de estado se concretizou. Não interessava nem mesmo outra eleição. Foi mesmo na “mão grande“ a solução do impasse que o imperialismo definiu a questão. Espalhou dinheiro, comprou a polícia que se amotinou, fez uma milícia e derrubou de vez Evo Morales colocando-o no exílio, e meteu a bota na cara da população para impingir-lhe esse regime de morte, arrocho e precarização.

FASCISMO INTERNACIONAL

Fascistas húngaros pedem a Bolsonaro cruzada cristã no Oriente Médio Jair Bolsonaro e o premiê húngaro Viktor Orban analisam iniciar uma campanha fascista internacional contra os imigrantes do oriente médio, em nome da defesa dos “cristãos”. O presidente fascista Jair Bolsonaro em conjunto com outros fascistas como Viktor Orban, Donald Trump, e os outros governos de extrema-direita européia são conhecidos por sua política em prol da “família cristã”, levantando a ultra reacionária bandeira da religião para justificar sua política genocida contra os povos árabes. O premiê húngaro Viktor Orban convidou diversos representantes da extrema-direita braseira para uma série de reuniões a respeito das medidas que serão tomadas por ambos os países em relação as “invasões” de imigrantes vindos do oriente médio. Os fascistas da Hungria desejam utilizar o governo capacho do imperialismo representado por Jair Bolsonaro e o golpe de Estado, para por meio dele criar uma campanha internacional de ação no oriente médio, financiando grupos “cristãos” em países chaves como Síria, Iraque, entre outros, famosos alvos dos imperialistas e que no último período sofreram duros ataques devido as invasões. Tais invasões e a grande destruição causada pelo imperialismo nesses países é o fator essencial que explica a grande onda de imigração que atinge a Europa. Sendo assim, os países im-

perialistas nada mais estão sofrendo do que algo que os mesmos provocaram. Invadem, destroem e matam populações, mas quando estas são obrigadas a procurarem novos locais para viver, sofrem da dura campanha anti

migratória do imperialismo, como no caso húngaro. Figuras como Eduardo Bolsonaro, Ernesto Araújo, Damares entre outros, já se encontraram com representantes do país europeu e o pró-

prio ministro das relações exteriores já recebeu um documento a ser analisado pelo Brasil para a organização de ações em conjunto aos imperialistas, visando a quebra da imigração e uma política de “apoio ao cristianismo” nos países árabes, que claramente representa um financiamento a grupos políticos buscando desestabilizar estes regimes. Chama a atenção também o desejo de se manter os cristãos em território árabe, desenvolvendo um programa que busca criar uma estabilidade econômica para eles, levando a construção de escolas, creches etc. Tal política denota a pura demagogia, já que os húngaros mesmo dizendo serem os defensores do cristianismo costumam ser conhecidos por sua política antiinflamatória duríssima, tratando da mesma forma todos os imigrantes, independente da religião que dizem defender. Esta série de acordos faz parte de uma política internacional da extrema direita, que cada vez mais vem ganhando terreno e se fortalece sob toda esta demagogia. Os húngaros com isso buscam usar os brasileiros em uma grande campanha internacional contra os países atrasados.


INTERNACIONAL | 7

POR MÔNICA DE SOUZA

Chadwick: a herança viva de Pinochet no governo de Piñera A crise social detonada no Chile expõe diariamente, há mais de um mês, detalhes do obscurantismo de um modelo político e econômico que desde a década de 1970 segue espoliando a pop A crise social detonada no Chile expõe diariamente, há mais de um mês, detalhes do obscurantismo de um modelo político e econômico que desde a década de 1970 segue espoliando a população e a classe trabalhadora. Berço do neoliberalismo e da ditadura de Pinochet, este país governado no segundo mandato do empresário, milionário, político representante da direita e extrema direita, Sebastián Piñera jamais escondeu suas intenções de seguir adiante com a doutrina reacionária, totalmente contrária ao progresso intelectual, material e humano da maioria da população, e que há décadas sobrevive sob as consequências do Estado mínimo. Diante disso, a frase do presidente não decepcionou seus iguais ao dizer, durante seu primeiro pronunciamento em rede nacional no dia 20 de outubro, o seguinte: “Estamos en guerra contra un enemigo poderoso, implacable, que no respeta a nada ni a nadie”. Neste momento inesquecível, que marcará para sempre a Primavera Chilena, estavam ao lado do mandatário o ministro da Defesa, Alberto Espina, quem tem apoiado a ofensiva criminosa das Forças Especiais dos Carabineros (FF. EE), Forças Armadas (F.A) e ao general do Exército a cargo dos operativos em Santiago, Javier Iturriaga. Esses três personagens junto ao ex-ministro de Interior e Segurança Pública, homem de confiança do presidente, Andrés Chadwick (da Unión Democrática Independente – UDI, partido político mais à direita que o Renovação Nacional – RN, de Piñera) e o general diretor de Carabineros, Mario Rozas todos responsáveis pelos piores atos de repressão desde época do ditador sanguinário e fascista, Augusto Pinochet. Não seria incorreto nem exagerado dizer que o Chile está vivendo uma nova ditadura cujas práticas são confirmadas ao vivo e em cores nas ruas de basicamente todas as capitais do país – sobretudo nas mais importantes: Santiago, Valparaiso, Concepción, Serena e Valdívia. Milhares de informações inundam as redes sociais noticiando o modus operandi do governo e seus militares em duros ataques contra os manifestantes e aqueles que representam algum tipo de ameaça a estas instituições que, segundo a interpretação de psicopatas militares, podem partir da linha de frente (jovens encapuzados que confrontam os ataques covardes e criminosos dos militares contra aqueles que protestam nas ruas), de diferentes grupos (estudantes, indígenas e servidores públicos, entre outros) e manifestantes escolhidos aleatoriamente como alvo da agressão. O saldo desta barbárie são milhares de vítimas, entre elas, até o momento, cerca de 24 mortos, mais 200 que sofreram mutilação ocular, 15 mil presos e aproximadamente 2700 hospitalizados, segundo informações oficiais do Instituto Nacional

de Direitos Humanos – INDH, na qual os dados foram diversas vezes questionados pela Cruz Vermelha, contrária às estatísticas sobre os vitimados, especialmente os hospitalizados, que segundo eles superam os informados pelo Instituto. Divergências à parte, as denúncias do INDH e Cruz Vermelha são importantíssimas ao mostrar que os culpados por transformar os espaços públicos dos protestos pacíficos em campos de batalhas são os “pacos” (policia), os mesmos que julgam arbitrariamente os direitos sociais como algo ilegal, e que emprega a força autoritária e opressora para atacar violentamente os manifestantes. Desde o início da crise social, o nível de arbitrariedade e truculência das Forças Especiais de Carabineros – FF.EE infringem os protocolos para manutenção da ordem pública e dos direitos humanos. Diante das ações

recorrentes de crueldade contra os manifestantes e cidadãos várias entidades imputam o FF.EE, também, por abusos sexuais e torturas. A raiz desse nível de opressão dos poderes, o Colégio Médico de Chile, o Departamento de Direitos Humanos e a Sociedade Chilena de Oftalmologia criaram uma comissão para investigar a acusação institucional contra o ex-ministro do Interior e Segurança Pública, Andrés Chadwick, por autorizar o FF.EE a cometer abusos contra os manifestantes em todo o país. Em meados de novembro, o partido de centro, Democracia Cristiana (DC), oficializou a acusação constitucional contra o ex-ministro por violar gravemente os direitos humanos durante o estado de exceção, deixando milhares de vítimas. O que mais se poderia esperar do ex-ministro senão autorizar a F FF.EE atacar violentamente os manifestan-

tes? A trajetória política de Chadwick é de fazer inveja para a qualquer fascista latino-americano. Ele participou ativamente da ditadura de Pinochet, foi membro da comissão legislativa da Junta Militar do Governo e ocupou o cargo fiscal de Ministério de Planejamento Nacional. Ele foi ministro nos dois mandatos de Piñera – o primeiro, em 2011, como Secretário Geral do Governo, e nesse segundo, o qual o obrigou entregar o cargo por pressão da mobilização social. A punição que tarda, deveria ser imediata para políticos que cometem atrocidades como as de Piñera, Chadwich, Gonzalo Blumel (atual ministro do Interior e Segurança Pública), Alberto Espina (ministro da Defesa) e Mario Rozas (general diretor do Carabineros). Embora exista acusação institucional contra Chadwick, ele poderá se safar. No dia 20 de novembro, seu advogado, Luis Hermosilla disse à imprensa que “os argumentos da defesa serão protocolados por escrito na Câmara dos Deputados. Dos 155 deputados, a oposição necessita de 78 para aprovar o requerimento. Além disso, dentre os 4 integrantes encarregados de analisar a acusação constitucional, 2 pertencem ao partido de extrema-direita, Unión Democrática Independente (UDI); 1 da Renovación Nacional (RN), partido de Piñera; e 1 do Partido Socialista. Neste contexto, é previsível o resultado da análise. Não obstante, cabe lembrar que o mérito pela saída de Chadwick deve ser atribuído aos milhares de manifestantes que proferiram em alto tom: “fora, Chadwick!”, algo mais potente que pedir sua renúncia, pois não trata de dar opção, sim requer que saia. Entre as reiteradas tentativas da direita para confundir a população chilena está a tergiversação da esquerda, por um lado; por outro, as desculpas justificando os atos de violência física e verbal contra a população. Hermosina reproduziu fielmente o discurso de seu cliente, no qual assegura que suas ordens ao Exército e FF.EE, durante o estado de exceção, consistiam em “garantir a segurança e a manutenção da ordem pública, precaver a vigência do estado de direito, e todos seus atos se encontram impregnados dessa atitude…”. Para os chilenos a reputação do ex-ministro vai de mal a pior, mas o mesmo continua sendo o homem forte da direita e conselheiro de Piñera, além do fato de serem parentes (primos). Mesmo afastado da Moneda, o ex-ministro e atual presidente se reúnem fora do Palácio para analisar a crise social do país. Enquanto os manifestantes protestam exigindo seus direitos, a esquerda ainda não sabe bem o que fazer diante da revolução popular que resiste nas ruas há 5 semanas lutando contra todos projetos fajutos da direita. E a direita reacionária? Essa não dorme está em guerra, como declarou Piñera.


8 | DIA DE HOJE NA HISTÓRIA

O POVO CONTRA OS FASCISTAS

29/11/1944: Albânia se liberta da ocupação nazista A história da libertação da Albânia deixa clara que é a luta de classes o principal motor da história da humanidade Na historiografia moderna, costuma-se muito negligenciar propositalmente o papel do povo nas mudanças históricas. As classes dominantes, por disputas menores ou maiores entre si, por motivos meramente econômicos assim como acidentes históricos seriam os verdadeiros responsáveis pela moldura do desenvolvimento histórico da humanidade. Descarta-se completamente a luta de classes como fenômeno político e social. O caso da Albânia mostra como a burguesia apaga o papel das forças populares dos livros. Em 1944, no dia 28 de novembro, o povo organizado em milícias operárias, derrotava o ocupação nazista e o governo fantoche composto pelos líderes fascistas do Balli Kombëtar. Esse país, cujo dano causado pela Segunda Guerra Mundial está estimado entre os maiores do continente europeu, destruindo 60.000 moradias e deixando 10% da população morando na rua, lutou ferozmente contra a ocu-

pação Italiana (1939-1943), seguida da ocupação nazista do país (1943-1944). As tropas italianas haviam ocupado o país meses antes da segunda guerra mundial, no dia 7 de abril de 39. Com a guerra entra a Itália e a Grécia, na qual a Albânia foi forçada a participar, e o avanço da Segunda Guerra Mundial, muitos grupos insurgentes surgiram

formando milícias operárias antifascistas. A formação de um pequeno Partido Comunista, sob a liderança de Enver Hoxha, veterano da guerra civil espanhola e militante comunista durante os anos que viveu na França, só viria a ocorrer em novembro de 41. Os comunistas ingressaram nas milícias organizadas e derrotaram diversas

tropas italianas. A queda de Mussolini na Itália, provocou um enorme enfraquecimento das forças fascistas no país. Mesmo com a ajuda dos nazistas que ocuparam o país logo em seguida, as vitórias dos partisans no sul acumulavam-se cada vez mais, de modo que com medo de que os comunistas aproveitassem a saída do italianos para tomar a capital, Kosovo, os alemães ocuparam-na usando soldados paraquedistas de maneira relâmpago. No verão setentrional de 1943, os revolucionários já dominavam por completo o sul do país, e em novembro conseguiram tomar a capital dos nazistas. Sem a interferência da política stalinista, cuja participação poderia ter levado à derrota total dos comunistas, os albaneses forma adiante e instauraram um Estado Operário, expropriando a burguesia. Mais tarde o regime sucumbiria a burocracia da união soviética e com isso, se dissolveria com o fracasso final dessa política em 1989.

