Informativo 151

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INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 5a REGIÃO JULHO A SETEMBRO DE 2019 ANO XXIII - Nº151

CER VE JA da matéria prima ao mercado brasileiro

Atividades internas marcam o trimestre no CRQ-V

Bateria de íons de lítio leva a trio Nobel de Química 2019

Polo de Química do Rio Grande do Sul se tornará realidade


Editorial ATIVIDADES CRQ-V

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Posse de conselheiros e instalação de nova delegacia regional marcam trimestre de atividades.

CERVEJA

pg. 4

Bebida muito consumida em todo o país, a cerveja artesanal conquistou um vasto espaço no mercado e no paladar dos gaúchos.

NOBEL DE QUÍMICA

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Trio recebe prêmio por invenção de bateria de íons de lítio.

INDÚSTRIA GAÚCHA

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Construção de Polo de Química do Rio Grande do Sul trará vantagens para o setor produtivo do estado.

TRADIÇÃO

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Conheça a Ciência da bebida mais tradicional entre os gaúchos.

MURAL

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Expediente Presidente Paulo Roberto Bello Fallavena Vice-presidente Estevão Segalla Secretário Renato Evangelista Tesoureiro Mauro Ibias Costa Assessoria de Comunicação do CRQ-V assecom@crqv.org.br Jornalista responsável Louise Gigante Redação e Editoração Gráfica Louise Gigante Tiragem 2.000 Impressão Gráfica Ideograf INFORMATIVO CRQ-V AV. ITAQUI, 45 - CEP 90460-140 PORTO ALEGRE/RS FONE/FAX: 51-3330 5659 WWW.CRQV.ORG.BR 2

A terceira edição do informativo CRQ-V 2019 está disponível e com uma grande variedade de assuntos de interesse geral para os profissionais e estudantes da área da Química e áreas afim. A primeira matéria, sobre as atividades realizadas pelo Conselho Regional de Química da 5a Região no trimestre apresenta os novos membros conselheiros e a nova sede da delegacia regional instalada na região do Vale do Taquari, em Lajeado. A matéria de capa deste informativo destaca uma das bebidas mais apreciadas no mundo inteiro: a cerveja. Agradando os mais diferentes paladares, a cerveja segue sendo a bebida preferida de muitos amantes de churrascos, jogos de futebol e almoços em família. Ao longo da matéria destacamos alguns pontos com relação à cerveja: processos de produção, insumos, cenário brasileiro, inovações e especialização. Contamos com entrevistas do presidente do CRQ-V Paulo Roberto Bello Fallavena, do conselheiro e coordenador do Curso Técnico em Cervejaria da Univates, Mariano Rodrigues e do conselheiro do CRQ-V e Mestre Cervejeiro, Evandro Janovik, que puderam colaborar com a construção da reportagem e com seu conhecimento. A terceira matéria apresenta os vencedores do Nobel de Química 2019, que receberam o prêmio por suas descobertas acerca das baterias feitas com íons de lítio. Esta invenção nos permite utilizar o que conhecemos hoje por bateria em telefones celulares e até carros elétricos. A quarta matéria apresenta um fato que só traz benefícios ao estado gaúcho: a construção do Polo de Química do Rio Grande do Sul sairá do projeto e se tornará real, gerando vagas de emprego e evolução para o setor no estado. Para encerrar esta edição, falamos sobre outra bebida muito apreciada pelos gaúchos e considerada um símbolo da cultura regional: o chimarrão. Uma ótima leitura a todos!

Dica de Livro

Larousse da Cerveja Ao longo de centenas de páginas ricamente ilustradas, o livro apresenta um panorama histórico completo; descreve os ambientes, os utensílios e o serviço perfeito; aborda as principais escolas cervejeiras do mundo e ainda relaciona a bebida com a gastronomia. Esta nova edição ampliada e atualizada traz um exclusivo capítulo sobre a indústria cervejeira no Brasil, analisando toda a cadeia produtiva e o mercado atual. Além disso, o guia de estilos de cerveja foi completamente reformulado, conforme as atuais diretrizes do Beer Judge Certificate Program (BJCP), o maior e mais renomado programa de certificação de avaliadores de cerveja do mundo. Ao final do livro, o leitor vai encontrar uma lista de bares, museus e festivais ao redor do planeta que celebram uma das bebidas mais populares e queridas do mundo.

