Informativo 144 online

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INFORMATIVO DO CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA DA 5a REGIÃO OUTUBRO - DEZEMBRO DE 2017 - ANO XXI - Nº144

PRODUTOS NATURAIS EM COSMÉTICOS

Veja os artigos produzidos sobre a importância destes produtos

PRÊMIO INTERNACIONAL Professor Gaúcho recebe prêmio no Canadá por pesquisa sobre aleitamento materno.

CBQ 2017 57º Congresso Brasileiro de Química ocorrido no Rio Grande do Sul uniu estudantes e profissionais.


Índice ARTIGO

Editorial pg. 3

A eficácia do uso de peptídeos de arroz, proteína hidrolisada de quinoa e aloe vera em formulações de máscaras capilares.

CONGRESSO

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Pesquisa sobre aleitamento materno vence prêmio científico no canadá.

ARTIGO

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A importância do Uso de Produtos Naturais em Shampoo: Coumarina, Astrocaryun Murumuru e Mentha Piperita

MURAL

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Expediente Presidente Paulo Roberto Bello Fallavena Vice-presidente Estevão Segalla Secretário Renato Evangelista Tesoureiro Mauro Ibias Costa Assessoria de Comunicação do CRQ-V assecom@crqv.org.br Redação Louise Gigante Editoração Gráfica Louise Gigante Tiragem 2.000 Impressão Gráfica Ideograf INFORMATIVO CRQ-V AV. ITAQUI, 45 - CEP 90460-140 PORTO ALEGRE/RS FONE/FAX: 51-3330 5659 WWW.CRQV.ORG.BR

Sendo a última edição deste ano, a edição 144 do Informativo CRQ-V aborda diferentes temas de grande importância em 2017.

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O evento que aproximou estados brasileiros promovendo a ciência.

SAÚDE

Iniciamos o informativo com a apresentação de um artigo produzido por alunos da Escola Técnica Future. O tema, envolvendo a formulação de cosméticos nos leva a reflexão da importância da química nesta área. O outro artigo, também de estudantes da Escola Future trata do uso de produtos naturais em produtos de higiene pessoal: os shampoos. A Cosmética, ao longo deste ano, esteve muito próxima da Química, agregando duas áreas de alto valor social e acadêmico para produção de trabalhos e pesquisas excelentes. O jantar de Dia do Químico de 2017 contou com a presença de membros da academia e representantes de entidades da área da Estética e Cosmética, um passo essencial para estreitar os laços. O Congresso Brasileiro de Química, evento mais importante e aguardado pelos profissionais e estudantes da área aconteceu no Rio Grande do Sul neste ano, na cidade de Gramado. O tema foi “Megatendências: Desafios e Oportunidades para o futuro da Química” e contou com diversas palestras, minicursos e outras atividades voltadas para o tema. Estivemos lá durante o evento e pudemos acompanhar de perto os trabalhos produzidos, a qualidade das palestras propostas e a força de vontade de um público tão engajado em fazer a diferença no mundo a partir da Ciência. Ainda neste ano, o professor Emérito da Universidade Federal de Pelotas, foi o primeiro vencedor do prêmio Gairdner no Canadá. O pesquisador, que estuda o aleitamento materno exclusivo , também recebeu a medalha Sylvio Torres do Prêmio Pesquisador Gaúcho, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (FAPERGS). Conversamos com ele e pudemos entender um pouco mais sobre sua tragetória e seus objetivos e perspectivas com seus estudos. Boa leitura a todos!

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Dica de Livro

Química - Uma Abordagem Molecular

O livro dividido em dois volumes, é o resultado da dedicação do professor Nivaldo J. Tro em transformar os conceitos e o aprendizado de Química em um processo prazeroso e integrado ao cotidiano dos leitores. Houve a preocupação em conceber uma ferramenta atual, dinâmica, acessível, muito bem estruturada e rigorosamente preparada para os professores de graduação de diversos cursos que têm a Química como disciplina-chave da formação acadêmica. Ricamente ilustrado em cores, o livro traz imagens que facilitam o aprendizado e proporcionam apoio visual ao conteúdo abordado. Entre os recursos de destaque estão os resumos sobre os tópicos, mais de 50 questões de associações conceituais para reflexão, testes de autoavaliação, seções novas e atualizadas e mais de 60 problemas inéditos por capítulo, em diferentes níveis de dificuldade. Química - Uma Abordagem Molecular oferece, ainda, muitos materiais suplementares para professores disponíveis no site da LTC Editora - GEN | Grupo Editorial Nacional.

Números do Conselho OUT - DEZ Fiscalizações

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Autuações

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ARTIGO

A EFICÁCIA DO USO DE PEPTÍDEOS DE ARROZ, PROTEÍNA HIDROLISADA DE QUINOA E ALOE VERA EM FORMULAÇÕES DE MÁSCARAS CAPILARES Francielli Salles Pinheiro, Grasiela Jacoby, Jeancarlo Melo Boeno* *Alunos do curso técnico em Imagem Pessoal. I. INTRODUÇÃO

Máscaras capilares são preparações cosméticas com ação condicionante, que permitem hidratação e melhoram a retenção hídrica no fio do cabelo, deixando o mesmo protegido contra os fatores externos que podem vir a causar danos à fibra capilar. GOMES (1999) destaca que as máscaras capilares são destinadas a tratamentos intensivos para os cabelos sendo compostas geralmente por emulsionantes catiônicos, além de serem ricas em agentes condicionantes. Os produtos cosméticos para tratamento capilar direcionados à hidratação atuam selando a cutícula do cabelo e protegendo o interior do córtex. Atualmente tem se percebido um aumento da procura por cosméticos com insumos naturais e, com isso, houve um grande crescimento dessa área da cosmética no mercado. NEVES (2007) define cosmético natural como o produto que deve ter pelo menos um ingrediente derivado de uma substância natural, extraído diretamente de uma planta, sem ser sintetizado. Ainda não há uma definição legal a respeito do teor mínimo de ingrediente derivado de uma substância natural para que o cosmético seja caracterizado como natural. O presente estudo tem por finalidade realizar uma revisão bibliográfica sobre a eficácia de insumos naturais em formulações de máscaras capilares. Será analisada a finalidade do uso de peptídeos de arroz, proteína hidrolizada da quinoa e aloe vera em formulações de máscaras capilares para tratamentos intensivos.

