Diário Causa Operária nº5826

Page 1

WWW.CAUSAOPERARIA.ORG.BR

QUINTA-FEIRA, 14 DE NOVEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5826

O Brasil é a Bolívia

O

povo boliviano foi vítima de um golpe dado pelos EUA no último domingo (10). Foi o mais recente golpe de uma onda desencadeada pelo imperialismo para derrubar governos na América Latina. Desde o golpe de 2009 em Honduras, houve uma sequência de golpes na região: em 2009, em Honduras; em 2012, foi a vez do Paraguai; em 2016 viria o Brasil, com a queda de Dilma Rousseff; em 2019, o golpe imperialista chega à Bolívia. Além desses casos, houve o governo traidor de Lenín Moreno no Equador, que também foi um golpe, e a eleição de Mauricio Macri na Argentina no meio de uma intensa campanha golpista.

A Bolívia e o armamento do povo O golpe de Estado na Bolívia realizado pela extremadireita está levando a um enorme enfrentamento entre os trabalhadores e a burguesia com grande violência. A renúncia de Evo Morales com a justificativa de evitar um “banho de sangue” não evitou essa situação e está levando a um agravamento e um massacre do povo boliviano e perseguição sistemática a lideranças sindicais e populares. Após a renúncia, a direita tomou parte na repressão e a população se enfrentou contra a polícia nas ruas.

O que acontece na Bolívia é luta de classes, não identitarismo O golpe militar em marcha na Bolívia está servindo para esclarecer aonde vai parar a política da esquerda pequeno-burgesa. Entre as muitas ideologias da burguesia, repetidas por essa esquerda, está o chamado identitarismo.

Após o golpe e instauração de ditadura, PSTU pede eleições na Bolívia

Marina Bolsonarista Silva No exato momento em que o ministro das Relações Exteriores do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, Ernesto Araújo, apresentou o aval oficial do governo fascista ao golpe militar na Bolívia e anunciou que “reconhece a senadora opositora Jeanine Áñez como presidente da Bolívia”, fazendo do Brasil o primeiro país a reconhecer o ilegítimo e autoproclamado governo golpista que se impôs

Contra o golpe militar na Bolívia, convocar atos em todo o país Enquanto a esquerda brasileira sonhava com as eleições, embalada pela vitória do kirchnerismo na Argentina, o golpe militar na Bolívia foi como um balde de água fria.

Participe do Curso O Programa da Revolução Socialista nos Dias de Hoje O Partido da Causa Operária realizou nos últimos meses centenas de cursos de formações políticas em diversas cidades do Brasil, com mais de 400 participantes. Isso porque o partido acredita que sem uma formação política adequada e constante o militância é incompleta.

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) já ficou conhecido por adotar a mesma posição que a direita pró-imperialista em dezenas de oportunidades, como nos casos dos golpes e ataques imperialistas contra os povos ucraniano, brasileiro, sírio, venezuelano, nicaraguense etc.

OEA apoia abertamente o golpe na Bolívia

Cursos, conferência, congresso, festas: a programação do PCO Imperdível para militantes, filiados e simpatizantes, servirá para fechar este ano, muito especial para o Partido e apontar para muito mais no próximo período


2 | OPINIÃO EDITORIAL

A Bolívia e o armamento do povo O golpe de Estado na Bolívia realizado pela extrema-direita está levando a um enorme enfrentamento entre os trabalhadores e a burguesia com grande violência. A renúncia de Evo Morales com a justificativa de evitar um “banho de sangue” não evitou essa situação e está levando a um agravamento e um massacre do povo boliviano e perseguição sistemática a lideranças sindicais e populares. Após a renúncia, a direita tomou parte na repressão e a população se enfrentou contra a polícia nas ruas. O enfrentamento é enorme e a violência das forças policiais e as milícias fascistas resultou em grande número de feridos de trabalhadores. Mesmo assim, em alguns locais a população derrotou as forças policiais e os golpistas tiveram que colocar os militares nas ruas para reprimir ainda mais a população. A partir daí não se tem informes de números de feridos ou mortos. A direita tomou conta dos meios de comunicação e persegue a imprensa de esquerda. Mas há relatos e vídeos de extrema violência, prisões e pessoas desaparecidas e os enfrentamentos continuam, apesar do toque de recolher dado pelos militares golpistas. A população está resistindo ao golpe e as manifestações estão cada vez maiores, e há até delegacias que foram totalmente destruídas pela população porque os policiais foram um dos principais apoiadores do golpe contra Evo Morales. A medida que esse movimento de ofensiva contra os golpistas cresce, a violência da direita e dos militares vai ser ainda maior. A política infantil da esquerda: desarmar a população A direita golpista conta com todo o aparato militar e forças policiais fortemente armados contra milhares de manifestantes com disposição de derrotar o golpe, mas armados de paus, pedras e fogos de artifício. Numa luta extremamente desigual para o lado dos trabalhadores. A esquerda se recusa a fortalecer os trabalhadores em armar a população. O golpe de Estado que derrubou Evo Morales seria muito mais complicado para a direita, ou poderia ser evitado se a população estivesse armada.

Apesar de todos os indicativos, provas e situações a esquerda pequeno-burguesa continua numa política infantil e moralista de negar o direito ao armamento da população e o direito à autodefesa. O caso da Bolívia colocou por terra o argumento da esquerda de apoio as instituições para garantir seus direitos, o judiciário contra a direita golpista em defesa da democracia e até mesmo de uma ala esquerda dos militares. Quando a direita se sentiu confiante em derrubar Evo Morales conseguiu fazer com certa facilidade, passando por cima de instituições, da Constituição e de todo aparato burocrático estatal. A situação se agravou pois não houve reação do governo e sabia que a população estava desarmada. Exemplo venezuelano Um bom exemplo é a Venezuela. Diante dos ataques e até das ameaças de invasão dos EUA ao país, os chavistas, corretamente, colocaram em prá-

tica um plano de armamento da população. O governo de Nicolas Maduro anunciou que pretende chegar a dois milhões de milicianos na Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) até o final de 2019, em uma clara demonstração de que tem plena consciência de que é preciso aumentar o armamento dos trabalhadores para a luta contra a direita golpista e a possível invasão do imperialismo. A milícia é formada por trabalhadores venezuelanos atuam em bairros, cidades, favelas, no campo que faz um serviço de segurança e autodefesa. Isso mesmo com boa parte do exército formada por integrantes chavistas. Um dos principais motivos na direita e no imperialismo em ser vitorioso nas suas tentativas de golpe é que boa parte da população está armada. Armando o povo para a luta Apesar da política conciliadora de Evo Morales e do seu partido, o MAS, buscando uma impossível convivência

democrática com a direita, respeitando a oposição fascista e racista e as forças policiais, cedendo espaço, como por exemplo aceitar a intervenção dos golpistas da OEA (Organização dos Estados Americanos) nas eleições, a direita realizou o golpe. Para implantar sua política entreguista e contra a população, a direita – se tiver condições – vai reprimir duramente os trabalhadores que não vão aceitarem a retirada de seus direitos e a entrega das riquezas do país para o imperialismo. Assim como fez no Chile, nos anos da ditadura fascista de Pinochet. A esquerda baixar a cabeça e ceder para os golpistas não tornarão os golpes mais “humanos” e menos sangrentos. A esquerda tem que armar o povo e fazer campanha por esse direito fundamental, e a única ferramenta possível de evitar os ataques da direita e de avanço do fascismo. Só o povo armado e mobilizado pode contra-atacar e derrotar os golpistas e o imperialismo.


INTERNACIONAL | 3

CONFLITO CONTINENTAL

O Brasil é a Bolívia Golpe na Bolívia é parte de uma política geral do imperialismo para toda a região O povo boliviano foi vítima de um golpe dado pelos EUA no último domingo (10). Foi o mais recente golpe de uma onda desencadeada pelo imperialismo para derrubar governos na América Latina. Desde o golpe de 2009 em Honduras, houve uma sequência de golpes na região: em 2009, em Honduras; em 2012, foi a vez do Paraguai; em 2016 viria o Brasil, com a queda de Dilma Rousseff; em 2019, o golpe imperialista chega à Bolívia. Além desses casos, houve o governo traidor de Lenín Moreno no Equador, que também foi um golpe, e a eleição de Mauricio Macri na Argentina no meio de uma intensa campanha golpista. Uma política geral do imperialismo É impossível negar que esses acontecimentos compõem uma política geral do imperialismo na região. O que se busca por meio dessa política é submeter todo o continente aos interesses do imperialismo, e em primeiro lugar dos EUA, que patrocinaram e coordenaram esses golpes, sempre se apressando em reconhecer os governos que surgem como resultado dessas manobras golpistas. São golpes patrocinados e coordenados pelo imperialismo, levados adiante por meio de políticos e agentes comprados dentro do Estado, além de movimentos impulsionados pelo imperialismo dentro de diversos países.

Golpe neoliberal A política econômica que corresponde a esse plano de dominação é o chamado “neoliberalismo”, que consiste em intensificar a exploração dos trabalhadores no continente inteiro, tirando direitos trabalhistas e diminuindo os salários. Além desses ataques diretos ao bolso dos trabalhadores, há também o ataque às políticas sociais e uma liquidação do patrimônio público nos países atrasados, com a venda das empresas estatais em uma política de privatizações generalizada. Juntando todas essas medidas, a direita empreende uma guerra às condições de vida da população. Repressão Um resultado inevitável desse ataque às condições de vida dos trabalhadores é uma confrontação em sentido literal. Essa política leva à reação popular contra esses governos, que por sua vez estão buscando agora responder com repressão. É o que se vê no Chile e no Equador. Na Bolívia, o confronto que está colocado é expressão desse mesmo conflito, pois grande parte da população já conhece a política neoliberal e enxerga na defesa do governo de Evo Morales uma rejeição ao neoliberalismo, por isso estão nas ruas defendendo o governo e se confrontando com a direita e a polícia.