Números do Conselho JUL-SET Vistorias

903

Autuações

196

Registro de Pessoa Física

315

Registro de Pessoa Jurídica

94


ATIVIDADES CRQ-V

Posse de conselheiros e instalação de nova delegacia regional marcam o trimestre de atividades internas CRQ-V A eleição para conselheiros ocorreu no mês de julho na sede do Conselho Regional de Química da Quinta Região em Porto Alegre - Rio Grande do Sul. Tomaram posse os conselheiros: engenheiro químico Maurício de Almeida Schmitt, químico industrial Mariano Rodrigues e o engenheiro químico Evandro Luís Janovik. Além disso, renovaram seus mandatos no corpo de conselheiros os listados a seguir: Leandro Rosa Camacho, Hermes Luís Neubauer Amorim, Anamélia Saenger de Vasconsellos, Wolmar Alipio Severo Filho, Celso Camilo Moro, Estevão Segalla, Elsa Lesária Nhuch, Raquel Fiori, Renato João Zuchetti, Renato Evangelista, Ricardo Noll, Eduardo Mc Mannis Torres e Mauro Ibias Costa. Nesta ocasião também foi realizada a eleição da Diretoria do CRQ-V, para o período de mandato de 01/08/2019 à 31/07/2020, ficando assim composta: Vice- Presidente: Estevão Segalla; Tesoureiro: Mauro Ibias Costa; Secretario: Renato Evangelista.

Maurício de A. Schmitt

Mariano Rodrigues

Evandro L. Janovik

A partir de agora o CRQ-V conta com mais uma delegacia no estado. Localizada no Vale do Taquari, a unidade atenderá todos os municípios da região, com o intuito de dar apoio aos profissionais, empresas e estudantes moradores destas cidades. A sede está localizada na Rua Benjamin Constant, no 1194, sala 506, Centro - Lajeado/RS.

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CERVEJA

CERVEJA Saiba mais sobre as matĂŠrias-primas, os tipos da bebida e as perspectivas do mercado de trabalho 4


CERVEJA HISTÓRIA

Seja acompanhando petiscos, almoços em família, encontros entre amigos e até no preparo de certos alimentos, a cerveja está presente na rotina brasileira. No Rio Grande do Sul não é diferente. A bebida faz parte de tardes em praças, acompanha churrascos e os jogos da dupla Gre-Nal nos domingos gaúchos. Tendo inúmeros rótulos, estilos e processos de produção, a cerveja é hoje uma das bebidas mais consumidas pela população, ficando atrás apenas da água e do café. Com relação às bebidas alcoólicas, a cerveja dispara como uma das mais apreciadas ao redor do mundo. Suas diferenças de sabor, intensidade e densidade agradam os mais diferentes paladares em culturas distintas. Sua história data de cerca de seis mil anos atrás. Existem indícios de que a produção cervejeira tenha iniciado na região da Mesopotâmia, um dos berços da humanidade, localizada no Oriente Médio e que corresponde atualmente a partes dos países como o Iraque, Síria, Turquia e Irã. Por lá, a cevada nascia em condição silvestre e em abundância, o que aproximava os habitantes desta matéria prima. O povo mesopotâmico pioneiro nos registros relativos à produção de cerveja foram os Sumérios (habitantes do sul da Mesopotâmia). Arquivos históricos demonstram que estes povos descobriram, provavelmente por acidente, uma bebida fermentada e obtida de cereais que os “alegrava”. É provável que alguém tenha esquecido uma quantidade de cevada misturada com água por certo tempo e experimentou tempos depois, percebendo seu sabor e efeito. Surgem a partir daí as cervejas em seu primeiro estado. A bebida era forte, escura e sem controle de contaminação, o que podia trazer malefícios à saúde dos que a consumiam, porém, sua base se mantém a mesma até hoje: cevada fermentada. As grandes quantidades e variedades de cevada permitiram com que a cerveja fosse produzida em alta escala. A bebida populariza-se entre o povo, ganhando cores novas e intensidades diferenciadas. Em função disso, 40% dos cereais produzidos na Suméria eram destinados às “Casas de Cerveja” (como eram chamadas as cervejarias). Estas cervejarias, bem como a produção e comércio da cerveja eram mantidas por mulheres. O costume do consumo cervejeiro foi absorvido por outros povos do mesmo período que viviam em locais próximos, como outras regiões mesopotâmicas e o Egito. No Egito constituíram-se diversos locais de encontro e fabricação de cerveja, muitas vezes localizados próximos a templos. Com o Império Romano se deu a grande expansão da cerveja, responsável por torná-la conhecida em muitas regiões. Os romanos permitiram que a cerveja chegasse à Gália, atual França e foi neste momento em que surgiu o nome latino conhecido hoje em dia. O povo de Gália (gauleses) chamava a bebida de “cervisia” como forma de homenagear a deusa da agricultura e fertilidade na Mitologia Romana, Ceres. Com a evolução dos povos, o consumo da bebida aumentou e os artesãos que viviam nas cidades começaram a produzir cerveja, chamando atenção da população e do poder público. As cervejarias passam a ser locais onde se discutem negócios e assuntos importantes, intercalando com goles de

