Delírios de uma quarentena tropical

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CARNAVAL

− Eu tinha 17 anos, em 1981, e me alembro da primeira vez que atirei. Tremia como vara verde, mas meu tio, do meu lado, me dava coragem. Órfão de pais, Damião da Silva fora criado com dois tios e a avó na região do agreste paraibano. O jovem se orgulhava de nunca ter errado um tiro na vida. Ficava de tocaia à espera da vítima, a pontaria era cantada em toda a Paraíba. Aprendera com o tio Geraldo a arte da pistolagem. − Despachei para o inferno o caba safado. O tiro foi direto na cabeça do desinfeliz. Depois disso, rezei uma Salve Rainha.

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