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ATIVIDADES DO PCO | 9

CELEBRAR OS TRABALHADORES

Réveillon Vermelho: festa do PCO e dos que lutam contra o golpe Em oposição ao senso comum tradicional das festas de família, o Réveillon Vermelho é uma festa para celebrar a luta dos trabalhadores por sua libertação da opressão da burguesia No próximo dia 31 de dezembro, os militantes e simpatizantes da luta contra o golpe terão a oportunidade de uma convivência autêntica, socialista e revolucionária. Em oposição ao senso comum tradicional das famílias, o Réveillon Vermelho é uma festa para celebrar a luta dos trabalhadores por sua libertação da opressão da burguesia. É também uma oportunidade dos ativistas abandonarem a convivência falsa e reacionária das festas tradicionais de fim de ano em família com parentes coxinhas para se somar a centenas de companheiros de todo o País se reunirão em São Paulo para celebrar toda a luta travada contra a burguesia golpista, pela liberdade de Lula e contra a ofensiva do governo fascista de Bolsonaro. Depois de uma ano de intensa luta e importantes êxito políticos, o Partido da Causa Operária (PCO) retoma neste final de ano a realização de uma das atividades já tradicionais da organização, o seu Reveillon, neste ano adotando o nome de Réveillon Vermelho, como se deu em Curitiba no ano pas-

sado, quando milhares de companheiros celebraram a passagem do final do ano próximos ao ex-presidente Lula, preso nas masmorras de Curitiba. Parte da tradição comunista, uma vez que a passagem do ano com uma festa de gala é tradicional no movimento operário. Os grandes partidos operários no início do Século XX comemoravam a passagem de ano, o PCO mantém esta tradição. Uma oportunidade imperdível para os que lutaram neste ano, participaram dos atos nacionais e tem vários motivos para comemorar o avanço da luta dos trabalhadores, que levaram a soltura de Lula e ao enfraquecimento do governo Bolsonaro. Atração Esse ano o Réveillon do PCO terá uma atração especial, a apresentação da Cantata Santa María de Iquique, composta pelo chileno Luis Advis e reconhecida principalmente pelas interpretações do Quilapayun. A música relembra a matança na Escola Santa

María, em 21 de dezembro de 1907 na cidade de Iquique, no Chile, quando milhares de trabalhadores mineiros foram mortos em uma ação comandada pelo general Roberto Silva Renard, du-

rante o governo de Pedro Montt. Uma peça de grande qualidade musical, relembrando a luta dos trabalhadores, e muito difícil de ser vista ao vivo.

UNIDADE NA LUTA CONTRA O GOLPE

Comitês discutem plenárias abertas para organizar a 2ª Conferência Reuniões ocorrerão em todo o País para levar o maior número de participantes para a atividade política nacional mais importante deste fim de ano A II Conferência Nacional dos Comitês ocorrerá nos próximos dias 14 e 15 de dezembro, após a explosão das mobilizações populares na América latina, a soltura de Lula e a retomada de uma luta que se intensifica a cada dia contra a burguesia e o imperialismo. Por isso é de caráter essencial a organização política da esquerda em torno de um eixo mobilizador, prático e consciente, que dê prosseguimento à luta popular no próximo período. Tendo isso em mente, os Comitês de Luta realizarão plenárias abertas em todo o País, como preparação para a II Conferência, para agrupar todos os companheiros dispostos a avançar contra os golpistas, derrubar o governo Bolsonaro, anular todos os processos contra Lula e garantir novas eleições com Lula candidato. Principalmente após os últimos acontecimentos no Brasil e na América latina, que aprofundaram a crise do regime golpista e impulsionaram a força popular expressa em torno da figura de Lula, a II Conferência deve estar marcada no calendário de cada militante como um dia essencial para a organização da luta pela derrubada do governo golpista. A Conferência também será uma forma de encerrar o ano preparando a luta para o próximo período e opor-se a um setor da esquerda que interpreta a soltura de Lula como um oportunidade de fazer acordos com o centrão (partidos de di-

te popular contra o imperialismo na América latina. Como participar?

reita) nas eleições de 2020. Por isso, procure os Comitês organizados mais próximos da sua cidade ou região e as atividades de rua semanais que eles organizam e estão sendo utilizadas para preparar as caravanas e levar o maior número de pessoas possíveis para a Conferência. A forte tendência à mobilização na atual etapa da luta popular indica que a II Conferência assumirá um papel ainda mais importante do que a última, realizada em 2018. Sob as palavras de ordem de “Lula ou Nada”

e “Eleição sem Lula é fraude”, a I deliberou a realização de um grande ato pela registro da candidatura de Lula em Brasília, como forma de denunciar a fraude que os golpistas preparavam na tentativa de cauterizar a ferida do golpe com uma saída institucional. A II ocorrerá num cenário muito pior para a burguesia e os golpistas, que sofrem com o governo de extrema direita improvisado pela fraude eleitoral, num cenário de destruição do centrão, polarização cada vez maior entre a população e os golpistas e com o levan-

Em breve estará disponível o site do evento, onde será possível cadastrar-se e efetivar a inscrição pagando uma taxa para custear o evento. Na última conferência foi de R$ 100,00 e deu direito aos materiais, ao almoço e alojamento. Também é possível se inscrever com os militantes do PCO e dos Comitês nos mutirões que ocorrem as quartas-feiras nas universidades e aos domingos nas feiras pelo País. Será, além disso, uma atividade de importância fundamental, onde são esperadas cerca de duas mil pessoas que sairão de todas as regiões do País em caravanas. Setores de diversos partidos já estão confirmados. Todos os fatos demonstram que a luta deve ser organizada e a proposta de realizar uma Conferência Nacional Aberta toma proporções ainda maiores neste momento. Levar as organizações populares, associações dos movimentos de luta pela terra, por moradia e principalmente os sindicatos e os partidos de esquerda, para colocar uma perspectiva clara de unificação de todas lutas em uma só: a luta contra o governo ilegítimo e golpista. Por isso, os Comitês e o PCO colocarão todas as suas forças para convocar uma grande conferência.


10 | ATIVIDADES DO PCO

LUTA CONTRA O GOLPE

O que pretendemos discutir na 2ª Conferência Nacional aberta A 2ª Conferência Nacional aberta é uma enorme oportunidade de discutir a situação política no Brasil e na América Latina e tirar encaminhamentos para derrotar os golpistas O Partido da Causa Operária, juntamente com os Comitês de Luta contra o Golpe e contra o Fascismo, Comitês Lula Livre e em suas diversas unidades regionais espalhadas por todos os Estados do país estão organizando a 2ª Conferência Nacional de Luta contra o Golpe e convocando todos os militantes e ativista que querem continuar e dar um caminho na derrota da direita do país. A importância da conferência está na organização dessa luta diante da tendência presente em toda América Latina de acirramento da luta de classes, de confrontos cada vez maiores diante da rejeição dos trabalhadores da política da direita e do neoliberalismo. SITUAÇÃO NA AMÉRICA LATINA Honduras, Haiti, Equador, Chile, Bolívia estão em convulsão social em uma enorme rejeição da população contra a direita e a política de ataques as conquistas sociais. Essa situação está se agravando e pode chegar a qualquer momento ao Brasil. O recuo de Bolsonaro na aprovação da reforma administrativas e no avanço em impor medidas repressivas é um sinal que a burguesia está assustada com essa possibilidade. Fora Bolsonaro

Bolsonaro quer implantar uma ditadura fascista no Brasil para colocar em marcha sua política de ataque aos trabalhadores e ao patrimônio nacional. É impossível conviver com Bolsonaro na presidência ou tentar colocá-lo “na linha”, e esse ano de 2019 mostrou isso. A única maneira da esquerda sobreviver e a população ter seus direitos é derrubar o governo Bolsonaro através da luta dos trabalhadores. Eleições gerais Bolsonaro foi eleito numa enorme fraude eleitoral montada pela direita para impedir a candidatura de Lula ou de aparecer minimamente nas eleições. É preciso reverter esse quadro com novas eleições convocadas imediatamente com Lula candidato. Anulação dos processos de Lula A liberdade de Lula foi uma enorme conquista das mobilizações, mas os processos ainda não foram anulados e impedem Lula de ser candidato em qualquer pleito eleitoral. Por isso, é preciso continuar a luta e a mobilização da população através da política de criação de comitês de luta e de mutirões de coleta de assinaturas pela anulação dos processos por todo o país.

Diante das mobilizações, a extrema-direita quer impor uma ditadura contra os trabalhadores para impor o programa neoliberal. Para isso, Bolsonaro prepara uma série de medidas para implantar uma ditadura. É isso o que Bolsonaro está preparando com sua lei de excludente de ilicitude e operações de GLO, e anúncios públicos dizendo que vão aprovar o AI-5. Com isso a direita busca se antecipar aos acontecimentos ao ver outros países da América Latina. É preciso discutir para preparar os trabalhadores para enfrentar essa situação, principalmente com a formação de comitês de autodefesa. Convidar e levar organizações populares, associações dos movimentos de

luta pela terra, por moradia, os partidos de esquerda e sindicatos para colocar em discussão uma ação unitária, quer dizer, de unificar todas as reivindicações, todas as lutas, em torno da luta contra o golpe de Estado. Isto é, reunir o setor mais ativo da militância contra o golpe para discutir uma perspectiva clara de ação diante da luta pelo “Fora Bolsonaro”, da anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula, por novas eleições gerais já! Se inscreva e participe da II Conferência Nacional Aberta de Luta contra o Golpe para os dias 14 e 15 de dezembro no município de São Paulo.


