Delírios de uma quarentena tropical

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MAR, A MENINA E O VENTO

Maria era o seu nome, mas sempre fora chamada de Mar. – Sim, assim mesmo, só três letrinhas: m a r, como aprendi com a Tia Edna. Ela escrevia no quadro de giz e cantava alto as três letras espalhadas, com sotaque de bolacha crocante: – Mar! – Essa menina tem olhos imensos – dizia a velha Sizinha, curandeira famosa de Caiçara. – Cresceu sem conhecer o pai. Já a mãe era uma alma boa, Deus a tenha! – completava Bastinha, professora do primário. – Era um homem das águas grandes – ajuntava Zé da Esquina, bodegueiro que vendia doces no baleiro. | 61 |


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