Diário Causa Operária nº5814

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SÁBADO, 2 DE NOVEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5814

Aonde vai a América Latina?

E

m toda a América Latina, a população está se levantando contra os governos neoliberais de direita impostos pelo imperialismo por meio de golpes de Estado. No Haiti protestos massivos e radicalizados contra o governo já duram quase um ano. Em Honduras, a população, empobrecida pelo golpe de 2009, luta contra o governo ilegítimo, fruto do golpe e de uma eleição fraudada à luz do dia em 2017. Em Porto Rico, um governador foi obrigado a renunciar em julho por causa de grandes manifestações no país. Mais recentemente, o povo do Equador se levantou contra o governo do traidor Lenín Moreno, que conseguiu conter os protestos com uma manobra, mas a revolta pode estourar novamente a qualquer momento, contra as políticas neoliberais e o FMI.w

Golpe de Estado avança na Bolívia Nesta quinta (31) a OEA (Organização dos Estados Americanos) o Ministério das Colônias dos EUA, começou junto ao governo da Bolívia a revisão do processo eleitoral que deu vitória ao presidente Evo Morales (MAS – Movimento ao Socialismo).

PSOL: pacifismo pró-imperialista disfarçado de feminismo

Amanhã é dia de mutirões em todo o País

Na última quarta-feira (30), a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) publicou, por meio de seu perfil no Twitter, uma foto na Câmara dos Deputados expondo um cartaz contra o armamento da população. O cartaz, reproduzido acima, conta com a imagem de uma arma de fogo e os seguintes dizeres: “o seu ex-namorado ciumento poderá ter uma arma dessa”.

Amanhã os mutirões retornam com força total para intensificar a campanha pela liberdade do ex-presidente e preparar a II Conferência Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo. No último domingo, (27), milhares de pessoas foram a Curitiba transformar a comemoração dos 74 anos de Lula num ato nacional pela sua liberdade.

Atos do dia 5 não pedem Tentando ganhar votos da extremaliberdade para Lula nem direita, PSOL defende militares Deputados federais do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) comemoraram no Fora Bolsonaro A União Nacional dos Estudantes (UNE), em conjunto com as centrais sindicais, a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e entidades ligadas às frentes Brasil Popular e Povo sem Medo estão convocando, para o próximo dia 5 de novembro, um ato intitulado “Basta de Bolsonaro”.

último dia 31 de outubro o fato de que conseguiram reunir número suficiente de assinaturas de outros deputados para apresentar recurso no texto da reforma da Previdência dos militares.

Bolivia: Não é campo vs cidade, é o povo contra o imperialismo O jornalista Leonardo Sakamoto abriu espaço em seu blog, na edição do dia 30 de outubro, para a publicação de um artigo de autoria da também jornalista Sue Iamamoto, formada na USP, onde atualmente exerce as funções de professora no Departamento de Ciência Política da Universidade Federal da Bahia.

Amigo de Ciro, Jereissati apresenta PL para privatização total da água O senador tucano Tasso Jereissati em sua sanha privatista e de acordo com o governo golpista de Bolsonaro praticamente reeditou uma medida provisória que força a privatização dos serviços de água e esgoto. Tasso Jereissati apresentou o Projeto de Lei nº 3261/2019, que é uma cópia do Medida Provisória nº 868/2018, caducada antes da aprovação final no senado.


2 | OPINIÃO

PROTESTOS NO CONTINENTE

Aonde vai a América Latina? Situação política leva a um enfrentamento generalizado das massas contra o imperialismo nos países latino-americanos Em toda a América Latina, a população está se levantando contra os governos neoliberais de direita impostos pelo imperialismo por meio de golpes de Estado. No Haiti protestos massivos e radicalizados contra o governo já duram quase um ano. Em Honduras, a população, empobrecida pelo golpe de 2009, luta contra o governo ilegítimo, fruto do golpe e de uma eleição fraudada à luz do dia em 2017. Em Porto Rico, um governador foi obrigado a renunciar em julho por causa de grandes manifestações no país. Mais recentemente, o povo do Equador se levantou contra o governo do traidor Lenín Moreno, que conseguiu conter os protestos com uma manobra, mas a revolta pode estourar novamente a qualquer momento, contra as políticas neoliberais e o FMI. Em um país crucial para a propaganda da imprensa burguesa a favor do neoliberalismo, o Chile, a revolta popular também explodiu nas grandes cidades, com grande disposição de luta mesmo com a intensa repressão levada adiante pelo governo de Sebastián Piñera, que chegou a impor um estado de emergência e um toque de recolher, até ser obrigado a recuar diante da magnitude das manifestações. No auge dos protestos até agora, 1 milhão de pessoas tomaram as ruas na capital.

Em todos esses casos, a direita não está fazendo concessões ou entrando em acordos. Diferentemente do que aconteceu entre o final dos anos 90 do século passado e o começo dos anos 2000, quando uma onda de revoltas populares abriu caminho para que a burguesia dos países atrasados na América Latina permitisse que partidos nacionalistas burgueses passassem a governar, dessa vez os capitalistas não veem a mesma margem para manobra, e a saída para o problema da crise política e da insatisfação popular apresenta-se dessa vez, do ponto de vista da direita e do imperialismo, como a alternativa de fechar o regime político e esmagar a população com muita repressão e autoritarismo. Enfrentamento Portanto, dessa vez não será possível que a mobilização das massas leve a uma conciliação e a governos que façam concessões sociais como se viu na etapa anterior. Dessa vez o imperialismo e a direita golpista vão se organizar para resistir no governo, sem ceder terreno, e o plano diante das mobilizações é impor ditaduras na América Latina. No Equador e no Chile os governos já colocaram, momentaneamente, militares nas ruas para esmagar os protestos dos trabalhadores.

No Brasil, essa política da direita já foi formulada explicitamente diversas vezes. Esta semana, o filho do golpista Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, voltou a colocar o problema, primeiro dizendo que se houver mobilizações no Brasil a “história vai se repetir”, em referência à ditadura militar de 1964, e depois dizendo que o Brasil poderia precisar de um “novo AI5”, em referência ao Ato Institucional por meio do qual a ditadura fechou o Congresso em 1968 e intensificou a repressão no país. Portanto, a política da direita, pressionada pela crise econômica, levará a um embate direto com as massas

no próximo período. Os trabalhadores, também pressionados pela crise econômica, tendem a reagir às medidas neoliberais e a se mobilizar contra os governos da direita. Diante desse enfrentamento das massas com o imperialismo que está colocado pela situação política em todo o continente, as direções da classe trabalhadora devem mobilizar a população contra esses governo. No Brasil, é necessário levantar a palavra de ordem Fora Bolsonaro!, e colocar na ordem do dia a derrubada imediata do governo, antes que a direita consiga se organizar para impor sua solução sanguinária e criminosa para a crise.

COLUNA

Gal. ministro endossa ameaça de ditadura. Fora Bolsonaro e todos eles Por Antônio Carlos Silva

Deixando claro que setores do governo ilegítimo de Bolsonaro discutem abertamente a possibilidade de um golpe militar e da volta da ditadura contra o povo brasileiro, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, endossou – de fato – as declarações do deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), a favor da edição de “um novo AI-5”, declarando, em entrevista ao reacionário jornal O Estado de S. Paulo, que é preciso “estudar como vai fazer”. Enquanto setores da oposição, da esquerda pequeno burguesa e burguesa, se colocam ao lado do “centrão” e da direita que criticaram o “02” e adotaram uma posição reacionária de pedir a intervenção do STF golpista e da Comissão de ética do covil da direita que é a Câmara dos Deputados, visando a cassação de Bolsonaro por “crime de opinião” e por suposto incitamento ao crime, o general tornou público que o que disse o deputado de forma destemperada e atabalhoada é, na verdade, o pensamento oficial do governo e, principalmente, da ala bolsonarista, integrada pelo clã dos Bolsonaros e por boa parte dos mili-