POLÊMICA | 11

POLÊMICA COM VALÉRIO ARCARY

“Fragmentação do trotskismo” ou depuração do movimento revolucionário? Os ditos trotskistas não estão de acordo com o desenvolvimento da situação O dirigente da corrente Resistência do Psol, Valério Arcary, publicou texto no sítio Esquerda Online no qual procura explicar os motivos do que ele chama de fragmentação no movimento trotskista internacional. Esse fenômeno teria acontecido com o que ele denomina como sendo as seis principais organizações trotskistas do mundo, que segundo ele são: o PO argentino, o SWP inglês, o POI da França, a ISO norte-americana, o CWI inglês e o PSTU no Brasil. Em todas estas houve rachas, divisões e dispersão. Em primeiro lugar, é preciso dizer que, para nós, cada uma dessas organizações que Arcary considera “trotskista” passam léguas de distância de serem partidos que levam minimamente adiante a política do revolucionário russo, Leon Trótski. Algumas delas, como é o caso do PSTU, não passam de um grupo seguidor de Nahuel Moreno, argentino que em nome do trotskismo levou adiante uma política oportunista bem ao estilo que se conhece do próprio PSTU. Mas esse não é o tema do artigo. A questão é saber por que essas organizações estão em crise. Arcary procura uma explicação no desenvolvimento da situação política, diz ele: “evidentemente, estamos em uma si-

tuação internacional muito adversa para quem defende a revolução socialista mundial. Quando as perspectivas são desfavoráveis o desalento pode aumentar a amargura, a angústia favorece o desespero, e a desmoralização facilita o rancor. Todas estas organizações tinham sofrido, ideologicamente, porque desde a vitória no Vietnam em 1975, não ocorreu um triunfo revolucionário anticapitalista.” Não discordamos que o refluxo do movimento operário seja um fator de crise para organizações de esquerda, isso de um ponto de vista geral. No entanto, esse não parece ser a explicação atual. Segundo o próprio Arcary essas organizações sobreviveram aos momentos mais difíceis desde que o refluxo se aprofundou. Por que então estão se desagregando agora? Arcary ignora justamente a política errada dessas organizações diante da situação política. Antes, é preciso dizer que, embora a etapa de refluxo tenha durado de fato todo esse tempo, o desenvolvimento da luta de classes nos últimos anos, acelerada pela crise de 2008, permite dizer que não nos encontramos mais em tão profundo refluxo. Na realidade, os acontecimentos atuais mostram que o mundo todo volta a se movimentar, embora não seja possível

dizer que ingressamos numa situação revolucionária. Mas as organizações modelo de Valério Arcary estão em decomposição justamente no momento em que estamos saindo de décadas de refluxo. Para explicar isso, Arcary ignora o mais óbvio: a política desastrosa diante da situação política. Na França, os ditos trotskistas não tiveram capacidade de acompanhar as enormes mobilizações dos Coletes Amarelos. Para dizer mais claramente, acabaram ficando contra a manifestação ou na melhor das hipóteses completamente à margem dela. Para um partido que tem pretensões revolucionárias, seria preciso se colocar como parte do movimento quando uma mobilização popular explode. Outro caso exemplar é o do próprio Arcary no Brasil. Arcary era dirigente tradicional do PSTU. Quando o golpe de Estado organizado pela direita pró-imperialista foi colocado em marcha, o PSTU simplesmente se colocou a reboque da direita, a favor do golpe. Arcary, que durante a etapa inicial do processo estava no partido, acabou saindo junto com outros. Mas sem entrar em pormenors, fica fácil de notar que a crise no PSTU deve-se ao fato de que diante de uma situação política

gravíssima, diante da necessidade de chamar o povo a lutar contra o golpe, o PSTU estabeleceu uma aliança formar com os golpistas. Esse tem sido o padrão da atividade política dos ditos trotskistas. Alguns mais outros menos capituladores diante da direita, fato é que esses partidos, contrariando os ensinamentos de Leon Trótski, de Lênin e dos fundadores do marxismo, estão na contramão dos acontecimentos. A situação na América Latina é bem elucidativo. A esquerda, nesse caso não apenas a dita trotskista, não tem uma política para a situação, ora se integrando completamente ao regime, ora com uma política de colaboração com a direita, como foi o exemplo dado do caso do PSTU. Na Bolívia, o POR, este sim o mais importante grupo trotskista da América do Sul, acabou entrando em uma política como a do PSTU, “nem Evo nem Camacho”, demonstrando ser incapaz de ser uma organização para orientar o movimento de luta contra o golpe. Assim, a fragmentação, diferente da preocupação de Arcary, é um ponto positivo para a organização da classe operária internacional. Para a criação de organizações revolucionárias, é preciso se livrar dessa política capituladora.

FRENTE AMPLA

União com os “democratas” é união com aqueles que criaram Bolsonaro Diante das sucessivas ameaças da extrema-direita de fechar o regime político, Manuela d’Ávila, do PCdoB, procura apresentar a frente ampla como política para a esquerda. O dirigente da corrente Resistência do Psol, Valério Arcary, publicou texto no sítio Esquerda Online no qual procura explicar os motivos do que ele chama de fragmentação no movimento trotskista internacional. Esse fenômeno teria acontecido com o que ele denomina como sendo as seis principais organizações trotskistas do mundo, que segundo ele são: o PO argentino, o SWP inglês, o POI da França, a ISO norte-americana, o CWI inglês e o PSTU no Brasil. Em todas estas houve rachas, divisões e dispersão. Em primeiro lugar, é preciso dizer que, para nós, cada uma dessas organizações que Arcary considera “trotskista” passam léguas de distância de serem partidos que levam minimamente adiante a política do revolucionário russo, Leon Trótski. Algumas delas, como é o caso do PSTU, não passam de um grupo seguidor de Nahuel Moreno, argentino que em nome do trotskismo levou adiante uma política oportunista bem ao estilo que se conhece do próprio PSTU. Mas esse não é o tema do artigo. A questão é saber por que essas organizações estão em crise. Arcary procura uma explicação no desenvolvimento da situação política, diz ele: “evidentemente, estamos em uma si-

tuação internacional muito adversa para quem defende a revolução socialista mundial. Quando as perspectivas são desfavoráveis o desalento pode aumentar a amargura, a angústia favorece o desespero, e a desmoralização facilita o rancor. Todas estas organizações tinham sofrido, ideologicamente, porque desde a vitória no Vietnam em 1975, não ocorreu um triunfo revolucionário anticapitalista.” Não discordamos que o refluxo do movimento operário seja um fator de crise para organizações de esquerda, isso de um ponto de vista geral. No entanto, esse não parece ser a explicação atual. Segundo o próprio Arcary essas organizações sobreviveram aos momentos mais difíceis desde que o refluxo se aprofundou. Por que então estão se desagregando agora? Arcary ignora justamente a política errada dessas organizações diante da situação política. Antes, é preciso dizer que, embora a etapa de refluxo tenha durado de fato todo esse tempo, o desenvolvimento da luta de classes nos últimos anos, acelerada pela crise de 2008, permite dizer que não nos encontramos mais em tão profundo refluxo. Na realidade, os acontecimentos atuais mostram que o mundo todo volta a se movimentar, embora

não seja possível dizer que ingressamos numa situação revolucionária. Mas as organizações modelo de Valério Arcary estão em decomposição justamente no momento em que estamos saindo de décadas de refluxo. Para explicar isso, Arcary ignora o mais óbvio: a política desastrosa diante da situação política. Na França, os ditos trotskistas não tiveram capacidade de acompanhar as enormes mobilizações dos Coletes Amarelos. Para dizer mais claramente, acabaram ficando contra a manifestação ou na melhor das hipóteses completamente à margem dela. Para um partido que tem pretensões revolucionárias, seria preciso se colocar como parte do movimento quando uma mobilização popular explode. Outro caso exemplar é o do próprio Arcary no Brasil. Arcary era dirigente tradicional do PSTU. Quando o golpe de Estado organizado pela direita pró-imperialista foi colocado em marcha, o PSTU simplesmente se colocou a reboque da direita, a favor do golpe. Arcary, que durante a etapa inicial do processo estava no partido, acabou saindo junto com outros. Mas sem entrar em pormenors, fica fácil de notar que a crise no PSTU deve-se ao fato de

que diante de uma situação política gravíssima, diante da necessidade de chamar o povo a lutar contra o golpe, o PSTU estabeleceu uma aliança formar com os golpistas. Esse tem sido o padrão da atividade política dos ditos trotskistas. Alguns mais outros menos capituladores diante da direita, fato é que esses partidos, contrariando os ensinamentos de Leon Trótski, de Lênin e dos fundadores do marxismo, estão na contramão dos acontecimentos. A situação na América Latina é bem elucidativo. A esquerda, nesse caso não apenas a dita trotskista, não tem uma política para a situação, ora se integrando completamente ao regime, ora com uma política de colaboração com a direita, como foi o exemplo dado do caso do PSTU. Na Bolívia, o POR, este sim o mais importante grupo trotskista da América do Sul, acabou entrando em uma política como a do PSTU, “nem Evo nem Camacho”, demonstrando ser incapaz de ser uma organização para orientar o movimento de luta contra o golpe. Assim, a fragmentação, diferente da preocupação de Arcary, é um ponto positivo para a organização da classe operária internacional. Para a criação de organizações revolucionárias, é preciso se livrar dessa política capituladora.


12 | POLÍTICA

MARANHÃO

Como a direita, PCdoB procura justificar reforma previdenciária Com os mesmo argumentos de Bolsonaro e de toda a direita, “comunistas” tentam defender a aprovação do aumento da alíquota para mais de 100 mil servidores, em menos de 24 horas Em artigo publicado no seu sítio, Vermelho, intitulado, “A quem interessa difamar o governador do Maranhão, Flávio Dino?“, assinado pela sindicalista Francisca da Silva, dirigente – entre outros – da CTB (Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil), Francisca Rocha, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), procura defender a conduta do chefe do executivo maranhense que, com amplo apoio da direita e rasgados elogios da imprensa golpista, aprovou no último dia 20, na Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema), Projeto de Lei Complementar (PLC) 014/2019 que estabelece, entre outros, aumento da alíquota a ser descontada no salário da imensa maioria dos mais de 100 mil servidores estaduais para o pagamento da Previdência. A nota surge como uma resposta à nota publicada por este Diário, “PCdoB dá “exemplo” para direita e aprova “reforma” em menos de 24h“, na qual assinalamos em que criticamos essa conduta apoiada pela direita e assinamos que “os trabalhadores, o funcionalismo e todos os que lutam contra esse ataque, precisam tirar as conclusões sobre a política reacionária do PCdoB e seu governo no Maranhão”. “Celeuma” ou ataque? Segundo a autora estaria ocorrendo “muita celeuma na internet e desinformação na mídia tradicional”, sobre o que ela chama de “adequação das alíquotas de contribuição ao Fundo Estadual de Pensão e Aposentadoria do Maranhão”. Para Francisca Rocha, estaríamos diante de um exagero e de uma inversão da realidade, da parte de “menos avisadas e sem informação suficiente”. Como principal e único argumento em defesa do PL 014/2019, a dirigente do PCdoB declara que o mesmo “criou alíquotas progressivas de descontos, ou seja, quem ganha menos paga menos, quem ganha mais paga mais”. E publica, inclusive tabela com as alíquotas aprovadas, conforme exposto na duas primeiras colunas da tabela ao lado Como se pode ver e conferir acima, o PCdoB, cinicamente, apresenta como argumento em defesa de sua iniciativa a mesma “tabela progressiva” adotada na “reforma” da Previdência aprovada pelo governo ilegítimo de Bolsonaro e pelas máfias políticas da direita que controlam o Congresso Nacional.

Ou seja, se tal argumento serve para justificar a Lei aprovada pelo Executiva e Legislativo maranhense comandados pelo PCdoB também serviria para validar o roubo de mais R$ 850 bilhões imposto pelos golpistas do Executivo e Legislativo federal, inclusive, com o voto contrário do PCdoB. Talvez seja esse um dos motivos principais pelo quais o PL de Flavio Fino (PCdoB) tem contato como o apoio explícito das bancadas de todos os partidos de direita na Assembleia Legislativa do Maranhão. Votaram a favor do PL de Flávio Dino, além do PCdoB: DEM, PSL, MDB, Solidariedade, PP, PRTB, PTB, PDT, PSB, PROS e PMN. Partidos que não negaram seus votos para a “reforma” da Previdência de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, Rodrigo Maia e Cia. Na defesa dessa sintonia com o governo da direita golpista, a autora assinala justamente que, “o que de fato aconteceu foi uma adequação à Emenda Constitucional 103/2019, promulgada pelo Congresso Nacional. E uma adequação no sentido de fazer uma tributação mais justa”. Uma afirmação pode ser emoldurada e usada no programa eleitoral do PSL, DEM e demais partidos da direita em defesa da “reforma” que aprovaram contra os trabalhadores. Vem mais e pior por aí Contrariando a lógica da sindicalista do PCdoB, para quem os servidores maranhenses deverias ficar satisfeito com o que foi aprovado, o presidente do Sintsep (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público no Estado do Maranhão) e coordenador do Fórum de Defesa das Carreiras do Poder Executivo, Cleinaldo Bil Lopes, afirmou que os servidores estão “profundamente revoltados com a aprovação desse Projeto de Lei Complementar, que o governador Flávio Dino encaminhou aumentando a alíquota da contribuição previdenciária dos servidores públicos do Maranhão, sem qualquer discussão com a nossa categoria. Somos contra esse projeto de lei e, mais uma vez, o governador Flávio Dino provou que ele é autoritário e fascista”. O Sintsep, filiado à CUT (Central única dos Trabalhadores), não chega a convocar a necessária mobilização contra a medida, adotando a medida passiva da imensa maioria das direções sindicais diante da “reforma” da

