Diário Causa Operária nº5817

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TERÇA-FEIRA, 5 DE NOVEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5817

Começou o curso 70 anos da Revolução Chinesa: inscreva-se, dá tempo!

C

omeçou ontem (04) o curso sobre os 70 anos da Revolução Chinesa, sendo ele a inauguração da Universidade Marxista do Partido da Causa Operária (PCO), mais uma iniciativa de formação política para seus militantes e apoiadores, e ministrado pelo presidente do Partido, o companheiro Rui Costa Pimenta. Abordando a história da China – a China antiga, os diversos impérios e revoltas camponesas, a opressão do imperialismo -, Rui Pimenta tem contextualizado para que todos possam entender a situação que levou a China a ser palco de uma gigantesca agitação política e social no século XX.

Duas esquerdas na América Latina A vitória eleitoral de Alberto Fernández na Argentina fez com que a esquerda regional, destacadamente a brasileira, alimentasse ilusões em uma nova “onda progressista” na América Latina.

Veja como foi o programa Marxismo dessa segunda-feira No dia 21 de setembro, a Causa Operária TV (COTV) estreou mais um programa fundamental para a formação do militante socialista: Marxismo, apresentado pelo presidente nacional do PCO Rui Costa Pimenta. Na segunda-feira (4), o programa chegou a sua quarta edição, trazendo como tema o “Marxismo e as universidades”.

Cuba recolhe mais de 2 milhões de assinaturas pela liberdade de Lula A campanha realizada por Cuba pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva arrecadou mais de 2 milhões de assinaturas em 14 dias, ao longo de todo o território da ilha. Os formulários foram compilados e guardados em 24 caixas, entregues à delegação brasileira participante do Terceiro Congresso Antiimperialista contra o Neoliberalismo.

Peru: Lava Jato pediu para delator mentir sobre presidente de esquerda Dois membros do Ministério Público do Peru foram gravados incentivando um preso a mentir e esconder fatos sobre investigados pela Operação Lava Jato peruana, dentre eles funcionários da Odebrecht e o expresidente do país, Ollanta Humala. Segundo o portal The Intercept, que obteve os áudios, o preso é Martín Belaunde Lossio, marqueteiro que conduziu a campanha eleitoral de Humala. Para se livrar da condenação, Belaunde quer se tornar um delator premiado.

Presidente de Cuba pede “Lula livre já” em encontro internacional

Maringoni faz apelos pelo “fica, Bolsonaro” Em artigo recente, Gilberto Maringoni defende que “gritar fora Bolsonaro não resolve nada”

Venha discutir

A LUTA

DO

POVO NEGRO Reunião do Coletivo de Negros João Cândido Todos os sábados às 16h Maiores informações entre em contato com os coordenadores Juliano Lopes (11) 95456-9764 Izadora Dias (11) 95208-8335

Assista à entrevista da COTV com Glenn Greenwald, do Intercept No dia 2 de novembro, a Causa Operária TV publicou uma entrevista exclusiva com Glenn Greenwald, fundador do portal The Intercept Brasil e responsável pela divulgação dos vazamentos relacionados à Operação Lava Jato. Greenwald é norte-americano e mora no Brasil desde 2005.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Duas esquerdas na América Latina

A vitória eleitoral de Alberto Fernández na Argentina fez com que a esquerda regional, destacadamente a brasileira, alimentasse ilusões em uma nova “onda progressista” na América Latina. O jogo estaria sendo virado a favor da esquerda e contra a direita golpista e o imperialismo. A eleição de Andrés Manuel López Obrador no México, no ano passado, teria sido o pontapé inicial dessa onda, o primeiro raio de luz em meio a um cenário de golpes e instalação de ditaduras pelo imperialismo. Em primeiro lugar, no entanto, é necessário ressaltar que a direita lacaia do imperialismo continua sua onda golpista a todo o vapor. Na Bolívia, um dos últimos bastiões da esquerda no continente, Evo Morales venceu as eleições e a extrema-direita não exitou em iniciar um levante golpista para derrubá-lo do poder após 13 anos. No Uruguai, a Frente Ampla, que governa o país desde 2005, está em desvantagem eleitoral no segundo turno, contra uma direita unida e cada vez mais radical – os militares estão tentando voltar ao cenário político, com a proposta derrotada de maneira apertada de uma reforma constitucional e um candidato que terminou em quarto lugar defendendo a ditadura que vigorou de 1973 a 1985 naquele país. O fato de a direita e extrema-direita estarem avançando a ponto de esboçarem uma eleição no Uruguai é sintomático. A Frente Ampla foi o governo mais conservador dentre todos os governos de esquerda da chamada “onda progressista” – juntamente com os governos do Partido Socialista de Lagos e Bachellet no Chile. Seu candidato, Daniel Martínez, prometeu dar continuidade às políticas de Mujica e Tabaré Vásquez – o que significaria uma moderação ainda mais exagerada nas reformas sociais e a continuidade da capitulação diante dos capitalistas. Mesmo assim, o imperialismo quer descartar o governo da Frente Ampla, assim como já descartou o do PS chileno para dar lugar a Sebastián Piñera, que vem demonstrando ser um fascista ao instalar o estado de emergência e toque de recolher para reprimir as mobilizações populares no Chile. O que o imperialismo já demonstrou que quer para a América Latina é uma política de força, simbolizada pela imposição de ditaduras de caráter fascista como o bolsonarismo no Brasil, o regime militar em Honduras, o governo golpista sucessor de Stroessner no Paraguai, e, como vimos recentemente, o endurecimento dos regimes no Chile e no Equador.

Onde a implementação desse tipo de governo é inviável a curto prazo, devido ao total desgaste dos governos neoliberais por causa da catástrofe social que causaram, o imperialismo está optando por usar o outro lado da moeda. É o que ocorreu no México, quando Peña Nieto já não dava conta de sustentar um regime neoliberal e a burguesia acabou tendo que fazer uso de López Obrador para tentar acalmar a situação, concedendo algumas poucas migalhas ao povo. O mesmo vale para a eleição de Fernández na Argentina. O país está um caos devido à política genocida de Maurício Macri, um presidente absolutamente impopular. Então, a burguesia fez uma manobra: impossibilitada de ver seu candidato favorito se reeleger, impôs um esquerdista da ala direita do peronismo, obrigando Cristina Kirchner a entregá-lo a cabeça de chapa e garantindo que Fernández cumpra todos os acordos estabelecidos na gestão macrista, com algumas medidas emergenciais para estancar momentaneamente a crise social. Essa esquerda pode ser considerada uma social-democracia à europeia, ou seja, o braço esquerdo do imperialismo, sem, no entanto, a capacidade de mobilizar sua base social operária. Ela é diferente da esquerda que chegou ao poder durante a “onda progressista”. Engana-se redondamente quem a compara com o chavismo, o kirchnerismo, com Lula, com Evo e com Rafael Correa. Essa é uma esquerda nacionalista, que, além das reformas sociais – que foram muito mais profundas que as propagadas por Fernández, Obrador ou Haddad -, implementaram políticas que favoreceram a burguesia nacional em detrimento dos grandes monopólios imperialistas – e por isso foram derrubadas. Essa é a grande diferença: enquanto, no ciclo anterior, a correlação de forças fez surgir uma esquerda nacionalista, devido à mobilização radical das massas, agora a direita está muito mais preparada para evitar isso e, no máximo, aceita governos social-democratas que não mexem nos interesses do imperialismo. Portanto, por meio das eleições será impossível levar a esquerda e o movimento popular ao poder. Fernández e Obrador não significam um governo para o povo. A situação atual, inclusive, tende a levar a grandes mobilizações de massa contra os seus próprios governos, porque a burguesia os controla para que continuem implementando o fundamental de sua política. A saída, ao contrário, é o que os povos do Equador, do Chile, de Honduras e do Haiti já demonstraram: a mobilização radical das massas, a exigência de uma Assembleia Constituinte democrática que coloque as classes populares como protagonistas. A luta nas ruas para derrubar os regimes golpistas e expulsar os imperialistas da América Latina. Não há mais espaço para a conciliação.

