Revista Movimento Nº29

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Mala Direta Postal

Básica 9912264507/2010-DR/PE CREMEPE

CORREIOS

Revista das entidades médicas de Pernambuco – Ano XII– Nº 29 – Jul/Ago/Set 2015

Cuidados Paliativos Para humanizar o tratamento Entrevista com Museu conta a história da escravidão a médica Zilda Cavalcanti no Brasil capa 29a.indd 1

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AGORA VOCÊ TEM INFORMAÇÃO EM SAÚDE, NOTÍCIAS E ENTRETENIMENTO

PR NTU RI MÉ IC Viu como é difícil entender uma informação quando ela está incompleta? O correto preenchimento do prontuário médico é muito importante para o médico e para o paciente. Nesse documento devem estar registrados todos os cuidados profissionais prestados ao paciente, de forma completa, clara e precisa. O prontuário médico corretamente preenchido é obrigação do médico e, eventualmente, pode ser a sua defesa.

NA DOSE CERTA. Está no ar a Rádio Cremepe. O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco criou este novo veículo de comunicação para se aproximar ainda mais dos médicos e de toda a sociedade. A Rádio Cremepe tem transmissão via internet e uma programação diversificada que vai de debates e notícias a informes culturais e musicais. Acesse www.radiocremepe.com.br e tenha informações em saúde, notícias e entretenimento, diariamente.

www.radiocremepe.com.br


Nº 29 • Ano 12 • Jul/Ago/Set 2015

Editorial

O

hans manteuffel

tema da reportagem de capa da edição de número 29 da revista Movimento Médico é uma abordagem minuciosa dos Cuidados Paliativos, uma forma de humanizar mais o tratamento de pacientes acometidos de doenças graves, como o câncer. E foi com o objetivo de apoiar o desenvolvimento dos cuidados paliativos em hospitais de Pernambuco que o Conselho Regional de Medicina criou uma Câmara Temática para discutir o assunto e apontar caminhos que possam ampliar e melhorar esse segmento. Na reportagem sobre Cuidados Paliativos, a jornalista Mariana Oliveira ouviu médicos especialistas, gestores de hospitais, estudantes de Medicina e representantes do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco. Da página 3 à página 7, o leitor vai poder ler um artigo do vice-presidente do Cremepe, André Dubeux, sobre o tema e também acompanhar a entrevista da especialista Zilda Cavalcanti e também conhecer a opinião de outros médicos que trabalham com cuidados paliativos nos Hospitais Oswaldo Cruz, IMIP e Hospital de Câncer de Pernambuco. Nesta edição também estão as notícias do Conselho Federal de Medicina(CFM), do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), da Associação Médica (Ampe), Federação das Cooperativas (fecem) e da Associação Pernambucana de Médicos Residentes (APMR). E, para dar um toque histórico à esta edição, vale a pena ler a matéria sobre o Museu da Abolição (foto), que fica no bairro da Madalena, e retrata como foi o período da escravidão no Brasil.

Capa: Creative Commons

EXPEDIENTE Cremepe presidente: Sílvio rodrigues Vice-presidente: André Dubeux Assessoria de Comunicação: mayra rossiter - DrT/pe 4081 e Joelli Azevedo – DrT/pe 5401 estagiária: priscilla Fernandes Simepe presidente: mário Jorge Lôbo Vice-presidente: Tadeu Calheiros Assessoria de imprensa: Chico Carlos - DrT/pe 1268 e Natália Gadelha – DrT/pe 4947 Ampe presidente: Helena Carneiro Leão Vice-presidente: Anacleto Carvalho Coordenação editorial: Nair Cristina Assessoria de imprensa: Antônio Gomes - DrT/pe 3689 FeCem presidente: Amaro Gusmão Guedes Coordenação editorial: Sirleide Lira Assessoria de imprensa: Antônio Gomes - DrT/pe 3689 Apmr presidente: Carlos Tadeu Leonídio Vice-presidente: João Carlos Leitão Albuquerque Coordenação: Carlos Tadeu Leonídio redação, publicidade, administração e correspondência: rua Conselheiro portela, 203, espinheiro, Cep 52.020-030 - recife, pe – Fone: 81 2123 5777 www.cremepe.org.br projeto Gráfico/Arte Final: Luiz Arrais - DrT/pe 3054 Tiragem: 15.500 exemplares impressão: CCS Gráfica e editora Coordenação editorial: Sílvio rodrigues Conselho editorial: Sílvio rodrigues, José Carlos Alencar e ricardo paiva. Todos os direitos reservados. Copyright © 2012 - Conselho regional de medicina Seção pernambuco

Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

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fotos: hans manteuffel

sumário

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Entrevista a Conselheira do Cremepe, Zilda Cavalcanti, fala sobre Cuidados Paliativos

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Capa

numa reportagem especial, o leitor vai conhecer tudo sobre Cuidados Paliativos

seções Editorial

1

Opinião

3

Entrevista

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Notícias do CFM

9

18

Patrimônio a história da escravatura no Brasil está no museu da abolição

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Patrimônio

18

Cremepe

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Simepe

28

Cremepe

Ampe

34

Fecem

38

APMR

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entidades médicas apoiam a campanha pelo resgate das crianças desaparecidas

Academia

40

divulgação

Capa

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Opinião André Dubeux*

hans manteuffel

Cuidados paliativos

T

ema mais que atual nos nossos dias, Cuidados Paliativos pode ser definido como conjunto de ações que visam aliviar sofrimento dos pacientes, o controle eficaz dos sintoma e dor, busca da autonomia e principalmente o respeito à Dignidade Humana. O Cremepe, preocupado com este tema, estimulou e criou uma Câmara Temática em Cuidados paliativos, que tem entre outros objetivos trazer para discussão ações que consigam colocar na sociedade civil a importância da paliação. O tratamento em Cuidados Paliativos deve reunir as habilidades de uma equipe multiprofissional para ajudar o paciente a adaptar-se às mudanças de vida impostas pela doença e

promover a reflexão necessária para o enfrentamento desta condição de ameaça à vida para pacientes e familiares. Todos devidamente treinados na filosofia e prática da paliação. Ainda são poucos os serviços de Cuidados Paliativos no Brasil. Menor ainda é o número daqueles que oferecem atenção baseada em critérios científicos e de qualidade. A grande maioria dos serviços ainda requer a implantação de modelos padronizados de atendimento que garantam a eficácia e a qualidade. Há uma lacuna na formação de médicos e profissionais de saúde em Cuidados Paliativos, essencial para o atendimento adequado, devido à ausência de residência médica e a pouca oferta de cursos de especialização e de

pós-graduação de qualidade. Ainda hoje, no Brasil, a graduação em Medicina não ensina ao médico como lidar com o paciente em fase terminal, o que nos leva a pensar que as escolas médicas devem ter um papel importante na formação humanística, difundindo a paliação como um importante ferramenta na prática clínica diária. Esperamos que esta planta, que está germinando, produza os frutos, traduzindo-se por um atendimento médico digno, humano e eficaz para aqueles pacientes que necessitam muitas vezes de um afetuoso abraço e menos de tecnologia. *vice-Presidente do Conselho Regional de medicina de Pernambuco (Cremepe).

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ENTREVISTA jhans manteuffel

ZILDA CAVALCANTI

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jhans manteuffel

“Entendo a Medicina como a junção perfeita entre ciência e arte, viabilizando a cura e garantindo o cuidado”

O

Conselho Regional de Medicina de Pernambuco tem demonstrado sua preocupação com o resgate do viés humanístico na medicina. Dentro das ações empreitadas nesse sentido, foi criada a Câmara Temática de Cuidados Paliativos, que tem como objetivo trazer a discussão desse tema tão importante a público, quebrando preconceitos e resgatando a ideia do cuidar na medicina. Nesta entrevista, a conselheira do Cremepe e coordenadora da câmara, Zilda Cavalcanti, explica, em detalhes, o que seriam os chamados cuidados paliativos, seu histórico, sua situação hoje no país, sem esquecer de contar um pouco da sua experiência como médica no Serviço de Cuidados Paliativos do Imip.

Como nós poderíamos definir os cuidados paliativos? Em 2002, a Organização Mundial de Saúde reconheceu os cuidados paliativos dando sua definição: seria entendido como um cuidado à saúde na sua forma integral, que objetiva o controle adequado dos sintomas para os pacientes que têm doenças crônicas, progressivas, que ameacem a vida e que não são passiveis de serem curadas, visando a qualidade de vida do paciente e de seus familiares. É uma das poucas áreas na medicina que escutamos falar de qualidade de

vida e de acompanhamento à família. O núcleo familiar é extremamente importante, pois somos seres sociais, não vivemos sozinhos. Se a gente adoece, nossa família adoece junto. É uma relação de troca, você pode ter um paciente bem, mas se a família não estiver bem, ele ficará mal, e vice-versa. Então, é importante que a família seja cuidada também. É importante visar a qualidade de vida. Todos nós deveríamos estar sob cuidados paliativos, porque todos padecemos de uma condição que não tem cura, somos mortais. Na medida em que somos mortais, deveríamos nos preocupar mais com nossa qualidade de vida, com o tratamento dos nossos sintomas hoje. Mas vivemos preocupados com o que vai acontecer no futuro, que nem sabemos se vai chegar. Os cuidados paliativos trazem essa visão. Viver um dia de cada vez e viver bem.

Do ponto de vista histórico, quando surgem os cuidados paliativos? Na verdade, se a gente for falar de cuidados paliativos podemos ser remetidos à época de antes de Jesus Cristo. Naquele período, a medicina não tinha os recursos que tem hoje, nem em diagnóstico, nem em terapêutica. Cabia ao médico cuidar, ele era um artista, um artesão. A medicina era considerada arte. Existiam as casas de passagem no tempo das Cru-

zadas, por exemplo. As pessoas saiam para a guerra e não sabiam se voltariam. Às vezes, elas adoeciam e morriam no caminho, eram nesses espaços que a população recebia cuidados. Neles, o médico se restringia a cuidar quase sem recurso algum. A gente evoluiu muito ao longo do tempo e veio a tecnologia, a modernidade, as metas a serem atendidas e alcançadas, os equipamentos e instrumentos... E assim a medicina terminou, de alguma forma, visando apenas a cura. Na realidade, se formos ver de modo objetivo, nós não curamos muitas doenças, mas nos ensinam que o médico existe para curar. A medicina, de uma forma geral, deveria cuidar mais. Não curamos hipertensão, diabetes, insuficiência renal, cardíaca. A tecnologia trouxe para o homem uma falsa sensação de controle da vida, a gente acha que a controla, que ninguém morre com todos aqueles equipamentos. Mas isso não é verdade. Temos que cultuar a vida e aceitar a morte.

E pensando agora na modernidade, quem trouxe para o nosso tempo esse conceito? Cicely Saunders é a grande mãe dos cuidados paliativos na sua forma moderna, resgatando esse passado da medicina que nasceu com o cuidado. Inglesa de uma família bastante influente, era en-

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divulgação

médica, conselheira do Cremepe e coordenadora da Câmara temática de Cuidados Paliativos, Zilda Cavalcanti faz um retrospecto histórico dessa prática e de sua presença, hoje, nos serviços de saúde do país | Entrevista a Mariana Oliveira


ENTREVISTA divulgação

fermeira, assistente social e médica. Por isso, se brinca dizendo que ela sozinha já é uma equipe multiprofissional. Em 1967, Cicely funda o primeiro hospice moderno, o St Christopher’s Hospice, em Londres – o qual existe até hoje e que vem justamente com a filosofia do cuidado integral até o momento da morte. Em português, nós não temos uma palavra que possa servir como tradução de hospice, pois os termos hospital e hospício não dão conta. Por isso, preferimos não traduzir. Os hospices funcionam com uma equipe multiprofissional, com internamento de longa duração, proporcionando os cuidados paliativos ao paciente, que pode ocupar um leito de forma permanente ou não – ir e voltar para casa a depender de sua situação. Os pacientes atendidos nesses locais não têm a indicação de ficar em um hospital, mas de estar num serviço de referência que lhe proporcione cuidados médicos, espirituais, psicológicos, sociais, não só para si, mas para sua família também. Então, o Movimento Hospice Moderno foi iniciado por Cicely Saunders e, desde então, tem uma vasta gama de seguidores em todo o mundo, grupo no qual me incluo. No Brasil, representado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Quando lemos seus textos, percebemos que ela resgata a humanidade na prática médica, a qual foi afastada, de algum modo, pela tecnologia. Não desmerecendo os avanços tecnológicos, que têm o seu papel como instrumento, mas lembrando que o objeto final deve ser sempre o bem-estar da pessoa.

O que é fundamental para a prática dos cuidados paliativos? Uma coisa que Cicely Saunders deixou muito clara é que os cuidados paliativos não são feitos de protocolos, mas de princípios. Dentre eles, está a ideia de se trabalhar com uma equipe multiprofissional. O médico sozinho não tem condição de proporcionar o cuidado que esse paciente demanda. Outro ponto importante é o fato de afirmar a vida e aceitar a morte. Parece algo óbvio: até morrer estamos vivos, precisamos de cuidado e é por isso que, como princípio, o controle rigoroso dos sintomas deve ser perseguido. Nos dedicamos para que nossos pacientes recebam todos os cuidados necessários e suas famílias também. Para isso, precisamos

A inglesa Cicely Saunders (foto acima) deixou muito claro que os Cuidados Paliativos não são feitos de protocolos, mas de princípios. Um deles é afirmar a vida e aceitar a morte” de uma boa comunicação, nós presamos por isso. Na hora que você afirma a vida do seu paciente, você entende que até o último minuto ele precisa de uma boa comunicação, a qual é confortadora, evitando o início de uma briga com a morte inevitável, que só traz mais sofrimento.

Como estamos em termos de cuidados paliativos, atualmente, no Brasil? O nosso Código de Ética Médica tem alguns artigos que aceitam os cuidados paliativos e validam os mesmos. Somos pioneiros no mundo neste sentido, já prevendo esse tipo de assistência. Ele estabelece a ortotanásia e repudia a distanásia. Nos princípios fundamentais do

código está lá: nas situações irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos, diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará ao paciente sob seus cuidados todos os cuidados paliativos apropriados. No código, essa prática ainda aparece em outros momentos: quando destaca que é vedado ao médico, salvo por motivo justo comunicado ao paciente e aos seus familiares, abandonar seu paciente por ele ser portador de doença crônica ou incurável. O profissional deve continuar a assisti-lo ainda que para cuidados paliativos. Também está claro que é vedado ao médico abreviar a vida do paciente ainda que a pedido desse ou dos familiares e representante legal (eutanásia). Nos casos de doenças incuráveis e terminais, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis, sem empreender procedimentos e terapêuticas inúteis ou obstinadas, levando sempre em consideração o desejo do seu paciente ou de seu representante. Então, podemos perceber que os cuidados paliativos estão muito presentes no nosso código de ética, traduzindo respaldo ético para a prática médica nos cuidados ao fim da vida.

Temos serviços na área sedimentados no Brasil? A medicina paliativa já é considerada uma área de atuação, um conquista importante, mesmo que ainda não seja entendida como uma especialidade

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médica. Hoje, no Brasil, existem vários serviços de cuidados paliativos. Só aqui em Pernambuco, funcionando de forma organizada, nós temos no Imip, no Hospital Oswaldo Cruz e no Hospital do Câncer de Pernambuco. O Hospital das Clínicas da UFPE está se organizando e também o Barão de Lucena. Nossa grande deficiência hoje, aqui no país, são os cuidados paliativos em pediatria. Aqui, em nosso Estado, nós não temos hospices, mas em São Paulo já temos alguns, nos quais se proporciona o cuidado integral do paciente. Contamos também com a assistência domiciliar que faz enorme diferença na qualidade do cuidado prestado no fim da vida.