tares. Adotou uma política de propaganda da posição assumida pelo, por hora, líder do PSL na Câmara e filho do presidente, e – desta forma – de mobilização a favor dessa posição das bases reacionárias que ainda apóiam o governo, em torno dessa política de aberta violação do já combalido estado de direito que – de fato – inexiste no Brasil, principalmente a partir do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, em 2016. O General ainda lamentou que “essas coisas, hoje, num regime democrático, é complicado. Tem de passar em um monte de lugares”. E foi claro ao dizer que a possibilidade de imposição de um regime de repressão e ditadura sob o comando dos militares é algo concreto, que o governo analisa para o caso de ocorrer “uma coisa no padrão do Chile”, diante do que – segundo ele – “é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter. Mas até chegar a esse ponto tem um caminho longo.” Em outras palavras, os defensores da volta da ditadura, da tortura, do assassinato de opositores do regime, da cassação total de todo tipo de liberdade democrática (incluindo

o fechamento do congresso nacional e a a extinção do direito de reunião e manifestação), estão considerando concretamente colocar as tropas na rua diante do cada vez mais iminente mobilização popular contra suas violações aos direitos democráticos de Lula e de todo o povo e contra os ataques às condições de vida da imensa maioria da nação (desemprego, aumento da fome, da miséria etc.), a destruição da economia nacional e a até mesmo a devastação do País; tudo para servir aos interesses do grande capital imperialista, principalmente norte-americano, em uma etapa de violento aprofundamento da sua crise histórica. A maioria dos setores de esquerda que se “movimentam” para reforçar o papel de Instituições golpistas, como o STF e a Comissão de Ética da Câmara são os mesmos que se recusam a convocar uma efetiva mobilização contra o governo. Não é à toa que à frente dessa iniciativa se ache partidos como o PSOL, que dias atrás aprovou na reunião de sua direção nacional que não apoia a mobilização pelo “Fora Bolsonaro”e que não mobilizou para o ato em Curitiba, no último dia

27, pela liberdade de Lula; além de notórios defensores do governo Bolsonaro que desejaram “sucesso” para seu governo, como o PDT de Ciro Gomes, e que defendem que Lula mofe na prisão. Obviamente que essa política de frente com o “centrão” para acionar o STF e Cia. de nada servirá para deter a ofensiva dos militares. Tampouco para defender os interesses os explorados diante da crise. Para isso, é necessário deixar para trás essa politica reacionária da esquerda e convocar a mobilização nas ruas, pelo “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”, pela liberdade imediata de Lula e de todos os presos políticos do regime, com a anulação da criminosa operação lava jato, convocação de novas eleições gerais, livres e democráticas, com Lula livre e Lula candidato. Contra as ameaças do general e de toda a direita golpista, a única arma dos trabalhadores e da juventude é a mobilização. É sair às ruas e derrubar o governo e conquistar, na marra, as reivindicações populares, começando por colocar para fora o governo dos inimigos do povo, defensores da ditadura em favor dos tubarões capitalistas.


ATIVIDADES DO PCO E POLÍTICA | 3

LIBERDADE PARA LULA

Amanhã é dia de mutirões em todo o País Impulsionados pela vitorioso ato do último domingo (27) no ato nacional em Curitiba, a tarefa dos mutirões agora é intensificar a campanha pela liberdade do ex-presidente Amanhã os mutirões retornam com força total para intensificar a campanha pela liberdade do ex-presidente e preparar a II Conferência Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo. No último domingo, (27), milhares de pessoas foram a Curitiba transformar a comemoração dos 74 anos de Lula num ato nacional pela sua liberdade. Os mutirões tiveram papel fundamental na construção deste que foi o ato mais importante do ano pela liberdade de Lula. Neste domingo será realizado mais um mutirão pela Liberdade de Lula, com a coleta de assinaturas em todo o País pela anulação dos processos contra o ex-presidente, preso pela farsa golpista da Lava Jato, com a única intenção de retirá-lo da luta política travada entre o povo e os fascistas da extrema-direita. Multiplicados por todo o território nacional, os mutirões avançam estando presentes desde as grandes capitais até as pequenas cidades do

interior. Cada vez mais companheiros compreendem que não é hora de ficar parados, nem se conformar: cada um de nós é imprescindível nesta luta para tirar Lula da cadeia e assim levar o governo Bolsonaro ao fim, o mais rápido possível. Com maioria da população revoltada com os rumos do país, consciente de que as eleições de 2018 não respeitaram, nem de longe, a vontade popular, que queria Lula Presidente da República, hoje milhões esperam um meio de luta eficaz para entrarem imediatamente em ação. Os mutirões são este meio de luta, onde podemos chegar até as pessoas, conversar com o povo, trazer mais e mais gente para o nosso movimento. Precisamos levar esta mobilização para cada cidade, bairro, praça e rua do Brasil. É necessário que todas as pessoas sejam em algum momento abordadas por nossa militância, e delas, milhões venham a aderir à luta. E isto é urgente!

Cada pessoa que conversamos nas ruas e que assina pela Liberdade de Lula pode se tornar mais um multiplicador desse movimento, avançando para uma posição ofensiva, organizando novos mutirões em novos lugares, capilarizando esta campanha para que atinja toda a população.

Para participar de um mutirão entre em contato através de nossa página no Facebook ou diretamente com companheiros de sua cidade. Caso ainda não haja mutirão em sua cidade ou região, entre em contato e solicite orientações e materiais para organizar um mutirão em sua cidade.

PRIVATIZAÇÃO DA ÁGUA

Amigo de Ciro, Jereissati apresenta PL para privatização total da água O tucano Tasso Jereissati, padrinho político de Ciro Gomes, apresentou medida provisória que força Municípios a privatizarem a água e esgoto. O senador tucano Tasso Jereissati em sua sanha privatista e de acordo com o governo golpista de Bolsonaro praticamente reeditou uma medida provisória que força a privatização dos serviços de água e esgoto. Tasso Jereissati apresentou o Projeto de Lei nº 3261/2019, que é uma cópia do Medida Provisória nº 868/2018, caducada antes da aprovação final no senado. O PL apresentado pelo senador tucano foi aprovado em regime de urgência no Senado Federal e foi prontamente enviado para Câmara dos Deputados para posterior aprovação. A MP aprovada no senado é o fim da titularidade desses serviços pelos municípios, e força a todos os municípios de realizarem processos de licitação para a entrega desses serviços para a privatização em detrimento das empresas públicas que prestam esses serviços há décadas. O texto favorece a privatização com o incentivo as já conhecidas Parcerias Público-Privadas (PPPs), que é privatização da água. Serviços de água e esgotos são atribuições de Estados e municípios A Constituição Federal de 1988 determina que a União, Estados e Municípios devem ser responsáveis pelos serviços de saneamento básico da população. Também estabelece três formas de fornecimento do serviço

de água e esgoto. A primeira e que há prioridade é através de autarquia ou empresa municipal, pois o municio possui titularidade na prestação do serviço. A segunda forma é o chamado “Contratos de Programa”, onde as duas partes são públicas, o município e a empresa prestadora de serviço, e não há a necessidade de abertura de licitação. A maior parte dos serviços de água e esgoto do país são prestados dessa maneira, onde há grandes empresas públicas em cada estado prestando serviços a municípios de seus respectivos. A terceira maneira é a privatização dos serviços e da água através de Parcerias Público-Privadas (PPPs) por licitação. Ataque as empresas públicas e a população A medida provisória apresentada pelo golpista tucano é um ataque a prestação dos serviços públicos de água e esgoto e força a privatização da água, mesmo que os municípios não queiram. A MP obriga que os municípios realizem o processo de licitação em todos os fechamentos de contratos, mesmo possuindo empresas municipais e do estado da federação. Os golpistas querem a privatização da água em todos os municípios, mesmo que a população se coloque contrária, pois a legislação vai forçar a

entrega desse enorme patrimônio. Na licitação, nunca é escolhida a que vai prestar o melhor serviço e sim, conchavos da direita golpista e péssimos serviços pois estão interessados no lucro e não na população. Padrinho político de Ciro Gomes Tasso Jereissati está de acordo com a política de Bolsonaro em todos os sentidos. Além de apoiar e incentivar as privatizações e os ataques aos trabalhadores e perseguir a esquerda, o tucano Jereissati é padrinho político do abutre Ciro Gomes. Ciro Gomes e Tasso Jereissati trabalharam juntos no governo do Ceará, e tendo Ciro Gomes como seu cabo eleitoral durante a campanha para governador. Ciro foi presidente da câmara do Ceará durante o governo de Jereissati e ajudou a implantar um programa neoliberal no Estado, atacando duramente os servidores e empresas públicas. Alguém mais ingênuo ou um oportunista político pode alegar que isso foi em momentos passados e que Ciro Gomes já rompeu com esse setor. Mas em janeiro deste ano, Ciro defendeu o nome de Tasso Jereissati para presidência do senado afirmando que “É bom para o Senado, o Brasil e o Ceará”. Durante o lançamento de pacotes de obras da Prefeitura de Fortaleza, em uma mesa com Tasso Jereissati, Ci-