Previdência em nível nacional de protestar e denunciar os parlamentares, mas deixa evidente de que se trata de uma ataque e, de modo algum de um ato de benefício em favor do funcionalismo, como tenta dar a entender a nota publicada no Vermelho. Na nota a dirigente da CTB (“central” sindical do PCdoB) explica que o PL 14/2019 não é ainda a “reforma” da Previdência do Maranhão, assinalando que, “o projeto de Dino instituiu o Comitê de Adequação do Regime Próprio de Previdência Social, ou seja, a reforma da previdência do Maranhão terá uma comissão para encaminhar as audiências públicas e todos os debates pertinentes ao tema”. Mostrando ser um posicionamento oficioso do PCdoB, a nota acrescenta, no mesmo sentido, suposto esclarecimento do deputado Othelino Neto (PCdoB), presidente da Alema: “nós não apreciamos a Reforma da Previdência do Estado. Para debater a reforma com a sociedade, sobretudo com os servidores, foi aprovado também, nesta Casa, a criação do comitê para apreciação da nossa reforma, O comitê será composto por representantes dos Poderes e órgãos autônomos, além de representantes dos servidores públicos. Com isso, nós teremos dois anos para apreciar, com o devido cuidado, ouvindo a todos os interessados, sobretudo os servidores públicos, sobre esse tema que impacta as vidas de todos nós”. Um “bom começo”. Para mostrar sua disposição em ouvir e debater com “a sociedade, sobretudo com os servidores” os “comunistas aprovaram tudo em menos de 24 horas, apesar da autora afirma que “tudo no governo do Maranhão é feito às claras, com ampla participação da sociedade”. Algo de fazer inveja a governos da direita golpista que estão encaminhando a aprovação de projetos de “adequação”. Segundo a autora, que também é servidora estadual e diretora da APEOESP (professores estaduais/SP), o PL de Dino e do PCdoB, “Não tem anda a ver, portanto, com a proposta

de reforma da previdência estadual do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Doria confisca 3% do nosso salário – que já é muito baixo -, aumentando a alíquota de 11% para 14% de todo o funcionalismo, independente de o salário ser de um ou dois mínimos ou 50, 60 mínimos, jogando o ônus sobre as servidoras e servidores paulistas”. Só para esclarecer, se a tabela de Bolsonaro e Flávio Dino for imposta aos servidores de São Paulo, a imensa maioria dos servidores estaduais, incluindo os professores (e a própria autora da nota) passaria a descontar, pelo menos 14% para a Previdência, ou seja, haveria “um confisco de 3% do nosso salário – que já é muito baixo”, como corretamente, afirma a companheira. Nem mais nem menos, o que temos aqui é o mesmo argumento usado por Jair Bolsonaro para defender sua famigerada reforma: “quem ganha menos pagará menos e quem ganha mais pagará mais“. Bem diferente do que afirma a sindicalista do PCdoB, para quem denunciar o que ocorreu no Maranhão é “difamar o governador”, o que – segundo ela – “só interessa aos setores mais arcaicos e retrógrados da direita brasileira”; o executivo “comunista”está cercado – neste momento – de amplo apoio e solidariedade da direita golpista que apoio a “tabela progressiva” e toda a “reforma” da Previdência que expropria dezenas de milhões de trabalhadores da iniciativa privada. Sua conduta e dos que o apoiaram nesta empreitada contra os servidores, deve ser amplamente denunciada, inclusive, para preparar o necessário enfrentamento dos milhões de servidores públicos estaduais e municipais contra a “reforma” que está sendo aprovada no Congresso e que a direita quer ver imposta pelas Assembléias Legislativas e Câmara Municipais de todo o País, no próximo período e contra a qual é preciso organizar uma grande mobilização do conjunto do funcionalismo.


CIDADES | 13

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

Além do Sítio de Atibaia, Lula é perseguido em mais oito processos Lula é alvo de uma dezena de processos de perseguição política, é preciso lutar pela anulação de todos eles Nesta quarta-feira (27), o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, localizado em Porto Alegre (RS), apreciou a acusação feita contra o ex-presidente Lula no caso do sítio de Atibaia (SP), e aumentou a pena do líder do PT. O caso é mais uma flagrante farsa jurídica, feita sob medida pela quadrilha da Lava-Jato para perseguir politicamente e prender o ex-presidente, de forma a impedi-lo de participar ativamente na vida política do país e, sobretudo, impedir a sua participação nas eleições. O ex-presidente Lula é réu em mais oito processos, todos arquitetados com base em factoides criados para sua perseguição política e prisão. A extrema-direita fascista e seus braços no Judiciário e nas Forças Armadas ti-

veram que aceitar a soltura do ex-presidente devido à intensa mobilização popular, mas ainda procuram todos os meios para prendê-lo. O Congresso controlado pelos fascistas e pelos partidos de direita como PSDB, MDB, PSL avança na aprovação da PEC da prisão em 2ª instância, medida flagrantemente ilegal, fraudulenta e que contraria clausulas pétreas da Constituição Federal de 1988. É preciso que as organizações de massas e os partidos de esquerda mobilizem a população pela derrota definitiva da quadrilha da Lava-Jato, pelo fim da perseguição política aos dirigentes do PT, pela anulação dos processos contra o ex-presidente Lula e pela restituição de todos os seus direitos políticos.

A DIREITA É RACISTA

“Índio não gosta de trabalhar”: procurador mostra como é a direita O ataque aos povos é, na atualidade, assim como no passado uma forma de abrir caminho para a exploração Ao realizar uma palestra em uma Universidade do Pará, o procurador do Ministério Público daquele estado, Ricardo Albuquerque, declarou que houve escravidão no Brasil porque os índios não gostavam de trabalhar. Ao fazer esta afirmação o Procurador, fiel porta-voz do pensamento da direita, demostra além do usual preconceito para com a população indígena, um total desconhecimento da história brasileira, um desconhecimento carregado de intencionalidade. A escravidão no Brasil ocorreu, e ressaltemos que foi um dos últimos países a abolir a escravatura após muita luta e sofrimento do povo negro, por ser fator fundamental para o desenvolvimento capitalista local baseado na cultura extrativista. A população indígena que inicialmente foi dizimada pelos colonizadores não era suficiente para a dar conta do era produzido na colônia tropical. A dominação da população indígena,

passava obrigatoriamente pelo enfrentamento, uma vez que ao contrário do que se propaga , a resistência dos povos tradicionais acompanha a história passada e recente do Brasil. Assim como ontem, os povos indígenas lutam por sua sobrevivência e permanência em suas comunidades, livres da exploração. Os “parentes” assim autodenominados, ao longo dos 500 anos de colonização, resistem bravamente às investidas que visavam destruir sua cultura através da opressão e escravidão. Ao fazer tal afirmação, é demonstrada a falta de cultura típica da direita e desnuda uma das armas tradicionais dos dominadores que é atacar o povo trabalhador. Nesta linha seguem afirmações comuns de que o povo brasileiro é acomodado, que é corrupto. Esse ataque é parte do golpe de Estado, com o governo fascista de Bolsonaro, latifundiários do agronegócio e seus bajuladores no poder, declarando fogo e prometendo claramente

a dizimação das populações nativas, é parte da estratégia para que os interesses capitalistas de exploração das terras indígenas sejam facilitados. O índio indolente, como aprendemos nas escolas, não era, não é e ja-

mais será capaz de contribuir para a construção da grandiosa nação Brasileira e para tanto é necessário colocá-lo no lugar que este merece, que é o de pária na sociedade capitalista, tal como o quer a direita golpista.


14 | ESPORTES

OFENSIVA IMPERIALISTA

Clube-empresa, ataque às torcidas e arenas: futebol para poucos É preciso contrapor aos ataques contra o futebol, uma programa que defende o controle das torcidas sobre os clubes e federações Há algum tempo a imprensa do PCO vem denunciando a campanha articulada entre diferentes setores da burguesia, da direita nacional, em primeiro lugar o imperialismo, contra o futebol em geral e o futebol brasileiro em particular. Essa campanha política e ideológica se dá em vários aspectos, incluindo aí até mesmo a propaganda que coloca em dúvida a superioridade técnica do futebol brasileiro. Sobre esse último aspecto temos um sem número de artigos explicando os objetivos e a origem dessa propaganda, mas deixemos momentaneamente de lado tal discussão, embora também consideremos essencial para compreender a campanha geral citada no início. Querem retirar do povo o futebol. É este o objetivo central da campanha. Quase que simultaneamente estão sendo debatidos no Congresso Nacional e no Executivo dois projetos cuja essência é um brutal ataque ao futebol. Clube-empresa, a privatização do futebol Projeto tramita na Câmara, tendo como um dos principais impulsionadores o presidente da Casa, golpista Rodrigo Maia, que prevê “incentivar” clube e deixarem de ser associações civis e aderirem a modelos empresariais. Esta transformação, na prática, já começou, alguns times já criaram suas SAs (Sociedade Anônima), outros foram comprados por grandes empresas e já existe no Brasil o fenômeno dos clubes artificiais, criados e geridos por empresários ou grupos capitalistas. O caso mais recente é o do próprio Bragantino, comprado pela multinacional austríaca, a super poderosa do setor de bebidas Red Bull. O clube, tradicional do interior paulista, vice-campeão brasileiro em 1991, pertence agora a um grande monopólio imperialista. Com isso, os capitalistas que se apoderaram do clube estão à vontade para mudar o nome do time, que a partir do ano que vem irá se chamar Red Bull Bragantino, mudar o uniforme e até as cores. Um atentado contra aquilo do qual mais tem orgulho o torcedor. Logicamente que esse nem é o problema mais grave da transformação dos clubes em empresas. Os capitalistas, como em qualquer lugar, não estão preocupados em desenvolver o futebol. Capitalista gosta de lucra, não de esporte nem de cultura. Como em geral acontece com a atividade capitalista no atual estágio de degradação imperialista, os monopólios agem de maneira meramente parasitária. O clube-empresa funciona mais ou menos como a privatização das empresas públicas. O empresário adquire determinado clube, se aproveita de toda a estrutura constrída por anos e anos pelos associados, torcedores etc e procura sugar o máximo de lucro daquilo. Não existe um investimento

real, o que existe é uma especulação em torno da compra e venda dos jogadores, utilização dos espaços do clube estádio. Quando o capitalista já obteve tudo o que foi possível ali, a tendência na maioria dos casos, é que simplesmente abandone o clube, deixando-o completamente à míngua. Por exemplo, se o clube tem uma categoria de base formada, aqueles jogadores formados ali não serão nada mais do que “pé de obra” barata para entregar ao futebol estrangeiro. Alguém poderia argumentar que isso já ocorre, o que vai acontecer no clube-empresa é o aprofundamento desse fenômeno, que vem se deteriorando justamente pelo aumento da presença dos capitalistas nos clubes e federações. Em suma, o clube-empresa é um ataque brutal ao futebol brasileiro de conjunto e a entrega desse patrimônio, tanto do ponto de vista econômico, mas também cultural do País para os grandes monopólios, em primeiro lugar os monopólios estrangeiros. Ataque às torcidas: atentado ao direito de organização do povo Nessa terça-feira, Bolsonaro sancionou a lei que altera o estatuto do torcedor aumentando a punição para as torcidas cujos membros se envolvam em crimes. A alteração especifica quais seriam esses crimes: invadir local de treinamento; brigar com torcedores ou induzir o confronto entre eles; praticar crimes contra atletas, árbitros, fiscais, organizadores de eventos esportivos e jornalistas. Chama a atenção a preocupação com a invasão de local de treinamento. Primeiro porque esse é um método legítimo de protesto das torcidas quando precisam exigir determinadas coisas de seu time. É legítimo porque as torcidas, como organizações que representam os interesses de milhares ou até milhões de torcedores, tem o direito de protestar, pressionar e participar ativamente dos rumos do clube. A “invasão” só pode ser chamada assim porque a esmagadora maioria dos clubes são completamente fechados à participação popular. Se o povo, no caso as torcidas, tivesse direito político e administrativo sobre os clubes, não precisaria haver invasão. Mas o real motivo da preocupação da burguesia em punir esses protestos está diretamente relacionado ao projeto do clube-empresa. Para que os planos dos capitalistas que estão de olho nos clubes possam ser bem sucedidos é preciso que as torcidas estejam bem longe, não tenham absolutamente nenhuma participação. Torcidas organizadas, “sindicatos” de torcedores Não é à toa que uma das punições previstas é o afastamento da torcida por até cinco anos dos estádios. Um ataque ao direito básico do cidadão e das organizações de frequentarem os estádios.

