Informativo nº 156

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INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 5a REGIÃO JUNHO A DEZEMBRO DE 2021 - ANO XXV- Nº156

CORPO HUMANO 6

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falando sobre ciência

Feromônios e sua relação com os gatos

Química X Automóveis

Prêmio Nobel 2021


FEROMÔNIOS

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Saiba o que são e qual sua relação com os gatos.

CORPO CIENTÍFICO

pg. 4

Falando sobre a ciência do corpo humano.

QUÍMICA x VEÍCULOS

pg. 7

Editorial

Dica de Livro

O ano de 2021 segue sendo de aprendizado em todas as esferas. Com a retomada gradual das atividades, seguimos com esperança de uma breve volta à normalidade. Para encerrar o ano, trouxemos assuntos leves e importantes para nosso informativo.

Conheça a ciência dos automóveis.

Você sabe o que são feromônios? E sua relação com um dos anipg. 9 PRÊMIO NOBEL 2021 mais de estimação mais presente na Dupla vencedora descobriu nova forma de construvida dos brasileiros? Saiba mais soção de moléculas. bre a ciência dos feromônios e sua ARTIGO pg. 10 associação com os gatos. Artigo científico produzido por nossa Conselheira aborda a experimentação em aulas de Química

Expediente Presidente Paulo Roberto Bello Fallavena Vice-presidente Estevão Segalla Secretário Renato Evangelista Tesoureiro Mauro Ibias Costa Assessoria de Comunicação do CRQ-V assecom@crqv.org.br Jornalista responsável Louise Gigante Redação e Editoração Gráfica Louise Gigante EDIÇÃO ONLINE INFORMATIVO CRQ-V AV. ITAQUI, 45 - CEP 90460-140 PORTO ALEGRE/RS FONE/FAX: 51-3330 5659 WWW.CRQV.ORG.BR 2

Somos máquinas recheadas de engrenagens alinhadas e em funcionamento pleno. Estes mecanismos são recheados de componentes químicos reagindo e fazendo o organismo agir. Conheça os principais elementos químicos presentes no corpo humano, bem como a química presente no nosso cérebro e um pouco da ciência da estação mais quente do ano em nosso corpo. Assim como o organismo humano, os veículos são máquinas repletas de ciência. Compreenda a química dos automóveis. Conheça os vencedores do Prêmio Nobel 2021. Premiação foi para dupla de pesquisadores por nova forma de construção de moléculas. E, por fim, apresentamos um artigo científico produzido por nossa Conselheira sobre a experimentação em aulas de Química.

A COLHER QUE DESAPARECE Uma colher que desaparece quando colocada no chá quente, uma bizarra corrida pelo ouro causada por um elemento (telúrio) que tem cheiro de alho, um poeta que enlouqueceu ao ingerir lítio para se tratar de uma doença. Sam Kean nos guia em um passeio pelas mais surpreendentes histórias envolvendo a descoberta, o uso e a criação dos 118 elementos químicos da tabela periódica. Pelo caminho, o autor aborda a história dos avanços científicos, desde a descoberta do átomo até a criação de elementos artificiais, passando pela invenção da tabela periódica e pelo estudo da radioatividade. Mostra também como a vida humana se modificou devido ao cobre (usado em moedas por ser “autoestéril”), ao silício (utilizado na revolução da informática) e ao urânio (um dos grandes responsáveis pela bomba atômica)

Números do Conselho Desejamos a todos uma ótima leitura!

JUN - DEZ Vistorias

798

Autuações

158

Registro de Pessoa Física

459

Registro de Pessoa Jurídica

134


FEROMÔNIOS FELINOS

FEROMÔNIOS:

qual a relação com os gatos? Ocupante do topo da cadeia alimentar, o gato (Felis silvestris catus) é um mamífero carnívoro pertencente à família dos felídeos e predador de diversos animais como pássaros, insetos, roedores, etc. Os gatos estão em segundo lugar no ranking de animais de estimação mais populares do mundo (ficando atrás apenas dos peixes de aquário). Hoje existem cerca de 250 raças domesticadas que podem viver entre 15 e 20 anos. No Egito Antigo muitos registros como estátuas, desenhos e pinturas de gatos, demonstram que a relação próxima desse animal com o ser humano tem ao menos 5 mil anos. Seu comportamento, peculiar, pode se diferenciar por vários motivos como ambiente, saúde, criação, alimentação e Química. Sim! Os gatos sofrem grande e direta influência dos feromônios, também chamados de “semioquímicos” (sinais químicos), substâncias químicas que são secretadas pelos animais e que permitem que estes se comuniquem com outros da mesma espécie. Observação: é importante lembrarmos que essas substâncias são diferentes dos aleloquímicos (substâncias químicas que causam reações em seres de outras espécies). A produção dos feromônios ocorre em glândulas que podem estar localizadas em diversas partes do animal. Eles são capazes de estimular respostas fisiológicas e comportamentais naqueles que estejam próximos. Essas reações podem se dar na forma de alarme, defesa, acasalamento, ataque, etc. O primeiro feromônio isolado (da mariposa do bicho-da-seda), conhecido como bombicol ((10,12)-hexadecadien-1-ol), foi identificado pelo bioquímico alemão Adolf Butenandt em 1959. Desde então, muitos estudos e descobertas na área permitiram que veterinários, pesquisadores, apicultores, etc. pudessem compreender melhor o comportamento desses animais. Os insetos como as abelhas (que exalam

a substância para alertar algum perigo) e as formigas (a utilizam para marcar o caminho até o formigueiro), são exemplos importantes no uso de feromônios, assim com os felinos, em especial os gatos. Nos gatos, os feromônios estimulam, através da inalação, um órgão chamado de vomeronasal ou “órgão de Jacobson”, que fica situado entre o nariz e a parte interna da boca e, diferente dos odores comuns sentidos pelo animal, os feromônios são processados por outra parte do cérebro, o bulbo acessório. A resposta emocional desencadeada é inconsciente, pois os neurônios desse órgão ligam-se ao sistema límbico (estruturas cerebrais relacionadas a comportamentos sexuais, lembranças, aprendizagem, etc.). Isto ocorre sem passar pelo córtex cerebral e são estimuladas respostas pré-programadas. O movimento de esfregar o corpo em objetos e pessoas, assim como arranhar alguns objetos ou fazer massagem com as patas significa, para esses animais, uma comunicação de bem-estar, pertencimento e demarcação de ambiente familiar, trazendo-o tranquilidade. Essa relação explica o porquê da mudança familiar e de ambiente (muitos estímulos diferentes, ruído e muito cheiro) afeta tanto o comportamento felino, gerando desconforto. Nos gatos, existem seis grandes fontes de feromônios na área facial, nos membros torácicos e pélvicos, na região perianal, no complexo genital, no complexo mamário e nas urinas e fezes. Devido à sua grande importância na vida e comportamento dos felinos, os feromônios ganharam sua versão sintética, produzida em laboratório. Esta versão é utilizada como forma de terapia comportamental corretiva e/ou preventiva e tem resultados satisfatórios. Os primeiros estudos para a produção deste sintético foram realizados nos anos 90 e hoje encontra-se no mercado na forma de spray, difusor ligado à tomada e até em coleiras. Os médicos veterinários o indicam para diferentes situações e alertam para a utilização correta, seguindo as instruções de uso, para evitar acidentes e resultados 3

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CORPO CIENTÍFICO

falando sobre a ciência do

CORPO HUMANO Pensamentos, atos simples como respirar e falar, os movimentos involuntários e voluntários do corpo, as reações de digestão, etc.: o corpo humano é pura química. O crescimento de unhas e cabelos, o desenvolvimento ósseo, a cicatrização de ferimentos, a reconstrução celular e tudo que é relacionado à construção do corpo humano depende das reações químicas que absorvem energia. Energia esta que é “conquistada” através da alimentação. Somos uma máquina complexa, que depende de várias engrenagens alinhadas para funcionar plenamente.