O golpe na Bolívia chegou mais tarde nessa onda golpista, em uma crise criada da noite para o dia pelo imperialismo. Dias antes da campanha golpista começar na Bolívia, o povo chileno iniciava seu levante contra décadas de política neoliberal e contra o governo de Sebastián Piñera. Antes disso, o Equador já havia se levantado, tendo suas manifestações contidas por enquanto graças a uma manobra do governo de Lenín Moreno e a uma política equivocada das direções. A resistência ao golpe em curso na Bolívia faz parte da mobilização contra o imperialismo e as políticas neoliberais no continente. Conflito continental Esse confronto em todo o continente chegará ao Brasil. A população vai sentir os efeitos da política de Bolsonaro e ultrapassar o limite do supor-

tável. De modo que haverá inevitavelmente uma mobilização contra o governo. A direita, por sua vez, já se prepara para a repressão, como tem feito nos outros países. A direita não está disposta a negociar ou ceder terreno. Não estão cedendo às manifestações no Chile, e não se importaram em derrubar um governo reeleito três semanas antes na Bolívia. Portanto, no Brasil, a esquerda precisa se preparar de forma que corresponda à situação política colocada. É preciso agir de acordo com os acontecimentos. Não adianta agora seguir rumo a uma política eleitoral. O que está diante dos trabalhadores é um acirramento da luta de classes, como mostra todo o continente. O movimento contra o golpe deve se preparar para o embate com a direita golpista que está por vir no Brasil, como parte de uma guerra do imperialismo contra o povo da América Latina.

GOLPE NA AMÉRICA LATINA

Contra o golpe militar na Bolívia, convocar atos em todo o país O golpe militar na Bolívia é uma ameaça para todo o continente latino americano. Por isso, é preciso organizar atos contra o golpe continental em todo o Brasil. Enquanto a esquerda brasileira sonhava com as eleições, embalada pela vitória do kirchnerismo na Argentina, o golpe militar na Bolívia foi como um balde de água fria. A derrubada de Evo Morales, eleito presidente mais uma vez no primeiro turno das eleições, fez despertar a sonolenta esquerda pequeno-burguesa para a realidade: o imperialismo não está disposto a recuar tão facilmente da sua política de golpes na América Latina e não vai respeitar a vontade popular. Para a direita as eleições só valem se forem fraudadas e ganhas por ela mesma. Como reação a esta escalada golpista no continente, diversos atos foram convocados pelo país contra o golpe que derrubou Evo. Na segunda-feira realizou-se um ato em Brasília, no consulado da Bolívia. Ainda em Brasília, ontem, após um grupo de milicianos, ligados ao golpista venezuelano Juan Guaidó e ao próprio Bolsonaro invadirem o consulado da Venezuela, a esquerda organizou rapidamente uma contraofensiva, e expulsou a pontapés

os direitistas do local. Como de costume, os elementos de extrema-direita foram se esconder por detrás da polícia para que não fossem linchados.

No Rio de Janeiro, o ato foi ontem, às 16 horas da quarta-feira, em frente ao consulado dos Estados Unidos, enquanto que em Salvador, Bahia, o ato ocorre hoje à tarde, também às 16, na Estação da Lapa. Já em São Paulo, a militância está chamando um ato no domingo, a partir das 15 horas, no MASP, mas também ocorreu um ato anteontem, em frente ao Consulado da Bolívia (veja a intervenção do PCO neste ato aqui). Foram atos organizados às pressas, que mostram a ação dos setores mais conscientes, que sabem que o que vemos hoje na Bolívia é um filme que pode muito bem estrear no Brasil dentro em breve. Afinal, como destacou o companheiro Rui Costa Pimenta na última análise na TV 247, este filme boliviano é de produção e direção não só norteamericana mas também brasileira. É preciso que a esquerda brasileira amplie as mobilizações contra o golpe militar na Bolívia, afinal, não se trata de um caso isolado. Lutar con-

tra o golpe na Bolívia significa se opor à toda ofensiva golpista continental, que ameaça todos os países latino americanos, tais como a Argentina, a Bolívia, a Venezuela, o Chile e o próprio Brasil, com a espada de Dâmocles repousando sobre o pescoço do povo, empunhada pelos militares. Por isso, é fundamental que a esquerda siga os exemplos citados acima e convoque atos em todo o país contra o golpe militar na Bolívia. Como o Partido que se tornou conhecido como o “partido da luta contra o golpe”, os militantes do PCO e dos Comitês de Luta contra o Golpe convocam toda a militância de esquerda para cerrar fileiras conosco, na linha de frente na luta contra o golpe na Bolívia e em todo o continente. Vamos participar e organizar atos em todo o país contra mais este golpe, que revela por completo a ameaça militar que mais paira sobre todos nós latino-americanos. Fora o imperialismo da América Latina! Abaixo o golpe militar na Bolívia!


4 | INTERNACIONAL

MINISTÉRIO DAS COLÔNIAS

OEA apoia abertamente o golpe na Bolívia A OEA é um instrumento de dominação do imperialismo. É preciso denunciar essa entidade, que de modo algum pode ser árbitra dos problemas da América Latina Nesta última terça (12), ocorreu uma reunião extraordinária da OEA (Organização dos Estados Americanos), o Ministério das Colônias dos EUA (Estados Unidos da América), convocada pelo Brasil e apoiada por outros 14 dos 34 países que participam da entidade, incluindo Argentina, EUA, Colômbia, Peru e Venezuela (representada por um enviado do autoproclamado presidente do País, Juan Guaidó). O encontro teve no início a leitura de uma carta pelo embaixador brasileiro na OEA, Fernando Simas, em nome dos 15 países, na qual faz-se “um chamado à paz social” e “a defesa da democracia”, onde os golpistas buscam a definição de uma “presidência provisória”, de acordo com a Constituição, e pedem por novas eleições “o mais rápido possível… com novas au-

toridades eleitorais e com observadores internacionais, para gerar credibilidade no processo de transição democrática”, eleições em que só participe a direita, obviamente. Jogada casada do imperialismo, a reunião serviu para os golpistas aprofundarem os ataques contra a Bolívia acobertando o golpe de Estado dado no país pela extrema direita. Nesta oportunidade, o Secretário Geral da OEA, Almagro, disse que se houve um golpe na Bolívia foi dado por Evo Morales ao tentar se reeleger. A sessão extraordinária e a declaração do Secretário Geral são mais uma prova de que a OEA participou diretamente do golpe na Bolívia quando “auditou” as eleições e contestou o resultado. Também mostra a participação dos EUA através da OEA e de como foi

totalmente equivocada a política de Evo Morales ao buscar um acordo permitindo que o Ministério das Colônias intervisse nas eleições na Bolívia. A OEA é um instrumento de dominação do imperialismo, totalmente submissa aos interesses dos EUA, é preciso denunciar essa entidade, que

de modo algum pode ser árbitra dos problemas da América Latina. O golpe na Bolívia teve a participação da extrema direita e da direita boliviana e brasileira e o caminho para derrotá-lo é nas ruas, longe do controle imperialista das instituições de fachada como a OEA.

UMA MANOBRA DA DIREITA CHILENA

EXTREMA-DIREITA CRESCE

Constituinte com Piñera?

Espanha: fim da esquerda, começo da direita

O governo neoliberal, através da repressão, não demonstra estar disposto a recuar diante das mobilizações que tomaram conta do país.

PSOE e Podemos formação uma coalizão, de modo que o Podemos poderá absorver para si todo o desprestígio de um partido em franca decadência, ao qual aparecerá associado

Diante de mais de 20 dias de protesto no Chile e mais de 20 mortos, a direita golpista, que apoia o governo neoliberal de Sebastián Piñera, está procurando manobrar para desmobilizar as manifestações chamando um plebiscito por uma nova Constituição. Na segunda-feira (11), a câmara de deputados do Chile aprovou a realização do tal plebiscito em 90 dias. Segundo o deputado da região de Coquimbo Matías Walker Prieto, a decisão foi tomada após um debate de uma comissão que durou 10 horas. Na noite de Domingo (10), o governo Piñera já havia declarado que iniciaria o processo para uma nova Constituição através de um “Congresso Constituinte”. A manobra da direita se apoia, por um lado, na necessidade da burguesia de conter os protestos, por outro lado na política confusa dos manifestantes chilenos, uma vez que não há uma direção política clara nos protestos. A confusão da esquerda preside no determinado fato: a constituinte será realizada por Piñera e, portanto, controlada pelo próprio governo golpista que os trabalhadores estão combatendo. A realização de Assembleia Constituinte só poderia ser feita após terem derrubado o governo neoliberal. É fundamental, diante de todos os ataques do governo aos trabalhadores, chamar, neste sentido, o Fora Piñera, que é a palavra de ordem mais popular do país há dezenas de dias. O país vive uma extrema convulsão social, a luta de classes está acirrada. Na

Terça-feira (12) o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), vencedor das eleições do fim de semana na Espanha, e o Podemos, partido de esquerda que seria a alternativa ao PSOE, anunciaram uma coligação para tentar formar um novo governo. As eleições espanholas deixaram uma situação de impasse, sem que nenhum partido conseguisse maioria e a formação de coligações ficasse muito complicada. A coligação entre PSOE e Podemos soma 155 cadeiras ao todo, de modo que ainda faltariam 21 parlamentares para garantir a posse de Pedro Sánchez, líder do PSOE, como presidente do governo (cargo que equivale ao de primeiro-ministro). terça-feira (12), os trabalhadores realizaram uma greve geral, que contou com a participação de milhões de trabalhadores, com a realização de um ato de 200 mil pessoas na capital do país. Mais de 850 pessoas foram detidas e quase 50 foram feridas pela repressão de Piñera. Desta forma, o governo mostra que não irá recuar diante das manifestações. Por isso, não é de se esperar que a convocação de uma constituinte por Piñera não passa de uma manobra para conter as mobilizações que tomaram conta do país. Desta forma, não se deve pedir uma nova constituição com Piñera, mas exigir a derrubada do governo, como o Fora Piñera, para só então chamar uma nova constituição para derrubar os resquícios pinochetianos que se mantém na atual.

