Revista de filosofia 10

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Amor à Sabedoria Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares

Revista de Filosofia Ano X - N.º 1

Ano letivo 2015/ 2016


Revista de Filosofia

Ano: X Número: 1

Sumário Página

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Editorial ………………………………………………………………………………3 Será que uma Guerra pode ser Moral? ………………………..……..…….……4 Para Meditar ……………………………………………………………...…………8 A Pobreza Extrema ………………………………………………………….…….10 Relativismo Moral e Direitos Humanos …………….……………………….….11 O Anel de Giiges …………………………………………………………………..14 Responsabilidade Ecológica ……………………………………………….…….15 O que é Argumentar? ……………………………………………………………..20 Sócrates: um Grande Mestre da Humanidade ……………………......……….24 Edificações Fílmicas ………………………………………………………...…….27 Ética: Família e Escola ………………………………………………….…..…….29 Ética Escolar …………………………………………………………………...…..31 Deontologia Profissional ……………...…………………………………...……...32 Qual Sócrates? ……………………………………...…………...………………...33 25 de Abril Agora ………………………………………………………...………...36 Cidadania: Liberdade Responsabilidade ……………………………...………...37 Aprendizagem ao Longo da Vida ………...…………………………...…...…….38 Homem: Ser em Aberto ………………………………………………...…...…….38 Comportamentos …………………...…………………………………...…...…….40 Assertividade ……………………………………………………… …...…...…...41 Empatia …………..………………………………………...…………………...…..42 Direitos e Deveres Laborais ………….………………………...………..…...…..44 O Trabalho Face aos Desafios da Sociedade Atual ……...…….…...….…......45 O Trabalho na Modernidade …………………………………………...………....46 Precariedade Laboral ………………………………………………...………..…..47 A Discriminação no Trabalho ……………...……………………………...……....48 Marketing Político …………………………………………………………………..51 Democracia e Deliberação ………………………………………………...……..52 Legitimidade do Poder do Estado ……………………………………...………..54 Democracia Representativa e Democracia Participativa ……………………...55 Organização do Estado e Diferentes Regimes Políticos ……………..……….57 Desenvolvimento Sustentável a Era da Globalização ………………..……….58 Desafios Lógicos ………………..………………………………………..…….….66 Sudoku ………………………………………………………………….…..………67

Ficha Técnica Organização: Grupo 410 - Filosofia. Colaboração de Turmas: 10.ºB, 10.ºC, EFAST3, EFAST4 Colaboradores: Francisca Abreu, Nathaly Macedo, Adriano Pestana Jessica Pereira , Carina Camacho, Isalina Abreu, Mariana Reis, Sílvia José, Zina Fernandes, Sara Serrão Cláudia Alves, Elvis Fernandes, João Fernandes, Maria Juliana Silva, Maria Lisete Leodoro, Sandra Silva, Sónia Patrícia Silva Capa: Edição da 9 Revistas anteriores Revisão: Luis Freitas Versão Online: Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares - 2016


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Editorial

Pois, e assim se passaram dez anos! Tendo visto a luz do dia pela primeira vez no passado ano letivo de 20062007, a Revista de Filosofia “Amor à Sabedoria” celebra a sua primeira década. Apesar de todos os contratempos que durante este tempo existiram, a vontade foi sempre mais forte para os ultrapassar e assim encontrar um espaço para enaltecer o trabalho dos alunos. Produções escritas que, muitas vezes, não são devidamente valorizadas em virtude da escola que trabalha só para o sucesso no âmbito de uma lógica tecnocrática. Cabe a cada um de nós contrariar essas lógicas. Ter a ousadia de fazer diferente. A escola precisa de ser renovada. E somos nós que o temos de fazer. Criar situações de ensino-aprendizagem novas será a forma de contrapor ao cansaço que se nota nas comunidades educativas. A monotonia, acompanhada pela indisciplina e os queixumes, denuncia que há muito que mudar. No atual estado de coisas, pede-se mais e menos à escola. O tempo da escola dos grandes mestres já foi. O tempo pede outro tipo de mestria para o qual muitos de nós não presume qual seja. É a simplicidade do dizer e, sobretudo, assumir uma posição de intervenção face ao atual marasmo que se vive nos mais diversos âmbitos. Muitos jovens, embalados pelo modo de vida superficial, nem presumem as exigências do tempo. A escola, na sua impotência não lhes indica o caminho. E assim se está a contribuir para mais uma geração de pessoas que não tem outro sentido da realidade senão o falhanço. Façamos diferente!