20 de novembro, dia do negro lutar contra o golpe, pelo fora Bolsonaro Por Juliano Lopes

O Coletivo de Negros João Cândido do PCO (Partido da Causa Operária), em sua última reunião deliberou uma série de propostas para as atividades em torno do do 20 de novembro, dia de Luta do Povo Negro, chamado, comumente, de dia da Consciência Negra. A data é apresentada pela esquerda pequeno burguesa como mais uma oportunidade de fazer demagogia com a luta do povo negro, valorizando questões subjetivas, “culturais”, do negro, deixando de lado questões essenciais do movimento negro, como a luta pela dissolução da Polícia Militar. Por outro lado, outros setores do movimento negro buscam denunciar a repressão policial sem vincular com a luta pelo fora Bolsonaro, que é o principal mandante de todos os massacres cometidos pela PM desde o golpe de Estado. Essa reivindicação, de derrubada do governo golpista, é fundamental para fazer evoluir a luta do negro de conjunto. É diante deste fato que o Coletivo de Negros decidiu realizar debates em todas as regionais onde o PCO está organizado, no dia 20 de novembro, e participar dos atos que acontecem nesta data nos estados, com seu

material, panfletos, sua revista João Cândido, que deve ser publicada em breve, além de bandeiras e faixas sobre a luta do povo negro. Dessa forma, o tema principal dos debates durante o 20 de Novembro é a Luta do Povo Negro, pela liberdade de Lula e pelo fora Bolsonaro. Em São Paulo, o ato público contará com a presença da bateria popular Zumbi do Palmares, que se apresentou no último dia 27 de outubro, em Curitiba (PR), no transcorrer do aniversário do ex-presidente Lula. Além disso, será feita uma conferência aberta do Coletivo de Negros, no próximo dia 16, com transmissão ao vivo, para a organização das atividades do dia 20 de novembro e demais atividades para colocar, efetivamente, um movimento negro contra os golpistas, contra a direita racista que tomou de assalto o poder. São atividades que buscam apresentar uma perspectiva de luta para o povo negro, que sofreu com as direções pelegas e que buscam se adaptar, a todo custo, ao regime golpista de Jair Bolsonaro e demais lacaios do imperialismo. Acompanhe mais informações sobre essas atividades no diário Causa Operária, participe!

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


ATIVIDADES DO PCO | 3

ESTA SEMANA

Começou o curso 70 anos da Revolução Chinesa: inscreva-se, dá tempo! Rui Costa Pimenta ministra o mais completo curso sobre a Revolução Chinesa do Brasil Começou ontem (04) o curso sobre os 70 anos da Revolução Chinesa, sendo ele a inauguração da Universidade Marxista do Partido da Causa Operária (PCO), mais uma iniciativa de formação política para seus militantes e apoiadores, e ministrado pelo presidente do Partido, o companheiro Rui Costa Pimenta. Abordando a história da China – a China antiga, os diversos impérios e revoltas camponesas, a opressão do imperialismo -, Rui Pimenta tem contextualizado para que todos possam entender a situação que levou a China a ser palco de uma gigantesca agitação política e social no século XX. A Revolução de 1911 derrubou a Dinastia Qing, instaurando a República. Essa revolução democrática e nacional abriu o caminho para o forjamento da classe operária chinesa e, consequentemente, a fundação do Partido Comunista, em 1921. Mas Rui Costa Pimenta não limita-se a narrar a história da China e de sua Revolução partindo de um ponto de vista marxista, mas, principalmente, analisa de uma forma científica esse processo revolucionário. A aula inaugural, nessa segunda, ocorreu no período da noite. E assim será ao longo de toda a semana – o curso ocorrerá até a próxima sexta-fei-

ra (08) -, das 18h30 às 21h30. O local é o Centro Cultural Benjamin Péret, em seu Auditório Friedrich Engels, localizado na Rua Serranos, 90, próximo ao metrô Saúde, em São Paulo. As aulas também são transmitidas pela Causa Operária TV em seu canal no Youtube. O curso é gratuito e todos os interessados podem ir até o local

assisti-lo, ou pela COTV. Quem quiser se aprofundar nos estudos e, ao mesmo tempo, contribuir com a COTV, pode fazer um investimento de R$ 75,00 (R$ 50,00 para membros e assinantes do canal) e ter acesso ao material completo, com biografias, enciclopédia com verbetes, fotos e vídeos/filmes/ documentários. Para isso, basta aces-

sar o sítio da Universidade Marxista. Para esse curso, a Loja do PCO também está estreando novos materiais, como bóton, camiseta e caneca com artes da Revolução Chinesa e retratos do líder comunista Mao Tsé-Tung. Não perca tempo, inscreva-se no mais abrangente e melhor curso sobre a Revolução Chinesa já feito no Brasil!

COMO PARTICIPAR DO CURSO 70 ANOS DA REVOLUÇÃO CHINESA O curso será realizado no CCBP em São Paulo. Para participar, basta inscrever-se (veja todo os meios de contato no verso. Ao mesmo tempo, o curso será transmitido ao vivo, com o sinal aberto pela Causa Operária TV. Para assistir não é necessário inscrever-se, basta acessar o canal da COTV no Youtube. ASSINE O CURSO PARA TER ACESSO A TODO O MATERIAL DO CURSO

O PALESTRANTE O companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do Partido da Causa Operária, é militante revolucionário trotskista desde a década de 1970, editor geral do jornal Causa Operária e das publicações ligadas ao Partido. Tem um grande número de artigos e ensaios publicados sobre política, história, economia, filosofia e teoria marxista e vários livros. Consta da sua atividade revolucionária a realização de centenas de cursos de formação política marxista sobre os mais diversos temas. Uma parte deles pode ser encontrada no canal da COTV no Youtube. O companheiro realiza ainda quatro programas semanais na Internet: Marxismo, todas as segundas-feiras às 13 horas; Análise Política da Semana, todos os sábados às 11 e meia, Análise Internacional, todas as sextas-feiras, às 14 horas, todos estes na Causa Operária TV e o programa Análise Política, todas as terças-feiras às 16 horas na Brasil247 TV.