Fim da esquerda O PSOE já é um partido muito desgastado depois de vários governos em que aplicou contra o povo espanhol o programa dos banqueiros europeus. Assim como o Partido Popular (PP), que representa a direita tradicional do regime burguês na Espanha, o PSOE representa a esquerda do regime. A crise desses dois partidos, que perderam muito de seu poder eleitoral nos últimos anos, corresponde à crise política do próprio regime burguês na Espanha e na Europa em geral. O Podemos apareceu como uma suposta alternativa ao PSOE, seria um partido de esquerda que não aplicaria as políticas neoliberais que o PSOE levou adiante. No entanto, agora o Podemos aparece junto com o PSOE em um possível governo. Governará junto com Sánchez, ficando responsável por

ministérios e votando as propostas do governo no Parlamento. Se o PSOE já é desgastado junto à população, agora será a vez de o Podemos se desgastar, associado ao PSOE e às políticas impopulares que serão aplicadas adiante, caso se consiga formar um governo. O Vox agradece Quem se beneficia dessa situação é a extrema-direita. Ao mesmo tempo em que a esquerda não enfrenta a extrema-direita, ela pode aparecer tranquilamente, por meio de muita demagogia, como verdadeira oposição ao regime político. E desse modo a extrema-direita cresce, diante da crise política e da omissão dos partidos de esquerda. É assim que o Vox, partido de extrema-direita espanhol, conseguiu seus primeiros 24 parlamentares nas eleições de abril deste ano, e no domingo mais que dobrou sua bancada, chegando a 52 cadeiras. Um crescimento vertiginoso, que mostra que um novo fracasso para a formação de um governo poderia levar até a uma vitória do Vox. Esse é um processo político que está se repetindo por toda a Europa. A esquerda está atrelada ao regime político da burguesia em crise, o que a está levando a definhar junto com esse regime apodrecido. Com apoio de setores da burguesia que se deslocam à direita, a extrema-direita está cada vez mais forte nos países europeus, em uma preparação da burguesia para reprimir os trabalhadores em caso de revoltas contra a política neoliberal.


ATIVIDADES DO PCO | 5

CURSO DE FORMAÇÃO

Participe do Curso O Programa da Revolução Socialista nos Dias de Hoje O curso sobre o Programa de Transição, de Leon Trotsk,i cumpre um papel fundamental na formação militante O Partido da Causa Operária realizou nos últimos meses centenas de cursos de formações políticas em diversas cidades do Brasil, com mais de 400 participantes. Isso porque o partido acredita que sem uma formação política adequada e constante o militância é incompleta. O curso “O Programa para a Revolução Socialista nos Dias de Hoje” cumpre um papel fundamental nessa formação militante., na etapa atual. O texto base, o Programa de Transição, escrito por Leon Trótski em 1938, teve como objetivo definir as bases programáticas da IV Internacional. Levando em consideração a atual crise do sistema capitalista e a tentativa de liquidação dos instrumentos de luta da classe trabalhadora, torna-se fun-

damental o conhecimento e a aplicação de um programa capaz de colocar em marcha o papel protagonista do proletariado no curso histórico da luta de classes, dando-lhe, portanto, as ferramentas elementares para o desenvolvimento das condições objetivas rumo ao poder. Como participar? Para um revolucionário, o conhecimento e o aprofundamento no estudo dessa obra é parte fundamental da construção da pessoa como militante. Procure o PCO e participe do curso de formação marxista, as aulas são abertas para todo o público. Para participar em um dos muitos cursos realizados em todo o Brasil,

basta entrar em contato pelo número (11) 96388-6198, ou pelo email pco. sorg@gmail.com. O curso é gratuito e basta comparecer no local em que o curso acontecer

na sua cidade, na hora marcada. Caso sua cidade não esteja entre os locais listados para receber o curso, é possível organizar para que o curso seja realizado.

JUNTE-SE AO PARTIDO

NÃO AO GOLPE MILITAR

Cursos, conferência, congresso, festas: a programação do PCO

PCO participa de ato em Paris e pede o “Fora Bolsonaro”

Imperdível para militantes, filiados e simpatizantes, servirá para fechar este ano, muito especial para o Partido e apontar para muito mais no próximo período

Deste mês até janeiro o Partido da Causa Operária (PCO) realizará uma série de atividades, que vão de cursos de formação a eventos sociais, passando pela atividade política mais importante do Partido: seu XI Congresso Nacional. 1. II Escola Marxista, com o curso o Programa para a Revolução Socialista dos dias de hoje. Ocorrerá até 01/12 em 300 cidades pelo País. 2. II Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo. Em 15 e 16/12 em São Paulo, o evento pretende reunir 2 mil ativistas de todo o País, integrantes dos Comitês de Luta para organizar os próximos passos da luta contra o governo Bolsonaro e por eleições com Lula presidente. 1. Jantares de fim de ano. Confraternizações locais, que ocorrerão dos 20 a 26/12 para reunir os ativistas da luta contra o golpe e simpatizantes nas suas regiões. 2. Réveillon Nacional em São Paulo. Maior festa do ano, irá celebrar a

luta do Partido neste ano com todos aqueles que fizeram parte destas suas conquistas e crescimento histórico do Partido. 3. 45ª Universidade de Férias. Entre os dias 13 a 24/01, ocorrerá no estado de São Paulo com o tema Fascismo: o que é e como combatê-lo parte II e será ministrada pelo cro. Rui Costa Pimenta. 4. XI Congresso Nacional. Atividade mais importante do Partido, ocorrerá logo após à Universidade de Férias, de 25 a 27/01. Irá debater os eixos principais da política do Partido no próximo período e eleger a direção partidária. A programação é imperdível, abrange todos os públicos, de militantes, filiados a simpatizantes e servirá para fechar este ano, muito especial para o Partido e sua militância, com formação teórica, organização política e confraternização de gala, para solidificar a posição do Partido e apontar que poderemos muito mais no próximo período.

No dia 12 de novembro, militantes do PCO participaram de mobilização contra os ataques do governo Bolsonaro aos indígenas No dia 12 de novembro, militantes do Partido da Causa Operária (PCO) participaram, em Paris, da marcha “Sangue indígena: nenhuma gota a mais”. A marcha foi encabeçada por uma delegação que está percorrendo 12 países da Europa durante 35 dias para denunciar os ataques do governo Bolsonaro ao povo indígena e à Amazônia. A marcha teve início em frente ao à Place de La Bourse (Praça da Bolsa de Valores) às 15h, sob forte chuva de granizo. Por volta das 17h, a marcha chegou à sede do Banco BNP, onde teve fim. Os representantes dos povos indígenas explicaram, em suas falas, que o BNP financiam projetos e, portanto, são cúmplices das mortes dos povos indígenas e da destruição da Amazônia. O ataque aos indígenas e aos sem-terra, bem como o saque generalizado das riquezas e a destruição do patrimônio nacional na região amazônica, embora seja uma política de toda a burguesia de conjunto, se intensificou bastante com a ascensão do fascista Jair Bolsonaro. Como Bolsonaro ganhou projeção no regime político a partir de sua base de extrema-direita, formada por setores da classe média, policiais e latifundiários, o presidente ilegítimo resolveu dar “carta branca” para que os golpistas explorassem a região de maneira devastadora, de modo que os incêndios mais recentes na Amazônia causaram uma crise de proporções intercontinentais.

A crise gerada pelas queimadas da Amazônia abriu a oportunidade para que as aves de rapina do imperialismo, como o presidente francês Emmanuel Macron, criassem condições para aumentar a ingerência do imperialismo europeu sobre a região. No entanto, essa política não deve ser reverberada pela esquerda e pelos trabalhadores. O imperialismo dizimou centenas de florestas em todo o mundo, causou duas guerras mundiais e o próprio Macron destruiu um dos mais importantes patrimônios culturais da Europa, a Catedral de Notre-Dame. Portanto, permitir que os agentes do imperialismo resolvam a situação da Amazônia não é nenhuma solução – muito menos os ataques aos índios, uma vez que foram os próprios europeus que dizimaram cententas de milhares de índios na América Latina. A única saída para que os trabalhadores combatam a destruição da Amazônia e o ataque aos índios é por meio da mobilização contra a extrema-direita. Por isso, é preciso organizar comitês de autodefesa no campo e derrubar o governo Bolsonaro, que é o grande promotor dessa política no Brasil. No ato do dia 12, os militantes do PCO levaram a sua faixa de “Fora Bolsonaro”, mostrando que a luta em defesa dos povos indígenas está diretamente relacionada com a derrubada dos golpistas.