Os trabalhos que se seguem são já e sempre um indício desse desejo de querer fazer diferente. Resta agradecer aos alunos e formandos que disponibilizaram os seus trabalhos para poderem aqui serem publicados. Luis Freitas


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Será que uma Guerra pode ser Moral ? Francisca Abreu

No âmbito da disciplina de Filosofia, foi-nos pedido para elaborar um trabalho com um tema à nossa escolha. O tema que eu escolhi foi: “A guerra”. Com este tema surgiu uma pergunta muito pertinente: “Será que uma guerra pode ser moral?”. Apesar de tantos séculos e de tanta convivência, ainda há guerras entre países, entre instituições e entre pessoas. Não há harmonia no mundo, não há paz. Há guerras por ganância, há guerras em nome de Deus, e por tantas outras razões. Mas porque é preciso recorrer à violência, se existem outras maneiras para resolver os assuntos ao invés de derramar rios de sangue? Sim, um simples diálogo poderá ser mais eficaz que a guerra. O poder das palavras por mais incrível que pareça é mais potente que as balas de uma arma. Bem, no dicionário encontramos a palavra guerra definida como “Inimizade declarada e luta à mão armada entre nações ou partidos.” e a pergunta que coloco é: “Será que alguma luta à mão arma entre nações pode ser uma ação boa?”. Esta é uma questão aberta e, como tal, filosófica, pois pode ter mais do que uma resposta e nenhuma delas pode ser aceite como a definitiva. É uma questão que analisa a realidade de uma forma mais global e a sua relação com o ser humano: a guerra, infelizmente, é algo que tem a ver com o Homem e precisa dele para se concretizar. Por outro lado, ao questionar a legitimidade moral da guerra estamos a tentar compreender em profundidade se há alguma razão válida para aceitarmos a guerra. Estamos a tentar fazer o percurso de saída das ideias pré concebidas para encontrar razões válidas que sustentem a resposta à pergunta que apresentamos. Inicio este trabalho com a apresentação de duas teorias, das quais me irei socorrer: a teoria do Pacifismo (Deontologista) e a teoria do Utilitarismo. A teoria do Pacifismo, defendida por filósofos como Immanuel Kant, diz-nos que nenhuma guerra pode ser considerada moral pois para além de trazer mais prejuízos do que benefícios, está a infringir um dever absoluto que é neste caso o dever de não matar. Contrariamente, a teoria do Utilitarismo, defendida por Stuart Mill alega que uma guerra pode ser considerada moral se esta trouxer felicidade para um maior número de pessoas, de acordo com as suas consequências.


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Vejamos agora um exemplo de uma guerra atual: a Guerra Civil Síria: “A Guerra Civil Síria é um conflito interno em andamento na Síria, que começou com uma série de grandes protestos populares em 26 de janeiro de 2011 e progrediu para uma violenta revolta armada em 15 de março de 2011, influenciados por outros protestos simultâneos no mundo árabe. Enquanto a oposição alega estar lutando para destituir o presidente Bashar alAssad do poder para posteriormente instalar uma nova liderança mais democrática no país, o governo sírio diz estar apenas combatendo "terroristas armados que visam desestabilizar o país". Com o passar do tempo, a guerra deixou de ser uma simples "luta por poder" e passou também a abranger aspetos de natureza sectária e religiosa, com diversas fações que formam a oposição combatendo tanto o governo quanto umas às outras. Assim, o conflito acabou espalhando-se para a região, atingindo também países como Iraque e o Líbano, atiçando, especialmente, a rivalidade entre xiitas e sunitas. Foi iniciada como uma mobilização social e mediática, exigindo maior liberdade de imprensa, direitos humanos e uma nova legislação. (…) Em resposta aos protestos, o governo sírio enviou suas tropas para as cidades revoltosas com o objetivo de encerrar a rebelião. O resultado da repressão e do confronto com os manifestantes acabou sendo de centenas de mortes, a grande maioria de civis. No fim de 2011, soldados desertores e civis armados da oposição formaram o chamado Exército Livre Sírio para iniciar uma luta convencional contra o Estado. (…) (http://pt.wikipedia.org/ wiki/Guerra_Civil_S%C3%ADria) “Pelo menos 220 mil pessoas morreram desde o início da revolução que contesta a liderança de Bashar al-Assad, em Março de 2011, e que entretanto se transformou numa sangrenta guerra civil. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) confirmou até agora 222.271 mortes, incluindo 104.629 civis, 11.021 destes crianças e 7049 mulheres.” (http://www.publico.pt/mundo/noticia/ mais-de-300-mil-pessoas-ja-terao-morrido-na-siria-1692600) Com a teoria do Pacifismo Deontologista, esta guerra como todas as outras não poderá ser considerada moral pois viola um dever absoluto. Agora, segundo a teoria do Utilitarismo esta guerra poderá ser considerada moral se consequentemente trouxer felicidade a um maior número, ou seja, imaginando que no final desta guerra o total de mortos é de 300 mil pessoas, se como resultado houver

