Diário Causa Operária nº5831

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TERÇA-FEIRA, 19 DE NOVEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5831

Lula: “Lula Livre” tem que se transformar em anulação dos processos N

o último domingo (17), milhares de pessoas foram até o Pátio do Carmo, no centro do Recife, para participar do Festival Lula Livre. O evento, que já havia sido marcado antes de o ex-presidente Lula sair da cadeia, acabou por se tornar o primeiro festival com Lula livre, de modo que o próprio petista veio até a capital pernambucana. Mais de quarenta artistas se apresentaram, totalizando cerca de dez horas de festival.

O verdadeiro papel das eleições de 2020 A política consciente da esquerda burguesa e da esquerda pequeno burguesa é a de colocar em lados opostos as eleições e a necessidade dos trabalhadores intervirem de maneira independente na situação política, que, na atual etapa, significa lutar contra o golpe de Estado no País.

Esquerdistas campeões no apoio à lava jato defendem STF e atacam Lula

Esquerda brasileira realiza diversos atos contra o golpe na Bolívia Com o golpe de Estado que depôs o presidente da Bolívia, Evo Morales, e colocou no governo elementos da extrema-direita, ligados ao golpista Luis Fernando Camacho, e representados na golpista autoproclamada presidente, Jeanine Áñez, a esquerda brasileira reagiu e convocou uma séria de atos contra o golpe no país vizinho.

Proclamação da República: etapa Ameaça ao povo: pesquisa revolucionária da história do Brasil mostra mais de 300 grupos Os episódios da história do Brasil são interpretados pela historiografia oficial como manobras e arranjos da elite nacional como se não existissem contraditórios interesses entre as classes e inclusive entre as frações da própria classe dominante e ignoram, por consequência, a própria luta de classes. Desse modo, para essa pretensa historiografia, as massas trabalhadoras, as classes oprimidas passam completamente à margem da história.

nazistas no Brasil

De acordo com uma pesquisa feita por Adriana Abreu Magalhães Dias, antropóloga da Unicamp, existem cerca de 334 célula nazistas no Brasil. Segundo a pesquisa, a maioria destas células se encontram nas regiões Sul e Sudeste e estão dividas entre cerca de 17 organizações de extrema-direita – dentre as quais: hitleristas, separatistas, negacionistas do holocausto e setoriais da Ku Klux Klan (KKK).

Veja aqui a programação integral do PCO neste final de ano

Em nota publicada no seu sitio na internet (Movimento), no último dia 8, intitulada “Lula livre: a necessidade da unidade contra Bolsonaro e de construir uma nova esquerda”, o Secretariado Nacional de uma das principais corrente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o MES (Movimento Esquerda Socialista), manifesta-se sobre a situação a partir da libertação do expresidente Luís Inácio Lula da Silva.

Conheça o projeto Universidade Marxista


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

O verdadeiro papel das eleições de 2020

A política consciente da esquerda burguesa e da esquerda pequeno burguesa é a de colocar em lados opostos as eleições e a necessidade dos trabalhadores intervirem de maneira independente na situação política, que, na atual etapa, significa lutar contra o golpe de Estado no País. As eleições, em geral, são o campo de atuação mais desfavorável para esquerda. A burguesia domina o aparelho de estado, a imprensa, a justiça eleitoral. Não foi por outro motivo que o objetivo do golpe de 2016 era legalizá-lo com as eleições de 2018. Para isso, colocaram em funcionamento toda a engrenagem do Estado para conduzir as eleições de acordo com seus interesses, a começar por desencadear uma campanha venal contra a própria esquerda e o seu principal representante, o ex-presidente Lula, que culminou com a condenação e prisão de Lula, a fraude eleitoral e a imposição de um candidato saído das entranhas do golpe. O domínio da burguesia sobre as eleições de 2018, a manipulação e a fraude escancaradas que promoveram, não foi um aspecto particular de uma etapa marcada pelo golpe de Estado. Essa é a história do Brasil. Para não irmos longe, basta ver as eleições presidenciais a partir de 1989 e as sucessivas manipulações e fraudes que impediram a vitória do candidato popular, o próprio Lula. Poderia se objetar as eleições de 2002. Ocorre que essas eleições apenas confirmam a regra. Diante da desagregação do regime política por conta da política de destruição nacional imposta pela primeira onda neoliberal que levou, inclusive, a muitas explosões sociais na América Latina e aos governos nacionalistas como resultado dessas explosões, a burguesia brasileira e o imperialismo procuraram estabelecer um acordo com o PT, para “permitir” a vitória de Lula e evitar que o quadro geral dos países da AL se alastrasse para o Brasil. Ainda no primeiro mandato de Lula, a burguesia já começou a se articular para derrubar seu governo, com o “Mensalão”, a operação precursora da Lava-Jato, mas a falta de unidade da burguesia e um amplo apoio popular a Lula vão garantir a sua reeleição e a de Dilma Rousseff por duas vezes. 2014 foi o limite para a burguesia, nesse momento já unificada em torno dos golpes que começam a ser implementados pelo imperialismo em pelo menos

dois países, Honduras e Paraguai. A partir daí foi uma questão de tempo. Os três anos que separam o golpe no Brasil e da Bolívia tem como característica comum a repetição do mesmo réquiem, que embalou o fim dos dois governos, que consistiu, no fundamental, na ilusão de que as eleições eram a garantia do “estado democrático”. O que diferencia os dois casos foi a velocidade dos acontecimentos na Bolívia. No mais, os processos políticos foram quase como uma cópia fiel um do outro. Quanto mais a esquerda cedia, mas o golpe avançava. Esse é o grande segredo ilusório das eleições, que seriam como uma panaceia que garantiria a “democracia”, como uma religião universal. Em nome desse valor “universal”, a mobilização, a luta popular devem ficar para as calendas gregas. No final das contas, o que vale é a política mesquinha do interesse pessoal. Em nome de estabilizar o regime político, conseguir um cargo no parlamento ou no executivo de alguma cidade ou estado, as massas tem que baixar a cabeça para as imposições da burguesia. É virar a página do golpe. Esse é o espírito que norteia a esquerda pequeno-burguesa. Esse é o espírito que norteia as eleições de 2020 para a esmagadora maioria da esquerda brasileira. A crença, por mais que a realidade mostre o contrário, que o golpe será contido pelas eleições, que o desgaste do governo fascista de Bolsonaro, primeiro em 2020, depois em 2022, irá resgatar a “democracia” é um beco sem saída para a esquerda e, muito pior, é o caminho que vai pavimentar o esmagamento das massas. O único caminho progressista para a esquerda, particularmente em um momento que a luta de classes evolui no sentido mais extremado, é uma política independente do regime burguês. A esquerda deve participar das eleições para denunciar o golpe de Estado, para fazer propaganda pelo fora Bolsonaro, pela anulação todos os processos contra Lula, por eleições gerais e por Lula candidato. Mais: a campanha para ser efetiva tem de se dar com o chamado das massas às ruas! Quaisquer outros caminhos que não sejam a da mobilização popular e de uma luta efetiva para varrer com o regime golpista, só cumprirá a função de confundir as massas e de abrir a possibilidade de recomposição da direita golpista.

“Olha o pesado”! Por Victor Assis

Nas grandes cidades do país, atravessar uma feira, entrar em um vagão de metrô ou até mesmo andar pelo centro pode ser uma atividade de extrema dificuldade. O desafio de se deslocar sem esbarrar em ninguém, nem levar uma cotovelada ou provocar uma briga, e, ao mesmo tempo, chegar ao destino desejado a tempo é parte do cotidiano. Para facilitar isso, ambulantes e trabalhadores em geral desenvolveram um grito que funciona como uma espécie de senha: "Olha o pesado!" Supostamente, o único dia da semana em que essa senha não precisa ser utilizada é o domingo. As ruas ficam mais esvaziadas, não há congestionamento, não há grandes aglomerações, o comércio é fechado etc. No entanto, isso não valeu para o centro do Recife no último domingo (17), quando aconteceu o Festival com Lula Livre. O festival já havia sido marcado há algumas semanas, antes de Lula ter saído das masmorras da Polícia Federal, e teria como objetivo reivindicar sua liberdade. Com a soltura do ex-presidente, o próprio Lula foi convidado para participar do evento. Era inevitável, portanto, que milhares de pessoas decidissem ir até o Pátio do Carmo para ver ou rever o maior líder popular do país, que ficou encarcerado durante 580 dias. O pátio inteiro estava tomado pelos presentes no festival. Por tomado, não digo que havia gente espalhada cobrindo cada canto do espaço apenas para tirar uma boa foto. Em todo o pátio, incessantemente, os ativistas presentes desafiavam o impeditivo de dois corpos ocuparem o mesmo espaço. E não era só o pátio em si. Um longo trecho da Avenida Dantas Barreto, que é larga, possui quatro faixas para carro e passa na frente do pátio, também estava tomada. As demais ruas, que dão acesso a Dantas Barreto, como a Avenida Nossa Senhora do Carmo e a Rua da Indústria, também foram incorporadas ao festival. Inutilmente, o público se espremia para dar conta de chegar perto do palco e ver o ex-presidente, ou ao menos, ver o telão que lhe mostrava em tempo real. Mas o festival, que se transformou em uma gigantesca manifestação contra o regime político, assumiu uma dimensão tal que isso

já nem era possível. Para muitos, participar do festival significava estar a 300 metros do palco! Passar no meio da multidão, obviamente, se tornou um desafio para qualquer um que precisasse se deslocar durante a manifestação, sobretudo os ambulantes, carregando caixas de isopor. Para que se tenha uma ideia, um trajeto de 500 metros, que é a distância entre a beira do Pátio do Carmo e o depósito onde se vendia gelo, levava cerca de 45 minutos para ser percorrido. Para conseguirem passar, a única opção dos ambulantes era lançar mão da senha, que é tida como infalível, mas quase o deixa de ser no Festival com Lula Livre, tamanha era a aglomeração: "Olha o pesado!" Mas não foram só os ambulantes que sentiram o poder de mobilização do ex-presidente Lula. Nem tampouco os manifestantes. Naquele dia, a cidade inteira, nos mais variados aspectos, foi afetada. Já às 8h da manhã, cerca de dez horas antes mesmo de o ex-presidente subir ao palco, o trânsito havia sido completamente alterado em todo o centro da cidade, que engloba pelo menos cinco bairros. Era como se a cidade, como um todo, ao saber que estava carregando o maior líder popular do país nos ombros, gritasse: "Olha o pesado!" Lula não é um político tradicional do regime burguês, que sobrevive dos cargos acumulados sob a base da demagogia. Lula é parte do movimento operário e, portanto, uma ferramenta fundamental para a luta contra o golpe. O fato de ter arrastado milhares de pessoas em um domingo mostra sua capacidade de mobilização e mostra, também, a forte disposição da população em geral de se confrontar com o regime político. Afinal, para o regime, Lula não passaria de um bandido, um criminoso… É preciso aproveitar, portanto, a vitória parcial que significa a soltura de Lula pela própria burguesia, que se sentiu ameaçada pelos levantes na América Latina e pela própria tendência à mobilização no Brasil. É preciso avançar e organizar um movimento que exija a anulação de todos os processos contra o ex-presidente Lula, restitua seus direitos políticos, derrube o governo Bolsonaro e imponha eleições gerais com Lula candidato!