Usualmente quando falamos de cuidados paliativos pensamos em pacientes com câncer. Mas esse tipo de atenção se volta a pessoas acometidas de outras enfermidades também, não é? Obviamente, para alguns casos metastáticos de câncer, os cuidados paliativos são de fato a melhor opção. A própria enfermidade é associada à terminalidade. Os centros de oncologia, para serem credenciados pelo Ministério da Saúde, precisam ter o serviço de cuidado paliativo. Não e só para câncer, ainda que essa seja a enfermidade mais associada. Quem faz cuidado paliativo não é apenas o médico que trabalha diretamente com isso. O nefrologista faz cuidado paliativo, o neurologista também, o clínico, o intensivista... Hoje é uma necessidade de quase todas as especialidades. Mas você poderia perguntar e o oftalmologista, precisa saber o que de cuidados paliativos? Ele tem pacientes que perdem a visão e transformam-se em pacientes crônicos. Ele “morre” para a oftalmologia, porque deixa de enxergar, mas precisa ser acompanhado agora com outro objetivo, que não é curar, mas cuidar. O foco será na qualidade de vida, na intervenção multidisciplinar, porque ele vai precisar de terapia ocupacional, de fisioterapia... O cego acompanhado por um oftalmologista está recebendo cuidado paliativo. O médico tem que saber dar a notícia, exercitar a empatia, focar na qualidade de vida, nos detalhes que fazem a diferença. Temos que cuidar até o fim, nunca se pode dizer “não há nada que eu possa fazer”. Temos que lançar mão dos cuidados paliativos e reduzir as expectativas, na medida em que

A equipe de Cuidados Paliativos do Huoc atende também em domicílio

Temos que lançar mão dos Cuidados Paliativos para reduzir as expectativas. Na medida em que eu não posso curar, eu posso melhorar a qualidade de vida” eu não posso curar (eu tenho que aceitar isso), eu posso melhorar a qualidade de vida. Sempre vai haver algo a fazer, controlar a dor e outros sintomas, estimular a vida ativa, promover o conforto, abrir espaço na comunicação de qualidade, ficar junto e não abandonar o paciente e sua família. Isso pode até parecer pouco, mas, acredite, faz a diferença porque morrer não é fácil e sozinho é ainda mais sofrido.

O Movimento Hospice Moderno, citado pela senhora anteriormente, traz o conceito de kalotanásia. O que é isso? Entendo a kalotanásia como uma ortotanásia mais profunda do ponto de vista filosófico, da bioética, que respeita o processo de morte inevitável do

paciente, mas também se preocupa em ajudá-lo a ressignificar esse processo. Na nossa cultura ocidental, a morte é sinal de fracasso, é vista como algo a ser evitado banido. A morte faz parte da vida. Tem sorte aquele que tem a chance de ressignificar a própria vida e a morte, aprendendo com a doença e com a morte. Nesse processo, você pode olhar pra trás e rever sua vida. Então a kalotanásia leva a um amadurecimento para o paciente. Obviamente existem pacientes que a gente não consegue isso. Eles ficam tão desesperados, que não conseguem parar pra fazer essa reflexão. Porque estão ansiosos, desesperados, depressivos. Dentro desse processo, nós propomos o atendimento espiritual, além da abordagem psicológica e social. A questão da espiritualidade é muito importante, independente da religião, pois são coisas diferentes que as pessoas confundem. Religião a pessoa pode ter ou não, mas espiritualidade até um ateu tem.

De que modo a tecnologia na medicina influencia essa atenção para o cuidado e não apenas para o curar? A tecnologia tem o seu papel. Enquanto seres humanos, precisamos amadurecer e usar a tecnologia para o conforto dos nossos pacientes. O problema é que hoje, com essa modernidade, a gente tem a tecnologia pela tecnologia. Isso não vale. Ela só tem uma razão de existir para trazer bem-estar ao paciente. O seu

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ENTREVISTA hans manteuffel

uso precisa ser consciente, o objetivo nunca pode se afastar do bem-estar integral dos enfermos até quando a perspectiva é de cura. Tenho que utilizar os melhores meios disponíveis, mas não posso esquecer que estou tratando de uma pessoa. A tecnologia é um precioso instrumento, mas o objetivo final é a saúde integral e bem-estar da pessoa.

A senhora acredita que os médicos têm medo de aderir aos cuidados paliativos? Por desconhecer o amparo ético e legal para que se faça a ortotanásia, os profissionais têm receio de realizá-la de forma tranquila. Aí terminam realizando, mesmo que sem querer, a distanásia. Eu acho que com uma boa comunicação, com o exercício da empatia, e aprendendo a nos colocar no lugar do outro, a gente trata as pessoas de alma para alma e com a utilização do melhor que a ciência nos proporciona, dificilmente teremos um processo jurídico e legal. Precisamos respeitar a autonomia dos nossos pacientes e de seus familiares, ouvi-los, e saber que o nosso código nos autoriza a fazer a ortotanásia. É muito importante que os médicos se apropriem de seus direitos e deveres para que possam agir com consciência tranquila sabendo que a ética e a legislação os respaldam e que a medicina paliativa bem aplicada expressa uma boa prática de assistência à saúde.

E a população, será que ela entende isso? É cultural. Do mesmo jeito que o médico é formado para curar, a população também acredita nisso. Muitos ainda imaginam que o médico é uma divindade, que vai sempre salvar. Existem coisas que são intercorrências do procedimento, são fatalidades, a medicina não pode garantir resultados, é uma ciência de meios. Todos vamos morrer e isso nem sempre decorre de uma falha médica. A população cobra do médico a cura, não o cuidado. A medicina paliativa busca resgatar essa ideia do cuidado e também o entendimento que a morte faz parte da vida. Tanto o médico quanto a sociedade têm essa ideia equivocada construída culturalmente. A gente precisa ter esse discernimento enquanto profissional. Às vezes, as pessoas querem um deus que garanta 100% de chance de um

A equipe multidisciplinar do Serviço de Cuidados Paliativos do Imip

Os médicos devem conhecer seus direitos e deveres, sabendo que a medicina paliativa bem aplicada expressa uma boa prática de assistência à saúde” desfecho favorável e, com o médico, não pode ser assim, a vida é uma só, o acaso existe para todos. Você faz o seu melhor, mas pode não ser suficiente. A medicina paliativa, como qualquer outra área de atuação, deve aplicar as melhores evidências da ciência, mas nunca vai poder garantir resultados. Vai sempre assegurar o compromisso e o empenho no cuidado.

Como andam as ações governamentais na área? Eu diria que hoje vivemos uma tendência de melhora. Tem muito ainda a melhorar, mas atualmente já temos uma Residência em Medicina Paliativa e uma Residência Multiprofissional em Cuidados Paliativos no Imip e no Huoc,

tudo isso financiado pelo Ministério da Educação, que demonstra uma preocupação em formar os recursos humanos necessários. O fato do SUS exigir uma unidade de cuidados paliativos obrigatória nos serviços de oncologia é um sinal positivo. Já existe também uma política de incentivo à assistência domiciliar, mas tem muito o que melhorar sempre, até porque a demanda é crescente. Acho que o desafio é ampliar os serviços existentes, criar novos, inclusive com a viabilização de hospices no Estado.

E na formação dos novos médicos, esse ideal está sendo trabalhado? A criação, dentro da faculdade de medicina e de saúde, de um eixo transversal humanístico, abordando as várias dimensões do ser humano (físico, psicológico, social, espiritual), pode ajudar. A Escola de Ética Médica do Cremepe tem tentado fazer convênios para propor esse eixo transversal, levantando para os estudantes as questões humanas, utilizando a tecnologia em benéfico do paciente sem se afastar dele. Acho que na formação dos profissionais de saúde seria muito interessante o foco no controle de sintomas, na qualidade de vida dos pacientes e familiares, e no trabalho interdisciplinar, permeando todas as disciplinas, lembrando que devemos curar em muitas situações, mas reforçando que o cuidado integral é sempre um dever.

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CFM Conselho Federal de Medicina governo federal no início do ano, como parte do ajuste fiscal.

Mudanças no Exército

Notícias do CFM CFM e ABEM lançam sistema de acreditação de escolas médicas O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) lançaram no fiml de junho um sistema de acreditação de escolas médicas no país. A ideia é apontar estabelecimentos de ensino que formem médicos com qualidade e estimular o aperfeiçoamento da estrutura daqueles que ainda não têm o escopo esperado. O Sistema de Acreditação de Escolas Médicas (Saeme) será composto das seguintes etapas: auto avaliação online, visita de um comitê técnico e divulgação do resultado e observará aspectos como projeto pedagógico, programa educacional, corpo docente e discente e infraestrutura. As 20 primeiras instituições, públicas e privadas, divididas por todas as regiões do país, começarão a ser visitadas em novembro e a divulgação dos resultados está prevista para o primeiro trimestre de 2016.

Tabela SUS tem defasagem de até 1.300% Levantamento CFM mostra que no período de 2008 a 2014 valores pagos por procedimentos e honorários médicos por meio da Tabela SUS tiveram uma defasagem de quase 1.300%. O item mais defasado é a colecistectomia por videolaparascopia, procedimento pelo qual o SUS paga R$ 85,89. Pela Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), o valor deveria ser R$ 1.178,28. Por uma consulta básica, o SUS paga R$ 10, e por um parto cesariano, R$ 75,03. A Tabela SUS é usada para

remunerar os hospitais filantrópicos e Santas Casas que atendem pelo SUS. A diferença entre o custo real e o que é pago pelo governo federal tem piorado a situação financeira dessas instituições, hoje com um déficit anual de R$ 4,4 bilhões, o que tem provocado a desativação de leitos. Os levantamentos tiveram ampla repercussão da mídia, sendo, inclusive, temas de dois editoriais do jornal O Estado de SP, um dos mais conceituados do País.

CFM defende precificação de OPMEs Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o 1º vice-presidente do CFM, Mauro Brito, externou a posição da autarquia de precificação de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPMEs). Ele afirmou, também, que a classe médica repudia o que foi denominado pela imprensa de “Máfia das Próteses”. Disse, também, que a atitude ilícita de alguns não deve colocar em descrédito os médicos em geral.

Diminui a execução orçamentária do Ministério da Saúde Nos primeiros quatro meses de 2015, o governo federal deixou de gastar R$ 500 milhões previstos no orçamento para obras e compras de equipamento em saúde. Dados obtidos pelo CFM no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) mostram que no primeiro quadrimestre de 2015, o Ministério da Saúde investiu R$ 1,4 bilhão, valor que caiu para R$ 865,7 milhões no mesmo período de 2014. A baixa execução orçamentária já é um reflexo do corte de R$ 13,2 bilhões feitos no orçamento da União pelo

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, e o conselheiro suplente por Rondônia, Luiz Antônio Accioly, participaram, em Brasília, da cerimônia de passagem de comando da Diretoria de Saúde do Exército Brasileiro. O novo diretor é o general de divisão Túlio Fonseca Chebli, que substituiu o general Josémar Câmara Feitosa. Na ocasião, o presidente do CFM elogiou o trabalho dos médicos brasileiros que atuam no Exército, “que são reconhecidos pela competência e pelo empenho no exercício de suas funções”.

VI Fórum de Ensino Médico O CFM e a Associação Brasileira de Educação Médica (Abem) promoverão nos dias 27 e 28 de agosto, em Brasília, o VI Fórum Nacional de Ensino Médico, que entre outros pontos vai debater os impactos da lei 12.871/13 na formação dos médicos brasileiros. No Fórum, será aprovado um documento com sugestões dos participantes para a melhoria do ensino médico. Além do Fórum Nacional, estão previstos fóruns regionais em Salvador, Rio de Janeiro, Manaus, Brasília e Porto Alegre. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas por meio do site do CFM. As vagas são limitadas.

II Fórum de Telerradiologia O II Fórum de Telerradiologia CFM/ CBR, organizado pelo CFM e pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), será realizado em agosto, em São Paulo. Nesta segunda edição do encontro, serão abordados temas como a experiência da telerradiologia na Europa, condições técnicas para o exercício da especialidade, histórico e atualização da Resolução CFM nº 2.107/2014, armazenamento digital, entre outros. O fórum pretende ainda debater sobre as melhores práticas para a fiscalização desta atividade no país. As vagas são limitadas e as inscrições podem ser realizadas através da área de eventos do site do CFM.

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CAPA

Por uma medicina baseada na pessoa

Cremepe cria câmara temática para discutir os Cuidados Paliativos, assistência que resgata os valores humanísticos da medicina e propõe um olhar biopsicossocial do paciente Mariana Oliveira | Fotos: Hans Manteuffel

U

m estudante da graduação de medicina desce correndo do segundo andar do Hospital Pedro II e segue, com passos largos e decididos, o verdadeiro labirinto que é o complexo hospitalar que compõe o Imip. Quem o vê andando tão apressado provavelmente pensa que o jovem está em busca de uma vaga na UTI ou de algum horário no bloco cirúrgico para um paciente em estado grave.

A urgência é notória. Porém, esse estudante estava em busca, na verdade, de um padre que pudesse atender ao desejo de um enfermo em seu leito de morte. Apesar de todo esforço, quando ele retornou à chamada casinha dos cuidados paliativos do hospital, o paciente já havia falecido. A médica Zilda Cavalcanti, conselheira do Cremepe e coordenadora da Câmara Temática de Cuidados Paliati-

vos da instituição, diz que é comum ver estudantes de medicina correrem pelos corredores de um hospital em busca de ações que possam vir a curar o paciente. “Nessa situação, presenciada por mim, o jovem estava correndo para tentar aplacar a dor do doente, que não era física, mas espiritual, e como qualquer outra merecia ser tratada”, pontua, destacando que é nessa ideia do cuidar, de uma atenção não focada apenas no

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curar, que se situa a medicina paliativa. Para ela, essa área de atuação médica levanta o debate sobre a importância do lado humanístico da medicina ressaltando, que muitas vezes, o que o profissional pode oferecer ao paciente é o cuidado. Segundo o médico Fábio Malta, coordenador médico do setor de cuidados paliativos do Hospital do Câncer de Pernambuco, essas ações visam

oferecer conforto aqueles pacientes que têm uma doença crônica e a qual potencialmente vai levar a morte. Quando os profissionais constatam que não há mais procedimentos terapêuticos que possam garantir a cura dos seus pacientes, eles devem pensar nas formas assistenciais que podem desenvolver para garantir o controle dos sintomas e um maior bem-estar. “O objetivo principal dos cuidados paliativos é a melhora da

qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares através da prevenção e alívio do sofrimento físico, psíquico e espiritual”, resume Wilson de Oliveira Jr., cardiologista vinculado aos ideiais de humanização da medicina. Foi a britânica Cicely Saunders quem resgatou esse ideário no mundo moderno, instituindo o Movimento Hospice Moderno, o qual defende práticas de assistência aos enfermos portadores de doenças incuráveis, visando, essencialmente, sua dignidade, a diminuição de seu sofrimento e a melhora na qualidade de vida. Dentro dessa proposta, há uma preocupação especial com o controle dos sintomas e uma abordagem multifatorial da vida. Os profissionais ligados a esse movimento defendem que sempre haverá algo a ser feito pelo paciente. “Um médico não pode dizer que seu trabalho se encerrou, que não há nada a fazer. Há sempre muito a ser feito, muitos cuidados a serem prestados”, diz Zilda Cavalcanti. “Não é deixar de fazer. Há sempre algo a fazer pelo paciente e por sua família, mesmo após o óbito”, complementa o médico infectologista José Anchieta Brito, coordenador médico do serviço de cuidado paliativo do Hospital Oswaldo Cruz. Nesse sentido, é importante que os profissionais tomem conhecimento de alguns dos artigos do Código de Ética Médica brasileiro, os quais dão todas as referências sobre como o médico deve agir nas mais diversas situações envolvendo doentes em estado terminal. De acordo com Fábio Malta, é importante ficar claro que a medicina paliativa é uma área de atuação reconhecida e não pode nem deve ser confundida com omissão. Para Zilda Cavalcanti, é também fundamental que os conceitos de eutanásia, distanásia e ortotanásia sejam compreendidos pelos profissionais e pela sociedade. O Código de Ética Médica e a própria legislação brasileira veta a realização da eutanásia, ou seja, a antecipação da morte para diminuição do sofrimento, mesmo que a pedido do paciente. A prática regulamentada é a ortotanásia na qual se aceita a morte no seu curso natural. Além disso, se preconiza evitar a distanásia, o adiamento da morte à custa de mais sofrimento, sem perspectiva de melhora. “Na nossa constituição, está claro o combate à

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CAPA tortura e a defesa à dignidade humana. A distanásia pode ser compreendida como uma forma de tortura, caracterizando-se como uma ação anticonstitucional na medida em que pode ser indigna para a pessoa sem qualquer beneficio para ela. Quando as terapêuticas já não trazem benefícios para o paciente, as equipes devem dar prioridade aos cuidados que visam a sua qualidade de vida”, argumenta a médica. Segundo ela, o Movimento Hospice Moderno traz ainda um conceito mais novo, o da kalotanásia que, apesar de parecer semelhante ao da ortotanásia, é diferente. A ortotanásia é a morte no tempo certo, já a kalotanásia é a ressignificação do processo de morrer e da própria vida. Entende-se que esse processo pode ser bastante importante e rico para o enfermo fazendo com que ele repense, reflita sobre sua vida e encare o morrer a partir de outro ângulo. Nesse contexto, é importante o trabalho da equipe multiprofissional para conduzir uma assistência ao indivíduo de forma integral, levando em consideração diversos aspectos e o auxiliando a viver este momento final, transcendendo o sofrimento e amadurecendo enquanto ser humano.