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301 mil pessoas felizes então esta guerra é moral pois trouxe felicidade para um maior número de pessoas. Logo o que o utilitarismo defende é que para salvar 301 mil pessoas devemos sacrificar outras 300 mil pessoas, utilizando estas como meros objetos. A minha opinião é que esta guerra é claramente imoral, tal como todas as outras: eu não consigo aceitar um guerra como sendo moral. Não acho justo, não acho sequer humano a recorrência à violência deste grau. Nada poderá justificar a morte dos outros nem mesmo se a guerra trouxer felicidade consequentemente. Todos temos o direito à vida! E nada nem ninguém tem o direito de nos tirar isso. Revolta-me saber que somos usados como meios para os nossos “superiores” alcançarem o que querem. Começam guerras absurdas e nós é que temos de pagar? E ainda há aqueles que matam por satisfação como os jihadistas que usam como desculpa a religião para fazer o que fazem. Se há guerras é porque querem, se matam é porque querem e guerra a guerra, estamos não só a mostrar como o ser humano pode ser irracional como também estamos a acabar com a própria humanidade… Como disse Jonh Kennedy: “A humanidade tem de acabar com a guerra antes que a guerra acabe com a humanidade.” Há outras perguntas que surgem em relação à guerra como por exemplo: “É legítimo matar pessoas para defender valores e direitos humanos fundamentais?” Na minha opinião não é legítimo matar pessoas para defender valores e direitos humanos fundamentais pois ao matar já estamos a infringir um direito valioso que é o da vida. Nós estaríamos a ser até um pouco ingénuos pois queremos que os direitos humanos sejam respeitados mas ao matar outra pessoa nós próprios estaríamos a desrespeitar os direitos humanos, então seriamos iguais à pessoa que estaríamos a matar. “Existe alguma diferença entre matar soldados e matar civis?” Não, ambos são seres humanos, apesar de os soldados serem treinados e estarem já mentalmente preparados para morrer, eles continuam a ser indivíduos. Era o mesmo que perguntar se existe alguma diferença entre matar um homem ou uma mulher. “A guerra faz parte da natureza humana ou pode ser evitada?” Pode ser evitada, basta educar as crianças para a paz e não para a guerra, assim o nosso futuro não vai ser embrulhado por ódio mas sim de amor e compreensão. Tal como Pitágoras dizia: “Educa as crianças e não precisarás castigar os homens.” O futuro da humanidade está na educação.

Para mim e também para Kant é possível um mundo sem guerra, desde que exista empenho por parte dos Estados e como nós fazemos parte dele cabe a cada um de nós contribuir para a construção de um mundo melhor. Não vivamos na ilusão que a guerra poderá trazer benefícios maiores do que os prejuízos, como dizia Havelock Ellis “Não há nada que a guerra tenha conquistado, que não teríamos feito melhor sem ela”. Eu ainda sonho com o dia em que nas notícias não apareça nenhuma imagem de guerras… E eu sei que este sonho vai tornar-se realidade!