ro iniciou sua fala dizendo saldar “com muita alegria e honra um dos maiores cearenses de todos os tempos”. O fato de elogiar e ter como padrinho político o autor da MP que privatiza a água em todo o país até os dias atuais, mostra como Ciro Gomes tem uma política golpista e de apoio as políticas de ataques fundamentais de Bolsonaro e revela que Ciro não tem nada de esquerda e muito menos figura como uma pessoa nacionalista. Lutar contra a privatização A aprovação em caráter de urgência e aprovação no senado já demonstra que a intenção direita golpista é privatizar a água no país a toque de caixa. Todos sabem quais são as consequências da privatização como o aumento das tarifas, precarização dos serviços prestados, cortes no funcionalismo, e em locais pequenos e distantes vão ser prejudicados no fornecimento do serviço de água e esgoto devido aos altos custos. Medidas judiciais e pressão no parlamento de sindicalistas não vão resolver em nada essa situação e tende a favorecer ainda mais a direita golpista que domina essas instituições. É preciso barrar a privatização com greves dos trabalhadores e mobilização em torno da campanha pelo fora Bolsonaro, principal responsável pelo plano em grande escala de privatizações no país.


4 | POLÍTICA

FICA BOLSONARO

Atos do dia 5 não pedem liberdade para Lula nem Fora Bolsonaro A UNE, em conjunto com outras entidades, está convocando um ato para o próximo dia 5, no qual a liberdade de Lula e a derrubada de Bolsonaro não estão em questão A União Nacional dos Estudantes (UNE), em conjunto com as centrais sindicais, a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) e entidades ligadas às frentes Brasil Popular e Povo sem Medo estão convocando, para o próximo dia 5 de novembro, um ato intitulado “Basta de Bolsonaro”. Segundo os organizadores, o ato tem como objetivo exigir punição para os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e protestar contra o governo Bolsonaro. O ato irá acontecer em um momento muito decisivo da luta dos trabalhadores contra a ofensiva da direita golpista sobre a América Latina. Nas últimas semanas, o povo do Equador, do Chile, de Honduras e do Haiti se levantaram contra os governos direitistas e pró-imperialistas de seus países, mostrando a fortíssima tendência à mobilização contra a política neoliberal em todo o mundo. No Brasil, embora não esteja acon-

tecendo, nesse exato momento, uma revolta popular generalizada, há fortes indícios que demonstram que isso pode acontecer a qualquer momento. Além do fato de que os brasileiros são reféns da mesma política neoliberal, o ato do dia 27 de outubro, realizado em Curitiba, mostrou que a luta pela liberdade de Lula é capaz de colocar uma grande massa de trabalhadores em movimento. Milhares de pessoas saíram em caravanas para participar desse ato, mesmo sem um apoio decidido das direções da esquerda nacional. A revolta contra o governo Bolsonaro, por sua vez, também é gigantesca. Qualquer aglomeração de pessoas, como festivais de música e até mesmo os mutirões de limpeza do óleo das praias do Nordeste se transforma em manifestações com palavras de ordem contra o presidente ilegítimo. A crise do governo, por sua vez, só aumenta, de modo que notícias recentes apresentam uma possível relação de

Bolsonaro com o assassinato da então deputada estadual Marielle Franco (PSOL-RJ). O ato “Basta de Bolsonaro”, que poderá ser o último ato nacional unificado deste ano, vai na contramão de todos esses acontecimentos. Ao não

propor, em sua convocação oficial, a derrubada imediata do governo Bolsonaro e a liberdade incondicional do ex-presidente Lula, acaba por desperdiçar mais uma oportunidade de mobilizar os trabalhadores para enfrentar os seus algozes.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Tentando ganhar votos da extrema-direita, PSOL defende militares Psol faz demagogia com base bolsonarista visando as eleições. Deputados federais do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) comemoraram no último dia 31 de outubro o fato de que conseguiram reunir número suficiente de assinaturas de outros deputados para apresentar recurso no texto da reforma da Previdência dos militares. O debate em questão é o Projeto 1645/19 sobre a Proteção Social dos Militares. Após a destruição da Previdência Social dos trabalhadores, não é de se estranhar que o governo Bolsonaro separe os militares em oficiais (altas patentes) e praças (soldados e outros pouco graduados). Segundo os deputados psolistas, agora a reforma da Previdência dos militares vai ser avaliada novamente no plenário da Câmara dos Deputados, após ser aprovada na Comissão Especial e não mais encaminhada diretamente para ser avaliada no Senado Federal. Os deputados do Psol se reuniram com militares do Brasil inteiro na tentativa de aprovar seus destaques na Previdência Social dos militares, mas mesmo com todas as manobras oportunistas não conseguiram a aprovação de seus destaques. Após isso, conseguiram assinaturas suficientes para que se encaminhasse um recurso a ser avaliado na plenária da Câmara de Deputados concederam entrevista coletiva onde mostram seu interesse puramente eleitoral e fazem enorme demagogia com a base bolsonarista. “Eu queria agradecer a vocês pelo exemplo que vocês deram, pela firmeza que vocês tiveram, vocês foram

traídos pelo Bolsonaro, pois tiveram muitos votos dos praças…nós entramos nessa briga porque é justa e a gente briga por justiça seja dentro ou fora do quartel. A gente não entrou nessa briga por voto, pois essa eleição já passou….” disse o deputado Freixo com os militares e a bandeira do Brasil ao fundo. No final aparece um militar dizendo que votou em Bolsonaro e no PSL, e que o presidente está abrindo a porta para a esquerda dentro das forças armadas. A base militar que está fazendo essa frente com o Psol dentro do parlamento é extremamente direitista e é a mais radicalizada em defesa de Bolsonaro na campanha contra a esquerda. A base social do bolsonarismo está em grande medida com esse setor dos mi-

litares. Em meio a crise, Psol quer se aproximar da direita Esse racha na base social de Bolsonaro é mais um sintoma do agravamento da crise dentro do governo. Mostra que a esquerda deve se aproveitar dessa situação e derrubar Bolsonaro do poder com a população nas ruas. Em vez disso, o Psol com os olhos nas eleições e na caçada incessante de votos, se apoia em setores de direita para ter ganhos eleitorais nos próximos pleitos. E essa política tem ficado cada vez mais clara. Não é a primeira vez que o Psol flerta com a extrema direita para disputar sua base eleitoral. Vimos isso

nas amistosas entrevistas entre Jana (a fascista Janaína Paschoal) e Marcelo Freixo, Sâmia Bonfim e Kim Kataguari (MBL/DEM), as fotos entre Alexandre Frota e David Miranda. O Psol buscar fazer demagogia com setores da direita para angariar sua base eleitoral. Tentam imitar Bolsonaro para que nas próximas eleições aproximem seu eleitorado, mas isso ocorre em vão porque na hora de votar a direita procura seus representantes mais fiéis e abertamente fascistas. No meio de uma enorme ascenso da direita bolsonarista e, neste momento, de uma crise dentro do próprio governo, o Psol só pensa nas eleições. E pior, só pensa em se eleger se aproximando de eleitores da direita e um programa que é pura demagogia.


POLÍTICA | 5

O CINISMO DA DIREITA

Militares se “opõem” a ameaça de novo AI-5 feita por Eduardo Bolsonaro Militares procuraram se mostrar contrários às declarações pró-ditadura de Eduardo Bolsonaro, mas não passa do mais puro cinismo. A declaração do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), publicadas na última quinta-feira (31), de que seria possível a edição de um novo AI-5 contra a esquerda, caso mobilizações de massas venham a ocorrer no país, tal como no Chile, gerou enorme repercussão no país. A extrema-direita fascista, que deu um Golpe de Estado na ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), prendeu o ex-presidente Lula e, dessa forma, fraudou as eleições de 2018 para “eleger” o fascista Jair Bolsonaro para a Presidência da República, ameaça o país constantemente com um golpe militar. Os militares do Alto-Comando das Forças Armadas, em entrevistas publicadas pelo jornal Estadão, rechaçaram as ameaças do deputado bolsonarista. Os militares pensam a mesma coisa que Bolsonaro, porém, não querem

que seja tornado público, uma vez que isso escancara os projetos de implementação de uma ditadura militar, um regime de força, perseguição e assassinatos, que baniria toda a esquerda do regime político. As declarações do deputado colocam às claras planos que devem permanecer ocultos e articulados em segredo por parte das Forças Armadas. O regime golpista, dominado pela extrema-direita fascista e pelas Forças Armadas, busca esconder seus planos de implementar um regime militar, coisa que Eduardo Bolsonaro acabou por revelar à população. É necessário que as organizações de massas mobilizem imediatamente pelo Fora Bolsonaro e Liberdade Para Lula, como forma de derrotar o regime golpista antes da edição do mencionado AI-5.