POLÍTICA | 3

FESTIVAL LULA LIVRE EM RECIFE

Lula: “Lula Livre” tem que se transformar em anulação dos processos O ex-presidente Lula, em discurso na noite do último domingo (17), declarou que é necessário anular todos os processos em que se encontra envolvido. No último domingo (17), milhares de pessoas foram até o Pátio do Carmo, no centro do Recife, para participar do Festival Lula Livre. O evento, que já havia sido marcado antes de o ex-presidente Lula sair da cadeia, acabou por se tornar o primeiro festival com Lula livre, de modo que o próprio petista veio até a capital pernambucana. Mais de quarenta artistas se apresentaram, totalizando cerca de dez horas de festival. O festival começou por volta do meio-dia, quando começaram a chegar os primeiros ativistas e as primeiras caravanas para o festival. Poucas horas depois, o Pátio do Carmo inteiro estava tomado pela multidão. No fim da tarde, quando já se aproximava o momento em que Lula discursaria, todas as ruas no entorno do pátio também estavam bloqueadas por uma manifestação gigantesca. O tamanho do festival mostrou, mais uma vez, a fortíssima tendência à mobilização a qual o povo brasileiro se encontra submetido. Foi essa tendência à mobilização, em conjunto com os demais levantes na América Latina e o fracasso da política econômica do governo Bolsonaro, que encurralaram a burguesia e forçaram-na a libertar o maior líder popular do país. Diante dessa tendência, sentindo o apoio da esmagadora maioria da população, o ex-presidente Lula declarou, em seu discurso no festival: "Eu estou aqui para dizer para vocês, companheiros e companheiras, que o show vai continuar quando eu sair daqui. Agora a campanha “Lula Livre” tem que se transformar em uma campanha muito maior porque o que

nós queremos é a anulação da safadeza dos processos contra nós!" Ao dizer isso, Lula, com precisão, colocou o programa que os trabalhadores devem seguir em torno de sua figura. Se a mobilização popular foi capaz de tirá-lo da cadeia, agora é hora de partir para cima e acabar com toda a perseguição política do regime golpista. Afinal, Lula continua condenado a 8 anos e 10 meses de cadeia, conforme decidido pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Sua liberdade só estaria garantida até o momento em que os recursos impetrados por sua defesa em relação a essa condenação fossem esgotados. Além disso, há outros oito processos contra o ex-presidente e um movimento da direita parlamentar para aprovar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permita a execução de pena antes do esgotamento de recursos. Em resumo, há muitas manobras das quais a burguesia pode lançar mão para trancafiar novamente o maior líder popular do país. Mas também não é só isso: mesmo em liberdade, Lula continua privado de seus direitos políticos. Lula não poderá ser candidato nas eleições presidenciais de 2022, nem muito menos em uma eleição antecipada no caso cada vez mais provável de o governo Bolsonaro ser posto abaixo. A anulação de todos os processos – que são todos eles fraudulentos – enterra, portanto, a possibilidade de uma nova prisão e restitui Lula de todos os seus direitos políticos. Em outra parte de seu discurso, Lula já havia deixado claro que não está disposto a fazer um acordo com a direita para ter a sua liberdade garantida:

"A minha casa não é uma prisão, a minha casa é o meu lugar de liberdade. Minha canela não é canela de pombo, e eu não sou pombo correio para colocar tornozeleira. Não aceito negociação, eu quero a minha inocência!" Como dito pelo próprio Lula, a restituição de seus direitos não virá por meio de um acordo com a direita, que acabou de dar um golpe militar na Bolívia e que está devastando toda a América Latina. É preciso, para isso, organizar um movimento amplo, que dê à mobilização popular o poder de colocar o regime político contra a parede e exigir que os processos sejam anulados. Ao mesmo tempo em que os trabalhadores lutam contra o Judiciário e o Congresso Nacional, instituições pilares do golpe de 2016, para ter os direitos políticos de Lula restituídos, é preciso intensificar a mobilização pela

derrubada imediata do governo Bolsonaro. Ilegítimo, resultado de uma fraude eleitoral, Bolsonaro é um fascista que está disposto até mesmo a impor uma ditadura militar ao país para que a mobilização dos trabalhadores não avancem. Até agora, Lula nunca falou claramente que era preciso derrubar o governo Bolsonaro. No entanto, como uma liderança bastante sensível às reivindicações do movimento operário, o ex-presidente tem criticado diretamente o governo e apontado que a extrema-direita no poder não é compatível com os interesses da população. No final de seu discurso no festival em Recife, Lula disse: Vou terminar dizendo para você uma coisa. Tenho certeza absoluta que cada minuto de vida que eu terei pela frente será dedicado pela libertar esse país da quadrilha de milicianos que tomou conta desse país!

EXTREMA DIREITA NO BRASIL

Ameaça ao povo: pesquisa mostra mais de 300 grupos nazistas no Brasil Quase todos estes grupos apoiam o presidente Jair Bolsonaro ou afirmam que este é muito moderado. De acordo com uma pesquisa feita por Adriana Abreu Magalhães Dias, antropóloga da Unicamp, existem cerca de 334 célula nazistas no Brasil. Segundo a pesquisa, a maioria destas células se encontram nas regiões Sul e Sudeste e estão dividas entre cerca de 17 organizações de extrema-direita – dentre as quais: hitleristas, separatistas, negacionistas do holocausto e setoriais da Ku Klux Klan (KKK). Segundo informações da Rede Brasil Atual: “A pesquisa mostra que há registros de grupos localizados em cidades como Fortaleza, João Pessoa, Feira de Santana (BA) e Rondonópolis (MT). Porém, o estado com mais células é São Paulo, com 99 grupos, sendo 28 só na capital. Santa Catarina vem logo atrás com 69 células, seguido por Paraná (66) e Rio Grande do Sul (47). Há exemplos também de estados que es-

tavam sem registros de atividades até pouco tempo, mas começam a ganhar corpo, como Goiás, que já possui seis grupos nazistas. As células são compostas por três a 40 pessoas.” Em sua pesquisa Adriana também identificou mais de 6.500 endereços eletrônicos de organizações nazistas na língua portuguesa e dezenas de milhares de neonazistas brasileiros em fóruns internacionais na internet. “São grupos de pessoas que conversam, que se reúnem, e eu localizei essas reuniões por sites na internet, blogs ou fóruns. Nenhum deles tem uma corrente única. Eles leem autores que, pelo mundo, brigam um com o outro”, afirmou a pesquisadora. Na internet, a antropóloga afirma que os grupos, que estão presentes no Twitter, promovem uma postagem antissemita a cada quatro segundos.

Ela calculou também que há uma postagem a cada oito segundos em português contra negros, pessoas com deficiência e LGBTs.

Com isso, fica clara a ameaça que a extrema-direita é. Não se trata de teoria da conspiração ou de qualquer coisa do tipo. Quase todos estes grupos apoiam o presidente Jair Bolsonaro ou defendem que este é muito moderado, defendendo uma postura mais radical contra a esquerda e os setores oprimidos da sociedade. Por isso, é importante mobilizar contra a extrema-direita. É preciso colocá-los de volta para o esgoto da sociedade. É preciso reagir contra qualquer agressão da extrema-direita e expulsá-los quando tentarem intimidar a esquerda. Neste sentido, para entender como surge o fascismo e como combatê-lo é fundamental participar da 45ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária (PCO) – Fascismo: o que é e como combatê-lo, parte 2.


4 | ATIVIDADES DO PCO

PARTICIPE!

Eleições, Fora Bolsonaro, Lula etc.. A 2ª conferência contra o golpe O PCO concentrará todas suas forças para convocar uma grande conferência dos comitês de luta contra o golpe. Todos precisam participar da atividade! No final de semana dos dias 14 e 15 de dezembro, ocorrerá a II Conferência Nacional Aberta de Luta contra o Golpe e o Fascismo. Caravanas de todos os lugares saírão em direção a São Paulo para participar da atividade. Organizada pelos comitês de luta contra o golpe, a conferência tratará de temas atuais da política nacional e internacional, como a ofensiva do imperialismo contra América Latina, promovendo golpes em diversos países; o governo Bolsonaro; e a luta pela anulação de todos os processos contra Lula. Será uma atividade nacional dos comitês de luta contra o golpe, que discutirá a atual situação política e deliberar sobre os próximos passos dos comitês para derrotar a direita e a extrema-direita golpista. Será, além disso, uma atividade de importância fundamental. Cerca de duas mil pessoas já estão confirmadas ou estão se organizando para ir à atividade. Pessoas de todo o país estão organizando caravanas para participar da Conferência. Setores de

de diversos partidos já estão confirmados. “Vale lembrar que na última Conferência Nacional Aberta dos comitês, participaram lideranças do Partido dos Trabalhadores – como Gleisi Hoffmann; da Central de Movimentos Populares (CMP); do Movimento dos trabalhadores Sem Terra (MST); além de toda a direção do PCO – como Rui Costa Pimenta e Antônio Carlos Silva.

Ademais, representantes de comitês de todo o país estarão presentes.” A II Conferência discutirá o problema do Fora Bolsonaro. É importante levantar a questão pois o governo fascista foi eleito com base em uma gigantesca fraude eleitoral, que impediu o principal candidato do povo, Lula, de participar do pleito. Além disso, o governo de Bolsonaro está promovendo um gigantesco ata-

que contra a população, aumentando o desemprego, privatizando as principais empresas e os recursos nacionais e assim por diante. O interesse de Bolsonaro é proibir todo e qualquer tipo de organização de esquerda e promover uma política de extermínio e encarceramento da população pobre. Ademais, será discutido um plano de luta pela anulação dos processos contra o ex-presidente Lula, que são todos ilegais e produtos de uma operação de perseguição política contra o movimento operário e popular. Um plano para as eleições de 2020 também será traçado. Na última conferência, que ocorreu em 2018, foi definido o apoio à candidatura de Lula, incondicionalmente, com a palavra de ordem “É Lula ou nada” e afirmando, antes que a operação se consumasse, que eleições sem Lula seriam uma fraude. Por isso, o Partido da Causa Operária (PCO) despenderá todas suas forças para convocar uma grande conferência dos comitês de luta contra o golpe. Todos precisam participar da atividade!