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Então, por fim, eu posso dizer que apoio cem por cento a teoria do pacifismo deontologista e que não concordo nada com a teoria do utilitarismo. Vou usar um exemplo verídico para explicar o porquê de não concordar com esta teoria: “ Harry Truman decidiu lançar a primeira bomba atómica sobre a cidade japonesa Hiroxima, matando de uma só vez só mais de cem mil pessoas (civis inocentes). Cometeu ou não um atentado contra a moral? Truman queria pôr fim à guerra o mais depressa possível e obrigar o governo japonês a render-se. Quis evitar a perda de muitos milhares de soldados e civis que teria lugar se a guerra se prolongasse.”(http://pt.slideshare.net/LRSR1/comparao-entre-as-ticas-de-kant-e-de-mill). Harry Truman usou a vida de cem mil pessoas como se eles fossem apenas números, como se fossem seres insignificantes, mas como estas mortes foram algo que trouxeram a felicidade para um maior número de pessoas então a ação de Harry Truman foi boa… Eu discordo totalmente, não é Harry Truman nem será ninguém que terá o direito de sacrificar a vida dos outros seja qual for a razão. Se for assim conseguem imaginar as mortes que vão haver? Se todos considerarem isto certo as guerras nunca vão acabar, aliás até vão… Vão acabar quando não houver mais ninguém para segurar uma arma. Os erros do passado ficam no passado! Agora vamos viver o desafio do futuro e fazer com que ele seja melhor, sem a repetição dos erros que já foram feitos. Nós conseguimos fazer a diferença! Só a humanidade é que poderá salvar-se de si mesma! Bibliografia: RODRIGUES, Luís. “A Guerra é moral ou imoral?”, 25 de janeiro de 2013, in <http://pt.slideshare.net/LRSR1/o-problema-da-moralidade-da-guerra>, [consultado a 2 de maio de 2015]. RODRIGUES, Luís. “Texto sobre o pacifismo”, 10 de março de 2011, in <http://lrsr1.blogspot.pt/2011/03/texto-sobre-o-pacifismo.html>, [consultado a 2 de maio de 2015]. BERNARDO, Isabel, VALE, Catarina. “Reflexões Filosofia 10”, ASA editores, [consultado a 16 de maio de 2015]. Outros materiais: Materiais fornecidos pela professora, [consultado a 16 de maio de 2015].

War Room, no filme de Stanley Kubrick DR Strangelove


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Para Meditar ...

Charlie Chaplin in O Grande Ditador (1940)

"Desculpem-me, mas eu não quero ser um Imperador, esse não é o meu objetivo. Eu não pretendo governar ou conquistar ninguém. Gostaria de ajudar a todos, se possível, judeus, gentios, negros, brancos. Todos nós queremos ajudar-nos uns aos outros, os seres humanos são assim. Todos nós queremos viver pela felicidade dos outros, não pela miséria alheia. Não queremos odiar e desprezar o outro. Neste mundo há espaço para todos e a terra é rica e pode prover para todos. O nosso modo de vida pode ser livre e belo. Mas nós estamos perdidos no caminho. A ganância envenenou a alma dos homens, e barricou o mundo com ódio; ela colocou-nos no caminho da miséria e do derramamento de sangue. Nós desenvolvemos a velocidade, mas sentimo-nos enclausurados: As máquinas que produzem abundância têm-nos deixado na penúria. O aumento dos nossos conhecimentos tornou-nos céticos; a nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco: Mais do que máquinas, precisamos de humanidade; Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

O avião e o rádio aproximaram-nos. A própria natureza destas invenções clama pela bondade do homem, um apelo à fraternidade universal, à união de todos nós. Mesmo agora a minha voz chega a milhões em todo o mundo, milhões de desesperados, homens, mulheres, crianças, vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Para aqueles que me podem ouvir eu digo: "Não se desesperem". A desgraça que está agora sobre nós não é senão a passagem da ganância, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano: o ódio dos homens passará e os ditadores morrem e o poder que tiraram ao povo, irá retornar


