Diário Causa Operária nº5839

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QUARTA-FEIRA, 27 DE NOVEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5838

Químicos do ABC aderem à palavra de ordem Fora Bolsonaro

Venha discutir

A LUTA

POVO NEGRO DO

Reunião do Coletivo de Negros João Cândido Todos os sábados às 16h Maiores informações entre em contato com os coordenadores Juliano Lopes (11) 95456-9764 Izadora Dias (11) 95208-8335

Com medo da reação popular, direita ameaça instaurar ditadura Direto de Washington, capital dos EUA, Paulo Guedes, ministro da Economia do golpista Jair Bolsonaro, afirmou durante uma entrevista coletiva: “não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”

E

m matéria publicada no sítio da CUT – SP (25.11), o sindicato dos Químicos do ABC faz um balanço do Congresso da categoria, recém encerrado, apontando como uma das principais resoluções aprovadas pelos delegados: o “Fora Bolsonaro”.

Em coro com a direita, Renato Cinco ataca PT: “governo liberal”

Efervescência revolucionária no Chile: nova greve geral contra Piñera No dia de ontem (26), o povo chileno organizou mais uma greve geral contra o governo de Sebastián Piñera. A greve marcou o 40º dia consecutivo de mobilização no Chile, que se encontra convulsionado por causa das décadas de aplicação da política neoliberal.

PL’s da direita são projetos ditatoriais A Bolívia é logo ali Muito poderíamos comentar sobre o artigo chamado “Notas sobre a conjuntura”, do professor da Ciência Política da USP, André Singer. No entanto, iremos nos deter naquilo que consideramos central e mais importante para o desenvolvimento da luta política no País, que são as considerações do autor sobre o aprofundamento da crise no Brasil e o crescimento da direita.

O desespero do governo golpista com a greve dos petroleiros No dia 25 de novembro de 2019, os petroleiros começaram a greve contra o desmonte da empresa pelo governo golpista do fascista Jair Bolsonaro em favor do imperialismo.

Colômbia: governo de extrema-direita tenta conter mobilizações


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Com medo da reação popular, direita ameaça instaurar ditadura Direto de Washington, capital dos EUA, Paulo Guedes, ministro da Economia do golpista Jair Bolsonaro, afirmou durante uma entrevista coletiva: “não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?” Mais para frente na entrevista, Paulo Guedes tentou voltar atrás na afirmação, mas o recado do governo de que ele faz parte já estava dado. O ministro que arquitetou a demolição da Previdência, que consiste no roubo das aposentadorias de milhões de trabalhadores brasileiros para contentar banqueiros, referia-se a uma fala do ex-presidente Lula. O político petista saudou as mobilizações que estão acontecendo nos outros países da América Latina, indicando desde já seu apoio a eventuais mobilizações com o mesmo caráter que venham a acontecer no Brasil. Por isso Guedes esbravejou na frente das câmeras: “é irresponsável chamar alguém pra rua agora pra fazer quebradeira. Pra dizer que tem que tomar o poder. Se você acredita numa democracia, quem acredita numa democracia espera vencer e ser eleito. Não chama ninguém pra quebrar nada na rua. Ou democracia é só quando o seu lado ganha?” Falas de Eduardo Bolsonaro Essas falas de Paulo Guedes não foram as primeiras nesse sentido vindas do bolsonarismo. O filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, já havia dito em entrevista à jornalista Leda Nagle no YouTube, no final de outubro, que um “novo AI-5” seria uma resposta à “esquerda”, referindo-se a protestos contra o governo em geral, o que ele chamou de “esquerda se radicalizar”. Dias antes, no Congresso, o deputado falou sobre a “história se repetir” caso houvesse no Brasil mobilizações como as do Chile. Excludente de ilicitude e GLOs A extrema-direita, contudo, não fica apenas na ameaça. Os golpistas estão tomando providências para reprimir brutalmente a iminente reação

popular e operária à catástrofe nacional criada pela direita. Jair Bolsonaro anunciou um Projeto de Lei durante a fundação de seu novo partido, a Aliança Pelo Brasil, isentando agentes de operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) de serem punidos por excessos, incluindo homicídios. Ao mesmo tempo, o golpista já avisou que pretende usar operações desse tipo em caso de manifestações. Juntando-se essas declarações temos o quadro completo: Bolsonaro pretende colocar agentes com permissão para matar para reprimir protestos. Além disso, Bolsonaro anunciou essa semana que pretende criar as “GLOs do campo”, alegando que os governadores demorariam para cumprir ordens judiciais de reintegração de posse em assentamentos de trabalhadores sem terra. Novamente, juntando essa informação ao conteúdo da Proposta de Lei proposta por ele, trata-se de uma preparação para um banho de sangue. Bolsonaro quer colocar as forças do Estado para agir como os bandos paramilitares de extrema-direita da Colômbia, matando e reprimindo a população pobre do interior em todo o país. Impedir a ditadura A extrema-direita quer impor uma ditadura contra os trabalhadores. Do ponto de vista da direita golpista, isso é necessário para impor um programa neoliberal. É isso o que Bolsonaro está preparando com sua lei de excludente de ilicitude e operações de GLO, buscando se antecipar aos acontecimentos ao ver o que está acontecendo no resto do continente. A política da direita golpista é um perigo para a grande maioria da população, e por isso precisa ser impedida. É preciso se mobilizar contra o governo enquanto isso é possível, aproveitando a tendência à mobilização contra o golpe que existe no país. É hora de tomar as ruas com a palavra de ordem que concentra todos os pontos de oposição ao governo atual, a palavra de ordem que já está nas ruas: Fora Bolsonaro!

Bolsonaro quer dar licença para o exército e a polícia matar o povo Por Nivaldo Orlandi

Brasil em Chamas? Presidente arma-se para a Guerra contra o “fora Bolsonaro” • Presidente quer lei de “excludente de ilicitude” para operações de Garantia da Lei e da Ordem • Pesquisadores alarmam-se: é “licença para matar” em manifestações • Texto de Bolsonaro parece “cópia e cola” do decreto da golpista autoproclamada presidente da Bolívia América Latina em chamas. Labaredas ameaçando atravessar as fronteiras do Equador, do Chile, da Bolívia, E agora também da Colômbia, e adentrar ao Brasil. Bolsonaro coloca as “barbas de molho”. A ira ensurdecedora dos reiterados “fora bolsonaro”, nas mobilizações do carnaval, mobilizações do “rock in rio”, dos atos “Lula Livre”, dos comitês de Luta Contra o Golpe e pelo Partido da Causa Operaria, (PCO), só por milagre labaredas de Equador em chamas, Chile em chamas, Bolívia em chamas, Colômbia em chamas, não terem atravessado a fronteira do Brasil, através das secas e empalhadas fronteiras terrestres. Precavido o presidente do golpe prepara-se para a guerra contra ao população brasileira. Projeto de Lei enviado por Bolsonaro, dá “Licença para matar”, para militares e policias, durante as operações de Garantia da Lei e da Ordem. É esse o entendimento de analistas ouvidos pela Uol, nesta segunda feira, dia 25/11/29, em reportagem de Alex Taira O Projeto de Lei de “excludente de ilicitude”, parece um “copia e cola” do decreto da autoproclamada presidente da Bolívia, Jeanine Áñez. Bolsonaro prepara-se para conter, com tiros, manifestações que venham a transbordar no Brasil, a exemplo do que se tem visto no Chile, na Bolívia e agora, na Colômbia, dá a entender o repórter. Se essa lei for aprovada e ocorrer uma onda de manifestações contra o presidente, as Forças Armadas estão autorizadas a matar oponentes”, diz Alberto Kopittke, diretor executivo do Instituto Cidade Segura e associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Porque o Projeto de Lei de Bolsonaro, seria “Licença para matar” • O projeto isenta militares e agentes de segurança envolvidos em operações de Garantia da Lei e da Ordem. • O texto diz que, durante operações de GLO, “considera-se em legítima defesa o militar ou o agente que repele injusta agressão, atual ou iminente” • Classifica de “injusta agressão” práticas de condutas capazes de gerar morte ou lesão corporal e atos de terrorismo nos termos da Lei nº 13.260/2016;

• A lei diz que será terrorismo quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública”. “Os atos institucionais da ditadura foram utilizados para dar formalidade aos atos ilegais. O projeto é uma preparação para isso “, diz Kopittke. O professor Rafael Alcadipani, pesquisador da Fundação Getulio Vargas, vai na mesma linha, “é um Cavalo de Tróia para reprimir manifestações, inclusive usando o exército. É muito perigoso esse tipo de projeto”, diz. Cópia e Cola da Golpista autoproclamada presidente da Bolívia Para Kopittke, que teve como tema de mestrado as operações de GLO, o projeto de Bolsonaro parece inspirado pelo decreto assinado pela autoproclamada presidente da Bolívia, Jeanine Áñez, no último dia 17. Golpista boliviana eximiu de punições os militares que “atuem em “legítima defesa ou estado de necessidade” quando estiverem “cumprindo suas funções constitucionais.” O resultado é público, cerca de quarenta os mortos pelo exército. O bravo e desarmado povo boliviano em verdadeira guerra civil enfrenta nas ruas o armado e golpista exército de seu país. “O PL do Bolsonaro é muito parecido com o decreto, é exatamente como se estivesse se preparando para uma onda de manifestações”, conclui Kopittke. O que Bolsonaro considera terrorismo Para os pesquisadores ouvidos pelo UOL, a idéia do governo é ampliar o conceito de terrorismo para que organizações e movimentos sociais possam ser enquadrados como terroristas. O presidente manifestou-se de forma clara, em mais de uma vez que considera o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) como grupo terrorista, por exemplo. “É um projeto que mira duas coisas: fortalecer grupos milicianos, policiais que agem à beira da lei, e, além disso, é um projeto que tenta já precaver caso o Brasil tenha manifestações para que haja uma repressão como nunca houve antes”, diz o pesquisador da FGV. Bolsonaro, “saudoso da Ditadura Militar”, prepara a parafernália toda da ditadura de 64, Presidente do golpe quer carta branca para matar. “Se morrer inocentes, paciência. Ditadura Militar teria fracassado por ter matado poucos. Número ideal seria naquela ditadura ter matado uns trinta mil”. Bolsonaro prepara-se para completar o serviço.


OPINIÃO E MOVIMENTO OPERÁRIO | 3 COLUNA

Bolsonaro quer impor “GLO rural”, a ditadura contra a luta pela terra Por Renato Farac

Nesta segunda-feira (25/11), em entrevista coletiva, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro afirmou que vai enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei para que o Governo Federal aplique as ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para reintegração de posse no campo brasileiro. “Como sempre os governadores protelam para cumprir a decisão judicial, quase sempre, quase como regra, pode ser o governador, o próprio presidente, pelo nosso projeto, a criar a ‘GLO Rural’”, afirmou o fascista Bolsonaro. A GLO é uma medida onde as Forças Militares vão as ruas, possuem o poder de polícia e as pessoas ficam sujeitas a ação truculenta e criminosa sem poder se defender, já que no campo a cobertura dessas ações seriam limitadas, pois ocorrem em locais de difícil acesso, sinal de celular e internet quase nulos. Ou seja, as fa-

mílias ficaram à mercê dos militares. Um primeiro ponto importante é que Bolsonaro visa federalizar as reintegrações de posse, que estão a cargo dos governos estaduais, que segundo o fascista ‘não estão realizando da maneira e com a rapidez necessária’. Ou seja, quer fazer reintegrações violentas e com extrema rapidez. Um bom exemplo foi o despejo violento realizado na região Norte da Bahia, nos munícipios de Casa Nova e Juazeiro, onde os trabalhadores sem-terra ligados ao MST foram brutalmente despejados de uma área que ocupavam a mais de 10 anos numa operação realizada de maneira criminosa entre Polícia Federal, Polícia Militar e uma milícia formada por pistoleiros da região. O segundo ponto é colocar as forças armadas nas áreas de conflitos de terra para defender os latifundiários. A ação das Forças Armadas na repres-

são aos movimentos de luta pela terra seria de maior efetividade na violência e intimidação das famílias e suas lideranças. Um terceiro ponto é a complementação desse processo dando o aval aos militares matar sem sofrer as consequências os integrantes das ocupações através do excludente de ilicitude, que pode amenizar e até isentar a pena de policiais ou militares que cometam assassinatos em serviço. Com essa medida, Bolsonaro quer esmagar com toda a força os movimentos sociais de luta pela terra implantando uma ditadura contra ocupações de terra de trabalhadores sem-terra, indígenas e quilombolas que lutam pela demarcação de seu território e um pedaço de terra para trabalhar. A extrema-direita se prepara para um avanço das mobilizações como

estão acontecendo em toda a América Latina. Os trabalhadores não vão ficar paralisados diante dos ataques e da crise econômica e tendem a entrar em mobilização. Cabe a esquerda organizar os trabalhadores e ir as ruas para derrotar Bolsonaro e a extrema-direita que tem a clara intenção de impor um regime fascista no Brasil. É preciso reagir e confrontar a direita, assim como estão realizando os petroleiros diante da ditadura imposta na greve de cinco dias e dos trabalhadores sem-terra do MST da Bahia que diante dos despejos violentos fecharam rodovias em todo o Estado como resposta a esses ataques. A luta deve ser intensificada e deve haver resposta nas ruas as operações criminosas da direita Bolsonarista, somente assim os trabalhadores devem derrotar a ‘GLO Rural’ e a licença para matar, e o governo Bolsonaro, responsável por todos esses ataques.