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6 | INTERNACIONAL

INTERVENÇÃO IMPERIALISTA

Golpe de Estado avança na Bolívia A onda de golpes de Estado na América latina segue com o imperialismo não aceitando a manutenção de governos nacionalistas Nesta quinta (31) a OEA (Organização dos Estados Americanos) o Ministério das Colônias dos EUA, começou junto ao governo da Bolívia a revisão do processo eleitoral que deu vitória ao presidente Evo Morales (MAS – Movimento ao Socialismo). A iniciativa da OEA e da UE (União Europeia), que num primeiro momento se contentaram em responder às denúncias de fraude da direita boliviana apenas defendendo que houvesse um segundo turno, é claramente uma interferência imperialista, colonial, no processo eleitoral da Bolívia e permite entender que o que está ocorrendo no país é o retrato da onda de golpes de Estado na América latina. Na fase atual, o imperialismo não aceita governos nacionalistas como Lula (cassado e preso político dos golpistas), Rafael Corrêa (com mandato de prisão expedido), Evo Morales (enfrentando um golpe de Estado), Kirchner (mandado de prisão expedido) etc. Daí a necessidade de combater a eleição de Morales e tentar impor o golpista e direitista Carlos Mesa (CC – Comunidade Ciudadana).

Um fato que ilustra bem essa questão está nas mobilizações de rejeição às eleições terem sido convocadas por comitês cívicos regionais, organizações que agrupam representantes de instituições empresariais e sociais locais e se opõem a Morales desde o início de seu governo. O principal comitê cívico é o de Santa Cruz (maior cidade e motor econômico do País), dirigido sobretudo por setores empresariais. É como no Brasil o MBL (Movimento Brasil Livre), movimento da direita coxinha, ser mais forte em São Paulo, a cidade mais industrializada e mais progressista do país. Não tem nada a ver com a população ser de direita, mas sim com a burguesia procurar a todo custo controlar cidades que são um barril de pólvora prestes a explodir contra ela. O principal dirigente do comitê cívico de Santa Cruz, Fernando Camacho não quer auditoria das eleições, mas sim uma nova eleição, cujas características não foram especificadas. Seguindo essa diretriz, os outros comitês cívicos aprovaram exigir a renúncia imediata do Governo e convocaram

cercos humanos em torno das instituições do Estado. Entretanto, como resposta aos golpistas, camponeses e mineiros se concentrarão em torno do Palácio do Governo para defendê-lo. É uma defesa da promessa do governo indígena frente à invasão colonial. A origem das manifestações contra Morales, que só tem maior adesão em Santa Cruz, Tarija e Trinidade, no

sudeste do país são protagonizadas por jovens estudantes universitários, bolivianos de classe média e setores empresariais. Ou seja, o equivalente aos coxinhas brasileiros. Isso mostra a necessidade de defender a soberania do povo boliviano contra a ingerência do imperialismo, que quer derrubar o governo Morales e impor novamente um governo de direita a todos custo.

CENSURA

Estádios censuram manifestantes contra Piñera Fifa proíbe torcedores chileno de entrarem no estádio com cartazes denunciando a situação chilena e o massacre promovido pela direita no país Durante partida do Mundial Sub-17 entre Chile e Haiti em jogo pelo Grupo C, o Chile eliminou a seleção haitiana por 4 a 2. O que chamou a atenção na partida não foi o resultado e sim os torcedores que tentaram entrar no Estádio da Serrinha, em Goiânia, na noite desta quarta-feira (30/10). Torcedores chilenos foram barrados e impedidos de entrar com cartazes com mensagens sobre a situação política chilena. Segundo os torcedores, a organização da Copa do Mundo Sub-17 não permitiu nenhum cartaz com mensagens políticas. A determinação da proibição da entrada de cartazes com dizeres políticos veio diretamente da FIFA em todas as partidas oficiais da organização sem nenhuma discussão ou argumentação sobre o fato. Nos arredores do Estádio Serrinha foram vistos centenas de cartazes sendo carregados por torcedores chilenos denunciando a violência do governo

contra manifestações no Chile e da política criminosa imposta pelo neoliberalismo no país. A Fifa tenta censurar os torcedores chilenos, e até mesmo os jogadores, com proibições e medidas punitivas para não haver nenhuma manifestação sobre a situação do país. A direita tenta evitar denúncias contra o neoliberalismo nas partidas de futebol. O futebol é um esporte popular e muito apreciado pela classe trabalhadora do mundo inteiro, em especial, na América Latina e a torcida reflete a situação desse setor explorado da sociedade. É por esse motivo que as organizações de futebol, como a Fifa e a CBF, tentam elitizar o futebol e implantam essa política através do chamado futebol moderno. É uma tentativa de proibir os trabalhadores de irem ao estádio e, em consequência, realizar suas manifestações políticas. Por isso a proibição de torcidas organizadas,

bandeiras, faixas, altos preços dos ingressos, horários inadequados para os trabalhadores dentre outras medidas. A direita quer censurar o futebol, um esporte intimamente ligado aos traba-

lhadores e a população explorada, para controlar um esporte visto por bilhões de pessoas em todo o mundo a fim de evitar que a opinião do povo seja colocada e divulgada através dos jogos.

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INTERNACIONAL | 7

CRISE GERAL NO IMPERIALISMO

Ex-chefe da CIA diz que “Estado Profundo” organiza impeachment nos EUA Dois ex chefes da cia dão entrevistas dizendo que existem organizações planejando o impeachment de Donald Trump. Em entrevista a um programa de televisão dos EUA o ex diretor da CIA, John E. McLaughlin, agradeceu a Deus a existência de um deep state (estado profundo) que está articulando o impeachment de Donald Trump. Segundo o ex diretor, os membros do órgão de inteligência norte-americano são pessoas que estão realizando seu trabalho para manter a democracia do país, dentro como fora dos EUA. O termo “estado profundo” se refere a um setor da burocracia que já não responde aos mandos civis, tendo uma organização própria e respondendo a interesses de outros grupos ou organizações. John E. McLaughlin atuou como diretor da CIA de 2000 a 2004. Junto dele estava John Brennan, que trabalhou durante a gestão Obama como diretor da

agência de inteligência do país. Brennan disse que o que Trump teme do “pessoal do estado profundo” é que esses órgãos (nomeadamente a CIA, FBI e NSA) são órgãos que tem o dever de dizer a verdade. É preciso lembrar que não foi durante o governo Trump que a onda de golpes de estado na América Latina começaram. A esquerda pequeno burguesa tem o fetiche de pintar seu antecessor, Barack Obama, como o exemplo de pessoa democrática, quando na verdade foi durante essa gestão que os golpes aconteceram em favor dos países imperialistas. O que acontece dentro dos EUA representa a profunda crise em que o sistema capitalista como um todo está inserido e mostra como os setores da burguesia imperialista estão divididos sobre a questão Trump.

REVOLTAS POPULARES NO CHILE

As manifestações no Chile vistas de perto: assista aos vídeos Confira vídeos e imagens exclusivas das manifestações chilenas Já faz três semanas desde que o Chile entrou em um processo de convulsão social com manifestações gigantescas nas principais cidades do país. As agências de notícias dão conta de que mais de um milhão de pessoas já saíram às ruas desde o dia 17 de outubro, quando houve as primeiras revoltas por parte dos estudantes secundaristas. O estopim foi o aumento de 30 pesos (mais ou menos 15 centavos de reais brasileiros) da passagem de metrô, no dia 17 de outubro. A partir daí, estudantes secundaristas saíram às ruas e começaram uma onda de protestos que acabou se espalhando para todos os setores da sociedade. Apesar de a questão do transporte ter sido a fagulha que causou as primeiras revoltas, logo outras reivindicações tomaram as ruas, todas em protesto ao modelo neoliberal de economia que foi imposto ao povo chileno desde a ditadura militar de Pinochet.