cerveja. Durante o século XII surgem pequenas fábricas em cidades da Europa com técnicas mais aperfeiçoadas. Nesse momento, já era entendida a importância da água nas características da cerveja e muitas fábricas tinham sua localização escolhida de acordo com a proximidade com fontes de água de qualidade. De lá para cá, surgiram novos instrumentos aliados à Ciência, além de técnicas aperfeiçoadas e novas possibilidades de cores, sabores, densidades, etc.

PRODUÇÃO CERVEJEIRA

Apreciadas no mundo inteiro em seus mais diferentes tipos, as cervejas provêm de duas grandes famílias: as Ales e Lagers. Dentro dessas famílias são produzidos diversos tipos com características bem distintas. Independente de sua classificação, cor, densidade, sabor, intensidade, a matéria-prima principal seguirá sendo a mesma: água. Sendo um dos principais fatores a ser levado em consideração na produção cervejeira, a água chega a ser aspecto de definição de local para instalação de cervejaria. A cada litro de cerveja produzido, são gastos em média 8 litros de água, em todos os processos. Durante a fabricação ela é utilizada na lavagem do bagaço, na mostura, no resfriamento do mosto, etc. Durante o processo de maturação, utiliza-se água para diluição, trasfegas, entre outros. Na filtração, o líquido é utilizado na formação pré-camada, diluição, etc. E, por fim, na higienização, a água é usada em esterilização e outros processos higiênicos. Podemos mencionar, também, o fato de que na produção das garrafas e no processo de engarrafamento, ela também é utilizada, seja na limpeza das garrafas, na geração de vapor para sistemas de refrigeração, entre outros. Esta água deve estar tratada adequadamente, não devendo existir cheiros ou cores, pois qualquer alteração pode interferir no aroma e sabor final da bebida. Além de conhecer as etapas de produção, o mestre cervejeiro precisa aprender sobre a química presente na água, essencial para que se mantenha a qualidade do produto, pois pequenos detalhes podem impactar no resultado final. É imprescindível que se tenha atenção com relação ao pH (potencial Hidrogênico que mede a concentração de íons de hidrogênio em uma solução, mostrando se a solução é ácida, neutra ou alcalina, variando em uma escala de 1 a 14) da água e que se observe a alcalinidade total (medida de todas as substâncias alcalinas que são dissolvidas na água) da mesma. Em busca de um trabalho de qualidade, é aconselhado que o profissional busque qualificação no quesito tratamento de águas, participando de cursos específicos para o tema. Ainda falando sobre as matérias primas para a produção cervejeira, devemos observar o malte. O malte usado nas cervejarias é obtido em cevadas que são selecionadas especificamente para isso. Sendo uma planta da família das gramíneas, a cevada tem sua cultura efetuada em climas temperados. Após a colheita da cevada, ela vai para a maltaria, onde é testada e classificada, para depois ser germinada e transformar-se em malte. Para o teste, aplica-se um reagente que é capaz de indicar o percentual de germinação da cevada. As que possuem no mínimo 95% de germinação serão utilizadas pela 5