PROJETO DE FORMAÇÃO DO PCO

Conheça o projeto Universidade Marxista Nova base de dados servirá para apoiar atividades de formação e ajudarão no aprofundamento do estudo do marxismo Na primeira semana desse mês, Rui Costa Pimenta apresentou um curso, em cinco aulas, sobre a Revolução Chinesa, por ocasião dos 40 anos desse evento chave na história do século XX. As aulas estão disponíveis no canal da Causa Operária TV, gratuitamente, e puderam ser assistidas também gratuitamente no auditório do Centro Cultural Benjamin Péret, no bairro da Saúde em São Paulo. Esse evento foi uma atividade importante de formação política para a militância do partido, assim como para filiados e simpatizantes, e para o público interessado em geral. Universidade Marxista Além disso, esse curso também lançou o projeto do partido Universidade Marxista. Durante seus 40 anos de história, o PCO sempre se preocupou em realizar atividades de formação política marxista para seus militantes. Há décadas são realizados os acampamentos de férias da juventude do partido, que a cada ano traz um curso sobre um determinado assunto. Durante o ano, diversas atividades trazem cursos sobre acontecimentos históricos ge-

rais e da luta classe trabalhadora, e temas de teoria marxista e da luta pela construção de um partido operário. A partir do curso sobre a Revolução Chinesa, o partido começará a montar um acervo de pesquisa na Internet para estudos sob uma perspectiva marxista. À medida em que novos cursos forem realizados, a base de dados será ampliada com novos temas, de modo que uma base de dados cada vez mais completa será montada para consulta de um vasto material teórico de textos e arquivos de imagens e vídeos, que ficarão disponíveis para os assinantes da plataforma. Essa nova base de dados servirá para apoiar atividades de formação e ajudarão no aprofundamento do estudo do marxismo. Ao lado da imprensa revolucionária impulsionada pelo partido com o Jornal Causa Operária e o Diário Causa Operária, os cursos ministrados ao longo do ano, complementados pelo acervo do portal da Universidade Marxista, contribuirão para a disseminação de um conhecimento marxista mais profundo relativo à história e à teoria.

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


ATIVIDADES DO PCO| 5

ATIVIDADES

Veja aqui a programação integral do PCO neste final de ano A vanguarda do movimento político brasileiro já está confirmada para todas as atividades. A programação do Partido da Causa Operária (PCO) está recheada de atividades políticas, conferências, congressos festas e cursos de formação política. O partido, por meio destas diversas atividades, pretende agrupar em torno de si e dos comitês de luta contra o golpe toda a militância política contra a direita do país. A vanguarda do movimento político brasileiro já está confirmada para todas as atividades, tanto para as atividades mais organizativas, quanto pelas atividades festivas, que são tão importantes quanto as primeiras. A primeira atividade, que o partido está despendendo todas as suas forças, é a II Conferências Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo. Uma atividade nacional dos comitês de luta contra o golpe, que pretende discutir a atual situação política e deliberar sobre os próximos passos dos comitês para derrotar a direita e a extrema-direita golpista. Será uma atividade de importância fundamental. Cerca de duas mil pessoas já estão confirmadas ou estão se organizando para ir à atividade. Pessoas de todo o país estão organizando caravanas para participar da Conferência. Setores de de diversos partidos já estão confirmados. Vale lembrar que na última Conferência Nacional Aberta dos comitês, participaram lideranças do Partido dos Trabalhadores – como Gleisi Hoffmann; da Central de Movimentos Populares (CMP); do Movimento dos trabalhadores Sem Terra (MST); além de toda a direção do PCO – como Rui Costa Pimenta e Antônio Carlos Silva. Ademais, representantes de comitês de todo o país estarão presentes.

O Partido da Causa Operária participará com toda sua força da II Conferência. A seguinte atividade do PCO será o Réveillon do PCO, uma festa nacional de fundamental importância para realizar uma aglomeração de todos os militantes do partido em uma atividade festiva, de socialização, com suas famílias, seus amigos e assim por diante. A festa contará com a participação de diversas bandas, como a própria banda do PCO – Revolução Permanente, que toca um pouco de tudo, misturando gêneros latino-americanos e de outros continentes, com músicas políticas e críticas à sociedade capitalista. Além disso, a banda Sendero tocará a maravilhosa Cantata de Santa Maria de Iquique, um cantata popular de 1969 composta pelo chileno Luis Advis

Vitaglich, que combina estilos folclórico/indígena chileno e clássico. O tema retrata a luta de mineiros chilenos que terminou em um massacre pelas forças armadas do país. Além disso, terá também o discurso de fim de ano do presidente nacional do PCO, Rui Costa Pimenta, que fará uma retrospectiva do ano de 2018 e dos avanços da luta contra os golpista e dará uma perspectiva futura para a luta contra a direita e os fascistas no país. O ingresso na festa é aberto para todos aqueles que adquirirem o ingresso, que dará direito à festa open bar, com deliciosos jantares de fim de ano e a socialização com os militantes do PCO. Não bastasse isso, o PCO irá iniciar o ano com sua 45ª Universidade de Férias, que trará o tema Fascismo: o que é e como combatê-lo, parte 2. Desta

vez, além da Alemanha Nazista, Itália e Brasil, o curso, ministrado por Rui Costa Pimenta, abordará o fascismo em países como Espanha, Portugal e Japão, trazendo para os militantes um estudo aprofundado do que é o fascismo e como fazer para derrotá-lo. O curso de formação política, além disso, será realizado em um clima de férias. Terá o tradicional Acampamento da Aliança da Juventude Revolucionária, em que centenas de jovens participam. Terão piscinas, campeonato de futebol, atividades sociais, festas e muito mais. Uma atividade imperdível. Os meses de atividades será finalizada com o 11º Congresso Nacional do PCO, que definirá a linha política do partido, com representantes de todo o país, e será definida a nova direção do partido.


6 | POLÊMICA

MES/PSOL

Esquerdistas campeões no apoio à lava jato defendem STF e atacam Lula Psolistas vêm situação caminhando para um acordo, no momento em que cresce tendência à polarização e enfrentamento Em nota publicada no seu sitio na internet (Movimento), no último dia 8, intitulada “Lula livre: a necessidade da unidade contra Bolsonaro e de construir uma nova esquerda”, o Secretariado Nacional de uma das principais corrente do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), o MES (Movimento Esquerda Socialista), manifesta-se sobre a situação a partir da libertação do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. A nota do MES elogia e embeleza a decisão do STF, assinalando que “a decisão do Supremo teve bases constitucionais” e que a mesma seria “um triunfo democrático contra manipulações políticas” ao mesmo tempo em que assinala que “obedece a uma nova situação política”, ou seja estaria determinando por manipulações políticas e que “a estratégia de Lula de cooperação com bancos, empreiteiras e grandes capitalistas foi uma orientação que desarmou a classe trabalhadora, organizando uma derrota que não foi de proporções históricas” e que “com Lula livre, o bolsonarismo vai se colocar como quem defende a justiça”. Assim, a libertação de Lula que seria “uma vitória”, segundo o MES, ao mesmo tempo significaria uma grave ameaça para a esquerda e para os explorados uma vez que a direita estaria procurando um acordo político com a esquerda, via Lula, estrategicamente disposto à colaboração com os golpistas. O MES, apesar de assinala que há uma “uma nova situação política na América Latina ” uma vez que a burguesia, ao contrário do que dizem, não está procurando um acordo político com a esquerda, mas as sua derrota e o seu esmagamento – se possível – como se vê no caso do golpe militar na Bolívia, no bloqueio e ataque sistemático à Venezuela e em toda a América Latina. Lula não foi retirado da prisão, por um acatamento do que estabelece a Constituição, coisa que não foi decisiva em nenhum julgamento do STF e de todo o judiciário golpista em todo o período recente (para não ir mais lon-

ge) e tampouco para realizar um grande acordo com a burguesia, embora é claro que há uma pressão de setores da direita e da esquerda burguesa e pequeno burguesa para que ele atue nesse sentido, como no caso dos defensores de uma “frente ampla”, incluindo o PSOL, que defendem um entendimento com setores golpistas, diante do agravamento da crise. Justamente o oposto. O ex-presidente foi colocado em liberdade (“provisória”, uma vez seguem os processos criminosos e a cassação de seus direitos políticos) por conta da crescente pressão popular, manifesta – enter outros – na mobilização realizada pelos Comitês de Luta em todo o País, com destaque para o ato que reuniu mais de 5 mil pessoas no último dia 17/10, em Curitiba, por ocasião do aniversário do ex-presidente, para o que o PSOL não mobilizai ninguém. Sua soltura é resultado também da crise interna da burguesia, que tinham elementos presos em segunda instância, e que se vê cada vez mais dividida diante do fracasso do governo ilegítimo de Bolsonaro de conter minimamente o avanço da crise econômica e política. É claro e notório que a burguesia gostaria como afirma a nota do MES de “estabelecer uma para para estabilizar a situação”, isto é, gostaria de conter a polarização política – de no-

vo, como setores da esquerda como o PSOL, que combatem a “cultura do ódio”, o enfrentamento das massas contra os golpistas, que buscam em entendimento com os que “lutam contra a corrupção” etc. -, mas também e notório que a saída de Lula da cadeia coloca “lenha na fogueira” – independentemente da vontade pessoal de Lula e da esquerda -, vai aumentar a polarização e não contê-la. Em outras palavras, não há o acordo político, mas uma intensificação da luta de classes. Ao criticar o que classifica como papel conciliador de Lula, o MES defende que o PSOL como um “polo de esquerda”, procurando situá-lo à esquerda do ex-presidente e do PT, ocultando que além de não participar da luta pela libertação de Lula (um aspecto central da atual etapa política) e não falamos aqui de fazer discursos em reuniões ou em atos, ou tirar fotos ao lado de Lula para angariar prestígio nas campanhas eleitorais, mas de mobilizar contra a criminosa operação lava jato e suas condenações fajutas, o Partido e, mais decididamente, o MES, foi sempre um dos principais defensores da farsa da operação de “combate à corrupção” como anunciado pela direita. No próprio sítio do MES, pode se ler dezenas ou centenas de páginas de elogio e exaltação da lava jato.