MOVIMENTO OPERÁRIO

Químicos do ABC aderem à palavra de ordem Fora Bolsonaro Mais uma categoria operária adere ao Fora Bolsonaro. Cabe a CUT e aos sindicatos impulsionar uma grande campanha para materializar o que é o sentimento dos explorados no País. Em matéria publicada no sítio da CUT – SP (25.11), o sindicato dos Químicos do ABC faz um balanço do Congresso da categoria, recém encerrado, apontando como uma das principais resoluções aprovadas pelos delegados: o “Fora Bolsonaro”. “No item Resistência e Luta, os delegados e delegadas reforçaram o eixo político já aprovado no Congresso da CUT Nacional de “Fora Bolsonaro”, uma palavra-de-ordem que demonstra o descontentamento da classe trabalhadora com o governo de extrema direita, que a cada dia retira mais e mais direitos trabalhistas e sociais, vende o patrimônio e riquezas públicas, destruindo a soberania do nosso país, e ataca a democracia e os direitos humanos”. Como dito acima, seguindo os passos da CUT, a decisão dos delegados do congresso representa um avanço extraordinário da luta dos trabalhadores e abre caminho para que outras categorias façam o mesmo. Ainda em junho passado, o Congresso dos trabalhadores dos Correios havia aprovado a defesa do “Fora Bolsonaro”. Os bancários, em agosto, em seu encontro nacional aprovou como palavra de ordem “Derrotar Bolsonaro nas ruas”, uma versão uma pouco mais ameno na forma, mas com o mesmo conteúdo. Em um momento em que se acentua o repúdio popular aos planos macabros neoliberais de terra arrasada contra os povos da América lLatina, inclusive resultando no desenvolvimento de situações revolucionárias como

na Bolívia e no Chile, em que uma das questões centrais reside justamente na defesa pelo povo da derrubada dos governos responsáveis pelo estado de barbárie, a decisão de diferentes sindicatos, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no sentido de defender o “Fora Bolsonaro”, aponta a condição de que as mobilizações revolucionárias do povo latino americano estão colocadas para o Brasil, que vive situação de deterioração das condições econômicas e sociais absolutamente similar a dos países vizinhos.

Os sindicatos e a CUT respondem ao que é o amplo sentimento do povo brasileiro de absoluto repúdio ao fascista que chegou a presidência por meio da fraude e do golpe. Praticamente em todas as atividades que ocorrem no País, que juntam um pouco mais de pessoas, transformou-se numa unanimidade o “Fora Bolsonaro” ou o “Bolsonaro vai tomar no c#!” – isso pelo menos desde o carnaval. Cabe aos sindicatos e a maior central sindical da América Latina serem consequentes com os anseios dos

delegados e de fato levar para as bases das categorias o que foi aprovado nos congressos com uma campanha que de fato envolva os trabalhadores com a constituição de comitês de luta e mobilização pelo “Fora Bolsonaro”, confecção de cartazes e panfletos para serem distribuídos amplamente nas fábricas e nos locais de moradia, assembleias de mobilização, enfim, colocar como impulsionador da luta todos os instrumentos que de fato mobilize e amplie a luta para por fim a esse governo.


4 | MOVIMENTO OPERÁRIO

GREVE DOS PETROLEIROS

O desespero do governo golpista com a greve dos petroleiros Petroleiros passam por cima do governo e do TST golpistas e mantém a greve No dia 25 de novembro de 2019, os petroleiros começaram a greve contra o desmonte da empresa pelo governo golpista do fascista Jair Bolsonaro em favor do imperialismo. Das unidades ligadas a Federação Única dos Petroleiros (FUP), somente Minas Gerias não paralisou suas atividades. Pela manhã da última segunda-feira (25), as refinarias dos estados da Bahia, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Ceará, bem como as unidades de Paulínia e Capuava, em Mauá, no estado de São Paulo, não houve troca de turno. Os trabalhadores do turno da manhã não entraram para trabalhar e os do turno da noite foram obrigados a ficar trabalhando, por imposição das chefias. O desrespeito a qualquer norma trabalhista, pelo fraudulento governo de Bolsonaro é o que impera. Os trabalhadores decidiram pela paralisação contra o desmonte da Petrobrás, por assedio aos trabalhadores, desrespeito aos trabalhadores doentes, bem como, contra o rebaixamento dos salários. Há um interesse dos abutres de abocanhar toda a estatal e, neste caso, as refinarias, neste momento são o alvo da vez. O presidente fascista, juntamente com o ministro pinochetista Paulo Guedes e Paulo Roberto Castelo Branco, atual presidente da Petrobrás, estão tramando todo um plano para entregar todas as refinarias, começando, em primeiro lugar, pelas refinarias do norte e nordeste, o que corresponde à metade da produção. Junto à entrega desse patrimônio do povo

brasileiro, está sendo preparado mais um corte de contingentes enormes de trabalhadores. A greve começou com muita força De acordo com as informações de sindicatos de cada unidade e da FUP houve no primeiro dia uma adesão bastante grande na maioria dos lugares. Na Bahia De acordo com o Sindicato dos Petroleiros a Bahia, “a greve da categoria petroleira na Bahia começou forte, atingindo todas as unidades da Petrobrás e da Transpetro com adesão de trabalhadores próprios e terceirizados. Houve corte de rendição dos turnos na Refinaria Landulpho Alves, Transpetro e UO-BA. A greve, por tempo determinado, acontece até sexta-feira (29)”. Em São Paulo Em Capuava, na cidade de Mauá e Paulínia, na região de Campinas, os trabalhadores que renderiam os trabalhadores do turno da noite, realizaram piquetes e não entraram para trabalhar, e os trabalhadores da noite tiveram seu turno de trabalho dobrado, por imposição das chefia, supervisores e gerentes”. No Rio Grande do Sul Em greve desde a 0h desta segunda-feira, os petroleiros gaúchos protestam contra as anunciadas vendas da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, e o conjunto de oleodutos e terminais que representam 90% da Petrobrás no RS.

Segundo o diretor de Finanças, Administração e Patrimônio do Sindicato dos Petroleiros do RS (Sindipetro-RS), Dary Beck Filho, a adesão foi de 85% dos 700 funcionários da Refap. “É para alertar a população porque somente a sociedade pode impedir essa venda”… ele adverte que os preços da gasolina e do diesel aumentarão se a venda da Refap, prevista para fevereiro de 2020, se consumar. “Eu desafio a me provarem que o preço vai baixar”. Contra as demissões e remanejamento de trabalhadores A greve também faz parte da defesa do direito do emprego dos trabalhadores, onde o efetivo, hoje, corresponde a mais de 60 mil, o maior contingente de trabalhadores são terceirizados. Em um período de cinco anos, mais de 12 mil trabalhadores foram demitidos A paralisação se dá também contra o rebaixamento dos salários, como vem ocorrendo em praticamente todos os setores das várias unidades da Petrobrás. Conforme a Federação Única dos Petroleiros (FUP), “a greve pelos empregos e por segurança vai de encontro à política da atual gestão da Petrobrás que vem descumprindo acordos e tomando medidas unilaterais em prejuízo da categoria petroleira”. A estratégia para diminuir o quadro de funcionários passa pela implantação de programas de demissão como PDV e, PDA, transferências – que estão suspensas na Bahia por ordem de liminar obtida pelo MPT – até a pressão e assédio moral coletivo”. FUP determina a continuidade da

greve contra a decisão do TST No final da noite da segunda-feira (25) data em que os trabalhadores iniciaram a greve, o ministro de extrema-direita do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra Martins Filho, em conluio com a direção da Petrobrás bloqueou e ainda das contas das entidades representativas dos trabalhadores e da FUP R$ 2.000.000,00 e ainda determinou a suspensão do repasse das mensalidades sindicais até o limite das multa diárias que estão sendo impostas aos sindicatos e à FUP, com a estapafúrdia desculpa de que os trabalhadores da Petrobrás recentemente assinaram o Acordo Coletivo, Quando a própria Petrobrás é que está empenhada em não cumprir uma cláusula sequer do acordo firmado. Mesmo com os ataques do governo e a justiça a FUP e os sindicatos reafirmaram na noite dessa segunda a manutenção da greve conforme programada. Além da solidariedade, a tarefa dos sindicatos cutistas e da própria CUT é impulsionar a mobilização de outras categorias – como os Correios, onde a empresa rasgou o já rebaixado acordo da data-base – visando a unidade diante da possível greve por tempo indeterminado dos petroleiros, caso suas reivindicações não sejam atendidas.

MAIS DEMISSÕES DE BANCÁRIOS

Banqueiros golpistas planejam demitir 11 mil trabalhadores até 2020 Em nome do lucro a qualquer custo, banqueiros irão demitir milhares de trabalhadores Segundo dados coletados pelo jorna digital, Poder360, sítio esse que tem como uma das suas orientações conteúdos patrocinados por empresas interessadas em veicular suas ideias e conceitos a partir dos resultados dos balanços do terceiro trimestre de 2019 das cinco maiores instituições financeiras, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica, Itaú e Santander, os PDV’s (Plano de Demissão “Voluntária”) irão jogar no olho da rua mais de 11 mil bancários até 2020. Tal conclusão é baseado nos resultados desses bancos ao longo dos 12 últimos meses, onde se constatou o fechamento de 611 agências bancárias e a demissão de 5.542 trabalhadores bancários. Os banqueiros, classe mais parasitária da economia, realizam tal operação visando a redução de gastos; uma outra justificativa, para a redução do quadro funcional e de agências bancárias, é o aumento das transações digi-

tais, que, segundo levantamento feito pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), 6 em cada 10 transações bancárias são realizadas pelo celular ou pelo computador. Logicamente o que está por trás dessa política é o aumento dos seus já fabulosos lucros às custas da miséria dos trabalhadores e da sua superexploração. Pesquisa realizada pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, em parceria com o Grupo de Estudos em Práticas Clínicas, Trabalho e Saúde (Gepsat), o Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da Unb, oferecem subsídios para o que, verdadeiramente, está por trás das demissões em massa e fechamento de agências bancárias executada pelos banqueiros. A coordenadora da pesquisa, professora Ana Magnólia, do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Unb, constata que 76% dos trabalhadores, que fizeram parte da

pesquisa, em agências digitais, já se afastaram por motivo de saúde, sendo 92% deles consideram que o adoecimento foi relacionado ao trabalho; 27%, do universo pesquisado, estão sob acompanhamento psiquiátrico, 36% sob acompanhamento psicológico e 61% sob algum tipo de acompanhamento médico não especificado. Todos os acompanhados por psiquiatria estavam fazendo uso de remédios psiquiátricos. Para Magnólia, “o sofrimento e adoecimento dos trabalhadores são causados pela organização do trabalho, que visa o lucro acima de tudo e de todos. “ (bancariosdf) Estes dados comprovam que a política dos banqueiros, de demissão em massa, nada mais é do que beneficiar meia dúzia de banqueiros parasitas, medidas essas tem levado a situação do bancário num verdadeiro caos. Para barrar a ofensiva dos banqueiros e do seu governo ilegítimo, Bol-

sonaro, é necessário organizar uma gigantesca mobilização de toda a categoria, conjuntamente com os demais trabalhadores, através de um programa classista que arme os bancários com os seus próprios métodos de luta.