O interesse dos capitalistas em acabar com as organizadas pode ser comparado ao interesse do patrão em destruir um sindicato. Assim como um sindicato é uma organização que unifica os trabalhadores para exigirem determinados direitos e interesses na fábrica, as torcidas organizadas são o instrumento dos torcedores para exigirem que seus interesses sejam atendidos. São os torcedores, afinal, os maiores apaixonadas e interessados nos clubes. Esse é o fundo da perseguição às torcidas. Mas é preciso chamar a atenção ainda para um problema político fundamental. A perseguição, a repressão e a censura contra as torcidas organizadas é um laboratório para a perseguição contra todos as organizações e movimentos populares. A direita, inimiga da organização do povo, está usando as torcidas como primeiro alvo para atacar esse direito, que deveria ser irrestrito. A eliminação das organizadas está relacionada também com outro problema. A elitização dos estádios de futebol, representada em primeiro lugar pelas arenas e seus ingressos caríssimos. Arenas: estádios sem povo As chamadas arenas ganharam força no Brasil a partir das preparações da Copa do Mundo de 2014. Várias delas foram construídas em todas as regiões do País e alguns clubes, como é o caso do Palmeiras, derrubaram seus tradicionais estádios para construir arenas. Não se trata de ser contra a modernização e as melhorias na estrutura dos estádios em si. O problema é que isso serviu como cobertura para a transformação dos estádios em locais criados para receber setores da classe média alta e da burguesia. Isso está sendo feito por meio de um aumento descomunal do preço dos ingressos, completamente fora da realidade para um trabalhador médio. Com isso, massas e massas de trabalhadores, que tinham na ida ao estádio uma forma de entretenimento cultural, estão de fora dos jogos. As arenas são cheias de torcedores que, em grande parte, sequer têm uma relação real com o time. E nesse sentido, as torcidas organizadas, conhecidas pelo seu papel ativo nos jogos, composta em sua maioria por elementos da classe trabalhadora e das camadas baixas da classe média, estão sendo retiradas dos estádios. Com as arenas, vieram também a proibição de bandeiras, pirotecnia, faixas, bateria, uma verdadeira censura. Até mesmo os cantos das torcidas estão na mira da censura, sob o pretexto falso e demagógico de combate à homofobia, machismo e racismo, querem calar os torcedores. Para os capitalistas que querem colocar de vez as mãos nos clubes e federações, o bom é o torcedor calado, passivo, que não se manifesta e que pode pagar um in-

gresso caríssimo. Fica claro que todos esses elementos, adicionando-se aí a propaganda ideológica contra o próprio futebol como cultura de massas genuína do povo brasileiro e procurando gerar dúvida sobre a qualidade técnica dos jogadores brasileiros com vistas inclusive a facilitar o sequestro desses jogadores por preços baixíssimos para a Europa, fazem parte de uma campanha articulada e orquestrada pelos grandes monopólios capitalistas para dominar definitivamente o futebol brasileiro. É importante aqui uma breve nota sobre o comportamento da esquerda pequeno-burguesa que tem reproduzido essa campanha cuja fonte é o próprio imperialismo. Diante do título do Flamengo, vários setores da esquerda se colocaram a repetir o velha cantilena de que o futebol é “alienação”, que o povo brasileiro só sai à rua pelo futebol. A mesma reprodução da campanha da direita se vê quando esses setores esquerdistas confundem a CBF e seus cartolas com a Seleção Brasileira, estabelecendo uma política que se coloca frontalmente contra a Seleção e os jogadores, ao invés de defender a Seleção e o futebol e denunciar a CBF. Tudo isso, é preciso dizer, coloca essa esquerda numa frente única com a direita que agora prepara a repressão às torcidas. Os que afirmaram que a torcida do Flamengo é “alienada”, se colocam automaticamente ao lado da polícia de Witizel, que protagonizou cenas absurdas de repressão contra o povo que estava na rua. Nesse caso, é preciso dizer, se há algum “alienado”, com certeza não será o povo que ama o futebol, expressão genuína de nossa cultura, mas os que acusam o povo. Para frear esses ataques contra o futebol é preciso a defesa incondicional das torcidas organizadas contra todo o tipo de censura, proibições, punições e repressão. Defesa do direito irrestrito de organização dos torcedores e de todo o povo. Defesa do futebol brasileiro contra os capitalistas que saqueiam a cultura nacional. Contra o clube-empresa, é preciso uma política que coloque como programa central o controle dos clubes e federações pelos torcedores, em particular pelas torcidas organizadas. O futebol é do povo!


ESPORTES | 15

FORA BOLSONARO!

Não à proibição das torcidas organizadas Direita golpista quer aumentar a perseguição aos torcedores Na terça-feira, dia 26, o golpista Jair Bolsonaro aprovou lei que altera o estatuto do torcedor e aumenta a punição para as torcidas organizadas. A lei foi sancionada nessa quarta-feira. O projeto, que foi apresentado no Congresso no ano passado, de autoria de Major Olímpio, prevê, entre outras punições, o afastamento por cinco anos dos estádios das torcidas que foram condenadas. Uma ditadura escancarada contra os direitos democráticos fundamentais do povo. São vários absurdos na lei. Primeiro, a torcida será punida caso algum de seus integrantes cometa determinado crime. Por exemplo, se um torcedor invade o gramado e agride o juiz, a torcida toda será punida. Uma aberração

jurídica! É o equivalente de dizer que se um integrante de um partido que cometa algum crime o partido todo será culpado. Se um filiado a um sindicato cometer um crime a punição será contra todo o sindicato. Para cada crime, já há uma determinada lei e punições previstas: agressão, assassinato, vandalismo. O cidadão que comete algum desses crimes já está submetido a essas leis. Isso mostra que o projeto sancionado por Bolsonaro tem como objetivo a pura perseguição às torcidas, muito longe da preocupação criminal que a imprensa golpista cínica procura fazer crer. É interessante o comportamento da direita e de sua imprensa. Quando um policial comete algum crime, a propa-

ganda é a de que o problema não é a “instituição”, mas determinados policiais. Para as torcidas e organizações populares é o contrário. Puro cinismo. Em segundo lugar e mais importante é que a perseguição às torcidas é um atentado à liberdade de organização do povo. O que está em jogo é uma perseguição generalizada contra todas as organizações populares, movimentos, sindicatos, partidos de esquerda. As torcidas estão servindo como um laboratório da repressão política contra as organizações. Por isso, é preciso defender de maneira incondicional e irrestrita o direito de organização dos torcedores. É preciso denunciar a repressão à qual as torcidas estão submetidas diaria-

mente nos estádios e nas ruas. Mas isso não é tudo: as torcidas estão sendo censuradas nos estádios, impedidas de levarem suas faixas, bandeiras, sinalizadores. Fica claro que se trata de um sistema de repressão e perseguição política contra os torcedores. Contra essa perseguição, é preciso um programa claro de luta que coloque não apenas a liberdade de organização, sem nenhuma restrição, mas também defenda o controle das torcidas organizadas dos clubes. São elas as mais interessadas no futebol. Para derrotar a perseguição, é preciso dizer claramente que esse governo golpista, inimigo do povo e das torcidas, precisa ser derrubado. Fora Bolsonaro!

RACISMO CRESCE NO FUTEBOL

FORA VAR!

Jogadores brasileiros sofrem racismo no Brasil e no exterior

VAR: “inimigo do esporte”

Aumenta o número de casos registrados pelo Observatório da Discriminação Racial no futebol O Observatório da Discriminação Racial, organização destinada a mensurar e denunciar ocorrências de casos de racismo, divulgou dados parciais sobre o ano de 2019. São 53 casos de racismo, sendo 47 em jogos nacionais e seis fora do país, envolvem tanto jogadores como árbitros e outros funcionários responsáveis pelos jogos. O aumento sobre casos como manifestações racistas, não pode ser somente analisado com a explicação de que estão aumentando as denúncias, o avanço da extrema direita que vem ocorrendo nos últimos anos é o fenômeno responsável pelo crescimento de manifestações fascistas explícitas, o racismo é de fato, um típico comportamento de grupos do tipo. São diversos os casos, como o de torcedores do time italiano Lazio, que manifestaram saudações pró Mussolini, na ocasião de um jogo, tiveram uma resposta a altura do Celtic, adversário, que brandou um estandarte com a imagem de Mussolini pendurado de cabeça para baixo (como de fato terminou o ditador fascista). No que concerne o futebol brasileiro, não é diferente. No final da Libertadores que ocorreu este ano, entre River Plate e Flamengo, na cidade de Lima, torcedores argentinos fascistas imitam macacos de forma a ofender torcedores rubro negros, do alto de um prédio. Torcedores do flamengo, mostrando como se reage frente a ocasiões como essa, subiram para enfrentar os argentinos. Os jogador Taison e Dentinho, do Shakhtar Donetsk, foram também vítimas de insultos racistas em jogo contra o Dínamo de Kiev na última

quinta (21). Ao devolver as agressões com gestos e ao ter chutado a bola em direção dos torcedores racistas, Taisson foi punido injustamente pela federação ucraniana, sendo expulso da partida. O embate que se manifesta através do futebol é o mesmo que ocorre no Brasil e no mundo atualmente, a onda de extrema direita avança de forma a aumentar a perseguição a movimentos sociais, aos negros, ás mulheres, grupos LGBT e etc. As manifestações fascistoides não podem ser entendidas isoladamente como um fenômeno do futebol ou das torcidas organizadas, são fruto do mesmo movimento que deu corpo ao golpe de Estado no Brasil e deu origem ao governo Bolsonaro, além dos movimentos golpistas em diversos outros países pelo mundo. Assim como mostraram os torcedores do Celtic, do Flamengo e como Taison mostrou, iniciativas fascistas não podem ser respondidas com braços cruzados, mas com resposta direta e na mesma moeda.

É preciso lutar contra a destruição do futebol, por um futebol do povo e uma intensa campanha pelo fim do VAR. Um ano depois da implantação do árbitro de vídeo no futebol nacional (VAR) fica claro a que veio, destruir o esporte do povo. Torcedores, jogadores, técnicos, equipes, até mesmo comentaristas dos meios de comunicação burgueses não escondem a insatisfação com VAR, que passou a protagonizar o cenário do maior esporte de massas do planeta. Foram inúmeros os debates sobre a atuação do VAR, não houve uma rodada sequer do maior campeonato nacional do mundo, o Brasileirão, sem jogos com resultado contestado. Todas as equipes estiveram em algum momento implicadas nas polêmicas, produto de decisões duvidosas e arbitrárias. O futebol perdeu muito do seu brilho, de sua dinâmica, se tornou tedioso, cheio de intervenções externas, ficou esvaziado de emoções, da vibração mais autêntica da comemoração de um gol, que agora só pode ser festejado depois do VAR confirmar se valeu ou não. As polêmicas com VAR estão em todas competições do globo, inclusive a

maior delas, a Copa do Mundo, que teve como campeã a França extremamente contestada pela atuação do árbitro de vídeo. É importante ter em conta que o VAR é também um negócio lucrativo, que é controlado por um grupo restrito de capitalistas. O árbitro de vídeo é mais uma forma dos capitalistas ampliarem seus lucros explorando o futebol. A burguesia que tomar de assalto o futebol do povo, são diversos os ataques: jogos de uma só torcida, preços de ingressos extremamente altos, proibições de consumo de bebidas, entrada com faixas e bandeiras, torcidas organizados, além do monopólio das transmissões em canais abertos e fechados. O futebol é a expressão mais autêntica do povo, os maiores jogadores de futebol do mundo saíram das comunidades mais pobres. O futebol pertence ao povo e deve ser preservado na sua essência. É preciso uma intensa campanha contra todas as medidas de destruição do futebol, a começar pelo fim do VAR. O futebol é nosso! Fora VAR!


