DeepArt nº9

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Innocence é o verdadeiro filme de arranque da cineasta francesa Lucile Hadzihalilovic; uma obra que ensaia uma visão poética da puberdade, tingida por filtros oníricos que redefinem o género da fantasia como a conhecemos. Reunindo diretrizes atmosféricas de escritores consagrados do gótico e do terror, como Poe e Mary Shelley, Innocence apresenta-nos um cenário utópico, onde um grupo de raparigas entre os seis e os doze anos é educado nas artes da dança num internato isolado do mundo, num parque cercado por um muro sem porta, onde não existem adultos, para além de velhas criadas e duas jovens professoras: Mademoiselle Edith e Mademoiselle Eva (Hélène de Fougerolles e Marion Cottilard).

L I F E S T Y L E

Esta é uma realidade hermética, que nos absorve desde o início com a aparição de um caixão onde chega Iris (Zoé Auclair). É através da inocência das suas descobertas, guiadas por Bianca (Bérangère Haubruge), a rapariga mais velha do grupo, que aprendemos as regras totalitárias desta prisão/paraíso, que proíbem a saída, sob a pena de um castigo irreversível, e apoiam na obediência cega a chave para a felicidade. Conota-se, assim, uma verdadeira ode ao tabu, à medida que o realismo ganha expressão no fantástico, explorando os sentimentos das raparigas nas relações que mantêm entre si, desde o medo de se perderem no parque, à ansiedade de estarem completamente sozinhas.


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