INTERNACIONAL | 5

MOBILIZAÇÃO CONTINUA

Efervescência revolucionária no Chile: nova greve geral contra Piñera No dia de ontem (26), o povo chileno organizou mais uma greve geral contra o governo de Sebastián Piñera. Os trabalhadores já estão nas ruas há 40 dias. No dia de ontem (26), o povo chileno organizou mais uma greve geral contra o governo de Sebastián Piñera. A greve marcou o 40º dia consecutivo de mobilização no Chile, que se encontra convulsionado por causa das décadas de aplicação da política neoliberal. Até o fechamento dessa edição, este diário ainda não havia concluído o balanço da manifestação. A última greve geral no Chile foi realizada em 12 de novembro, da qual participaram 91% dos trabalhadores do setor público e 60% dos trabalhadores do setor privado. Na greve de ontem (26), foram registrados vários episódios em que a repressão atuou duramente contra o povo chileno. De acordo com denúncias do movimento popular chileno, os

carabineiros das Forças Armadas receberam ordens para dispersar a população. Há registros de uma série de manifestações e piquetes em todo o país desde a madrugada do dia 26. Várias rodovias foram bloqueadas, sobretudo aquelas que dão aceso às cidades de Santiago, Valparaíso e a portuária San Antonio. A Rota 5 e a Departamental também foram bloqueadas, mas foi liberada após a repressão do governo Piñera, que atirou gás de pimenta e jatos de água. A principal organização popular que esteve a frente da greve geral foi a Central Única dos Trabalhadores do Chile (CUT-Chile). Segundo seus dirigentes, a manifestação teria como reivindicações centrais um plano de proteção

IVÁN DUQUE CHAMA AO “DIÁLOGO”

Colômbia: governo de extremadireita tenta conter mobilizações A ditadura da Colômbia, que há décadas esmaga qualquer iniciativa de esquerda com extrema violência, mesmo o mais moderado nacionalismo burguês, não foi capaz de impedir grandes protestos no país inteiro e a realização de uma greve geral. Iván Duque, herdeiro político de Álvaro Uribe, ligado a milícias paramilitares de extrema-direita que massacram os camponeses no campo, tentou esmagar mais uma vez os trabalhadores e as massas por meio de uma brutal repressão. Pelo menos três pessoas já foram mortas, incluindo o jovem Dylan Cruz, assassinado pelo Esmad (Esquadrão Móvil Antidistúrbios), que se tornou um símbolo da repressão aos protestos. Como Lenín Moreno no Equador e Sebastián Piñera no Chile, Iván Duque agora está tentando enganar a população prometendo “diálogo”. Não se sabe ao certo o que significa “diálogo” da parte de um governo que está assassinando pessoas no meio da rua por protestarem contra condições precárias de vida devido a décadas de políticas direitistas impostas pela força. Em qualquer caso, Iván Duque chamou o Comitê da Greve Geral para propor uma “política de diálogo”. A CUT colombiana (Central Unitaria de Trabajadores) não compareceu, frente ao fato de que a reunião duraria apenas uma hora, depois de o movimento lotar as ruas de todas as grandes cidades da Colômbia, com o próprio governo admitindo que 200 mil pessoas teriam saído às ruas no ápice do movimento, número que pode ser muito maior ainda. Mais paralisações Indicando que não estão dispostos a serem enganados pelo governo di-

reitista, os colombianos convocaram uma série de atos para hoje (27). O plano é paralisar tudo novamente, em uma nova greve geral, além de fazer panelaços em um velório que será um grande ato político em memória do jovem Dylan Cruz, assassinado pelas forças de repressão. O secretário da CUT Elis Fonseca anunciou que a ideia é “reforçar e elevar os protestos”. Enfrentamento com o imperialismo O que está acontecendo na Colômbia é expressão de um confronto que se alastra por toda a América Latina: o enfrentamento entre as massas e o imperialismo, principalmente dos EUA. Em 2008 o capitalismo entrou em uma nova etapa de sua crise permanente. A política do imperialismo é fazer os trabalhadores no mundo inteiro, e mais ainda os trabalhadores dos países atrasados, pagarem por essa crise para que os capitalistas possam continuar lucrando. Esse é o sentido das políticas neoliberais cometidas contra o povo por todo o mundo, com cortes de salário, direitos trabalhistas, empregos e serviços públicos. Esse tipo de política está gerando reação popular em toda parte. Dessa vez, porém, diferentemente do que acontecia no começo dos anos 2000, o imperialismo e a direita submissa aos interesses do imperialismo não estão dispostos a ceder terreno ou a entrar em nenhum acordo. Por isso o que está colocado é um grande embate entre as massas e o imperialismo. No Brasil, é preciso se preparar para esse enfrentamento, colocando a palavra de ordem pelo Fora Bolsonaro! e estimulando a formação de comitês de autodefesa pelas organizações populares e operárias.

e retenção de emprego e um salário mínimo de 500 mil pesos chilenos e aposentadoria igual ao salário mínimo. Tais exigências, no entanto, não refletem a realidade do país andino. A mobilização no Chile já adquiriu várias características revolucionárias e é produto de um movimento que surge em reação à política neoliberal, imposta a força pelo imperialismo em todo o continente. O povo chileno, que vem sofrendo com uma série de restrições e ataques de maneira vertiginosa desde a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), quer por abaixo toda a política econômica da burguesia, e isso não poderá ser feito por meio de reformas pontuais. Em todas as manifestações que têm acontecido no Chile, a palavra de or-

dem de “Renuncia Piñera” ou “Fora Piñera” aparecem como reivindicação. Além disso, o fato de que o povo chileno continuou na rua mesmo após os recuos do governo e do anúncio de uma assembleia constituinte com a direita no poder mostra que os trabalhadores não estão dispostos a fazer nenhum “acordo” com a burguesia. A mobilização no Chile, que tem sido combatida duramente pela repressão, deixando 200 pessoas cegas, acontece ao mesmo tempo em que boa parte da América Latina se encontra convulsionada. Esse é, portanto, o momento de organizar um movimento que tenha condições de enfrentar a direita e expulsar todos os lacaios do imperialismo do continente. Fora imperialismo da América Latina!

Direita diz que venceu as eleições uruguaias, esquerda não reconhece A vitória nas eleições do Uruguai parece que aos poucos vai se confirmando com o consórcio da extrema-direita com os militares, o que pode ser afirmado depois que pudemos ver um forte impulso das disparadas no WhatsApp com mensagens automáticas e ameaçadoras dirigidas ao povo do Uruguai; um vídeo com forte apelo do Comandante General do Exército Guido Manini Ríos ordenando aos militares não votarem em Martínez; e todas as pesquisas indicando a vitória de Lacalle Pou: táticas muito comuns e já bastante conhecidas pelo público brasileiro, utilizadas pela direita golpista para forjar um resultado favorável. Luis Lacalle Pou, já na segunda passada (25), almejava festejar a sua vitória nas eleições do Uruguai, uma vez que as urnas apontavam mais de 98% dos votos apurados com uma diferença em seu favor de pouco menos de 30 mil votos, demonstrando uma vitória, apertada mas vitória, quando foi surpreendido pelo fato de que o candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, tinha saído a público para comemorar sua boa votação e não para admitir sua derrota. Isso aconteceu porque Martinez sabia que se 91% dos “votos observados” foram dele e não de Lacalle Pou, haveria como a Frente Ampla virar o jogo. Após a primeira apuração, Lacalle Pou teve 48,71% dos votos, e Daniel Martínez, 47,51%. Os “votos observados” são os votos de quem votou em zona eleitoral diferente daquela onde está registrado e os de eleitores cujo cadastro não foi encontrado no momento da votação. Isso faz com

que a apuração tenha que ser confirmada após uma investigação dos órgão encarregados pelo controle eleitoral. Por conta disso, a direção do órgão eleitoral decidiu que o resultado final será anunciado apenas na quinta (28) ou na sexta-feira (29). Não porque tenham parado de contar, como ocorreu na Bolívia, mas, pelo contrário, para que a contagem dos votos observados tenha ainda maior rigor. Com um placar tão apertado, a Frente Ampla de Daniel Martínez (um candidato à direita até mesmo de Tabaré Vázquez e Pepe Mujica) se torna vítima da sua impossibilidade de apelar às massas trabalhadoras para vencer a direita mais radical e imperialista, pois teria que radicalizar o seu discurso para derrotar seus concorrentes, o que colocaria em cheque a sua natureza nacional burguesa e arriscaria perder o controle das massas. A política que o imperialismo têm implementado na América do Sul dá mostras de que já foi o tempo em que se admitia um acordo do tipo de frente popular, e que, à exemplo do que acontece no Uruguai onde a Frente Ampla almeja um novo pacto social com a direita, ele joga toda a sua força naquilo que representa a aliança de Lacalle Pou: a união da extrema-direita e os militares para reprimir à força a manifestação popular.


6 | POLÍTICA

SUPORTES DO GOLPE DE ESTADO

PL’s da direita são projetos ditatoriais Para impor ao povo brasileiro a liquidação dos seus direitos, golpistas procuram aprovar leis que aumentem os intrumentos de controle, perseguição e repressão da população Desde o golpe de 2016, os golpistas aprovaram um sem número de leis e medidas para preparar o caminho para o recrudescimento do regime, uma vez que seu programa requer o uso da força para ser imposto à população. Como parte deste processo, tramitam na Câmara dos Deputados diversos projetos que procuram aumentar o controle, a perseguição e a repressão contra a população e suas organizações de luta. Entre eles, mostraremos 4 projetos que estão em regime especial de tramitação e necessitarão apenas serem aprovados por comissões da Câmara para entrarem em vigor. Todos são de autoria e relatoria de parlamentares golpistas, de direita e extrema-direita, e visam: • Aumentar o controle da população na internet, atacando as liberdades e garantias fundamentais dos cidadãos, através da modificação do Marco Civil da Internet (lei aprovada no governo Dilma, uma espécie de Código Civil da Internet, que deu aos internautas todos os direitos que o Código Civil dá aos cidadãos)

• Aprofundar o controle, perseguição e repressão das organizações de luta dos trabalhadores (partidos, sindicatos, movimentos sociais) através do aprofundamento da lei antiterrorismo (aprovada pelos golpistas no sitiado governo Dilma, em 2015). São eles: PL 443/2019 “Adição à lei antiterrorismo. “Atentar contra a vida ou a integridade física dos agentes descritos nos Arts 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da força nacional de segurança pública no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, bem como portar fuzil, granada e demais armas de emprego coletivo.” Situação: Tramitando na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC). Designado Relator, dep. Guilherme Derrite (PP-SP). PL 1595/2019

“Dispõe sobre as ações contraterroristas, altera as Leis nº 10.257, de 10 de julho de 2001, e nº 9.807, de 13 de julho de 1.999, e dá outras providências.” PL 2418/2019 “Altera a Lei nº 12.965/2014, para criar obrigação de monitoramento de atividades terroristas e crimes hediondos a provedores de aplicações de Internet e dá outras providências.” Situação: Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO). Encerrado o prazo para emendas ao projeto. Não foram apresentadas emendas. PL 3389/2019 “Acrescenta os §§ 5º e 6º ao art. 10 da Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014, para estabelecer a obrigatoriedade de fornecimento do número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) para cadastro em aplicações de internet.” Situação:

Aguardando Deliberação na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI). No último dia 19, o próprio relator Julio Cesar Ribeiro (Republicanos), votou contra o projeto, alegando que a imposição que o projeto traz não teria nenhuma eficácia no objetivo que procura atingir, uma vez que bastaria que os supostos criminosos virtuais utilizassem o CPF ou CNPJ de terceiros. Como um braço jurídico do golpe de Estado, essas matérias legislativas procuram aumentar o poder de controle e repressão do Estado sobre a população, criando as condições para um fechamento do regime. Por isso, para lutar contra o golpe é necessário derrubar o governo Bolsonaro e todos os golpistas, única forma de barrar o aprofundamento do regime rumo a uma ditadura aberta.

FORA BOLSONARO!

POLÍTICA

Lula afirma que Bolsonaro é “governo de destruição do país”

Com medo das mobilizações, Bolsonaro pede pacote social a Guedes

Contrariando as expectativas da ala direita do Partido dos Trabalhadores (PT) e do PCdoB, que buscaram enquanto Lula estava preso realizar uma aliança com partidos de direita, o ex-presidente parece ter saído mais radicalizado da cadeia. Com a volta de Lula para o cenário político, enquanto pessoa ativa, a polarização tende a aumentar de maneira exponencial – e as recentes declarações do ex-presidente comprovam isso. Em discurso no 7º Congresso do PT, Lula saudou as rebeliões latino-americanas e apontou um caminho de enfrentamento com o governo Bolsonaro. Segundo o ex-presidente, não é possível ter “condescendência” com os atuais governantes. Há setores do partido, como Humberto Costa e integrantes da ala direita, que pedem que o PT “fure a bolha”, isto é, não tenha uma política combativa para agradar setores “moderados” da direita – uma política com claras intenções de tipo eleitoral, que se adotada levaria à falência do partido. Mas Lula, pressionado por sua base social, que está radicalizada, mantém-se atacando o governo Bolsonaro e os golpistas. No 7º Congresso de seu partido defendeu, inclusive, a Venezuela contra a ofensiva do imperialismo para derrubar Nicolás Maduro. O ex-metalúrgico qualificou o governo Bolsonaro como um “governo de destruição do país, dos direitos, da

liberdade e até da civilização”. E, de fato, Lula está certo: o governo Bolsonaro quer destruir o país; foi colocado no poder por capitalistas estrangeiros com o intuito de entregar o país aos monopólios internacionais, reprimir o povo, acabar com os direitos democráticos e promover uma política de terra arrasada. Por isso, Lula está certo: é hora de intensificar as mobilizações contra o governo. Mas não basta simplesmente “desgastar” ou “corrigir” o governo; é preciso aproveitar o momento de crise do bolsonarismo e a da direita golpista para sair às ruas para derrubar o governo. O “Fora, Bolsonaro” está na ordem do dia e é o momento de impulsioná-lo. O governo é ilegítimo. Foi eleito pelas eleições mais fraudulentas do último período. O principal candidato, Lula, não pode participar das eleições; ativistas políticos foram reprimidos e censurados; os militares ameaçaram o país; e assim por diante. Foi isso que permitiu a vitória de Bolsonaro. Nesse sentido, é preciso exigir novas eleições após a derrubada do governo. E estas eleições precisam ser minimamente democráticas: Lula precisa participar. Para isso é preciso impulsionar a luta pela anulação dos processos e das condenações contra o ex-presidente para restituir seus direitos políticos.