Em 2016, poucos dias depois da votação do impeachment da Presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o MES enaltecia “a luta contra a corrupção (que foi fortalecida em junho de 2013 com a aprovação no Congresso de leis que serviram para aprimorar as investigações) e a defesa da Operação Lava Jato (OLJ), [que] ademais, semeiam o enfrentamento contra os governos burgueses” (26/04/2016). Entusiasticamente o MES ainda afirmava no mesmo texto que “a Globo tratará de dizer que o auge da Lava Jato já foi atingido, que Dilma até já caiu. Assim irá tirar a Lava Jato do centro do noticiário. Ou seja, os dois blocos de poder querem terminar com a Lava Jato mais cedo do que tarde. Contra estes dois objetivos, o apoio à Lava Jato é uma necessidade“. O MES nunca abandonou essa posição e não se cansou de apontar aspectos supostamente positivos da fraudulenta lava jato, por exemplo, ao afirmar que “a nova etapa da Operação lava Jato nocauteou Temer, colocando-o contra as cordas” e que a “operação Lava Jato permitiu este novo salto na crise política do regime da nova república agonizando” (25/05/2017) Buscando de se apresentar como alternativa a Lula e ao PT, o MES atuou como apologista da lava jato e assinalou que “as revelações da Lava Jato deixaram claro. Lula, por sua vez, converteu-se numa espécie de lobista e relações públicas internacional de multinacionais brasileiras como a Odebrecht e a Vale” (7/4/2018) lamentou o desgaste da lava jato, pelo que procurou responsabilizar o PT: “a Lava Jato já está perdendo força, vítima da política de desmonte do combate à corrupção patrocinada pelo governo Temer em conluio com a cúpula petista“. Sua apreciação da situação atual evidencia que não mudou em nada sua política reacionária de apreciar a situação do ponto de vista dos seus interesses e ilusões e não do ponto de vista da luta de classes.


POLÊMICA| 7

TUDO COMO ESTAVA?

Proclamação da República: etapa revolucionária da história do Brasil Diferente do que prega a esquerda pequeno-burguesa e a burguesia, a República não foi um simples acerto das classes dominantes, mas um resultado de uma crise política profunda Os episódios da história do Brasil são interpretados pela historiografia oficial como manobras e arranjos da elite nacional como se não existissem contraditórios interesses entre as classes e inclusive entre as frações da própria classe dominante e ignoram, por consequência, a própria luta de classes. Desse modo, para essa pretensa historiografia, as massas trabalhadoras, as classes oprimidas passam completamente à margem da história. A esquerda pequeno-burguesa é profundamente influenciada por tal concepção. Trata-se de “uma grosseria simplificação histórica que vê os acontecimentos políticos e a luta de classes que se dá entre as frações da classe dominante como irrealidade e como farsa” (A República Velha, ascensão e morte, um resumo, Revistas Textos https://www.causaoperaria.org.br/ textos/?p=54). Segundo essa ideia, os acontecimentos políticos se sucedem como um fenômeno sem causa nem efeito, como se fossem mero produto da vontade política de um pequeno grupo de pessoas ou mesmo de indivíduos. Claramente, essa concepção não apenas é errada como é uma ideologia muito apropriada para a burguesia dominante, que precisa convencer o povo brasileiro de uma passividade que é falsa, mas serve como propaganda política reacionária, paralisante, contra o povo. A episódio da Proclamação da República – e seu processo de consolidação -, que completou 130 anos nesta sex-

ta-feira, foi uma das primeiras e talvez a principal vítima dessa concepção histórica falsa e reacionária que ensina que “o Brasil não teria tido revoluções e lutas, mas encenações da classe dominante para iludir a grande massa da população, o que dá a toda a análise da história nacional o caráter de caricatura. Ao contrário, porém, do que prega a lenda historiográfica do País, (…) a substituição do regime imperial pela República foi parte de um vasto processo de revolução política e social, que começa com o movimento abolicionista e vai até o governo de Prudente de Morais.” (idem). Com o aniversário de 130 anos da República, a imprensa burguesa apresentou essa interpretação da história, que é abraçada pela esquerda pequeno-burguesa. Entrevista da Folha de S. Paulo com o historiador José Murilo de Carvalho destaca que a Proclamação teria acabado com privilégios somente dos Braganças. Daí se conclui que nada mudou no Brasil, tudo não passou de uma manobra “por cima” não apenas sem a participação do povo, mas sem que por parte das classes dominantes nada teria mudado. É interessante ressaltar que tal ideia parte da imprensa burguesa brasileira atual, esta que faz parte de um monopólio reacionário que colocou em marcha setores sociais e políticos que jogam o País para os tempos mais obscuros de uma Monarquia Absoluta. Ideia ainda mais extravagante apresentou a venal revista Istoé com

matéria chamada “República sem povo”. A direita brasileira, através de sua imprensa, usa a demagogia mais rasteira, com a cobertura pseudo-esquerdista da historiografia oficial para na realidade atacar a tradição de luta do povo brasileiro. Ao contrário de tudo isso, a Proclamação da República e os anos de sua consolidação foram um resultado de uma intensa luta política. Uma luta que se deu principalmente entre as frações da classe dominante mas que era a expressão de uma crise política “por baixo” e de diversas alas nas Forças Armadas. A República é uma consequência de uma crise que começa ainda no Impé-

rio e dezenas de revoltas importantes, que atinge uma crise aguda com a abolição da escravidão, que passa por uma série de revoltas e lutas até se estabilizar no massacre em Canudos. Tudo esse período, diferente do que afirma a historiografia oficial, é um período revolucionário no País, que se encerra na derrota do levante de Canudos. Dada a importância do tema, o Diário Causa Operária inaugura, com este, alguns artigos sobre o tema da República, procurando demonstrar e analisar os acontecimentos envolvendo esse processo de um ponto de vista da luta de classes.

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8 | INTERNACIONAL

NO BRASIL

Esquerda brasileira realiza diversos atos contra o golpe na Bolívia Isso revela a crise da política neoliberal levada adiante pelo imperialismo. Os regimes políticos golpistas e fraudulentos não se sustentam mais. Com o golpe de Estado que depôs o presidente da Bolívia, Evo Morales, e colocou no governo elementos da extrema-direita, ligados ao golpista Luis Fernando Camacho, e representados na golpista autoproclamada presidente, Jeanine Áñez, a esquerda brasileira reagiu e convocou uma séria de atos contra o golpe no país vizinho. Em Brasília, dois atos ocorreram na embaixada do país na semana que ocorreu o golpe. Além disso, o PCO organizou um ato no Rio de Janeiro, na última quarta-feira, e participou de um ato na mesma cidade que aconteceu ontem (18). Os dois no centro da cidade. Em Salvador, o ato aconteceu na quinta-feira da semana passada. Já em São Paulo, houve um ato com cerca de 100 pessoas no consulado boliviano na última terça-feira (12). Na oportunidade, o PCO vendeu cerca de 40 jornais denunciando o golpe na Bolívia e fez uma fala contra o golpe da direita.

Além disso, junto com seu tradicional mutirão na Avenida Paulista, o PCO também participou no último domingo (17) de um ato no MASP contra o golpe na Bolívia. Cerca de 2 mil pessoas estavam presentes. O dia foi movimentado na principal avenida paulistana. O PCO teve um

grande apoio dos manifestantes, que eram em sua maioria bolivianos. Cerca de 200 jornais Causa Operária foram vendidos no ato, que reivindicava a volta de Evo Morales e a renúncia da golpista Jeanine Áñez. "O ato revelou o repúdio internacional contra o golpe na Bolívia, principal-

mente porque, além dos brasileiros, a maioria do ato era composto pelos próprios bolivianos, que exigiam, assim como seus companheiros no país vizinho, a renúncia da presidente golpista autoproclamada Jeanine Áñez e a volta do presidente deposto, Evo Morales." Os atos que ocorreram em diversas cidades do país mostram a efervescência política do continente latino-americano. Após tanto golpes e fraudes, a direita está sendo combatida nas ruas. Tanto no Brasil, quanto no Chile, na Bolívia, no Equador, na Argentina e diversos outros países. Isso revela a crise da política neoliberal levada adiante pelo imperialismo. Os regimes políticos golpistas e fraudulentos, como é o caso do governo Bolsonaro e de Jeanine Áñez (Bolívia) – assim com vários outros – não se sustentam mais. É preciso impulsionar a luta nas ruas, intensificando a luta contra a direita golpista e seus ataques contra a população.

EXTREMA DIREITA GOLPISTA

Venezuela: ato do imperialismo fracassa Direita golpista seguidora de Guaidó fracassa na tentativa de realizar ato contra Maduro A oposição golpista/pró-imperialista da Venezuela, liderada pelo autoproclamado “presidente” clandestino Juan Guaidó fracassou em mais uma tentativa de demonstrar força contra o governo constitucional e legítimo do presidente chavista, Nicolás Maduro. De acordo com informações, a manifestação antichavista reuniu menos de 5 mil pessoas, o que evidencia a mais completa e retumbante fraude que significa o suposto apoio popular aos golpistas da Venezuela, apoiados pelo imperialismo ianque. A oposição fez grande alarde acerca de atos que seriam realizados em alguns poucos países do mundo, que deveriam marcar uma ofensiva dos direitistas para pressionar e derrubar o governo venezuelano. Nada disso aconteceu. No Brasil, em Brasília, a extrema direita fascista, que no meio da semana passada invadiram criminosamente embaixada na capital – sendo expulsa pela força da mobilização popular pró-Maduro – havia marcado um ato para o sábado, dia 16/11, mas recuou diante dos acontecimentos de quarta-feira, onde a ação enérgica da militância colocou os fascistas reacionários para correr. A desmoralização da extrema direita, sem qualquer apelo popular, vem deixando claro para a população que os golpistas nada mais são do que um punhado de provocadores reacionários financiados pelo imperialismo, que contam ainda com o apoio dos governos direitistas do continente (Brasil,

Colômbia, Chile, Paraguai, Equador), a maioria deles em desagregação pela força da ação das massas em luta, na América do Sul, Central e no Caribe De acordo com analistas, “Guaidó está perdendo força como líder legítimo da oposição, com uma capacidade de mobilização bem menor e sérios questionamentos sobre sua atuação. No sábado, por exemplo, os oposicionistas esperavam ações mais incisivas” (O Globo, 16/11). “Se não acontecer nada extraordinário, a liderança de Guaidó pode ir para a geladeira — disse à agência AFP o cientista político Jesús Castillo-Molleda. Segundo uma pesquisa recente, 38% dos venezuelanos que se declaram de oposição querem uma nova liderança” (idem, 16/11).

Os episódios recentes envolvendo a Venezuela e o autoproclamado e fajuto “presidente” Juan Guaidó deixam claro que a tentativa em dar projeção a um personagem sem qualquer expressão e apoio popular, sem qualquer respaldo, nem mesmo por setores da própria direita do seu país, revelam a completa incapacidade da burguesia e do imperialismo em se apresentarem como alternativas para a crise de conjunto em todo o continente latino, onde neste momento as massas protagonizam, em diversos países, rebeliões e levantes populares contra os governos direitistas neoliberais. Os acontecimentos recentes que vem marcando a luta de classes nas

Américas expõe com toda a clareza a situação de desagregação que toma conta dos regimes ditos “democráticos”. O completo esmagamento da extrema direita fascista no continente depende única e tão somente de uma estratégia política que esteja orientada no sentido não de buscar alternativas institucionais e de conciliação com os regimes burgueses falidos, mas de fazer evoluir a consciência das massas populares, a luta e o enfrentamento direto com a burguesia e o imperialismo e a construção de governos socialistas apoiados e sustentados pela mobilização de todo o povo trabalhador e das massas exploradas do campo e da cidade.