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ao povo e enquanto os homens morrem [agora] a liberdade nunca perecerá… Soldados: não se entreguem aos brutos, homens que vos desprezam e vos escravizam, que arregimentam as vossas vidas, vos dizem o que fazer, o que pensar e o que sentir, que vos corroem, digerem, tratam como gado, como carne para canhão. Não se entreguem a esses homens artificiais, homens-máquina, com mentes e corações mecanizados. Vocês não são máquinas. Vocês não são gado. Vocês são Homens. Vocês têm o amor da humanidade nos vossos corações. Vocês não odeiam, apenas odeia quem não é amado. Apenas os não amados e não naturais. Soldados: não lutem pela escravidão, lutem pela liberdade. No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito: "O reino de Deus está dentro do homem" Não um homem, nem um grupo de homens, mas em todos os homens; em você, o povo. Vós, o povo tem o poder, o poder de criar máquinas, o poder de criar felicidade. Vós, o povo tem o poder de tornar a vida livre e bela, para fazer desta vida uma aventura maravilhosa. Então, em nome da democracia, vamos usar esse poder, vamos todos unir-nos. Lutemos por um mundo novo, um mundo bom que vai dar aos homens a oportunidade de trabalhar, que lhe dará o futuro, longevidade e segurança. É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder, mas eles mentem. Eles não cumprem as suas promessas, eles nunca o farão. Os ditadores libertam-se, porém escravizam o povo. Agora vamos lutar para cumprir essa promessa. Lutemos agora para libertar o mundo, para acabar com as barreiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à intolerância. Lutemos por um mundo de razão, um mundo onde a ciência e o progresso conduzam à felicidade de todos os homens. Soldados! Em nome da democracia, vamos todos unir-nos! Olha para cima! Olha para cima! As nuvens estão a dissipar-se, o sol está a romper. Estamos a sair das trevas para a luz. Estamos a entrar num novo mundo. Um novo tipo de mundo onde os homens vão subir acima do seu ódio e da sua brutalidade. A alma do homem ganhou asas e, finalmente, ele está a começar a voar. Ele está a voar para o arco-íris, para a luz da esperança, para o futuro, esse futuro glorioso que te pertence, que me pertence, que pertence a todos nós. Olha para cima! Olha para cima!"


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A Pobreza Extrema Angely Macedo Pobreza extrema é a situação de carência, na qual os indivíduos não possuem os rendimentos necessários para prover necessidades básicas de alimentação, de água potável e de saúde. Algumas das suas consequências são: fome, doenças, mortes, depressões, emigrações, baixa esperança de vida. A pobreza é atualmente um dos maiores e mais graves problemas do mundo contemporâneo e é também uma das grandes causas de sofrimento humano. Ela manifesta-se por todo o mundo embora de diferentes maneiras. Segundo a UNICEF, 9,7 milhões de crianças, com menos de cinco anos, morrem anualmente, o que constitui uma tragédia imensa num mundo rico como o nosso. Temos obrigações morais com os mais pobres? Porque razões nós devemos preocupar com a situação dos pobres? Sim, pois todas as pessoas têm o dever moral de ajudar os que vivem na pobreza absoluta, desde que isso não interfira na satisfação das suas necessidades básicas, pois a cada segundo morrem pessoas com doenças de fácil tratamento (gripe, febre, diarreia…) mas que devido à falta de possibilidade de comprar de comprimidos, alimentos, água potável… não se conseguem curar. Muitas vez após termos satisfeito plenamente todas as nossas necessidades essenciais, optamos por gastar dinheiro em bens supérfluos, como ténis e roupas de marca, quando podíamos doar uma parte da nossa riqueza excedente para organizações como os Médicos Sem Fronteiras, ou outras, que se dedicam a combater a pobreza. Doar uma parte dos nossos bens para combater a pobreza, por mais pequena que seja a doação, face ao enorme problema que é a pobreza mundial, é uma obrigação. Segundo os direitos humanos todos os indivíduos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. A pobreza extrema é um mal por isso vamos todos colaborar para que este problema desapareça, Bibliografia Isabel Bernardo e Catarina Vale (2013) 1ª edição. Filosofia, Reflexões Filosofia 10º ano vol.2, Lisboa: edição ASA pag. 100 a 103 Peter Singer, A vida que podemos salvar. Tradução de Vítor Guerreiro, Lisboa: Gradiva, 2011 252 pp


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Relativismo Moral e Direitos Humanos Francisca Abreu