16 | MOVIMENTO OPERÁRIO

PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS

Decisão do STF contra acordo nos Correios visa facilitar privatização A liminar concedida pelo STF para a ECT desfazendo algumas cláusulas do acordo coletivo dos Correios serve para facilitar a privatização O Ministro presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, no dia 18 de novembro, concedeu ao presidente golpista dos Correios, o general Floriano Peixoto, uma liminar para aumentar os descontos que os trabalhadores dos Correios fizerem ao usarem o atendimento médico, e desfez o acordo de dois anos proposto pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho). Essa última medida, a do acordo co-

letivo dos Correios valer por dois anos, de 2019 a 2021, a direção golpista da ECT buscou derrubar de qualquer jeito, pois os golpistas pretendem retirar vários direitos e benefícios no próximo acordo coletivo, para agradar aos capitalistas que estão esperando os Correios ser colocado nas Bolsas de ações, aonde serão vendidos suas ações no mercado financeiro. Dias Toffoli, que tem em seu encal-

“REFORMA” DA PREVIDÊNCIA

Por uma poderosa greve dos professores contra a reforma de Doria! A história recente dos professores paulistas mostrou que somente uma greve com ocupação vai barrar os retrocessos Faz algumas semanas, João Doria, governador de São Paulo, vem tentando colocar em votação na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp) o projeto que visa roubar milhões de brasileiros da ativa e os aposentados, é a “reforma” da Previdência estadual dos golpistas. Em todas as votações, os professores tiveram presentes com os parlamentares de esquerda para obstruir a tentativa de colocar em votação o roubo do século de todo o funcionalismo. No próximo dia 3 de dezembro o projeto irá novamente para votação. Os professores deliberaram em assembleia no dia 26 de novembro que vão fazer uma nova assembleia em frente a ALESP no dia 3/12, para lutar contra a aprovação de mais esse ataque dos golpistas. Porém, o funcionalismo tem que ultrapassar o limite do parlamento. Deve sim continuar pressionando, mas aumentar a ofensiva com uma greve, para ganhar as ruas e a população, para derrotar definitivamente o governo golpista de Doria.

A história recente dos professores paulistas mostrou que somente uma greve com ocupação vai barrar todos os retrocessos. A greve de 2015 barrou, e depois a ocupação de mais de 200 escolas barrou a famigerada “reorganização” que fecharia mais de 1.000 escolas. Na próxima assembleia, no dia três de dezembro na ALESP, os professores devem abandonar as ilusões do parlamento e decretar uma greve poderosa que se una ao funcionalismo de todo o Brasil para colocar em xeque o governo golpista de Jair Bolsonaro, João Doria e seus aliados.

ço um general militar, que supervisiona todas as suas decisões, não mediu esforços para atender a demanda do general golpista que graças ao golpe de Estado de 2016, controla a estatal. No entanto, a decisão de acabar com o acordo bianual não é de todo ruim para a categoria dos Correios, pois o fato de ter que realizar a campanha salarial em 2020 levará os sindicatos e movimento dos trabalhadores dos

Correios mobilizar os trabalhadores, o que colocará, sem dúvida, a categoria contra o governo golpista e fraudulento de Jair Bolsonaro, em um enfrentamento inevitável. Por isso é necessário já preparar o enfrentamento, formando comitês de luta contra a privatização nos Correios, levantando a palavra de ordem de fora Bolsonaro e todos os golpistas, com eleições gerais, e Lula candidato.

Frigoríficos: de péssimas condições de trabalho à carne estragada Não bastasse às péssimas condições de trabalho e saúde impostas pelos patrões aos trabalhadores, tanto os trabalhadores quanto a população consumidora dos produtos dos frigoríficos sofrem, também, com a sua péssima qualidade. No dia 12 de novembro de 2019, uma denuncia foi divulgada na imprensa local do Rio Grande do Sul, de que três desses frigoríficos, localizados nas cidades de Parobé e Taquara, municípios desse Estado foram interditados. Várias questões levaram à interdição, sendo: suspeição de abate de gado roubado, bem como, dos que já chegavam mortos nesses frigoríficos. Os produtos eram distribuídos em mercados, restaurantes, entre outros. Um dos locais onde os fiscais apreenderam carnes em condições duvidosas, oriundos dos frigoríficos denunciados, foi em um restaurante da região. Também outras situações foram relatadas, como o relato do delegado André Mendes, onde diz que a tramitação da carne, bem como as negociações, eram feitas de forma bem abertas: “isso inclusive com absoluto conhecimento de quem está comprando essa carne, colocando em padarias, fazendo salgadinhos para

vender, colocando em açougues e até mesmo utilizando outros estabelecimentos, outros frigoríficos pra processar essa carne”, diz o delegado André Mendes. (G1 – 12/11/2019) Não há necessidade de ir muito longe para ter uma idéia de que o governo golpista do ilegítimo Jair Bolsonaro quer fazer, tanto com a população, quanto com o conjunto da classe trabalhadora, quando vem retirando todas as Normas Regulamentadoras (NRs), tanto de segurança e saúde, bem como, a extinção das fiscalizações, pelo Estado, nos frigoríficos, algo que a latifundiária e golpista, ministra da agricultura, Tereza Cristina, deseja, eximindo os patrões de qualquer responsabilidade, ficando assim, livres para fazer o que bem entenderam. É necessário que o conjunto da população se organize através de comitês de luta contra o golpe, em todos os cantos do país, nas fábricas, nos bairros, municípios, bem como em todos os estados, para derrotar o golpe de Estado, porque, de outra forma, os golpistas serão capazes de destruir todos os trabalhadores, seja de fome, porque não haverá salário, por destruição física e mental dentro das fábricas ou, por envenenamento, a exemplo desses três frigoríficos.

Trabalhadores do Banpará sofrem com a superlotação nas agências Os trabalhadores do Banco do Estado do Pará (Banpará) estão comendo o pão que o diabo amassou nas agências da capital do estado. Devido a política de repactuação de dívidas dos servidores do Estado com o banco, as agências passaram a ficar superlotadas e, a diretoria do banco, para atender a demanda de clientes, antecipou a abertura das agências, que passaram a abrir as suas portas a partir das 8h. Em consequência do aumento significativo do público nas agências, os trabalhadores bancários estão submetido a uma maior exploração com

o aumento a carga horária em decorrência da política dos banqueiros e seus governos de enxugamento do quadro funcional através dos famigerados Planos de Demissão “Voluntária” (PDV). Recentemente o banco implantou mais um PDV reduzindo ainda mais o número de funcionários, penalizando aqueles que permanece na empresa através da superexploração dos mesmos. Para a diretora do Sindicato dos Bancários do Pará, Vera Paolini, que visitou diversas unidades do banco, constata a superlotação e reivindica

a “imediata reposição de funcionários nas agências em que houve aceitação do PDV e, consequentemente, redução do quadro de pessoal” . (site sindicatos dos bancários do Pará) É sempre bom ressaltar que o enxugamento do quadro do banco é parte de uma política geral dos banqueiros onde já ocasionou a demissão de mais de 5 mil trabalhadores bancários apenas no ano de 2019. O Banpará foi um dos poucos bancos estaduais que não foram privatizados na famigerada era FHC (PSDB), que privatizou a maioria desses bancos e, agora, com o golpe, que traz de volta os neoliberais da es-

cola de Chicago, abriu-se uma nova etapa de privatizações. O estado do Pará é controlado por um representante direto, Helder Barbalho, do que é mais atrasado e reacionário no cenário político do país, um subserviente aos interesses dos banqueiros nacionais e internacionais privados, que querem a todo custo confiscar o património do povo brasileiro. Os bancários do Banpará não devem aceitar mais esse ataque dos patrões, e através das suas entidades de luta, organizar uma mobilização contra a política de superexploração dos trabalhadores.


CIDADES | 17

DE ASSASSINO A CORONEL

Goiás: Caiado promove PM suspeito de integrar grupo de extermínio Extrema-direita impulsiona o que a de mais vil contra os trabalhadores e movimentos sociais O Governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), por meio do secretário de Estado da Segurança Pública, Rodney Rocha Miranda promoveu o tenente-coronel Polícia Militar, Carlos Eduardo Belele ao posto de coronel. Segundo o secretário seria o reconhecimento por 30 anos de serviço. Belele, contudo, é acusado de homicídio de pelo menos três pessoas, ocultação de cadáver e suspeito de integrar um grupo de extermínio que atuava para “proteger” fazendeiros da região de Caldas Novas, Santo Antônio do Descoberto e Alto Paraíso, o grupo atuava principalmente contra movimentos sociais. O agora coronel da Polícia Militar foi preso em operação da Polícia Federal e Ministério Público em dezembro de

2018, na ocasião de seu interrogatório ameaçou as autoridades constituídas afirmando que “desgraçaram a vida deles”. Em fevereiro deste ano o agora coronel conseguiu um Habeas Corpus por 2 a 1 em um julgamento no mínimo curioso, dos cinco desembargadores, um alegou suspeição, outro saiu da sala no momento da votação. Para o fascista Ronaldo Caiado, criador da organização fascista União Democrática Ruralista, responsável por centenas de assassinatos no campo, Belele é um agente exemplar. Ação de Caiado não é um mero reconhecimento dos serviços prestados como um incentivo geral a corporação, mostrando abertamente, diante dos olhos de todos o que a extrema-direita e a direita

tradicional esperam desta instituição. A polícia Militar, como se vê, reúne um grupo seleto, aquilo que há de mais degradado e podre na sociedade, a burguesia por meio do Estado arregimenta-os, organiza-os, equipa-os, ideológica e materialmente, para promover o massacre da população. A polícia militar é uma organização fascista realizada e chancelada pelo Estado nacional que atua mais ou menos violentamente a depender da situação da luta de classes, sob a direção direta da extrema-direita a violência da PM tende a alcançar patamares nunca antes alcançados por ela, podendo superar em extensão até mesmo a ditadura militar de 1964. O sinal dado por Caiado ao elevar uma escória; um assassino como Be-

lele ao posto de coronel significa que a burguesia e a extrema-direita estão dispostas a usar de toda a violência contra o povo brasileiro. Pelo quilate do agora coronel e de tantos outros carniceiros que foram elevados ao primeiro plano da forças de repressão é possível imaginar o que se avizinha. É preciso barrar a ofensiva da extrema-direita tencionando-a com a mobilização das massas contra o governo Bolsonaro, essa caixa de pandora, e com um programa democrático conseguinte, que inclua o desfazimento desta organização fascista que legalmente e a luz do dia antes que seja tarde demais. Fora Bolsonaro, eleições Gerais, por uma constituinte popular, livre e soberana, pelo fim completo da PM.