INTERNACIONAL | 9

MAIS UM CAPACHO IMPERIALISTA

Depois de Bolsonaro, Macri é mais um envolvido no golpe na Bolívia O presidente argentino Macri sabia do golpe com uma semana de antecedência e teria negociado asilo na Argentina para Camacho, líder do golpe de Estado na Bolívia Com o golpe de Estado que depôs o Neste domingo (17), o jornal El Cohete a La Luna publicou uma reportagem onde confirma a participação de mais um presidente de extrema-direita no golpe militar na Bolívia, trata-se de Maurício Macri, presidente da Argentina. Segundo a reportagem, Macri soube com antecedência do golpe que derrubaria o presidente boliviano Evo Morales. O líder do golpe, Luís Fernando Camacho, teria se reunido com representantes diplomáticos de diferentes consulados, em Santa Cruz de la Sierra, no dia 4 de novembro. Neste encontro, Camacho teria pedido ao governo Macri asilo na Argentina, caso o golpe fracassasse. No encontro, Camacho também teria revelado que, 48h depois, as Forças

Armadas iriam intervir no governo boliviano – o que acabou sendo adiado, já que a invasão na casa de Evo só foi acontecer 6 dias depois desse encontro. Vale lembrar, que antes mesmo de consumado o golpe, o jornal El Periódico divulgou áudios que mostraram que além dos EUA, o golpe teve participação de vários líderes da extrema-direita, incluindo é claro, Jair Bolsonaro. Diante das pressões crescentes do imperialismo e do avanço dos golpes no Continente, com a participação de vários líderes fascistas, é fundamental denunciar essa política golpista do imperialismo na América Latina e mobilizar a população para lutar nas ruas contra o golpe na Bolívia e nos demais países latino americanos, botar para fora da América Latina o imperialismo!

ALERTA PARA O BRASIL

COOPTAÇÃO

Bolívia: golpistas dão ordem para matar

Milícias fascistas recrutam jovens de classe média alta na Bolívia

Decreto da golpista Jeanine Áñez dá permissão para soldados matarem sem responsabilização criminal em operações de repressão de protestos

As milícias fascistas possuem destacado papel em auxiliar as Forças Armadas e a polícia bolivianas, daí os jovens serem o alvo principal do recrutamento

O governo golpista da Bolívia não precisou de uma semana no poder para colocar o Exército para matar a população indiscriminadamente nas ruas, anunciando uma nova etapa no enfrentamento entre o povo boliviano e a direita. Desde o dia 20 de outubro, quando Evo Morales foi reeleito para um quarto mandato e a direita golpista começou uma campanha para derrubar o governo, já morreram 23 pessoas. Essa campanha levou à renúncia forçada de Evo Morales no último dia 10. Cinco dias depois, na sexta-feira (15), a presidente golpista Jeanine Áñez assinou um decreto dando permissão ao Exército para matar a população nas ruas. Considerando que a direita colocou o Exército nas ruas logo depois da renúncia forçada de Evo Morales, esse decreto consiste no programa para um massacre. Diz o texto do artigo 3º do decreto de Áñez que o “pessoal das Forças Armadas que participar das operações de restauração da ordem e da estabilidade pública, ficará isento de responsabilidade criminal quando, em cumprimento de suas funções constitucionais, atuar em legítima defesa ou estado de necessidade”. Ou seja, os soldados poderão atirar para matar tendo a garantia de que não responderão penalmente por isso. Alerta para o Brasil Quando o Exército ocupou as ruas do Rio de Janeiro em uma operação de

GLO (Garantia da Lei e da Ordem) em 2017, o general Augusto Heleno, hoje ministro do Gabinete de Segurança Institucional no governo Bolsonaro, pedia “regras de engajamento” mais claras para os soldados, dando a entender que esperava uma permissão para os soldados matarem. Agora com a extrema-direita no governo, o ex-juiz Sérgio Moro, ministro da Justiça, mandou para o Congresso um projeto de lei isentando a polícia de punições em caso de assassinatos durante operações cometidos “sob forte emoção”. A Bolívia vivenciou de forma acelerada o que o Brasil passou a partir de 2014 com a campanha pela derrubada de Dilma Rousseff. Em vez de demorar dois anos, em 20 dias a direita não reconheceu o resultado eleitoral e derrubou Evo Morales. Agora a situação boliviana oferece ao Brasil uma perspectiva dos próximos passos da direita golpista. Colocar o Exército nas ruas com permissão para matar a população é uma possível ação da direita golpista diante do fato de que os trabalhadores em massa rejeitam a política neoliberal que o atual governo golpista está levando adiante. O perigo que a direita golpista representa para o povo coloca a necessidade urgente de derrubar esse governo, aproveitando os fatos de que Bolsonaro está em crise, a direita golpista está dividida e, principalmente, há uma tendência à mobilização popular. A palavra de ordem já está nas ruas, é preciso fazer uma grande campanha pelo Fora Bolsonaro!

A extrema-direita golpista tem recrutado jovens de classe média alta para atuar como força de choque, isto é, milícia fascista contra os apoiadores do ex-presidente Evo Morales (MAS), deposto por um golpe militar articulado pelo imperialismo, a extrema-direita fascista e as Forças Armadas na Bolívia. Jovens de classe média alta armados com tacos de beisebol e escudos feitos de latão fazem parte de uma milícia responsável por uma barreira improvisada em uma esquina da Rua Potosí, que dá acesso à Praça Murillo, no centro da capital La Paz. O objetivo é impedir que os movimentos populares apoiadores de Evo cheguem ao

centro do poder político na capital. A extrema-direita utiliza-se do WhatsApp para mobilizar os jovens, que formam milícias para bloquear pontos de La Paz, conferir listas de votação, levantar recursos para manter as atividades políticas dos golpistas e promover ataques a sindicatos e militantes de esquerda. As milícias fascistas possuem destacado papel em auxiliar as Forças Armadas e a polícia bolivianas a espalhar o terror entre a população, atacar os movimentos populares e os partidos de esquerda, de forma a impedir pela força qualquer reação política organizada da população.


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IMPERIALISMO NO CONTROLE

Uruguai: imperialismo emplaca a direita para tirar FA do governo Imperialismo emplaca candidatura do partido Nacional, que sem muita resistência da esquerda uruguaia toma a frente da corrida eleitoral. Logo após as argentinas, as eleições uruguaias estão cada vez mais próximas e o senso aguçado do oportunismo imperialista está a todo vapor nesse que é um dos poucos países em toda América Latina que ainda mantiveram um governo mais a esquerda. O fato de não ter havido nenhum golpe de Estado em um país como o Uruguai chama a atenção, pois de acordo com toda propaganda feita pela esquerda pequeno-burguesa este seria justamente o país com o governo mais a esquerda possível, supostamente garantindo inúmeras medidas democráticas como a liberação da maconha. No entanto, tirando algumas políticas sociais e democráticas, fica evidente que a razão do imperialismo ainda não ter derrubado o governo Uruguai deve-se ao fato que o mesmo até agora nunca representou uma real ameaça aos seus interesses na região. Formando um governo ultra mode-

rado, a FA (Frente Ampla) teve até hoje um governo que garantiu certas conquistas populares em um acordo com a burguesia para acalmar a situação de crise no país. Muito ligada ao nome de Mujica, os uruguaios viveram um período de estabilidade social, com os ânimos apaziguados por este governo. No entanto, como uma forte demonstração de a que nível atingiu a crise capitalista mundial, o imperialismo não consegue nem mais tolerar governos como este da FA e inicia nestas eleições uma grande campanha pelo candidato Lacalle Pou do Partido Nacional, tradicional partido da burguesia, que busca aprofundar os ataques contra a população uruguaia, emplacando uma candidatura que representa a entrada total do país nas mãos do imperialismo. A imprensa burguesa busca tratar de forma diferente estas eleições. A própria Folha de São Paulo trouxe matérias sobre o assunto em um tom

muito mais tranquilo que o normal. De acordo com a mesma, as eleições uruguaias contém candidatos não radicais, que levam consigo a continuidade de um projeto de país que defenderia a democracia, os direitos das mulheres, dos LGBTs, etc. Tal postura denota alguns fatores importantes para se entender a situação uruguaia. O primeiro explicita que o regime político já está na mão do Imperialismo, independente do resultado das eleições a burguesia não sofrerá muito com o próximo governo, deixando claro que o país hoje já está quase por completo no domínio do imperialismo. Outra questão bem clara é a tranquilidade que a imprensa burguesa leva as eleições uruguaias, o que dá a entender o controle total sobre ela e que a segurança na vitória do candidato direitista é quase por completa, já que como a mesma imprensa diz, o partido Nacional conta com 48% das intenções de voto.

Por outro lado a campanha da burguesia também busca colocar o partido Nacional como um representante do “centro” político. Um partido que de acordo com o imperialismo, não seria radical como Bolsonaro ou Macri, e representaria uma postura democrática. Este posicionamento é o mesmo contido nas candidaturas de Alckmin nas últimas eleições brasileiras e da preparação de Luciano Huck como futuro candidato “democrático” e “não radical” que, como já é de se imaginar, é na verdade a candidatura ideal para o imperialismo. Sendo assim, a esquerda vitoriosa no primeiro turno não foi suficiente para conter a direita que fez amplo bloco para o segundo turno das eleições. Caso a esquerda não deseje entregar de mãos beijadas o governo ao imperialismo, é necessário uma postura mais dura, que defenda os interesses da população contra o golpe que a burguesia busca dar nessas eleições.

CONSTITUINTE FAJUTA

MOBILIZAÇÕES NA GRÉCIA

Chile: população rejeita acordo com Piñera

Mais de 30 mil gregos vão às ruas contra a direita neoliberal

A população chilena está rejeitando mais uma tentativa do presidente de direita Sebastián Piñera de enganar as massas com falsas soluções para a crise política do país. Piñera já tentou concessões econômicas e sociais e não adiantou, depois tentou mudar seus ministros, em uma tentativa de fingir que uma troca desse gênero seria uma troca do próprio governo, manobra que também não funcionou para tirar a população das ruas. Durante esse mês de protestos, a repressão também foi intensa, deixando 22 mortos, milhares de detidos e centenas de feridos que perderam a visão de um olho, porque a polícia mira suas balas de borracha no rosto. Nada disso impediu a continuidade das manifestações. Agora Piñera anuncia uma constituinte, em acordo com o Partido Socialista e a Frente Ampla. A constituinte inclusive é uma reivindicação das ruas, que quer enterrar a constituição legada pela ditadura do general Augusto Pinochet. Porém, a população não quer uma constituinte conduzida pela direita sob um governo de Piñera. Há um inclusive poder de veto para novos artigos para minorias de dois terços. Por isso os protestos continuam, e diversas entidades populares têm rejeitado a constituinte de Piñera e o acordo da esquerda do regime com a direita para chegar a essa constituinte. O Colegio de Professores de Chile, entidade nacional de docentes, rejeitou a constituinte de Piñera. Assim como diversas entidades estudantis, decisivas em um movimento que tem

participação principalmente de secundaristas pobres, que mantiveram manifestações todos os dias contra o governo nas grandes cidades do país. Essas entidades chamaram à continuidade da mobilização, sem recuar em nada diante do governo da direita.