"Teremos, em nome da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o direito de proibir determinadas práticas e de condenar quem as promove ou devemos aceitar toda e qualquer prática cultural por se tratar de manifestações culturais que devem ser respeitadas? O relativismo moral cultural afirma que nenhuma cultura é boa ou má, sendo apenas diferente. Defende também que não há valores morais objetivos ou universais, o que se opõe ao que se defende na Declaração Universal dos Direitos Humanos., consagrada em 1948, sob a supervisão de Eleanor Roosevelt. A importância de discutir se devemos ou não condenar as práticas de outra cultura é que ao fazê-lo podemos impedir que mais pessoas sejam abusadas, humilhadas e desvalorizadas, mas para isso obviamente temos que chegar à conclusão que o relativismo moral não está certo e que quem o defende deverá mudar de ideias. Creio que, em nome dos Direitos Humanos, temos o direito - eu diria mesmo o dever de proibir certas e determinadas práticas culturais, porque ninguém, em nome do que quer que seja, incluindo as tradições culturais, tem o poder de atentar contra a dignidade humana, de maltratar, de discriminar, de ofender outro ser humano, porque independentemente da cultura onde nascemos e nos desenvolvemos pertencemos todos à mesma raça - a raça humana. Sempre aprendemos que não devemos fazer aos outros o que não queremos que nos façam e este deve ser um lema que devemos ter sempre em conta quando agimos. Não compreendo, por exemplo, como em nome de uma cultura qualquer, ou de uma qualquer religião algumas pessoas são capazes de decapitar outras, de pegar fogo a outro ser vivo, sem o mínimo de compaixão. Não posso considerar estas pessoas seres humanos, pois o que fazem é desprovido de qualquer humanidade. "Serão todas as convenções sociais igualmente aceitáveis, isto é, nem melhores nem piores que as nossas próprias convenções?"


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As nossas convenções, assim como as outras são apenas isso, convenções estabelecidas pela sociedade em que estamos inseridos: não são nem melhores nem piores, apenas diferentes. No entanto, as convenções não nascem do nada, são criadas pelas pessoas e sendo assim se o que é convencionado for contra a humanidade não deverá ser aceitável. Tudo depende do que cada um defende e como age. Ao longo da nossa existência muitos foram os erros cometidos, mas também muitas foram as aprendizagens. Assim, considero que as convenções sociais, as nossas e as dos outros, só serão aceitáveis se não colocarem em causa os direitos inerentes a cada ser humano e se respeitarem as especificidades de cada sociedade que nos enriquece enquanto espécie. "Estaremos, ao reprimir uma determinada prática, a impor arbitrariamente o nosso modo de pensar a outras culturas, desrespeitando o que têm de específico, ou estaremos a agir em nome de uma verdade tão objetiva como quando afirmamos que a Terra é esférica?" É verdade que o respeito é fundamental, mas como poderemos respeitar práticas que desprezam o ser humano? Como poderemos respeitar práticas que mutilam, que provocam sofrimento, que desprezam a vida? Como? Quase parece que estamos a deixar-nos levar pelo nosso lado animalesco em vez do lado racional, tornando-se quase invisível a distinção que existe entre nós seres humanos e os animais. A razão pela qual eu defendo que as culturas deverão ser questionadas e criticadas quando estas defendem e praticam ações em que o ser humano é humilhado e desprezado, é pelo simples facto de, como eu já referi, ninguém ter o direito de maltratar os outros! Quem somos nós para tratar "abaixo de cão" os outros? É para isso que a Declaração Universal dos Direitos Humanos existe, para acabar com atos de maldade que, infelizmente, persistem no tempo e que não foram corrigidos ou eliminados no passado. Havendo a Declaração Universal dos Direitos Humanos claro que podemos questionar: “Se as pessoas têm o direito a comida e abrigo porque é que 16000 crianças morrem de fome todos os dias? Se as pessoas têm a liberdade de expressão porque é que existem milhares de pessoas em prisões por dizerem o que pensam? Se as pessoas têm o direito à educação porque é que mais de mil milhões de adultos são incapazes de ler? Se a escravatura foi abolida porque é que 27 milhões de pessoas ainda estão escravizadas hoje em dia?” (http:// br.humanrights.com/#/what-are-human-rights). A razão para isto continuar a acontecer prende-se com o egoísmo das pessoas que em vez de diminuir está a aumentar cada vez mais. As sociedades mais desenvolvidas estão cada vez mais centralizadas em si próprias esquecendo as necessi-