A Universidade Marxista, projeto elaborado pelo Partido da Causa Operária e a Fundação João Jorge Costa Pimenta, tornará disponível a todos os que assinarem o curso, o que é uma contribuição para sustentar o projeto, toda uma quantidade materiais de apoio para o curso como dezenas de textos marxistas sobre a china traduzidos para o português, fotos, vídeos, verbetes sobre os principais personagens e acontecimentos, mapas e infográficos, materiais didáticos, tais como testes de conhecimento etc. Os assinantes terão, também, exclusividade, na formulação de perguntas do curso, sendo considerados como inscritos regularmente. A taxa de inscrição básica será de R$ 50,00 para os assinantes do canal e 70,00 para os demais, podendo os interessados em sustentar este projeto, contribuir com valores maiores.


4 | ATIVIDADES DO PCO

COTV

Veja como foi o programa Marxismo dessa segunda-feira Na última segunda-feira (4), a COTV transmitiu, ao vivo, a quarta edição do programa “Marxismo”, apresentado pelo presidente nacional do PCO Rui Costa Pimenta. No dia 21 de setembro, a Causa Operária TV (COTV) estreou mais um programa fundamental para a formação do militante socialista: Marxismo, apresentado pelo presidente nacional do PCO Rui Costa Pimenta. Na segunda-feira (4), o programa chegou a sua quarta edição, trazendo como tema o “Marxismo e as universidades”. O programa Marxismo vai ao ar todas as segundas-feiras, sempre a partir das 13h. Assista aqui à última edição do programa Marxismo:

VAZA JATO

Assista à entrevista da COTV com Glenn Greenwald, do Intercept No dia 2 de novembro, foi ao ar a entrevista exclusiva do jornalista Glenn Greenwald à COTV. Na entrevista, Greenwald falou sobre os últimos acontecimentos sobre o caso Marielle. No dia 2 de novembro, a Causa Operária TV publicou uma entrevista exclusiva com Glenn Greenwald, fundador do portal The Intercept Brasil e responsável pela divulgação dos vazamentos relacionados à Operação Lava Jato. Greenwald é norte-americano e mora no Brasil desde 2005. Quando trabalhava no jornal The Guardian, Glenn Greenwald foi um dos jornalistas que, em parceria com Edward Snowden, levaram a público a existência dos programas secretos de vigilância global dos Estados Unidos. Os vazamentos relacionados à Operação Lava Jato contribuíram significativamente para aprofundar a crise do regime golpista, enfraquecendo o governo Bolsonaro e engrandecendo a tendência à mobilização pela liberdade do ex-presidente Lula. Por meio das mensagens divulgadas, Greenwald comprovou aquilo que já estava claro: Lula foi preso por meio de uma conspiração,

que levou o fascista Jair Bolsonaro ao poder. Na entrevista à COTV, Glenn Greenwald comentou os casos mais recentes da crise do governo Bolsonaro, que estão relacionados ao assassinato político da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e as declarações de Eduardo Bolsonaro sobre a decretação de um “novo AI-5”. Assista aqui à entrevista de Glenn Greenwald à Causa Operária TV:

Mais e melhores programas: Causa Operária TV tem nova grade, veja só! Segunda-feira 8h - Primeiras Notícias 9h30 - Reunião de Pauta 12h - Colunistas COTV com João Silva 12h30 - Panorama Brasil 14h - Marxismo, com Rui Costa Pimenta 15h - Jornal das 3 16h - Programa de Índio 17h- Universidade Marxista 19h - Tição 20h30 - Resumo do Dia 22h - Colunistas da Noite com Renato Farac

Terça-feira

8h - Primeiras Notícias 9h30 - Reunião de Pauta 12h - Colunistas COTV com Henrique Áreas 12h30 - Panorama Brasil 14h - Panorama Internacional 15h - Jornal das 3 16h - Análise Política na TV 247 com Rui Costa Pimenta 17h - Universidade Marxista 19h - COTV Entrevista 20h30 - Resumo do Dia 22h - Colunistas da Noite com Alexandre Flach

Quarta-feira

8h - Primeiras Notícias 9h30 -Reunião de Pauta 12h - Colunistas COTV com Antônio Carlos Silva 12h30 - Panorama Brasil 14h - Música ao Vivo 15h - Jornal das 3 16h - Conexão Caracas 17h - Universidade Marxista 19h - Uzwela 20h30 - Resumo do Dia 22h - Colunistas da Noite com Renan Arruda

Quinta-feira 8h - Primeiras Notícias

9h30 - Reunião de Pauta 12h - Colunistas COTV com Rafael Dantas 12h30 - Panorama Brasil 14h - Juventude Revolucionária 15h - Jornal das 3 16h - Samba Nzinga 17h - Universidade Marxista 19h - Na Zona do Agrião 20h30 - Resumo do Dia 22h - Colunistas da Noite com Expedito Mendonça

Sexta-feira 8h - Primeiras Notícias 9h30 - Reunião de Pauta

12h - Colunistas COTV com Natália Pimenta 12h30 - Panorama Brasil 14h - Análise Internacional 15h - Jornal das 3 16h - Música Clássica 17h - Universidade Marxista 19h - Cineclube Luís Buñuel 20h30 - Resumo do Dia 22h - Colunistas da Noite com Vitor Lara

Sábado 11h30 - Análise Política da Semana com Rui Costa Pimenta

18h - Análise Sindical

Domingo 12h - Colunistas COTV 18h - Discutindo a semana 19h - TV Mulheres 20h30 - Zona do Agrião


POLÍTICA | 5

EM 14 DIAS

Cuba recolhe mais de 2 milhões de assinaturas pela liberdade de Lula 24 caixas com mais de 2 milhões de assinaturas foram entregues à delegação brasileira presente em encontro internacional em Havana A campanha realizada por Cuba pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva arrecadou mais de 2 milhões de assinaturas em 14 dias, ao longo de todo o território da ilha. Os formulários foram compilados e guardados em 24 caixas, entregues à delegação brasileira participante do Terceiro Congresso Anti-imperialista contra o Neoliberalismo. As assinaturas foram entregues no encerramento do encontro, no último domingo (03), no Palácio das Convenções, em Havana. Quem recebeu das mãos dos dirigentes cubanos foram a presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann. Além das caixas, Gleisi recebeu também um quadro com uma foto de Lula e Fidel Castro, com o lema “Lula livre”, as inscrições “Pela liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva, do povo de Cuba” e uma citação de Fidel: “Quem não é capaz de lutar pelos outros, não será nunca suficientemente capaz de lutar por si mesmo.” No total, foram colhidas precisamente 2.061.565 assinaturas pela anulação da condenação de Lula.