II. OBJETIVO

Revisão bibliográfica sobre a eficácia dos insumos naturais, peptídeos de arroz (Oryza Sativa), proteína hidrolisada de quinoa (Hydrolyzed Quinoa) e aloe vera (Aloe barbadensis Miller), em formulações de máscaras capilares. III. PROCEDIMENTOS – Revisão bibliográfica 1. Peptídeos: Os peptídeos constituem uma classe de compostos químicos que exercem uma grande variedade de funções biológicas importantes nos organismos. São biomoléculas que contém de dois a dezenas de resíduos de aminoácidos unidos entre si através de ligações peptídicas. Se comparados às proteínas, são quimicamente mais versáteis (MACHADO et al.,2004).

Os peptídeos podem ser uma mistura indefinida de fragmentos de proteínas, obtidas pela hidrolise parcial do colágeno, elastina, queratina, trigo ou outras proteínas vegetais, ou serem sintetizadas obtendo-se uma sequência bem definida e característica de aminoácidos (LINTNER, 2008). Dentre as várias atividades cosméticas, propriedades e apelos dos peptídeos pode-se citar, primeiramente, seu efeito cicatrizante, regenerador da matriz celular, pois estimula a síntese de colágeno, fibronectina e glicosaminoglicana, propiciando reparo nas rugas, aumentando o espessamento da pele e assim melhorando sua firmeza. Em outras atividades cosméticas temos a modulação da síntese de melanina nos melanócitos; o estímulo da lipólise para emagrecimento e apelos anticelulite; as propriedades anti-inflamatórias produzidas pela redução da secreção da interleucina; e o estímulo ao crescimento de cabelos e/ou a prevenção da perda de cabelos (LINTNER, 2008). 1.1. Peptídeos de Arroz: ANCONI (2008) destaca que na área da cosmetologia a cada ano surgem novos produtos contendo substâncias ativas, dentre estas, proteínas e peptídeos estão sendo amplamente utilizados em produtos cosméticos com finalidades hidratante e antienvelhecimento, destacando-se a mistura de peptídeos de arroz. As proteínas do arroz são constituídas de glutelinas (68 a 72%), globulinas (12 a 17%), albuminas (10 a 12%) e prolaminas (2 a 3%). As glutelinas encontram-se presentes em todas as partes do grão, e as albuminas e globulinas no embrião e na camada aleurona. Estas proteínas têm habilidade de aumentar a produção de fibroblastos e colágeno, inibir a colagenase, enzima responsável pela degradação de colágeno tipo I, podendo melhorar assim a aparência clínica das rugas causadas pelo crono e foto envelhecimento (LUPO e COLE 2007). 1.2. Proteína hidrolisada de quinoa: Conforme GEWEHR (2012) a quinoa é um pseudocereal, cultivada principalmente na região andina. Tem sido descrita como uma importante fonte de proteínas de alta digestibilidade e apresenta composição equilibrada de aminoácidos e alto teor de lipídios, principalmente ácidos graxos insaturados. A quinoa é um ativo formador de filme altamente substantivo para os cabelos, confe-

rindo aos fios reparo e controle dos danos, assim como a melhora do brilho e a reconstrução profunda, pois age na porção interna e externa dos fios. Apresenta alta concentração de aminoácidos com funções de reparo e hidratação para pele e cabelo, como ácido aspártico, ácido glutâmico, arginina e serina. (MORO, 2011) Por meio dos testes realizados por MORO (2011), foi possível concluir que, mesmo em baixa concentrações de uso da formulação teste – solução aquosa de proteína hidrolisada da quinoa a 1% (0,22% de sólidos), apresentou substantividade significativa à fibra capilar, permitindo o tratamento e a reestruturação interna e externa dos cabelos submetidos à agressão química (dupla descoloração). Em cabelos caucasianos não danificados houve melhora significativa na penteabilidade a úmido e a seco, além de conferir brilho e luminosidade aos fios. Sua flexibilidade de aplicação permite o uso em shampoos, condicionadores, ampolas, máscaras, e em preparações pré e pós-processos químicos, como tintura, descoloração e relaxamento/permanente. A quinoa pode apresentar como primeiro aminoácido limitante a tirosina ou a fenilalanina (IMPROTA e KELLEMS, 2001). A produção da pigmentação do cabelo acontece pela ação de uma enzima chamada tirosinase sobre a tirosina e a DOPA, a diminuição da enzima tirosina leva a canície. O envelhecimento capilar é um dos principais fatores que podem afetar a participação desta enzima, além da predisposição genética que pode adiantar ou atrasar este aparecimento (WICHROWSKI, 2007). 2. Aloe Vera: A aloe vera, também conhecida como aloe barbadensis miller (Liliaceae) ou popularmente como babosa, é utilizada há muito tempo como medicamento (SCHMID, 1991). A partir da extração das suas folhas, duas frações podem ser obtidas: um exsudato amargo e um gel mucilaginoso. O primeiro é considerado pelas farmacopéias como a droga aloe, líquido extraído das células do periciclo, de coloração amarelo-avermelhado, rico em compostos antracênicos. O segundo provém do parênquima da folha (McKEOWN, 1987), com aspecto de gel incolor (mucilagem) e que tem sido utilizado para curar queimaduras, cicatrizar feridas, aliviar dores, além de ser um poderoso agente hidratante 3


(MADIS Lab., 1983; GRINDLAY & REYNOLDS, 1986). Devido a seu poder hidratante a indústria de cosméticos e higiene pessoal faz amplo uso do gel de aloe vera em diversos tipos de formulações, como cremes, xampus e sabonetes. Em alguns países é incorporado a cremes de barbear com o objetivo de auxiliar na cicatrização dos cortes (Eshun & He, 2004). De acordo com estudo publicado por Dal’Belo et al., (2006) o poder hidratante do gel de aloe vera sobre a pele se deve provavelmente a um mecanismo umectante. A aplicação da formulação contendo o gel aumentou de maneira significativa o teor de água do estrato córneo, sem provocar oclusão ou alterações nas barreiras da pele. Os efeitos hidratantes de aloe vera, por sua vez, são os mais reconhecidos. Alguns açúcares e lactatos podem ser responsáveis pelas propriedades de hidratação de espécies de aloe vera e podem retardar os perfis de perda de umidade de formulações dermocosméticas. Soluções de gel de aloe foram comparadas com propileno glicol e glicerina quanto à evaporação de água, através do método da perda de peso. Os resultados mostraram que a aloe vera apresenta efeito de reter a umidade. No entanto, esse efeito é menor que aquele demonstrados pelos glicóis. Adicionalmente, o gel de aloe vera, quando combinado a um glicol, ocasiona um sinergismo de umectação, quando comparados ao somatório dos efeitos dos ativos separadamente (MEADOWS, 1980). As principais indicações cosméticas de aloe vera são como componente de fórmulas hidratantes para pele ou cabelos ressecados ou em loções pós-sol para atenuar o ressecamento e o eritema cutâneo (Waler, 1992; Mantle, 2001, Alonso, 1998). Pode ser usado em concentrações de até 10% conforme a intensidade de efeito desejado, sob forma de gel (Alonso, 1998). A adição do seu extrato em produtos tensoativos para higienização do rosto e corpo é outra indicação que está sendo proposta, já que permite reduzir o ressecamento cutâneo induzido por esses produtos (Waler, 1992. Olsen, 2001). É encontrada como ingrediente principal em diversos cosméticos, direcionados à beleza, visando cuidados com os cabelos e pele, devido às suas propriedades terapêuticas que agem como lubrificante, recondicionando cabelos secos e quebradiços, ou seja, funciona como um condicionador natural, capaz de tornar os fios mais hidratados, brilhantes e macios (SILVA, SD).