COMPOSIÇÃO

O corpo humano é composto, principalmente, por seis elementos químicos: hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo, cálcio e carbono, além de, secundariamente, potássio, enxofre, sódio, magnésio e cloro. O oxigênio é o elemento que mais se destaca no organismo, fazendo parte de cerca de 65% da massa corporal. Sua maior parte é encontrada na forma de água, elemento essencial em todas as funções vitais. Além disso, o oxigênio é o combustível para todas as células do corpo, sendo absorvido na respiração. Ou seja, sem este elemento a vida torna-se impossível. 4


CORPO CIENTÍFICO Após a sua absorção pelo pulmão, ocorrem trocas gasosas que resultam na liberação de gás carbônico (CO2). O carbono, segundo elemento presente em grande quantidade, faz parte de cerca de 18% do organismo. Seu papel principal é na estrutura, formando uma “espinha dorsal” de diversas moléculas orgânicas. Presente em cerca de 10% do organismo humano, o hidrogênio apresenta-se, junto com o oxigênio, na forma de água, sendo responsável pela hidratação e manutenção do corpo. Além disso, este elemento está presente na maioria dos fluidos corporais, permitindo que resíduos indesejados e toxinas sejam transportados e descartados. O hidrogênio também é responsável por manter o sistema imunológico saudável e em funcionamento. Sendo componente essencial dos aminoácidos e ácidos nucleicos (DNA e RNA), o nitrogênio é um nutriente mineral essencial e está presente em aproximadamente 3% do corpo humano. Já o cálcio, presente em cerca de 1,4% do nosso corpo, é o metal mais abundante da composição. Seu papel principal está na formação de ossos e dentes, porém, outras funções importantes como a síntese de proteínas também fazem parte do seu escopo. O fósforo, elemento extremamente reativo, nunca encontra-se sozinho. Sua função principal no organismo está na formação da estrutura óssea, onde combina-se com o cálcio na forma de hidroxiapatita. Necessário para o funcionamento normal das células por regular os batimentos cardíacos, garantindo o funcionamento correto de nervos e músculos, o potássio está presente em cerca de 1% da massa corporal e é vital na síntese de proteínas e metabolização de carboidratos. O enxofre integra processos como a formação do tecido conjuntivo (responsável pela nutrição e sustentação do corpo), participa da produção de colágeno, fortalece a imunidade e mantém o cabelo saudável. O sódio, apesar da necessidade de moderação em seu consumo, é essencial para o funcionamento do organismo. Na quantidade adequada (pouco mais de 2g por dia), regula o volume sanguíneo, auxilia na contração muscular e tem papel importante nos impulsos nervosos. Já o cloro é importantíssimo para o equilíbrio hídrico e ácido-básico do organismo, além de ter papel importante na produção do ácido clorídrico, um dos componentes do suco

gástrico. Por fim, o magnésio é um mineral utilizado na síntese de proteínas e transporte de energia. Ele colabora com o funcionamento de algumas enzimas e com o equilíbrio do sódio, potássio e cálcio, além de colaborar no funcionamento celular e ser importante nas atividades hormonais. Estes elementos são levados ao organismo através da alimentação ou suplementação específica, portanto, uma alimentação saudável, variada e rica em nutrientes suprirá as necessidades químicas de nosso corpo.

PENSAMENTO QUÍMICO

No comando de todas essas engrenagens, está o órgão mais importante do corpo humano, movido a reações químicas: o cérebro. De acordo com especialistas, as substâncias produzidas no cérebro fazem parte de um grupo denominado monoaminas, que atuam como neurotransmissores, que possuem formatos diferentes e são produzidos em regiões distintas no cérebro. Todos estes neurotransmissores funcionam através da chamada transmissão sináptica (quando um neurônio se comunica com outro). Nesta comunicação ocorre a liberação de neurotransmissores pelo córtex motor, sistema límbico e tronco cerebral. Dentre as substâncias presentes no cérebro humano, podemos destacar a histamina, acetilcolina, noradrenalina, e GABA. A histamina atua no hipotálamo, regulando funções térmicas e que possuam relação com o despertar. No restante do organismo, ela é importante por enviar respostas celulares como as reações alérgicas e inflamatórias. A acetilcolina, produzida no sistema nervoso central e periférico, foi o primeiro neurotransmissor descoberto (no ano de 1921) e está ligado à regulação da memória, atenção, sono e aprendizado, além de atuar na boa digestão e relaxamento muscular. Relacionada com a excitação física e mental e ao bom humor, a noradrenalina é produzida em uma área do cérebro chamada de locus coeruleus e influencia na ansiedade, sono e alimentação, junto com a serotonina, dopamina e adrenalina. A falta dela costuma ser associada a transtornos depressivos. Já o GABA (Ácido gama-aminobutírico) é o principal neurotransmissor inibidor do sistema nervoso central. Ele se trata de um neurotransmissor não estimulante, 5