Gregos saem às ruas para protestar contra o novo governo neoliberal e relembrar os levantes estudantis de 1973

Sem acordo A direita golpista já tinha dado sinais de que não deixaria o poder e não faria nenhuma espécie de negociação nesse sentido, recorrendo, por isso, a uma intensa repressão contra a população. O caso do Equador, anteriormente, e agora o golpe da direita na Bolívia, reforçam que a América Latina entrou em uma nova etapa em que a direita não pretende ceder terreno, diferente da etapa anterior aos golpes de Estado que tomaram toda a região, quando a direita aceitou a ascensão de setores nacionalistas burgueses ao governo, com governantes como os Kirchner, Evo Morales e Lula. O que essa direita pretende fazer é esmagar os trabalhadores, atacando suas condições de vida e sua capacidade de se organizar para reagir. Portanto, a esquerda reformista está operando com coordenadas ultrapassadas ao buscar acordos com a direita nessa nova etapa. O movimento contra o governo golpista no Chile corretamente está rejeitando o acordo da esquerda com Piñera, e sua exigência nas ruas expressa a reivindicação incontornável para essa nova etapa: que Piñera renuncie. O que poderíamos traduzir como um Fora Piñera!

O último domingo foi marcado por grandes mobilizações na Grécia. Mais de 30 mil pessoas marcharam em todo o País contra o governo neoliberal de direita de Kyriakos Mitsotakis. Eleito em julho pelo partido Nova Democracia, Mitsotakis derrotou o governo da esquerda pequeno-burguesa do Syriza. Desde a eleição, o novo primeiro ministro vem impondo uma verdadeira política de repressão contra o povo grego, especialmente contra a juventude. Ele aboliu, por exemplo, a lei do “asilo universitário”, conquistada após os levantes estudantis de 1973, a qual

impedia a presença da polícia nas universidades do país. O parlamento aprovou também na última quinta-feira penas mais duras para a chamada “violência urbana”. Os manifestantes lembraram também os 46 anos dos levantes estudantis de novembro de 1973, que abriram caminho para a derrota da junta militar que governava a Grécia desde 1967. A revolta teve início no Instituto Politécnico de Atenas, no dia 17 de novembro, e foi duramente reprimida pelo governo militar, o qual chegou a invadir a universidade. A crise gerada pelas mobilizações colocou abaixo o governo de então.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 11

CASSI

“Reforma”no estatuto da Cassi é para pavimentar a privatização do BB Direção do Banco do Brasil pretende acabar com o plano de saúde dos seus funcionários Entre os dias 18 e 28 de novembro acontece uma “nova” consulta de alteração no estatuto da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi), depois de ter sido rejeitada já por duas vezes em consultas, no ano passado, por 80% da categoria. Não foi por acaso que a grande maioria dos trabalhadores do Banco do Brasil rejeitaram a proposta da direção golpista do banco, pois sabem muito bem que a mudança é um ataque sem precedentes, que visa liquidar com a Cassi, a maior operadora de autogestão em saúde do Brasil, e abre caminho para transformar em um plano de saúde de mercado. É tudo que os banqueiros privados, nacionais e internacionais querem. A tentativa de mudança do estatuto acontece em meio aos ataques do governo golpista, através de seus prepostos nos bancos estatais, aos planos de saúde dessas empresas. A Resolução CGPAR (Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Adminis-

tração de Participações Societárias da União) número 23 é um instrumento dos golpistas que visa liquidar com os planos de saúde das empresas estatais, dentre eles a Cassi. O que verdadeiramente está por trás dessa resolução é satisfazer os interesses dos banqueiros nacionais e internacionais, os grandes financiadores do golpe de Estado no país. Depois das derrotas na tentativa de aprovação de mudança do estatuto (a nova proposta não muda praticamente nada das consultas anteriores) a direção do banco, com a colaboração, equivocada, de entidades dos trabalhadores, vem intensificando a propaganda terrorista a favor do “sim” através das tradicionais mentiras de que o plano está quebrado, de que a Cassi está na iminência de uma falência e, até com ameaças de intervenção da Agência Nacional de Saúde (ANS), além da profusão de comunicados internos diários emitidos pela empresa, pressão de gerentes e administradores, etc. – pois sabem muito bem que

os trabalhadores olham com enorme desconfiança a consulta, o que coloca em risco a sua aprovação. A fórmula de “salvação” da Cassi alardeada pela direção do banco é um conto da carochinha. Mentem para os trabalhadores ao afirmar que não haverá a quebra de solidariedade no plano, quando passarão a cobrar percentuais de dependentes e tratamento diferenciados para futuros aposentados. O atual modelo no princípio de solidariedade é a cláusula que une trabalhadores da ativa e o que protege os aposentados, com ampla cobertura e com custeio baseado no sistema mutualista, pelo qual o conjunto dos participantes contribui com regras iguais e o fundo gerado custeia as despesas assistenciais de cada participante e seus dependentes e cuida de todo grupo de acordo com as suas necessidades em saúde, e é essa espinha dorsal do plano que o governo golpista quer quebrar. Os golpistas do Banco do Brasil ainda propõe, em linhas gerais, acabar

com o Plano de Benefício Definido (BD), quando o banco é obrigado a arcar com a saúde do aposentado até a sua morte, passando para o regime de Contribuição Definida (CD), tirando do banco tal obrigação. O “sim” na proposta do banco é um passo fundamental para transformar a Cassi em um plano de mercado, e todo mundo sabe, que na verdade, o que está por trás de toda essa campanha de ameaças são os interesses dos banqueiros abutres, grandes financiadores do golpe, que estão de olho num patrimônio de mais de R$ 5 bilhões de receitas anuais, e que atende mais de 850 mil usuários. Cabe aos trabalhadores do Banco do Brasil e suas organizações barrar mais esse ataque do governo golpista e organizar uma mobilização pelo controle do plano unicamente pelos trabalhadores. Dizer um sonoro NÃO a mais essa manobra golpista de mudança no estatuto da entidade dos trabalhadores.

ATO NA ALESP

SP: Todos à Alesp pelo Fora BolsoDoria Na última terça-feira ocorreu uma reunião de entidades do magistério, liderada pela APEOESP e diante da famigerada “reforma” da previdência de Doria, marcaram um ato nesta terça Doria está mandando um projeto de lei para a Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), o aumento da alíquota de desconto sobre os salários de 11% para 14% para a Previdência Social. Na semana passada, no dia 12 de novembro entraria em votação, porém, diante da mobilização dos professores na ALESP, que foi em certa medida vitoriosa, o governo recuou. Nesta terça-feira, dia 19 de novembro, o projeto vai a votação, diante disso, o sindicato marcou um ato para o mesmo dia em frente a ALESP. Desde sua posse, João Doria, governador de São Paulo, vem desferindo um ataque avassalador contra a edu-

cação: fechou escolas, mudou a atribuição, negou merenda, deu ração para os alunos, aumentou a Previdência do município de São Paulo, descumpriu a Lei do Piso, entre outras barbaridades. Os professores paulistas, já com mais de cinco anos sem reajuste salarial, terão um rebaixamento dos salários, pois o desconto da Previdência será 3% a mais sobre o bruto, se a”reforma” passar. Além do calendário de atribuição, do aumento da Previdência, que fere diversos direitos dos professores, ainda existe a ameaça constante da “Escola com Fascismo”. Os professores devem tomar as ruas

para pedir a saída imediata do fascista João Doria, cujas últimas medidas tem como objetivo esmagar os docentes. Nesse sentido, a corrente Educadores em Luta, do Partido da Causa Operária, reivindica: • Reajuste salarial já; • Revogação da Lei que aumenta de 11% para 14% à Previdência; • Nenhum corte nas verbas para a Educação, que os capitalistas paguem pela crise. Mais verbas para a Educação. Verbas públicas somente para o ensino público; • Derrotar integralmente a “reforma” da Previdência. Aposentadoria para as professoras aos 25 anos de trabalho e para os professores aos 30 anos;

• Fim do roubo dos salários: reposição integral das perdas salariais; Piso Salarial Nacional de R$ 6 mil para todos os professores (Meta 17 do PNE). Abaixo a Escola com Fascismo e a Militarização das Escolas; • Ensino Público, Laico e de qualidade para todos, em todos os níveis; • Anulação dos processos da criminosa operação lava jato; • Fora Bolsonaro e todos os golpistas. Eleições Gerais com Lula candidato; Diante do roubo da previdência os professores precisam ocupar e começar por uma greve por tempo indeterminado para barrar todos os retrocessos e pedir o Fora Doria!


12 | MOVIMENTO OPERÁRIO E CIDADES

ACIDENTES COM AMÔNIA

Para manter o lucro, JBS coloca trabalhadores em riscos constantes No dia oito de novembro, mais um acidente com vazamento de amônia ocorreu em frigorífico do grupo JBS/Friboi, em Sidrolândia. Em setembro operários também foram hospitalizados No último dia 8 de novembro de 2019, o frigorífico JBS/Friboi de Campo Grande teve vazamento de gás amônia. O acidente, algo que pode-se classificar como tragédia anunciada, uma vez que os patrões têm conhecimento da inevitabilidade de que ocorra vazamentos com amônia, mesmo em locais que tenham um maior controle de segurança e manutenção, o que não se pode dizer dos frigoríficos, principalmente do grupo JBS/Friboi, considerado como o campeão de acidentes e doenças relacionados às péssimas condições impostas aos trabalhadores. Nesse dia, segundo um funcionário, que não quis se identificar, ele chegou ao local às 7h e “já havia tumulto”.

Aproximadamente 40 minutos depois, todos os trabalhadores já haviam sido retirados do prédio. Conforme informações do próprio frigorífico, o Corpo de Bombeiros foi acionado pouco antes das 8h e quatro viaturas de resgate foram encaminhadas ao local. (Campo Grande News – 08/11/2019) Em setembro, ou seja, há pouco mais de um mês, na cidade de Sidrolândia, 73 quilômetros de Campo Grande, vários trabalhadores de outro frigorífico da JBS foram hospitalizados pelo mesmo motivo, de vazamento de amônia. Falta de segurança e proteção é o que impera nos frigoríficos Os efeitos podem ser catastróficos aos trabalhadores. Conforme dados

ATAQUE RACISTA

da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), a amônia possui maior perigo quanto à saúde, fogo e reatividade com outros materiais, principalmente ácidos. Os efeitos adversos à saúde humana: o amoníaco, devido à liberação de amônia, pode ser sufocante e de extrema irritação aos olhos, garganta e trato respiratório. Dependendo do tempo e nível de exposição, podem ocorrer efeitos que vão de suaves irritações às severas lesões no corpo, devido a sua ação cáustica alcalina. Exposições às altas concentrações – a partir de 2500ppm por um período de 30 min. – pode ser fatal. O contato do Amoníaco pode causar severas queimaduras nos olhos e pele. Extensas queimaduras podem levar à morte.