A reação do governo direitista de Piñera foi uma brutal repressão: um toque de recolher foi instaurado em Santiago e nas principais cidades chilenas e teve também a volta das Forças Armadas às ruas para reprimir violentamente a população, o que não ocorria desde a época do governo militar chileno, conhecido como um dos mais sanguinários da América Latina. O número de mortos excedeu os 18 e os desaparecidos já são mais de 100. A repressão não intimidou o povo e os protestos continuaram muito maiores e mais numerosos, mesmo com a revogação do aumento das passagens e outros recuos promovidos pelo governo capacho do imperialismo. O povo pede uma nova constituinte e “Fora Piñera”. A correspondente da Causa Operária TV, Monica de Souza, residente da cidade de Concepción, fez diversos vídeos e imagens das manifestações do dia 31 de outubro, quinta-feira.

Notícia se encontra em qualquer lugar Análise consequente e um plano de ação só no Diário Causa Operária


8 | POLÊMICA

DESARMAMENTO

PSOL: pacifismo pró-imperialista disfarçado de feminismo A deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) publicou uma foto segurando um cartaz em que relacionava o armamento da população com a morte de mulheres. Na última quarta-feira (30), a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) publicou, por meio de seu perfil no Twitter, uma foto na Câmara dos Deputados expondo um cartaz contra o armamento da população. O cartaz, reproduzido acima, conta com a imagem de uma arma de fogo e os seguintes dizeres: “o seu ex-namorado ciumento poderá ter uma arma dessa”. Na publicação da foto, a deputada ainda acrescentou: A Câmara está discutindo o famigerado PL das armas, que facilita o acesso da população a armas de fogo. Especialistas em segurança pública e direitos humanos apontam para os riscos da medida. Quanto mais homens violentos armados, mais mulheres mortas. É isso o que o Brasil quer? Desarmamento, uma campanha pró-imperialista O armamento da população é um temor aos olhos da direita em todo o mundo. Qualquer povo armado é, inevitavelmente, mais ameaçador do que se desprovido de armas. Como a atual etapa em que o capitalismo se encontra é marcada por uma necessidade da burguesia de impor um programa extremamente impopular – a política neoliberal -, o controle do Estado sobre a população só pode se dar por meio da força. A força do Estado, por sua vez, não é uma força sobrenatural, nem vem por meio de uma autoridade abstrata, mas sim pelo monopólio da violência. As polícias e as guardas municipais, que são grupos formados para garantir que os interesses do Estado sejam atendidos, atuam covardemente contra um povo desarmado – um povo que vê diante de si, diariamente, a necessidade de se chocar contra o regime político para defender sua própria sobrevivência. Por outro lado, as Forças Armadas são, em quase todo o mundo, controladas por uma cúpula diretamente ligada ao imperialismo. O monopólio da força por parte do Estado provoca genocídios diários nas

periferias – somente em uma única madrugada, a Polícia Militar executou 17 pessoas na cidade de Manaus nessa semana -, massacres no campo contra indígenas e sem-terra e atua no sentido de impedir que as manifestações de rua contra o governo se alastrem. Recentemente, a Polícia Militar proibiu até mesmo um torcedor de entrar em um estádio de futebol que protestava contra o presidente golpista chileno Sebastián Piñera. As diversas revoltas que têm acontecido nas últimas semanas contra a política neoliberal mostram que a tendência a surgirem amplos movimentos de massa contra a direita são muito grandes. O Chile, onde o povo está nas ruas mesmo depois do recuo do governo, chegou a reunir mais de um milhão de pessoas em um único dia de manifestação – sendo que o Chile possui menos de 20 milhões de habitantes e um Exército com menos de 50 mil agentes. Se todas essas pessoas estivessem armadas, quais seriam as condições de o governo Piñera permanecer de pé? O desarmamento se impõe, dessa forma, como uma questão vital para o imperialismo. Caso a população consiga se armar, uma revolta pode rapidamente levar a tomada do poder por parte dos trabalhadores. Para manter o povo desarmado, a burguesia tem cooptado todo um setor da esquerda nacional, que estranhamente passou a defender essa pauta como se fosse uma reivindicação progressista. Um dos aspectos que torna o debate sobre o armamento mais confuso é o fato de que o fascista Jair Bolsonaro, principal liderança da extrema-direita brasileira, tem feito do armamento uma de suas principais bandeiras. Assim, segundo os setores desarmamentistas da esquerda, combater o armamento seria combater Bolsonaro. A relação entre Bolsonaro e o armamento, no entanto, não é tão simples. Bolsonaro é um representante dos interesses da burguesia, conforme já ficou comprovado por toda a sua política de brutal assalto aos trabalha-

dores por meio das privatizações e da reforma da Previdência. Portanto, jamais Bolsonaro contrariaria seus patrões em uma questão fundamental: o monopólio da força para reprimir os trabalhadores. No entanto, como Bolsonaro é sustentado também por uma base social de classe média, o fascista procura prometer armar esses setores. Como tem se visto na prática, isso não passa da mais pura demagogia: Bolsonaro pouco se empenhou em adotar alguma medida que armasse de fato a população e as propostas que foram feitas, até o momento, se mostram ultra-moderadas. O armamento e a luta da mulher A publicação de Sâmia Bonfim, além de fazer campanha para os inimigos da humanidade, contribui para confundir ainda mais o debate sobre a luta da mulher na sociedade capitalista. Segundo a deputada, o armamento da população faria com que os conflitos da esfera pessoal fossem levados a uma dimensão letal, causando, desse modo, um aumento no número de mortes de mulheres.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que o assassinato de mulheres já ocorre – e com números muito assustadores -, devido à própria natureza da sociedade capitalista, que destina à mulher um papel de explorado superior ao do homem. E esses assassinatos ocorrem independentemente do porte de armas ser ou não legalizado: os “namorados ciumentos” que querem matar encontram uma maneira de se armar ou encontram uma maneira de matar sem o uso de uma arma de fogo. Em segundo lugar, é preciso considerar que o armamento da população é uma medida que facilitaria a defesa da mulher. Afinal, se o “namorado ciumento” também pode se armar, por que a mulher não poderia? Lênin dizia que “a única garantia possível de democracia é um fuzil no ombro de cada trabalhador”, o que pode ser bem aplicado ao caso da mulher e do “namorado ciumento”. Não importa se seja mais forte ou tenha dois metros de altura, o homem que se relacionar com uma mulher armada se sentirá ameaçado em atentar contra ela.


POLÊMICA | 9

ELEIÇÕES NA BOLÍVIA

Bolivia: Não é campo vs cidade, é o povo contra o imperialismo A questão central é a defesa dos interesses do povo contra o imperialismo O jornalista Leonardo Sakamoto abriu espaço em seu blog, na edição do dia 30 de outubro, para a publicação de um artigo de autoria da também jornalista Sue Iamamoto, formada na USP, onde atualmente exerce as funções de professora no Departamento de Ciência Política da Universidade Federal da Bahia. O artigo tece considerações acerca do recente processo eleitoral boliviano, onde a jornalista e docente busca oferecer algumas explicações sobre os fatos ocorridos no país altiplano, assim como hipóteses para um desdobramento com vistas a solucionar o impasse causado pela tentativa de anulação das eleições, sustentada por uma suposta denúncia de fraude levada adiante pela oposição direitista e pró-imperialista, derrotada mais uma vez pelo voto que sufragou o candidato popular Evo Morales para mais um mandato. Na publicação da professora Iamamoto chama a atenção inicialmente a tentativa de estabelecer um confronto (inexistente) entre o campo e a cidade, buscando colocar em relevo a ideia de que o MAS (Movimento ao Socialismo), partido do presidente Evo Morales, desfrutasse de um amplo apoio no campo, junto às massas camponesas e os indígenas, o que não ocorreria nas cidades, nos centos urbanos, onde prevaleceria o apoio e o voto no candidato da “oposição” direitista e pró-imperialista, Carlos Mesa. No entanto, ante a uma análise mais rigorosa, não superficial, vemos que a tese não se sustenta. Morales tem sim o amplo apoio das massas pauperizadas do campo, os camponeses e demais camadas exploradas que sobrevivem das atividades agrícolas não industriais. Mas é igualmente verdade também que o candidato do MAS teve amplo apoio e recebeu o voto também dos setores organizados da classe operária boliviana, os mineiros e outros trabalhadores da atividades industrial dos centros urbanos, como La Paz e Cochabamba. A “derrota” de Evo Morales nas cidades e centros urbanos – isso precisa ser compreendido – não se deve ao