CORPO CIENTÍFICO

sendo responsável por diminuir a atividade cerebral. A realização de certas “tarefas” pode desencadear a produção destes neurotransmissores. Atividades prazerosas como degustar um chocolate, ouvir música e comemorar conquistas podem liberar dopamina, resolver conflitos, tomar sol, ser massageado e estar em situações de tranquilidade podem liberar serotonina. Ou seja, nos momentos em que você está tranquilo e feliz, provavelmente está desencadeando estas duas substâncias em seu cérebro. Todo mundo já escutou a frase “exercício físico é viciante!”. Isto se deve ao fato de a liberação de endorfina se dar, principalmente, durante a atividade física, ou prática de relação sexual, ou comer uma comida que gostamos muito e até sorrir. Já o GABA pode ser potencializado no corpo com o consumo de chás e alimentos probióticos, a prática de ioga e um estilo de vida saudável. Entender a função desses neurotransmissores e as formas de desencadeá-los no organismo, permite que a ciência desenvolva maneiras de desenvolver e, inclusive, modular algumas funções do cérebro, normalizando a química deste órgão e tratando distúrbios depressivos e ansiolíticos.

VIVENDO O VERÃO

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Mar, sol e bronzeado marcam a estação mais quente do ano. Entre preocupações como o fator correto de protetor solar e manter a hidratação do corpo está o paradoxo da substância comumente conhecida como vitamina D. Importante para a formação e desenvolvimento ósseo, para o sistema imunológico, coração, cérebro e na regulação do pâncreas com a liberação de insulina, ela provém especialmente do contato com o sol. Tanto a ausência, quanto o excesso da vitamina causam danos à saúde de crianças e adultos. Pouca exposição ao sol (uso de bloqueador solar, estação do ano ou localização geográfica) é o principal motivo para a deficiência da vitamina. Podendo ser adquirida via alimentação, ao ser ingerida na maior parte das vezes permanece inativa, e, consequentemente, incapaz de participar de processos orgânicos. Para ser ativa é imprescindível que passe por uma etapa realizada pela radiação ultravioleta vinda

do sol. A endocrinologista e doutora em endocrinologia com ênfase em metabolismo ósseo, Gabriela Luporini Saraiva, revela que para reverter este quadro é necessária a exposição ao sol durante horários seguros para a pele, que não provoquem queimaduras ou estimulem a existência de outros problemas de saúde, como o câncer de pele. “Antes das nove e depois das 16, de 15 a 30 minutos de exposição de braços, colo e rosto seriam satisfatórios. Quando isto não é possível, ou até mesmo insuficiente, a suplementação oral de vitamina D pode ser necessária”, complementa Gabriela. Fatores como a época do ano (inverno e verão), região do país (com maior ou menor incidência solar) e tonalidade da pele são determinantes para a produção da vitamina pelo organismo, sendo assim, a quantidade de tempo de exposição ao sol para que seus níveis sejam adequados pode ser consideravelmente variável. “Como consequência de uma menor concentração de melanina na pele, pessoas de pele clara têm maior facilidade em produzir vitamina D do que pessoas de pele negra quando expostas ao sol. De acordo com um estudo realizado em Belo Horizonte, 5 a 10 minutos é um tempo típico de exposição ao sol, ao meio-dia de um dia ensolarado, para que uma pessoa de pele clara adquira a concentração adequada de vitamina D”, informa a nutricionista Thaís Rasia da Silva. Apesar dos benefícios que o sol proporciona para o organismo, devido à produção da vitamina mencionada, ele é o principal fator de risco para o câncer de pele. Dermatologistas atentam que todo o cuidado é necessário durante o verão e que cada tipo de pele, localidade e horário possuem determinada influência na pele. No caso de crianças com menos de dois anos, que não podem utilizar o protetor solar devido aos componentes químicos deste, a proteção ideal é com guarda-sol, roupas e chapéu. Pediatras recomendam que crianças sejam submetidas a exames de dosagem de vitamina D no sangue, e caso seja necessário recorram à suplementação.