Ainda no encerramento do encontro, em seu discurso final, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, também exigiu a imediata liberdade de Lula, ao bradar “Lula livre” e “Lula livre, já!”, quando abordou a situação latino-americana de avanço da direita e do imperialismo contra os povos e movimentos de esquerda da região. O Terceiro Congresso Anti-imperialista contra o Neoliberalismo teve duração de três dias e contou com mais de 1.200 delegados de 95 países, representando lideranças políticas, intelectuais e ativistas de esquerda de todo o mundo. Cuba tem sido o país mais solidário a Lula e o que mais tem feito pela campanha por sua liberdade. Há meses existe uma campanha, por exemplo, nas escolas e universidades cubanas, com confecção e apresentação de cartazes, pinturas, coletas de assinaturas e debates a respeito da liberdade do ex-presidente. Em todas as oportunidades que tem tido, o governo cubano tem denunciado a prisão política de Lula, incluindo o próprio presidente Díaz-Canel.

É importantíssima a campanha internacional pela liberdade de Lula. É preciso denunciar ao mundo todo e não somente isso: os movimentos populares devem organizar atos – como os que ocorreram recentemente na Europa – nas ruas de todo o planeta.

É necessário um grande movimento internacionalista por essa luta democrática, porque Lula é o preso político mais importante do mundo e um dos muitos presos e perseguidos pelo imperialismo, que avança contra todos os povos oprimidos.

MIGUEL DÍAZ-CANEL

Presidente de Cuba pede “Lula livre já” em encontro internacional Pedido foi feito no encerramento do Terceiro Congresso Anti-imperialista contra o Neoliberalismo, em Havana O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, pediu a liberdade imediata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de encerramento do Terceiro Congresso Anti-imperialista contra o Neoliberalismo, realizado no Palácio das Convenções de Havana, em Cuba, no último domingo (03). “Lula livre! Lula livre, já!”, exclamou o líder cubano, eleito no ano passado para suceder Raúl Castro, primeiro-secretário do Partido Comunista Cubano. Díaz-Canel exigiu a liberdade de Lula ao falar sobre a conjuntura política da América Latina, solidarizando-se com os governos e movimentos de esquerda que vêm sendo alvo do assédio brutal do imperialismo e da direita, como Nicolás Maduro na Venezuela, Daniel Ortega na Nicarágua e o próprio Lula no Brasil. “Ser solidários é saldar nossa dívida com a humanidade. Por ser solidário e coerente com a história de lutas e sacrifícios, por ser irmã dos povos que resistem, Cuba é condenada e sancionada sem limites”, denunciou. E continuou: “Quando ficamos sozinhos no meio do hemisfério, fundamos aqui o Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), foi uma ideia de Fidel, não nos interessava a relação com governos do ministério das colônias [referência à OEA, que continua promovendo a desestabilização de go-

vernos de esquerda], nos interessa em primeiro lugar a amizade dos povos.” Essa é uma importante denúncia contra a prisão ilegal de Lula e por sua liberdade, uma vez que é feita por um presidente de um país soberano e em um encontro internacional. No con-

gresso, também estiveram presentes os próprios Raúl Castro e Nicolás Maduro, bem como a presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann. Ela recebeu, como presidenta do partido de Lula e personalidade des-

tacada da delegação brasileira que participou do congresso, as 24 caixas que continham mais de dois milhões de assinaturas recolhidas por toda a Cuba pedindo a liberdade para Lula, em meio à campanha que a ilha realiza pela soltura do ex-presidente.


6 | INTERNACIONAL

OLLANTA HUMALA

Peru: Lava Jato pediu para delator mentir sobre presidente de esquerda Ex-presidente Ollanta Humala é mais um dos perseguidos políticos, e revelações provam novamente que a Lava Jato é uma operação para acabar com a esquerda e entregar tudo ao império Dois membros do Ministério Público do Peru foram gravados incentivando um preso a mentir e esconder fatos sobre investigados pela Operação Lava Jato peruana, dentre eles funcionários da Odebrecht e o ex-presidente do país, Ollanta Humala. Segundo o portal The Intercept, que obteve os áudios, o preso é Martín Belaunde Lossio, marqueteiro que conduziu a campanha eleitoral de Humala. Para se livrar da condenação, Belaunde quer se tornar um delator premiado. Para que sua delação não fizesse com que as acusações contra Humala entrassem em contradição, Belaunde foi instruído a dizer que não sabia de uma suposta doação de 400 mil dólares da Odebrecht à campanha do então candidato, que foi presidente de 2011 a 2016. “O que o senhor vai nos dizer precisa ter concordância com a tese da procuradoria”, ouve-se em um dos áudios o procurador David Castillo. Ele concordou com os inquisidores e disse não saber da alegada doação. Humala e sua mulher, Nadine Heredia, foram presos preventivamente em

junho de 2017 e ficaram na prisão por mais de nove meses, até abril de 2018, quando foram soltos graças a um habeas corpus. Apenas mais de um ano depois de ser preso preventivamente, o ex-presidente foi formalmente denunciado pelo Ministério Público. A Java Jato peruana somente explicita o que é a Lava Jato no Brasil: uma operação totalmente ilegal, inconstitucional e puramente político-persecutória. E que tem como alvo políticos de

esquerda e ligados à burguesia nacional, como é o caso de Humala. Ele foi o único presidente de esquerda do Peru nas últimas décadas, levado ao poder devido à intensa crise neoliberal que abalou a América Latina no início dos anos 2000, e que fez com que a esquerda chegasse ao governo em vários países. Humala foi um presidente extremamente moderado, mais até que os governos de esquerda do Partido Socia-

Todos os dias às 9h30 na Causa Operária TV

lista no Chile ou da Frente Ampla no Uruguai, que já foram muito conservadores. Mesmo assim, não escapou à perseguição política e à prisão. Outros presidentes do Peru, mesmo neoliberais, também foram vítimas dessa operação, que atende direta e integralmente aos interesses do imperialismo e que varre do mapa até outros aliados do imperialismo, caso eles já não sirvam mais aos grandes monopólios e possam ser facilmente descartados. Foi o caso do ex-presidente Alan García, que governou o Peru em dois governos neoliberais (1985-1990 e 2006-2011). Ele disparou contra a própria cabeça em abril deste ano, se suicidando para que não fosse preso pela Lava Jato. A Lava Jato precisa acabar e todos os seus processos devem ser anulados, seja no Brasil, no Peru ou em qualquer lugar. Ela é um instrumento criado pelo imperialismo contra a soberania nacional dos países oprimidos da América Latina, uma verdadeira operação de perseguição e prisão política digna das ditaduras militares que vigoraram no continente no século passado.