6 | ATIVIDADES DO PCO

ORGANIZAR OS PRÓXIMOS PASSOS

Próxima parada: 2ª Conferência Nacional Aberta contra o Golpe Impulsionar a luta de todo o povo contra o golpe de Estado, pela derrubada do governo Bolsonaro Como próxima grande atividade da luta contra o golpe, o Comitê Central Nacional do PCO juntamente com os Comitês de Luta Contra o Golpe de todo o Brasil decidiram por convocar a II Conferência Nacional Aberta de Luta contra o Golpe para os dias 14 e 15 de dezembro próximo. A decisão foi tomada diante dos últimos acontecimentos no país, da liberdade de Lula, da luta pelo “Fora, Bolsonaro!”, por novas eleições já, para organizar a luta. É sob este angulo que deve ser vista essa proposta. Isto é, se trata de reunir o setor mais ativo da militância da luta contra o golpe para discutir uma perspectiva de ação clara. A liberdade do ex-presidente Lula foi uma vitória da mobilização, mas a mobilização deve não só ser mantida, mas ampliada. A tendência presente em toda América Latina é a do acirramento da luta de classes, de confrontos cada vez maiores. A Bolívia, por exemplo, prova isso; o golpe que foi desferido contra o país mostrou o avanço bastante grande da extrema-direita, mas também a resistência do povo trabalhador que já reage ao golpe militar. A própria liberdade de Lula mostra o acirramento e a tendência enorme da situação que tende a um confronto. Naturalmente, os acontecimentos do Equador, Chile, Bolívia e dos demais países latino americanos influenciam o Brasil. Isto é, todos os fatos demonstram que a luta deve ser organizada e a proposta de realizar uma Conferência Nacional Aberta toma proporções ainda maiores neste momento. Levar as organizações populares, associações

dos movimentos de luta pela terra, por moradia e principalmente os sindicatos e partidos de esquerda para colocar uma perspectiva clara de unificação de todas lutas em uma só. Ou seja, diante de toda a crise do regime político unir todas as reivindicações na luta contra o governo ilegítimo e golpista. Essa proposta já foi apresentada na realização da 1ª Conferência Aberta Nacional, evento que reuniu aproximadamente mil pessoas em julho de 2018, entre ativistas e militantes de todo o Brasil. A atividade foi um sucesso e serviu para unificar a luta pela candidatura de Lula contra o golpe. A organização da 2a Conferência será nos moldes da primeira. Será publicado uma ficha de inscrição nacional,

para todos os interessados; O local está para ser definido e será cobrado uma taxa pela organização do evento e da publicação de materiais, assim como na primeira vez. Será aberto para todos, militantes da esquerda, ativistas, para todo o povo trabalhador. É necessário continuar nas ruas, os mutirões aos domingos e quartas-feiras, levar para todo o povo a luta pela derrubada do governo golpista, colocando o problema da convocação de novas eleições gerais já. O centro da discussão nesta atividade deverá ser a unidade na luta contra o governo ilegítimo de Bolsonaro, fruto da fraude nas eleições. Colocar em questão que somente a mobilização popular poderá derrotar o golpe de Estado.

Todas as demais questões devem estar subordinadas a questão da mobilização popular. Ou seja, todas as reivindicações, a luta pela anulação dos processos contra o ex-presidente Lula, a libertação de todos os presos políticos, a luta contra as reformas do governo golpista, todas reivindicações devem ser fechadas numa luta de todo o povo contra o golpe de Estado. É necessário dizer aos ativistas, a população trabalhadora, movimentos de luta em geral, que abriu-se uma situação onde a ideia de que o golpe será derrotado pela mobilização popular se transformou numa ideia muito concreta, imediata e atual e que é preciso organizar essa proposta como uma questão central.

Todas às sextas-feiras, 14h na Causa Operária TV


CIDADES | 7

POLICIA FASCISTA NAS RUAS

A ordem é atirar no rosto: PM faz menina perder olho em baile funk Jovem de 16 anos perde a visão após ter sido covardemente atingida por uma bala de borracha no olho pela polícia, monstrando sua clara diretriz de atirar no rosto. Neste domingo (10/11) na zona Leste de São Paulo, em Guaianazes, uma jovem de 16 anos ficou cega durante a dispersão extremamente violenta da polícia sobre um baile funk que ocorria no local. A vítima recebeu alta nessa segunda (11/11) após uma cirurgia para reconstrução do globo ocular, e ainda corre riscos de perder o olho. A mãe da jovem relatou à Folha de S. Paulo, que mesmo com foto da garota já cega alega que a única prova que tem é uma espécie de relato dessa mãe, que quando os amigos da menina vitima da agressão chegou ao local já havia acontecendo a dispersão agressiva por parte da polícia das pessoas que ali estavam simplesmente usufruindo seu direito de ir e vir em vias públicas. E quando eles tentaram fugir para estação, que já estava fechada, a polícia avançou com sua diretriz clássica: atirar na cara, de forma covarde.

É preciso ter claro que essa ação não poderia ter outra definição senão criminosa! É claramente uma diretriz tanto nacional como na própria América Latina da repressão policial, apontar e atirar diretamente no rosto. Cegar, quebrar a mandíbula, os dentes. Causar o maior dano possível na região mais vulnerável do corpo. É assim no Chile hoje, onde estatísticas mostram que centenas de olhos já foram arrancados da população que está agora ocupando a rua. E assim também foi em 2013 quando a polícia de São Paulo a mando de Alckmin atirou no rosto de diversos manifestantes. É preciso ter claro que não tem como haver convivência com essa polícia assassina e carniceira. É preciso lutar pelo fim da Polícia Militar! Pela dissolução dessa instituição que é um verdadeiro moedor de carne da população pobre!

REPRESSÃO CONTRA TRABALHADORES

PMs agridem e prendem motoristas de aplicativo em Porto Seguro (BA) Sem qualquer motivo, motoristas de uber são presos por PMs em Porto Seguro A polícia militar de Porto Seguro, na Bahia, prendeu de forma arbitrária três motoristas de uber que realizavam o serviço no aeroporto da cidade. Os motoristas estavam divulgando o serviço no estacionamento do aeroporto, quando foram denunciados por taxistas, a PM então foi acionada. Os policias militares levaram presos dois motoristas, e uma mulher, também motoristas, que estava acompanhando a abordagem dos policiais militares com um celular. A ação truculenta da polícia foi filmada por outras pessoas que estavam no terminal, o

caso gerou revolta em todos que estavam no local, uma vez que nada de errado estava sendo feito, nada que justificasse a abordagem violenta por parte da polícia. É preciso ter claro que este é o modus operandi regular da PM, uma instituição voltada contra a classe trabalhadora, em defesa dos interesses da burguesia, da classe dominante. A repressão se acentua na medida que o golpe de estado evolui para uma ditadura aberta contra o povo, é preciso denunciar e mobilizar a população contra o golpe de estado e pela dissolução da policia militar.

ROUBO DO DINHEIRO DO POVO

Pedágio volta a ser cobrado na linha amarela no Rio de Janeiro Após a Câmara Municipal votar contra a cobrança, empresa entra na justiça e mantém o pedágio A Linha Amarela, trecho que liga as zonas oeste e norte do Rio de Janeiro, voltou a ter a cobrança de pedágio na última quarta-feira, 6, após decisão judicial, a qual passou por cima da decisão do legislativo, da Câmara Municipal do Rio, que havia decidido pelo fim da cobrança do pedágio no local. A decisão da Câmara aconteceu no dia 5, a empresa que administra o pedágio, Lamsa, recorreu na justiça e obteve a manutenção da cobrança. A tarifa é um verdadeiro assalto ao bolso da população, R$

7,50. O pedágio nada mais é do que uma forma de extorsão do dinheiro do povo para os bolsos dos capitalistas. O caso também revela o papel do judiciário golpista, o qual atuou favorável aos interesses empresarias, determinando a manutenção da cobrança do pedágio na Linha Amarela. A única forma de colocar um fim aos pedágios, ou seja, a privatização das ruas, estradas e rodovias é por meio da mobilização popular. É necessário colocar abaixo esse esquema de assalto da população.


8 | POLÊMICA

POLÊMICA COM ESQUERDA DIÁRIO

O que acontece na Bolívia é luta de classes, não identitarismo Ao afirmar que o problema indígena é central na discussão do golpe na Bolívia, a esquerda acaba caindo numa política de tipo frente-populista O golpe militar em marcha na Bolívia está servindo para esclarecer aonde vai parar a política da esquerda pequeno-burgesa. Entre as muitas ideologias da burguesia, repetidas por essa esquerda, está o chamado identitarismo. No caso da Bolívia, muitos setores da esquerda se confundem com o fato de que a direita fascista está atacando os representantes indígenas, que são parte fundamental, não só da massas de trabalhadores bolivianos e do seu setor mais combativo – a classe operária – como também do próprio governo Evo Morales. Uma das organizações da esquerda pequeno-burguesa que apresenta uma interpretação um tanto quanto identitária para a situação na Bolívia é a MRT (Movimento Revolucionário dos Trabalhadore). Em seu sítio na internet, o Esquerda Diário, o MRT afirma que “enquanto no Equador e no Chile os levantes populares trouxeram o protagonismo das populações indígenas e seus símbolos, na Bolívia o movimento “cívico” queima bandeiras Whipala, símbolos dos povos originários quíchuas e aimarás.” Segundo o autor do texto, Marcello Pablito, o essencial da situação política no continente seria o identitarismo. No Chile e no Equador, as mobiliações

“levantam as bandeiras mapuches e indígenas” e a diferença na Bolívia é que esses símbolos são queimados pelos golpistas. Para o MRT, esse seria o problema central da luta política nesses países, se não central, com certeza muito mais importante do que outros. Para não deixar dúvidas, logo depois, o texto afirma que “o imperialismo busca, através de um golpe de Estado racista, dar uma resposta reacionária ao ascenso da luta de classes na região.” A resposta do imperialismo, portanto, seria o racismo. Para o MRT, a luta de classes está determinada pelo racismo. Adolf Hitler, na Alemanha, perseguia os judeus. Pela lógica do MRT, issso seria a resposta da burguesia alemã diante da classe operária. O problema essencial não seria justamente a destruição dos sindicatos, dos partidos operários, do terror contra o povo para impor uma derrota aos trabalhadores alemãs. Para o MRT, que não por coincidência é o que afirma a “história oficial” contada pela burguesia, o central do nazismo era a perseguição ao judeus. O que o MRT e a esquerda pequeno-burguesa em geral não entendem é que a perseguição aos judues, embora tenha sido um dos absurdos do nazismo, foi uma cobertura ideológica

para a perseguição política da classe operária e de suas organiações. Ou seja, o central era a luta de classes, não em palavras, mas em ação efetiva da burguesia contra os trabalhadores. Os ataques racistas contra os indígenas na Bolívia é uma cobertura para a política de extermínio do povo. É preciso denunciar esses ataques, mas é preciso situá-los corretamente na luta de classes. Chamar simplesmente o golpe de “racista” só ajuda a confundir o panorama. O que está acontecendo na Bolívia, assim como o que ocorre no Brasil, é a ofensiva do imperialismo e da direita contra os trabalhadores e o povo. É um ataque político que visa destruir as organiações operárias, populares, reprimir os trabalhadores, acabar com direitos seus democráticos. O objetivo de tudo isso é um enorme ataque econômico contra o País, em primeiro lugar contra os trabalhadores. E qual é o problema dessa confusão política? Ao atribuir esse viés identitário ao golpe militar, o MRT e a esquerda pequeno-burguesa que defende tal política caem num política de tipo frente populista. Isso porque apaga-se a questão de classe – ou, na melhor das hipóteses, dissolve em outras questões. Existe luta de classes, mas a luta do povo indigena tem o mesmo peso.