VIDA E MORTE Para José Anchieta Brito, do Huoc, é importante a compreensão de que a morte faz parte da vida e, por isso, deve-se aceitá-la. Um dos ideais dos cuidados paliativos deixa claro que é preciso afirmar a vida, entendendo que enquanto seu paciente viver ele vai precisar de assistência, mas também aceitar a morte como algo natural. “Em vez de discutir a cura, já que não há mais terapia modificadora para aquela situação, passamos a pensar na qualidade de vida. Ele terá que conviver com a doença, e passamos a buscar uma retomada do significado da vida para aquelas pessoas. Ajudamos elas a refletirem e buscarem encontros e reencontros”, descreve o geriatra e residente em medicina paliativa do Imip, Anderson Acioli Soares. Para André Dubeux, vice-presidente do Cremepe, na nossa cultura, a morte ainda é muito mal resolvida. “Não somos preparados para a perda. Eu acho que todo médico tem que ser um filósofo em potencial”, afirma. Outro conceito bem importante trazido por Cicely Saunders e pelo Mo-

José Anchieta Brito e sua equipe multidisciplinar atuam em parceria com os oncologistas no Huoc

vimento Hospice Moderno é o de dor total, ampliado para a definição de sintoma total, o qual demonstra que a dor não é só física, é emocional, espiritual, social... Um câncer pode causar uma dor física enorme, mas ela pode piorar muito com a preocupação social, espiritual, psicológica... Essas dores aumentam a dor física e, por isso, Cicely Saunders dizia que ela é a primeira a ser tratada, porque com dor física ninguém consegue tratar nenhuma outra dor. Às vezes o paciente está medicado, com uma aparência boa, mas após uma conversa a equipe percebe que ele está com uma dor insuportável, não fisiológica, mas sim espiritual, social como o medo do desconhecido, a saudade e a preocupação com quem fica... Essa dor merece outra abordagem, mas não é menos sofrida. No filme A culpa é das estrelas, há uma cena que exemplifica bem essa ideia. A protagonista tem um câncer e está num momento de muita dor. A enfermeira pergunta a ela numa escala (utilizada muito corriqueiramente na área médica) de um a dez, qual a nota que ela daria para a sua dor. A personagem responde nove. A enfermeira trata a dor e diz: “Você e muito corajosa, porque eu sei que aquela sua dor não era só nove”.

A garota explica que está guardando a dor dez para uma situação ainda pior. E de fato ela dá a nota dez quando o namorado dela morre. “A dor dez dela não era física. Era uma dor emocional, espiritual, de perder uma pessoa querida. Esse é um exemplo forte e emblemático de como a dor acontece de maneira multifacetada na vida da gente. Não é possível seguir uma cartilha utilitarista, onde só existe a dor física”, comenta Zilda Cavalcanti. Para abordar o paciente na sua completude, pensando no conceito de dor total, faz-se necessário a atuação de uma equipe multiprofissional afinada e trabalhando em conjunto. Fábio Malta conta que quando passou a fazer parte do setor de cuidados paliativos do HCP a equipe trabalhava de forma fragmentada, cada um prestando um atendimento específico, sem interação. O médico, cuja especialização na área foi feita na Argentina, levou uma proposta de mudança à direção do hospital, a qual trazia claramente a necessidade da atuação dos profissionais de forma integrada. “Hoje a gente sente a afinidade, vendo a importância de cada um. Essa parceria é muito importante. Muitas vezes um integrante do grupo, como o nutricionista, por exemplo, estabelece

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divulgação

O filme A culpa é das estrelas traz situações interessantes sobre a vivência do processo de morte

um elo mais forte com um paciente e termina levantando demandas específicas da psicologia, chamando a atenção do colega”, detalha. Nesse processo do cuidar do paciente para além do seu problema biológico, faz-se necessário uma maior aproximação com ele, uma espécie de resgate do vínculo entre médico e paciente. “A tecnologia e os exames complementares não podem afastar o profissional do doente”, pontua Anderson Acioli Soares. Os profissionais envolvidos devem ter a clareza de que não estão tratando um câncer, ou uma insuficiência cardíaca ou renal, mas uma pessoa com uma história, uma família, uma cultura. Wilson de Oliveira Jr. afirma que os médicos devem praticar o humanismo científico. De acordo com o cardiologista, no Brasil, ainda é muito frequente que o paciente com doença cardíaca terminal receba assistência inadequada, com a utilização de muitos métodos invasivos, apostando sempre na alta tecnologia, sem que isso traga resultados . “Por isso que é necessário o equilíbrio entre o conhecimento científico e o humanismo”. “Qual a relevância de separar o paciente de seus entes queridos colocando-o numa UTI se isso não

A ortotanásia é a morte no tempo certo, já a kalotanásia é a ressignificação do processo de morrer e da própria vida mudará o curso natural da doença?”, pergunta André Dubeux. Segunda Zilda Cavalcanti, a medicina baseada em evidência, por exemplo, é um instrumento que deve ser utilizado, porém de forma aplicada à realidade do enfermo. “Na medicina baseada em evidências, existe vasta literatura que pode restaurar determinada conduta. É necessário que se conheça as condições nas quais aquela evidência foi encontrada para poder avaliar a reprodução para o paciente que está na nossa frente. A medicina deveria ser a medicina baseada na pessoa e a gente precisa ter o discernimento disso”, destaca. Para atingir essa visão completa do paciente, o setor de cuidados paliativos do Imip implementou na sua rotina de

serviço, além da anamnese médica, a anamnese biográfica. O processo mostra aos jovens em formação que o grupo não está ali para tratar de um câncer de pulmão, mas sim de seu João, que gosta de ser chamado de tal forma, que tem tantos filhos, segue tal religião, cuja comida preferida é tal... Em colaboração com uma equipe de voluntários, eles tentam atender aos desejos dos pacientes, realizando casamentos, reencontros, momentos voltados para espiritualidade, enfim ações não médicas, mas que trazem conforto e bem-estar para todos.

COMUNICAÇÃO Essa visão muito focada no ser humano faz com que os cuidados paliativos não trabalhem com protocolos, mas sim com princípios, entre os quais está a boa comunicação. Para Wilson de Oliveira Jr., a comunicação entre a equipe multiprofissional, o paciente e seus familiares é fundamental para a plena realização desse tipo de assistência. “Com esses laços, é possível mostrar aos pacientes que determinadas terapêuticas já não lhe trazem benefícios, ainda que tenham sido oferecidas ou feitas em outro momento, e também aquelas que podem trazer alívio e conforto. Tudo

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CAPA isso faz com que eles se sintam acolhidos e assistidos”, explica Fábio Malta. Inclusive, esse estabelecimento de um canal de comunicação fluente, numa linguagem clara e compreensível por todos, é um dos fatores que ajuda no entendimento dos envolvidos sobre as práticas realizadas e pode vir a evitar, por exemplo, um processo futuro contra o profissional. O diálogo e a relação entre equipe multiprofissional, enfermos e familiares garante também o processo de redução de expectativas. Alguns pacientes, por exemplo, que não fizeram uma cirurgia num determinado momento do seu tratamento, muitas vezes, com o avanço da doença, solicitam que aquele procedimento seja realizado. Porém, do ponto de vista médico, ele já não funciona mais. Nessa situação a equipe precisa reduzir expectativas e mostrar que mesmo sem fazer a cirurgia, pode tomar outras medidas para aliviar a dor e diminuir o sofrimento. Um paciente com um câncer grave de pênis chegou à enfermaria sofrendo pedindo uma cirurgia. A médica Mirella Rebelo conversou com ele, explicou que o procedimento cirúrgico não era possível naquele momento, mas que ela conseguiria tirar a dor física das feridas e alguns outros sintomas que o incomodavam. “No outro dia ele estava

Equipe multidisciplinar do Imip discute casos em reuniões semanais

bem, isso é redução de expectativa. Ele ficou confortável, a família ficou tranquila porque a expectativa de controle da dor foi atingida. A gente não pode se propor a atingir algo inatingível. Isso gera frustração, ansiedade, depressão”, resume a médica. Além disso, é importante preservar a autonomia do paciente, consultando-o sobre os procedimentos a serem realizados, assim como a família. Em muitas doenças terminais, por exemplo, os enfermos sentem uma enorme falta de apetite e não desejam se alimentar. Em alguns casos, isso não representará uma mudança real no prognóstico, então por que obrigá-lo a comer, se ele não deseja? A conduta mais adequada pode ser aca-

O diálogo e a relação entre equipe multiprofissional, enfermos e familiares garantem boa comunicação e também o processo de redução de expectativas

tar ao desejo do paciente pensando no seu conforto. Porém é preciso estar atento para não confundir autonomia com abandono. O tratamento é uma prerrogativa médica e é o médico quem precisa estar à frente de todo o processo. Ele deve conversar com a família sobre as possibilidades, apresentar riscos e benefícios, de forma clara e compreensível, além de dar sua opinião profissional. Respeitar a autonomia do paciente não é o mesmo que repassar a responsabilidade, mas sim garantir informações verdadeiras e claras e discutir as possibilidades de acordo com o contexto.

PRECONCEITOS De modo geral quando se fala em cuidados paliativos, se faz uma associação com o câncer, já que o diagnóstico para essa doença traz consigo a ideia de morte. “O conceito de paliação no Estado de Pernambuco ainda é muito incipiente pois a área de atuação é praticamente restrita a pacientes oncológicos”, pontua o presidente do Cremepe Sílvio Dubeux. Atualmente, o SUS também exige um serviço de cuidados paliativos em todos os centros que desejem prestar atendimento oncológico. Isso reforça essa vinculação entre as áreas. Porém, segundo André Dubeux, não se trata apenas de uma prerrogativa da oncologia ou da geriatria, mas de todas as especialidades, do cardiologista, do pediatra, do clínico, do urologista... Segundo o médico Fábio Malta, até mesmo dentro da oncologia, existem dificuldades na adoção desses cuidados e na percepção de que determinadas terapêuticas não terão mais efeito positivo. “Mesmo nessa especialidade temos uma certa obstinação terapêutica, ou seja, uma tentativa excessiva de buscar uma terapia para aquela doença que não traz benefícios e sim malefícios para o paciente nessa ânsia de curar. Nós estamos falando de medicina, de tratamento, de terapêutica, mas com o foco agora no conforto do paciente, no seu bem-estar. Esse processo do morrer é irreversível”, afirma. Em outras doenças, o mito é ainda maior. Muitas vezes essas enfermidades são mais lentas e isso dificulta a identificação do

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joelli aZevedo

O geriatra Anderson Acioli Soares faz residência médica em Cuidados Paliativos

momento no qual as terapias modificadoras já não trazem benefícios e que se faz necessário fazer uso de outro tratamento. Wilson de Oliveira Jr. diz que na cardiologia os cuidados paliativos passaram a ser discutidos recentemente. Ele chama a atenção para os casos de insuficiência cardíaca grave, cujas terapias farmacológicas e o próprio transplante já não podem ajudar. Um percentual muito pequeno de pacientes com esse problema chega de fato a receber cuidados paliativos. Segundo ele, dados apontam que, nos EUA, apenas 4% dos pacientes com doença cardíaca terminal recebem cuidados paliativos. O infectologista José Anchieta Brito diz que entre 60% e 70% dos atendimentos realizados pelo setor de cuidados paliativos do Huoc são ligados à oncologia. Mas reforça que é fundamental que todas as especialidades médicas atentem para a questão. “Já atendemos um paciente com insuficiência cardíaca grave, conversamos com ele, com a família, definimos que ele deveria ser acompanhado em casa por nossa equipe, enfim, organizamos tudo. Num determinado momento ele teve uma piora e um parente que morava fora e tinha acabado de chegar levou-o para a emergência do Procape. Nós tivemos que ir lá, conversar com os colegas cardiologistas para retomarmos a assistência que havíamos iniciado anteriormente”, relata.

Numa situação ideal quando fosse diagnosticada uma doença crônica grave que tivesse um potencial enorme de levar o paciente a morte, a equipe de cuidados paliativos já deveria ser contatada para atuar em conjunto, mesmo durante o uso de terapias que buscassem a modificação do curso da doença. Isso evitaria uma ruptura no tratamento, quando o médico de uma determinada especialidade comunica que não “há nada a fazer” e encaminha para os cuidados paliativos. “Não é fácil para o paciente. Ele vem sendo acompanhado por um profissional e, num determinado momento, esse médico some, e entra outra equipe que ele não conhece. Isso assusta. Por isso que os cuidados paliativos preconizam esse contato inicial desde o momento do diagnóstico, assim já é possível estabelecer um vínculo e uma estratégia de comunicação”, diz Fábio Malta. Esse procedimento poderia reduzir o medo dos pacientes e de seus familiares de irem para os setores de cuidados paliativos. Há casos de doentes que resistem, que não querem ir, porque acreditam que esse tipo de cuidado é sinônimo de morte. “Há um estigma muito grande realmente. Muitos começam a chorar, pedem para não ir. Como se ao chegar à Casinha dos Cuidados Paliativos do Imip eles fossem falecer. Na verdade, a morte vai chegar para todos eles

Fábio Malta é o diretor médico do setor no Hospital do Câncer de Pernambuco

em qualquer lugar que estejam, a diferença será o tipo de cuidado e atenção que ele vai receber nessa reta final. As pessoas resistem para vir, pelo preconceito, mas quando chegam não querem sair porque se sentem acolhidas”, conta Zilda Cavalcanti. A opinião da médica é referendada por Luzinete Ferreira, filha de D. Maria Mercês, que estava internada na casinha, no fim de maio. Segundo ela, sua mãe (portadora de um câncer de mama) estava recebendo uma assistência muito boa, com cuidados especiais. Num primeiro momento, a família ficou assustada com a transferência do setor de oncologia para o novo espaço, mas depois se adaptou. Tanto é assim, que a paciente chegou a ser liberada para ser acompanhada em casa e quando teve uma piora voltou a se internar. Chegando à oncologia, pediu para ser novamente transferida para o setor de cuidados paliativos. “Muita gente lá me perguntava o porquê de eu querer que minha mãe voltasse para a casinha, se lá o povo ia para morrer. Mas eles não sabem como a equipe é atenciosa e cuidadosa aqui”, diz.