VEÍCULOS

&

QUÍMICA AUTOMÓVEIS Utilizados para passeios, ida à escola e trabalho, emergências, transporte de cargas, etc., os veículos hoje são parte essencial da sociedade. Pode-se, inclusive, considerá-los movimentadores do mundo moderno e da vida que conhecemos hoje. O primeiro veículo que se possui registro, criado em 1885 pelo alemão Karl Benz, tinha três rodas e era muito diferente do que se encontra no mercado atual, mas foi o pontapé inicial para que se alcançasse a modernidade. Hoje, os carros, motocicletas, ônibus, caminhões, etc., representam necessidade, status e até “auto-afirmação”, fazendo parte de grande parte das famílias, hospitais, órgãos de segurança, empresas, indústrias, etc. ao redor do mundo. Mas onde se encontra a Química neste assunto? Basicamente em tudo. De acordo com o Engenheiro Químico e Conselheiro do Conselho Regional de Química, Renato João Zucchetti, os veículos automotores podem ser considerados o “resultado” de uma infinidade de reações químicas. Podemos perceber em cada estrutura dos automóveis suas características químicas. Na produção dos pneus, por exemplo, são utilizadas borrachas de estireno butadieno (um copolímero de estireno (CH2=CH–C6H5) e de butadieno (CH2=CH– CH–CH2)), já os bancos e encostos de braços são feitos de poliuretano (PU), um polímero que forma um material sólido com textura similar à espuma. No design externo, temos as mais diferentes tonalidades de tintas, que são misturas de veículos

(água, glicerina, resinas, etc.), aditivos (polímeros, surfactantes, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, etc.) e pigmentos (complexos orgânicos ou inorgânicos). Já no funcionamento do automóvel, o combustível é quem ganha destaque. Existem diversos tipos de combustíveis, com composições diferenciadas. A gasolina comum, derivada do petróleo, possui 27% de etanol anidro em sua composição e é a mais consumida em veículos de passeio no Brasil. Já a gasolina aditivada, que vem se popularizando no país devido à similaridade de valor, possui, segundo o Conselheiro, que atuou no Ministério Público do Rio Grande do Sul por mais de 10 anos, onde desenvolveu um projeto de fiscalização no combate à adulteração de combustíveis, apenas detergente adicionado. “Esse detergente tem como objetivo fazer a limpeza de todo o sistema desde tanques, bombas e bicos injetores, para que não haja incrustações e prejudiquem o desenvolvimento da queima do combustível na câmara de combustão”, cita. O etanol, produzido a partir de cana-de-açúcar, soja, etc., possui maior octanagem (maior resistência à detonação), ou seja, seu consumo é maior. Assim como a gasolina aditivada, o etanol aditivado possui detergente adicionado para limpeza. O diesel, utilizado em caminhões, ônibus, etc. é derivado do petróleo e é altamente inflamável e tóxico, tendo sido proibido pelo governo em carros de passeio. O gás natural veicular (GNV), composto de hidrocarbonetos (meta-

no, etano e propano), é considerado o mais puro entre os combustíveis, além de ser econômico e pouco poluente. Para que ele se locomova, ocorre uma queima deste combustível. “Essa queima trata-se de uma reação de oxidação desse hidrocarboneto na presença de oxigênio, gerando energia. Os gases dessa combustão são encaminhados ao catalisador, onde um componente químico minimiza as emissões para o meio ambiente”, explica Zucchetti. Além dos combustíveis, outros compostos fluidos são essenciais para o funcionamento do veículo. Os fluídos (cada veículo possui no mínimo 6) são líquidos que merecem atenção do condutor. Eles são destinados a lubrificar, limpar e refrigerar o veículo e seus componentes, são acompanhados de filtros e devem ser trocados periodicamente, são eles: 1) óleo do motor, que pode ser extraído do petróleo ou produzido sinteticamente através de reações químicas; 2) fluído do freio, que pode ser a base de glycol (hidroscópicos) ou silicone (hidrofóbicos); 3) fluído de direção hidráulica, que geralmente é feito de óleo mineral; 4) líquido de arrefecimento, que é uma mistura de água com aditivos (orgânicos e inorgânicos); 5) limpador de para brisa, que tratam-se de líquidos específicos para essa função, que não mancham o vidro nem a pintura; e 6) óleo de câmbio, que variam de composição, dependendo do tipo de transmissão e veículo. No design e estrutura do seu carro, até no simples fato de acelerar e trocar marcha: a química está presente!