Jair Bolsonaro é assombrado pelo medo de que mobilizações de massas venham a ocorrer no Brasil em virtude do aprofundamento da miséria que é consequência inevitável de sua política As mobilizações populares nos países vizinhos, particularmente no Chile, que sofre com as consequências da política neoliberal, e a soltura do ex-presidente Lula, forçaram o governo fascista de Jair Bolsonaro a recuar e pedir ao ministro da Economia, o Chicago Boy Paulo Guedes, um pacote social. Jair Bolsonaro é assombrado pelo medo de que mobilizações de massas venham a ocorrer no Brasil, em virtude do aprofundamento da miséria que é consequência inevitável de sua política neoliberal, direcionada para o aumento do lucro dos bancos, dos latifundiários e das empresas transnacionais, em detrimento dos interesses da população. A soltura do ex-presidente Lula coloca a questão do poder político na ordem do dia, uma vez que Lula é o político mais popular do país e visto como uma alternativa de poder concreta ao governo golpista. A equipe econômica do governo estuda o aumento de R$ 6,81 (seis reais e oitenta e um centavos) no valor mensal do Bolsa-Família. Os recursos para o aumento viriam do fim da desoneração dos produtos da cesta básica,

no caso a reoneração de itens como o Polenguinho, Yakult e até o caviar. Além disso, o governo golpista estuda um programa habitacional para a população que vive nos municípios com até 50 mil habitantes, que funcionaria por um sistema de crédito para comprar ou reformar casas. O Bolsa Atleta Escolar é outro programa de incentivo que seria patrocinado pelo BNDES, que visaria pagar uma bolsa de R$ 300 para estudantes se dedicarem a atividades esportivas. Por outro lado, o governo propôs a taxação do benefício do seguro-desemprego para bancar a desoneração da folha de pagamento das empresas, o que significa uma imposto adicional sobre os desempregados. Com o crescente descontentamento popular, o governo golpista busca apresentar programas assistenciais para amenizar um pouco os efeitos da política de destruição econômica de sua política neoliberal e da entrega do país aos Estados Unidos. A esquerda deve impulsionar as mobilizações para pôr fim ao governo neoliberal fascista, antes que este implemente uma ditadura militar no país.


ECONOMIA | 7

SEM DIREITOS E SEM COMIDA

Bolsonaro tira a carne da mesa do povo: consumo de ovos bate recorde O governo de extrema-direita acelera a retirada de direitos e o empobrecimento no/do país. Não basta retirar direitos, retira-se a comida e a dignidade também. Desde o Golpe de 2016 no Brasil, mas de resto igual em todos os países do continente em que governos ‘progressistas’ foram golpeados ou substituídos por governos declaradamente neoliberais, avançou-se rumo a maior concentração de renda da história, da pobreza, do desemprego, da precarização do emprego e da criminalização da indignação dos cidadãos/trabalhadores. O retrocesso é tamanho que os governos Temer/PSDB e Bolsonaro/PSDB estão conseguindo devolver o país ao período do governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, aquele que fez o primeiro grande ataque à Constituição de 1988, alterando por completo o capítulo da Ordem Econômica, abrindo o Brasil para o capital estrangeiro e entregando nossas riquezas de mãos beijadas, mas que manteve a fome no país inalterada. Se em 2014, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) tirou o Brasil do Mapa da Fome não há muita dúvida de que hoje o país caminha para voltar a fazer parte mais uma vez desse quadro terrível, mas coerente com a política da direita: aumentar a desigualdade, enriquecer mais ainda os já ricos à custa do empobrecimento generalizado da população. O lema do governo Temer/PSDB, “O Brasil voltou, 20 anos em 2”, melhor dizendo: “O Brasil voltou 20 anos em apenas 2”, foi atualizado pelo governo da extrema-direita de Bolsonaro e pretende retroceder, atualizando também JK, “50 anos em 4″. No ritmo de seus ataques aos trabalhadores, aos

movimentos sociais, ao que resta da democracia representativa que vigorava no país, talvez consiga seu intento, se não houver reação à altura, em menos tempo. O que não se diz na imprensa burguesa, mas que todos os trabalhadores sabem quando vão ao supermercado, à feira, é que a vida ficou mais cara. A classe média também sabe disso, mas tem mais gordura para queimar, por enquanto, e ainda não reagiu ao aumento do combustível, do gás, da eletricidade, da água, das passagens aéreas, do dólar etc como deveria. A mesma cínica imprensa dá conta do ‘espanto’ dos cidadãos e dos donos de restaurante com o aumento do preço da carne que teria subido até 60%. A mesma imprensa que fez chacota do cidadão mais pobre que não pode pagar o preço do gás e passou a usar lenha, quando possível, correndo todos os riscos que isso implica, agora valoriza o consumo de ovos diante do preço proibitivo da carne. A comida vai se tornando cada vez mais cara enquanto o desemprego aumenta. Sem dinheiro e com a alimentação sendo quase impagável, passar fome será normal no país, como já foi no passado. A taxa de desemprego chega perto de 12%, mas grande parte dos que hoje mantém algum tipo de ocupação estão em empregos precários, temporários, nos quais não se tem vínculo empregatício real, sem garantias e sem direitos. Na base desses trabalhos precários, temos O serviço de entrega com bicicleta, em que se trabalha mais de 14 horas por dia facilmente, sem nenhum tipo de garantia ou proteção legal.

Considerando que não há qualquer indicação de retomada nos investimentos para geração de emprego, como na área de infraestrutura, o que se vê é a continuação da redução da taxa de investimento na construção civil (em relação ao PIB), colocando o brasil em um patamar menor em mais de 50 anos Juntando a queda dos investimentos com o aumento do desemprego, com aumento das contas dos serviços básicos e da alimentação, não surpreende que haja um aumento acelerado do número de brasileiros que vive na pobreza. Parece que o país voltou para o final da década de 1990. E não há desculpas

para isso, é o efeito esperado, desejado, da política neoliberal de Bolsonaro/Guedes/PSDB, de entrega total da nossa economia aos grandes capitalistas, da destruição dos salários, dos empregos e dos direitos duramente conquistados pela população, pelos trabalhadores. O quadro que se desenha para o futuro próximo é terrível, violento, famélico, e, por isso, é incompreensível que a maior parte da esquerda ainda relute em encampar a derrubada do governo fraudulento de Jair Bolsonaro. Passou da hora de derrubar Bolsonaro pela força revolucionária das massas, cansadas de passar fome e de serem humilhadas.

GUEDES, BOLSONARO E A MISÉRIA

Dólar bate recorde todos os dias e Paulo Guedes acha normal A política econômica de Paulo Guedes e do governo Bolsonaro para o Brasil é a pobreza, da falta de dinheiro para o pão e para o combustível. O governo Bolsonaro bate recorde de alta do dólar todos os dias. O ministro golpista, Paulo Guedes, disse não estar preocupado com alto e faz dólar explodir atingindo o valor de R$ 4,27. A política econômica deste governo golpista resultará em jogar toda população na extrema pobreza. A alta do dólar vai impactar diretamente na vida da população mais pobre que vai sofrer com aumento do pão, uma vez que o Brasil é importador de trigo. Isso também deve favorecer o imperialismo estadunidense através de um acordo nefasto com o governo golpista de Jair Bolsonaro. A população também vem sentindo no bolso o impacto da entrega do petróleo nacional e da destruição da Petrobrás. A alta do dólar também resultará em aumento do preço dos combustíveis que, com os golpistas no

comando do país, passou a seguir a precificação do mercado mundial. A política golpista é de terra arrasada para o Brasil, os golpistas querem destruir as bases da economia nacional, estão destruindo a indústria nacional e setores produtivos em benefício do imperialismo. A maior crise que vive o Chile e que está levando centenas de milhares de pessoas às ruas é resultado da política econômica criminosa de Paulo Guedes, assim como de seu modelo previdenciário criminoso para a população. É preciso derrotar o governo Bolsonaro antes que a economia nacional seja totalmente liquidada. A população não deve tolerar mais a fraude que permitiu o governo. É preciso ocupar as ruas com as palavras de ordem Fora Bolsonaro e Eleições Gerais.


8 | POLÊMICA

O QUE SERÁ QUE ELE FUMOU?

Em coro com a direita, Renato Cinco ataca PT: “governo liberal” Em entrevista para o jornal O Dia, o vereador do PSOL do Rio Renato Cinco ataca o PT e Marcelo Freixo, devido à sua “aliança” eleitoral com Lula, e diz que o PT “só deu esmolas”. O vereador do PSOL do Rio de Janeiro, Renato Cinco, famoso por defender a descriminalização do uso da maconha, concedeu uma entrevista para o jornal O DIA com o seguinte título: “PT fez governo liberal, dando esmolas”. Uma declaração que, se há algum tempo poderia soar para certos setores como sendo esquerdista, hoje denota uma completa incompreensão da conjuntura política nacional. Cinco, que anteriormente havia manifestado interesse de ser o candidato do PSOL na capital fluminense, faz esta declaração como uma crítica direta a Marcelo Freixo, o psolista que, embora dissesse anteriormente que a palavra de ordem “Lula Livre” não unificava com a “esquerda” do PSDB, não foi capaz de controlar o seu indomável oportunismo eleitoral e foi lá tirar uma casquinha de Lula em São Bernardo, assim que o ex-presidente deixou a cadeia. Tendo em vista que Marcelo Freixo também se destacou por ser um defensor intransigente das UPPs e por ter sido o candidato da Globo nas eleições para a prefeitura do Rio em 2016, as declarações de Cinco levantam uma dúvida: qual dos dois o elemento seria mais direitista? Afinal, conforme o

companheiro Rui Costa Pimenta discutiu na última Análise Política da Semana, não se trata de um problema ideológico ou de vontade: o fato é que hoje em dia, quem polariza com Bolsonaro e a extrema-direita no campo da esquerda é o PT. É curioso destacar que Renato Cinco pertence a um dos setores do PSOL que defende a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”, ainda que em uma perspectiva puramente eleitoral. Cinco tem distribuído nos últimos atos

no Rio adesivos “Fora Bolsonaro”, com a assinatura “Renato Cinco – PSOL”, o que revela o caráter eleitoreiro da campanha. Já Marcelo Freixo, que não defende o “Fora Bolsonaro”, aproximou-se de Lula, conforme discutimos acima. A imensa polarização política no país inevitavelmente penetra em todas as organizações sociais, e o PSOL não escapa a esta regra. Se por um lado o “Fora Bolsonaro” seja muito bem aceito nas bases do partido, suas direções

são contra. Por outro, embora exista no PSOL um apoio considerável à luta pela liberdade de Lula e pela restituição de todos os seus direitos políticos, o problema é que um dos elementos que dá “liga” ao partido é justamente o sentimento antipetista, e até antilulista. Assim, embora Cinco levante o “Fora Bolsonaro”, mesmo que de forma limitada, o vereador busca de forma confusa atacar Freixo pelo seu suposto “lulismo”, ao invés de denunciar este verdadeiro estelionato político praticado pelo deputado federal, visto que as críticas ao petismo e ao lulismo ainda encontram ressonância em certos setores direitistas do PSOL. A imagem de destaque desta matéria revela um pouco do perfil de Renato Cinco. É um elemento pequeno-burguês, como se diz em linguagem popular, “sem noção”, que chega ao ponto de fazer uma brincadeira com o Bolsa Família, fundamental para a sobrevivência de dezenas de milhões de brasileiros miseráveis e uma caricata “Bolsa Larica”. É o retrato do típico militante do PSOL, pessoas de classe média com muito pouco – ou nenhum – contato com a classe operária, e que por isso ainda são capazes de insistir neste antipetismo suicida.

samente, o golpe de Estado destruiu e tem destruído ainda os direitos democráticos do povo. Ser “vigilante da opinião pública” com certeza não irá livrar o Brasil de um cada vez maior fechamento do regime político. Esse tipo de consideração confunde o panorama político. Se levarmos ao pé da letra a consideração de Singer, deveríamos acreditar que tudo está razoavelmente bem no País e que basta sermos vigilantes. Não precisa lutar contra o governo, não precisa denunciar a extrema-direita, basta “vigiar”, embora não explique exatamente o significado da palavra. Apreciação semelhante Singer tem do desenvolvimento do bolsonarismo e de seu novo partido. Embora reconheça que é um partido de extrema-direita, impulsionado pela política de defesa da ditadura militar, para o autor “as chances da Aliança pelo Brasil se transformar num grande partido parecem restritas. Não é possível afirmar que isso

não irá acontecer, mas pelo modo como ele começa trata-se de uma tarefa relativamente difícil.” Singer subestima a extrema-direita assim como subestima o próprio golpe de Estado. Podemos até concordar com o autor de que é impossível prever com exatidão o que será do partido de Bolsonaro, mas fato é que o aparecimento de um partido claramente direitista como este, aliado ao fato de que Bolsonaro é o presidente da República, não deveria ser subestimado, mas deveria ser motivo de preocupação. Não uma preocupação vazia e paralisante, mas que resulte num chamado à ação contra esse governo e todos os golpistas. Um dos erros mais importantes dos momentos que antecederam o golpe de 2016 foi que parte da esquerda subestimava o que chamava de “gatos pingados” que saíam às ruas para defender, entre outras coisas, a intervenção militar. Essa política acabou dando espaço para o crescimento da direita que durante o processo de golpe acabou se transformando em dezenas de milhares nas ruas. A ponto de que esses “gatos pingados” são agora o governo federal. A análise de conjuntura de André Singer é ingênua e parece não sair das paredes de uma sala universitária. Primeiro porque não leva em consideração os movimentos reais e concretos da situação política, mas mais importante porque induzem à paralisia diante de uma situação política tão grave.