FORMAÇÃO Os médicos ouvidos são unânimes: atualmente todos, tanto o próprio médico, como a sociedade em geral, acreditam que o profissional tem que fazer

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sempre algo para curar a doença. “As pessoas precisam entender que medicina paliativa não é deixar de fazer as coisas. Você deixa de fazer aquilo que não é necessário. Não significa omissão, mas o respeito à história natural da doença”, salienta André Dubeux, reforçando a necessidade no investimento na capacitação dos profissionais de saúde nessa questão, já que se percebe a formação de bons técnicos, o que não significa necessariamente bons médicos. Para Fábio Malta, no curso de medicina, os estudantes são formados para serem curadores de vida. Os mais tradicionais têm dado pouca atenção aos aspectos humanísticos da medicina. “Se esquecem de nos dizer que, em alguns casos, a vida não pode mais ser salva. Temos um processo de finitude e, às vezes, a cura não será mais o foco”. Seria importante que as graduações incorporassem em suas grades disciplinas que trabalhassem questões vinculadas aos cuidados paliativos, relação médico/paciente e espiritualidade. “O maior problema dos cuidados paliativos é a falta de formação dos médicos. Há uma falta de preparo para ajudar nas questões que envolvem a família e, sobretudo, nos aspectos emocional e espiritual”, salienta Wilson de Oliveira Jr. Zilda Cavalcanti acredita que não se deve acusar os jovens médicos de se afastarem voluntariamente dos aspectos humanísticos da medicina. Na verdade, eles precisam ser vistos como frutos da própria sociedade, da cultura vigente, uma expressão da juventude no mundo contemporâneo. Ela lembra que a Escola Superior de Ética Médica do Cremepe tem a proposta de criação de um eixo transversal humanístico dentro dos cursos de medicina e destaca que, a despeito de qualquer coisa, ainda se encontram jovens estudantes como o protagonista citado no início desta matéria. A médica tem razão. Existem graduandos que têm voltado suas atenções para as questões da relação médico/paciente e da espiritualidade. É o caso de Alberto Gorayeb, que está no quinto ano de medicina, na Faculdade Pernambucana de Saúde (FPS). Ele criou junto com outros colegas o Grupo de Estudos em Saúde e Espiritualidade da FPS, o primeiro na área no Norte Nordeste. Ele conta que se reuniram em 2010 acreditando que a espiritualidade é um

A oncologista pediátrica Sandra Araújo diz que não há serviços de cuidados paliativos para crianças

caminho para a humanização da medicina, para estabelecer um contato mais profundo com o paciente. Nesse sentido, Gorayeb terminou se aproximando bastante da equipe que comanda os cuidados paliativos no Imip. “A gente acredita que nós, médicos, temos três eixos norteadores, o conhecimento, a habilidade e a atitude. O primeiro, conseguimos nos dedicando aos estudos, o segundo praticando incansavelmente, mas precisamos ter atitudes, depende de nós um atendimento mais humano, o qual valorize o lado espiritual do paciente. A equipe de saúde tem que começar”, diz. Segundo ele, no encontro promovido pelo grupo de extensão no início do semestre percebe-se uma procura grande dos calouros. Com o passar dos semestres o número vai sendo reduzido e só alguns permanecem. Então, de modo geral, há uma percepção de que os jovens entram idealistas no curso de medicina e vão perdendo esse lado mais humano pouco a pouco. “Aqui na FPS já conseguimos avançar e inserir esse conteúdo na grade, mas há muito por fazer”, pontua o estudante, que tem conseguido publicar artigos de pesquisas em vários congressos.

O despertar por uma preocupação maior com a formação dos profissionais de saúde em cuidados paliativos pode ser percebida também na criação de residências voltadas para a área. Atualmente, em Pernambuco, está em atividade a Residência Multiprofissional em Cuidados Paliativos no Huoc e outra no Imip, onde também funciona uma residência médica no setor. Segundo a fisioterapeuta Naami Cruz, coordenadora da residência multiprofissional do Imip, as atividades foram iniciadas em 2013 e, ano a ano, foi se percebendo um maior interesse dos profissionais pelas vagas disponíveis.

POLÍTICAS E SERVIÇOS Apesar desse avanço, os profissionais acreditam que ainda há muito por ser feito. O tema tem ganhado destaque e sendo bastante discutido, porém toda essa atenção ainda não se reverteu em políticas públicas consistentes. Tanto é assim que hoje, em Pernambuco, existem apenas três serviços funcionando de forma organizada. No Hospital do Câncer, o setor inclui uma enfermaria, com 33 leitos (que estão quase sempre 100% ocupados) e um ambulatório para monitorar os pacientes que estão em casa. No Hospital Oswaldo Cruz, o setor

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A boa comunicação entre a equipe de saúde e o paciente é uma das diretrizes dos cuidados paliativos

inclui o ambulatório, assistência domiciliar, mas não possui enfermaria própria, prestando atendimento nos leitos de outras áreas dentro da instituição. E no Imip, também com serviço ambulatorial e enfermaria com 14 leitos. “Não é muito, a demanda é grande. Precisamos aumentar a nossa capacidade de atendimento e a assistência domiciliar. Em nosso Estado, não temos nenhum hospice, instituições de longa permanência específicas voltadas para aqueles pacientes que estão em cuidados paliativos”, reforça Zilda Cavalcanti. E quando se fala da área pediátrica, a situação é ainda pior. Segundo a oncologista pediátrica e conselheira do Cremepe Sandra Araújo, do Huoc, atualmente não existe nenhum serviço na área. Os pacientes maiores de 16 anos podem ser encaminhados para os setores de cuidados paliativos de adultos, mas aqueles mais jovens não têm essa opção. “Há um tabu enorme nessa questão. Se existe com adultos, imagine com crianças. Fora que elas sempre nos surpreendem. Nós conversamos com a família, e buscamos orientação com a equipe de cuidados paliativos, e, assim, vamos trabalhando da melhor forma possível, tentando ter em mente essa

Os cuidados paliativos não são uma prerrogativa da oncologia ou da geriatria, mas de todas as especialidades ideia do cuidar, do médico como um cuidador”, explica. Para Fábio Malta, o Cremepe, através da formação da câmara temática, pode auxiliar bastante, pressionando os governos a implementarem as políticas públicas necessárias para o avanço desse tipo de assistência no Brasil. “Eu fiz minha especialização em cuidados paliativos na Argentina e é incrível como eles, o Uruguai e o Chile estão na nossa frente nessa questão, mesmo que sejamos, talvez, o polo médico mais avançado”, compara, lembrando que do ponto de vista econômico vale a pena fazer esse tipo de investimento. Afinal, a prática dos cuidados paliativos pode evitar a realização de procedimentos e intervenções bem mais dispendiosas para o SUS que não trazem qualquer benefício para o paciente em questão. O vice-presidente do Cremepe, André Dubeux, diz que a principal intenção do conselho é trazer o tema ao debate, sensibilizando os médicos, a sociedade

e também os governos, partindo para o incentivo da formalização de uma ação de política de estado. “Talvez esse seja o assunto do momento. O Cremepe quer deixar isso bem claro, não abrimos mão de usar todos os meios disponíveis para sua difusão. A nossa ideia e dar um start para isso e provocar o CFM para que se torne uma política do conselho junto a todas as suas regionais”, explica. Em junho, a câmara temática promoveu o I Fórum de Integração multiprofissional em Cuidados Paliativos com a participação dos conselhos de outras profissões da área de saúde que usualmente compõem a equipe multiprofissional para discutir e pensar em estratégias interessantes. Uma das ideias do grupo é fazer uma carta aberta à população e ao governo provocando a reflexão e apresentando as suas demandas. “Ainda hoje, na maioria dos hospitais os pacientes morrem em Unidades de Terapia Intensiva sem ter um atendimento multiprofissional. O conselho defende a atuação dos cuidados paliativos desde a atenção básica até a terciária, incluindo a domiciliar. Porém, os serviços devem disponibilizar a equipe multiprofissional especializada e as melhores condições de atuação para a realização dos cuidados. As unidades de saúde precisam, ainda hoje, incluir na sua área de atuação os cuidados paliativos e junto com os comitês de bioética abordar a terminalidade da vida mais humanística”, resume o presidente do Cremepe, Sílvio Dubeux.

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PATRIMÔNIO

Para guardar a memó r afrodescendentes Idealizado na década de 1950, o Museu da Abolição se firmou enquanto instituição e tem buscado melhorias na sua estrutura física e no seu acervo Mariana Oliveira | Fotos: Hans Manteuffel

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Q

ó ria dos

uem circula pelo bairro da Madalena, nas imediações da Avenida Caxangá, já cruzou com um imponente casarão todo recoberto de azulejos portugueses. É nesse espaço que funciona o Museu da Abolição, instituição federal, vinculada ao Ibram (Instituto Brasileiro de Museus – Ministério da Cultura). A proposta para sua criação surgiu em 1954, por um decreto federal, e tinha como princípio norteador guardar a memória dos abolicionistas João Alfredo e Joaquim Nabuco. O casarão, que já fez parte de um engenho de açúcar, foi escolhido por ter sido residência do conselheiro do Império, senador, ministro e chefe do Gabinete Imperial, João Alfredo Corrêa de Oliveira. Apesar de menos conhecido que outros abolicionistas, ele foi um personagem importante no período, compartilhando os ideais contrários à escravatura e foi o responsável pelo envio da Lei Áurea para a assinatura da Princesa Isabel. Ainda durante o século 19, o espaço sofreu uma grande restauração, adaptando-se ao estilo neoclássico, ganhando o revestimento de azulejos. Com o tempo, deixou de ser residência e passou a abrigar uma empresa de ônibus da família do abolicionista, chegando à década de 1950 em completo abandono. Apesar de ter sido concebido nesse período, o MAB só foi aberto ao público nos anos 1980. Após o decreto, em 1957, do então presidente Juscelino Kubitscheck, deu-se início ao processo de desapropriação do edifício e seu tombamento pelo Iphan, o que aconteceu em 1966. Com o processo burocrático finalizado, começou, em 1968, uma reforma, a qual se estendeu até 1975. Porém, contrariando a lógica, ao fim do restauro, as instalações passaram a abrigar a Secretaria Regional do Iphan. Só em 1982 é formado um grupo de trabalho para criar de fato o museu, levantando suas propostas e seus objetivos. Um pequeno acervo foi composto para ser apresentado junto com peças emprestadas de outras instituições, tais como Museu Histórico Nacional, Museu Nacional de Belas Artes e Museu da Inconfidência Mineira. Em 1983, a mostra O processo abolicionista através dos textos oficiais é inaugurada ocupando o andar superior do casarão, o qual segue abrigando o escritório do Iphan no piso inferior.

Segundo Elisabete Arruda de Assis, diretora do MAB desde 2012, essa convivência com o Iphan perdurou até 2010, quando o instituto de fato iniciou o processo de mudança para o Palacete da Soledade, graças à criação do Ibram órgão que ficou responsável pelos museus federais ligados ao MinC, antes geridos pelo Iphan. “Com essa mudança, não havia justificativa para a permanência deles no casarão. Mas essa separação não aconteceu de modo voluntário, foi bem desgastante. Foi necessário os movimentos sociais ligados aos afrodescendentes abraçarem a causa do museu junto com a comunidade local, pedindo a saída do Iphan de forma integral”, lembra. Na verdade, a configuração do espaço já era outra, diferente daquela existente na inauguração de 1983. Na década de 1990, o museu passou por diversas dificuldades e teve seus recursos cortados por um período. Quando foi reaberto em 1996, se restringia a duas salas (um auditório e um memorial) e o Iphan havia alargado suas instalações nos outros cômodos. Mas a saga do museu não se encerrou. Em 2005, ele foi novamente fechado por falta de verbas e só voltou a funcionar em 2008. A época, a gestão do museu decidiu aplicar o conceito de museologia social e foi em busca do apoio e participação da comunidade e dos movimentos sociais, e passou a compreender a necessidade de trabalhar junto com a população e não para a ela. Esse grupo (formado por estudantes, professores, profissionais de outras instituições, pessoas vinculadas aos direitos humanos) debateu a proposta do museu, sua importância para a sociedade, seu nome... Foram realizadas oficinas e discussões teóricas e conceituais sobre como conceber e montar uma exposição. A partir daí, essa equipe realizou a mostra O que a abolição não aboliu, trazendo uma nova perspectiva do negro e da abolição, toda montada em papelão, que instigava o público a continuar contribuindo. Para Elisabete Arruda de Assis, chama a atenção o fato da primeira exposição, em 1983, ter sido inaugurada no Dia da Abolição da Escravatura (13 de maio) e essa segunda mostra no Dia da Consciência Negra (20 de novembro). “Isso dá a entender uma mudança de orientação no objeto e na missão dessa instituição. Se num primeiro momento, ele é criado para resgatar a memória dos

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PATRIMÔNIO

A exposição Máscaras africanas: arte, mitos e tradições está ocupando as salas do térreo do museu

abolicionistas, no segundo, a partir dos movimentos sociais, ele passa a olhar para outro público, que foi libertado, e passa a trabalhar com a memória dos afrodescendentes e não mais com a dos abolicionistas”, comenta. Em 2013, a exposição teve que ser desmontada devido a própria deterioração dos suportes utilizados. Nesse momento, o MAB teve que enfrentar um outro problema: a falta de acervo. Sua coleção de pouco mais de 130 peças reunia objetos de tortura, alguns referentes à casa-grande, ferramentas de trabalho, e selos e medalhas comemorativos – nada substancioso que pudesse dar margem a uma exposição relevante de longa duração. A alternativa foi constituir uma pequena mostra desse acervo, que ficou em cartaz até 2014. Atualmente, o museu abriga três exposições temporárias que, de algum modo, dialogam com o seu conceito e missão. No térreo, está em exibição a mostra Máscaras africanas: arte, mitos e tradições, composta por uma série de máscaras, escudos e totens reproduzidos por alunos do curso de extensão em modelagem em argila da UFPE. Após uma vasta pesquisa sobre as mais diversas etnias africanas, da Costa do Marfim ao

Quênia, o grupo trabalhou na confecção de releituras de alto padrão. No piso superior, desde 2014, está instalada a exposição Cicatrizes, do artista paraibano, cujo desenvolvimento artístico se deu em Pernambuco, Braz Marinho, falecido em 2013. A mostra é formada por desenhos, pinturas, esculturas e vídeo instalação, escolhidas sob a curadoria de Karem Almeida, Raul Córdula e Charles Martins que traduzem um breve resumo da trajetória do artista plástico. A coleção de suas obras, basicamente contemporâneas, propõe uma reflexão sobre o cotidiano social marcadamente opressor, numa relação menos óbvia com o conceito e missão geral do MAB. Numa outra sala, também no piso superior, está a mostra de fotografias Teares do Xixá: Fiandeiras em ação, aberta em junho, que faz parte de um projeto de intervenção voltado para a valorização e difusão do patrimônio cultural. A mostra apresenta o trabalho das tecedeiras e fiandeiras da região central do Estado de Goiás através do olhar de Lindomar da Rocha, Ruyter Fernandes e Maianí Gontijo. A série fotográfica foi um pré-requisito para conclusão da Especialização Lato Sensu em Patrimônio,

O MAB foi criado para resgatar a memória dos abolicionistas, mas depois, com a participação dos movimentos sociais, passou a trabalhar com a memória dos afrodescendentes Direitos Culturais e Cidadania, oferecida pela Universidade Federal de Goiás e fica em cartaz até o fim de julho. Está em funcionamento também um espaço voltado para o público infantil, chamado de Ludoteca, criado a partir de uma verba angariada no Funcultura. Lá é possível trabalhar elementos da cultura negra de forma criativa. Há, por exemplo, um espaço da beleza, onde se discute o referencial de beleza atual, mostrando que o cabelo crespo é tão bonito quanto o liso. A ideia é que a criança negra que chegue até lá possa sair orgulhosa.