POLÊMICA | 7

ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA

Maringoni faz apelos pelo “fica, Bolsonaro” Em artigo recente, Gilberto Maringoni defende que “gritar fora Bolsonaro não resolve nada” – o que, no final das contas, é o mesmo que defender o mandato do fascista Bolsonaro. O professor universitário Gilberto Maringoni, que disputou o governo do estado de São Paulo pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em 2014 e permanece até hoje filiado à sigla, publicou, no último domingo (3), por meio de seu perfil no Facebook, um texto com o título “Gente, por favor, gritar fora Bolsonaro não garante nada”. O texto foi publicado, estranhamente, em um momento em que a crise do governo Bolsonaro se aprofunda – e, portanto, um momento em que a derrubada do governo está, mais do que nunca, colocada na ordem do dia. Recentemente, uma série de indícios que comprovariam a relação de Jair Bolsonaro com o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) vieram à tona. Maringoni inicia assim seu texto: Há quem considere que protocolar na Câmara – com formulário em diversas vias, carimbos e assinaturas – o pedido de impeachment de Bolsonaro seja medida radical. Há gente muito boa com tal concepção. Sem nesse momento entrar no mérito da discussão sobre a efetividade de um eventual pedido de impeachment do presidente golpista Jair Bolsonaro, é preciso destacarmos que a discussão entre o “Fora Bolsonaro” e o impeachment de Bolsonaro não são idênticas. De fato, pedir o impeachment de um presidente está longe de ser uma medida radical, mas isso não implica que a luta pela derrubada do governo Bolsonaro seja, assim, ilegítima. O “Fora Bolsonaro” é uma necessidade das massas, um imperativo diante do que o governo Bolsonaro significa – a aplicação da política neoliberal, uma ofensiva que tem como objetivo devastar o país. Se os trabalhadores precisam pôr fim ao governo Bolsonaro, os trabalhadores encontrarão, inevitavelmente, um meio para fazê-lo. Ao iniciar a discussão igualando o “Fora Bolsonaro” ao impeachment e, desde já, desdenhando do pedido de impeachment, Maringoni opta por levar os trabalhadores a um beco sem saída. Daí já se vê, portanto, a indisposição do psolista em se alinhar aos interesses reais da população. A seguir, Maringoni nos presenteia com outro argumento igualmente paralisante, a de que os trabalhadores não se mobilizam pela luta política, mas sim pela luta econômica: Contudo, isso significa não examinar corretamente como se formaram as gigantescas mobilizações no Equador e no Chile. Elas começaram com reivindicações concretas, como preço de transportes, aposentadorias, emprego decente etc. Bolsonaro cairá quando parcelas consideráveis da população tiverem ciência de que seus infortúnios privados são decorrentes de decisões públicas por parte de um determinado au-

tor. Isso está longe de acontecer, por mais que nós – em nossa estimulante bolha virtual – achemos o contrário. Essa tese, no entanto, não só é errada do ponto de vista teórico, como também já foi inúmeras vezes derrubada pela experiência do movimento operário. Não há nada mais concreto que a disputa pelo poder político para que as condições de vida dos trabalhadores sofram mudanças imediatas. As falsas promessas de que os problemas dos trabalhadores seriam resolvidos por meio de lutas parciais não só constituem uma charlatanice como também não empolgam o movimento operário de conjunto. Os motivos, são óbvios: não há porque acreditar que, em um país governado pela extrema-direita, uma reivindicação específica traria alguma mudança real na vida do trabalhador. Por exemplo: não há porque acreditar que, com o governo Boslonaro, que está destruindo a economia nacional, aumentando o desemprego e congelando os salários, a luta apenas em torno da defesa da aposentadoria arraste a classe operária de conjunto, classe operária essa que se lança diariamente ao desafio de lutar pela própria sobrevivência. Em toda a história, o movimento operário teve sucesso quando partiu para uma luta política, isto é, uma luta que coloque diretamente o problema da disputa pelo poder político. Foi assim, por exemplo, que os trabalhadores derrubaram o governo do neoliberal Fernando Collor. Mesmo em um momento de refluxo, em que os sindicatos não conseguiam mobilizar os trabalhadores para as pautas econômicas, o movimento operário conseguiu se unificar em torno da derrubada do presidente da República. Mais recentemente, na luta contra o golpe de Estado, também tem sido assim. O maior impasse que o regime político golpista encontrou até o momento foi justamente a prisão do ex-presidente Lula, que mobilizou pessoas dispostas

a enfrentar as instituições para defender o maior líder popular do país. Além da discussão sobre a questão da luta política e da luta econômica, é preciso apontar também que, a essa altura dos acontecimentos, declarar que a derrubada do governo Bolsonaro não é uma pauta que coloque os trabalhadores em movimento é uma falsificação grotesca da realidade. Afinal, até mesmo no Rock in Rio, que é frequentado por camadas mais privilegiadas da sociedade, o ódio a Bolsonaro ficou latente: todos querem se livrar daquele que aparece como principal organizador dos ataques ao povo. Embora a política defendida por este Diário seja a da derrubada do governo pela mobilização popular – e não por meio de uma solução institucional, como o impeachment, é preciso esclarecer alguns pontos levantados por Maringoni sobre a proposta de impedimento do presidente da República: Sacramentar o impeachment como solução deve levar em conta alguns pressupostos: 1. PODEMOS TER MOURÃO na presidência, com um governo neoliberal muito mais eficiente e capaz de atrair setores centristas, 2. NADA GARANTE que um eventual impedimento de Bolsonaro leve junto Paulo Guedes e seu projeto sulfúrico de destruição nacional. A hegemonia financeiro-privatista nos acompanha desde Dilma II e se aprofundou com Temer. Ela segue impávida. Aí está o poderoso inimigo principal das grandes maiorias a ser efetivamente combatido, 3. QUEM PREGA O IMPEACHMENT precisa urgentemente mudar a terminologia do ocorrido em abril de 2016 nesse canto do universo, 4. PRECISA TAMBÉM admitir que qualquer governo de esquerda que sofrer um processo de impeachment não estará diante de um golpe. O general Mourão aparece no texto, assim, como se fosse uma espécie

de chantagem para que a esquerda não peça a saída de Bolsonaro. É, inclusive, semelhante ao golpe militar virtual dado por Eduardo Villas-Bôas, que ameaçou o STF e toda a sociedade por meio do Twitter. A verdade, no entanto, é que Mourão já está no governo e o próprio Bolsonaro já ameaçou várias vezes estabelecer uma ditadura militar. A única maneira de evitar que os militares tomem o poder é por meio da luta contra a direita, e não mantendo Bolsonaro na presidência. A crítica de Maringoni à política econômica de Dilma Rousseff é bastante covarde – afinal, essa foi vítima de um golpe de Estado e pressionada pela direita a adotar uma série de medidas para se manter no poder. O PSOL, partido do qual Maringoni faz parte, ao invés de defender o governo Dilma Rousseff e, portanto, lutar contra a direita, estava combatendo a própria Dilma Rousseff na época. De fato, há um poderoso inimigo a ser combatido, que é a burguesia. Mas a única forma de combatê-la é por meio da mobilização dos trabalhadores, e não por meio de “análises” que levam o movimento à paralisia. Por fim, a confusão que Maringoni faz em torno da questão do impeachment e do golpe é também, de certa forma, uma chantagem contra a esquerda. Isto é, se a esquerda decidir pedir a cabeça de Bolsonaro no Congresso Nacional, não teria o direito de denunciar o golpe de Estado dado em 2016 – golpe esse que já matou milhares de pessoas e que, inclusive, foi responsável pela vitória eleitoral de Bolsonaro. O impeachment não é um golpe em si – golpe é quando um determinado grupo político, atendendo aos interesses de uma determinada classe, toma o poder sem ter sido eleito. Derrubar Bolsonaro, Mourão e todos os golpistas não é um golpe: é, na verdade, a mais democrática das medidas. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Eleições gerais já!