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dades do resto do mundo. O respeito aos direitos humanos começa no nosso cantinho, na nossa casa, na nossa escola, na nossa vizinhança. Resumindo, na minha opinião, podemos e devemos julgar outras culturas quando estas desrespeitam os direitos humanos. Claro que o relativismo moral para alguns poderá ser a resposta para o problema pois ao não condenar outra cultura não haverá discussões nem prováveis guerras. Mas será esta a resposta mais sensata? Devemos aceitar o que as outras culturas fazem só porque é uma cultura? Ao sermos ignorantes a tal ponto, como nos poderemos olhar ao espelho? Ao criticar uma cultura podemos estar a ofender quem a defende, mas só estaremos a fazer isso para o bem da humanidade. Nós somos os únicos que podemos tornar este mundo melhor. Concluo com uma notícia reveladora de práticas inadmissíveis, que à luz dos chamados costumes culturais continuam a fazer-se como se fosse algo de benéfico para quem as pratica e para quem as sofre: "Meninas sofrem nos CAMARÕES Uma em cada quatro adolescentes neste país africano é alvo de queimaduras nos seios, um ato efetuado pelas próprias progenitoras, com o objetivo de tentar proteger as filhas de possíveis violações e de futuras gravidezes indesejadas, tudo pensando que assim conseguirão atrasar a sua entrada na puberdade. (...)" (Anexo 1). Este é apenas um dos inúmeros casos que em nome de uma tradição revela uma violação dos direitos humanos e são as próprias mães que aplicam esta tortura às suas meninas. Não creio que nenhuma prática deste género seja permitida em nome de qualquer cultura, independentemente da cultura em que estejamos inseridos.

Bibliografia: “O Que São os Direitos Humanos?”, s/d, in <http://br.humanrights.com/#/whatare-human-rights>, [consultado a 10 de fevereiro de 2015]. Folheto: “História Dos Direitos Humanos”, s/d, [consultado a 10 de fevereiro de 2015]. BERNARDO, Isabel, VALE, Catarina. “Reflexões Filosofia 10”, ASA editores, [consultado a 21 de fevereiro de 2015].


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O Anel de Giges Jéssica Pereira Era ele um pastor que servia em casa do que era então soberano da Lídia. Devido a uma grande tempestade e tremor de terra, rasgou-se o solo e abriu-se uma fenda no local onde ele apascentava o rebanho. Admirado ao ver tal coisa, desceu por lá e contemplou, entre outras maravilhas que para aí fantasiam, um cavalo de bronze, oco, com umas aberturas, espreitando através das quais viu lá dentro um cadáver, aparentemente maior do que um homem, e que não tinha mais nada senão um anel de ouro na mão. Arrancou-lho e saiu. Ora, como os pastores se tivessem reunido, da maneira habitual, a fim de comunicarem ao rei, todos os meses, o que dizia respeito aos rebanhos, Giges foi lá também, com o seu anel. Estando ele, pois, sentado no meio dos outros, deu por acaso uma volta ao engaste do anel para dentro, em direção à parte interna da mão, e, ao fazer isso, tornou-se invisível para os que estavam ao lado, os quais falavam dele como se se tivesse ido embora. Admirado, passou de novo a mão pelo anel e virou para fora o engaste. Assim que o fez, tornou -se visível. Tendo observado estes factos, experimentou, a ver se o anel tinha aquele poder, e verificou que, se voltasse o engaste para dentro, se tornava invisível; se o voltasse para fora, ficava visível. Assim senhor de si, logo tratou de ser um dos delegados que iam junto do rei. Uma vez lá chegado, seduziu a mulher do soberano, e com o auxílio dela, atacou-o e matou-o, e assim se assenhoreou do poder.

Platão Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira Adaptação de Vítor João Oliveira Retirado de República. Lisboa: Gulbenkian, 4ª ed., 1983, pp. 55-60 O Anel de Giges - O que é um ser ético-moral? Um ser ético-moral é aquele que realiza as suas acções com base no que está certo, questionando-se acerca das razões pelas quais o considera realmente correto. Na história apresentada, “O anel de Giges”, vemos que o pastor que encontrou o anel e descobriu que, ao usá-lo ficava invisível, utilizou esse poder para seu proveito próprio e não para ajudar outras pessoas ou realizar boas ações. Será que ele agiu moralmente? Eu penso que não. Ele aproveitou o facto de ninguém o ver para fazer tudo o que lhe apetecia, sabendo que não sofreria consequências. Fazer o bem, o correto, não lhe passou pela cabeça pois as normas da sociedade não o afetavam, sendo ele invisível e livrando-se das consequências. Será que o poder e a riqueza eram razões suficientes para não fazer o correto? Se eu encontrasse o anel de Giges, do ponto de vista teórico e consciencial, eu não o usaria para algo negativo ou egoísta. No entanto, na realidade da vida prática, sei que provavelmente faria coisas menos corretas e que me favorecessem. Acho que isto acontece com todas as pessoas. Sei que gostaria de fazer o correto, ajudar as pessoas, mas como ninguém saberia que era eu o agente de tais ações, a tentação para fazer algo errado seria grande. Com isto defendo que, a maior parte das pessoas segue a moral porque quer que a sociedade as considere pessoas corretas e justas, no entanto, estas não têm essa noção, não sabem quais as razões que têm para fazer o correto. Se, por acaso, alguém encontrasse o anel de Giges tenho a certeza que a moral seria a última coisa em que pensaria.