POLÊMICA COM ANDRÉ SINGER

A Bolívia é logo ali Os acontecimentos na Bolívia apenas anunciam o que pode ocorrer no Brasil Muito poderíamos comentar sobre o artigo chamado “Notas sobre a conjuntura”, do professor da Ciência Política da USP, André Singer. No entanto, iremos nos deter naquilo que consideramos central e mais importante para o desenvolvimento da luta política no País, que são as considerações do autor sobre o aprofundamento da crise no Brasil e o crescimento da direita. Ao comentar sobre os acontecimentos na Bolívia, onde um golpe de Estado derrubou o governo nacionalista de Evo Morales e agora reprime o povo na rua, Singer afirma que “embora Brasil e Bolívia sejam países de estatura diferentes, trata-se de um acontecimento ao qual o Brasil não está completamente imune. Não estou profetizando que isso irá acontecer no país. Espero, evidentemente que isso não ocorra e, sobretudo, batalhamos para que nada semelhante aconteça no Brasil.” O autor considera que o que ocorre na Bolívia estaria relativamente distante do Brasil, embora haja o risco de acontecer. Ao afirmar isso, Singer ignora que, no Brasil, o processo golpista parecido com o que foi desencadeado na Bolívia, aconteceu com o golpe de Estado contra Dilma Rousseff em 2016. É fa-

to que os acontecimentos no Brasil, pelas diferenças entre os dois países, ocorrem de maneira mais lenta. Mas no fundamental, os brasileiros passam pelo mesmo processo. Um golpe orquestrado pela direita apoiada pelo imperialismo e que colocou em marcha setores da extrema-direita, que acabaram chegando ao poder. A luta no Brasil, embora não tenha atingido a forma aguda como na Bolívia, também tende a chegar a um enfrentamento nas ruas. Ao contrário do que afirma Singer, portanto, os acontecimentos na Bolívia são uma espécie de prenúncio do que tende acontecer no Brasil. Mais à frente, Singer afirma que “a principal garantia de que acontecimentos desse tipo, que interrupções da democracia não venham a acontecer é a vigilância da opinião pública, da sociedade. A sociedade precisa manter-se alerta para os riscos que a democracia está correndo.” Singer parece ignorar primeiro que houve um golpe de Estado no Brasil – se não ignora completamente, faz pouco caso desse fator fundamental -; segundo, que esse golpe de Estado jogou por terra o pouco de “democracia” que ainda se podia encontrar no País. Mais preci-


ATIVIDADES DO PCO | 9

ATIVIDADE NACIONAL

Réveillon Vermelho: uma festa imperdível PCO realiza confraternização socialista para celebrar as lutas de 2019, os significativos avanços e apontar perspectivas para a luta revolucionaria no Brasil e na América Latina Depois de uma no de intensa luta e importantes êxito políticos, o Partido da Causa Operária retoma nesse final de 2019 a realização de uma das atividades já tradicionais da organização, realização do seu Reveillon, neste ano – mais uma vez – intitulado, de Réveillon Vermelho, como se deu em Curitiba no ano passado, quando milhares de companheiros celebraram a passagem do final do ano próximos ao ex-presidente Lula, preso nas masmorras de Curitiba. No próximo dia 31 de dezembro, centenas de companheiros de todo o País, vão se reunir em São Paulo, para celebrar toda a luta travada contra a burguesia golpista, pela liberdade de Lula, contra a ofensiva da direita contra as condições de vida da imensa maioria a população. Além da convivência socialista, da breve exposição sobre o balanço par-

tidário desse intenso ano de luta e da apresentação das perspectivas diante das claras tendências à evolução da polarização política, entre a direita golpista e a esquerda e as organizações de luta dos trabalhadores, o evento terá atrações musicais da mais altíssima qualidade, comida e bebida farta e de primeira, convivência socialista única. Iniciativa do Partido da Causa Operária (PCO), o Réveillon Vermelho se insere na tradição comunista, uma vez que a passagem do ano com uma festa de gala é tradicional no movimento operário. Os grandes partidos operários no início do Século XX comemoravam a passagem de ano, o PCO mantém esta tradição. É uma oportunidade imperdível para os que lutaram neste ano, participaram dos atos nacionais e tem vários motivos para comemorar o avanço da luta dos trabalhadores, que levaram a

soltura de Lula e ao enfraquecimento do governo Bolsonaro. Veja como participar Ainda esta semana estará disponível um espaço específico no site para inscrição e aquisição dos convites, que custarão em torno de R$ 200,00, com direito à participação integral na festa (comes e bebes, atração musical, sorteio de prêmios, etc). Atração Esse ano o Réveillon do PCO terá uma atração especial, a apresentação da Cantata Santa María de Iquique, composta pelo chileno Luis Advis e reconhecida principalmente pelas interpretações do Quilapayun. A música relembra a matança na Escola Santa María, em 21 de dezembro de 1907 na cidade de Iquique, no Chile, quando milhares de trabalhadores mineiros

foram mortos em uma ação comandada pelo general Roberto Silva Renard, durante o governo de Pedro Montt. Uma peça de grande qualidade musical, relembrando a luta dos trabalhadores, e muito difícil de ser vista ao vivo.

JORNAL REVOLUCIONÁRIO DO PCO

Jornal Causa Operária traz especial sobre levantes na América Latina O Jornal Causa Operária estará novamente em mais uma semana por todo Brasil. Praças, manifestações populares e em nossos mutirões, levando a política revolucionária para o povo. O Jornal Causa Operária é o jornal mais tradicional da esquerda brasileira em circulação. Um semanário operário e socialista que é publicado desde o ano de 1979, mantendo-se até os dias atuais com muito esforço dos militantes do PCO, que toda semana lançam uma nova edição nacional, da qual sua venda que ocorre por todo país é a garantia da manutenção dessa atividade fundamental do ponto de vista da construção do partido revolucionário. Nesta semana, a edição do JCO traz uma completa análise da situação em toda América Latina, uma explicação marxista do que ocorre nas mobilizações contra o golpe na Bolívia, no Fora Piñera no Chile, na greve geral colombiana e em outra série de manifestações que tomaram conta de todo continente, neste que é um momento que cada vez mais aproxima-se uma fase revolucionária em toda região. Como não podia faltar, nosso jornal também apresenta as condições da luta contra o golpe no Brasil, a necessidade de permanecer mobilizado pelo Fora Bolsonaro e a anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula. Ou seja, o Jornal Causa Operária é justamente o jornal feito para o trabalhador brasileiro, uma total contraposição aos órgãos da imprensa golpista como a Rede Globo, Veja, Estadão e Folha de São Paulo. Nosso jornal não é financiado por grandes capitalistas e sim pelos próprios trabalhadores, que vêem nele uma defesa de seus interesses.

Além disso, o JCO cumpre um papel de extrema importância em todo este processo de luta política que o país vive. Por ser vendido em todas as regiões do país, nosso jornal esta sempre na mão de cada militante do partido aonde quer que ele esteja, sobretudo nos mutirões realizados todos os domingos e quartas, como também todas nas manifestações populares, espalhando de maneira ampla a política do PCO pela luta contra o golpe, a Liberdade de Lula e o Fora Bolsonaro. O papel de um jornal revolucionário é fundamental, como já explicado nos famosos escritos de Lênin, nosso jornal serve como uma forma direta de se entrar em contato com o povo nas ruas, realizando a propaganda política, possibilitando que todos possam ter acesso a ela. Sendo assim, este é nosso militante número 1, aquele que estará levando a política revolucionária em todos os lugares de forma clara e objetiva, noticiando os eventos da atualidade defendendo os interesses do trabalhador, tudo isso por um valor irrisório de 2 reais, os quais servem para manter nossas edições em circulação. Conheça nosso jornal por meio de nossos militantes, a imprensa revolucionária serve para organizar o partido nacionalmente e é utilizada para a própria formulação de nossas políticas, representando um feito único, venha conhece-lo!

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


10 | ATIVIDADES DO PCO

LUTA CONTRA O GOLPE

Fora Bolsonaro: o eixo principal da Conferência de Luta Contra o Golpe Segunda Conferência Nacional Aberta terá como eixo estratégico fundamental a luta pelo “Fora Bolsonaro” Faltando menos de três semanas para a sua realização, cresce em todo o país a expectativa e também a mobilização em torno a 2ª Conferência Nacional de Luta contra o Golpe, evento que ocorrerá na cidade de São Paulo, nos dias 14 e 15 de dezembro. O encontro está sendo convocado e organizado pelo Partido da Causa Operária, juntamente com os Comitês de Luta contra o Golpe, em suas diversas unidades regionais espalhadas por todos os Estados do país. Esta segunda edição do evento ocorre em um momento particularmente importante e delicado da conjuntura nacional e internacional, notadamente no que diz respeito aos acontecimentos que vem se desenvolvendo no continente latino americano, onde grandes mobilizações de massas estão sendo protagonizadas em diversos países, com a entrada em cena daqueles que são os principais atores das grandes transformações da história, os trabalhadores, as massas populares e os explorados de uma forma geral. Dentre os objetivos estratégicos fundamentais que estarão na pauta de discussão desta segunda conferência está a luta em torno a um enérgico trabalho de agitação e propaganda a ser debatido e levado adiante no período próximo, que é a conformação de um grande movimento nacional em torno à palavra de ordem central, “FORA BOLSONARO”. O que se vê em todo o pais neste momento é um sentimento de revolta e também um desejo, por

parte da maioria da nação, em colocar para fora o governo que vem atacando todos os mais elementares direitos da população pobre e explorada do país; atacando os direitos do povo trabalhador, das mulheres, dos negros, da juventude e dos povos indígenas; o governo dos ataques ao meio ambiente, às universidades, ao serviço público e ao servidor público. A todos esses ataques somam-se as declarações ameaçadoras de Bolsonaro e seus filhos fascistóides contra as liberdades democráticas ainda formalmente existentes no país; as ameaças de retorno do AI-5; o excludente de ilicitude (licença para a polícia e o Exército matarem) contido no “pacote anticrime” do ministro inquisidor Sérgio Moro; as referências elogiosas de

Bolsonaro à ditadura, aos torturadores e à tortura. Todos esses elementos são indicadores de que há uma ameaça iminente da extrema direita fascista contra o país, contra os trabalhadores, contra a população, contra os movimentos de luta do campo e da cidade e contra a esquerda nacional. A greve dos petroleiros, a movimentação em torno à luta de outras categorias e agora neste momento a decisão do congresso de uma das mais importantes categorias de trabalhadores, os “Químicos do ABC”, que adotou o “Fora Bolsonaro” como uma das resoluções, indicam que há todo um ambiente favorável para o desenvolvimento da luta em torno à palavra de ordem que está na voz e no grito das ruas, “Fora Bolsonaro”.

A tarefa central desta segunda conferência, portanto, será a centralização, a unificação e o impulsionamento de uma tendência já presente na conjuntura, já presente no seio das massas populares, já presente no sentimento e no desejo da maioria da população. Neste sentido, o PCO e os diversos comitês de luta contra o golpe em todo o pais dirigem um amplo chamado a todos os lutadores e ativistas das mais diversas categorias de trabalhadores e do movimento popular, de todas as regiões, para estarem presentes à segunda Conferência Nacional Aberta, onde estarão pautadas as grandes questões e os grandes temas que permeiam a luta de classes no nosso país e no continente latino, neste momento incendiado pela luta do povo oprimido de cada nação contra os governos burgueses, contra a extrema direita, contra o Exército inimigo do povo, no Chile, na Bolívia, na Venezuela, no Equador, na Colômbia, no Haiti, na Argentina, no Uruguai. Abriu-se no continente latino uma etapa de grandes lutas e mobilizações, com enfrentamentos radicalizados e conteúdo político abertamente revolucionário, de luta pelo poder, contra o imperialismo e o grande capital. A segunda Conferência Nacional Aberta dará um importante passo para impulsionar o desenvolvimento desta luta, fundamental para abrir um ciclo de lutas vitoriosas das massas no próximo período.