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ADAPTAÇÃO AO REGIME

O povo pede o Fora Bolsonaro, mas Altman acha que não é o momento Breno Altman, comentarista do portal Brasil 247, defendeu, em debate com Leonardo Attuch, que não há condições de derrubar o improvisado e impopular governo Bolsonaro. Os novos acontecimentos envolvendo o caso do assassinato político da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) levaram a TV 247, que pertence ao portal Brasil 247, a promover uma discussão sobre o “Fora Bolsonaro”. Participaram dessa discussão Leonardo Attuch, que, de maneira geral, se mostrava favorável a uma política que colocasse em marcha a derrubada do governo, e Breno Altman, que afirmava que o “Fora Bolsonaro” não estaria colocado na ordem do dia. A discussão sobre o fim do governo Bolsonaro que aconteceu no debate pode ser divida, basicamente, em duas: a discussão sobre o impeachment de Bolsonaro, que agora teria um motivo legal para ter êxito, que seria o envolvimento no assassinato de Marielle Franco, e a discussão sobre a derrubada do governo Bolsonaro nas ruas. Mourão, chantagem contra o “Fora Bolsonaro” Um dos primeiros argumentos que surgiram para contestar a campanha pelo “Fora Bolsonaro” foi o de que isto poderia levar à ascensão do general Hamilton Mourão, vice-presidente da República. Esse argumento é repetido por Breno Altman: Impeachment não conduz a eleições diretas. Impeachment conduz à substituição do Jair Bolsonaro por Hamilton Mourão Filho. Hamilton Mourão Filho defende exatamente a mesma política de Jair Bolsonaro. Representa exatamente o mesmo projeto de pais. Com a diferença de que como é menos aloprado, aparentemente, menos aloprado que Jair Bolsonaro, aparentemente menos maluco do que Jair Bolsonaro, ele é capaz de constituir um governo mais estável e com menos crises para impor a mesma política. Pela lei brasileira, pra esclarecer, é assim que funciona, o impeachment conduz a substituição do Jair Bolsonaro pelo Hamilton Mourão Filho. É uma saída ruim, é uma saída anti-democrática, que não leva às eleições populares. Não leva a um novo processo eleitoral, não leva a anulação das eleições de Jair Bolsonaro O general Hamilton Mourão ganhou projeção na extrema-direita nacional após uma célebre declaração dada em 2017, em que, pela primeira vez, um membro da alta cúpula das Forças Armadas estaria admitindo publicamente a possibilidade de organizar um golpe militar no Brasil. É, desse modo, uma figura abominável e perigosa, que está disposta a qualquer coisa para atender aos interesses da burguesia. Eis, no entanto, que Mourão aparece como candidato a vice-presidente nas eleições de 2018. O papel de Mourão na chapa com Jair Bolsonaro é decisivo para a burguesia. Mourão foi colocado no governo para garantir que os interesses da

alta cúpula das Forças Armadas, que são os interesses do imperialismo no geral, sejam atendidos pelo governo Bolsonaro. Afinal, general não bate continência para capitão, e Mourão sabe muito bem que, como Bolsonaro não tem a menor condição de enfrentá-lo, seus interesses acabarão prevalecendo. Mourão, desse modo, já está no poder. Mourão é o representante das Forças Armadas, é aquele que garante que o governo Bolsonaro não saia do seu rumo. Bolsonaro, assim, não é um escudo da população contra o sanguinário Mourão, é apenas um intermediário, alguém que, devido à base social que lhe apoia, conseguiu barganhar alguns privilégios, como a escolha de alguns cargos, junto ao regime político. Utilizar Mourão para não retirar Bolsonaro é, portanto, um argumento que não se sustenta. Se o objetivo de Altman é realizar novas eleições, será muito mais fácil fazê-lo sem Bolsonaro do que manter o governo Bolsonaro, que serve de cobertura para que os militares avancem cada vez mais no regime político. Bolsonaro, o grande beneficiário do próprio impeachment? Segundo Breno Altman, o impeachment de Bolsonaro poderia “fortalecer” o próprio Jair Bolsonaro: Temos que ter muita prudência para não entrar numa aventura que só ajuda o Bolsonaro. O que Bolsonaro deseja nesse momento em que ele perde força, que ele se desgasta? O que ele deseja é manter mobilizado o seu núcleo duro, sua base social que lhe é mais leal. Nada melhor para ele neste momento do que uma aliança entre a esquerda e setores da direita em torno de uma operação de impeachment que ele possa utilizar para animar, radicalizar, para estimular sua própria tropa numa situação de extrema fragilidade do ponto de vista de elementos materiais. Aqui, as justificativas para que não se peça a cabeça de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional também parece se dar por meio do terror. Se não é Mourão que é utilizado para espantar os que se animam com a derrubada do governo, agora é o próprio Bolsonaro que sairia fortalecido como próprio impeachment! É óbvio que uma aliança entre a esquerda e setores da burguesia é sempre ruim. No entanto, isso sempre acontece e nunca é motivo para que os intelectuais da esquerda nacional peçam para que não se faça nada. Se houver a perspectiva de a esquerda se unir a setores da direita, não se deve lutar contra a reforma da Previdência? Nem contra as privatizações? Curiosamente, a aliança entre setores da esquerda não são um especulação, mas sim a regra – não houve uma úni-

ca campanha em que a esquerda não procurou se aliar com algum setor da burguesia. Até mesmo Alexandre Frota, inimigo declarado do PT, tem recebido afagos da esquerda nacional. O problema, portanto, nesse caso, está na política de alianças da esquerda, que deve ser duramente combatida e denunciada, e não na proposta de derrubada do governo Bolsonaro. Se o que a população mais quer é o fim do governo e ela ver alguma iniciativa nesse sentido, a tendência é ela querer intensificar sua mobilização para ir atrás de mais conquistas. Dessa forma, quem deve se radicalizar ainda mais é o próprio povo, não necessariamente a base bolsonarista. A correlação de forças que nada permite Outro argumento recorrente nos que defendem que o governo Bolsnaro não pode ser derrubado no momento é o de que não há uma correlação de forças favorável. Altman é partidário dessa tese, e ainda acrescenta que essa correlação de forças desfavorável não pode ser desfeita por meio de reivindicações de ordem política, mas sim econômicas; A situação real é que ainda não amadureceram as condições de uma grande mobilização popular que coloque esse governo abaixo. (…) Então lançar uma palavra de ordem que não tem sustentação na realidade, por mais que a gente ache que essa palavra de ordem nos permitiria avançar, tirar Bolsonaro do caminho, sem ter o amadurecimento das condições de mobilização popular e sem apresentar uma saída a favor do povo brasileiro, isso vira um boomerang, pode ajudar o Bolsonaro a rearrumar seu esquema de poder como aconteceu em maio. (…) Pela Câmara dos deputados, nós vivemos um refluxo das manifestações populares, as manifestações

