Boletim corte seco edição 3| ano 2
Os tempos são outros. As tecnologias avançam e mudam a forma como a gente se expressa e vê o mundo. A Corte Seco nasceu pronta para se tornar referência no quesito visual. Concebida para ser impressa, a nossa revista se encontrou em um formato horizontal e retangular. Mas as impressões não vieram. E a impressão que ficou é a de que não devem vir. Por isso, a partir da nossa próxima edição, a Corte Seco será 100% digital e online. Aprecie o nosso terceiro Boletim, curta os incríveis textos que estão nesta edição e se prepare para o futuro.
expediente Comissão editorial
Revisão
Bárbara de Alencar Benjamin Yousef Cauê Henrique Gabriela Meneses Júlia marques
Paulo Rossi Gabriela Meneses
Natália Alves Paulo Rossi Ricardo Salmito Rodrigo Capistrano
Redação
Diagramação
Bárbara de Alencar Natália Alves Cícera Wylliana Paulo Rossi
Júlia marques Benjamin Yousef
Boa leitura!
Pacarrete forte como um mandacaru
e sensível como uma margarida Por Cícera Wylliana
A
ssim é descrita a figura protagonista do filme que leva o seu nome, uma mulher que traz em si traços fortíssimos dessas duas plantas: uma típica do bioma da caatinga, habituada à aridez e à seca, por isso forte; e a outra, de origem europeia, associada à delicadeza, à pureza e ao amor. Pacarrete, (que vem de pâquerette, margarida em francês) tem um lado flor, extremamente sensível e amorosa, e um lado cacto, espinhenta, de pura bruteza, pois brotada em um lugar completamente avesso aos seus gostos e às suas concepções. Ambientado em Russas, Ceará, no ano de 2019, o filme de Allan Deberton conta a história dessa estrela fora do seu tempo, que, como gosta de afirmar, foi uma “bailarina, professora e
artista” de muito prestígio em seus bons tempos de mocidade. A personagem, interpretada de forma brilhante pela atriz Marcela Cartaxo, cultiva gostos e hábitos de origem francesa, desde o seu fazer mais prazeroso, o ballet – a narrativa gira em torno da insistência dela em “presentear” a cidade com uma apresentação no aniversário de 200 anos – à forma de vestir, falar, ouvir, e assim por diante. Pacarrete borra as fronteiras entre a lucidez e a loucura. Com fala categórica, postura firme e ousada, ela é uma mulher soberba, cheia de manias e de um potencial inquestionável, porém não reconhecida pelos seus conterrâneos, o que gera uma relação de desencontro com o lugar. Moradora de uma
1 Boletim