JUVENTUDE E MULHERES | 11

OS GOLPISTAS E SUAS FALCATRUAS

Demagogia: MEC cortou bolsas para “devolver” verbas às universidades Manobra ardilosa do governo golpista de Jair Bolsonaro compromete todo o ensino superior e a pesquisa nacional. Se a mentira tem perna curta, as falcatruas do governo golpista fazem com que a camarilha bolsonarista rasteje como uma cobra. A suposta devolução das verbas para as universidades e institutos federais não passou de demagogia. A liberação do montante de R$ 1,1 bilhão foi uma simples manobra utilizando os recursos destinados ao Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e, principalmente, da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), por sua vez, afetando drasticamente a pesquisa nacional. Os dados obtidos por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação) comprometem o governo e escancaram toda a falcatrua dos golpistas. Vale lembrar que no dia 18 de outubro, o ministro da Educação, o mentecapto Abraham Weintraub, anunciara a realocação dos recursos bloqueados da educação. Até então, o montante encontrava-se bloqueado para universidades e institutos federais. No entanto, naquele instante, o mentecapto, ardilosamente, não informou de onde a verba estava sendo retirada.

A pilantragem dos golpistas, oriunda de uma manobra orçamentária, promoveu o maior bloqueio no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) que sofrera um sequestro de R$ 798,6 milhões, sendo o maior. Ademais, foram desviados R$ 230 milhões do ensino médio em tempo integral. Já a Capes, sofreu um corte de R$120 milhões. Quanto às bolsas de estudos no ensino superior, e de apoio à educação básica, houve uma captura de R$ 60 e R$ 40 milhões, respectivamente. Segundo Gregório Grisa, professor de políticas educacionais do IFRS (Instituto Federal do Rio Grande do Sul), os bloqueios na Capes atingem diretamente a formação de docentes, em especial cursos que ainda não se consolidaram, ou seja, não sendo, portanto, de excelência. Jair Bolsonaro, por sua vez, encaminha para o Congresso Nacional, a previsão de um orçamento de míseros R$ 2,20 bilhões para a Capes, em 2020. Essa medida, porém, serve como demonstrativo do ataque da extrema-direita à educação, visto que o orçamento de 2019, para a Capes, foi

de R$ 4,25 bilhões. Na segunda-feira (18), foi anunciado, pela Casa Civil, o desbloqueio de R$14 bilhões em recursos dos ministérios. Valor este, correspondente ao restante das verbas bloqueadas no Orçamento. No entanto, de acordo com Grisa, o bloqueio e a liberação dos recursos pelo MEC, perto do fim do ano, “cumprem a função de uma armadilha”, em especial para as universidades e institutos federais. “No serviço público, se você não consegue empenhar [ter o comprometimento do governo com] o recurso, você não liquida e nem paga [desembolsa de fato]. Portanto, se durante o ano o recurso é bloqueado, um conjunto de compras e gastos de custeio que, por ventura, se façam necessários, não podem ser feitos”, complementa. Ainda segundo Grisa, “a lógica da ciência, da pesquisa, não obedece a lógicas de economia doméstica. Quaisquer irregularidades e rupturas de planejamento são muito prejudiciais. Não é como em um lar ou negócio que pode se deixar de consumir algo ou comprar certo produto. Se pesquisas

estratégicas param, são anos de retrocesso”. Em suma, a armadilha dos golpistas incorre em que a verba no final do ano pode não ser empregada a tempo, o que vai implicar em diminuição da verba também no ano que vem. Revelando, portanto, uma manobra para atingir o ensino superior público, colocando-o em liquidação.

CONTRA AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

MEC mantém reitor derrotado nas eleições no IFMS

No Chile, 79 mulheres denunciam abuso sexual das autoridades

Apesar de ter perdido as eleições, o atual reitor do IFMS (Instituto Federal do Mato Grosso do Sul), Luiz Simão Staszczak, foi mantido no cargo pelo ministro da educação golpista, Abraham Weintraub. A portaria 2.033, de 22 de novembro de 2019, publicada nesta segunda feira, no Diário Oficial da União, afirma que o professor fica designado para exercer o cargo de reitor de forma temporária, a partir de hoje. Em 2015, Luiz assumiu o cargo de reitor depois da primeira consulta pública realizada na instituição. Em Outubro deste ano, foi realizada nova eleição para definir quem ocuparia o cargo, já que o mandato de quatro anos estava prestes a se encerrar. Com 29,07% dos votos de estudantes, professores e técnicos-administrativos, a professora de Administração do Campus Campo Grande, do IFMS, Elaine Cassiano, foi eleita para cumprir mandato à frente da Instituição. Em dez anos, ela é a primeira mulher escolhida para o cargo de dirigente máximo do IFMS. Elaine concorreu ao cargo com o atual reitor, que obteve 27,35% dos votos da comunidade, e com o professor Jiyan Yari, também do Campus Campo Grande, que ficou com 9,28% dos votos. Em nota, o IFMS explicou que como o processo eleitoral em que Elaine Cassiano foi vencedora ainda está em análise pelo MEC (Ministério da

A situação de colapso e protestos no Chile segue a todo vapor por todo o país e, como é o feitio da direita, as manifestações vêm sofrendo grande repressão por parte do principal aparato repressor do Estado, a polícia, colocada diariamente nas ruas para impedir que a população se rebele contra a burguesia. Nesse meio, as mulheres acabam sempre sendo uma das mais afetadas, no sentido de fortes violências cometidas contra elas. O Instituto Nacional de Direitos Humanos (INDH) entregou um relatório recente que engloba as violações ocorridas entre 18 de outubro, dia que começaram as manifestações no Chile, até 25 de novembro. O balanço mostra um total de 499 ações judiciais contra agente dos Estado, incluindo 79 casos de violência sexual, como o estupro. Infelizmente, os governos de direita, a burguesia em geral, dá carta branca para que seus aparatos de repressão pratiquem qualquer tipo de violência. Para eles, por a mulher ser mais “vulnerável”, é logo um alvo mais fácil de reprimir e aviltar de todas as formas possíveis. Como sempre, o Estado se coloca contra a classe trabalhadora, que vai às ruas para lutar contra as políticas neoliberais que enchem os bolsos dos mais ricos e esvaziam os bolsos dos produtores de riqueza, ou seja, os trabalhadores. O direito de se manifestar, mais uma vez, é dado como algo perigoso e proibido pela burguesia. Na questão das mulheres, a situação é

Educação) foi necessária a nomeação temporária para a instituição não ficar sem direção. “(…) Era preciso nomear a partir de hoje um reitor pro tempore – que ficasse entre o final do mandato do professor Simão e o início do mandato da professora Elaine”. Portanto, o ministério optou por manter o atual reitor temporariamente, até que a nova reitora seja nomeada por meio de portaria. A opção pelo nome não é obrigatória. “Nós não temos a informação de quando a reitoria eleita irá assumir o cargo, uma vez que essa é uma decisão que cabe à Presidência da República”. Exatamente nesta segunda-feira, encerrou-se o mandato do atual reitor. Contudo, a decisão demonstra o caráter antidemocrático do ministério do atual governo golpista de Bolsonaro, que tem o intuito de controlar os rumos das instituições federais de ensino no país. A decisão temporária só reafirma os desmandos do atual ministro Weintraub que já fora rechaçado diversas vezes pelo movimento estudantil devido às suas medidas de destruição da educação brasileira. O que fica evidente é o desrespeito à autonomia da Instituição. É necessário respeitar o formato de eleição tripartite com representação proporcional às categorias (estudantes, funcionários, professores) para que as universidades possam ser independentes e que sejam um espaço livre e democrático.

muito mais alarmante. Na prática, já são uma parcela da população que sofrem as consequência não só da exploração de classe, mas, também, da opressão de gênero. A violência incitada constantemente pela burguesia, pela imprensa burguesa, pelos governos de extrema-direita, toda a vida dessas mulheres um verdadeiro inferno. A segurança da mulher dentro do capitalismo é algo inexistente, principalmente porque a principal instituição que, tecnicamente, deveria proteger essas mulheres, é a primeira a praticar tais violências. Não há nem a chance dessas mulheres fazerem algum tipo de denúncia que vá resultar em algo, porque essas autoridades estão recebendo tais ordens do Estado. O que está acontecendo no Chile é apenas um reflexo da insatisfação popular no mundo inteiro, contra o modo de produção capitalista. É claro que a união dessas mulheres com o restante da população insatisfeita com essas medidas que só prejudicam a classe trabalhadora, travam a economia, acabam com emprego, diminuem o salário, etc., faz com que a burguesia sinta medo da fúria popular e apele para a violência. Esses número dos INDH só ratificam a necessidade urgente das mulheres se organizarem o quanto antes em comitês de autodefesa, para que elas mesmas tenham condições de se defender dos ataques da direita, pois não há nenhuma segurança garantida pelos aparatos mantidos pelo Estado.


12 | MORADIA E TERRA

DITADURA NO CAMPO

GLO no campo é medida ditatorial para reprimir os sem terra Na última segunda-feira, 25 de novembro, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro fez uma declaração que acende um sinal vermelho para as organizações populares do campo, como o MST. Na esteira do Projeto de Lei (PL) chamado de Exclusão de Ilicitude, que em resumo dá carta branca para as polícias e Forças Armadas matar a população, em teoria para garantir a “lei e a ordem”, Bolsonaro pretende fazer uso da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) em situações de ocupação de terra. A medida já tinha sido denunciada anteriormente neste Diário, e é cla-

ramente uma iniciativa de Bolsonaro para desocupar terras de latifundiários, expulsando na base da força os sem-terra que por ventura venham a ocupar estas terras. Já tínhamos visto anteriormente o compromisso entre o governo Bolsonaro e os latifundiários na questão da Amazônia, onde, por causa da política destrutiva e inconsequente destes setores abriu-se uma brecha para a intervenção imperialista na floresta brasileira. Trata-se de mais uma ofensiva do governo Bolsonaro, que busca se preparar para reprimir duramen-

Quilombola é assassinado em área de conflito com Marinha na Bahia A comunidade quilombola Rio dos Macacos, existente há mais de 200 anos, enfrenta um conflito com a Marinha do Brasil há cerca de 47 anos, quando o local onde a comunidade está instalada foi escolhido para a construção da Vila Naval de Aratu. Desde 2011 o MPF/BA conduz o Inquérito Civil nº. 1.14.000.000833/201191, que acompanha a situação de conflito vivenciada pela Comunidade Quilombola Rio dos Macacos, que alegou, em diversas ocasiões, ser alvo de ações de coação na intenção de expulsar as famílias residentes no local. Nesta segunda feira, 25, um trabalhador rural de nome José Izidio Dias, de 89 anos, conhecido como “Seu Vermelho”, liderança quillombola, foi assassinado na localidade quilombo Rio dos Macacos, sendo utilizado um machado. Um crime brutal envolvendo muitos problemas entre os quilombolas e a Marinha Brasileira. Várias são as lutas do quilombo Rios dos Macacos. Dentre tantas, estão a titulação das terras da comunidade, a revisão dos marcos territóriais definidos pelo INCRA, acesso da comunidade a àgua – por meio da barragem do Rio dos Macacos-, a construção de

estrada do território quilombola que não dependam da Marinha e a necessidade de promover o acesso da comunidade a políticas públicas independente do processo burocrático. O problema mais grave é o acesso às águas da barragem do Rio dos Macacos. A Marinha quer colocar um muro em torno do local alegando mais segurança e quer cadastrar os nativos quilombolas para poder controlar o acesso à água. A comunidade resiste e não aceita esse cadastro dizendo que seu acesso à água tem que ser de forma democrática. Esse muro restringirá o direito dos quilombolas, como também retira as fontes e nascentes históricas do quilombo. Em consequência da tentativa da Marinha em se apropriar do territorio da comunidade, o quilombo Rio dos Macacos encontra-se em situação precária: falta de estrutura física digna para a moradia. O acesso à comunidade se dá por uma estrada de barro acidentada, a cerca de um quilômetro da guarita controlada pela Marinha que “protege” a entrada no quilombo. Não há iluminação básica nem saneamento que garanta condições de residência naquela região.

te as manifestações de rua que podem eclodir no Brasil há qualquer momento, a exemplo do que temos visto em diversos países latino-americanos. Não basta que Bolsonaro reprima apenas a população nas cidades. Para controlar o movimento popular, o governo do fascista precisa também reprimir duramente a população rural, que tem sido mortos em uma escalada que vem desde o golpe, e que se acentuou com o governo Bolsonaro. É preciso denunciar amplamente esta iniciativa, que visa abrir caminho

para a preparação de uma ditadura militar no Brasil. No entanto, apenas a denúncia é insuficiente. Ao invés de esperar o socorro das instituições, que hoje são controladas em grande medida pelo bolsonarismo e por outros setores da direita e da extrema-direita, os militantes do MST devem se organizar em comitês de autodefesa e se armar, para garantir a sua própria segurança pelos meios que forem necessários. Afinal, não há nenhuma lei que obrigue alguém a ser executado sem sequer poder reagir, como gado a caminho do abatedouro.