CERVEJA

indústria cervejeira. Aquelas que possuírem percentual menor seguirão para uso em ração animal. O malte pode ser considerado a alma da cerveja. Os grãos, após passarem pelos testes, são colocados em um ambiente de temperatura e umidade controladas e lá são mantidos por aproximadamente quatro dias, até começar a germinação. Assim que os grãos passam a brotar eles são secos ou torrados. A intensidade da seca e da torra é o que define algumas características de cor e aroma, que podem variar entre café, caramelo, frutas secas, etc. Após esse processo acontece a produção de mosto, e a adição de fermento, lúpulo e água. O lúpulo é uma planta pertencente à ordem Urticaceae, fazendo parte da família Cananbinaceae, gênero Humulus e exerce papel importante no resultado da bebida. Seus componentes que mais influenciam no processo cervejeiro são os óleos essenciais, as resinas e os polifenóis. São estes compostos que tornam a cerveja de sabor mais ou menos amargos, ou seja, podemos considerar o lúpulo como o “tempero” da cerveja. Durante a fervura acontece o processo de isomerização do lúpulo (transformação dos compostos menos solúveis em mais solúveis). Os compostos mais solúveis (alfa-isso-ácidos) dão à cerveja maior amargor. Os óleos essenciais conferem à cerveja fragâncias do lúpulo. Por fim, os polifenóis do lúpulo influenciam o paladar e o corpo da cerveja, possuindo efeito antisséptico e antibactericida, aumentando o tempo de conservação da bebida. A levedura é o microorganismo responsável pela fermentação da cerveja. Ela metaboliza o açúcar extraído de grãos, produzindo álcool e dióxido de carbono. Atualmente, já foram catalogados quase três mil espécies de leveduras, distribuídas em quase 80 gêneros. Destas, somente quatro são próprias para a produção cervejeira: Saccharomyces cerevisiae (produzem cervejas do tipo Ale); Saccharomyces uvarum (produzem as cervejas do tipo Lager); Brettanomyces sp (B. bruxellensis – produz aromas de média intensidade; B lambicu – apresenta aromas de cavalo, cravo, pimenta, couro, etc; B anomalus – confere aromas mais sutis, frutados); Saccharomyces bayanus (também utilizada em champagnes, é usada na lenta fermentação de cervejas de maior teor alcoólico). O levedo da cerveja é comumente comercializado como suplemento alimentar por ser fonte natural de vitaminas do complexo B e proteínas. Na alimentação, pode oferecer vitaminas B1, B2, B3, B6, fibras, ferro, magnésio, proteínas, fósforo, entre outros. Os adjuntos são derivados de cereais que podem ser utilizados na produção cervejeria, sendo sólidos ou líquidos. Podemos destacar alguns como flakes de milho, aveia, arroz e xarope de maltose. Por fim, algumas especiarias podem ser utilizadas com o objetivo de conceder aroma e sabor diferenciados à cerveja como coentro, chocolate, camomila e canela. Tendo seus processos executados de formas mais cuidadosas, mais lentas e com cada etapa respeitada no seu tempo quando comparadas às grandes marcas, as cervejas artesanais ganharam o paladar do povo brasileiro. Essa é a principal diferença entre a cerveja industrializada e a produzida em escala artesanal, porém, podemos destacar outros pon6

tos. As cervejas artesanais são produzidas com maior quantidade de malte, levando em conta questões particulares como sabor e aroma que são preferência dos seus consumidores. Ao contrário disso, as cervejarias industriais utilizam cerca de 60% de malte e o restante de outros tipos de cereais, o que reduz o custo de produção. Segundo Paulo Roberto Bello Fallavena, presidente do Conselho Regional de Química da 5ª Região, outra diferença é crucial no resultado de produção final das cervejas artesanais, “a fermentação ocorre sem adição de produtos químicos para acelerar este processo. O sabor, a textura e a cor são totalmente diferentes, muito mais marcantes e agradáveis”.