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Elisabete Arruda de Assis dirige o Museu da Abolição desde 2012

REFORMA E ACERVO A gestão atual já está trabalhando para sanar as principais dificuldades do espaço. Para minimizar a falta de acervo, o Ibram fez uma parceria com a Receita Federal e com a Polícia Federal a fim de garantir que todas as obras de arte apreendidas por essas instituições pudessem ser doadas aos museus ligados ao MinC. O MAB teve a honra de receber a primeira peça nesse processo. Samburu Dance, obra da artista holandesa Marianne Houtkamp, foi apreendida no aeroporto de Viracopos, em Campinas. O importador havia declarado que se tratava de uma cópia, quando, na verdade era uma original. Por isso, perdeu os direitos sobre a peça que foi encaminhada ao MAB e hoje encontra-se no seu hall de entrada. “É uma peça muito bonita, feita por essa artista que tem um trabalho muito interessante com as tribos Samburu do Quênia. Ela representa uma dança típica e faz parte de uma série de oito”, conta a diretora. Segundo ela, essa parceria entre as instituições tem sido bastante relevante, pois tem criado um mecanismo de aquisição de acervo. No momento, o MAB já espera um novo lote com mais algumas peças vindas da África, resultado desse processo. Em 2013, o museu foi contemplado com uma série de verbas ligadas ao PAC das Cidades Históricas para garantir melhorias e para que se preparassem para os eventos que estavam por vir para o

Brasil. Nesse processo, está em andamento uma reformulação geral do palacete e também da área externa do MAB. O Iphan está desenvolvendo um novo projeto arquitetônico que possa adaptar o casarão a sua real finalidade: ser um museu. Afinal, ele foi residência durante um período e depois passou a funcionar como um escritório, sem iluminação especial para apresentação de acervo, sem climatização, enfim, com uma série de problemas que precisam ser resolvidos, até para a deixar a instituição apta a receber determinadas exposições e peças. “Há muita coisa estragada. É preciso que se lembre que a última reforma foi em 1975. Enquanto o Iphan esteva aqui, tinha uma equipe para fazer manutenção. Depois disso, só conseguimos manter um esquema emergencial para consertar o telhado”, detalha Elisabete Arruda de Assis. A reforma inclui a criação de um café, uma lojinha, e a instalação de uma lona no teatro de arena situado no jardim. A área total

do MAB é de 6.000 m2, sendo mil de área construída. Há um projeto paisagístico para todo o terreno e também o plano de um roteiro de visitação externa para conhecer espécies vegetais ligadas à cultura religiosa dos afrodescendentes e também o parque de esculturas. Ao mesmo tempo, está sendo desenvolvido um novo projeto museográfico e museológico para que seja instalada uma exposição de média duração (dois anos), após a conclusão das obras, no piso superior, enquanto no térreo ficariam os espaços destinados às mostras de curta duração. A ideia, que está sendo gestada de modo colaborativo com o Museu Nacional de Belas Artes, Centro Cultural São Paulo, Museu do Estado de Pernambuco e com o Departamento de Geografia e cartografia da UnB, é contar com objetos emprestados e outros adquiridos nos próximos meses. Segundo a direção do MAB, a depender dos trâmites da licitação, o palacete deve ser fechado ao público no final de 2015 e passar cerca de um ano interditado. Nesse período, as instalações do museu e sua equipe funcionariam de modo temporário numa estrutura disposta no jardim. A previsão é que em 2017 ele volte a funcionar a pleno vapor. Outra questão que tem dificultado as ações da equipe do museu foram as mudanças no tráfego local, após a construção do túnel no cruzamento da Avenida Caxangá com a Real da Torre. Quando o projeto foi elaborado, se previu uma via lateral para facilitar a entrada de veículos no estacionamento do museu. A pista foi feita, mas os responsáveis não arcaram com as responsabilidades para construir a nova entrada e adaptar o prédio anexo do museu situado justamente no local onde deve ser construída a nova entrada. Segundo a diretora, o MAB está lutando para que essas importantes estruturações sejam feitas. “No nosso estacionamento temos vagas para três ônibus escolares, que agora estão impedidos de entrar. Cerca de 90% de nossa visitação vem desse público. Desde o início das obras nosso número de visitação caiu muito. Passamos de 7.000 ano, para 3.000. Essa questão precisa ser resolvida”, sentencia.

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fotos: joelli aZevedo

CREMEPE Conselho Regional de Medicina/PE

Crianças desaparecidas

entidades médicas visitaram hospitais e colegas para divulgar ações pelos menores

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o dia 25 de maio, data em que é celebrado o Dia Internacional da Criança Desaparecida, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) junto ao Conselho Federal (CFM) realizaram mobilização em Pernambuco para chamar atenção dos médicos e da sociedade para este problema. Por ano, estima-se que 50 mil somem no país e cerca de 250 mil ainda não foram solucionados. No mundo esse número chega a 25 milhões. A equipe do Cremepe e estudantes de medicina visitaram o Hospital Helena Moura, Hospital Barão de Lucena e a emergência pediátrica do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), além de realizar panfletagem em outras unidades. A proposta foi para estimular colegas e outros profissionais da saúde a colaborarem com a busca dessas crianças, além de orientar pacientes a evitar o problema. O presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, explicou que algumas causas dos desaparecimentos estão relacionadas ao tráfico de órgãos, prostituição, trabalho escravo, entre outros. Por isso, a ajuda do médico é fundamental, uma vez que as crianças periodicamente são levadas ao pediatra, seja por rotina ou

alguma patologia. “Será na ida ao médico que poderemos ajudar no aparecimento destas crianças. O profissional pode identificar algumas características entre a criança e os seus pais, questionar sobre o endereço que eles moram e fazer algumas perguntas afim de identificar o parentesco da criança com quem a leva ao médico”, disse Rodrigues. Ações com os médicos – O CFM quer contribuir para reverter esta realidade. Por isso, desde 2011, o CFM desenvolve junto à categoria uma campanha de conscientização para que profissionais e instituições de tratamento médico, clínico, ambulatorial ou hospitalar observem e ajudem no esforço contra o desaparecimento de menores. A ação tem apoio formal de diversas entidades médicas brasileiras e latino-americanas, como a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), além da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Igrejas Ba-

tistas, Movimento Humanos de Direitos (Mhud), Instituto de Migrações de Direitos Humanos (IMDH), ONG Mães da Sé, Rede Marista, Hospital Pequeno Príncipe do Paraná, além do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride). Para tanto, o CFM publicou uma recomendação (nº 4/2014) alertando os profissionais sobre procedimentos que auxiliam na busca. “Na consulta o médico pode observar como o menor se comporta com o acompanhante, se tem marcas ou empatia, por exemplo”, ressaltou Henrique Batista, secretário-geral do CFM. A unificação dos registros de ocorrências de crianças desaparecidas poderá se tornar um projeto de lei. O senador Paulo Paim(PT-RS) aceitou a sugestão do Conselho Federal de Medicina (CFM) e pretende apresentar proposta na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal (CDH). Como informou o senador, a proposição será agora encaminhada à assessoria técnica para ser apresentada formalmente na Comissão, onde será indicado um relator. Durante audiência pública, um dos integrantes da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, apresentou um projeto contendo quatro artigos que, segundo ele, são essenciais para prevenir o desaparecimento e recuperar os menores. O projeto determina que todos os boletins de ocorrência

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(BO) que envolvam o desaparecimento de menores de idade no país sejam imediatamente enviados ao Ministério da Justiça para que sejam publicados em uma página específica na internet

com foto. “Hoje possuímos esse cadastro, mas é totalmente desatualizado e pouco priorizado. Sem essa divulgação oficial, fica impossível buscar uma criança que não tenha nome ou rosto.

PetRolina

Reunião discute nova proposta para IML

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Instituto de Medicina Legal (IML) de Petrolina foi mais uma vez pauta da plenária do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), onde foi apresentada uma contra proposta de reforma para o IML. Em junho, o presidente e o secretário geral do Conselho, Sílvio Rodrigues e José Carlos Alencar, respectivamente, foram convidados para reunião na Secretaria Executiva de Gestão Integrada (SEGI) da Secretaria de Defesa Social do Estado, em Santo Amaro. Após denúncias de falta de condições de trabalho do instituto, o Cremepe indicou a interdição da unidade e a SDS chamou a entidade para negociar a reforma do IML. A primeira proposta foi a transferência do Instituto para a Área Integrada de Segurança (AIS). A decisão foi aprovada, porém, após avaliação da área de transferência, a SDS fez uma contra proposta onde retira o Instituto de Criminalística (IC), que também funciona no atual prédio do IML, para a área da AIS, aumentando em 50% o espaço do Instituto. O secretario da SEGI, Enéias Leite, informou que não tem como realizar a primeira proposta por conta da crise

que o Estado enfrenta. “Não tenho recurso para dar continuidade ao projeto de levar o IML para a AIS, mas consigo readequar o espaço do IC cedendo para o IML em um prazo menor que 120 dias”, informou Leite. O presidente do Conselho, Sílvio Rodrigues, disse que levará a contra proposta da SEGI aos conselheiros para avaliação. A entidade já informou que existe possibilidade de interdição ética por conta da estrutura extremamente precária em que o Instituto se encontra.

“Perícias médicas” em debate no TRT 6ª região Representantes do Cremepe e Simepe, desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região e advogados estiveram reunidos para debater questões relacionadas a Perícias Médicas. A demanda surgiu após denúncias de substituição de médicos por outros profissionais de saúde para realizar os procedimentos de perícia. Segundo o advogado do Cremepe, Joaquim Guerra, os dois pontos centrais da discussão foram a participação de outros profis-

Da forma que é proposto hoje também não funciona: não dá para aguardar os pais incluírem o caso, isso deve ser feita imediatamente por um policial”, defendeu Paiva. sionais durante a perícia e os valores dos honorários periciais. A relevância do tema foi corroborada pelo presidente do TRT/PE, desembargadora Gisane Barbosa de Araújo, e pelo desembargador-corregedor, Ivan de Souza Valença Alves. O presidente da Câmara Técnica de Medicina do Trabalho do Conselho, o médico Flávio Henrique de Holanda Lins, e o presidente da Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícia Médica (ABMLP), Abelardo de Farias, também estiveram presentes e sugeriram maneiras de resguardar o profissional médico a qualquer tipo de constrangimento durante a realização da perícia, como também assegurar uma remuneração adequada. A defesa do conselho baseia-se na lei do ato médico que assegura no inciso XII do Art4º ser uma atividade privativa do médico “realização de perícia médica e exames médico-legais, excetuados os exames laboratoriais de análises clínicas, toxicológicas, genéticas e de biologia molecular”.

Cremepe cria câmara temática no Dia Mundial contra o Trabalho Infantil No Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, comemorado em 12 de junho, o Cremepe criou a Câmara Temática de Acolhimento à Criança e Adolescente. O grupo, formado por 12 integrantes, irá discutir temas relacionados ao combate do trabalho infantil, desaparecimento de crianças e a proposta de redução da maioridade penal, entre outros. “O nosso objetivo é alertar a sociedade sobre a importância desses temas, bem como estimular o engajamento de todos na busca por soluções”, disse o conselheiro e integrante da Câmara, Fernando Oliveira. Funcionários do Cremepe também vestiram a camisa para celebrar a data para chamar a atenção para o problema do trabalho infantil.

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CREMEPE Conselho Regional de Medicina/PE

Cremepe fiscaliza unidades de saúde do Araripe

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epresentantes do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) fiscalizaram cinco unidades de saúde do sertão do Araripe. As unidades vistoriadas foram nos municípios de Exu, Granito, Bodocó, Trindade e Ipubi. O objetivo foi verificar o atendimento médico nos hospitais e as condições de trabalho. Porém, o maior problema identificado foi a falta de resolutivida-

de das unidades, uma vez que os casos mais complicados eram encaminhados para o Hospital Regional de Ouricuri provocando superlotação e sobrecarga de trabalho. O grupo de fiscalização verificou que em todas as unidades a lavanderia apresentou estrutura precária e os profissionais não têm os equipamentos de proteção. Algumas farmácias estão mais abastecidas que outras, mas sem

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Região do Araripe 9

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1 araripina 2 Bodocó 3 exu 4 granito 5 ipubi

6 moreilândia 7 ouricuri 8 santa Cruz 9 santa filomena 10 trindade

grandes problemas. Sobre a questão trabalhista, os vínculos são frágeis, não há concurso público e os médicos não contam com nenhum direito trabalhista (férias, décimo terceiro salário e etc).

GRANITO Das cinco unidades vistoriadas, o Hospital Maria Senhorinha de Souza, no município de Granito com 7.521 habitantes, recebeu o conceito “E” que significa péssimas condições de funcionamento. A sala de raio-x da unidade não é completamente blindada, ou seja, a radiação dos procedimentos de imagem ultrapassa as paredes e porta, além disso, o reboco de várias paredes estava caindo. Não há sala vermelha, os partos só são realizados quando a gestante inicia o período expulsivo. O Hospital não conta com desfibrilador, monitor multiparâmetro, nem respirador. As medicações para reanimação cardiopulmonar estavam incompletas e não havia adrenalina no momento da fiscalização. A escala de médicos estava completa. Diante da análise, a fiscalização encaminhou o relatório para a plenária, composta por 40 conselheiros, para

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julgar a possibilidade de interdição ética da unidade. Na primeira plenária de abril, o grupo decidiu acionar a gestão municipal para providências. A prefeitura se comprometeu a corrigir as irregularidades e deu, em 08 de junho, o prazo de 120 dias para a adequação do serviço. Através de documento, a Prefeitura de Granito informou que foi montada uma frente de trabalho, com dedicação exclusiva à unidade mista, tentando propiciar todas as mudanças de forma centrada, técnica e com agilidade. Após firmar o compromisso com a instituição, a unidade começou a ser reformada, as paredes foram pintadas e rebocadas. Ainda sobre a questão estrutural, a gestão municipal em articulação parlamentar conseguiu uma verba no valor de R$ 500.000,00 destinada às outras reformas da unidade. “Já temos parte deste recurso depositada em banco, só a espera da readequação do projeto da engenharia para aprovação e início da liberação do mesmo”, diz o documento. Sobre o recolhimento do lixo hospitalar, já foi licitada uma empresa para realização da coleta e os equipamentos como desfibrilador, respirador, tubo traqueal e berço aquecido. Também já foram autorizados procedimentos legais para contratação de serviços de baritagem para a sala de Raio x.