Segundo essa lógica, deveríamos então defender um indígena seguidor de Luis Fernando Camacho? Esse é o extremo da política que a esquerda pequeno-burguesa coloca em prática no Brasil. Quando Manuela D’Ávila se solidaria com a fascista Ministra de Bolsonaro, Damares Alves, ou com a socialite fascista Joice Hasselman, o conteúdo disso é uma suposta identidade pelo fato de serem mulheres. Ignorando com isso o fato de que são mulheres que agem com muito mais energia e poder contra os direitos das próprias mulheres do que a maioria dos homens. Também na Bolívia, se levarmos até o fim a ideia do MRT, nem devemos atacar a presidenta golpista autoproclamada Jeanine Añez, afinal, ela é mulher. O que está em jogo na Bolívia é o caminho de uma guerra civil, ou seja, a expressão mais aguda da luta de classes: o imperialismo contra a classe trabalhadora. A burguesia racista e a “não-racista”, se é que existe isso, deve ser combatida. Esconder esse conteúdo fundamental da luta é não só confundir os trabalhadores, como é jogar o movimento para uma política de aliança com a burguesia, desde que ela esconde seu racismo ou não queime as bandeiras Whipala.

Em nota divulgada na terça-feira (dia 12), o Ministério das Relações Exteriores disse, da mesma forma que Marina, que a permanência de Morales no poder ameaçava a ordem democrática naquele país. Segundo a nota, “o governo brasileiro rejeita inteiramente a tese de que estaria havendo um ‘golpe’ na Bolívia”. Como faz, cinicamente a direita e repetem setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa que acompanham o imperialismo, Marina Silva quer culpar as vítimas do golpe de Estado pela selvageria da direita boliviana e, desta forma, dar legitimidade ao golpe de Estado na Bolívia, da mesma foram que o fez no Brasil. A declaração da pupila da direita brasileira, foi feita no momento em

que o presidente legítimo e deposto pelo golpe, Evo Morales chegava ao México, se refugiando dos gorilas que deram o golpe na Bolívia e denunciava em seu Twitter que “o golpe mais astuto e nefasto da história foi consumado. Uma senadora de direita golpista se autoproclama presidente do Senado e, logo em seguida, presidente interina da Bolívia, sem quórum legislativo, cercada por um grupo de cúmplices e apoiada pelas Forças Armadas e pela polícia. Denuncio ante a comunidade internacional que o ato de autoproclamação de um senadora como presidente a viola a Constituição da Bolívia e os regulamentos internos da Assembleia Legislativa. O golpe se consuma com o sangue de irmãos mortos pelas forças policiais e militares”.

A FAVOR DO GOLPE NA BOLÍVIA

Marina Bolsonarista Silva Ex-senadora ataca Evo Morales e fica do lado do governo fraudulento de Bolsonaro, o primeiro a reconhecer o governo ilegítimo e autoproclamado no país vizinho No exato momento em que o ministro das Relações Exteriores do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, Ernesto Araújo, apresentou o aval oficial do governo fascista ao golpe militar na Bolívia e anunciou que “reconhece a senadora opositora Jeanine Áñez como presidente da Bolívia”, fazendo do Brasil o primeiro país a reconhecer o ilegítimo e autoproclamado governo golpista que se impôs – inclusive – sem a aprovação do parlamento boliviano, a ex-candidata à presidência e ex-senadora Marina Silva (do Rede) resolveu apoiar a ação gorila contra o povo boliviano e contra o governo eleito pela população daquele País. Em sua conta no Twitter, Marina Silva responsabilizou Evo Morales pelo golpe de Estado na Bolívia, repetindo as acusações da direita fascista contra o presidente legítimo da Bolívia ao citar o suposto “vale tudo que lança mão de fraudes, ou da violência, para se chegar ou se manter no poder cria fissuras democráticas e acirra belicosamente os conflitos”. Desta forma, a ex-candidata pre-

sidencial apoiada por setores do imperialismo (principalmente em 2010) para impedir a vitória da esquerda no primeiro turno das eleições e que apoiou o golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016, se coloca claramente ao lado do governo Bolsonaro e dos setores mais reacionários do imperialismo que estão por detrás do golpe militar na Bolivia, mas quem tido cautela em apoiar o “novo” governo diante da enorme rebelião popular que toma conta daquele País, por conta da ampla rejeição dos golpistas por parte das organizações da classe trabalhadora, dos povos de origem indígena etc. Como uma autêntica bolsonarista e fiel à política direitista de quem apoiou o golpista Aécio Neves (PSDB) no segundo turno Resultado de imagem para Marina Silva apoia Aécio Nevesdas eleições de 2014, a ex-senadora colocou “água no moinho” do governo golpista brasileiro que se expressou contra o que chama de “tese” de que teria ocorrido um golpe de Estado na Bolívia .


POLÊMICA | 9

A REBOQUE DO IMPERIALISMO

Após o golpe e instauração de ditadura, PSTU pede eleições na Bolívia O PSTU, que apoiou o golpe no Brasil, na Ucrânia e em tantos outros países, surge agora alinhado com os golpistas bolivianos O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) já ficou conhecido por adotar a mesma posição que a direita pró-imperialista em dezenas de oportunidades, como nos casos dos golpes e ataques imperialistas contra os povos ucraniano, brasileiro, sírio, venezuelano, nicaraguense etc. Dessa vez, sem causar nenhuma grande surpresa para quem tem acompanhado, nos últimos anos, as análises completamente delirantes da agremiação morenista, o PSTU saiu em defesa de eleições gerais para a Bolívia. No dia 11 de novembro, o PSTU publicou, em seu sítio eletrônico, a declaração da Liga Internacional dos Trabalhadores (LIT-QI), que é uma pequena junção de organizações com a mesma política sectária dos morenistas, sobre a crise política na Bolívia. A declaração tem como centro a convocação de novas eleições na Bolívia, revindicação essa que tem sido propagada pelo PSTU por meio de seus memes: O primeiro termo da declaração já revela a total incapacidade de o PSTU e a LIT-QI analisarem os acontecimentos de acordo com a realidade: 1 – Foi consumado um golpe contrarrevolucionário na Bolívia, dirigido por Camacho, as Forças Armadas e a polícia, que manobraram e se utilizaram de uma mobilização popular, no início progressiva, contra a fraude eleitoral feita por Evo Morales. Logo de cara, já chama a atenção o fato de que a declaração oculta a participação do imperialismo no golpe contra a Bolívia. O golpe teria sido dirigido, portanto, por Camacho – uma figura que seria tão poderosa a ponto de destituir todo um governo que está no poder há mais de uma década – e pelos militares, que não tomaram o poder para si de imediato. Qual o sentido disso? Luis Camacho, liderança da extrema-direita religiosa boliviana, não é nada mais que um fantoche dos capitalistas, assim como tem sido Bolsonaro no Brasil. Camacho não foi responsável pelo golpe, mas apenas um vigarista que aproveitou a sabotagem que a burguesia vinha promovendo contra o governo para, com o apoio da própria burguesia, incitar as ações dos grupos fascistas e dar uma aparência muito fajuta de insatisfação popular. Os militares, por outro lado, embora detenham um poder muito grande no regime, visto que são o braço armado do Estado, derrubaram o governo obedecendo ordens superiores – as do imperialismo, que controla a cúpula das Forças Armadas em praticamente toda a América Latina. Ainda no primeiro termo da declaração, os morenistas defendem que houve uma fraude eleitoral na Bolívia. Mas que indícios levaram a essa conclusão infundada? O presidente boliviano Evo Morales venceu as eleições do dia 20 de outubro com uma vantagem superior a 10% em relação

ao segundo colocado. A vantagem de Morales era tamanha que a própria direita não discutia se Evo Morales havia ficado em primeiro lugar ou não, mas apenas se teria havido uma fraude para impedir a realização de segundo turno. Seja como for, nenhuma fraude foi comprovada, restando o parecer da Organização dos Estados Americanos (OEA), que, além de não apresentar provas, não merece nenhuma confiança, uma vez que representa os interesses do imperialismo. Se os morenistas insistem que houve fraude eleitoral, onde exatamente o PSTU e a LIT-QI querem chegar? Que as eleições, que mostraram uma larga vantagem de Morales, deixaram de ser legítimas por causa de algumas acusações feitas pela própria direita? Ou que o povo boliviano foi traído por um processo eleitoral injusto, que poderia ter dado a vitória ao verdadeiro candidato do povo? Se o objetivo da declaração é afirmar que o candidato do povo seria o segundo colocado, supostamente sabotado por Evo Morales, então os morenistas consideram que o candidato Carlos Mesa seria o candidato que verdadeiramente expressaria os interesses dos trabalhadores. Nada poderia ser mais falso: Mesa é um típico representante da direita neoliberal, como o golpista argentino Mauricio Macri. Não, o PSTU e a LIT-QI não chegam a afirmar que Carlos Mesa seria o candidato do povo – pelo menos, não diretamente. No entanto, a afirmação de que haveria uma mobilização popular contra o governo Morales mostra a dificuldade dos morenistas em fincar o pé na realidade. Não houve mobilização popular no governo, mas sim atos encabeçados pela extrema-direita – o fato de o principal líder dos protestos ser Luis Camacho é uma prova disso -, sendo impulsionados pela burguesia