MERCADO BRASILEIRO

O setor cervejeiro pode ser analisado em diversos aspectos. Suas ações envolvem toda uma cadeira que parte do agronegócio (produção), passa pelos mercados de embalagens, logística, máquinas, varejo, etc. Este fator torna esse mercado um dos mais importantes da economia brasileira. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (Cervbrasil), são mais de 2,7 milhões de cidadãos com empregos em toda esta cadeia e sua extensa rede é responsável por cerca de 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. O resultado disso são mais de 14 bilhões de litros produzidos por ano no país. Em 2018, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o ano contou com 889 cervejarias espalhadas pelo país, 270 a mais do que no ano anterior. Segundo relatório do Mapa, de 5.570 municípios no país, 479 contam com ao menos uma cervejaria com registro. Com relação às regiões do Brasil, o Rio Grande do Sul lidera o ranking, com 186 fábricas distribuídas pelo estado. São Paulo está em segundo lugar, seguido de Minas Gerais e Santa Catarina. Este fato relevante foi percebido pela Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES) que, em 2019 iniciou o primeiro Curso Técnico em Cervejaria do Rio Grande do Sul. Segundo o conselheiro do Conselho Regional de Química da 5ª Região, Mariano Rodrigues – coordenador do curso - a iniciativa de criar o curso surgiu com a necessidade de atender as demandas regionais, “a universidade precisa qualificar a mão de obra na região em que está atuando”, explica. Segundo Mariano, a receptividade da comunidade com relação ao novo curso foi positiva, principalmente por ser o primeiro curso desta linha no estado. Um dos pontos que o coordenador acha importante ressaltar é a grande diferença entre cursos livres de produção de cerveja e o curso técnico, onde você “compreende o processo desde aquisição e escolha da matéria-prima, passando pela elaboração da bebida, pelo envase do produto final e também pelo caminho até o consumidor, compreendendo todas as reações químicas envolvidas nesse processo”, acrescenta. O técnico em Cervejaria está apto a atuar como responsável técnico de uma cervejaria e a elaborar receitas de cerveja, bem como selecionar a matéria-prima e controlar sua qualidade. Podendo trabalhar em cervejarias, bares e restaurantes como consultor de cartas de cerveja e harmonização, o


CERVEJA

profissional também encontra espaço de atuação em agroindústrias e indústrias de bebidas, com trabalhos de consultoria e como empreendedor autônomo. Contando com cerca de 30 alunos inscritos atualmente, o curso possui – segundo Mariano – grande semelhança com o Técnico em Química, “o nosso curso tem uma base química bastante definida onde o aluno aprende a parte da Química, Química Orgânica e Química Geral. Ele aprende a trabalhar em laboratório e também a parte de Bromatologia (ciência dos alimentos). Afinal, a cerveja é um alimento” explica. Além dos laboratórios já existentes (Química Analítica, Química Geral, Química Inorgânica, Química Orgânica e Informática), no mês de setembro, o curso inaugurou o laboratório de cervejaria, que conta com uma micro cervejaria. “Ele funcionará em escala piloto, onde os alunos vão começar a ter aulas de como se trabalha dentro de uma cervejaria. Então, o nosso curso prepara profissionais desde a escolha de matérias-primas até a distribuição das cervejas”, conclui o coordenador. O conselheiro do CRQ-V, engenheiro químico com MBA em Gestão Empresarial e Mestre Cervejeiro, Evandro Luís Janovik comenta sobre a transformação do mercado brasileiro na última década, “O surgimento de centenas de novas pequenas cervejarias, em um curto espaço de tempo, causou dois grandes efeitos, um nas gôndolas de supermercados e nas torneiras dos bares e outro na grande indústria”. Evandro, que é especialista em malte e lúpulo e consultor técnico para cervejarias de grande porte, vê este fato como responsável por uma evolução mercantil, “Evoluímos muitíssimo rápido na disponibilidade de dezenas de diferentes estilos de cervejas com os mais diversos aromas e sabores, em bares e supermercados”, menciona. Com relação à grande indústria, o engenheiro químico, que também é professor no Curso Técnico me Cervejaria da Univates, ressalta um fator importante: uma ameaça equivocada de que o desenvolvimento do mercado de cervejarias artesanais coloca em risco as grandes cervejarias, fez com que muitas das grandes empresas adquirissem microcervejarias. Para Evandro, a evolução no setor continuará acontecendo, porém, em velocidade menor, em função do “impacto negativo gerado pela ‘competição’ entre cervejarias com disparidade gigantesca na comparação entre seus tamanhos, capacidade logística, de fábrica, da área comercial, do volume de produção e do investimento em marketing”, acrescenta. Com relação ao curso oferecido pela Univates, ele acredita que possa “colaborar decisivamente para um crescimento de mercado”. Quanto mais profissionais qualificados, maior será a qualidade final, variedade e controle dos produtos. Segundo Paulo Fallavena, “essa é uma área de empreendedorismo que cresce enormemente e ainda tem espaço para crescer muito mais. É um excelente negócio que tem mercado”. Como órgão fiscalizador, o CRQ-V tem um papel importante nesta área. “O conselho deve regular essa área, assim como todas as outras, garantindo que os produtos, ou seja, as cervejas, sejam de qualidade”, acrescenta Fallavena. Sendo uma bebida histórica que data de muitas civi-