PROPOSTA O Araripe foi a primeira região completa que o Conselho fiscalizou em uma única ação, mas a ideia é fazer as vistorias divididas por regionais. Após cada iniciativa, os relatórios são enviados para os gestores e Ministério Público para adequação e avaliação dos serviços. Para o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, a entidade tem cumprido seu papel nas regionais, apontando possíveis soluções para os municípios. “Fizemos no Araripe um levantamento dos problemas, atendimento, fixação do profissional e apontamos as soluções”, finalizou Rodrigues. assessoria de imprensa do Cremepe.

Conselho Regional de mediCina do estado de PeRnamBuCo (CRemePe) – PuBliCação de Penas PÚBliCas Ref. Processo Ético Profissional n.º 02/12 EDITAL DE APLICAÇÃO DE PENALIDADE DE CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL PENA DISCIPLINAR APLICADA AO MÉDICOS DR. JOSÉ DA SILVA NEVES FILHO - CREMEPE 7.057 E A MÉDICA DRA. KARIN NÁDIA DREYER – CREMEPE 18.265 CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045/58, e em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do processo éticoprofissional n.º 02/12 realizada no CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, em 16/10/2013, vem aplicar ao médico DR. JOSÉ DA SILVA NEVES FILHO CREMEPE 7.057 a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na alínea “c”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração ao artigo 10º do Código de Ética Médica (Resolução CFM nº 1.931/09) e quanto a DRA. KARIN NÁDIA DREYER – CREMEPE 18.265, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na alínea “c”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração aos artigos: 9º e 10º do Código de Ética Médica (Resolução CFM nº 1.931/09).

Ref. Processo Ético Profissional n.º 17/99 EDITAL DE APLICAÇÃO DE PENALIDADE DE CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL PENA DISCIPLINAR APLICADA AO MÉDICO DR. LÚCIO JOSÉ CAVALCANTI LINS – CREMEPE 3654 CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57,

regulamentada pelo Decreto n.º 44.045/58, e, em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do processo éticoprofissional n.º 17/99 perante o Conselho Federal de Medicina em 11 de março de 2004, vem aplicar ao médico LÚCIO JOSÉ CAVALCANTI LINS – CREMEPE 3654, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na alínea “c”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração aos arts. 29, 32, 57 e 59 do Código de Ética Médica (Resolução CFM n.º 1.246/1988), nos termos do voto do Conselheiro Relator, por unanimidade, pelos membros da 6ª Câmara do Tribunal Superior de Ética Médica do Conselho Federal de Medicina.

EDITAL DE INTIMAÇÃO PEP .º 19/09 EMENTA: INTIMAÇÃO POR EDITAL DE DENUNCIADO NÃO ENCONTRADO. O CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DE PERNAMBUCO, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958 e pela Lei nº 11.000/2004 (...) RESOLVE: I – Intimar DARLAN GOMES DE SÁ para apresentar razões finais no prazo de 15 (quinze) dias conforme prescreve o artigo 26 da Resolução 2023/2012; II – Intimar DARLAN GOMES DE SÁ para comparecer à audiência de julgamento do PEP 19/09, designada para o dia 31.03.2014 as 20h a ser realizada na sede do CREMEPE, situado na Rua Conselheiro Portela, nº203, Espinheiro, Recife/PE. III - Dê-se ciência. Recife, 19 de fevereiro de 2014. Corregedoria

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fotos: divulgação

CREMEPE Conselho Regional de Medicina/PE Assessoria de Comunicação do Cremepe

na Campanha e também a adesão do Conselho ao Projeto Jovem Aprendiz, do Governo do Estado de Pernambuco.

Escala de plantão é o principal problema do Dom Moura

ENTIDADES MÉDICAS ELABORAM MANIFESTO CONTRA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Representantes de entidades médicas de Pernambuco, Prefeitura do Recife (PCR), Ministério Público e de Defesa dos Direitos Humanos estiveram reunidos na sede do Cremepe, para discutir e elaborar um manifesto contrário à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 171/1993, que prevê a redução da maioridade penal. “Com base em dados científicos e da realidade que a gente vive hoje no país, o adolescente tem características físicas e psicossociais que não são as mesmas do adulto”, disse o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, citando dados da Unesco, que aponta que apenas 0,013% dos crimes são cometidos por crianças e adolescentes.

Cremepe e MPPE estabelecem prazos para unidades de Camaragibe A promotoria do Ministério Publico do Estado de Pernambuco (MPPE) convocou representantes do Cremepe, da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (APEVISA) e da Prefeitura de Camaragibe para assinar o Termo de Ajustamento e Conduta (TAC) referente à Maternidade Amiga da Família de Camaragibe, Hospital Geral de Camaragibe Aristeu Chaves e Cemec Vera Cruz. A prefeitura recebeu o prazo de 150 dias para entregar a maternidade com condições técnicas e estruturais para funcionamento adequado,

caso contrário a unidade pode ser interditada. O Hospital Geral de Camaragibe tem o prazo de 120 para se adequar às normas do Cremepe e da Apevisa.

Trabalho infantil é tema de reunião no Cremepe O combate ao trabalho infantil foi tema de reunião na sede do Cremepe, no Espinheiro. O procurador do Trabalho, Leonardo Mendonça, apresentou o cartaz da campanha realizada pelo Ministério Público do Trabalho de Pernambuco em 12 junho, Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil. Foi firmada parceria do Cremepe com MPT para participação

A escala de plantão do Hospital Regional Dom Moura (HRDM), em Garanhuns, foi o foco de fiscalização do Cremepe realizada pelos fiscais e delegados da entidade. A vistoria foi motivada pelo Ministério Público Federal (MPF) e o relatório enviado à gestão hospitalar e órgãos da Justiça. A equipe de fiscalização conversou com a equipe de plantão. Foi verificado que não faltam medicamentos, nem insumos básicos. A emergência foi reformada, porém a escala de plantão de médicos continua defasada. Segundo o Cremepe, a pediatria e a maternidade são os setores mais críticos do hospital porque não há neonatologista em nenhum dia e só tem pediatra de plantão na segunda, quarta e quinta. Assim, quando o especialista está de plantão dá ao mesmo tempo assistência ao berçário interno e externo, alojamento conjunto, sala de parto, enfermaria e emergência pediátrica.

Policlínicas voltam a ser pauta de reunião O vice-presidente e o secretário geral do Cremepe, André Dubeux e José Carlos, respectivamente, receberam representantes das

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policlínicas da prefeitura do Recife, Barros Lima, Bandeira Filho, Arnaldo Marques, Amaury Coutinho e da gestão municipal, para discutir os encaminhamentos das policlínicas geridas pela prefeitura. Estas reuniões acontecem uma vez por mês, quando os médicos do serviço cobram mudanças e a gestão tenta adequálas. Segundo André Dubeux, a realização destes encontros é positiva. “Desde que começamos a nos reunir estamos evoluindo. A Barros Lima foi reformada, a classificação de risco foi implantada na Bandeira Filho, agora, vamos aguardar a chamada do concurso para regularizar as escalas”disse.

MPPE convoca audiência para discutir cirurgias de cabeça e pescoço O Cremepe, a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado, o Hospital Oswaldo Cruz e médicos plantonistas foram convocados para uma audiência no Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O objetivo do encontro foi discutir a realização de cirurgia de cabeça e pescoço do hospital e foi convocada pela promotora de Justiça da Saúde, Maria Ivana Botelho. Para o médico Bartolomeu Melo, da equipe de cabeça e pescoço, o serviço está muito defasado em relação a investimentos tecnológicos. Segundo ele, há um “abismo” quando comparado a outros hospitais que realizam esses procedimentos. “Não temos foco cirúrgico adequado, material de laringoscopia, bisturi elétrico sem o sistema REM (de acordo com a literatura médica cerca de 85% dos acidentes com fogo em campo operatório ocorrem em cirurgias nas regiões de cabeça e pescoço). A promotora explicou que o interesse do MPPE é encontrar soluções para resolver os déficits da unidade. Ficou decidido que o Cremepe fará uma nova fiscalização no setor de cirurgias do HUOC e encaminhará o relatório para a promotoria. A gestão da unidade, por sua vez, informará o andamento das licitações dos equipamentos, o número de ultrassons realizados

ENTIDADES MÉDICAS E SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE DISCUTEM QUESTÕES DO SETOR MATERNO-INFANTIL Representantes das entidades médicas – Simepe e Cremepe – estiveram reunidos com o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia e assessores, na sede da PCR, Cais do Apolo/Recife. Durante quase duas horas, foram discutidos vários temas sobre as questões ainda pendentes na rede materno-infantil, tais como: o déficit de profissionais, as condições de trabalho nas unidades da rede municipal, além da questão da avaliação de desempenho e da gratificação de preceptoria. Os médicos enfatizaram a necessidade de ações concretas para desafogar as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), visando a melhoria do trabalho médico e dos atendimentos prestados à população. Participaram do encontro, os presidentes do Simepe, Mário Jorge Lobo, e do Cremepe, Silvio Rodrigues, a secretária-geral do Simepe, Cláudia Beatriz, e o secretário do Cremepe, José Carlos Alencar.

na unidade, o tempo do contrato da licitação da empresa destes exames, além da possibilidade de biopsia de congelamento em todos os dias de cirurgia oncológica.

Secretário de Saúde apresenta dados no Conselho A saúde dos brasileiros está em crise, o estado também. Para demonstrar os números e a situação dos recursos de Pernambuco, o Secretário de Saúde, Iran Costa, solicitou uma plenária no Conselho. A apresentação dos números ocorreu no mês de abril e contou com a presença da Secretária Executiva de Atenção à Saúde, Cristina Mota, e da coordenadora das Geres, Ricarda Samara. Os temas apresentados pelo secretário foram

o reflexo da crise econômica na saúde, Organizações Sociais (OSs), crise materno-infantil, epidemia de trauma e terceirizações. O Secretário de Saúde iniciou a explanação informando que a assistência enfrenta hoje um cenário complexo, além de uma crise financeira, de crédito e fiscal. “A SES gastou em 2014 cerca de 2.628, enquanto o repasse do SUS foi de 1.509. O orçamento de 2015 é 10% menor que o de 2014”, explicou Iran. Ainda segundo ele, a saúde do estado é mantida de duas maneiras: recursos do Governo Federal e o rendimento do estado que teve queda por conta do ICMS. O total de gastos na saúde, tanto do tesouro quanto do SUS em Pernambuco foi de 1.891.903.290,75 reais.

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fotos: assessoRia simePe

SIMEPE Sindicato dos Médicos de Pernambuco

Médicos de Pernambuco iniciam Campanha Salarial os médicos do estado iniciaram a campanha salarial 2015, em assembleia geral, realizada no auditório da ampe | Natália Gadelha

O

presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Mário Jorge Lôbo, fez uma breve análise do atual momento econômico do Estado e relembrou o movimento anterior, que resultou em conquistas importantes para categoria. Na ocasião, o presidente reforçou sobre a capacidade de negociação e da força dos médicos e identificou a união dos profissionais como a maior arma para um novo desfecho positivo. A categoria especificou os principais gargalos da saúde no Estado: déficit de recursos humanos, crise na rede materno-infantil, escassez de equipamentos, sobrecarga de trabalho, superlotação, entre outros. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Silvio Rodrigues, o cenário da saúde é pior que há quatros anos, quando houve a última negociação. “Os médicos tem sido a resistência da saúde”, comentou.

REIVINDICAÇÕES Além das más condições de trabalho e da recomposição salarial, outros pontos serão expostos e reivindicados durante o período de negociação entre o Simepe e o Governo de Pernambuco, como: piso médico nacional, jornada de trabalho, gratificação de plantão, revisão do PCCV, concurso público, preceptoria, insalubridade e produtividade. Serão essas as diretrizes do movimento dos médicos em 2015. O vice-presidente do Simepe, Tadeu Calheiros, chamou a atenção para o

Outros pontos serão expostos e reivindicados durante o período de negociação

apoio que o movimento está recebendo das sociedades de especialidades médicas (pediatria, radiologia, angiologia, endoscopia, cirurgia geral, cardiovascular, traumato-ortopedia), da Comissão de Honorários Médicos, Associação Médica de Pernambuco e da Sociedade de Buco-Maxilo. De acordo com ele, essa união fortalece o grupo. Outro ponto destacado pelo vice-presidente foi a realização das assembleias regionais. “Este ano convocamos assembleias em nossas regionais Petrolina, Ouricuri, Garanhuns e Caruaru, para repercutir ainda mais nosso movimento e mostrar a união em todo o Estado”, pontuou. Por fim, a categoria considerou positivo o modelo de negociação plurianual e aprovou que se repita o modelo, neste movimento de 2015. O Simepe encaminhará oficio com a pauta de reivindicação dos médicos à Secretaria Estadual de Saúde de PE e solicitará reunião para discutir o pleito. “Sempre tivemos uma grande capacidade de dialogo e negociação com os gestores, vamos fazer o possível para manter essa linha, sem que haja maiores desgastes”, finalizou o presidente.

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AGE em Caruaru amplia discussão de propostas

Natália Gadelha

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m Assembleia Geral dos médicos de Pernambuco, realizada na sede da Sociedade de Medicina de Caruaru, os médicos da rede estadual de saúde avaliaram o cenário político e econômico, além de discutirem as perspectivas, estratégias e desafios para a campanha salarial 2015. Os presidentes do Simepe e Cremepe, Mário Jorge Lobo e Sílvio Rodrigues, respectivamente, coordenaram a reunião e afirmaram que apesar das dificuldades econômicas atuais acreditam que, a capacidade de mobilização da categoria será fundamental para a negociação junto ao Governo do Estado. Na ocasião, os médicos de Caruaru apontaram a precariedade dos serviços de saúde, falta de investimentos nas unidades de saúde, recomposição salarial e de escala, revisão do PCCV (Plano de Cargos, Carreira e Investimentos)

Os presidentes do Simepe e do Cremepe coordenaram a reunião gratificação de plantão, descentralização da Junta Médica, condições de trabalho, concurso público e regionalizados, nomeação imediata, entre outras reivindicações.

PAUTA UNIFICADA O presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, assinalou que, este ano o movimento da campanha salarial tem por objetivo ouvir a categoria médica para a construção de uma pauta estadual unificada, através de assembleias gerais onde o Sindicato tem sedes regionais.

“Nosso compromisso é de ampliar essa discussão com os nossos colegas médicos de várias especialidades. Precisamos ouvir propostas e prioridades de cada regional, como já fizemos em Petrolina, Ouricuri, Garanhuns, Caruaru e no Recife. A nossa união sempre fez a diferença ao longo dos anos” acentuou. O presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, frisou que o apoio e adesão da categoria são decisivos para buscar novos avanços e de valorização do trabalho médico em Pernambuco. Por sua vez, o projeto da Caravana “Cuidando de gente” em evidência é importante para o fortalecimento das ações integradas de fiscalizações das entidades médicas junto aos profissionais, como também para melhorar os serviços da assistência à população. O relatório das fiscalizações serão apresentados em Coletiva de Imprensa, na próxima semana.

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SIMEPE Sindicato dos Médicos de Pernambuco

“Caravana Cuidando de Gente” movimenta Garanhuns

Chico Carlos

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omeçou no primeiro semestre de 2015 a Caravana “Cuidando de Gente” realizada pelas entidades médicas de Pernambuco (Simepe e Cremepe). Esta é a 13º edição do projeto, cujo objetivo é despertar a sociedade para os problemas enfrentados pela população de Pernambuco em relação à saúde, educação, cidadania e qualidade de vida. Este ano, a Caravana apresentou um novo formato e visitou dois municípios, Garanhuns e Caruaru. A primeira parada dos caravaneiros foi no município de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Neste novo formato foram realizadas três ativida-

des: ação de cidadania, fiscalização e plenária com a população.