Principais partes atingidas: olhos, pele e sistema respiratório. Quem pretende usar amônia para manter seu sistema de refrigeração, deve ter um projeto, baseado em normas e códigos de engenharia, ficar atento à manutenção periódica e fazer o controle da operação de forma adequada. Os equipamentos devem ser bem dimensionados e instalados, além de testados antes de começar a operar, de forma a proteger seus funcionários. No entanto, para os patrões nada disso interessa ou interessa muito pouco. O que lhes dizem respeito são os baixos custos oferecidos na utilização, resultando assim, na diminuição dos custos, aumentando o lucro e o volume de dinheiro em suas contas bancárias.

ESPÍRITO SANTO

Crivella na luta pelo fim da Pedra Chuvas deixam 354 desalojados e do Sal, que é novamente interditada 310 desabrigados Golpe de Crivella contra a luta e a história do povo negro carioca, prefeitura interdita Pedra do Sal por tempo indeterminado

O governo de Marcelo Crivella (PRB-RJ) há mais de dois anos vem procurando atacar inúmeros monumentos da cultura afro descendente na cidade do Rio de Janeiro. Um destes é a Pedra do Sal, um dos maiores patrimônios da cultura africana na capital carioca, que representa o principal reduto afro brasileiro onde acontecem as principais manifestações ligadas às lutas do povo negro na cidade. O governo de Crivella já desfechou inúmeros ataques contra a Pedra do Sal, sendo o principal o veto do prefeito fascista ao projeto de lei que tornava o Quilombo da Pedra do Sal, juntamente com Capoeira do Saravá, patrimônios imateriais do Rio de Janeiro, em junho de 2018, desmerecendo a própria Unesco, entidade internacional da burguesia que já em 2017 transformava a Pedra em patrimônio

histórico da humanidade. Não bastasse tamanho desrespeito à população negra da cidade, agora o prefeito se utiliza da defesa civil da cidade, baseado em suposta queda de reboco de um prédio construído ao lado da Pedra, para impor o fechamento do local, sem previsão para acabar com a interdição. Por conta da interdição, as festas da cultura negra marcadas para ocorrer na próxima quarta-feira (20), dia de luta do povo negro e de Zumbi dos Palmares, foram canceladas. O povo negro do Rio não pode abaixar a cabeça para mais este ataque contra a luta e a história do povo negro. É necessária a manutenção das atividades do dia 20, inclusive como repúdio ao fascismo de Crivella e dos golpistas cariocas.

Resultado da política de cortes dos golpistas A estação das chuvas mal começou e a população brasileira, principalmente as das grandes cidades, já enfrenta o descaso dos governos da burguesia com a infraestrutura. Nesse sábado, dia 16, pelo menos 10 cidades do Espírito Santo sofreram com os efeitos das chuvas. No estado, 664 pessoas ficaram fora de casa. Foram obrigadas a irem para casa de amigos ou parentes ou estão em alojamentos públicos. Os municípios de Viana, Cariacica e Alegre decretaram situação de emergência. Além disso, em todo o estado, as enchentes e desabamentos já deiaram 2 mortos e 12 feridos.

Os governos da direita e a imprensa golpista procuram apresentar esses casos de calamidade como uma catástrofe natural, como se fosse uma fatalidade resultado da força da naturea. Na realidade, a situação da população é produto direto não apenas do descaso tradicional dos governos, mas da política de cortes aprofundada pelos golpistas. Os municípios e os estados são os primeiros afetados por tais políticas, notadamente no que diz respeito aos serviços de infraestrutura. Os primeiros alvos dos cortes são justamente a estrutura, dexiando a população à mercê e desprotegida.


ECONOMIA E NEGROS | 13

NÚMEROS DO GOLPE

Extrema pobreza atinge mais de 650 mil pessoas no Rio A condição de extrema pobreza do Rio de Janeiro, equivale a toda a população de uma cidade como Nova Friburgo. 208,8 mil são produtos diretos do golpe Golpe acrescenta 208,8 mil fluminenses na condição de Pobreza Extrema, 4,5 milhões no Brasil Por Nivaldo Orlandi Desde 2014, toda a população de uma cidade como Nova Friburgo, 208,8 mil novos fluminenses ingressaram na condição de extrema pobreza. São 32% acrescidos aos 444,4 mil até então existentes . Um em cada três dos 652,4 mil, foram jogados na condição de pobreza extrema em função do golpe de Estado. São brasileiros que vivem com até R$ 150 por mês. Reportagem da Agência O Globo, 17/11/2019, traz a informação segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, entre 2014 e 2018. Extrema pobreza aumentou 47% entre 2014 (governo do PT) e 2018, (32 meses de governos do golpe), e atinge 652,4 mil pessoas no estado. Em tão curto espaço de tempo, é a face mais visível do golpe que se abateu sobre a população trabalhadora do estado. De uma situação de quase pleno emprego, 6,3% em 2014, em 2018 o Rio apresentava 15% de taxa de desemprego, a maior do País. Em 2013 a taxa de desemprego era ainda menor, apenas 4,3% dizia o IBGE. Em 30/01/2014, o G1 informava que era a menor taxa de desemprego desde 2002. O pesquisador Carlos Antônio Costa Ribeiro Filho, do Instituto de Estudos

Sociais e Políticos da UERJ é taxativo, “Esse foi o fator determinante para o cenário atual”. O estado fluminense “passou por uma forte crise. De uma situação de quase pleno emprego, para a maior taxa de desemprego no estado”, o pesquisador da Uerj não vê luz no final do túnel, “esse quadro não foi revertido e não é possível enxergar um horizonte promissor para os próximos anos”. Cristina Boeckel, G1, em 16/05/2019, corrobora com o pessimismo, atesta que o número de desempregados – de novo – bate recorde no RJ. Contingente chegava a 1,4 Milhões, ou 15,3% no primeiro trimestre de 2019. Em 30/04/2019, no Blog do IBRE, Marcel Balassiano, traz outros informes sombrios para o estado fluminense, “em 2018, o RJ foi o Estado com pior desempenho entre todos os Estados analisados, enquanto que o Brasil cresceu pífios 1,1%, RJ além de nada crescer, ainda teve queda de 0,9%”. No ano anterior, 2017, Rio de Janeiro também tivera queda. Economia andara para trás em (-2,3%). O recuo do RJ em 2018, foi o quarto ano consecutivo, a saber, 2015, 2016, 2017 e 2018. O Brasil, de acordo com os dados do IBC-Br, (índice do Banco Central do Brasil) também teve anos consecutivos de queda, mas em um ano a menos do que o estado fluminense. A nível de Brasil, os três anos de queda foram de (2014-16).

Já segundo os dados das Contas Nacionais do IBGE, o PIB teria recuado menos, por dois anos consecutivos (2015-16). O que havia ocorrido apenas uma vez antes no Brasil, em 193031, durante a Revolução de 30. A queda desta vez foi mais forte do que a da década de 30, utilizando os dados da série histórica do Ipeadata. Balassiano, diz que a paradeira na economia do RJ, somente não foi ainda mais forte, pelo motivo de o estado ter sido o último a entrar em recessão por causa do efeito das Olimpíadas de 2016. Sobre o emprego formal, segundo os dados do CAGED, em 2018 houve criação líquida de 421 mil empregos no Brasil. Já no RJ, houve um fechamento de 2 mil postos de trabalho formais. O menor contingente de brasileiros na condição de extrema pobreza foi conseguido no governo do PT

sileiros voltaram a integrar a faixa da extrema pobreza, segundo os números do IBGE. O contingente de brasileiros miseráveis, foi acrescido desde 2015 em 4,5 milhões de brasileiros. Desses, 208,8 são do estado do Rio de Janeiro. Tendência que deve perdurar se a direita no governo continuar. Eis aí um expressivo feito do golpe. O programa Bolsa Família, voltado para a redução da extrema pobreza, está sendo reduzido paulatinamente, o que certamente, fará com que o número do contingente de brasileiros vivendo na extrema pobreza aumente também. À época de quase pleno emprego, no governo do PT, 15,9% recebiam Bolsa Família, Hoje, após pior crise econômica, apenas 13,7% recebem o benefício.

O menor contingente de brasileiros na condição de extrema pobreza, foi conseguido no governo do PT, em 2014, quando o percentual de brasileiros nessa condição apresentava o índice de 4,5%. De 2015 em diante, o índice de brasileiros na faixa de extrema pobreza voltou a subir, 4,9% em 2015, 5,8% em 2016, no ano do golpe. Subiu mais ainda para 6,4% em 2017 e no terceiro ano do golpe, a extrema pobreza bateu nos 6,5%, um recorde em sete anos. Ano em que 2,3 milhões de bra-

O porcentual de famílias que recebem Bolsa Família caiu em sete anos, segundo dados do IBGE. No governo PT, em 2012, 15,9% dos lares brasileiros recebiam esse benefício. Ao final de 2018, já no governo do golpe, apenas 13,7% das famílias brasileiras recebem o modesto benefício. A política de miséria para o povo aplicada pelos golpistas, fez o quadro, a partir de uma situação histórica que já era muito ruim, agravar-se. Por isso é preciso lutar pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas e derrotar o golpe de Estado.