POLÍCIA ESPANCA PROFESSORES

DIREITA QUER DESTRUIR CRECHES

Extrema-direita manda militares reprimirem assembleia em Porto Alegre

Prefeitura de Florianópolis vende creches para empresa laranja de OS

Assembleia de professores em greve é atacada covardemente pela Brigada Militar para impedir professores de reunirem-se com o governo

Em Florianópolis, Santa Catarina, uma das muitas capitais estaduais do Brasil governadas pela direita, vemos na situação que encontra-se o funcionamento precário das creches um reflexo da política golpista que vem entregando o controle de instituições importantes para a vida do trabalho nas mãos da iniciativa privada. As creches em geral sempre foram um alvo fácil do sucateamento e da total destruição. No Brasil, as creches são conhecidas pelo seu caráter de serem verdadeiros depósitos de crianças, sobretudo nas regiões periféricas, onde se aproveitando da urgente necessidade dos trabalhadores, principalmente no caso da mulher, de arranjar um local para deixar deu filho durante o dia enquanto a mesma trabalha, os órgãos públicos tendem a largar as crianças da periferia em locais totalmente precarizados, com funcionários que sofrem das condições péssimas de trabalho junto a um salário irrisório. Toda essa série de fatores na capital catarinense vem combinada a entrega destas creches a iniciativa privada, do desvio de milhares de reais para associações “laranjas”, que são criadas unicamente para se aproveitar dessa situação. O primeiro ponto que é evidente a este respeito, é a manobra baixa da direita, que utilizando estas chamadas “organizações sociais”, cria um esquema mafioso, capaz de desviar milhares de reais dos cofres públicos para a mão de setores empresariais, tudo isso enquanto buscam esconder o fato disso representar uma privatização. Ou seja, é um esquema em que a direita tenta privatizar o serviço sob a propaganda de estarem entregando para “organizações sociais”, uma típica farsa.

Na última terça-feira (26), a Brigada Militar reprimiu ferozmente a assembleia do Centro de Professores do Rio Grande (Cpers) às portas do Palácio do Piratini, sede do governo do Estado do Rio Grande do Sul. Em greve desde o dia 18 contra o pacote de medidas neoliberais do Governo, que altera o plano de carreira dos professores, os docentes aprovaram na assembleia a continuidade do calendário de mobilização, o comando de greve aguardava para ser recebido pelo secretário-chefe da Casa Civil, Otomar Vivian (PP). A assembleia reuniu entre 15 a 20 mil trabalhadores segundo o sindicato, nos arredores do Palácio e da praça da Matriz, Tendo início às 13:30, a seguiu-se com a aprovação de uma séries de medidas de mobilização até que as tropas da Brigada Militar entrou em ação contra os trabalhadores. O governo reacionário do PSDB se recusou a receber os professores dentro do Palácio, informando que um agente os receberia na calçada. Os professores, diante da atitude vexatória e extremamente autoritária e fascista da direita e extrema-direita que controlam o estado, tentaram entrar no Palácio para serem recebidos dignamente, nesse momento a Brigada Militar posicionada em frente a entrada passou a espancar com cacetes e atirar gás de pimenta nos professores. Dezenas de professores foram espancados, inclusive a presidente do sindicato Helenir Aguiar Schürer, que teve um ferimento na cabeça. Após a cena de selvageria protagonizada pela Brigada Militar, mostrando mais uma vez a que serve este corpo armado, os

professores ainda participaram de um ato unificado de servidores que se dispersou com a chuva que caiu ao final da tarde. Mais uma vez direita e a extrema-direita utilizam-se dos seus fiéis cães de guarda, o aparelho repressivo estatal, para reprimir a luta dos trabalhadores pelo seus direitos, mostrando que a política chamada neoliberal, introduzida em larga escala no país pelo golpe de Estada que resultou no controle do Estado nacional pela extrema-direita, só pode se impor pela força. O exemplo dos professores, no entanto, é importantíssimo, mas é preciso tirar as conclusões corretas. Assim como o chamado neoliberalismo, essa política terrorista que a burguesia de conjunto envolveu o mundo inteiro, se impõem pela força, também é somente pela força das mobilizações que poderá ser derrotada. é preciso, contudo, um ataque mortal, atingindo o centro nevrálgico, ou seja, pela luta pelo fora Bolsonaro, já que este governo golpista é o coração desta política.

O caso da cidade de Florianópolis já vem rendendo críticas por parte da população, que sofre os danos causados pela ação da associação logo no início de sua “gestão”. A prefeitura da capital entrou em um acordo com a ASB (Associação São Bento), uma empresa criada em Porto Alegre e que nos últimos anos se envolveu em uma série de escândalos no estado gaúcho. Atualmente, tal organização é denunciada pelo ministério público do Rio Grande do Sul como uma empresa “laranja”, utilizada para captar e desviar recursos públicos, além disso foi denunciada pelos gaúchos pela grande precarização das creches, do serviço mal remunerado e de péssima qualidade, devido as condições em que os trabalhadores eram postos. Em Florianópolis o mesmo já ocorre, atualmente os locais que estão sob o controle da associação são: Tapera, Santa Vitória na Agronômica, Sol Nascente no Saco Grande, do Rio Tavares e a Antonieta de Barros na Vila Aparecida. Alguns destes já começaram a funcionar, e junto com sua abertura logo veio as reclamações. Os funcionários são contratados sem concursos públicos, postos em situações precárias de trabalho e com um baixíssimo salário, já as crianças sofrem das péssimas condições em que as creches passam, devido ao abandono da prefeitura em relação a elas. Dessa forma, o Instituto de Educação e Saúde Vida (ISEV) tem seus recursos desviados e a situação das creches na capital catarinense seguem o mesmo caminho de toda a educação em território nacional, duramente atacada pelo golpe de Estado e pela política da direita golpista.


18 | CULTURA E NEGROS

FILME E DEBATE NA UFBA

PCO organiza filme e debate sobre Carlos Marighella em Salvador (BA) PCO e APUB Sindicato realizam exibição de filme sobre a vida do político e militante comunista Carlos Marighella Nesta quinta-feira (28/11), o PCO e a APUB Sindicato realizam em Salvador na Universidade Federal da Bahia (UFBA) a exposição do filme “Carlos Marighella. Quem samba fica, quem não samba vai embora”(2011), do renomado cineasta e ativista político Carlos Pronzato. A exibição ocorre à partir das 18:30 no Campus Ondina, na praça das Artes. Em seguida, ocorrerá um debate com a presença de Carlos Marighella, filho do ex-deputado Marighella, Diva Santana do Grupo Tortura Nunca Mais, Dep. Marcelino Galo, membros da comissão da verdade da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), estudantes e professores da UFBA. A exibição do filme é bastante oportuna pois, no último dia 01/11 completou-se 50 anos do assassinato de Marighella pelas mãos da ditadura militar. Além

disso, a situação política do país trouxe de volta ao centro dos acontecimentos figuras fascistas, profundamente reacionárias, defensoras da ditadura militar e aliadas do imperialismo. Soma-se aí episódios, cada vez mais constantes, de repressão e censura, como a imputada ao filme de Wagner Moura sobre Marighella, negado pela Ancine, comandada por Bolsonaristas. Assim, a atividade realizada em um campus de uma das principais universidades públicas do país, realizada à portas abertas, é um símbolo para todos os setores populares e da esquerda progressista que devem voltar a ocupar os espaços públicos e a politizar o debate no dia a dia dos estudantes, professores e demais trabalhadores, rechaçando o desenvolvimento de grupos oportunistas, financiados pela direita golpista e fascista.

Exibição do Filme e debate: CARLOS MARIGHELLA. QUEM SAMBA FICA, QUEM NÃO SAMBA VAI EMBORA/Doc./ 90 min./ 2011/ Português. O documentário – que foca principalmente o período da luta armada de resistência à Ditadura Militar, de 1964 até a morte de Marighella, em dezembro de 69 – é um resguardo e instrumento de difusão da memória do deputado comunista e guerrilheiro da ALN – Ação Libertadora Nacional – Carlos Marighella (1911 – 1969). O testemunho de militantes políticos que acompanharam a trajetória de Carlos Marighella, estudiosos do tema e pesquisadores dão o tom no documentário. O seu filho, Carlinhos Marighella; o último comandante do GTA da ALN, Carlos Eugênio Clemente;

os militantes da ALN, Manoel Cyrillo, Guiomar Lopes, Takao Amano, Carlos Fayal, José Luiz Del Roio, Antonio Carlos Fon, Rafhael Martinelli, Rose Nogueira; os historiadores Muniz Ferreira, Edileuza Pimenta; os jornalistas e escritores Emiliano José e Alipio Freire entre outros são alguns dos entrevistados. Selecionado para o 3° Festival Internacional de Cine Político/Argentina-FICIP 2013 Lançado durante as comemorações do centenário de nascimento de Carlos Marighella em Salvador, Bahia, em 5 de dezembro de 2011 e em seguida noutras capitais. *Fonte: http://www.lamestizaaudiovisual.com.br/ Horário: 18:30h Local: UFBA – Campus Ondina, Praça das Artes.

CULTURA

RACISMO NO DF

Obra traz à luz a música Potiguar, escondida pelos monopólios

Distrito Federal: 75% dos desempregados são negros

Álbum “Virou Flor”, lançado em 2018, resgata a música Potiguar

À medida em que a crise do capitalismo se amplia, os setores marginalizados são os que mais sofrem

Com uma apresentação ocorrida na última terça feira, 26/11, no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, em Natal, RN, a cantora potiguar Antoanete Madureira estreou um show baseado no álbum Virou Flor, lançado em 2018 e resultado de uma pesquisa iniciada em 2013. Da investigação empreendida, o álbum foi concluído com um repertório de 13 canções, entre centenas pesquisadas entre um riquíssimo acervo musical porém esquecido em gavetas, ignorado pelos monopólios privados de comunicação e, por isso mesmo,

praticamente desconhecido pelo povo dessa Natal tão maravilhosamente homenageada e cantada pela obra de seus ilustres e versáteis artistas, que sem o trabalho de Antoanete, provavelmente permaneceriam desconhecidos, o que seria uma lástima não apenas para os autores mas para a cultura potiguar e também para os amantes da arte das musas. Aqueles que não puderam ter o privilégio de conferir o show, poderão curtir o álbum nas redes sociais e aplicativos de streaming em geral onde o disco “Virou Flor” pode ser apreciado.

A crise capitalista arrasta consigo uma massa enorme de trabalhadores, amplia o abismo social e propicia à burguesia um exército de reserva de desempregados. A formação desse exército, por sua vez, permite uma maior exploração da classe trabalhadora, comprime a massa de desempregados em contratos de trabalho ainda mais humilhantes. A crise se desenvolve abrangendo a totalidade das massas, mas, inegavelmente, – os setores marginalizados e oprimidos são os mais severamente atingidos. De acordo com dados da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), divulgado nessa terça-feira (26) na Secretaria do Trabalho, a situação dos negros no DF é calamitosa. Ao avaliar o mercado de trabalho do Distrito Federal, a pesquisa constatou que, do universo de 330.362 de pessoas que buscavam uma vaga no mercado de trabalho no primeiro semestre de 2019, 249.638 eram negros (75,6%), ou seja, os negros são, nitidamente, os mais atingidos pelo desemprego no DF. Constatou-se, também, que a taxa de mulheres negras desempregadas (23,1%) supera a de mulheres não negras (18%). De um total de 1.697.436 pessoas inseridas no mercado de trabalho ou em busca de emprego, constatado no fim do primeiro semestre deste ano, 70% eram negras. A desigualdade salarial entre negros e não negros também é acentuada. A média salarial dos negros é de R$ 2.872, enquanto que a dos não negros é de R$ 5.045; uma diferença significativa de pouco mais

de R$ 2 mil considerando-se a média salarial no DF de R$ 3.493. Assim, conclui-se que cerca de dois salários mínimos separam a média dos rendimentos desses dois grupos. Uma comparação entre os primeiros semestres de 2018 e 2019, demonstrou que o índice de ocupados no DF cresceu 3,5%. Todavia, neste mesmo período, a taxa de desemprego entre os negros passou de 20,9% para 21%, registrando, enquanto que entre os não negros, houve uma queda da taxa de 21% para 15,9%. Segundo Jean Lima, presidente da Codeplan, “é muito importante lançar um olhar específico para os perfis que compõem a população economicamente ativa do Distrito Federal, como foi feito com os empreendedores, as mulheres, os empregados domésticos e agora os negros, possibilitando uma melhor análise do mercado de trabalho”. “Assim como na sociedade brasileira, o mercado de trabalho é racializado”. Esses dados, no entanto, revelam o caráter discriminatório do capitalismo quanto aos setores marginalizados. Nesse sentido, a situação da população negra sob o sistema capitalista se aprofunda na medida em que a crise econômica e política se desenvolve.