para parecerem maiores e mais populares do que de fato são. As manifestações na Bolívia contra a reeleição de Evo Morales eram os famosos “coxinhatos”, como aconteceram no Brasil. Essa concepção de que as mobilizações contra o governo Morales teriam sido mobilizações “progressistas” partem de um vício dos morenistas de qualificar todos os governos nacionalistas dos países atrasados como governos da direita. O segundo termo da declaração põe essa tese em evidência: O governo de Evo Morales era burguês, a serviço das multinacionais e da burguesia boliviana. Fez inúmeras concessões a essa mesma burguesia golpista de Santa Cruz. Manteve o apoio da maior parte do grande capital enquanto foi capaz de conter o movimento de massas. Em 13 anos no governo, não houve nenhuma mudança real na dominação capitalista do país. Da mesma maneira como caracteriza o governo de Evo Morales como burguês, o PSTU vai fazer o mesmo com o governo Chávez/Maduro, na Venezuela, o governo Assad, na Síria, o governo Ortega, na Nicarágua, e o governo Lula/Dilma Rousseff, no Brasil. Essa tese, no entanto, vai completamente de encontro à análise da luta de classes real. Todos esses países são países atrasados e oprimidos pelo imperialismo, de modo que seus governos sempre vão ser pressionados a entrarem em choque com os interesses do imperialismo. Não é uma questão moral, de querer ou não enfrentar a burguesia internacional, as próprias condições de opressão dos países atrasados os coloca nessa posição. Os governos que estão sendo ou já foram derrubados pelo imperialismo e são criticados pelo PSTU são, todos eles, governos que possuem relações com o movimento popular, o que faz com que a pressão das massas para

que seus líderes entrem em confronto com o imperialismo se torne ainda maior. Por isso, remover os governos nacionalistas para dar lugar a um governo pró-imperialista é diminuir as contradições entre os governos da América Latina e o imperialismo, entravando a luta dos trabalhadores e promovendo o ataque a suas condições de vida. A análise completamente invertida da situação só poderia dar lugar a uma política invertida por parte dos morenistas. Por isso, a declaração da LIT-QI, apoiada pelo PSTU, institui o seguinte eixo de luta: “Abaixo o Golpe na Bolívia! Por eleições livres, sem restrições!” Embora pareça uma solução democrática, a reivindicação em torno da realização de novas eleições é exatamente aquilo o que a direita estava pedindo antes de a crise estourar na Bolívia! O golpe militar não era o “plano A” da direita pró-imperialista, visto que é uma operação de alto risco. Assim, se colocar contra o golpe militar e pedir novas eleições é uma posição pró-imperialista. Toda a esquerda deveria ser contra o golpe militar, é fato. No entanto, aqui parece que a LIT-QI o coloca em sua declaração apenas para fazer alguma demagogia esquerdista que esconda a frente única com o imperialismo que está propondo. Na prática, os morenistas não são contra o golpe militar, pois lutar contra o golpe militar na Bolívia é lutar contra a derrubada do governo Morales, é lutar contra o imperialismo. No Brasil, os morenistas não fizeram diferente… Para derrubar o governo do PT, toda palavra de ordem era válida – até mesmo um tal de “Fora todos” que, na verdade, significava “Fora Dilma”. Agora, com a extrema-direita no poder, se mostram incapazes de pedir o “Fora Bolsonaro”…


10 | MOVIMENTO OPERÁRIO

ACIDENTES COM AMÔNIA

Tragédia anunciada, amônia vaza no frigorifico Frango Santana (MG) Tragédia anunciada: no frigorifico Frango Santana, numa cidade de Minas Gerais, ocorreu explosão de um cilindro de gás amônia, vários trabalhadores e vizinhos foram hospitalizados Em Santana do Jacaré, cidade do estado de Minas Gerais, no dia 04 de novembro, ocorreu uma explosão no sistema de refrigeração no frigorifico Frango Santana. Segundo a Unidade de Pronto atendimento (UPA), 10 trabalhadores foram atendidos com sintomas causados pela amônia. Conforme a prefeitura, um funcionário foi socorrido em estado grave e levado ao Hospital de Campo Belo (MG). A fábrica tem 130 trabalhadores. (G1 Sul Minas – 04-11-2019) Com a explosão, todo o entorno do abatedouro precisou ser evacuado. Cinco pessoas de uma mesma família, vizinhos ao abatedouro, também precisaram ser hospitalizados. Eles não conseguiram sair a tempo. O efeito do gás foi tão forte que as plantas do quintal e da horta murcharam. Os números, no entanto, podem estar bastante subestimados quanto ao número de operários afetados, uma vez que o vazamento foi de grande proporção e os funcionários foram dispensados do trabalho e, muito provavelmente, boa parte desses trabalhadores tenham tido incômodos, tais como vômitos, tonturas etc.. Conforme o responsável pela segurança do trabalho do abatedouro, Da-

niel Cordeiro, informou que o acidente aconteceu depois que um cilindro de 500 litros de amônia estourou em um reservatório que fica do lado de fora do abatedouro. Os funcionários teriam inalado esse gás e por isso foram socorridos. Os efeitos do gás amônia incluem queimaduras na pele, afetar os olhos e causar cegueira, afetar partes internas quando da ingestão, ou seja, deixa sequelas profundas e irreparáveis não só nos operários, também, na vizinhança, como foi relatado na reportagem. Os acidentes com amônia são corriqueiros nos frigoríficos, todos os dias há casos de vazamento, alguns os patrões escondem, outros são tão evidentes que se torna difícil essa prática, utilizada por praticamente todos os frigoríficos, ou seja, a de esconder a sujeira por debaixo do tapete. É sabido que vai acontecer, mas não se toma nenhuma medida para evitar essa tragédia anunciada. Mas os patrões sempre têm uma boa explicação, os deste frigorífico também elaboraram uma que é: “… as pessoas atingidas permanecem em observação na UPA e Santa Casa de Misericórdia de Campo Belo, com quadro de saúde estável.

A empresa tomou todas as providências imediatas possíveis e cabíveis, trabalhando com toda a equipe técnica nas áreas de segurança e meio ambiente, juntamente com a presença do Corpo de bombeiros e Polícias Militar e Ambiental”.

Uma boa explicação, que não resolve o problema dos trabalhadores, e que busca esconder o verdadeiro objetivo dos patrões: reduzir o povo trabalhador a escravos, tal como planejam todos os golpistas.

O NOVO FIM DOS DIREITOS

Bolsonaro cria carteira de trabalho sem direitos trabalhistas Nova carteira “verde e amarela” representa uma nova destruição dos direitos trabalhistas, atacando o jovem que irá ingressar no mercado de trabalho sem nenhum direito. O governo do fascista Jair Bolsonaro pretende lançar, com a autoria do economista dos tempos de Pinochet, Paulo Guedes, uma nova carteira de trabalho, a chamada carteira de trabalho “Verde e Amarela”, que na prática se resumo a uma política de semi-escravidão focada na população jovem de baixa renda, que visa acabar com quais direitos trabalhistas, reduzir folha salarial e acabar com a contribuição patronal a aposentadoria, como forma de “resolver o problema do desemprego”. Os golpistas vem seguindo esta política de completo esmagamento do povo desde sempre. Com a reforma da previdência, pondo o fim da aposentadoria para os trabalhadores e abrindo para o capital privado, além da destrutiva reforma trabalhista, que representou o fim da CLT, uma das poucas garantias que o trabalhador brasileiro tinha em todos esses anos, o golpe foi pontualmente acabando com todos os direitos dos trabalhadores e destruindo suas organizações, como o fim do imposto sindical obrigatório, etc. Seguindo esta linha, não poderia ficar de fora uma série de ataques contra a população jovem, que já não bastasse iniciar com um conjunto de

regras totalmente absurdas, teria que ver seus míseros direitos indo por água abaixo junto ao restante da população. O jovem hoje na inicia seu trabalho sabendo que não irá se aposentar, porém com a nova carteira de trabalho, ele terá um fator a mais contribuindo para isso. De acordo com o governo Bolsonaro, a nova carteira de trabalho acabará com a contribuição do empregador na aposentadoria do funcionário, ou seja, representará uma diminuição significativa no valor da aposentadoria e colocará em cheque o próprio futuro do empregado, que já não terá garantia alguma de não só poder se aposentar, como ter dinheiro para tal. Outro fator bem importante nesta nova carteira de trabalho é seu foco exclusivo na população jovem de baixa renda. Anteriormente estava previsto para pessoas de até 55 anos, porém devido a crise no golpe tal medida precisou ser contida e os jovens serão os maiores afetados. O governo diz que com isso irá facilitar o emprego de novos funcionários de baixa renda, mas tudo que o mesmo faz é diminuir ao extremo os custos que o capitalista terá com seu funcionário, tornando o emprego do jovem em um trabalho

quase escravo, com menor salário, sem direitos nenhum. Além disso, o governo fará com que os trabalhadores, desempregados ou não, tenham que contribuir com 7% do seguro desemprego, para poder cobrir os gastos do programa. Dessa forma, os capitalistas passaram a ter custo zero, e os trabalhadores passarão a pagar de maneira integral pela

crise, dando aos capitalistas todo o lucro. O golpe vem se aprofundando, o governo Bolsonaro é uma clara representação disso, até 2022 nem sabemos se ainda existirá país, sendo assim precisamos impedir agora que está política avance, derrubando os golpistas e convocando novas eleições. Fora Bolsonaro! Eleições Gerais!


ESPORTES | 11

CLUBE-EMPRESA

Ferroviária: na mira dos capitalistas, clube corre risco de extinção Grupo de investidores, liderado por herdeiro das Casas Bahia e por agente ligado ao futebol europeu, está prestes a assumir o controle da Ferroviária de Araraquara Depois do Bragantino, que neste ano foi adquirido pelo monopólio de bebidas energéticas Red Bull e passará a se chamar Red Bull Bragantino no próximo ano, agora é a vez da Ferroviária, de Araraquara, entrar na mira dos capitalistas sedentos por lucro. É verdade que o clube, desde 2003, já se encontra sob os moldes do clube-empresa, mas, agora, a iminente investida capitalista ameaça elevar o controle da agremiação pelos empresários a um novo patamar. O herdeiro das Casas Bahia Nos últimos dias, correu a notícia de que um grupo de investidores estaria disposto a adquirir 50% das ações da Ferroviária Futebol S/A, que administra o futebol da Associação Ferroviária de Esportes, o que lhe permitiria assumir o controle do time de Araraquara. A imprensa burguesa revelou então que, à frente do grupo, estaria Saul Klein, herdeiro das Casas Bahia, rede varejista de móveis e eletrodomésticos. Klein não é uma figura nova no mundo do futebol. É bastante conhecido como o “mecenas” do São Caetano e, antes de fincar posição na Ferroviária, procurou outros clubes do interior de Sao Paulo para novos investimentos. Santo André e Comercial de Ribeirão Preto estiveram no radar do capitalista, mas, segundo informa a imprensa capitalista, a boa e estável situação financeira do clube de Araraquara seduziu o empresário. A compra do clube pelo grupo capitalista já está praticamente fechada, mas o negócio só deve ser concluído formalmente no próximo dia 19, quando haverá uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do clube que, na próxima temporada, disputará a primeira divisão do Campeonato Paulista e o Campeonato Brasileiro da Série D, além da possibilidade de participar da Copa do Brasil.