IV. DISCUSSÃO

Observa-se que os peptídeos, entre eles o de arroz têm maior eficácia em cosmecêuticos, 4

por apresentar atividade de estímulo ao crescimento do cabelo, por exemplo. Também tem ampla utilização em dermocosméticos para pele devido a sua habilidade de aumento da produção de elastina e colágeno. Talvez sua ação nas máscaras capilares possa estar relacionada a formação de filmes, conferindo brilho e maciez aos cabelos. A quinoa apresenta uma ampla gama de aminoácidos em sua composição, entre eles a tirosina que auxilia a produção de melanina, que é responsável pela pigmentação do cabelo. Conferem propriedades de condicionamento, alta substantividade à fibra capilar e significativa capacidade de umectância. Os efeitos da aloe vera são reconhecidos por sua capacidade de reter umidade e proporcionar condicionamento da pele e cabelos, por isso está presente em diversas formulações de dermocosméticos e cosméticos de uso capilar. Sua maior utilização é como um agente de umectância, mas, como o líquido extraído da planta possui poder farmacológico, também é bastante utilizado como medicamento, pois é muito eficaz na cicatrização e alívio de dores.

V. CONCLUSÃO

De acordo com a revisão bibliográfica apresentada nesse estudo, verificamos que os insumos estudados, se inseridos em máscaras capilares tem uma eficácia totalmente diferente de quando utilizados como cosmecêuticos ou suplementos alimentares. Tem um apelo mais vinculado aos aditivos de marketing.

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

•ALONSO, J.R. Tratado de Fitomedicina: Bases Clínicas e Farmacológicas. 1998. •ANCONI, G.L.; MAIA CAMPOS, P.M.B.G. Avaliação da estabilidade física e performance de formulações cosméticas contendo diferentes peptídeos. Dissertação, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2008. •DAL’BELO, S.E. et al. Moisturizing effect of cosmetic formulations containing Aloe vera extract in different concentrations assessed by sking bioengineering techniques. Skin Research and Technology, v.12, n.4, p.241-46, 2006. •ESHUN, K.; HE, Q. Aloe vera: A valuable ingredient for the food, pharmaceutical and cosmetic industries - a review. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v.44, n.2, p.9196, 2004. •GEWEHR, M. F., Análises químicas em flocos de quinoa: caracterização para utilização em produtos alimentícios. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. •GOMES, A. L. O uso da tecnologia cosmética no trabalho do profissional cabeleireiro. São Paulo: Senac, p. 15-49, 1999 •GRINDLAY & REYNOLDS. The Aloe vera phe-

nomenon: a review of the properties and moderns uses of the leaf parenchyma gel. J. Ethnophamacol. 16: 117-151, 1986. •IMPROTA, F.; KELLEMS, R. O. Comparison of raw, washed and polished quinoa (chenopodium quinoa willd.) to wheat, sorghum or maize based diets on growth and survival of broiler chicks. Livestock Research for Rural Development, Cali, v. 13, n. 1, 2001. •LINTNER, K. Peptídeos, Aminoácidos e Proteínas no tratamento da pele? Cosmetocs & Toiletries, v.20, n.3, p.42-48, 2008. •LUPO, M.P.; COLE A. Cosmeceutical peptides. Dermathology. Therapy, v. 20, p. 343349, 7007. •MADIS LABORATORIES INC. Aloe vera L. and its Products Applications and Nomenclature. Cosmetics & Toiletries, v. 98, n. 6, p. 99-100, 103-104, 1983. •MANTLE, D; GOK, MA & LENNARD, TW. Adverse and beneficial effects of plant extracts on skin and skin disorders. Adverse Drug React Toxicl Rev., v.20, n.2, June 2001. p.89-103. • MATOS, J. R.; MACHADO, L. D. B Introdução à Análise Térmica e Termogravimetria. (Cap. 11), Caracterização de Polímeros, Artliber Editora, P. 209-228, São Paulo 2004. • MCKEOWN, E. Aloe vera. Cosmetics & Toiletries, v. 102, n. 6, p. 64-65, 1987. MEDEIROS et al. Tratamento de úlcera varicose e lesões de pele com Calendula officinalis e/ou com Stryphnodendron barbatiman (veloso) martius. Revista de Ciência Farmacêutica, São Paulo, v.17, p.181-186, 2005 • MEADOWS, T.P. Aloe as a humectant in new skin preparations. Cosmetics & Toiletries, v.95, n.11, 1980. p.51-6. • MORO, S.; SOUZA, F. S., Proteína Hidrolisada da Quinoa no tratamento de Cabelos Quimicamente Danificados. Cosmetics & Toiletries, v. 23, n. 4 p. 36-40, 2011. • NEVES, K. Cosméticos orgânicos e naturais: equilíbrio entre homem e meio ambiente. São Paulo: Cosmetics&Toiletries 19(4) 28-33, 2007, pág 28, 29. • OLSEN, DL; RAUB JR, W; BRADLEY, C; JOHNSON, M & AL. The effect of an Aloe vera soap versus soap alone in patients undergoing radiation therapy. Oncol Nurs. Forum, v.28, n.3, April, 2001. p.543-7. • SCHMID, R. - An old medicinal plant: Aloe vera. Parfuemerie und Kosmetik, 72: 146- 50, 1991. • SILVA, E. Babosa para Cabelos Mais Bonitos, SD. Disponível em: Acesso em: 11 abr. 2013. • WALLER, T. Aloe ver. Cosm., v.107, n.8, 1992. p.53-4. • WICHROWSKI, L.; Terapia capilar uma abordagem complementar. Porto Alegre: Editora Alcance (2007).