AÇÃO DE CIDADANIA A Caravana é um projeto que busca sempre estar perto da população, pensando nisso, promoveu uma ação de cidadania, onde ofereceu serviços básicos de saúde, como: aferição de pressão, teste de glicose e orientações médicas. Cerca de 200 pessoas passaram pela ação na Praça Colunata, no Centro de Garanhuns. Ainda na ocasião, a população teve espaço para discutir sobre as principais dificuldades dos serviços de saúde do município e região, que vai desde falta de medicamentos à marcação de consultas. As queixas relatadas pelos cida-

dãos foram acrescentadas no relatório da pesquisa de rua, feita por uma equipe de caravaneiros que questionavam a opinião dos moradores de Garanhuns sobre a qualidade dos principais serviços públicos.

FISCALIzAÇÃO Conselheiros e diretores das entidades médicas de Pernambuco fiscalizaram o Hospital Infantil Palmira Sales, Unidade de Saúde filantrópica, conveniado ao SUS. O hospital serve de retaguarda em clinica médica, cirurgia pediatria e cirurgia geral. Realiza cerca de 200 cirurgias por mês e uma média de 190 partos (cesárias e normal) por mês. Nessas fiscalizações são analisados todos os aspectos do hospital.

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A equipe também fiscalizou a Unidade de Saúde da Família (Usf) Brasilia I, que atende em media 30 pacientes por dia, com consultas agendadas para gestantes e atendimento para idosos e adolescente.

Simepe busca soluções para o Hospital Helena Moura

ASSEMBLEIA GERAL No segundo dia de atividades e dentro da programação da Caravana foi realizada a Assembleia Geral dos médicos de Pernambuco /Garanhuns. O vice-presidente e secretária geral do Simepe, Tadeu Calheiros e Claudia Beatriz, respectivamente, conduziram a reunião. O momento foi para ouvir os pleitos dos médicos e repassar o direcionamento da campanha salarial 2015, que teve inicio no dia 27 de maio em Assembleia Geral da categoria, no Recife. Os médicos relataram as deficiências dos serviços de saúde, falta de investimentos no Hospital Dom Moura, déficit de recursos humanos, entre outros. Assuntos trabalhistas também pautaram a AGE, como: gratificação de plantão, recomposição salarial e plantões extras. O vice-presidente do Simepe, Tadeu Calheiros, ressaltou que o diferencial deste movimento é a integração e realização das assembleias com pauta estadual realizadas nas regionais onde o Sindicato têm sedes. “O que caracteriza nossa categoria é a união, por isso vamos ampliar os fóruns de discussão por todo o estado”, pontuou. O presidente do Cremepe, Silvio Rodrigues, aproveitou a oportunidade e fez um breve contexto da Caravana e um resumo das fiscalizações realizadas nos hospitais do município, nestes dois dias. O relatório das fiscalizações serão apresentados em Coletiva de Imprensa.

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epresentantes do Simepe estiveram reunidos com o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia e assessores, na sede da PCR, Cais do Apolo/Recife. No encontro, foram abordados assuntos relacionados a unidade de saúde – Hospital Helena Moura – o único hospital pediátrico da rede municipal.Os mé-

dicos reiteraram a necessidade de ações efetivas, para desafogar a referida unidade que hoje trabalha com sobrecarga e perfil de pacientes de maior gravidade. O objetivo é de melhorar as condições de trabalho dos médicos e dos atendimentos prestados à população. A gestão municipal se prontificou em solucionar a recomposição das escalas de plantão do Helena Moura, com a homologação dos aprovados no concurso público, para garantir quatro médicos plantonistas. Além disso, assegurou o reforço da segurança do hospital junto à Polícia Militar para inibir a violência naquela área.

Simepe discute melhorias para o Hospital de Areias A

pós receber relatos sobre a precariedade da estrutura do Hospital Geral de Areias, diretores do Simepe visitaram a unidade de saúde, para apurar as denúncias. Os principais problemas apontados estão relacionados às más condições do estar médico, repouso, sala vermelha e emergência, além do déficit nas escalas de plantão. Na oportunidade, o vice-presidente e a secretária geral do Simepe, Tadeu Calheiros e Claudia Beatriz, foram recebidos pela diretora do hospital, Karla Freitas e a diretora médica, Jocilcleide Ferreira, onde questionaram a falta de manutenção e melhorias nas estrutura da unidade de saúde. A diretora da unidade, Karla Freitas, informou que já tomou algumas providencias, como por exemplo, transferir o repouso dos médicos para outro local, até solucionar os problemas com as goteiras. O estar médico também receberá melhorias. Afirmou que o telhado está sendo consertado o que diminuirá as consequências da chuva no interior da unidade de saúde. Sobre as escalas de plantão, garantiu que o

número de profissionais será mantido com três profissionais. O vice-presidente do Sindicato, Tadeu Calheiros, avaliou positivamente a recepção da diretora, que se pôs disposta a resolver no prazo de 15 a 30 dias, os impasses que prejudicam o bom funcionamento o hospital.

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fotos: assessoRia simePe

SIMEPE Sindicato dos Médicos de Pernambuco

Médicos de Garanhuns querem vínculo estadual a assembleia geral da categoria foi realizada na sede da unimed agreste | Natália Gadelha

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o mês de junho foi realizada a Assembleia Geral dos médicos de Pernambuco/Garanhuns, na sede da Unimed Agreste Meridional. O vice-presidente e a secretária geral do Sindicato dos Médicos, Tadeu Calheiros e Claudia Beatriz, respectivamente, conduziram a reunião. O momento foi para ouvir os pleitos dos médicos e repassar o direcionamento da campanha salarial 2015, que teve inicio em 27 de maio, em Assembleia Geral da categoria, no Recife. Os médicos da região relataram as deficiências dos serviços de saúde, falta de investimentos no Hospital Dom Moura, déficit de recursos humanos, entre outros. Assuntos trabalhistas também pautaram a AGE, como: gratificação de plantão, recomposição salarial e plantões extras. O vice-presidente do Simepe, Tadeu Calheiros, ressaltou que o diferencial deste movimento é a integração e realização das assembleias com pauta estadual realizadas nas regio-

Os médicos da região relataram as deficiências dos serviços de saúde e falta de investimentos nais onde o Sindicato têm sedes. “O que caracteriza nossa categoria é a união, por isso, vamos ampliar os fóruns de discussão por todo o estado”, pontuou. O presidente do Cremepe, Silvio Rodrigues, aproveitou a oportunidade e fez um resumo das fiscalizações realizadas nos hospitais do município, com a “Caravana Cuidando de Gente”. O relatório das fiscalizações serão apresentados em Coletiva de Imprensa, na próxima semana.

Médicos de Petrolina entram na luta

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édicos de Petrolina vinculados à rede estadual de saúde reuniram-se em Assembleia Geral, no auditório da Unimed do Vale São Francisco, onde discutiram pontos que serão serem incluídos na pauta da Campanha Salarial do Estado deste ano. Os diretores do Simepe, Malu David e José Alberto Rosa enfatizaram que a luta e mobilização da categoria nos últimos anos, através do Sindicato, foram importantes nas conquistas e avanços da categoria. Ressaltaram, também, em tempos de crise, é preciso intensificar a mobilização e, sobretudo, a união que sempre fez a diferença no movimento médico, no âmbito estadual. Depois de quase duas horas de discussões foram definidos os seguintes pontos: realização de concurso público, condições de trabalho, criação de uma carreira essencial ao Estado para o médico no Sistema Único de Saúde (SUS) e inclusão do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos (PCCV) para os médicos cedidos ao Hospital Universitário (HU) de Petrolina.

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PrevMed chega em Petrolina e Região do Vale do São Francisco O

Simepe informa aos médicos de Petrolina e região do Vale do São Francisco que consultores do Plano de Previdência dos Médicos (PrevMed), ficarão no período de 30 de maio a 03 de junho, para agendamento, com a finalidade de prestar informações e esclarecimentos. Os consultores Alexandre Pedrosa e Gustavo Gomes, participaram da Assembleia Geral dos médicos da rede estadual de saúde, no auditório da Unimed do Vale São Francisco, onde apre-

sentaram os resultados da consultoria realizada pela Totalprev Corretora de Seguros (PrevMédicos) junto às principais seguradoras, oferecendo condições

especiais para a classe médica. Eles ainda prestaram esclarecimentos e orientações sobre o Simeprev (Previdência da Petros). Além disso, frisaram sobre as diferenças de rendimentos, solidez das seguradoras, incentivos fiscais, enfim, as melhores vantagens/opções para a adesão, como alternativa para atender a todos os médicos e familiares. Os médicos associados serão atendidos por consultores qualificados da (PrevMed) para dar o melhor suporte e orientação, atendendo as necessidades e satisfação de todos (as).

Ouricuri: médicos definem principais reivindicações S

ob a coordenação do Simepe, os médicos da rede estadual de saúde de Ouricuri e Região se reuniram em Assembleia Geral, no auditório da IX Gerência Regional de Saúde (Geres). O objetivo da categoria foi de avaliar o cenário da saúde no Sertão do Araripe e discutir as reivindicações a serem incorporadas à Pauta Unificada da categoria neste ano. A diretora do Simepe, Malu Davi juntamente com os representantes de Ouricuri, Cacio de Alencar, Antônio Adalto, Erickson Alves e Ale-

xandre Lage, enfatizaram a necessidade do fortalecimento da luta sindical, através da união e mobilização, fatores importantes para a conquista de novos avanços. Os médicos voltaram a criticar a insegurança em ambientes de trabalho e citaram o exemplo do caso de morte de um motorista de ambulância, no interior do Hospital Municipal Maria Senhoria de Souza, centro de Granito. Ao final da AGE, os profissionais médicos apresentaram as principais reivindicações: concurso público,

recomposição salarial, revisão do PCCV, condições de trabalho, insalubridade, produtividade, bem como a implantação de posto policial nas unidades de saúde, como por exemplo, no Hospital Regional, visando garantir a segurança dos pacientes e profissionais de saúde.

Médicos das ESFs do Recife debatem propostas de preceptoria O

s representantes do Simepe e os médicos da Estratégia Saúde da Família do Recife e Região Metropolitana estiveram reunidos em Assembleia Geral, quando discutiram propostas de preceptoria nos PSFs, através das faculdades privadas, valorização do trabalho médico, educação continuada, melhorias de infraestrutura, entre outros. A reunião foi à tarde, no auditório do Sindicato e contou com a

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participação dos integrantes da diretoria - Tadeu Calheiros, Cláudia Beatriz, Walber Stéfano e Maria de Fátima Vieira Campos. Os médicos debateram questões relacionadas à pauta da assembleia e outros assuntos de caráter da profissão médica. Ao final foram deliberadas as seguintes propostas: oficiar às instituições privadas de medicina sobre as preceptoria nos PSF´s; propor uma

reunião com a secretaria de Saúde do Recife para discutir prioridades do Estratégia Saúde da Família; informar ao Cremepe sobre interferência de gerentes territoriais na autonomia do trabalho médico; homogenizar às práticas entre os distritos sanitários do Recife;solicitar gerência médica para os distritos sanitários e ampliar a discussão, por meio de reunião específica com os médicos do PSF.

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antonio gomes – amPe

AMPE Associação Médica de Pernambuco Dra. Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque em frente ao espaço da Revolução Pernambucana de 1817 no IAHGP

Revolução de 1817 pode ganhar museu em seu bicentenário Por Antonio Gomes – AMPE

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m seis de março de 2017 comemora-se o bicentenário da revolução republicana ocorrida em Pernambuco. Pela primeira vez no mundo português uma província se insurgiu, tornando-se efetivamente independente. O evento causou forte impacto. O mundo logo se preocupou com o que se passava. A Coroa procurou minimizar o acontecimento a despeito das dezenas de condenações á morte e centenas de

encarceramentos que dela resultou. Pernambuco foi duramente castigado tendo seu território sido reduzido por decisão de Don João VI. A vinda de Don João VI para o Brasil trouxe o poder mais próximo de Pernambuco. Na época província rica e politicamente influente. O nosso açúcar era exportado para o mundo e nosso algodão era extremamente requisitado devido à sua qualidade. A Inglaterra precisava dele para a bastecer suas maquinas, pois com os Estados Unidos conseguindo sua independência em

1783, deixaram de exportar para lá. Pernambuco passou a ser um grande exportador do insumo, o que nos tornou ainda ricos e mais influentes. O surgimento na Europa do séc. XVII, em especial na França, do movimento iluminista, que passou a usar a razão no enfrentar a realidade cultural e política vigentes à época, buscando um novo ideal de liberdade no combate ao poder absoluto centralizado da monarquia e de Igreja, transformou conceitos e concepções do homem e do mundo. Os ideais iluministas, fecundados pela Revolução Francesa, fervilhavam na Europa, trazendo ideias novas e “iluminando o mundo”. Aqui, os clérigos se entusiasmaram com conhecimento. Tinham educação e cultura para absorver este conhecimento. Pois nosso povo era analfabeto, composto por 60% de escravos, aproximadamente. Não havia estatísticas e estudos demográficos. Portugal ia ficando muito atrasado

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quanto à cultura. Os jovens pernambucanos ricos já não iam mais a Coimbra. Preferindo Paris (Montpellier), outros a Alemanha (Rottinger). Uma burguesia enriquecida com o aquecimento econômico do estado desejou se rebelar contra a Coroa portuguesa. Entre elas os Cavalcanti de Albuquerque (os Visconde de Suassuna (conservador), Barão de Muribeca e Visconde de Albuquerque (liberal). Eram grandes senhores de engenho á frente da conspiração dos Suassuna em 1801. ( Suassunada) Outro ponto de apoio importante veio dos padres. Repletos dos ideais iluministas, alguns professores do Seminário de Olinda, fundado por dom Azeredo Coutinho, um bispo economista que achava que o desenvolvimento de uma nação dependia da educação dos jovens. Coutinho não teve o apoio da população visto que cobrava altos impostos para financiar

a educação e seu Seminário. Presidiu a junta governativa, e foi caindo em desgraça. Escapou de ser morto em uma emboscada armada em seu caminho para o palácio episcopal na hoje Rua Corredor do Bispo. Resolveu bater de frente contra os Cavalcanti de Albuquerque do engenho Suassuna. Eles conseguiram ser soltos graças a empréstimo à coroa. O bispo sentiu-se desmoralizado e providenciou seu retorno a Portugal. O Seminário ficou sob os cuidados de seus professores todos repletos das ideias iluministas. Frei Caneca, que ensinava geometria, padre João Ribeiro, ensinava canto e desenho. Frei Miguelinho, professor de oratória, imaginava uma sociedade organizada onde se pensa no coletivo e se é educado desde o berço, de forma democrática e republicana. Padre João Ribeiro foi o grande ideólogo da época. Mas Frei Caneca é o mais lembrado devido ao advento da imprensa em Pernambuco: o Typhis Pernambucano (Timoneiro Pernambucano) era seu Jornal e foi o grande responsável pela sua fama. Se a revolução de 1817 tivesse sido mais bem planejada é provável que o resultado fosse outro. Houve uma precipitação de fatos pelo capitão José de Barros Lima (Leão Coroado) que culminaram no adiantamento do início da revolução para o dia 6 de Março. Ele perdeu a calma e matou o seu comandante com sua a espada. Assim, a revolução teve que ser iniciada sem o devido planejamento. Poucos revolucionários tinham preparo bélico. Não sabiam o que era uma guerra. A revolução de 1817 teve tempo para compor um governo com presidente (Padre João Ribeiro) secretariado, câmara e um projeto de constituição a ser posto em prática em até dois anos. Pernambuco foi o estado mais espoliado da federação, punido com a perda de Alagoas e a comarca do São Francisco, uma das regiões mais prósperas. A proclamação da república de 1889 não reconheceu os méritos da revolução devido a forte campanha em favor da inconfidência mineira, que na verdade foi uma conjuração e não houve constituição por que não chegou ao poder. Em vez de seis de março (inicio da revolução de 1817), o 21 de abril tornou-se data nacional por que Pernambuco tornou-