Megaempresário de atletas nas divisões de base O herdeiro das Casas Bahia, no entanto, não atuará sozinho nessa empreitada. Ao lado dele, estará um dos maiores mercadores de jogadores da atualidade, o empresário de atletas Giuliano Bertolucci. Preposto comercial de Kia Joorabchian, milionário de origem anglo-iraniano que chegou a investir no Corinthians através da MSI nos anos 2000, Bertolucci é um dos agentes mais conhecidos no meio do futebol. Entre seus clientes estão os meio-campistas Philipe Coutinho e Oscar, os zagueiros Marquinhos e David Luiz, o atacante David Neres e uma infinidades de outros atletas de renome mundial Enquanto Klein se concentrará no time principal, Bertolucci terá suas atenções voltadas para as categorias de base do clube. De maneira cínica, os monopólios de comunicação da burguesa afirmam que ele cuidará do “processo de formação dos jogadores do clube”, o que, traduzido termos realistas, significa que o comerciante de atletas terá à sua inteira disposição a totalidade dos jovens atletas das divisões de base da Ferroviária para negociar e vender — em especial, para os europeus. Abaixo o clube-empresa! A “empresarização” dos clubes brasileiros é uma tendência que se acentuou radicalmente a partir do golpe imperialista de 2016. Trata-se de uma manifestação particular da ofensiva geral do capital monopolista estrangeiro, e seus aliados locais, sobre os países atrasados e oprimidos. Quando um capitalista local e um intermediário comercial dos centros imperialistas europeus se juntam para controlar e dirigir um clube de futebol brasileiro, o resultado não pode ser

outro que não a total subordinação da agremiação esportiva às necessidades de lucro dos grandes capitalistas. Antecipando-se às justas preocupações dos torcedores do time grená, a imprensa chegou a noticiar que, nas negociações, a administração atual do clube e os futuros controladores inseriram uma cláusula contratual pela qual ficaria impossibilitada a retirada do clube da cidade de Araraquara. Mas, aqui, não sejamos ingênuos: se tal cláusula realmente existir e não for mera fumaça jogada pelos órgãos de imprensa da burguesia, ela não passa de letra morta; se os capitalistas entenderam que é mais lucrativo sair de Araraquara, eles assim o farão; se os capitalistas entenderem que é mais lucrativo mudar a cor tradicional da camisa do clube, eles assim o farão; se entenderem que é melhor para negócios mudar o distintivo do clube, eles assim o farão; se entenderem que é necessário mudar o nome do clube para torná-lo mais rentável, eles não

hesitarão em fazê-lo; se for preciso aumentar os preços dos ingressos no estádio para aumentar as receitas do clube, não há dúvida de que assim o farão. Concretizando-se o negócio, toda a vida do clube passa a estar nas mãos desses sanguessugas capitalistas. Com isso, a própria existência da Ferroviária enquanto tal, enquanto associação esportiva e cultural, com sua história, suas tradições, sua torcida, corre o risco de ser extinta pelos imperativos do capital. É preciso combater frontalmente a ofensiva capitalista sobre os clubes e o futebol brasileiro em geral. Os clubes e federações de futebol devem ser controlados pelos verdadeiros interessados no futebol, isto é, pelo povo pobre e trabalhador, pelos próprios torcedores, em particular os torcedores organizados, e não pelas empresas capitalistas, nacionais ou estrangeiras, para quem o futebol não é mais que um negócio lucrativo a ser explorado.


12 | JUVENTUDE E MORADIA E TERRA

ESCOLA MILITARIZADA

PM intimida professora em sala de aula no DF É preciso acabar com o fascismo nas escolas Foi levado até à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta terça-feira (12/11/19), uma denúncia de que uma professora foi intimidada por um policial militar dentro da sala de aula no Centro Educacional 7 da Ceilândia, no Distrito Federal. Segundo a denúncia, um Policial Militar entrou numa sala de aula para entregar advertências sem autorização da professora, que dava aula naquele momento. Quando a professora pediu que o policial se retirasse da sala de aula, o mesmo se recusou a sair e desrespeitou a professora, discutindo com a professora na frente dos alunos e dizendo que ela não manda na sala de aula. A denúncia foi acompanhada de um áudio onde é possível escutar parte da discussão entre a professora e o militar. Veja a transcrição do áudio: Professora: Alguém da direção, por favor, pode vir na sala do 9º D? O sar-

gento Policarpo está me desautorizando na frente da turma toda. Dizendo que eu não tenho autoridade sobre esta sala. Ele entrou para fazer advertências indevidas durante o meu período de aulas. Então, esse senhor está andando na minha sala, acabou de me desautorizar perante a minha turma e isso é inadmissível. Eu falei para ele que a turma é minha, a sala é minha enquanto eu estiver aqui dentro. Ele está sorrindo, fazendo chacotas, sendo irônico. Então, por favor…e pedi para ele sair da sala. PM: Não, a senhora mandou eu sair da sala. Professora: Sim, eu mandei você sair da sala. PM: A senhora não tem autoridade para mandar eu sair da sala. Professora: Eu tenho autoridade sim, a sala de aula é minha, eu tenho autoridade senhor Policarpo. Após a denúncia, a Secretaria de Educação do DF informou que, “em re-

lação aos acontecimentos ocorridos nesta segunda-feira (12), no CED 7 de Ceilândia, irá apurar os fatos para então se manifestar”. Já a Polícia Militar disse que “todas as partes serão ouvidas e os fatos serão analisados pela corporação para esclarecer o ocorrido no Centro Educacional 07”. O Sindicato dos Professores do DF (Simpro-DF) divulgou uma nota sobre o caso. Segundo a entidade, “é lamentável o que aconteceu no CED 07 de Ceilândia dentro de uma sala de aula. Uma violência extrema com a professora na presença dos alunos no seu local de trabalho”. O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) afirmou que “policiais estão sendo destinados para as escolas do DF sem qualquer preparo para atuação em ambiente escolar”. Entretanto, não se trata de falta de preparo do policial envolvido no caso ou da corporação. A Polícia Militar não tem qualquer compatibilidade

com o ambiente escolar, pois é uma instituição para a repressão e o assassinato dos trabalhadores, pobre e negros. A criação de escolas militarizadas é uma iniciativa fascista para controlar e intimidar professores e alunos. Não há qualquer objetivo pedagógico. Mas sim, a necessidade do Estado capitalista em crise de, ao mesmo tempo, destruir os direitos dos trabalhadores, como o ensino público, e controlar a reação da comunidade escolar. A discussão entre o PM e a professora evidencia a política ativa para intimidar e desmoralizar os professores e alunos dentro da escola para impedir que a categoria do magistério e os secundaristas possam ter um papel ativo na mobilização contra a destruição dos direitos sociais como a educação. É preciso denunciar e mobilizar as escolas e comunidades para acabar com as escolas militarizadas e o fascismo dentro do ambiente escolar.

IMPRENSA BURGUESA

PROJETO LEVARÁ AO FIM DO PNAE

Enem vaza de novo, mas imprensa não faz o alarde que fazia contra o PT

Direita quer fim do PNAE e da agricultura familiar

Canais tradicionais de informação minimizam vazamento de questões do ENEM para diminuir as críticas ao governo Bolsonaro O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), terminou de ser aplicado no último domingo, 9 de novembro. Mais uma vez houveram vazamentos de questões e até mesmo da proposta da redação. Os vazamentos se deram através da circulação de fotos pelo aplicativo de mensagens whatsapp, e segundo apuração a pessoa responsável pelo acontecimento será penalizada. Pelo menos desde às 16:30h de domingo questões da prova de ciências da natureza e matemática circulavam em grupos do aplicativo. O ministro golpista da educação, Abraham Weintraub, cedeu coletiva de imprensa para tentar minimizar a situação. Segundo o golpista, o vazamento das questões não afetou a prova pois circularam após o início da prova. A justificativa é ridícula, pois este é apenas o horário divulgado para o vazamento. As fotos foram tiradas antes e divulgadas para pessoas específicas também antes da prova. O valor de um gabarito do ENEM é algo incalculável. Se for investigado mais profundamente, outras pessoas deverão estar envolvidas no vazamento das questões, mas nem o governo e muito menos a imprensa golpista tem interesse que isso aconteça. A imprensa burguesa, em contrapartida, apresenta o argumento do ministro sem nem ao menos questionar. A passividade diante da situação

do vazamento do tema da redação é tão grande que não é possível imaginar como em outros anos teriam sido criadas polêmicas tão grandes em relação ao vazamento de questões. Se por um lado, enquanto o PT estava no governo, o ataque da imprensa em relação aos vazamentos era sistemático e intenso, agora sob o governo da burguesia a imprensa tradicional sustenta o argumento de que estes não ocasionaram qualquer problema. É importante, portanto, criticar o papel da imprensa burguesa. O time de demagogos que a imprensa compra age no sentido de defender a todo momento o regime político. É preciso lutar contra o monopólio da imprensa burguesa na divulgação de informações e opiniões. Para isso, é preciso financiar e fomentar as imprensas operárias e disseminá-las. Assim as palavras de ordem do povo estarão cada vez mais difundidas e haverá cada vez menos confusão política.