apoio consciente da população, ou de uma parte desta, ao programa neoliberal do candidato do imperialismo, mas fundamentalmente ao controle que as forças direitistas, reacionárias, exercem sobre o conjunto da população ali nestas localidades; aos elementos de pressão e às enormes outras situações de contexto que influenciam e condicionam o voto em uma eleição marcada pela disputa de duas forças e perspectivas antagônicas, vale dizer, de um lado o representante das camadas populares e exploradas do país (com todas as limitações programáticas que essa candidatura traz) e de outro, o candidato apoiado por todos os mais retrógrados e direitistas setores do país, com amplo apoio do empresariado, da burguesia latifundiária, industrial, e principalmente, como elemento determinante maior, o imperialismo ianque e também europeu, pois a União Européia também se soma, neste momento, aos que sustentam a ideia de fraude eleitoral, que é o argumento da direita reacionária, mais uma vez derrotada no pleito eleitoral. Esse mesmo quadro se apresentou nas eleições brasileiras de

2018, no segundo turno, onde o candidato do campo intitulado “progressista”, Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores, recebeu o voto da população interiorana do Nordeste e foi derrotado nas capitais da região. É falso, todavia, a partir destes elementos, inferir que Haddad seria então o candidato do interior, enquanto o candidato da extrema direita, à época, Jair Bolsonaro, teria a preferência do eleitorado das cidades, das capitais do Nordeste e de outras regiões. Aqui se repete o mesmo fenômeno boliviano, guardadas, obviamente, as peculiaridades inerentes a cada processo. Bolsonaro derrotou Haddad justamente pelo controle que o processo em seu conjunto exerce sobre o voto do eleitorado; pela enorme pressão exercida pela poderosa máquina de guerra que a burguesia coloca em movimento quando se trata da defesa dos seus interesses. Um outro elemento que merece destaque é o fato de que não há antagonismo entre os interesses e as reivindicações das massas agrárias, do campo, o imenso contingente de camponeses bolivianos que votaram

maciçamente em Evo Morales e os trabalhadores dos centros urbanos, os mineiros em particular e o proletariado que tem atividades laborais ligadas ao setor petroquímico do país. Fundamentalmente, as reivindicações, demandas e interesses são os mesmos, se vemos o problema de um ponto de vista de uma perspectiva maior, de classe, de luta contra o inimigo maior, o imperialismo e seus representantes nativos. Um outro aspecto que vem chamando a atenção no pleito eleitoral boliviano diz respeito ao posicionamento dos organismo internacionais. A OEA, uma agência que está alinhada com a defesa da estratégia intervencionista/golpista do imperialismo para a região, se colocou ao lado do candidato da direita, Carlos Mesa, questionando a vitória de Morales, com acusações de fraude eleitoral e se colocando no terreno da recontagem dos votos, assumindo, abertamente, uma posição golpista, a mesma defendida por toda a direita reacionária do continente. O fato é que não só a população da Bolívia, mas também de outros de países do continente (Chile, Uruguai, Equador, Argentina, Haiti, na região do Caribe) entraram em rota de colisão aberta com a política do imperialismo implementada pelos governos fantoches da Casa Branca, colocando em xeque não somente o receituário econômico neoliberal, mas toda a estrutura carcomida e apodrecida dos regimes ditos “democráticos” da região, que, em sua essência, nada mais são do que uma pálida caricatura de democracia, onde sobrevivem todos os principais elementos das ditaduras sanguinárias e assassinas que predominaram no continente nas décadas de sessenta e setenta. O desfecho para o impasse vivenciado pela tentativa de golpe da direita na Bolívia passa, necessariamente, pela mobilização das massas populares e demais camadas exploradas do país, única forma de assegurar a legitimidade do resultado eleitoral que garantiu mais um mandato para o presidente Evo Morales.


10 | JUVENTUDE E CULTURA

NEORREALISMO ITALIANO

2 de novembro 1906: nascimento do cineasta Luchino Visconti Há 113 anos, nascia Luchino Visconti, diretor italiano que retratou a Itália após a Segunda Guerra Mundial, sendo uma importante figura do neorrealismo italiano.

No dia 2 de novembro de 1906, nascia Luchino Visconti di Modrone, cineasta e expoente do neorrealismo italiano. Luchino Visconti era filho de uma nobre família milanesa, os Visconti, que governaram a região de Milão entre o final da Idade Média e parte do Renascimento, um período de quase 200 anos. Não bastasse a origem nobre da família de seu pai,

Luchino Visconti tinha como mãe Carla Erba, herdeira de uma grande indústria farmacêutica. Após viver sua juventude como suboficial da cavalaria, e cuidar dos cavalos de sua propriedade em Piemonte, Visconti foi para a França, onde conheceu a estilista Coco Chanel, de quem ficou amigo e manteve uma relação amorosa por um certo período. Foi ela

que, em 1936, apresentou Visconti a Jean Renoir, filho do pintor Pierre-Auguste Renoir e importante cineasta do realismo poético francês, uma das maiores inspirações para a Nouvelle Vague. Com Renoir, trabalhou no filme Une Partie de Campagne, e mais tarde na ópera Tosca. Na década seguinte, Visconti produziu seu próprio filme, Ossessione, e para realizá-lo teve que vender as jóias da família no intuito de arrecadar fundos. Com o fim da segunda guerra, Visconti foi contratado pelo Partido Comunista Italiano para realizar uma trilogia de filmes, cada um trataria sobre um tema: os pescadores, os mineiros e os camponeses italianos, no entanto, somente La Terra Trema, filme sobre a vida de um pescador, foi realizado. Foi nesse período pós-guerra que surge o neorrealismo italiano. Um movimento cinematográfico que, como a Nouvelle Vague na França, usou ao seu favor os pouco recursos deixados pela guerra, retratando as cidades e a sociedade deixada em frangalhos. As expressões quase que genuínas, pois muitas vezes os atores deviam improvisar inteiramente as falas, ou os personagens nem ao menos eram interpretados por atores de profissão;

a luz crua; o som captado diretamente e nenhuma, ou quase nenhuma, pós produção, são características técnicas do neorrealismo italiano. Um traço interessante de sua carreira foi sua ligação com a literatura. Visconti fez diversas adaptações de romances consagrados para o cinema: As Noites Brancas (Dostoiévski), O estrangeiro (Albert Camus), Morte em Veneza (Thomas Mann) e L’innocente (Gabriele D’annunzio). Dentre sua extensa filmografia, obteve vários prêmios, o primeiro sendo o Leão de Prata do Festival de Veneza pelo filme Le Notti Bianche (1957). Por duas vezes ganhou o Prêmio Bodil de Melhor Filme Europeu, a primeira vez por Rocco e i suoi fratelli (1960), filme também premiado com o Prêmio Especial no Festival de Veneza e o Prêmio FIPRESCI do mesmo festival, e a segunda vez por Morte a Venezia (1971), que também lhe garantiu o prêmio do 25º Aniversário no Festival de Cannes. Ganhou também o Leão de Ouro no Festival de Veneza, por Vaghe stelle dell’Orsa... (1965). Visconti morreu em 1976, com 70 anos, em Roma, ao lado de seu companheiro, Helmut Berger, jovem ator austríaco revelado pelo cineasta italiano em Os Deuses Malditos de 1969.

POLÍTICA NEOLIBERAL

3,5 milhões de jovens foram reprovados ou abandonaram a escola em 2018 Após o golpe de Estado, passou a crescer com grande intensidade no país o número de estudantes em reprovação ou que abandonam as instituições para sustentarem suas famílias.

