O Trabalho Liberta?

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Todos os nossos esforços gastos diariamente no trabalho são para o enriquecimento e capacitação daqueles que desenvolvem formas e métodos organizacionais para nos controlar...O trabalho é o patriarcado,o racismo,o capitalismo,o Estado,o fascismo,mascarado de necessidade humana.

Deformações de Tradições Vitais... ...Seguidas da Imposição de Tradições Mortais Desde o começo das civilizações e da fundação dos Estados à milhares de anos,o trabalho servil tem sido imposto aos povos dominados através da força.Essa forma de atividade forçada passou por diversos processos de modificações em suas estruturas e as relações decorrentes de dominadores e dominadxs tem sido um fator para a própria transformação das estruturas da própria civilização e foram se naturalizando junto com o patriarcado e o racismo. A conservação e reprodução dos valores arcaicos impostos pelas classes dominantes eurocentristas no terceiro mundo, a fim de descaracterizar as pessoas exploradas pelo capitalismo, para que não haja resistência e muito menos uma subversão da ordem, acontece de forma deliberada pelas mesmas. Gerando assim uma massa chamada humanidade, hegemônica em diversos aspectos,como por exemplo na posição passiva em relação ao trabalho, e heterogênea em sua essência,pois há uma incontrolável diversidade de cores,etnias,religiões,culturas etc.Assim é criada uma enorme contradição e complexidade, dificultando a formação de uma consciência objetiva e subjetiva que reconheça pontos cruciais e possibilite ataques significativos às estruturas dos inimigos reais e proporcionando uma defesa natural do progresso opressor que tem suas bases no patriarcado, no trabalho, no racismo e nas relações decorrentes dessa tríade. Dentre as novas gerações condicionadas ao mito do progresso e da evolução da humanidade, pessoas combativas com maior desenvoltura intelectual ou mais facilidade de absorção de informações, se limitam apenas a reproduzi-las e não a partir do conhecimento adquirido (re) criar e constituir conceitos e ideias de emancipação e ruptura com a ordem de dominação existente que se mantém há séculos. Consequentemente os valores antigos instituídos por conservadores de estruturas que privilegiam os dominadores, prevalecem no decorrer do tempo em todas as gerações. A não transformação ou destruição desses valores implica na permanência da forma antiga de pensar e necessariamente na impossibilidade de mudar a realidade,pois não há uma ruptura com a estruturação de nossas vidas feita pelos dominadores. Sem a percepção desse empecilho, as juventudes que deveriam ser a força propulsora da revolução perpetuam a ditadura da ignorância imposta pelas classes conservadores às classes massacradas pela ordem vigente. O TRABALHO LIBERTA: Frase escrita nos portões do campo de concentração nazista

O TRABALHO LIBERTA?


Da escravidão ao Trabalho: Duas Faces da Mesma Moeda Com a escravidão, o trabalho foi instaurado como necessidade vital em detrimento da ociosidade que era o modo de vida de povos antigos,que de maneira geral vivia de através de recursos adquiridos apenas para a existência da comunidade,sem a necessidade de produzir excedentes. Aos poucos essa substituição de valores foi se tornando mais eficaz,pois a nova forma de vida baseada no trabalho estava sendo interiorizada até mesmo por aqueles povos e etnias que resistiam a imposição do modo de vida ocidental que visava sempre a submissão desses.Pois com a dominação e demarcação das terras,os meios materiais de sobrevivência como alimentos e rios,foram cada vez mais sendo dominados pelos colonizadores.Dessa forma ocorreu a estruturação do trabalho como principal meio de sobrevivência através da escravidão. Em Abya Yala,devido a negação dos povos nativos ao trabalho imposto,os colonizadores criaram sistemas de pagamentos pelo trabalho excercido conhecidas como encomiendas*. O trabalho é uma atividade de esforço físico ou intelectual que serve de alicerce as estruturas opressivais do imperialismo econômico.Desde a divisão do trabalho em funções especificas para homens e para mulheres,brancos e nao brancos, aos tempos modernos onde essas divisões passam a ser mascaradas com a ideologia do humanismo e democracia para todos,criando a ilusão da superação ou inexistência de diferenças de gênero ou cor da pele nas funções exercidas.Trabalho significa resignação ao Estado e seu sistema de classes ou castas que é legitimado pelo sistema educacional societal religioso e familial difundido na política.Nao existem formas de combater o capitalismo sem criticar o trabalho,qualquer pensamento e ou ação de legitimação do trabalho enquanto atividade inerente aos seres humanos estará colaborando e forma (in)direta com o sistema econômico exploratório vigente no mundo. A valorização do trabalho deixa cada vez mais em evidencia as pessoas que por diversos motivos não trabalham.As condições socio-economicas são determinantes e cruciais na função exercida pelas pessoas no mercado de trabalho e com o avanço da tecnocracia cria-se cada vez mais especializações na divisão do trabalho. Quem não tem possibilidades de acompanhar esse desenvolvimento acaba no chamado exército de reserva.Por uma questão histórica de subjugação aos colonizadores europeus, a classe social de excluídos pelo progresso da ideologia e técnicas de trabalho é composto principalmente por mulheres e homens descendentes de povos negros e indígenas. A esquerda com seu discurso centralizado no trabalho e no trabalhador de forma (in)direta perpetua o extermínio do excedente do mercado.Entre as fileiras da direita,o setores conservadores da sociedade propagam esse discurso abertamente.Por pertencer as elites que se beneficiam da exploração,a direita e as suas ideologias conservadoras se baseiam em conceitos escravistas e obvia-