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NOBEL DE QUÍMICA

Nobel de Química de 2021 vai para dupla de pesquisadores por nova forma de construção de moléculas

No mês de outubro foram conhecidos os nomes dos vencedores do Prêmio Nobel 2021. Na Química, o alemão Benjamin List e o britânico David W.C. MacMillan foram os ganhadores, anunciados pela Academia Real das Ciências da Suécia. Seu trabalho resultou no desenvolvimento de uma nova ferramenta de construção de moléculas: a organocatálise. A ferramenta, que é útil para a pesquisa de produtos farmacêuticos novos, também colabora com a Química verde. O prêmio, que foi dividido entre os vencedores, to-

talizou cerca de R$ 6,1 milhões. Por muito tempo, acreditou-se que existiam dois tipos de catalisadores (substâncias que aumentam a velocidade de uma reação): enzimas e metais. Através do trabalho dos pesquisadores, foi possível o desenvolvimento de um terceiro tipo, que se baseia em pequenas moléculas orgânicas: a organocatálise assimétrica. Essas estruturas, que têm em sua composição átomos de carbono, também são chamadas de organocatalisadores e não possuem nada de metal em sua composição,

tornando as reações mais eficientes, rápidas e com menor impacto ao meio ambiente. Além disso, a ferramenta permitiu que fossem produzidas de maneira mais fácil moléculas assimétricas. Esta nova possibilidade da Química, desenvolvida pelos pesquisadores, é transformadora para a área, pois permitirá uma grande evolução na Ciência, em especial na saúde e meio ambiente, permitindo que se produza moléculas novas de forma amigável e com baixo dano ambiental. 9


OLIMPÍADA ARTIGO

EXPERIMENTAÇÃO EM AULAS DE QUÍMICA E A RELAÇÃO COM VYGOTSKY

Me. Raquel Fiori - CRQ -V, Brasil raquelfiori2109@gmail.com Dra. Mara Elisângela Jappe Goi - UNIPAMPA, Brasil maragoi28@gmail.com

Resumo Neste artigo discute-se alguns elementos da teoria de aprendizagem sociointeracionista de Vygotsky e possíveis encadeamentos nas práticas experimentais em Ciências. Para isso, apresenta-se a importância da experimentação no Ensino de Química articulada à teoria de Vygotsky, elemento fundamental para que os professores possam entender como o indivíduo constrói o conhecimento científico. Aponta-se que as trocas sociais são fundamentais para a evolução intelectual e elas podem ocorrer através interação entre alunos e professores em sala de aula em atividades dinâmicas e investigativas. Palavras-chave: Experimentação; Química; Vygotsky. Introdução A importância dos experimentos no Ensino de Química é essencial como estratégia didática no intuito de um crescimento científico e tecnológico propiciando mudanças na percepção do aluno, tendo em vista que esta disciplina, muitas vezes, é ministrada à base de aspectos teóricos, deixando um hiato entre a contextualização dos conteúdos e a aproximação do ensino à realidade dos alunos. A Química tem uma natureza experimental, ela é explicada por modelos teóricos e necessita de abstração e linguagem simbólica, no qual algumas vezes dificulta o efetivo aprendizado. Para que se obtenha uma aprendizagem relevante direcionada aos alunos é preciso que haja uma transversalidade em que se possa relacionar o conteúdo com o conhecimento que o aluno já possui. Para Carvalho et al. (1999), situa10

ções que envolvam problematizações, reflexões, discussões e diálogos com resolução de problemas estimulam os alunos a elaborar seus pensamentos, aumentando o aprendizado na construção de conceitos científicos. Um estudo conduzido por Silva e Santos (2013), verificou a opinião dos alunos do 1° Ano do Ensino Médio de uma escola da rede pública de ensino em Fortaleza - Ceará, a respeito das aulas práticas, tendo como conclusão de que 61% desses alunos tiveram um grau de decepção por não possuírem aulas sistemáticas de experimentação, pois os conteúdos são centrados em aulas expositivas. Isto demonstra que, apesar de se ter conhecimento da importância das aulas práticas, nota-se pouca frequência desta modalidade em razão das dificuldades dos professores de algumas escolas em conseguir implementá-las, limitando, desta maneira, a qualidade do ensino de uma disciplina de relevância para a sociedade e muito presente em nossas vidas, como é a Química. A ciência Química auxilia na produção e capacidade de investigação, comprometendo a formação do aluno para atuar em uma sociedade de forma equilibrada, procurando usar os recursos naturais sem esgotá-los, preservando para as próximas gerações o legado das tecnologias limpas. Diante deste cenário, aulas práticas sendo ministradas através da experimentação, contribuem positivamente em um processo de renovação do Ensino de Química de base com qualidade, concedendo paradigmas relacionados à observação, raciocínio e interpretação. Considerando que as trocas sociais são fundamentais para que haja