A política de destruição nacional promovida pelo golpe de Estado, que vem arrasando o país desde a derrubada da presidenta eleita Dilma Rousseff, é responsável por devastar a economia brasileira, pôr milhões nas ruas desempregados e gerar um empobre-

cimento geral da nação, enquanto toda riqueza é capitalizada pelas mãos do imperialismo, que vem cada vez mais controlando o país que hoje nada mais é que uma colônia para os olhos imperialistas. O governo golpista, dentre seu ataque amplo à população, tem como objetivo esmagar tudo aquilo que representa uma continuidade do desenvolvimento da nação, seja as empresas nacionais, seja a cultura do país ou até mesmo a educação responsável por formar mão de obra para o mercado. Tudo isso, ou hoje está já na mão do imperialismo ou está para ser completamente destruído pelos golpistas. O caso da educação é um dos que mais chamam atenção. O Brasil, devido a seu atraso histórico, sempre teve sérios problemas envolvendo seu sistema educacional, sobretudo quando se trata das camadas mais pobres, a grande maioria do país. No Brasil, é comum grandes evasões escolares, principalmente devido a necessidade de muitos jovens trocarem os estudos pelo trabalho com o objetivo de sustentar suas famílias. Para muitos, a necessidade de por comida na mesa é urgente, ainda mais no momento em que vivemos.

Contudo, mesmo sendo algo comum da situação do país, o Brasil após o golpe de Estado viu tudo isso se aprofundar em escalas nunca antes vistas. Já estamos no terceiro ano pós golpe e o país já tem números alarmantes de evasão escolar e reprovações por todo ensino público, médio ou fundamental. Os números indicam que 3,5 milhões de jovens reprovaram ou abandonaram os estudos esses anos. Nesse caso, quase 1 milhão de pessoas trocaram os estudos pelo trabalho. A situação da educação brasileira é algo que abrange vários aspectos. Primeiro, as escolas e instituições de ensino em geral estão completamente sucateadas. Com o governo Bolsonaro, a política contra a educação pública é notória, faltam professores, faltam salas e quem dirá laboratórios. O ensino se encontra em estado precário nas principais instituições, já nas do interior, os jovens são obrigados a se confrontar com situações ainda piores. O golpe deixou claro que tem como objetivo destruir a educação pública, entregá-la para o capital privado, elitizando toda instituição, acabando com a possibilidade do pobre ter direito ao

estudo e criando um sistema de ensino que forma trabalhadores conforme os interesses do imperialismo. Porém, além de toda esta política anti-povo, o governo golpista também empurra o povo brasileiro em uma crise econômica gigantesca. Como sabemos, a crise mundial está prestes a explodir novamente, e o Brasil já passa por um momento de extrema dificuldade. Com a destruição da economia nacional e a implantação da polícia neoliberal, a burguesia vem fazendo o povo pobre pagar pela crise capitalista, a crise de um sistema falido que sustenta estes parasitas do povo. Devido a esta situação, muitos jovens brasileiros são obrigados a abandonar os estudos para garantir a sobrevivência de suas famílias e de si próprio. Este é mais um crime dos golpistas contra o povo brasileiro. Por isso, é mais do que urgente revertermos essa situação, não podemos permitir que cada vez mais o pobre seja excluído do seu direito ao estudo e que a população seja cada vez mais esmagada em nome dos interesses do grande capital. Pela derrota dos golpistas: Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula, Eleições Gerais!


JUVENTUDE E CULTURA | 11

CORTE DE GASTOS

Amapá: alunos ficam sem merenda por semanas no interior Os estudantes da Escola Estadual Dr. Murilo Braga, em Mazagão (AP) estão há semanas sem merenda. Os estudantes da Escola Estadual Dr. Murilo Braga, em Mazagão (AP), a 32 quilômetros de Macapá, são parte dos números desastrosos que retratam a situação da Educação brasileira sob o comando dos golpistas. As crianças estão há, pelo menos, duas semanas sem lanches, e têm aulas em um prédio que precisa de uma reforma profunda. A política estabelecida no país nos últimos tempos, principalmente no governo de Jair Bolsonaro, presidente golpista e ilegítimo, que estabelece um país de terra arrasada e o extermínio total da população brasileira, é visto em cada canto do país. Diante disso, vemos várias escolas num total abandono, com várias explicações sem fundamento. A justifica que a direita apresenta para a escola Dr. Murilo Braga, por sua vez, é a de que a ausência dos alunos é muito grande, caracterizando um índice alto de evasão dos discentes. Tra-

ta-se, obviamente, de uma justificativa demagógica, uma vez que a evasão é resultado do próprio aprofundamento da política neoliberal, que afasta os jovens das escolas. É importante denunciar que a falta de merenda é por conta da falta de investimentos nas escolas diante da política de corte de gastos. Ao mesmo tempo que a direita procura reduzir os gastos do Estado com a Educação para sobrar mais dinheiro para os capitalistas, abrem o caminho para a privatização total do ensino, uma vez que o sucateamento das escolas serve à propaganda privatista. É preciso organizar o povo em grupo, em comitês de luta contra o golpe, em associações, e ir até as ruas e gritar a palavra de ordem Fora Bolsonaro e todos os golpistas, liberdade para Lula e eleições gerais com Lula candidato, antes que a direita organize uma nova ofensiva capaz de devastar todo o país.

SALVADOR-BA

Exposição “Em Forma de Família” reúne obras de Geraldo de Barros Mostra inédita traz obras de Geraldo de Barros e suas filhas Fabiana e Lenora. A mostra “Em Forma de Família”, em cartaz na Roberto Alban Galeria, no bairro de Ondina, em Salvador, expõe os trabalhos do artista paulista Geraldo de Barros (1923-1998) e de suas filhas. Considerado como um expoente das artes experimental e de vanguarda, o artista é mundialmente reconhecido. Suas obras apresentam um diálogo entre diferentes linguagens como desenho industrial, pintura, design, fotografia e pintura. É a primeira vez que acontece a exposição de um conjunto representativo das obras de Geraldo de Barros e de suas filhas Fabiana, artista contemporânea que trabalha com internet, colagem, vídeos e fotografias e a poeta e artista visual Lenora, que pensa a sua obra a partir de diferentes linguagens como instalações sonoras, performances, fotografia e vídeo. Entre as obras apresentadas estão as conhecidas “Fotoformas”, fotogra-

fias tiradas entre 1946 e 1951 e que, a partir de uma poética relacionada ao Expressionismo, remetem aos estilos cubista e construtivista. Também está presente a série “Sobras” que apresenta, em colaboração com o Instituto Moreira Salles (RJ), várias fotografias inéditas que refletem a respeito de um dos grandes interesses do artista: os limites entre o público e o privado. De acordo com Lenora, seu pai “autofotografava com chapéus, roupas diferentes, era um apaixonado pelo cinema noir”. Em um de seus trabalhos presentes na exposição intitulado “Poema” a artista, influenciada pelo lado mais performático do pai, aparece tocando as teclas de uma máquina de escrever com a língua. A outra filha de Geraldo de Barros, Fabiana, que vive em Genebra, na Suíça, apresenta como ponto comum entre o seu trabalho e o do pai o modo

de compreender a questão social: “Assim como ele, que sonhava com um mundo igualitário, produzindo uma arte para todos, tenho uma preocupação em estabelecer uma relação direta com o público, privilegiando o contato humano e o contexto social”, afirma.

Até o dia 11 de janeiro, a exposição “Em Forma de Família” está aberta para visitação de segunda a sexta-feira das 10h às 19h e aos sábados das 10h às 13h, na Roberto Alban Galeria, localizada na rua Senta Pua, 53, no bairro de Ondina, em Salvador.

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12 | MOVIMENTO OPERÁRIO E MORADIA E TERRA

DEMISSÃO

Banco do Brasil ameaça trabalhadores que estão em licença interesse Direção golpista do Banco do Brasil ameaça de demissão trabalhadores de licença interesse. Depois de jogar no olho da rua milhares de trabalhadores através dos famigerados PDV’s (Plano de Demissão “Voluntária”) e implantar um Plano de Adequação de Quadros (PAQ) com a transferência compulsória de funcionários após fechar centenas de agências e dependências no país inteiro, a direção do Banco do Brasil está ameaçando trabalhadores que se encontram de licença interesse a retornarem ao trabalho com a ameaça de demissão. Através de comunicado interno, o banco está intimado funcionários que se encontram de licença interesse a se apresentarem para tomar posse até o dia 22 de novembro. Caso o funcionário não compareça, a partir do dia 25 do mesmo mês, o trabalhador terá as suas ausências classificadas como “falta não abonada não autorizada, o que poderá incorrer em abertura de processo administrativo por abandono de emprego, possível de demissão por justa causa” (comunicado do setor de Gestão de Pessoas do BB).