CONGRESSO FOTO: Louise Gigante /CRQV

Estudantes do Amazonas uniram-se em um grande grupo que organizou a viagem e a arrecadação de fundos para o evento em Gramado em outubro

O EVENTO QUE APROXIMOU ESTADOS BRASILEIROS PROMOVENDO A CIÊNCIA De 23 a 27 de outubro aconteceu a 57a edição do Congresso Brasileiro de Química. Realizado a cada ano em um estado diferente do país, em 2017 o CBQ ocorreu na Serra Gaúcha, na cidade Gramado, considerada uma das mais turísticas do Rio Grande do Sul. O Congresso, organizado pela Associação Brasileira de Química e pela Associação Brasileira de Química do Rio grande do sul tem por objetivo unir a comunidade química, incentivando a difusão e conhecimento da química entre estudantes e profissionais de todo o país. O tema deste ano foi “Megatendências: Desafios e Oportunidades para o Futuro da Química” e o programa contou com palestras nacionais e internacionais, encontros temáticos, minicursos, apresentação de pôsteres, momentos com o autor e outras atividades. Desde o primeiro dia de congresso era possível perceber a empolgação de quem circulava pelo saguão observando a feira e stands já montados. O encontro de culturas também era visível através dos sotaques diferentes que ecoavam nos grupos de conversas. A abertura do evento contou com dança tradicional gaúcha, com homenagem ao presidente de honra do congresso, Dr. Jairton Dupont, com a fala do Presidente da Associação Brasileira de Química do Rio

Grande do Sul e presidente do CBQ, Me. Leandro Camacho, com a parabenização pelo evento do Presidente do Conselho Regional de Química da 5a , Dr. Paulo Fallavena, além da tão aguardada palestra de abertura, ministrada pelo dinamarquês Peter Kronstrøm. Peter é diretor do Copenhagen Institute for Future Studies na América Latina e apresentou perspectivas sobre o futuro, sobre inovação e conhecimento. Os estudantes, grande maioria dos congressistas, circulavam entre palestras, mini cursos a apresentações de pôsteres com anotações em mãos e celulares fotografando os principais momentos. Carlos Cavalcante é estudante do curso de Biologia e Química e faz parte de um grupo de mais de 15 pessoas que juntou a força de vontade com o interesse pela ciência e atravessou o Brasil até Gramado. Os alunos vieram da Universidade Federal do Amazonas e alguns viajaram por cerca de 5 dias entre barco, avião e ônibus até chegar a cidade do evento. “Nós estamos esperando o congresso desde o final do ano passado e nos preparando. Nós vendemos muita coisa na universidade, vendemos roupa, vendemos cocada, comida em festas da cidade, foi uma batalha muito grande”, conta Carlos. O grupo, que se uniu para o evento a partir da idéia de um professor, alugou uma casa na cidade para os 16 integrantes

e produziu camisetas do congresso. Sheyda Haydes é estudante de Administração e participou de todos os preparativos junto com o grupo. Ela e o amigo Felipe Lomes, estudante de Antropologia, são parceiros do restante dos estudantes (do curso de Biologia e Química) e aproveitaram diversas palestras e minicursos que agregarão em suas vidas particulares e profissionais. Para Sheyda, o importante é conhecer coisas novas e transitar pelas diferentes áreas, “É importante ter conhecimento para entender mais as coisas e conhecer um pouco da cada coisa”, conta a futura administradora, que produziu um trabalho que foi exposto no CBQ. Paralelamente ao evento, ocorreram atividades voltadas para estudantes do Ensino Médio, Técnico e da Graduação. Estas atividades (Feproquim, Maratona de Química e Jornada de Iniciação Científica), possibilitaram aos alunos integração com outros estudantes e profissionais da área. Bianca Viegas é estudante do primeiro ano do Ensino Médio da Escola Sesi localizada na Grande POA e estava participando do Feproquim com o trabalho “Incorporação de Fibras Vegetais no Reaproveitamento de Papel: Trabalhando o Reuso de Resíduos na Escola”. “Essa ideia de melhorar o reaproveitamento de papel surgiu pra melhorar a qualidade final dele, para ele ser melhor aproveitado na escola, para

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FOTO: Louise Gigante /CRQV

Mitchel Winnik, professor da Universidade de Toronto palestrando sobre uso de Biopolímeros

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técnica em Química, o desenvolvimento do método durou cerca de três meses “A matriz é bem complexa porque o perfume possui muitos componentes, então nós precisamos otimizar o método, mudar as condições diversas vezes até conseguir a condição ideal para a análise ser confiável”, explica. Michele, que veio sozinha para o congresso disse que os principais pontos que percebeu em Gramado foi a limpeza, segurança e beleza da cidade. As palestras, ponto de destaque do congresso apresentaram diferentes temas envolvendo Megatendências. Entre elas, Métodos Analíticos Otimizados, Eletroquímica, Espectrometria de Massas, Biopolímeros, entre outros. Sidnei Ribeiro é professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP) desde 1987 e apresentou no evento a palestra “Biopolímeros nanoestruturados como plataforma para fotônica e biossensores”. De acordo com o palestrante, o uso de biopolíFOTO: Louise Gigante /CRQV

os recursos não serem simplesmente jogados fora, minimizando os danos ao meio ambiente”, conta a aluna, que já definiu que quer estudar alguma área da Química na graduação. Ao final de cada uma das atividades paralelas, foram selecionados os premiados que levaram certificados e prêmios para casa. Circulando pela apresentação de pôsteres, liam-se os mais diferentes temas expostos nos cartazes. Vindos de diversos estados do país, os temas em maior quantidade eram meio ambiente, produção alimentar e saúde. Henrique Bezerra é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e estava apresentando seu pôster produzido junto com seu aluno sobre a “Determinação de Cálcio, Magnésio, Sódio e Potássio em Mel Produzido no Rio Grande do Norte”. Henrique explica que o tema foi escolhido devido ao fato de o mel ser um indicador, “Através da análise do mel é possível verificar as influências ao redor com relação ao ambiente. Surgiu então a idéia de analisar como se encontrava ambientalmente os arredores da apicultura”. O estudo que durou cerca de dois anos, foi feito através de um mapeamento de diferentes áreas de apicultores, e permitiu que fosse possível identificar as influências ambientais na qualidade final do mel. “O evento está bem diversificado, é possível transitarmos e termos conhecimento de quase todas as áreas da Química” conclui o professor que foi para o congresso com um grupo de 8 professores da UFRN. Michele Aguiar, do Instituto Federal de Tecnologia do Rio de Janeiro, estava apresentando sua pesquisa sobre o “Desenvolvimento de Metodologia Analítica para Quantificação de Novo Agente Desodorante em Perfume”. O trabalho, produzido através da solicitação de uma empresa de cosméticos, fez parte da análise de classificação fiscal pra receita federal da empresa. De acordo com a