-se independente contra Don Pedro I e contra Don João VI. Um conjunto de historiadores e pesquisadores se juntou para promover a data com uma exposição inovadora. Um Memorial permanente. O Liceu de Artes e Ofícios que circunda, junto com o Teatro de Santa Isabel e o Palácio das Princesas a Praça da República, é cogitado para sede deste Memorial. Estão em curso negociações comandadas pelo Senhor Secretário da Casa Civil do Governo do Estado, Dr. Antônio Figueira, para que o Liceu sedie a homenagem a partir do ano que vem. O imóvel já dispõe de infraestrutura com internet e energia praticamente pronta para colocar o projeto em execução. Assim, Pernambuco ganhará um importante museu a exemplo de outros que usam interatividade e requintados recursos audiovisuais. Outro motivo dos esforços do grupo é pleitear que a data de (seis de março) seja reconhecida como data nacional. O Liceu está voltado para o local onde aconteceram importantes acontecimentos da Revolução de 1817. Na época foi chamado de “Campo da Honra” por que as tropas do exército que vieram até ali para combater os revolucionários, era composta por pernambucanos. Os soldados se negaram a abrir fogo contra os próprios conterrâneos, e fizeram o acordo “da honra”. Caso as negociações da Casa Civil deem frutos, poderemos comemorar condignamente a mais importante revolução do ciclo revolucionário pernambucano. Colaboraram com a matéria os historiadores maria Cristina Cavalcanti de albuquerque (médica e sócia da amPe), Reinaldo Carneiro leão, do iahgP, e nilzardo Carneiro leão, Professor, advogado e membro do iahgP e da aPl. iahgP - instituto arqueológico histórico e geográfico Pernambucano Rua do hospício, 130, Boa vista, Recife - Pe - CeP.: 50060-080 fone: (81) 3222-4952 / e-mail: contato@institutoarqueologico.com.br horário de visitação: segunda à sexta-feira, das 13h às 17h / sábado, das 8h às 12h Referência Bibliográfica. o seminário. maria Cristina Cavalcanti de albuquerque. edições Bagaço, Recife, 2015

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AMPE Associação Médica de Pernambuco

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Associação Médica de Pernambuco realizará nos dias 20 e 21 de agosto o 42° Congresso Médico Estadual de Pernambuco, evento que consolida o perfil científico da instituição permitindo a atualização e capacitação dos médicos e estudantes de medicina. O evento será no Centro de Convenções do Real Hospital Português, no momento em que essa instituição hospitalar completa 160 anos de existência, com relevantes serviços prestados em assistência à saúde e a formação de profissionais desta área. Contará também com o apoio da AMB, Cremepe, Simepe e demais entidades e instituições de saúde. “Medicina hoje” foi o tema escolhido com a intenção de abordar assuntos importantes e atuais da área, em conjunto aos avanços da tecnologia, das conquistas dos direitos humanos, sociais e suas consequencias na prática médica. Experientes palestrantes e conferencistas estaduais e nacionais contribuirão para que o congresso atinja seu objetivo.

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FECEM Federação das Cooperativas/PE

Integração e fomento

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Federação das Cooperativas de Especialidades Médicas de Pernambuco – FECEM, fundada em 01 de junho de 1996, promove a integração e o fomento do Cooperativismo Médico entre os mais de 1000 profissionais congregados em suas cinco cooperativas, Copepe, Copego, Coopecir, Coopeclin e Coopecárdio. Contato: email: fecem.pe@ig.com.Fone: (81) 2125-7461. O presidente da FECEM, Dr. Antônio Barreto de Miranda formou-se em 1977 pela UFPE, e fez residência medica em cirurgia geral no HGV 78/79. Já foi Presidente da COOPECIR, Diretor Geral do HOF. Presidente da Apemol, Diretor do IML. Atualmente presidente da FECEM tem como objetivo ocupar os espaços de atuação pertinentes ao cargo, no sentido de divulgar a FECEM, expandir os convênios e lutar para diminuir a carga tributária das cooperativas associadas. Diretoria Executiva FECEM: Diretor Presidente: Dr. Antônio Barreto de Miranda Diretor Administrativo: Dr. George Cozzi Diretor Financeiro: Dr. Carlos Japhet da Matta Albuquerque A Cooperativa de Serviços Médicos Pediátrico de Pernambuco, COPEPE, foi fundada em 1995, e atualmente conta com 108 cooperados atendendo a mais de 25 convênios, e abrange as seguintes especialidades: Adolescente (Hebiatria), Alergologia e Imunologia, Cardiologia, Clínica, Endocrinologia, Infectologia, Neonatologia, Neuropediatria, Pediatria Clínica. Contato: copepe@uol.com.br Fone:(81) 2125-7466. Diretoria COPEPE: Diretor Presidente: Dra. Analíria Moraes Pimentel

Diretor Administrativo: Dr. Walmir Leonardo Pinheiro da Silva Diretor Financeiro: Dr. Armando José Franco Teixeira Fundada em dezembro de 1993, a Cooperativa dos Médicos Cirurgiões de Pernambuco, COOPECIR, conta hoje com mais de 600 médicos cooperados, todos altamente especializados para que garantam a qualidade do serviço prestado pela cooperativa a usuários de mais de 20 convênios. Os profissionais antes de se associarem, são rigorosamente avaliados, e durante sua permanência na entidade são permanentemente acompanhados para que a excelência no serviço seja mantida. Contato: coopecir@coopecir.com.br Fone: (81)3034-4074. Diretoria COOPECIR: Diretor Presidente: Albérico Dornelas Câmara Junior Diretor Financeiro: Armanda Cahen Sol Diretor Administrativo: Pedro Geraldo de Souza Passos Cooperativa dos Médicos Ginecologistas e Obstetras de Pernambuco (COOPEGO) foi criada em 1993 e tem como objetivo incentivar a Ginecologia e Obstetrícia em Pernambuco. Seus mais de 200 cooperados prestam serviço a 34 convênios com qualidade garantida pela cooperativa que só aceita novos associados após criteriosa avaliação. Contato: copego@copego.com.br Fone: (81) 2125-7481. Em 28/04 foi liberado todos os atendimentos do convênio com o Hospital da Marinha. Diretoria COPEGO: Presidente: Dr. Paulo Roberto de Andrade Secretário: Dr. Vamberto de Oliveira Maia Tesoureira: Dra. Aspásia Pires

A COOPECLIN, Cooperativa de Trabalho dos Médicos de Especialidades Clínicas de Pernambuco fundada em 1996 tem atualmente mais de 250 cooperados que atendem a 31 convênios abrangendo 17 especialidades distribuídas em sete áreas de atuação. Contato: coopeclimail@bol.com.br Fone: (081) 2125.7420, 2125.7421 e 2125.7422. Entre os projetos para 2015 estão a realização do V/ VI Encontros das Secretárias dos Médicos cooperados, respectivamente em 22/06 e 09/10. Convênios em negociação: Caixa Saúde e Petrobras. Convênios contatados: AMIL, BRADESCO SAÚDE, CASSI, FUSEX, GEAP, MARINHA, POLICIA MILITAR DE PERNAMBUCO, SASSEPE, SAUDE RECIFE, SULAMÉRICA, UNILIFE SAÚDE. Parcerias firmadas: Fundação terra e Prevplan. Diretoria COOPECLIN: Presidente: Dra. Sirleide de Oliveira Costa Lira Diretor Secretário: Dr. Amaro Gusmão Guedes Diretor Tesoureiro: Dr. Alexandre Jorge de Queiroz e Silva COOPECÁRDIO- Cooperativa de Trabalho dos Médicos cardiologistas de Pernambuco fundada em 1995, tem hoje 227 cooperados entre médicos da especialidade de cardiologia, cirurgia cardiovascular e torácica atendendo a 27 convênios. Contato: coopecardio@coopecardio. com.br Fone: (81) 3034-6085. Diretoria COOPECÁRDIO: Presidente: Dr. Carlos Japhet da Matta Albuquerque Diretora Financeira: Dra. Maria de Lourdes Carneiro David de Souza Diretora Administrativa: Dra. Maria de Fátima Monteiro Lobo de Araújo

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APMR Assoc. Pernamb. de Médicos Residentes

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estado de Pernambuco, assim como o país, vive uma situação degradante na área da saúde. Falta de medicamentos básicos, cirurgias canceladas principalmente por falta de insumos, serviços inteiros sem funcionar por falta da manutenção dos materiais e os usuários do SUS sem a devida assistência que lhe garantem a Constituição Cidadã. Os Médicos Residentes do Hospital Universitário Osvaldo Cruz vinculado à Universidade de Pernambuco pararam suas atividades no dia 22/07 para chamar a atenção da sociedade e dos governantes das dificuldades vividas no hospital e que prejudicavam a assistência ao paciente e o aprendizado dos residentes. Já os médicos residentes do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, vivenciando os mesmos problemas, estão em greve desde 10/07 na expectativa de um compromisso escrito dos gestores em promoverem melhorias para os serviços e consequentemente retornar as condições mínimas para a boa formação e para a assistência médica. Diante desses acontecimentos e da clara necessidade de organização da ca-

tegoria médica, e aqui, especificamente, dos médicos residentes, um grupo de doze médicos residentes de vários hospitais se reuniram e, por meio de assembleia, foram indicados para Comissão Gestora, com a missão de assumirem a Associação Pernambucana de Médicos Residentes (APMR) por um período de três meses e, ao mesmo tempo, promoverem eleições diretas para a gestão 2015/1016. Nesse sentido, o grupo tem a responsabilidade, ratificada pelos seus pares, de garantir a reorganização do Movimento Médico Residente com vistas a melhoria do SUS e dos serviços que recebem residência, além de trazer à discussão a Lei do Mais Médicos, que interfere diretamente com a nossa formação! Todos os setores estão convidados para nos ajudar nessa missão. marcus villander, médico residente, membro a comissão gestora da aPmR

Abaixo se encontram os membros eleitos para a comissão gestora da Associação Pernambucana de Médicos Residentes: •Marcus Villander B. de O. Sá, residente de clínica médica do Hospital Português. •Mauriston Renan Martins Silva, residente

divulgação

Soluções para a crise

de ortopedia do Hospital Getúlio Vargas. •Everton Abreu Lopes, residente de clínica médica do Hospital Barão de Lucena. •Lucas Cavalcante Novaes Neto, residente de cardiologia do PROCAPE. •Thaysa Fernanda de Carvalho Rodrigues, residente de clínica médica do Hospital Universitário Osvaldo Cruz. •Thiago Souza e Silva, residente de cirurgia do Hospital Otávio de Freitas. •Pedro da Costa Mello Neto, residente de acupuntura do Hospital das Clínicas de Pernambuco. •Tatiane Indrusiak Silva, residente de neurologia do Hospital da Restauração. •David Pinheiro, residente de psiquiatria do instituto de medicina integral Professor Fernando Figueira. •Ana Carolina de Souza Pieretti, residente de psiquiatria da Prefeitura do Recife; •Éric Coelho Alves, residente de medicina de família e comunidade da Prefeitura da Cidade do Recife. •Rodrigo de Lemos Soares Patriota, residente de clínica médica do Hospital Otávio de Freitas. •Omar Jacobina de Figueiredo, residente de cirurgia geral do hospital Agamenon Magalhães.

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APM Academia Pernambucana de Medicina

Música clássica e saúde divulgação

Fernando Pinto Pessoa*

Concerto da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre no salão de atos da UFRGS. Solista: José Milton - Trombone. Regente: Osman Gioia

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e você, médico ou leigo, é novato em música clássica, saiba que você entra em um maravilhoso mundo artístico, com um grande proveito. Segundo cientistas finlandeses, ouvir frequentemente música clássica ajuda na prevenção de doenças degenerativas. Em outras palavras, a neurotransmissão sináptica aumenta resultando na ajuda à memória, ao QI e à aprendizagem, além da ativação do sistema imunológico. Experiências em animais (aves, pássaros cantores) confirmam esses resultados. Os mecanismos neuroquímicos geram efeitos positivos no temperamento, no estresse e na sociabilidade. O efeito benéfico é, pois, a harmonização da saúde física com a emocional, como salienta o psiquiatra inglês Robert Schaffer. O Departamento de Psicologia da Universidade McGill do Canadá confirma que certas músicas elevam a produção de imunoglobulina A e leucócitos, e reduzem a de cortisol, o hormônio do estresse; daí as interações sociais. Cientistas japoneses verificaram um retardo no aparecimento

do Mal de Alzheimer e Parkinson, além de um efeito positivo na recuperação pós-operatória, e até em gestações. Outro grande proveito é o aumento da produtividade no trabalho, sejam em fábricas, em salas de cirurgia, em trabalhos domésticos ou construções civis. Já dizia Platão: “A música é o remédio da alma”. A maioria dos eruditos da música clássica, principalmente os maestros, eleva entre os maiores compositores os nome de Bach, Handel, Vivaldi, Beethoven, Mozart e outros grandes nomes. Entre os grandes entusiastas da música erudita a preferência é variável. Depende da frequência, do momento, da época ou do gosto de cada um. Por quê? O intelecto sempre cede lugar à emoção em busca da paz, enaltecimento e transcendência espiritual e porque ela se destina a conquistar diretamente os sentidos. Um exemplo é o próprio autor desta crônica que ouve com muito maior frequência as suítes principais de Telemann É claro que há músicas mais acessíveis que outras, porque ora são melodias lindas,

ora porque quando ouvidas pela primeira, ou segunda vez, parecem sons de gansos. Pela primeira vez é uma coisa; ouvi-la muitas vezes em seguida é outra coisa. Aquilo que parecia feio torna-se milagrosamente perfeito e encantador. São exemplos de músicas clássicas adoráveis: de Beethoven, 2º movimento da sinfonia Pastoral; de Tchaikovsky, suíte Quebra Nozes; de Handel, Música Aquática e Largo, de Xerxes; de Wagner, Prelúdio de Lohengrin (primeiro ato); de Allegri, Miserere (canto sacro); de Ketèlbey, Santuário do Coração; de Vivaldi, As 4 Estações; de Mozart, Sinfonia Haffner; de Bach, os Concertos Brandeburgo; de Brahms, 1º movimento da 4ª sinfonia; de Sibelius, 1ª Sinfonia etc, etc. Dois bons livros para ler: História da Música de Otto Carpeaux e Música Clássica para “Dummies”, de David Pogue e Scott Speck. *Cirurgião e professor aposentado da faculdade de Ciências médicas da upe. membro da academia Pernambucana de medicina

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Viu como é difícil entender uma informação quando ela está incompleta? O correto preenchimento do prontuário médico é muito importante para o médico e para o paciente. Nesse documento devem estar registrados todos os cuidados profissionais prestados ao paciente, de forma completa, clara e precisa. O prontuário médico corretamente preenchido é obrigação do médico e, eventualmente, pode ser a sua defesa.

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Revista das entidades médicas de Pernambuco – Ano XII– Nº 28 – Jan/Fev/Mar 2015

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