lizações atrás, a cerveja já passou por diversas inovações na produção, envase, sabores, entre outras. Segundo Evandro, dos diferentes tipos de inovação, existem aquelas que funcionam e as que não funcionam e isso vem da busca do ser humano de fazer algo diferente do comum. “Temos inovações em tecnologia de equipamentos, em insumos, em produtos acabados, em embalagens e em processos e considero todas muito relevantes. Merecem citação especial as inovações em processos produtivos, que nos têm brindado com cervejas inusitadas de aromas e sabores que surpreendem positivamente e entregam cada vez maior qualidade”, comenta.

HARMONIZAÇÃO

Quando se trata do consumo de cerveja, não existem regras ou normas que definam como deve ser consumida a bebida, desde que agrade o seu paladar e a degustação seja feita de forma consciente. Apesar disso, existem formas de harmonizar a cerveja e tornar a experiência ainda mais agradável. Podemos ter em mente alguns fatores como: o nível de amargor da cerveja e picância do alimento, a coloração de ambos (deve ser semelhante) e se os sabores criam contrastes entre si (doce e amargo, refrescante e picante, ácido e neutro, entre outros). Pilsen: requer alimentos de sabores leves. Pratos muito temperados podem quebrar o sabor da Pilsen. Petiscos como pasteis, queijos, mandioca, castanha, amêndoas, camarão e lagosta também combinam com o tipo. Indian Pale Ale (IPA): combinam com alimentos temperados e gordurosos, sendo bem aproveitadas em churrascos com costela bovina, alcatra, lingüiça, além de pizza, nachos, entre outros. Weiss: por ser feita de trigo, tem sua harmonização mais variada, combinando com uma diversidade de alimentos. Pode acompanhar saladas leves, nachos, queijos, salames, mandioca, salsicha e azeitona. American Pale Ale (APA): também é um estilo versátil, combinando com variados tipos de alimentos fortes e temperados. Seu amargor mais intenso combina com amêndoas, castanhas, burritos, guacamole, frutos do mar, hambúrguer, pimentões recheados, pizzas, entre outros. Malzbier: é uma cerveja que combina com alimentos doces. Chocolates, pizzas doces, tortas de frutas, cheescakes, entre outros, são uma ótima combinação com essa cerveja que possui aroma característico de caramelo. Amber Lager: sua harmonização é versátil, combinando com diversos tipos de pratos e petiscos. Frango assado, carnes brancas, siris, salpicão, carnes vermelhas pouco gordurosas, amendoim, castanhas, mandioca e nozes são uma boa pedida. Porter: é uma cerveja escura e bastante versátil, também. Pode ser harmonizada com carnes bem passadas, doces e petiscos. Molho barbecue, queijos como gorgonzola e parmesão, mousse de chocolate e doces de maracujá combinam com a bebida. 7


NOBEL DE QUÍMICA

Trio de pesquisadores que desenvolveu baterias usadas em carros elétricos e celulares recebe o Nobel de Química

A descoberta feita no início dos anos 70 pelo americano John B. Goodenough, pelo britânico-americano M. Stanley Whittingham e pelo japonês Akira Yoshino deu ao trio o Nobel de Química 2019. O descobrimento, que resultou no desenvolvimento de baterias de íons de lítio (hoje utilizadas em celulares, carros elétricos e notebooks) lançaram, de acordo com o comitê do Nobel, “as bases de uma sociedade sem fio e livre de combustíveis fósseis”. Segundo a Academia Sueca, os cientistas trabalharam separados e vão dividir igualmente o prêmio de nove milhões de coroas suecas. O americano John B. Goodenough, aos 97 anos, tornou-se a pessoa mais velha a receber o Nobel. Ele ocupa hoje a Cadeira Cockrell 8