MULHERES E MORADIA E TERRA | 19

EXPLORAÇÃO DA MULHER

Com mais formação desde 1990, mulheres ainda ganham menos que homens Enquanto a burguesia estiver no poder e o modo de produção capitalista estiver vigente, a situação das mulheres só tende a piorar Há quem acredite que a luta das mulheres é uma questão já superada, que o “avanço” do capitalismo e a inserção da mulher no mercado de trabalho foram suficientes para emancipar a mulher e torná-la independente. Contudo, essa é uma pauta que está longe de ser esgotada, muito pelo contrário, tanto a exploração de classe quanto a opressão de gênero ainda perduram, e muito, na vida das mulheres. As barreiras que esse setor tão oprimido da população possui estão expressas no recente livro da advogada e pesquisadora Mônica Sapucaia Machado “Direito das Mulheres: Ensino Superior, Trabalho e Autonomia”, onde a autora aponta os obstáculos à equidade no trabalho, tanto por omissão da legislação, quanto por leis que mais atrapalham do que ajudam. Para a advogada, o acesso à educação não é exatamente o obstáculo central, isso porque as mulheres possuem escolaridade superior em comparação com os homens, mesmo assim a dife-

rença salarial ainda é bem discrepante, assim como a presença em cargos de chefia, pois “as mulheres já estão dentro da universidade em maior quantidade que os homens desde 1990. No Brasil desde 91; e no mundo, desde 89. Mas a diferença salarial continuou existindo. (…) E quanto mais qualificada uma mulher é, maior a disparidade salarial entre ela e o parceiro equivalente. E a grande questão do livro é o seguinte: o direito à educação superior teve, sim, um papel importantíssimo para as mulheres terem mais autonomia econômica. Mas ele não resolveu o problema”, aponta Mônica Machado. A autora está correta ao colocar que a presença das mulheres na educação superior é importantíssima, mas que não foi o suficiente para sanar o problema central, que é a situação alarmante da mulher no mercado de trabalho, isso porque, cada dia mais, essas estão sendo empurradas para o trabalho doméstico não remunerado ou colocadas em postos de subemprego. “Quando

a legislação não dá para as mulheres domésticas os mesmos direitos de um trabalhador industrial, ela protege a classe média para que nada mude. Isso quer dizer que o homem não assume parte dos afazeres domésticos e do compromisso com os filhos. Essa é uma estrutura que a classe média brasileira manteve até hoje: a solução para a divisão do trabalho doméstico é a contratação do trabalho doméstico, do subcontrato. E a lei nada fala”, afirma Mônica, acertadamente, principalmente no que se refere ao trabalho doméstico que, no fim das contas, acaba por ser terceirizado sem necessidade. É muito complicado lidar com essas questões na sociedade capitalista, principalmente porque o Estado burguês e a legislação feita justamente pela burguesia são os primeiros criadores de obstáculos à emancipação da mulher, isso porque a burguesia se mantém, também, da exploração da mulher e do exército industrial de reserva, que é alimentado por leis não

garantem estabilidade de emprego para mulheres grávidas em contratos temporários, por exemplo, ou que colocam o trabalho doméstico como algo sem necessidade de remuneração. Ou seja, a mulher acaba tendo que se virar só para resolver essas questões. Quando um homem é colocado num patamar acima da mulher, ganhando salários mais altos para o mesmo cargo, mostra o quanto a sociedade capitalista quer aprisionar as mulheres em casa, a fim de garantir o trabalho de reprodução e manutenção da mão-de-obra. Há uma enorme necessidade das mulheres lutarem pelo fim do capitalismo, pois somente numa sociedade gerida por um governo genuinamente operário e socialista, é que essas terão, finalmente, sua emancipação efetivada. Do contrário, não haverá “avanços” e campanhas pelo “empoderamento” da mulher suficientes para que essas sejam tratadas como sujeitos de direito, reconhecidas pelo seu trabalho e totalmente emancipadas.

VIOLÊNCIA CONTRA O MST MST-BA denuncia omissão de governador contra despejo de sem terra Centenas de famílias são despejadas violentamente de acampamentos sem-terras na Bahia

Mais de 700 famílias foram brutalmente despejadas dos acampamentos do Movimento Sem Terra, no norte da Bahia. Os despejos aconteceram no acampamento Abril Vermelho, Doroty e Irany, nas respectivas cidades de Casa Nova e Juazeiro. De acordo com os moradores, os policias militares chegaram atirando, um homem teria sido baleado na cabeça. As famílias estavam acampadas desde 2007 por meio de um acordo estabelecido entre o governo estadual, federal e outras instituições, como o INCRA. Ao todo, nos acampamentos eram produzidos mais de 7200 toneladas de alimentos. Trata-se de mais uma ação criminosa

impulsionada pelo governo golpista de plantão, de Jair Bolsonaro, na esteia da política de perseguição contra os movimentos sociais. Ação esta que é adotada também pelo governo da Bahia, de Rui Costa do PT, o que demonstra a cada vez maior adaptação dos chamados governos de esquerda à política direitista de repressão e violência imposta em todo o país pela direita golpista. Os moradores denunciaram, por exemplo, a completa omissão do governador Rui Costa diante da extrema violência da PM contra os sem-terra. É preciso repudiar toda e qualquer perseguição aos sem-terras, organizar em cada acampamento os comitês de auto-defesa para reagir à violência imposta pelo regime golpista.

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


20 | JUVENTUDE E ECONOMIA

EDUCAÇÃO PÚBLICA

Weintraub nomeou advogada da Anhanguera para autorizar novos cursos Denunciar o golpe aos golpistas não é o caminho No dia 8 de novembro, o ministro fascista Abraham Weintraub nomeou para Diretoria de Supervisão da Secretaria de Regulação do Ensino Superior (Seres) do Ministério da Educação (MEC) a advogada Kathleen Ferrabotti Matos. A pasta cuida, dentre outras coisas, da autorização de novos cursos para instituições públicas de ensino superior. Entretanto, Matos está ligada a processos que envolvem instituições de ensino privadas, a exemplo da Anhanguera, empresa da Kroton, um dos maiores nomes da educação privada no país. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) denunciou para a Comissão de Ética Pública da Presidência da República sobre a nomeação, fazendo com que o MEC se pronunciasse cinicamente sobre o caso, dizendo que a nomeação de Matos atende a todos os requisitos técnicos e legais para o cargo:

Em especial, a de possuir experiência profissional em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições e às competências do cargo ou da função. Sabemos que a questão é que a advogada que Weintraub nomeou tem relação com instituições de ensino privada, enquanto a pasta é relacionada ao ensino público. Eis que o governo dos justiceiros cavaleiros anticorrupção não passa de uma turma de bandoleiros. Enquanto destroem a educação pública, aparelham o MEC em proveito de universidades privadas. Sabemos também que denunciar o golpe ao golpista não faz sentido. Para acabar com o ataques a educação e toda as outras área da sociedade é necessário convocar mobilizações com a palavra de ordem fora Bolsonaro, impondo um ataque sobre a direita que venha diretamente do povo.

EDUCAÇÃO PÚBLICA

REPRESSÃO POLICIAL

Weintraub nomeou advogada da Anhanguera para autorizar novos cursos Denunciar o golpe aos golpistas não é o caminho

Weintraub nomeou advogada da Chile: universitário é mais uma vítima que fica cega pela polícia

No dia 8 de novembro, o ministro fascista Abraham Weintraub nomeou para Diretoria de Supervisão da Secretaria de Regulação do Ensino Superior (Seres) do Ministério da Educação (MEC) a advogada Kathleen Ferrabotti Matos. A pasta cuida, dentre outras coisas, da autorização de novos cursos para instituições públicas de ensino superior. Entretanto, Matos está ligada a processos que envolvem instituições de ensino privadas, a exemplo da Anhanguera, empresa da Kroton, um dos maiores nomes da educação privada no país. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) denunciou para a Comissão de Ética Pública da Presidência da República sobre a nomeação, fazendo com que o MEC se pronunciasse cinicamente sobre o caso, dizendo que a nomeação de Matos atende a todos os requisitos técnicos e legais para o cargo:

Os protestos no Chile ocorrem desde o dia 18 de outubro. A gota d’água que desencadeou a mobilização foi o aumento da passagem do metrô no horários de pico; hoje, passados mais de um mês de mobilizações, a palavra que mais se escuta nas ruas é “fora Piñera”. O governo neoliberal não pensou duas vezes e decretou estado de exceção no país, desencadeando uma enorme repressão dos carabineiros (polícia chilena) com os manifestantes e a população civil no geral. Os mortos já somam cerca de 24 pessoas, nem os mais novos foram poupados. As denúncias de abusos sexuais por parte dos policiais também vem crescendo: cerca de 79 mulheres já denunciaram violência sexual das autoridades. Ainda podemos citar os milhares de feridos e detidos e até denúncias de torturas sofridas pelos chilenos. Parece que, desde então, os carabineiros têm seguido um padrão de mirar suas balas nos olhos das pessoas. Já foram cerca 230 pessoas parcialmente cegadas por tiros da polícia — é evidente que a composição das balas “não colabora”: segundo um estudo da Universidade do Chile, a “bala de borracha” têm 20% de borracha, sendo o restante uma mistura de sílica, sulfato de bário e chumbo. Ainda segundo o relatório, o material tem a dureza de uma roda de skate. No dia 8 de novembro, o estudante universitário Gustavo Gatica fotografava uma manifestação na Plaza Ita-

Em especial, a de possuir experiência profissional em atividades correlatas às áreas de atuação do órgão ou da entidade ou em áreas relacionadas às atribuições e às competências do cargo ou da função. Sabemos que a questão é que a advogada que Weintraub nomeou tem relação com instituições de ensino privada, enquanto a pasta é relacionada ao ensino público. Eis que o governo dos justiceiros cavaleiros anticorrupção não passa de uma turma de bandoleiros. Enquanto destroem a educação pública, aparelham o MEC em proveito de universidades privadas. Sabemos também que denunciar o golpe ao golpista não faz sentido. Para acabar com o ataques a educação e toda as outras área da sociedade é necessário convocar mobilizações com a palavra de ordem fora Bolsonaro, impondo um ataque sobre a direita que venha diretamente do povo.

lia quando foi atingido pelas famosas “balas de borracha”. Gustavo foi diagnosticado com perda de visão completa, tendo o infortúnio de se tornar a primeira pessoa a ficar cega pelas ações dos carabineiros no Chile. No dia 26 de novembro ocorreu mais uma greve geral. A última havia acontecido no dia 12 de novembro e teve a adesão de 91% dos trabalhadores do setor público e 60% dos trabalhadores do setor privado. As manifestações no país não cessaram nem quando o governo tentou recuar, muito pelo contrário, quanto mais reprimidos, mais os manifestantes saem às ruas. O Chile ainda carrega uma forte herança da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), sendo a presença da política neoliberal ainda muito forte no país. Não são apenas os trabalhadores sofrem com essa política, com os salários baixos, aposentadorias ínfimas e desemprego, mas também os estudantes — que são o setor mais ativo nos protestos — que arcam com o alto preço dos transportes e com a falta de acesso à educação, uma vez que as universidades são particulares. É claro que o combate ficaria menos injusto se a população estivesse armada. O armamento do povo é fator fundamental para o combate aos carabineiros e para a derrubada do governo neoliberal. O povo não deve recuar diante da repressão, mas sim continuar se mobilizando e levantando a palavra de ordem de fora Piñera!


BOLÍVIA: ABAIXO O GOLPE MILITAR

SEMANÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA O jornal Causa Operária é o mais tradicional jornal da esquerda nacional, um semanário operário, socialista que contém notícias e análise de interesse para as lutas operárias, populares e democráticas. Adquira o seu com um militante do partido por apenas R$2,00 ou entre em contato pelo telefone: 11 96388-6198 e peça já o seu exemplar


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