mente enaltecem e disseminam as estruturas baseadas no trabalho pois dessa forma conseguem conservar a hierarquia social.Assim como afirmam suas posições homofóbicas com argumentos de que a relação homoafetiva é uma doença por que não reproduz e então não é "natural",os conservadores afirmam que o trabalho é uma necessidade humana.O capitalismo se desenvolveu pelo trabalho,primeiro através da escravidão e posteriormente com a revolução industrial se viu forçado a abolir a escravidão pois precisava de consumidores e da mão de obra barata capacitada para a produção. Porem a esquerda o faz descaradamente de forma mascarada através da reprodução de valores,como a honestidade, que corroboram com a legitimação do trabalho e propagam o direito de trabalhar como sinônimo de dignidade.O capitalismo que tem suas estruturas alicerçadas no trabalho encontra no Estado que é constituído de uma organização burocrática centralizadora de poder, a melhor forma de se estabelecer como força política imperial.Todo aparato bélico antes utilizado pelos Estados para guerra externas,agora servem para conter os conflitos internos que ameaçam a sagrada paz social.O que temos a frente é um império mundial sem fronteiras,que tem seu desenvolvimento cada vez mais facilitado tanto pela direita,que tem interesse em manter seus privilégios de classe e preservar seu lugar na hierarquia,quanto pela esquerda que de um modo geral é constituída por uma classe media reformista que defende implicitamente seus privilégios. O aumento da violência social pelo mundo,demonstra que de um modo geral as desigualdades provenientes dos tempos antigos de dominação,evidenciam mais a degradação do modo de vida dos marginalizadxs que é naturalizada através de ideologias conservadoras disseminadas pelo sistema educacional,religião e meios de comunicação.Ao mesmo tempo as elites negam a realidade que elas mesmas criaram e tentam o tempo todo reformar a construção sangrenta e brutal que é a civilização ocidental e o cristianismo,mas só legitimam mais o domínio deles.Pensar gera sentimentos que geram ações.Por este motivo os privilegiados não querem que as pessoas reflitam sobre suas reais condições e o que ocorre a seu redor livremente.Todo pensamento tem que ser direcionado por eles sempre,senão eles perdem o controle.Se temos como foco e ideia central de libertação a classe trabalhadora,estamos marginalizando mais ainda aquelxs que não se enquadram no perfil de exercer funções predeterminadas por uma demanda de necessidades de lucro dos capitalistas. Por estes motivos,o problema que enxergamos atualmente é o outro lado da moeda chamada política,a esquerda e até uma parte do anarquismo,também tem suas pautas de libertação baseadas na reforma do trabalho,sendo que o seu desenvolvimento é o próprio desenvolvimento histórico da opressão que condiciona individuxs ao sofrimento do tempo,energia física e mental, gastos para sobreviver no capitalismo servindo aos interesses das velhas e novas oligarquias internacionais.


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