Desmatamento em Terras Indígenas cresce 65% em apenas um ano De acordo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) o desmatamento em terras indígenas no Brasil diminuiu de 2008 a 2015. E desde então aumentou. Chegando a atingir um aumento de 65% entre 1º de agosto de 2018 e 31 de junho de 2019. Sendo maior cifra da última década. As terras indígenas mais afetadas são Ituna/Itatá com 650% de perda de floresta (de 15,89 para 119,92 km2), Apyterewa, com 334% de aumento (de 19,61 para 85,25 km²), e Cachoeira Seca, com 12% de aumento (de 54,2 para 61,2 km²). A área indígena Ituna/Itatá está a menos de 70 km do principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica (UHE) de Belo Monte. A obra fez o mercado imobiliário rural da região lucrar muito e desde então a destruição das florestas só aumenta gradativamente. Uma das condições para a construção da hidrelétrica era a realização de uma base de proteção da Fundação Nacional do Índio (Funai) no território indígena, entretanto essa base nunca foi implementada.

Juntamente com o aumento do desmatamento para favorecer empreendimentos imobiliários tem aumentado o número de homicídios, torturas e ameaças contra os índios. No início de novembro, por exemplo, o líder indígena Paulo Paulino Guajajara foi assassinado a tiros em uma armadilha realizada por madeireiros na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão. Com os dados fica óbvio que a retirada do PT da presidência da república através do golpe de estado iniciou os ataques contra os territórios dos nativos em troca de lucro capitalista. E a chegada de Bolsonaro à presidência intensificou exponencialmente essa perseguição aos indígenas e o desmatamento desenfreado para favorecer negócios inclusive estrangeiros, como foi o caso do hotel de luxo português (Vila Galé) na Bahia. A única maneira de defender esses territórios dos barões e assassinos do agronegócio e das empresas imperialistas é a formação de grupos de autodefesa dos pelos indígenas. E a derruba do governo Bolsonaro e todos golpistas!

Latifundiários realizam despejo de sem-terra em seringal no Amazonas A área em disputa pertence à União e, em maio, o MPF denunciou a presença de milicianos atuando em favor de fazendeiros. A Polícia Militar do estado do Amazonas realiza a reintegração de posse da Fazenda Palotina, que fica no município de Lábrea, região sul do Amazonas. A ação vem acontecendo desde a sexta-feira, 22, e aproximadamente 160 famílias estão sendo retiradas da área, sendo levadas à montar um acampamento em uma estrada próximo à fazenda. Por causa do difícil acesso à região, não há previsão para o término da operação. Não foram fornecidas informações, até o momento, sobre o processo de retirada das famílias, ou seja: se estão sendo respeitadas as condições legais

para realizar a reintegração. Pessoas no local relatam que a PM do Acre também participa da ação. Há dez anos os posseiros lutam pelo direito à terra, que pertence à União, mas o fazendeiro Sidney Zamora reivindica a terra como sendo dele. No município (Lábrea), famílias já foram atacadas por pistoleiros e uma liderança foi assassinada. Essa área encontra-se dentro do Seringal Novo Natal, ocupando 150.000 hectares. Há muitos registros de ações policiais realizadas ali, mesmo sem ordem judicial. Em 2016, policiais militares e civis do Amazonas invadiram a fazenda derrubando três moradias de famílias e nesse mesmo ano, várias prisões de posseiros foram efetuadas, assim como outras ações policiais à mando dos fazendeiros.

Em 2019, o MPF (Ministério Público Federal) denunciou a ação de policiais militares e fazendeiros, que formam uma milícia na região, liderada pelo policial militar Salomão Alencar Faria. Os procuradores denunciam as seguintes condutas criminosas: • Organização criminosa que realiza invasões de terras da União, promovendo desmatamento em larga escala na região entre o Acre e o Amazonas chamada Boca do Acre (AM). • Uso de violência contra pequenos agricultores e coletores, pagamentos de propina, lavratura de autos de infração em nome de laranjas e apresentação de defesas administrativas feitas pelo próprio Superintendente do Ibama no Acre.

O que estamos vendo é mais um exemplo do avanço da extrema direita, que deveria ser combatida. Não há acordo possível com a direita. A política desses elementos é encontrar um meio de impor a sua vontade, da forma que for, pelo uso da violência, cometendo os mais diversos crimes, assassinatos e etc. A extrema-direita precisa ser confrontada de forma veemente, pois se encontrarem terreno para avançar, o farão. Toda a população deveria ter o direito de se armar, ainda mais frente às ameaças da extrema-direita. O povo sem terra está ainda mais exposto às investidas brutais desses elementos e necessitam do direito ao armamento para poder proteger a própria vida.


CIDADES | 13

REPRESSÃO AOS SERVIDORES

Trabalhadores do Acre se mobilizam contra a Reforma da Previdência Governo de direita usa um efetivo de 120 PMs para reprimir a manifestação dos servidores do Acre contra a Reforma da Previdência estadual. Sob um sol amazônico , no dia de ontem (26/11/2019), os servidores públicos do estado do Acre, concentraram-se em frente à Assembleia Legislativa para protestar contra a proposta de Reforma previdenciária apresentada pelo governador de direita, Gladsson Camelli. Há alguns dias, o governador, inimigo do povo, apresentou uma PEC surpresa na qual acabava com a aposentadoria dos servidores. E de brinde fazia uma reforma administrativa que acabava com os direitos adquiridos em longas décadas de lutas dos servidores. Diante da reação dos trabalhadores, que de forma exemplar ocuparam a

sede da Assembleia Legislativa impedindo a votação, abriu-se uma rodada de negociações onde os sindicatos foram chamados a debater os pontos da reforma. Equivocadamente, os sindicatos, diante da oportunidade de intensificar a mobilização, morderam a isca sentando à mesa separadamente para negociar e reformular a proposta que foi apresentada ontem novamente para votação, dividindo assim o movimento. Prevendo a reação combativa dos servidores assim como da outra vez, o governador convocou o aparato repressor do Estado para evitar uma no-

va ocupação e impor a aposentadoria da morte aos funcionários públicos. Um efetivo de 120 soldados da Polícia Militar e do Batalhão de Choque foi encarregado de impedir o acesso às ruas principais e ao prédio da Assembleia Legislativa onde ocorrera a votação às 18 horas (hora local). Sob palavras de ordem de “abaixo à ditadura do Camelli” e “Governador traidor do povo“, os servidores permanereceram tentando ter acesso ao prédio. A a proposta foi aprovada, uma vez que a base da situação é a maioria, apesar dos protestos. Que a lição seja aprendida: com a direita não tem negociação.

PSDB DESMONTA A SAÚDE EM SP

Aplicativo para marcar consulta nas UBS de SP do PSDB não funciona Aplicativo fornecido pelo governo para agendar consultas médicas não funciona. Vários pacientes têm reclamado da dificuldade para marcar consultas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) utilizando o aplicativo do celular “Agenda Fácil”, feito pela prefeitura de São Paulo, supostamente para agilizar o serviço. Paulo Santana, metalúrgico de 50 anos, relata ter tentado todos os dias, durante três semanas, agendar uma consulta com um clínico geral na UBS do Jardim Brasil, zona norte. Como se isso não bastasse, ao chegar na UBS no dia 5 de novembro, foi informado que a sua consulta havia sido cancelada. Ele não foi alertado nem pelo aplicativo, nem pelo pessoal da UBS do problema e diz: “afirmaram só que se eu quisesse remarcar teria que voltar pro final da fila.”

Paulo desistiu de usar o aplicativo e preferiu fazer o agendamento presencialmente. Foi à UBS às 6h da manhã para marcar a consulta e está será realizada apenas no dia 9 de janeiro. “Presencialmente é horrível, tem que pedir licença do trabalho apenas para agendar um horário e demora muito”. Outras 600 funcionários que trabalham na mesma empresa que Paulo perderam o convênio e passaram a precisar usar o SUS. Muitos desses também relatam dificuldade em agendar consultas pelo aplicativo. Cristina da Silva, promotora de 27 anos, relata receber a mensagem “no momento não há vagas pelo aplicativo” há quatro meses, sempre que tenta marcar uma consulta usando o aplicativo, para a UBS Jardim São Jorge, zona oeste. “Ninguém tem paciência na uni-

dade para explicar o que está acontecendo e acabo tendo que esperar horas para marcar um horário”. Não há funcionários para orientar sobre como utilizar o aplicativo e nem folhetos explicativos. Muitas pessoas idosas têm dificuldade em utilizar o “Agenda Fácil”. Gisele Rosa Souza, técnica de enfermagem de 47 anos, afirma ter demorado quatro semanas para agendar uma consulta para a filha. Apenas quando chegou o dia da consulta, foi informada que o médico havia pedido demissão. “Eu entrei todos os dias no aplicativo para conseguir um encaixe e no final não serviu de nada, a UBS nem reagendou o atendimento”, relata Gisele. A consulta seria na UBS Malta Cardoso, Rio Pequeno, zona oeste. Muitos usuários do aplicativo recla-

mam que quando há imprevistos ou mudanças, o “Agenda Fácil” não envia aviso algum para o paciente. Cinicamente, a Secretaria Municipal de Saúde, da gestão de Bruno Covas, se resume a afirmar apenas que não há problema técnico algum com o funcionamento do aplicativo. O governo do PSDB em SP está realizando um desmonte da saúde pública. Como todo governo direitista, eles só querem saber de privatizar tudo, o que deixa a população na mão das empresas prestadoras de serviço e dos preços que essas quiserem cobrar. A fiscalização da qualidade desses serviços será feita de forma tosca, pois são empresas amigas dos políticos que ajudaram a eleger. Essa é a política do neoliberalismo.

SAÚDE PRIVADA

SP: população sabe que lei sobre planos de saúde só beneficia empresas Um a cada dez clientes de planos de saúde chegaram a recorrer à Justiça Até mesmo o Datafolha reconhece: 68% dos paulistanos que usam planos de saúde consideram que a lei beneficia as empresas e prejudica os consumidores. A pesquisa foi divulgada nessa terça-feira (26) no 3º Seminário Folha sobre Saúde Suplementar. “Quanto maior a instrução, mais críticas se formar”, disse Mauro Paulino, diretor do Datafolha, que realizou a abertura do seminário, que ocorreu no auditório da Unibes Cultural, em São Paulo. O evento foi patrocinado pela Unimed e Qualicorp. E contou com o apoio da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e da Associação Nacional de Administradoras de Benefícios (Anab).

A pesquisa também revelou que 39% dos paulistanos que têm planos de saúde se sentem desprotegidos, sendo esse sentimento mais alto entre os mais instruídos. E que um a cada dez clientes de planos de saúde chegaram a recorrer à Justiça contra as empresas prestadoras do serviço. Sendo as reclamações judiciais referente a principalmente não autorização dos serviços: cirurgias (38%), exames (14%). Seguido de aumento abusivo (11%) e cobranças indevidas (8%). Por fim, a pesquisa também aponta uma grande insatisfação com a transparência nas informações como de reajuste, carências e coberturas (72%).

Seguida de insatisfação com falta de psicólogo e psiquiatra (68%). O seminário que apresentou essa pesquisa mostra que a Datafolha em parceria e os próprios planos de saúde são obrigados a reconhecer que o povo sabe que as leis apenas beneficiam as empresas e as máfias dos planos de saúde. Com o congelamento de investimentos em saúde e educação por 20 anos aplicado pelo governo golpista e ilegítimo de Michel Temer e continuado pelo igualmente golpista e ilegítimo Jair Bolsonaro, juntamente com o acelerado aumento das privatizações, a população vai precisar recorrer cada vez mais a máfia da saúde privada.


14 | NEGROS E CULTURA

EUA

Após 36 anos presos, três negros são inocentados Os três homens foram condenados por ação irregular da polícia e da promotoria, afirma procuradora No Leste dos Estados Unidos, em Baltimore, três homens negros que passaram 36 anos na prisão foram inocentados ontem pela morte de um adolescente em 1983. Alfred Chestnut, Andrew Stewart e Ransom Watkins foram condenados a prisão perpétua pela morte de Dewitt Duckett, estudante de 14 anos, na escola Harlem Park, de Baltimore. À época, o adolescente tomou um tiro no pescoço e teve sua jaqueta da Universidade de Georgetown roubada. Durante a apuração do crime, testemunhas foram coagidas pela polícia a apontar para os três adolescentes negros de, na época, 16 anos. Ademais, após o crime, Alfred Chestnut foi visto com uma jaqueta de Geor-

getown; sua mãe apresentou o recibo da compra, anulando as acusações, mas o mesmo foi ignorado pela investigação, que levou Chestnut, Stewart e Watkins para a cadeia. Este episódio expõe o quão racista é o sistema judicial e carcerário norte-americano, o qual o Brasil se espelha. Este é só mais um dos casos em que negros são presos unicamente pelo fato de serem negros. Não trata-se apenas de um erro da justiça, mas de um modus operandi, que busca esmagar a população preta e pobre com violência, miséria e encarcerando-a. Diante dessa situação, apenas a mobilização do povo negro pode derrotar esta política de guerra declarada da burguesia contra o setor.