em Engenharia na Universidade do Texas em Austin, Estados Unidos. Já o britânico-americano M. Stanley Whittingham, aos 77 anos, é professor na Universidade Binghamton, nos Estados Unidos. O japonês Akira Yoshino, de 71 anos é professor na Universidade Meijo, em Nagoya, no Japão e é Membro Honorário da coorporação Asahi Kasei em Tóquio. As baterias de íons de lítio são, além de mais leves que qualquer outra, muito mais potentes. A composição de uma bateria se dá por dois pontos principais: um eletrodo positivo e um negativo, feitos de metais diferentes. Sua troca de íons é o que forma a corrente elétrica que transmite energia para os dispositivos. Segundo a revista Superinteressante, do grupo Abri, Whittingham em

1970, utilizou de forma experimental o lítio no polo negativo e titânio no positivo, o que tornou a bateria menos pesada. Em 1980 Goodenough substituiu o titânio por óxido de cobalto, duplicando a potência da bateria. As primeiras baterias criadas corriam risco de explodir, em função de este material ser muito reativo, o que colocava a segurança dos usuários em risco. Foi em 1985 que este problema foi resolvido por Yoshino, que subsituiu um íon metálico por outro material contendo apenas íons de lítio. Em 1991 a primeira bateria feita de íons de lítio entrou no mercado, se modernizando cada vez mais. Hoje, ela faz parte de quase todos os dispositivos recarregáveis, seja um celular ou carro elétrico.


INDÚSTRIA GAÚCHA

FOTO: ACOM/Prefeitura de Montenegro

Polo de Química do Rio Grande do Sul se tornará realidade

Newton Battastini, Ruy Irigarai, Carlos Eduardo Muller e Fábio Branco

Com assinaturas de sete empresas interessadas, o primeiro Polo Integrado da Química RS Montenegro-Triunfo deverá sair do papel. A cerimônia de manifestação de interesse ocorreu ontem, na sede do Sindicato das Indústrias Químicas no Estado (Sindiquim-RS), em Porto Alegre. Em área de 700 hectares no Distrito Industrial de Montenegro, estrategicamente junto ao Complexo Petroquímico de Triunfo, o Polo deve começar as operações em 2021. O Polo vai oferecer infraestrutura completa para as empresas, desde o fornecimento de insumos, serviços, mão de obra até escoamento da produção. “Quando propusemos o Polo, ainda no governo José Ivo Sartori, não buscamos facilidade e sim, agilidade. O nosso setor é pujante, um dos que menos dá problemas ao meio ambiente, pelo contrário, oferece soluções”, contou o presidente do Sindiquim-RS, Newton Battastini. Representante de três empresas de Cachoeirinha, três de Porto Alegre e uma de Campo Bom assinaram o protocolo de intenções. “Eles poderão seguir operando comercialmente em suas sedes, depois irão em definitivo para o Polo”, explica Battastini. O investimento previsto

nesta etapa é de R$ 200 milhões. O Polo será destinado a pequenas e médias indústras, que poderão negociar um dos 24 lotes disponíveis por R$ 40 mil a cada hectare. O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Ruy Irigaray, destacou o papel do setor privado no crescimento do RS. “Nossa vontade é fazer e empreender, mas o Estado tem suas dificuldades financeiras. A participação das empresas é muito importante”, disse. Uma escola servirá como capacitação aos profissionais que atuarão no Polo. Projeto nos mesmos moldes ocorrerá em Rio Grande. “Somos o quarto estado de maior PIB do país e o terceiro maior exportador. Vamos crescer ainda mais”, disse. O prefeito de Montenegro, Carlos Eduardo Müller, lembrou que o município tem um projeto de lei tramitando que beneficiará as empresas integrantes do Polo. “Serão incentivos financeiros concedidos especificamente a essas organizações para realizarem projetos de investimentos que resultem na implantação ou expansão de unidades industriais”, contou. FONTE: Jornal Correio do Povo – 10/09/2019 9