diminuíram , as manifestações por batalhas de extremo interesse do povo brasileiro, batalha pela universidade, contra a previdência, e assim por diante. De repente uma situação de refluxo desse tipo vai ser superada porque as pessoas que não estão dispostas a participar dessas batalhas toparam participar de uma batalha de uma envergadura muito superior que é a de derrubar o governo? Onde a gente encontrou lastro na história pra isso? Em que o povo não se mobiliza por batalhas que tem a ver com seu bolso, não se mobiliza com batalhas que tem a ver com suas condições de vida concretas, mas se mobiliza por uma palavra de ordem que poe em cheque o poder? A questão da correlação de forças é absolutamente falso, o que pode ser facilmente demonstrado por inúmeros dados. Desde maio, a mobilização popular destruiu toda e qualquer iniciativa da extrema-direita sair às ruas. Dois atos foram suficientes para desmascarar toda a fraude de que o governo Bolsonaro seria popular e contaria com o apoio de uma grande parcela da população, atingida por uma suposta onda conservadora. Outro dado fundamental é a quantidade imensurável de manifestações espontâneas contra o governo Bolsonaro. No carnaval, em festivais de cultura, estádios de futebol, mutirões de limpeza das praias do Nordeste e até mesmo no Rock in Rio os gritos contra o governo são frequentes. Ao mesmo tempo, a crise do governo tem se aprofundado rapidamente, de maneira que nem mesmo o partido de Bolsonaro, isto é, o PSL, o apoia de maneira unificada. Em oposição a todo o clima de revolta contra o governo ilegítimo, as tendências à mobilização pela liberdade de Lula são cada vez maiores. Preso há cerca de 600 dias, Lula já teve todo o seu processo desmascarado como uma das maiores fraudes da história e é a resposta mais imediata da população quando se vê confrontada com a necessidade de tomar o poder político para dirigir o Estado em prol de seus interesses. A correlação de forças é muito favorável à mobilização, e uma explosão como a do Chile pode acontecer a qualquer momento. Por fim, a defesa da luta econômica em detrimento da luta política leva Breno Altman a cometer uma falsificação bastante grosseira da história. Afinal, no movimento operário, os momentos de êxito foram marcados justamente pelas mobilizações centradas na luta pelo poder poder político. Dois exemplos recentes são suficientes para comprovar isso: o movimento “Fora Collor”, em que os sindicatos não conseguiam mobilizar suas bases para as reivindicações econômicas, e a luta contra a prisão de Lula, que foi, até o momento, o maior empasse que o golpe de Estado de 2016 encontrou.


POLÊMICA | 9

AMEAÇA

A base de Bolsonaro e os militares querem, sim, impor uma ditadura O portal UOL, dirigido pelos donos do jornal Folha de S. Paulo, publicou, em edição de ontem (4), uma entrevista com João Pedro Stédile, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Na entrevista, Stédile afirma repetidamente que a ofensiva da direita golpista sobre os direitos democráticos dos trabalhadores e a entrega do patrimônio nacional irá ser encerrada por iniciativas vindas do próprio regime político – isto é, de forma independente da ação revolucionária das massas. Os latifundiários “do bem” Ao ser perguntado sobre o agronegócio, João Pedro Stédile introduziu, pela primeira vez na entrevista, a tese que vai guiá-lo a cometer uma série de análises imprecisas da situação política – a de que haveria um setor da burguesia mais “democrático”. Assim Stédile respondeu a pergunta: O agronegócio lúcido não está no governo Bolsonaro. Inclusive, eles já estão na oposição. A gente vê quase todos os dias no [jornal] Valor [Econômico] declarações de dirigentes desse agronegócio mais lúcido, como Blairo Maggi, Roberto Rodrigues [ex-ministros da Agricultura] e outros líderes, que demonstram preocupação porque esse governo é uma insanidade. Esse é governo não tem juízo. É um desgoverno. Então, a médio prazo, vai provocar consequências para o mercado brasileiro e para o mercado mundial. Espero, inclusive, que esse setor empresarial do campo, que é produtivo, que está interessado no futuro do Brasil, que eles se deem conta de que é importante fazer uma reforma agrária. Não existe, contudo, nenhum agronegócio que seja lúcido. Ou, pior ainda: quanto mais lúcido for o agronegócio, pior será para os trabalhadores do campo. O agronegócio, que nada mais são do que os capitalistas que utilizam a terra para explorar os trabalhadores, tem um interesse muito bem definido: o de obter o máximo possível de lucro. Dessa maneira, os interesses do agronegócio são inevitavelmente contrastantes com os de toda a população do campo: enquanto um luta para encher seus cofres, o outro luta para alcançar condições dignas de existência. A confusão de Stédile sobre o assunto se mostra bastante evidente quando este cita Blairo Maggi, ministro da Agricultura do governo Temer, que serviu de base para toda a destruição que o governo Bolsonaro está causando. A concepção do agronegócio lúcido revela, portanto, uma concepção de que haveria um setor mais democrático no interior da burguesia, disposto a “dialogar” com o movimento popular. Tal coisa, no entanto, não existe. Todos o agronegócio que Stédile defende é, para todos os efeitos, bolsonarista. Quando encurralado nas eleições de 2018, ao ver que as candidaturas mais tradicionais do regime político fracassaram, o “agronegócio lúcido” por inteiro apoiou a extrema-direita. Isso, por sua vez é inevitável. A extrema-direi-

