Revista Mineira de Engenharia - Edição 41

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Inventividade aparecimento dos automóveis as estradas de ferro eram o único meio de transporte terrestre. Segundo o engenheiro e historiador Pedro Carlos da Silva Teles, “é importante observar que, por essa época e até a década de 20, a engenharia ferroviária era a especialidade mais importante, e até quase única da engenharia brasileira. Fazer engenharia no Brasil era, praticamente, sinônimo de projetar, construir ou operar estradas de ferro.” Muitos acontecimentos importantes, como a construção e ampliação de linhas e surgimento de novas companhias, foram registrados a partir de 1884, período de grande desenvolvimento do setor ferroviário até o ano de 1900, quando o Brasil já contava com 15.316 quilômetros de ferrovias. Algumas delas de grande complexidade construtiva, projetadas e construídas por engenheiros brasileiros, como a Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá. A partir de então, o sistema ferroviário cresceu com maior lentidão, sofrendo com as crises do período da Primeira Guerra Mundial e da Revolução de 30, também de ordem administrativa e financeira, apesar de algumas ferrovias serem modelos de organização e eficiência. Porém, muitas das linhas deficitárias não poderiam ser desativadas porque não havia outro sistema de transporte que as substituísse. A Estrada de Ferro D. Pedro II, que desde a proclamação da República passou a se chamar Estrada de Ferro Central do Brasil, continuou sendo a mais importante obra ferroviária no Brasil, com maior extensão, maior movimento e maior renda. Também era a maior empregadora de engenheiros no País e a grande escola de engenharia ferroviária, por onde passaram quase todos os grandes nomes da nossa engenharia. Outras eficientes e prósperas ferrovias eram a Paulista e a Santos-Jundiaí, de administração privada, mas também algumas de administração de governos estaduais, como a Sorocabana, a Viação Férrea e a Rede Sul Mineira. A Paulista era a mais importante ferrovia do Estado de São Paulo, tida como exemplar, modelo de organização, avanço técnico e perfeição de serviços. No passado, além do transporte de passageiros e de cargas, as estradas de ferro tinham um papel muito relevante no sistema de comunicação do País, pelas suas redes telegráficas, inclusive prestando serviços alheios à ferrovia. Também vale lembrar sua enorme influência e benefícios à sociedade. Paralelamente ao desenvolvimento da engenharia ferroviária, veio o grande desenvolvimento de aplicações de estruturas de concreto armado na construção de inúmeras obras de arte necessárias à construção das ferrovias. Também merece destacar o emprego da eletrificação, que teve início na década de 20, em linhas da Paulista, e na década de 30, na Central do Brasil. Revista Mineira de Engenharia nº 41 | 2019

As últimas locomotivas a vapor foram usadas até meados do século XX e substituídas por novas versões a diesel e elétricas Em 30 de setembro de 1957, através da Lei nº 3.115, foi constituída a Rede Ferroviária Federal que cobria grande parte da rede ferroviária do País, empresa que teve seu encerramento em 1999. Nos dias de hoje, as ferrovias são amplamente utilizadas na Europa e em muitos países desenvolvidos, além de serem empregadas em países muito populosos, como Índia e China. Países da América Latina e África, assim como o Brasil, optaram pelas rodovias ao invés das ferrovias. A falta de investimentos, aliada à prioridade do governo para o transporte rodoviário desde a década de 50, fez com que o modal ferroviário praticamente desaparecesse, considerando que apenas 42% da rede existente acha-se em plena operação, majoritariamente no transporte de minério e grãos. Algumas poucas, ainda utilizadas para suprir pequenos trechos turísticos. Nossa malha ferroviária, que chegou a ter 34.207 quiIômetros de extensão, conta hoje com 30.129, portanto, apenas o dobro do que existia há cerca de 120 anos atrás (cortar palavra), com participação de 15% na matriz de transportes do País. Segundo declarações recentes do Ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, está nos planos do governo em início de implantação, dobrar essa participação no prazo de 8 anos.

Ferrovias Históricas do Brasil Ferrovia

Data de inauguração

Recife ao São Francisco (PE)

08/02/1858

D. Pedro II – Central do Brasil (RJ)

29/03/1858

Bahia ao São Francisco (BA)

28/06/1860

Santos a Jundiaí (SP)

16/02/1867

Companhia Paulista (SP)

11/08/1872 Fontes de pesquisa:

História da Engenharia no Brasil, de Pedro Carlos da Silva Telles Séculos XVI a XIX e Século XX https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/ferrovias-no-brasil-historia-dos-trens-no-pais.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/ferrovia.htm http://www.museuhcnaturais.org.br/conteudo/24/ estrada-de-ferro-no-brasil http://svl.com.br/ferrovia.htm

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