TRADIÇÃO

A Ciência do chimarrão

O mês de setembro é marcado por duas datas importantes no Brasil e no Rio Grande do Sul. O 7 de Setembro, Independência do Brasil, celebrada em território nacional e o 20 de setembro, Revolução Farroupilha, que marca o estado gaúcho. Comemorado com churrascos, passeios a cavalo e o tradicional Acampamento Farroupilha de Porto Alegre, o feriado do dia 20 não é o mesmo sem a companhia da bebida típica do estado. O chimarrão é uma bebida muito apreciada no Rio Grande do Sul e é considerado um símbolo importante da cultura regional. Ele é o responsável por rodas de conversas no final do dia, passeios em parques e acompanha os gaúchos até no calor em frente ao mar. Seu consumo se dá em cuia feita porongo - fruto não comestível (que serve como copo), bomba (atua como canudo com filtro), erva, água quente (cerca de 70oC) e, em alguns casos, aromatizantes naturais. Os primeiros povos a consumi-lo foram os índios guaranis que viviam entre as regiões do Paraná, Uruguai e Paraguai e os índios caiangues, residentes nas regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Misiones. O chimarrão chegou a ter seu consumo proibido no sul do Brasil durante o século XVI por ser considerado a “erva do 10

diabo” pelos padres jesuítas, mas no século seguinte, teve sua produção e consumo liberados. A erva utilizada na bebida de sabor amargo passa por processos como trituração, secagem e peneiração, para então, ser usada no preparo. Na sua composição, foram detectadas as presenças de vitamina B, C e D e de sais minerais como potássio, cálcio e manganês. A erva é considerada digestiva, antirreumática, diurética e estimulante. Já na folha da erva-mate são encontrados diversos componentes benéficos para o organismo como a cafeína, teofilina, ferro, fósforo, aminoácidos essenciais, celulose, dextrina, entre outros. O consumo desta erva está relacionado ao seu poder de estimular física e mentalmente o corpo humano, atuando contra a fadiga, proporcionando sensação de saciedade (o que colabora com o processo de emagrecimento), melhorando a circulação, facilitando a digestão, tendo papel importante na regeneração de células e sem provocar efeitos colaterais. Porém, seu consumo deve ser observado. Existem pesquisas que ligam o consumo exagerado e prolongado da bebida ao câncer de esôfago, devido à altíssima temperatura da água. Além destes benefícios, estudos apontam que a erva-mate pode ser

útil na fabricação de medicamentos, alimentos e até produtos de limpeza, devido à sua composição química. A melhor maneira de conservar a erva é no congelador de casa. Por ser desidratada, ela não congelará e estará protegida contra fatores externos. Existem diversas maneiras de preparar a bebida. Você conhece o jeito tradicional? 1. Preencha a cuia com 2/3 de erva própria para chimarrão; 2. Tape a cuia e deixe-a inclinada fazendo com que a erva encoste na parede de um dos lados do recipiente (pode-se usar um tapador específico para isso, um prato, ou as mãos; 3. Incline levemente a cuia e no espaço vazio coloque um pouco de água morna para fixar e inchar a erva (tome cuidado, pois a água fervente queima a erva, deixando com o gosto extremamente amargo) espere a água ser absorvida; 4. Tape a bomba com o dedo polegar e coloque dentro da cuia descendo rente a parede, enterrando-a na erva, preencha com água quente, tire o dedo polegar e observe se o nível da água reduziu um pouco, se sim, seu chimarrão está pronto para ser saboreado (se preferir, utilize filtro em sua bomba para garantir que não entupirá).


MURAL CONSELHEIRO WOLMAR ALIPIO SEVERO FILHO EM FORMATURA DOS CURSOS DE QUÍMICA dA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL OCORRIDA NO MÊS DE AGOSTO

CONSELHEIRA RAQUEL FIORI EM PALESTRA NA SEMANA aCADÊMICA (II QUIMTOX) DA UNIVERSIDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE OCORRIDA EM JUNHO

CONSELHEIRO RICARDO NOLL EM ESCUTA à COMUNIDADE REFERENTE À ATUALIZAÇÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE QUÍMICA BACHARELADO DA UNIVERSIDADE LA SALLE OCORRIDA EM AGOsTO

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CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 5ª REGIÃO

A VIDA É NOSSO PRINCIPAL ELEMENTO

Av. Itaqui, 45 Porto Alegre/RS - CEP 90460-140 Av.Itaqui, 45 Fone: (51) 3330-5659 Porto Alegre/RS - CEP 90460-140 www.crqv.org.br facebook.com/crq5regiao Fone/Fax: (51) 3330-5659 instagram.com/crq_v www.crqv.org.br


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