Os golpistas continuam sua onda incisiva de ataques contra os setores mais vulneráveis da população, sendo a educação um dos pontos mais atingidos pela política destrutiva do golpe que pretende acabar com o ensino público e entregá-lo na mãos dos interesses das grandes empresas imperialistas. Nesse sentido, o trabalho de destruição do ensino vem sendo realizado em diversos âmbitos, se destacando entre eles os grandes cortes que atingiram as federais de todo país, a redução dos salários aos profissionais da área e a diminuição radical dos recursos, que em muitos casos foram desviados para finalidades escusas dos golpistas, como por exemplo propagandas a favor do governo e até mesmo contra as próprias empresas estatais, vítimas do imperialismo e que estão com os dias contatos no Brasil. Agora, novamente os golpistas voltam a atacar a educação, sempre com algo novo, uma nova tentativa de fechar o cerco e por um fim completo ao ensino público e com um mínimo de qualidade. Se antes se pensava que os ataques eram exclusivos a federais, um caso a parte no cenário nacional, as novas medidas tomadas provam totalmente o contrário. O senador Izalci Lucas (PSDB/DF) colocou em tramitação um projeto de lei que visa a alteração dos recursos envolvendo as merendas escolares e a agricultura familiar, muito beneficiada com acordos junto ao estado que possibilitavam uma priorização da mesma nas esco-

lhas de alimentos saudáveis para os estudantes. Com esse projeto de lei, se dá um grande passo para a extinção de todo o trabalho em conjunto com a agricultura familiar, um enorme ataque ao PNAE, projeto nacional de alimentação estudantil, e aos próprios produtores. Os golpistas dão ao município o dever de cuidar destes assuntos, os mesmos municípios falidos pela política neoliberal que desvia grande parte das verbas adquiridas para sustentar os grandes bancos imperialistas, e dessa forma os golpistas, responsáveis por essa crítica situação, dizem já de antemão que provavelmente muitas cidades não darão conta de fornecer como esperado a alimentação para os estudantes tão como a parceria junto ao pequeno produtor. Um ataque baixo, de propaganda cínica e destrutiva, que surge no meio de uma política geral de ataques a educação de todos os níveis, que já sofrem com o fato do governo pressionar muitas escolas a se tornarem militarizadas e com a baixa verba recebida. Os golpistas assim destroem tanto as instituições de ensino, impedem o estudante de se alimentar como também atacam ferozmente o pequeno agricultor em favor dos grandes capitalistas. Fica claro a cada dia que passa que não há nenhum setor oprimido nesta sociedade que saia beneficiado pelo golpe, a devastação do país é geral e por isso necessitamos por um fim definitivo em tudo isso. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!


NEGROS E MULHERES | 13

REVISTA COLETIVO JOÃO CÂNDIDO

Apoie a imprensa negra do Coletivo João Cândido Contribua e apoie a imprensa revolucionária do coletivo de negros Para o dia 20 de novembro, Dia de Luta do Povo Negro, o coletivo de negros do PCO lançará mais uma edição da revista João Cândido. Para lançar a nova edição, os membros do coletivo estão fazendo uma campanha financeira para conseguir imprimir no mínimo 500 exemplares. A revista é um importante instrumento de organização e divulgação da política revolucionária do coletivo, por isso é tão importante apoiar essa imprensa de negros. Dentro da edição da revista que tem

como tema principal o fim dos presídios, você encontrará matérias de denúncia ao presídios, destacando o Massacre em Altamira e sobre a internação (prisão) compulsória. Denúncia ao governo do Witzel que tem massacrado a população negra trabalhadora no Rio de Janeiro, e também uma matéria que apresenta a direção de luta do coletivo de como combater o governador golpista e a sua polícia assassina. A revista também contará com uma matéria sobre Marighella e outros 41 líderes do movimento negro que fo-

COLETIVO ROSA LUXEMBURGO

Coletivo de Mulheres do PCO lança nova revista! O coletivo de mulheres do PCO Rosa Luxemburgo está lançando a edição nº 30 de sua revista Mulheres. Contribua! O coletivo de mulheres do PCO, Rosa Luxemburgo, está lançando uma nova edição de sua revista Mulheres, escrita por sua militantes sob um ponto de vista marxista da luta pela emancipação feminina. A edição n°30 conta com um especial sobre a vida e obra da revolucionária polonesa Rosa Luxemburgo, denúncias sobre tortura nos presídios femininos, polêmica com a deputada conservadora Tábata do Amaral, ma-

téria sobre a poetisa portuguesa Florbela Espanca com poemas críticos à situação da mulher, notícias e muito mais! As reuniões do coletivo acontecem aos sábados, no Centro Cultural Benjamin Perét (Rua Serranos, 90 – Saúde), em São Paulo, e conecta companheiras de todo o país através do zoom. Participe! Contribua com o coletivo e adquira já sua revista através do link: https://pag.ae/7VsnPMNB8

ram assassinados pela Ditadura Militar. É uma edição muito importante que será lançada no dia da Consciência Negra e alavancará o lançamento de muitas outras edições. Por isso, contribuindo com R$50,00 reais ou mais você possibilitará a impressão dessa nova edição, apoiará um coletivo revolucionário de negros e receberá um exemplar da revista em sua casa! Você pode fazer o depósito na seguinte conta:

Banco do Brasil Juliano Alessander Lopes Barbosa AG 1606-3 CC 109912-4 CPF: 716.950.791-91 Ou contribuir com pagamento pelo cartão de crédito ou boleto acessando o seguinte link do PagSeguro: https:// pag.ae/7VsnxMSVt Caso faça a contribuição por depósito, por favor entrar em contato com pelo WhatsApp (11) 95208-8335 para enviar o comprovante o endereço de entrega da revista.

Venha discutir

A LUTA

DO

POVO NEGRO Reunião do Coletivo de Negros João Cândido Todos os sábados às 16h

Centro Cultural Benjamin Perét R. Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde - SP


14 | CULTURA

MAIS ATAQUES CONTRA A CULTURA

Golpistas sucateiam Museu de Arte do Rio de Janeiro para privatizá-lo A política neoliberal dos golpistas no poder sucateia as instituições culturais para destruí-las ou entregá-las aos capitalistas O Museu de Arte do Rio (MAR) está sob ameaça de fechamento ou de entrega total aos capitalistas, que podem transforma-lo em qualquer coisa. Localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro, o MAR foi inaugurado em 2013 em uma parceria entre entes públicos (cidade, Estado e o governo Federal) e privados (da golpista Fundação Roberto Marinho). O Museu é administrado por uma Organização Social (OS) e conta com um acervo de cerca de 9 mil obras, em sua maioria doadas a instituição. O seu fechamento ou privatização constituem mais um crime contra o povo brasileiro. Com uma arquitetura premiada, o museu ocupa dois prédio interligados por uma passarela suspensa, um, o Palacete D. João IV, construído em estilo eclético, dedicado ao “Pavilhão de Exposições”, e o outro, um prédio antes utilizado pelo terminal rodoviário de Mariano Procópio, que foi totalmente revitalizado para a nascer a “Escola do olhar”, além da administração e outras instalações. O Museu tornou-se um dos espaços culturais importantes da cidade. Contudo, a política neoliberal, levada adiante pelo governo federal e estaduais da extrema-direita e da direita golpistas atuam como elemento de devastação da cultura, e não apenas da cultura, evidentemente. O MAR que já realizou 60 exposições, dentre outras atividades e teve cerca de 3 milhões de visitantes desde sua inauguração passa por grave problema financeiro, correndo o risco mesmo de ser fechado nos próximos meses. O instituto Odeon, OS que administra o Museu, colocou os 16 funcionários e os 8 estagiários em aviso prévio, o que significa evidentemente o fechamento do Museu ao final deste período se não for revogado. Segundo a OS, a prefeitura deve um repasse de

398 mil desde setembro, e até o fim do contrato, no fim do ano, a prefeitura deveria repassar R$ 600 mil até o próximo dia 20 e outros dois repasses, de R$ 300 mil e R$ 243 mil, até 20 de dezembro. A secretaria de Cultura da cidade informou desavergonhadamente que para manter “as escolas funcionando, investindo na saúde, às vezes é necessário postergar outros compromissos”. Evidentemente, que não se trata de escolha alguma, mas de uma política deliberada de destruição da cultura como parte da política de corte de gastos, cujo, objetivo não é apenas econômico, apesar de ser o motivo principal, mas também ideológico, a extrema-direita e a direita neoliberais são inimigos irascíveis da cultura. Temem-a pelo elemento perturbador da

obtusidade que são e da política que seguem que a arte possibilita, e sobretudo, da influência desse elemento nas massas populares. Nota-se também, pela nota da secretaria, o cinismo atroz dos representantes da burguesia golpistas na administração pública, a política neoliberal não é tirar dinheiro da cultura e outra áreas consideradas por eles de menor importância para direcioná-las a educação e saúde, mas retirar da educação e da cultura, assim como destas outras áreas para direcionar ao bancos e aos especuladores das bolsas de valores. O caso também revela o verdadeiro modus operandi deste tipo de parceria, o estado entra com o investimento e a burguesia por meio de suas fundações e OSs ficam com os lucros e o prestígio enquanto existirem.

É preciso defender de todas maneiras a cultura e as instituições culturais no país da devastação provocada pela política neoliberal do fascista Bolsonaro e seus asseclas nos Estados e prefeituras. O acesso a cultura e a memória são partes fundamentais do desenvolvimento de um povo no sentido assunção e do gozo da plena igualdade e liberdade. O único meio de proteger o patrimônio cultural e a memória é acabar com o governo dos inimigos do povo e da cultura, que representa o atual governo e todas as instituições do regime. Para defender imediatamente a cultura só a um meio: fora Bolsonaro, eleições gerais.ras de todo o país através do zoom. Participe! Contribua com o coletivo e adquira já sua revista através do link: https://pag.ae/7VsnPMNB8


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.