meros vem sendo utilizado como base para aplicações que vão da ótica até a medicina nos últimos dez anos, “Esta é uma área que vem progredindo muito, vem formando bastante gente e tem sido bem interessante”, relata. “Eu acho o CBQ fundamental. Essa troca de idéias e conhecimento é um dos pontos principais de uma comunidade científica”, cita. Sobre o tema do congresso, Sidney diz ser de extrema importância a ser estudado “Nós estamos em uma época de transformação de toda sociedade e a ciência tem papel essencial nesse processo”, conclui. Nos 5 dias de evento, ocorreram 12 palestras – entre nacionais e internacionais – e a palestra de abertura. Química Forense, Espectofotometria, Química Eletroanalítica, Quimiometria e Química Orgânica Verde. Estes foram alguns dos 12 minicursos ocorridos ao longo dos dias. Com programação variadas os cursos atraíram diferentes interessados. Cellito Guerra é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a EMBRAPA e ministrou o curso sobre Imersão ao Universo do Vinho Através da Química, tema que desperta muito interesse em estudantes e profissionais. “Pra mim é muito importante estar aqui, porque antes de mais nada significa passar conceitos da enologia, que de outra forma seria mais difícil de transmitir” cita o agrônomo pós graduado em Química. Para ele, o evento foi um grande encontro multicultural essencial para a ciência, “Está sendo uma grande descoberta pessoal e estou com uma ótima perspectiva para o congresso”, conclui. Para 2018, o evento já tem data e local marcados. Será de 06 a 09 de novembro em São Luís, no Maranhão e o tema proposto é Química, Sociedade e Qualidade de Vida. As informações e inscrições estarão disponíveis a partir do início do próximo ano no site oficial do evento: WWW.abq.org.br/cbq.

Prêmio Hugo Hermann Filho Ao final do evento, foram distribuídos troféus em comemoração aos 80 anos da ABQ-RS para 10 ex presidentes homenageados da entidade. Hugo Herrmann Filho foi diretor técnico da Renner Herrmann S.A Indústria de Tintas e Óleos e foi o primeiro presidente da ABQ-RS ligado à iniciativa privada. Foi durante a sua gestão que começaram a surgir discussões sobre a compra de uma sede para a ABQ, fato que se concretizou na época. Foi diretor da FIERGS, e participou como vice-presidente da primeira diretoria da ABIQUIM, Indústria Química e Produtos Derivados, se destacando, assim, na história do RS por seu grande espírito empreendedor.


SAÚDE

PESQUISA SOBRE ALEITAMENTO MATERNO VENCE PRÊMIO CIENTÍFICO NO CANADÁ Estudo liderado pelo professor gaúcho Cesar Victora ganhou grande destaque no cenário internacional A mais importante premiação científica do Canadá, o Prêmio Gairdner, teve pela primeira vez um pesquisador brasileiro entre seus vencedores. O premiado foi o epidemiologista Cesar Victora, professor emérito da Universidade Federal de Pelotas. Esta premiação é também uma das mais respeitadas mundialmente na área de ciências da saúde e existe desde 1957. Anualmente, o prêmio destaca sete cientistas por suas colaborações à pesquisa em medicina e saúde global. Nesta edição, Victora venceu na categoria Saúde Global, com o prêmio-título John Dirks Canada Gairdner Global Health Award que reconhece e valoriza os avanços científicos que impactaram profundamente a saúde em países em desenvolvimento. Estes vencedores são considerados de grande potencial para ganhar o prêmio Nobel. Cesar Victora obteve a distinção por seus estudos sobre amamentação e nutrição materno-infantil que definiram o rumo de políticas e campanhas de saúde pública adotadas internacionalmente. Estes estudos foram os primeiros a demonstrar o impacto do aleitamento materno exclusivo sobre a mortalidade infantil e os efeitos da nutrição nos primeiros anos sobre a saúde da infância até a idade adulta.

A PESQUISA Na década de 80, o pesquisador da UFPel guiou o primeiro estudo epidemiológico a perceber a relação direta entre amamentação exclusiva e prevenção da mortalidade infantil. Por meio da revisão dos óbitos infantis nas áreas urbanas das cidades de Pelotas e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, o estudo de casos e controles revelou

que o aleitamento exclusivo até os seis meses reduzia em 14 vezes o risco de óbito infantil por diarreia e em 3,6 vezes o risco de óbito infantil por infecções respiratórias. O estudo detectou ainda que o risco de mortalidade aumentava entre crianças que além do leite materno recebiam outras bebidas como água, chás ou sucos. As descobertas levaram o Fundo nas Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) ao estabelecimento de políticas mundiais de recomendação do aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses de vida. Nos anos seguintes, Victora seguiu estudando o assunto e através de suas pesquisas, deram-se origem às curvas de crescimento infantil da OMS, adotadas em mais de 140 países, além de apontar a importância dos primeiros mil dias de vida para a saúde do adulto e fornecer evidências da associação entre amamentação prolongada na infância e níveis de QI, escolaridade e renda aos 30 anos. Para o pesquisador, a felicidade em vencer o prêmio vai além do título, “Creio que fui o primeiro pesquisador de um país de renda média ou baixa a ser premiado, o que me deixa particularmente feliz. A premiação também reflete o trabalho de equipe que realizamos aqui na UFPel, é um reconhecimento para todo um grupo, mais do que para um indivíduo”. Após se formar em medicina, Victora iniciou seu trabalho como médico comunitário em favelas de Porto Alegre e depois de Pelotas. O professor afirma que sempre gostou de trabalhar com crianças e que vê-las em situações freqüentes de diarréia, subnutrição e outras infecções o angustiavam. Foi neste momento que o profissional resolveu estudar saúde coletiva, especificadamente FOTO: Daniela Xu

O epidemiologista e professor emérito da UFPel, estuda os impactos que a amamentação exclusiva em crianças podem ter para o resto de sua vida

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a epidemiologia. Para ele, outra situação impressionante era a curta duração média do aleitamento materno no Brasil, naquela época, beirando os três meses de idade. “Pensei que fazer pesquisa para quantificar a proteção fornecida pelo aleitamento materno contra a mortalidade infantil, utilizando métodos epidemiológicos e estatísticos que naquela época eram o estado da arte para doenças não transmissíveis, seria uma boa ideia”, explica. O pesquisador conta que, a partir disto, resolveu estudar o papel dos chás e sucos ministrados pela maioria das mães para as crianças, mesmo as amamentadas e qual a relação destes com a mortalidade infantil.

O ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO Victora explica que o aleitamento materno reduz a mortalidade infantil através de três mecanismos, “Primeiro, o leite humano contém uma quantidade enorme de substâncias com propriedades imunológicas e antimicrobianas, as quais protegem o bebê contra infecções. Segundo, o leite materno é estéril, e a administração de outros leites através de mamadeira está sujeita a contaminação do próprio leite (in natura ou em pó), da água usada para diluir a fórmula, da mamadeira e do bico. Isso é particularmente perigoso em populações pobres e com más condições de higiene. Terceiro, o leite materno promove o estado nutricional ideal da criança pequena, e crianças bem nutridas são mais resistentes a infecções”, conclui. Além disso, de acordo com a pesquisa, o leite humano pode ser considerado um aliado à inteligência, como por exemplo, a presença de LPUFA, ou ácidos graxos insaturados de cadeia longa, que são essenciais para o crescimento do cérebro. Cerca de 70 a 80% do cérebro se forma nos primeiros dois anos de vida. Há outros mecanismos também ligados ao microbioma do bebê amamentado, que estão sendo estudados, e o intestino sintetiza substancias que ativam o cérebro, como serotonina, citoquinas e outros metabólitos. Baseados em pesquisas

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como as realizadas pelo professor, a OMS e a UNICEF recomendam o aleitamento exclusivo, sem a presença de qualquer outro líquido ou alimento até os seis meses de vida. “A partir desta idade, o leite materno não supre mais todas as necessidades do bebê, sendo recomendada a continuação da amamentação lado a lado com a ingestão de alimentos como frutas, verduras e proteína animal (carne, galinha etc.)”, explica. Estas duas organizações recomendam o aleitamento até os dois anos de vida. O leite materno é fundamental para a saúde por ser um alimento completo, fornecendo nutrientes na quantidade necessária (carboidratos, proteínas e gorduras), componentes para hidratação (água) e desenvolvimento e proteção como anticorpos, leucócitos (glóbulos brancos), macrófago, laxantes, lipase, lisozimas, fibronectinas, ácidos graxos, gama-interferon, neutrófilos, e outros protetores contra infecções comuns neste período. A cerimônia oficial ocorreu em 26 de outubro em Toronto Canadá. Os premiados, que incluem diferentes perspectivas científicas, passaram por várias cidades canadenses durante o mês proferindo palestras para diversos públicos. Para Victora, o importante é o impacto de seu trabalho na vida daqueles que realmente necessitam, “Eu gostaria de ser lembrado por haver realizado pesquisas que efetivamente influenciaram políticas globais e nacionais, e que, portanto, contribuíram para melhorar as condições de saúde de crianças e de mulheres, particularmente aquelas em maior vulnerabilidade social”, conclui. Além do Prêmio Gairdner do Canadá, Cesar Victora recebeu no mês de outubro a medalha Sylvio Torres, concedida a cada dois anos àqueles que tenham contribuído extraordinariamente para o desenvolvimento científico, tecnológico, social, econômico, cultural ou artístico no Rio Grande do Sul. A medalha faz parte de uma das 10 premiações da sétima edição do Prêmio Pesquisador Gaúcho, promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (FAPERGS), que destaca profissionais de diferentes áreas de conhecimento.


ARTIGO

A IMPORTÂNCIA DO USO DE PRODUTOS NATURAIS EM SHAMPOO: COUMARINA, ASTROCARYUN MURUMURU E MENTHA PIPERITA Cristiano Cunha, Cynthia Souza, Leysiane Alves e Marcio Santos * *Alunos do curso técnico em Imagem Pessoa. 1 - INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA: Nos tempos antigos, as pessoas utilizavam misturas caseiras para limpar e cuidar dos cabelos. O sabão utilizado para lavar as roupas era o mesmo que lavava os cabelos. Já o xampu na forma atual, líquida composta por uma mistura de tensoativos sintéticos e adjuvantes, destinada especialmente à lavagem dos fios, foi criado em 1890, na Alemanha. Foi batizado pelos ingleses como shampoo, em alusão à palavra hindu “champo”, que significa massagear, ainda em tempos que era considerado artigo de luxo e usado por poucos (FRANQUILINO, 2009). Para REBELLO (2005), shampoo têm função de remover da superfície do cabelo as impurezas provenientes das secreções, resíduos celulares e do ambiente, melhorando seu aspecto e facilitando suas funções. Além disso, não devem permanecer na superfície além do tempo necessário para cumprir sua ação de limpar. Shampoos pretendem remover o sebo, componentes do suor, estrato córneo descamado, produtos de pintura e poeira ambiental que é depositada no cabelo (DRAELOS, 1999). O shampoo atual é um produto apresentado sob a forma de líquido transparente ou opaco e formulado a partir de substâncias tensoativos (BARATA 1995). O shampoo é uma preparação que tem como função a limpeza dos cabelos, deixando-os suaves, flexíveis, brilhantes e fáceis de pentear. Estes apresentam propriedades de molhabilidade, detergência, emulsificância e formação de espuma. O shampoo é uma preparação que tem como função a limpeza dos cabelos, deixando-os suaves, flexíveis, brilhantes e fáceis de pentear. Mesmo que qualquer shampoo consiga cumprir a função fundamental que é limpar os cabelos, esta limpeza dever ser seletiva preservando uma quantidade de gordura natural que cobre o cabelo e, sobretudo o couro cabeludo (WILKINSON, 1990). DRAELOS (1999) constata que existem dois tipos de xampus: aqueles para lavar os cabelos antes de cortá-los ou penteá-los e aqueles para preceder ou usar depois de um processo químico. Shampoos acídicos, aniônicos especiais, são usados depois de descoloração para neutralizar a alcalinidade residual e preparar o cabelo para a tintura subsequente DRAELOS (1999). Conforme CALEFFI at al (2009) as formulações para shampoo devem ter: - Tensoativo; estabilizante de espuma; so-