ta é o último recurso da burguesia para manter a população sob domínio, para impedir que se organize e atrapalhe os planos do imperialismo. A derrota da extrema-direita seria um passo fundamental para que os trabalhadores do campo avançassem em suas reivindicações, o que poderia acarretar na liquidação do latifúndio e, portanto, do chamado agronegócio. A polícia também “do bem” Em outro momento da entrevista, Stédile foi questionado sobre a possibilidade de o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro endurecer a repressão. Assim respondeu o coordenador do MST: Ele até pode querer, mas eu percebo [que] as polícias militares não são dirigidas por ele. São dirigidas pelos governos estaduais. E mesmo em governos estaduais que são de direita, eles têm juízo. Esse tipo de declaração, além de se assemelhar com a que elogia o agronegócio lúcido, é imbuída de uma otimismo tão esperançoso que esconde, na verdade, o mais intenso desespero. Afinal de contas, dizer que as polícias e os governos estaduais de direita têm juízo é um delírio que expressa, na verdade, um desejo, uma vontade de se enganar diante da ameaça real que se coloca diante dos próprios olhos. Em todos os governos estaduais onde a direita se alocou, a repressão contra a população pobre é duríssima. Na hipótese menos sangrenta possível, esses governos assassinam diariamente negros nas periferias, reprimem manifestações e atuam lado a lado com os jagunços no campo. No extremo mais elevado da repressão, tais governos permitem, a exemplo do psicopata Wilson Witzel, que crianças sejam assassinadas e que a polícia seja condecorada por cada homicídio que provoca. Os governos estudais comandados por partidos da esquerda, por sua vez, também não conseguem acalmar os cçaes raivosos da polícia militar em sua fúria para bater na população. Afinal, mesmo que os governadores não queiram reprimir o povo, a polícia enquanto máquina assassina se estabelece por vários outros caminhos, sendo alvo de pressão da sociedade capitalista como um todo, que a prepara para essa função. As polícias costumam ser o berço do fascismo, e o caso brasileiro não é diferente. São os agentes da polícia, na ativa ou fora da corporação, pressionados para reprimir o povo, que se lançam à missão de organizar as milícias da extrema-direita. No final de 2018, por exemplo, um grupo de extrema-direita assassinou um policial ligado à petista Fátima Bezerra, mostrando que já existe, na Polícia Militar, grupos organizados para servir de base para um governo de extrema-direita que precise se impor pela força. Golpe militar Além de declarar que as polícias não estariam preparadas para reprimir dura-

mente o povo, Stédile declarou que não haveria condições para um golpe militar: Mesmo que o Bolsonaro queira aumentar a repressão, acho que ele não tem base nem social e nem nas Forças Armadas. Novamente, Stédile aqui incorre no erro de confiar em setores que estão comprometidos até o último fio de cabelo com o regime político golpista – e, portanto, com o bolsonarismo. Em relação à base social, a afirmação de Stédile não se sustenta, uma vez que já mostramos acima que a polícia é, em essência, bolsonarista. Além disso, nos chamados “coxinhatos”, quando os apoiadores de Bolsonaro nas ruas, foi possível ver, inúmeras vezes, palavras de ordem em favor de uma intervenção militar. A base social que sustenta o governo Bolsonaro é fundamentalmente a favor de uma intervenção militar, embora seja uma fração minoritária da sociedade. O fato de ser minoritária no entanto, não impede que um golpe militar aconteça: como Bolsonaro é apoiado pela burguesia de conjunto, é possível conseguir criar condições para um golpe militar, assim como foram criadas condições para que o maior líder popular do país não se tornasse presidente da República nas eleições de 2018. As Forças Armadas também estão dispostas a ver um novo golpe militar acontecer no Brasil. Mesmo que não seja possível identificar com clareza como as baixas patentes estão posicionadas nesse momento, é nítido que toda a cúpula das Forças Armadas está corrompida pelo imperialismo. Portanto, se o imperialismo decidir que o Brasil precisará de um golpe, os generais entrarão de cabeça. A mobilização das massas Discutindo a situação do Chile, João Pedro Stédile caracterizou dessa maneira o problema da mobilização popular: A classe trabalhadora [brasileira] não se mobilizou, mas isso é só questão de tempo. Porque a lógica da mobilização das massas não é uma questão que depende de direção ou nós aqui decidirmos. Há uma lógica que leva um tempo até as massas se darem conta. E por isso que não tenham dúvida dia mais, dia menos haverá um reascenso do movimento de massa ainda que agora não esteja acontecendo. Dizer que a classe brasileira não se mobilizou não é uma afirmação muito precisa, uma vez que há um movimento de luta contra o sendo desenvolvido há pelo menos quatro anos, que foi responsável, entre outras coisas, pela realização de duas greves gerais consideravelmente impactantes. Por outro lado, Stédile tem razão quando afirma que haverá inevitavelmente um levante dos trabalhadores brasileiros contra a direita. Isso, por sua vez, se dá porque a política neoliberal é insustentável e se mostrou um fracasso em todo o mundo, de modo que não pode levar a outro resultado que não a revolta popular. O que deve ser criticado, no entanto, é a tese de que a mobilização não depen-

de das direções. De fato, o que coloca as massas em movimento são seus interesses materiais – o que, por sua vez, depende da economia. No entanto, é necessário que a esquerda cumpra seu papel de vanguarda chamando o povo para as ruas e, sobretudo, apontando o caminho que deve ser seguido, de modo a fazer com que a rebelião contra a política da direita se transforme em um movimento com um resultado efetivo. O caso do Equador, por sua vez, é um exemplo que ilustra o que a ausência de uma direção pode causar: como o movimento seguiu sem uma orientação clara, foi rapidamente arrefecido. A liberdade de Lula O coordenador nacional do MST também falou do caso do ex-presidente Lula, encarcerado em Curitiba por meio de um dos processos mais fraudulentos da história: Eu acho que é só questão de tempo para, no dia 7, os ministros completem e recuperem, envergonhadamente, o erro que cometeram no passado, porque a Constituição é clara: ninguém pode ser preso, a não ser em flagrante delito, até ser julgado na última instância. Portanto, eles estão julgando se o Lula faz parte do “ninguém” ou não. Eu acredito então que depois do julgamento do STF será questão apenas de adequar a forma e, em algumas semanas, o Lula estará livre. Mais uma vez, Stédile confirma sua disposição em confiar nos setores mais reacionários do regime político. O Supremo Tribunal Federal (STF), que em um país verdadeiramente democrático, jamais deveria existir, uma vez que se trata de um poder não eleito que interfere nas decisões adotadas pelo Legislativo e pelo Executivo, é formado por uma série de elementos profundamente vinculados à burguesia. O STF permitiu o golpe de estado contra a presidenta Dilma Rousseff, a prisão do ex-presidente Lula, a fraude eleitoral de 2018 e todo o tipo de picaretagem aplicado pelo regime golpista. Não há porque depositar qualquer esperança nessa Corte. O próprio presidente do STF, Dias Toffoli, já deu uma declaração em que aponta que não haverá um resultado favorável ao ex-presidente Lula no próximo julgamento. Toffoli deverá ter o “voto de minerva” e, ao que tudo indica, votará a favor da manutenção da prisão após condenação em segunda instância. Mesmo que, surpreendentemente, o resultado seja favorável, isso não vai garantir a liberdade de Lula, pois sempre é possível fazer alguma manobra para que a direita permaneça trancafiando o maior líder popular do país. Diante disso, é preciso largar toda e qualquer confiança nas instituições burguesas e na burguesia de maneira geral. A única maneira de barrar a ofensiva da direita e libertar o ex-presidente Lula é por meio de uma mobilização revolucionária que derrube o governo Bolsonaro e coloque o regime político contra a parede. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula já!


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