CENSURA

Ditadura bolsonarista censura ator em festival de cinema brasileiro A plateia protestou contra o profundo sucateamento das políticas públicas na cultura imposto pelo governo fascista de Jair Bolsonaro e pelo governador Ibaneis Rocha.

A realização do 52° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro sob organização da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal entre os dias 25 e 29 de novembro no Cine Brasília foi marcado por enorme repúdio dos presentes, onde a plateia protestou contra o profundo sucateamento das políticas públicas na cultura imposto pelo governo fascista de Jair Bolsonaro e pelo governador Ibaneis Rocha. Durante discurso de abertura do secretário de governo da Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Adão Cândido, sua fala foi totalmente abafada por um coro de “Fora Adão!” e “Cadê o FAC?”, em referência ao cancelamento do edital do Fundo de Amparo à Cultura, no valor de R$ 25 milhões, ocorrido em maio deste ano. Mais tarde, pouco antes do início da

sessão com os filmes concorrentes ao prêmio, o ator Marcelo Pelucio pegou o microfone para ler uma carta do Movimento Cultural do Distrito Federal, que reúne diversas entidades artísticas, mas foi impedido por um segurança que tentou tirar a folha de sua mão, tendo logo em seguida o som do microfone cortado, com a plateia reagindo aos gritos de “censura”. Na carta, além de criticar a suspensão do fundo, o documento ainda cita o não cumprimento de alguns aspectos da Lei Orgânica de Cultura (LOC), como um artigo que obrigaria a publicação do superávit do ano anterior no mês de janeiro. Tal situação demonstra claramente a política da direita e da extrema direita que tem como bandeiras atacar e calar os setores mais progressitas do país como a cultura.


CULTURA | 15

TARSILA PARA CRIANÇAS

Exposição mostra Tarsila do Amaral para público infantil Dividida em sete estações a exposição terá: a Vila dos Sentidos, a Toca da Cuca, o Universo Tarsila e a Floresta Negra, o Jardim Afetivo, As Cores de Tarsila e Papo com Abaporu. Tarsila do Amaral será homenageada com exposição dedicada ao publico infantil. Dia 26 será aberta a exposição no Farol Santander, rua João Brícola, 24. a exposição “Tarsila para Crianças” será aberta dia 26 terça feira e vai até 2 de fevereiro, estará exposta de terça a domingo das 9h as 20h, a mostra será nos andares 19° e 20° do prédio no centro de São Paulo ao lado do Mosteiro São Bento e terá um espaço de 490 metros quadrados a entrada custa R$ 25,00. A exposição conta com tecnologia sensorial, proporcionando uma interação do publico com as obras da artista plastica. A curadoria é de Tarsila do Amaral, sobrinha-neta da artista, e ainda Patricia Engel Secco e Karina Israel. Dividida em sete estações a exposição tem inicio no 20º andar com quatro estações a Vila dos Sentidos, a Toca da Cuca, o Universo Tarsila e a Floresta Negra. Depois, no 19.º andar, as três últimas, o Jardim Afetivo, As Cores de Tarsila e Papo com Abaporu. Em cada estação estará ambientes coloridos e ricos em informação fazendo com que as pessoas possam interagir com as obras da autora. “Acabamos de fazer uma exposição no Masp com as obras dela, mas há muito tempo tenho ido atrás de outra linguagem, pois temos de atingir esse público infantil, que, daqui a pouco, será adulto e vai

apreciar arte, ir a mostras e, com certeza, gostar da obra da minha tia, então precisamos cativar essa geração”, afirma Tarsila do Amaral em reportagem para o jornal Estadão. A curadoria acrescenta que será possível sentir cheiro de mato e de flores, o som será de bichos como sapo grilo e até um trem. O quadro Lua que tem seu espaço na exposição, terá formato de um balanço onde as crianças possam se sentar e balançar, tirar fotos e etc. no quadro Abaporu as crianças ou adultos poderão fazer perguntas através de totens em touchscreen. Segundo a organização essa é a maior mostra sobre a autora que elas já fizeram e as crianças poderão pintar, brincar e fazer releituras das obras. “A gente já fez outras mostras, com outros formatos, mas essa é maior, mais caprichada. O foco central é a criança, mas, com certeza, vai atrair adultos também, que vão curtir essa interatividade” afirma Tarsilinha. Estação 1 - Vila dos Sentidos, que traz referências à infância de Tarsila, passada na fazenda São Bernardo, no interior de São Paulo. Estação 2 - Toca da Cuca. A inspiração é o quadro A Cuca, e o público entrará em contato com bichos divertidos projetados no espaço. Estação 3 - Universo Tarsila, que remete à obra Cartão Postal, onde os pe-

quenos visitantes vão colorir diferentes elementos encontrados em sua obra. Estação 4 - tem a Floresta Negra, que nos leva a um passeio pelo quadro Floresta. Estação 5 - Jardim Afetivo é uma jornada sensorial, com animações e sons, que remetem a 4 quadros de Tarsila: O Sapo – Estação de Ferro – A Boneca – Paisagem com Touro I – todos tem relação com um Brasil rural. Estação 6 - As Cores de Tarsila, com reproduções de alguns quadros, que reveem os tons usados por ela, como as Cores Caipiras: azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo e verde cantante.

Estação 7 - Papo com o Abaporu, que tem elementos que compõem três de suas obras mais importantes: Sol Poente – área composta por fotos, com um fundo cenográfico projetado com os círculos em laranja concêntricos em movimento. A Lua – um balanço remete a um de seus quadros mais famosos. E Abaporu – diante de uma reprodução do quadro haverá dois totens touchscreen com perguntas que serão respondidas pelo enigmático personagem que está na tela brasileira mais valorizada no mercado mundial, com valor estimado em US$ 40 milhões.

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16 | ESPORTES

ABAIXO O CLUBE-EMPRESA

Botafogo S/A: uma ilusão que pode levar à destruição do time Clube dos mais tradicionais do Brasil, os cartolas do Botafogo veem no clube-empresa a salvação financeira do clube. O resultado disso, porém, pode (e tende a) ser o oposto A burguesia e a direita golpista caminham a passos largos para entregar o controle dos clubes de futebol brasileiros aos grandes capitalistas. Na última semana, a propósito, a Câmara dos Deputados, sob batuta do direitista Rodrigo Maia (DEM-RJ), aprovou o regime de urgência para a tramitação de um dos projetos de lei que busca implantar a figura do clube-empresa no Brasil. Na Câmara e no Senado há mais de um projeto que visa a instituir o modelo empresarial no futebol brasileiro. Alguns desses projetos apresentam diferenças entre si quanto à forma de implantação do modelo. A imprensa burguesia, porém, já noticiou que, no entendimento de alguns cartolas, a pressa na aprovação do projeto capitaneado por Rodrigo Maia e seu correligionário, Pedro Paulo, tem a ver com o fato de que ele beneficiaria mais imediatamente um determinado clube que se encontra com os preparativos para aderir ao clube-empresa em fase bastante avançada. Esse clube seria o Botafogo. Clube dos mais tradicionais do futebol brasileiro, o Botafogo, já há algum tempo, apresenta um quadro financeiro crítico. As dívidas do clube rondam a casa dos R$ 750 milhões, o que inclui débitos com fornecedores, União e ações trabalhistas. A cartolagem do alvinegro carioca enxerga na adoção do clube-empresa a salvação do clube, um meio para revitalizar financeiramente a instituição. Isso se materializaria na criação do Botafogo S/A, sociedade anônima que passaria a determinar os rumos do clube. A previsão dos cartolas botafoguenses é de que já no ano que vem, 2020, o Botafogo apareça no palco com o novo figurino. Mas, realmente, se trata só disso? De recuperar as finanças do clube? Cria-se uma S/A, atrai-se os ditos investimentos, nacionais e estrangeiros, e a Estrela Solitária volta a brilhar quase que instantaneamente? Transformando-se em empresa capitalista, a relação entre o clube e seus torcedores permanece exatamente como era antes? Para todas essas perguntas, a resposta é negativa. Em primeiro lugar, não se trata pura e simplesmente de uma operação de recuperação financeira ou de atração de investimentos. Trata-se de uma operação que toca na própria natureza do clube, na sua finalidade e razão de ser, na sua estrutura de comando e poder. Transformando-se em empresa capitalista, o clube passa a estar submetido integralmente aos desígnios de seu dono, de seu proprietário. E, como o seu dono seria um capitalista, ou um grupo capitalista, o Botafogo inevitavelmente ficaria amarrado às necessidades e exigências de lucro do seu proprietário. De instituição esportivo-cultural, apoiada sobre bases populares, passaria a ser um mera

instituição cuja finalidade não é senão auferir mais e mais lucros para seus donos ou acionistas. Em segundo lugar, o clube-empresa está longe de ser um empreendimento infalivelmente bem-sucedido. Como é da natureza do mercado capitalista, a possibilidade do fracasso, da falência, é algo inerente. Mais do que isso, olhando para o histórico de iniciativas similares, o fracasso não é só uma possibilidade, mas uma tendência. O exemplo mais recente e significativo disso é o do Figueirense, clube catarinense que, recorrendo à “eficientíssima” iniciativa privada (no caso, a empresa Elephant), ficou à beira do precipício, tanto financeira quanto esportivamente, e que só não caiu desfiladeiro abaixo porque, no pico da crise, no momento em que o clube estava mergulhado em dívidas e atolado na parte de baixo da tabela na Série B do Brasileiro, a sua própria torcida cerrou fileiras e impulsionou a ruptura com a sanguessuga capitalista que fazia o organismo do clube definhar. Outro caso que contraria as altas expectativas depositadas no clube-empresa é o da parceria Corinthians/ MSI. Embora essa parceria não apresente, do ponto de vista jurídico, o mesmo formato do modelo que se tenta implementar agora, ela, na prática, representa o domínio de um agrupamento capitalista sobre um grande clube de futebol. Em 2004, o clube paulista e o fundo de investimento sediado em Londres, MSI (Media Sports Investment), firmaram acordo pelo qual a entidade financeira estrangeira assumiria o controle do departamento

de futebol do clube. O início da parceria pareceu um sonho: muito dinheiro investido, várias contratações de peso (Tévez , Mascherano, Nilmar, Carlos Alberto, Roger Flores etc.) e, apesar dos escândalos envolvendo a “máfia do apito”, a conquista do Brasileirão de 2005. Em 2006, porém, começa o pesadelo: iniciam-se investigações sobre a origem do dinheiro da MSI, que geram acusações criminais (lavagem de dinheiro, evasão de divisas, sonegação fiscal) contra contra o fundo de investimento e seu representante no Brasil, Kia Joorabchian, e contra Alberto Dualib e Nesi Curi, então presidente e vice-presidente do clube, respectivamente. A parceria entra em crise e começa a afetar os resultados dentro de campo. O primeiro golpe foi a fatídica derrota para o River Plate na Libertadores, em 2006. Após os escândalos, a MSI deixa sua sede no Brasil abandonada, e seus representantes, entre os quais Kia, voltam para Londres. O contrato entre as partes só seria revogado em junho de 2007, mas o estrago já estava feito: a MSI deixou o Corinthians com uma dívida de R$ 90 milhões e, para coroar o desastre, com um elenco em completo desmonte que protagonizaria, ao final, o pior revés do clube em sua história — a queda para a Série B do Brasileiro. Em terceiro lugar, a “empresarização” do clube constituirá um profundo ataque aos torcedores do clube, sobretudo aos seus setores mais pobres e explorados. Uma vez sob o controle dos capitalistas, não é preciso muita imaginação para prever a elitização do clube e do estádio, o encarecimento dos ingressos, os favorecimentos in-

contáveis e exclusivos aos sócio-torcedores, os ataques aos torcedores organizados e assim por diante. Uma empresa capitalista é o reino do capitalista, o terreno onde ele impera, onde ele manda e desmanda. Em se tratando de um grande clube de futebol, isso significa o total alijamento dos torcedores da vida do clube. Um clube como o Botafogo, um clube popular e de massas, um clube com larga história, tradição e importância para o futebol nacional, é obra de inúmeras gerações de homens e mulheres, é obra de incontáveis gerações de jogadores, torcedores e dirigentes, é obra coletiva, portanto de uma ampla fração das massas. Entregá-lo ao domínio completo dos capitalistas é o mesmo que privatizá-lo, se apropriar em caráter privado de uma entidade social, expressão do povo e de sua cultura. O clube-empresa promete a recuperação financeira do clube, mas o que ele pode e tende a entregar é a sua falência e bancarrota. O clube-empresa promete a revitalização e modernização do clube, mas o que ele pode e tende a entregar é o aniquilamento, gradual ou abrupto, de sua história, de suas tradições, de suas cores e de seu caráter popular. Aquilo que é obra do povo e é do interesse do povo, deve ser controlado e dirigido pelo próprio povo. O Botafogo é obra dos botafoguenses, é do interesse dos botafoguenses e, por isso, deve ser controlado e dirigido pelos botafoguenses, e não por este ou aquele acionista, por este ou aquele grupo capitalista. Abaixo o clube-empresa!


BOLÍVIA: ABAIXO O GOLPE MILITAR

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