breengordurante; espessante; conservante; reguladores de pH; essências e corantes; aditivos; diluentes; Tensoativos: moléculas com características hidrofílicas e lipofílicas com a capacidade de solubilizar corpos lipossolúveis e dispersar na água, arrastando sujidades. Sendo ele o ativo principal do shampoo; Espessante: tem a capacidade de aumentar a viscosidade das formas cosméticas, impactando em sua estabilidade, sensorial, aparência e funcionalidade; Conservantes: substâncias que protegem o produto cosmético tanto de contaminações microbianas como de oxidações indesejáveis, assegurando, dessa forma, seu prazo de validade e segurança de uso (REBELLO, 2005); Reguladores de pH: é regulado com solução de ácido cítrico, ácido fosfórico, glicólico ou hidróxido de sódio; Diluentes: Água deve ser tratada, destilada e ionizada para ser de boa qualidade ao produto; Estabilizante de espuma: a formação de espuma depende do pH da solução, da quantidade eletrólitos e da dureza da água. KEDE (2004) cita como exemplo de estabilizantes de espuma as dietanolamidas ou alquinolamidas de ácidos graxos de coco e monoetanolamidas; Sobreengordurante: BEDIN (2007), afirma que, agentes sobreengordurantes como alcanamidas e lanolinas, são necessárias em formulação de shampoos, logo que uma das proteções naturais do cabelo e do couro cabeludo é um manto hidrolipídico, que acaba às vezes sendo retirado excessivamente pelo tensoativo; Essenciais e corantes: podem interferir na estabilidade do produto; Aditivos: são ingredientes que são colocados no produto para dar uma característica específica a ele. Ex.: agentes sequestrantes, antioxidantes, filtro solares, medicamentos etc. Tendo em vista o acima explicitado, achou-se importante ser feita uma revisão bibliográfica sobre alguns produtos naturais utilizados em shampoos. 2 - OBJETIVOS: levantamento bibliográfico, ressaltando a importância dos produtos naturais em shampoos: Coumarin, Astrocarium murumu e Mentha piperita. 3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: Realizou-se o levantamento bibliográfico dos produtos naturais: Coumarin, Astrocarium murumu e Mentha piperita. 3.1 - Coumarin: GUACO (Mikania glomerata Spreng): Princípio-ativo: cumarina. Suas propriedades terapêuticas agem como: Broncodilatador, antisséptico, expectorante, antias-

mático, febrífugo, sudorífico, anti-reumático, cicatrizante, analgésico. É indicado para a prevenção e tratamento da asma (devido às propriedades bronco-dilatadoras e como descongestionante das vias respiratórias). Também é indicado para picada de cobra e inseto. Geralmente é ingerido sob forma de chá ou xarope. Em um estudo realizado por PEREIRA e col. (1994), acerca da atividade antiofídica da cumarina extraída da Mikania glomerata Sprengel frente ao veneno da jararaca (Bothrops jararaca), onde a sobrevivência dos animais foi avaliada em 4, 6, 24 e 48 horas e registrada em porcentagem de animais vivos, após tratamento com cumarina foi possível observar taxas de sobrevivência dos animais tratados de 80%, 50% e 40%, respectivamente, nos intervalos de 6, 24 e 48 horas, enquanto, o grupo controle apresentou para os mesmos intervalos taxas de 30%, 0% e 0% de sobrevivência, respectivamente. RUPPELT e col. (1991) estudaram a atividade analgésica e anti-inflamatória do chá de guaco, usando os respectivos ensaios de número de contorções em camundongos e difusão do corante azul de Evans no peritônio, segundo a técnica de Whittle modificada por Fernandes. O grupo de camundongos que ingeriu o chá de guaco apresentou inibição das contorções de 63,1% e difusão do corante de 48,92%, em relação ao grupo controle. Tais resultados demonstram a atividade analgésica do guaco e, em menor intensidade, também sua atividade anti-inflamatória. 3.2 - Murumuru: Astrocaryum murumuru é uma palmeira típica de áreas de florestas primárias, tanto de terra firme quanto periodicamente alagadas, podendo ainda ser encontrada em áreas secundárias (capoeiras) e pastagens cultivadas (NASCIMENTO et al, 2007; ROCHA et al, 2007). É uma palmeira de porte visualmente atraente e exuberante, pode atingir até 10m de altura, tronco pouco desenvolvido, folhas compridas de até 4m (BORGES, 2008). Produz frutos de janeiro a julho, atingindo milhares de toneladas em um processo exclusivamente extrativista. Quando os frutos amadurecem, o cacho inteiro cai no chão, servindo como importante fonte de alimentos para a fauna local (LOPES et al, 2007). Estes são constituídos de polpa e amêndoa, sendo que esta produz cerca de 50% de uma gordura branca, inodora e sem gosto especial com a vantagem de não rancificar facilmente (NASCIMENTO et al, 2007; LOPES et al 2007), é rica em ácidos graxos saturados de cadeia curta (CASTRO

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et al, 2006; AZEVEDO et al, 2007; LOPES et al, 2007) como láurico e mirístico (LOPES et al, 2007; AZEVEDO et al, 2007). A semente de murumuru apresenta 40% do óleo em massa (CASTRO et al, 2006). Após o processamento, o murumuru é utilizado na industrialização de margarinas (BORGES, 2008) e na fabricação de produtos cosméticos. É constituída por de ácido caprílico C8(%) 0,5 Teor de ácido cárpico C10(%) 1 Teor de ácido láurico C12(%) 44 Teor de ácido mirístico C14(%) 27 Teor de ácido palmítico C16(%) 9 Teor de ácido esteárico C18(%) 3 Teor de ácido oleico (C18:1,%) 11 Teor de ácido linoleico C18:2(%) 4,4. FONTE: XII Encontro Latino Americano de Iniciação Cientifica e VIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba. Mentha piperita: HORTELÃ. Princípio ativo: mentha piperita. Composição química, do óleo essencial da espécie M. piperita é constituído principalmente por monoterpenos, atribuindo-se a estes as funções de defesa da planta como herbivoria, agentes anti-microbianos e área alelopáticos (CARDOSO et al., 2004). O pulegona, α-pineno, sabineno, β-pineno, 3-octanol, 1,8-cineol, limoneno, piperitona, neomentil-acetato, mentil-acetato, t-cariofileno, farneseno, isomentona, neomental, isomentol, mentofurano, mentol e a mentona são os principais componentes do óleo sendo os três últimos de maior valor econômico, embora sejam conhecidos mais de 200 componentes presentes nos óleos do gênero Mentha (TAVISH & HARRIS, 2002). FONTE: Universidade Estadual da Paraíba centro de ciências biológicas e da saúde departamento de farmácia curso de graduação de farmácia (2011). 4 – DISCUSSÃO: A revisão realizada sobre a mesma diz que a Coumarina é uma das fontes que vem do guaco (planta medicamentosa), com efeitos e ações bronco dilatadora, anti-inflamatória e anti-alérgico. No guaco a Coumarina é utilizada no controle de qualidade na produção dos extratos, devido ao aroma característico que concede às folhas. Pela revisão realizada encontrou-se uma finalidade para o seu uso que seria a fragrância. Este produto apresenta-se no formato de um pó branco, não sendo um produto essencial para a formulação do shampoo e sim um aditivo de marketing. Observa-se que o Astrocaryum murumuru, pode ser usado em produtos cosméticos, tanto para cabelo quanto para pele. A falta do ácido graxo na pele pode causar a perda de H2O. Desta forma, este óleo pode ser utilizado também para melhorar a emo-