A desculpa esfarrapada, da direção fascista do banco, é que a empresa precisaria preencher vagas existentes. Uma verdadeira palhaçada, um conto do vigário, história para inglês ver. Se fosse assim, qual o sentido as mais de 13 mil demissões realizadas após o golpe de estado através da Demissões “Voluntárias”, que de voluntário não nada? O governo ilegítimo de Jair Bolsonaro vem sistematicamente estruturando uma ofensiva em torno de sua política que visa beneficiar os interesses dos grandes capitalistas e banqueiros nacionais e internacionais. Para isso, uma das suas medidas é a entrega do patrimônio do povo brasileiro nas mãos desses parasitas. O que vem acontecendo no Banco do Brasil é a mesma política em relação aos bancos públicos, a Petrobras, Elerobras, Correios, as demais empresas estatais, a entrega das riquezas minerais da Amazônia, pré-sal, etc. Somente um programa que parta das necessidades mais sentidas das massas, como a defesa da sua sobre-

vivência, pode articular a resistência à ofensiva do governo. Sob a base deste programa é necessário um plano de lutas que tenha como principal bandeira a luta para derrubar o golpe, golpe este que tem como principal fundamen-

to aprofundar os ataques às condições de vida das massas para beneficiar um punhado de parasitas capitalistas em crise. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula! Eleições Gerais já!

ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL

MST

RJ: Witzel quer ampliar turmas de tempo integral

Direita bolsonarista faz despejo violento em Pernambuco

No Rio de Janeiro, o governador golpista Wilson Witzel (PSCRJ), quer ampliar e massacrar os professores e alunos com as escolas e turmas de tempo integral.

Tropa de choque da PM, oficiais e justiça e corpo de bombeiros são ferramentas nas mãos da direita para executar expulsão de agricultores de forma violenta em Pernambuco.

O governo golpista de Wilson Witzel (PSC-RJ), do estado de Rio de Janeiro, está preparando um ataque em larga escala conta os professores da rede pública estadual. O governo quer impor o chamado modelo de escola de tempo integral. No Rio, onde já existem 290 turmas de ensino médio em tempo integral, o fascista Witzel pretende aumentar o número para 600 no próximo ano. O período das matrículas para essas novas vagas já começará na próxima terça-feira (5). A promessa é a ampliação e a melhoria das turmas de tempo integral, mas, da forma como ocorre, é um retrocesso aos professores e alunos da rede. Nas atuais Escolas de Tempo Integral, onde os professores são constantemente avaliados, submetidos a chantagens e pressões por parte das direções, os ataques aos docentes será aprofundado ainda mais. Vale destacar ainda que essas avaliações nada têm a ver com a qualidade da aula dos professores, mas, sim, se o docente segue a cartilha imposta pela direita – se não é grevista, se engole goela abaixo as imposições do governo estadual etc. É importante frisar também que isso é um pretexto para um verdadeiro processo de demissão em massa, para um “enxugamento” do funcionalismo, aos moldes da política neoliberal. Isso sem falar que a proposta abre as

Mais um ataque ao MST aconteceu na última quinta-feira, 31 de outubro. Dessa vez, o alvo da ação truculenta da polícia, oficiais de justiça e corpo de bombeiros foi o acampamento Beleza, no município de Aliança, no estado de Pernambuco. O ataque começou logo cedo, às 6 horas da manhã, pelas tropas de choque da polícia militar. Casas, plantios e tudo mais foram destruídos de maneira incisiva. Como de costume, os trabalhadores foram deixados a relento, sem a mínima condição de subsistência. Além disso, idosos e crianças ficaram desesperados e desamparados. Inclui-se aí uma pessoa com problemas cardíacos que passou mal e teve de ser levado ao hospital. No total, 80 famílias foram expulsas do acampamento, ocupado em 2015. O acampamento Beleza faz parte da Usina Cruangi. Uma vez que o antigo engenho Beleza estava em condições precárias, os sem-terra fizeram o que deveria ter sido feito: ocuparam o terreno. Após a ocupação, foram plantados feijão, milho, mandioca e hortaliças, dando o caráter produtivo à terra. O MST de Pernambuco afirma que fora criada uma comissão de conflitos composta apenas de membros do governo. Se assim for, a possibilidade de impedir algum conflito se torna nula.

portas para uma caça às bruxas contra aqueles professores que se mobilizarem contra os desmandos do governo. De acordo com a resolução, nem mesmo os diretores de escola escapariam deste processo, o que servirá para manter as escolas nas mãos de verdadeiros carrascos, alinhados diretamente a política tucana de destruição da rede pública. Os professores que não aceitarem integrar o projeto serão removidos “para a escola geograficamente mais próxima”, onde tenha vaga de acordo com o cargo do docente. Ou seja, o professor pode ser obrigado, geograficamente, a dar aula em outra região do estado, tendo que sair de sua cidade de origem. A proposta é um ataque gigantesco à categoria, a qual, nos últimos anos, vem sofrendo com a política golpista de desmonte do ensino: salários defasados, superlotação de salas, fechamento de salas de aula, falta infraestrutura básica etc. É preciso mobilizar os professores contra este projeto e os demais ataques promovidos pelo governo estadual em conluio com o governo golpista federal de Jair Bolsonaro. É preciso sair às ruas, aprovar já a greve da categoria pela derrubada dos governos golpistas de Wilson Witzel e de Jair Bolsonaro!

Pelo contrário, cria a impossibilidade de um diálogo realmente democrático entre as instâncias governamentais e populares. Por mais que a intenção da comissão seja supostamente reduzir o impacto dos despejos, está diretamente ligada às ordens para tal ação. Pelo contrário, são intermediário no sentido de impedir que a fúria ao governo seja direcionada. A política da extrema-direita é a de atacar as organizações de trabalhadores e depois se esconder atrás de uma muralha de burocracias. Para os sem-terra não é diferente. Queimam e destroem suas condições de vida no sentido de desorientar e desagrupar os agricultores e suas famílias. Assim, procuram tornar mais fácil o ataque à cada um destes, sua perseguição. É só através do ataque isolado que o fascismo consegue avançar, pois contra a massa de trabalhadores organizados a barbárie se torna impossível.


MORADIA E TERRA | 13

EXTREMA-DIREITA

Deputado fascista persegue professores em escola no interior de SP O deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) fez um discurso ameaçando e intimidando a categoria dos professores. O deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) tentou intimidar e perseguir professores da Escola Estadual Alberto Alves Rollo, localizada na cidade de Américo Brasiliense, interior de São Paulo. O deputado fascista é uma das principais lideranças do Movimento Direita São Paulo (rebatizado como Movimento Conservador), do Partido Social Liberal (PSL) e destacado ativista do programa Escola Sem Partido, que advoga pela perseguição política aos professores e pela cassação dos direitos democráticos de liberdade de expressão e de cátedra nas escolas. É importante destacar que, no carnaval de 2018, Douglas foi o criador do bloco Porão do Dops, que fazia apologia à tortura e assassinato de presos políticos durante a ditadura militar. No dia 17 de Setembro, foi ministrada uma palestra sobre diversidade cultural na escola Alberto Alves Rollo, com autorização da gestão escolar, que incluía uma roda de conversa e debate sobre diversidade étnica, religiosa, sexual e de gênero. O objetivo era discutir questões que são presentes na realidade escolar e na sociedade, em especial

para combater preconceitos e promover o respeito e a tolerância entre os alunos. Passados alguns dias, o próprio deputado fascista ligou para a escola e ameaçou os professores e a gestão escolar, dizendo que iria tomar providências para investigar e punir o ensino de “ideologia de gênero” na escola. Em discurso no Plenário na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado expôs agressivamente a professora Patrícia e fez uma série de acusações e calúnias contra ela, inclusive com ameaças à categoria dos professores em conjunto. Fez uma série de ataques à Universidade Estadual Paulista (Unesp), aos estudos e pesquisas científicas realizadas nesta instituição. Diante dessa ofensiva, é necessário mobilizar os professores e estudantes, os sindicatos de professores, as organizações estudantis e da juventude, as organizações de massas como a CUT e as que respondem pela ciência e pesquisas no país contra as tentativas de intimidação e perseguição da extrema-direita fascista. Os fascistas devem ser derrotados pelo povo nas ruas.

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