CCBP – Curitiba (Rua dos Josefinos, 36, Água Verde, próximo ao hospital IPO) – às 19 horas, retransmissão da palestra debate e debate da situação local Sede do PCO – Brasília (SDS [Conic], bl.D, Ed. Eldorado, Entrada 60-A sl.118) – às 19 horas, retransmissão da palestra debate e debate da situação local

Sorocaba (local a confirmar) – às 14 horas, transmissão da Palestra-debate, por Juliano Lopes, com o tema: Colonialismo, Imperialismo e Independência Porto Alegre (local a confirmar) – às 19 horas, retransmissão da Palestra-debate, por Juliano Lopes, com o tema: Colonialismo, Imperialismo e Independência

DIA 20 DE NOVEMBRO

Participe amanhã do dia de luta do povo negro No dia 20 de novembro, além de atos nas ruas, o Coleivo João Candido realizará suas atividades em diversas cidades e convoca todos os militantes e simpatizantes Amanhã, 20 de novembro, em comemoração ao Dia Nacional de Zumbi e da luta do povo negro, o Partido da Causa Operária (PCO) convoca seus militantes e simpatizantes a se juntarem às atividades que o Coletivo João Cândido, coletivo de negros do Partido, realizará em diferentes partes do Brasil e se somarem aos atos que ocorrerão ao longo do dia. Durante todo o dia, o Coletivo João Cândido, realizará atividades como palestras, debates, filme e música abordando a luta do povo negro sob uma ótica revolucionária, em diversas cidades do país. Segue abaixo a programação do Coletivo João Cândido para a celebração do dia e localidades: CCBP – SÃO PAULO (Rua Serranos, 90, Saúde)

– às 10 horas, atividade cultural com convidado especial; – às 12 horas, Almoço com culinária africana; – às 14 horas, Palestra-debate, por Juliano Lopes, com o tema: Colonialismo, Imperialismo e Independência; – às 19 horas, lançamento da revista João Cândido; – às 20 horas, exibição do filme: Deacons for Defense; CCBP – Salvador (Rua Carlos Gomes, 901, Centro, próximo ao posto BR) – às 19 horas, retransmissão da palestra debate e debate da situação local CCBP – Rio de Janeiro (Rua Taylor, 47, Lapa) – às 19 horas, retransmissão da palestra debate e debate da situação local


14 | CULTURA E ESPORTES

FILME MARIGHELLA SOFRE CENSURA

Há censura no Brasil, diz Wagner Moura Depois de estrear e receber prêmios em diversos festivais internacionais, o filme Marighella ainda não consegue ser lançado no Brasil, por imposições da Ancine. O filme Marighella, de Wagner Moura, estava com a estreia marcada para esta quarta-feira, 20 de novembro, dia de luta do povo negro, mas precisou ser cancelado devido às dificuldades impostas pela Ancine. Desde sua produção, Marighella vem sendo alvo de ataques fascistas de censura por parte do regime golpista. Desde que as gravações começaram, fascistas passaram a postar ameaças à equipe de Moura. Um coletivo antifascista se organizou para fazer a segurança dos locais de gravação e, felizmente, nenhum ataque ocorreu. Depois de pronto, o filme foi selecionado para diversos festivais, como Sydney Film Festival, Berlin International Film Festival, Santiago Festival Internacional de Cinema e Festival do Cinema Brasileiro de Paris. Seu Jorge, que representou Carlos Marighella, recebeu o prêmio de melhor ator no Festival de Cinema Internacional de Bari. Entretanto, a Ancine, agora controlada pelos bolsonaristas, tem feito de tudo para dificultar o lançamento de Marighella no Brasil. Trata-se de uma

forma velada de censura, por meio da qual a agência reguladora impõe trâmites burocráticos que oneram e podem até impossibilitar a realização de determinada obra. Depois de já ter estreado em diversos países da Europa, no Chile e até na Austrália, Marighella não consegue estrear no Brasil, por imposições da Ancine. Esta é a denúncia que Wagner Moura fez neste domingo (17/11) durante o lançamento em Portugal. Segundo Moura, “a censura no Brasil é um fato. Interditaram a cultura.” E “Marighella não é um caso isolado. Declararam guerra à cultura.” O filme lotou o Lisboa e o Sintra Film Festival e ganhou uma sessão extra para atender ao tamanho da audiência. Bolsonaro e o regime golpista procuram criar uma cortina de silêncio sobre o que está acontecendo no Brasil, e para isso procuram censurar inclusive obras ficcionais – como Bacurau – ou históricas – como Marighella – que levantam o problema da repressão, da resistência e das lutas de classe em nosso país.

DIREITO DE TORCER

Torcedores criam Frente Nacional pelo Futebol Popular Torcedores de dezenas de times se unificaram para lutar contra os ataques sofridos pelas torcidas e pelos clubes O filme Marighella, de Wagner Moura, estava com a estreia marcada para esta quarta-feira, 20 de novembro, dia de luta do povo negro, mas precisou ser cancelado devido às dificuldades impostas pela Ancine. Desde sua produção, Marighella vem sendo alvo de ataques fascistas de censura por parte do regime golpista. Desde que as gravações começaram, fascistas passaram a postar ameaças à equipe de Moura. Um coletivo antifascista se organizou para fazer a segurança dos locais de gravação e, felizmente, nenhum ataque ocorreu. Depois de pronto, o filme foi selecionado para diversos festivais, como Sydney Film Festival, Berlin International Film Festival, Santiago Festival Internacional de Cinema e Festival do Cinema Brasileiro de Paris. Seu Jorge, que representou Carlos Marighella, recebeu o prêmio de melhor ator no Festival de Cinema Internacional de Bari. Entretanto, a Ancine, agora controlada pelos bolsonaristas, tem feito de tudo para dificultar o lançamento de Marighella no Brasil. Trata-se de uma

forma velada de censura, por meio da qual a agência reguladora impõe trâmites burocráticos que oneram e podem até impossibilitar a realização de determinada obra. Depois de já ter estreado em diversos países da Europa, no Chile e até na Austrália, Marighella não consegue estrear no Brasil, por imposições da Ancine. Esta é a denúncia que Wagner Moura fez neste domingo (17/11) durante o lançamento em Portugal. Segundo Moura, “a censura no Brasil é um fato. Interditaram a cultura.” E “Marighella não é um caso isolado. Declararam guerra à cultura.” O filme lotou o Lisboa e o Sintra Film Festival e ganhou uma sessão extra para atender ao tamanho da audiência. Bolsonaro e o regime golpista procuram criar uma cortina de silêncio sobre o que está acontecendo no Brasil, e para isso procuram censurar inclusive obras ficcionais – como Bacurau – ou históricas – como Marighella – que levantam o problema da repressão, da resistência e das lutas de classe em nosso país.


JUVENTUDE | 15

ENSINO PÚBLICO

Pelo fim do vestibular! Medicina na USP tem disputa de 129 por vaga Acesso a universidade deve ser amplo e irrestrito A Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) publicou no dia 14 de novembro, quinta, a relação entre número de candidato e de vagas para os cursos da Universidade de São Paulo (USP). No ranking o curso mais concorrido é o de Medicina, tendo em vista que uma vaga é disputada por 129 candidatos. Como se o fato por si só já não fosse absurdo, a imprensa direitista ainda faz questão de tratar isso como se fosse perfeitamente normal. No final, aqueles que tem as maiores possibilidades de entrar são as pessoas que passaram a maior parte da vida escolar estudando em escolas particulares e que tiveram condições de pagar um curso preparatório ou professores particulares, o que não é a realidade da grande maioria dos brasileiros.

O ensino público deveria atender toda a população, com a qualidade e a infraestrutura suficiente para formar todos que quisessem ter acesso ao ensino universitário, tudo isso gratuitamente. É por esse motivo que o PCO defende o fim do vestibular, só dessa maneira é possível garantir o acesso amplo e irrestrito à universidade. O exame é uma forma de impedir o acesso da população, sobretudo da classe trabalhadora, à educação superior. É necessário construir um amplo movimento, que contenha estudantes e trabalhadores, não apenas por uma Educação pública e de qualidade, mas sim pelo fim do governo Bolsonaro e dos golpes na América Latina, evoluindo assim a organização da classe operária e caminhando em direção a um governo do trabalhadores.

FORA BOLSONARO!

DESCASO COM OS ADOLESCENTES

Bolsonaro comemora novamente Enem fascista: “sem partido”

Defasagem estudantil de jovens no Espírito Santo chega a quatro anos

Presidente fascista comemora a ausência de perguntas sobre a ditadura militar brasileira no Enem, dizendo que não houve ditadura.

A maioria esmagadora de todos os jovens que cumprem medidas socioeducativas no ES são negros, possuem uma escolaridade 4 anos atrasada e cometeram crimes leves

O presidente fascista e ilegítimo Jair Bolsonaro, em sua transmissão semanal no Facebook, comemorou a realização do Enem sem nenhuma questão sobre a ditadura militar, que ele disse não existir. Em uma de suas falas, o fascista se perguntou que ditadura era essa que dava direito de ir e vir, direito ao voto e em que havia liberdade de expressão, o que todos sabemos que é uma mentira descarada. É importante salientar que Bolsonaro sempre foi um defensor ferrenho da ditadura militar, e que, apesar de a esquerda pequeno burguesa acreditar que tudo ocorrerá nas mil maravilhas até 2022, quando acontecerá uma eleição em que Bolsonaro irá cair e tudo irá se resolver, a vontade do presidente ilegítimo é de fechar o regime cada vez mais e aprofundar o Brasil em um ditadura militar. Uma das provas de que Bolsonaro deseja aprofundar ainda mais a repressão à população e cercear seus direitos, foi no momento em que comentou sobre o golpe de Estado na Bolívia. Para o presidente, Evo Morales fraudou as eleições da Bolívia, o que teria sido resolvido pois as eleições foram auditadas pela OEA (Organização dos Estados Americanos), que teria apontado fraudes eleitorais e que o Brasil deve tentar aprovar já para o ano que vem uma lei para que as eleições sejam sempre auditadas. Na realidade a OEA, o Ministério das Colônias dos EUA, órgão golpista que serve os interesses do imperialismo, não apontou fraude alguma, somente

A defasagem escolar entre os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no estado do Espírito Santo chega a 3,7 anos, ou seja, os adolescentes que em sua maioria possuem 17 ou 18 anos, em média possuem o ensino fundamental II como nível máximo educacional. Segundo pesquisa do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo, a maioria esmagadora desses adolescentes é negra, ocupando o número de 96,14% dos jovens. A internação, que é uma outra palavra um pouco mais bonita para se referir ao

disse que apesar de não haver problema algum no resultado, deveriam ser realizadas novas eleições, pois o sistema da Bolívia não era muito confiável, o que por si só já demonstra a incitação a um golpe de Estado, pois, se não haviam provas, porque dizer que deveriam ser realizadas novas eleições? Bolsonaro chegou a dizer também que o Enem desse ano utilizou um pouco do material de gestões anteriores por não ter tido tempo de mudar tudo para ficar como ele deseja. A fala demonstra que provavelmente houve algum bloqueio em que não foi possível que a equipe de Bolsonaro conseguisse modificar a tempo todo o conteúdo, mas que no próximo ano as coisas mudem. Por isso é necessário exigir o fim do governo fascista de Bolsonaro já. Os fascistas não estão de brincadeira e só estão esperando o momento correto, quando sua crise tiver passado, para fecharem de vez o regime.

encarceramento de jovens e crianças, é aplicada em 84,1% dos casos. Para demonstrar como a medida é somente uma forma de oprimir a população negra, apenas 18,4% dos crimes são crimes contra a pessoa, sendo a maioria crimes menores, como furtos. O estado capitalista persegue a população e a deixa na miséria, empurrando os mais jovens, que em sua maioria são privados de Educação, para a marginalidade. Essa é a política dos golpistas para a juventude brasileira, privá-la de oportunidades e respondê-la com repressão.


BOLÍVIA: ABAIXO O GOLPE MILITAR

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