evolução intelectual, a teoria sociointeracionista de Vygotsky pode ser estudada para compreender a construção do conhecimento pelo indivíduo utilizando aula experimental. É através da interação com outros alunos e com o professor, promovendo atividades dinâmicas e motivadoras que o indivíduo constrói seu aprendizado. Lev Semionovitch Vygotsky (1896 - 1934) foi um psicólogo pioneiro no conceito do desenvolvimento cognitivo em função das relações sociais com os indivíduos e com o meio. Ele está inserido no ensino desde 1970, através de propostas pedagógicas que têm como concepção a análise da representação do mundo exterior no interior dos alunos por meio do contexto histórico, social e cultural de sua realidade. A teoria aplica-se a valores trabalhados em sala de aula respeitando o conjunto de experiência de vida do aluno, incentivando -o a se manifestar e ser proativo em seu ambiente social. Nesta perspectiva, as aulas práticas podem estimular a cooperação e as opiniões distintas dando ênfase à zona de desenvolvimento proximal, com aulas condizentes com os níveis de desenvolvimento real e potencial do aluno. Para conceber o papel da experimentação abarcados nos conceitos de Vygotsky, é necessário demonstrar aspectos de interiorização do qual em uma atividade experimental o aluno constrói sua interpretação dos conceitos por meio de participação ativa nesta atividade, já no aspecto de transmissão sociocultural o aluno não produz conceitos científicos, mas se apropria dele durante a atividade de estudo e, por fim, o aspecto da zona de desenvolvimento proximal das quais


ARTIGO as aulas experimentais são ferramentas para estimular a convivência em grupo, as trocas e o aprendizado assistido pelo professor (MAIA et al., 2013). Considerações finais As discussões feitas neste artigo sob a ótica da teoria Vygotskyana e as práticas experimentais de um laboratório de Química deixam transparecer que a motivação e a utilização de objetos e instrumentos de laboratório associados a temáticas específicas são importantes para construção do pensamento conceitual do aluno. Essa visão está apoiada na ideia do professor reflexivo que consegue, a partir desta exposição, investigar o resultado do seu trabalho por meio de metodologias estabelecendo alterna-

tivas de aprimoramento das práticas docentes para o significado que o ensino representa, bem como investigar a forma com que o indivíduo constrói sua própria aprendizagem. Referências FRANÇA, M. C. et al. Recurso didático alternativo para aula de eletroquímica. In: II Congresso Internacional de Educação Científica e Tecnológica. p. 1-5,2012. CARVALHO, A. M. P.; GARRIDO, E. Reflexão sobre a prática e qualificação da formação inicial docente. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), São Paulo, v. 107, p. 149-168, 1999. LIMA FILHO, F. et al. A importância do uso de recursos didáticos alternativos no ensino de química: Uma abordagem

sobre novas metodologias. Enciclopédia Biosfera, v. 7, n. 12, 2011. MAIA, J. O. et al. Piaget, Ausubel, Vygotsky e a experimentação no ensino de Química. Enseñanza de las ciencias: revista de investigación y experienciasdidácticas, n. Extra, p. 1002-1006, 2013. ARAÚJO, M. S. T.; ABIB, M. L. V. S. Atividades experimentais no ensino de física: diferentes enfoques, diferentes finalidades. Revista Brasileira de Ensino de Física, Porto Alegre, v.25, n.2, p.176194, jun. 2003. SILVA, A. M.; SANTOS, V. B. A importância de aulas experimentais no estudo de química para alunos do 1º ano do ensino médio de escolas públicas. Anais...Simpósio Brasileiro de Educação Química (83), v. 3322, 2015.

MURAL

Conselheiro Maurício de Almeida Schmitt representando o CRQ-V no 23o Congresso Brasileiro de Engenharia Química

Conselheiro Leandro Camacho em live educativa no perfil do CFQ na rede social TikTok

Vice-Presidente Estevão Segalla em reunião do Copresi (Colégio de Presidentes) do Sistema CFQ/CRQs

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CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 5ª REGIÃO

A VIDA É NOSSO PRINCIPAL ELEMENTO

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