liência e hidratação da pele e do cabelo. Dentre os produtos vegetais com potenciais de uso nas indústrias de cosméticos, os óleos essenciais são uma classe promissora. A Mentha piperita tem relação empírica da prática, da utilização de plantas medicinais comprovam as atividades terapêuticas já utilizadas na medicina. Aliada a este interesse da ciência pelas plantas medicinais do interesse ao Sistema Único de Saúde (RENISUS). Destes estudos foram ressaltados trabalhos que abordam a Mentha piperita existe em composição cosmética tais como: shampoos, sendo de uso essa essência para dar refrescância no couro cabeludo e a sensação de prazer. O grupo Loreal a mais de 100 anos no mundo e 50 no Brasil usa esta essência em um dos seus shampoos como o nome de Mentol Redken. Desta forma entende-se que este produto seja meramente um aditivo de markenting, pois a presença ou ausência dele na formulação não iria prejudicar em nada o seu funcionamento. 5 - CONCLUSÃO: Ao se fazer o levantamento bibliográfico dos produtos naturais Coumarina, Astrocaryum murumuru e Mentha piperita notou-se que: a Coumarina e Mentha piperita são aditivos de marketing porque ambos não têm uma função química específica com a haste capilar, sendo que estes produtos não mudariam em nada o desempenho da formulação contendo-os ou não. No Astrocaryum murumuru encontra-se os ácidos graxos de cadeia curta, que estes sim irão promover benefícios aos fios de cabelo como emoliência e umectância. Sendo eles produtos acessíveis e de baixo custo para serem adicionados em formulação de shampoos. Estes ácidos podem também ser encontrados em outros produtos não sendo somente essencial o uso do murumuru para termos emoliência e umectância. Shampoos além de promoverem a limpeza dos fios cabelos melhoram a penteabilidade, desembaraço entre outros. Do contrário poderia-se lavar os cabelos somente com detergentes, o que deixaria os cabelos limpos, mas com aspecto extremamente ressecado e totalmente embaraçado devido a falta dos produtos que se fazem necessários para um melhor desempenho da sua função. 5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: • AZEVEDO, F. F. M; FRANÇA, L. F ARAUJO, M. E; CORREA, N. C. F; MACHADO, N. T. Perfil de Composição do Biodisel obtido dos Óleos de Dendê e de Murumuru. Disponível em http:// www.biodisel.gov.br/docs/congresso2007/caracterizacao/37.pdf. Acesso em 22 de junho de 2009. • BARATA, A. B. e SILVA, R. R. da XAMPUS. Química Nova Escola, n.2 Brasília, 1995. • BEDIN, V. Shampoos: dicas importantes Re-

vista Cosmetics & Toiletries. São Paulo, v. 19, p. 46, novembro/dezembro 2007. • BORGES, R. Frutas do Brasil: Murumuru. Disponivel em http://www.jornallivre.com. br/50571/frutas-no-brasil-murumuru.html. Acesso em 25 de junho de 2009. • CALEFFI, R – Acadêmica do Curso de Tecnologia em Cosmetologia e Estética, da Universidade do Vale do Itajaí, Balneário Camburiú, Santa Cataria (Univali). • CARDOSO, M. G; SHAN, A. Y. K. V; PINTO, J. E. B. P.; FILHO, D. D.; BERTOLUCCI, S. K. V. Metabólitos secundários vegetais: visão geral química e medicinal. Universidade Federal de Lavras. 2004 • CASTRO, J. C; FIGLIUOLO, R; NUNOMURA, S. M; SILVA, L. P; MENDES, N. B; COSTA, M. S. T; BARRETO, A. C; CUNHA, T. M. F; KOOLEN, H. H. F. Produção sustentável de biodisel a partir de oleagiosas amazônicas em comunidades isoladas. 2006. Disponível em http://www.biodisel.gov.br/ docs/congresso2006/producao/Sustentavel35. pdf. Acesso em 20 de junho de 200. • DRAELOS, Z. D. Cosméticos em dermatologia. 2 ed. Rio de Janeiro, 1999. • FRANQUILINO, Erica. Cabelos através dos tempos. Revista de Negócios da Indústria da Beleza: edição temática produtos para cabelos, São Paulo, v.4,n.11,p6-16, ago.2009. • KEDE, M. P. V e SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. São Paulo, 2004. • LOPES, J. P. N; CORRÊA, N. C. F; FRANÇA, L. F. Transesterificação de Óleo de Murumuru (Astrocaryum murumuru) para a produção de Biodisel. Disponível em http://www.biodisel.gov.br/ docs/congresso2007/producao/63.pdf. Acesso em 22 de junho de 2009. • NASCIMENTO, J. F; FERREIRA, E. J. L; CARVALHO, A. L; REGIANE, A. M. Potencial da palmeira de murumuru nativa de Acre. Revista Brasileira e Biociência, Porto Alegre, v. 5, supl. 1, p. 90-92, jul. 2007. Disponível em http://ambienteacreao.blogspo.com/2007/09/ potencial-da-palmeira-murumuru-nativa.html • PEREIRA, N. A.; PEREIRA, B. M. R.; NASCIMENTO, M. C.; PARENTE, J. P.; MORS, W. B. Pharmacological screening of plants recommended by folk medicine as anti-snake venom. IV. Proction against jararaca venom by isolated constituints. Planta Med., Stuttgart, v.60, p.99-100, 1994. • REBELLO, T. Guia de Produtos Cosméticos. 6ed. São Paulo, 2005. • ROCHA, C. B. R; POTIGUARA, R. C. V. Morfometria das fibras das folhas strocaryum murumuru var. murumuru Mart. (ARECACEAE). Disponivel em http://www.scielo/scielo.php?script=sci_arttext&p id=S0044589672007000400005&Ing=en&nrm =iso. Acesso em 27 de maio de 2009. • RUPPELT, B. M.; PEREIRA, E. F. R.; GONÇAVES, L.G.; PEREIRA, A. N. Pharmacological screening of plants recommended by folk medicine as anti-snake venom. I. Analgesic and anti-inflammatory activities. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.86, n.2, p.203-205, 1991. • SIMÕES, C. M. O,; SPITZER, V. (2009) em Farmacognosia, da planta ao medicamento. (2ª Ed.). Editora da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. Capitulo 18, Pgs 387-415. • TAVISH, H. M.; HARRIS, D. An economic study of essencial oil production I the UK: a case study comparing non-UK lavender/lavandin production and peppermint/spearmint production wih UK production techiniques and costs. For the Government Industry, Forum for Non-Food Corps. The Scotch Parlamen, Edinburg 2002. • WILKINSON, J. D. e MOORE, R. J. Cosmetologia de Harry. Madrid, 1990.


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FORMATURA DO CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA DA UNIVATES NO DIA 29 DE JULHO DE 2017

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