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Responsabilidade Ecológica Adriano Pestana Escolhi tratar o tema referente à responsabilidade ecológica pois cativa o meu interesse e também o interesse público, como se pode constatar pelo número cada vez maior de associações de defesa ambiental como: a WWF Portugal; Parque Natural da Madeira; SOS Freira do Bugio e muitas mais. Antes de formular o problema filosófico e revelar a sua pertinência, pareceme que é necessário clarificar os conceitos de ecologia e responsabilidade. A ecologia é o estudo das diferentes relações que se estabelecem entre as diferentes espécies e a influência que estas exercem sobre o meio natural e ser responsável significa ser passível de responder por uma ação, uma vez que os humanos são seres racionais e possuidores de livre-arbítrio. O homem é um ser de hábitos e somos capazes de observar que o estilo de vida consumista e egoísta dos dias de hoje é um hábito que está a degradar progressivamente o ambiente e a erradicar determinadas espécies ou a privá-las de satisfazer as suas necessidades vitais, o que, consequentemente deteriora o seu nível vida. Progressivamente, estamos a prejudicar as sociedades humanas e os ecossistemas. Ao ritmo de consumo atual, é muito provável que as gerações futuras não tenham iguais oportunidades de acesso aos recursos naturais, o que contribuirá para a deterioração do seu bem-estar. Isto e tudo mais, é responsabilidade da ação humana sendo que o Homem é um ser racional e possuidor de livre-arbítrio, capaz de responder não só pelos seus atos, como também pelas suas consequências. Esta responsabilidade recai sobre cada um de nós, uma vez que acabamos por usufruir dos “bens” que as atividades nefastas produzem. Deveremos tomar medidas rapidamente, pois, a este ritmo, acabaremos por destruir o planeta Terra!

Portanto, a grande questão que se coloca é: como podemos estabelecer o equilíbrio entre a satisfação das necessidades humanas sem comprometer obem-estar da comunidade biótica, e ao mesmo tempo garantir a plena satisfação das necessidades básicas de gerações futuras, sempre respeitando o meio ambiente? Este é um problema filosófico na medida em que abrange toda a humanidade, uma vez que todos somos responsáveis pelo estado em que se encontra o nosso mundo.


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Com este trabalho pretendo propor uma nova perspetiva e modo de convivência nas relações entre o Homem e o meio natural, fazendo perceber que o respeito pelos diferentes organismos é essencial, uma vez que é moralmente inaceitável tratar um ser vivo senciente ou não, como um simples meio, sendo que estes possuem um valor intrínseco. As éticas antigas ainda prevalecentes não se ocupam com as relações do Homem com a natureza: para elas o homem é livre para se relacionar com a natureza da forma que mais lhe agradar. Porém, como seres conscientes que somos e nos tempos que decorrem, compreendemos que é necessário modificar de forma positiva os nossos comportamentos em relação ao ambiente. A consideração moral para além dos membros da nossa espécie consiste no valor de que cada organismo possui um bem que lhe é próprio, e nessa medida podemos dificultar ou facilitar o acesso ao pleno desenvolvimento dos seus poderes biológicos. A satisfação das nossas necessidades muitas vezes colide com o dever de respeitar todas as espécies, e nesses casos encontramo-nos num conflito de interesses. É necessário estabelecer regras de comportamento, para saber que interesses devem prevalecer quando os nossos projetos contrastam com o bem-estar de organismos, que tal como nós, possuem valor intrínseco. Como resposta a este problema, afirmo que a satisfação de necessidades básicas ou não básicas, deverá ser feita com base no valor intrínseco de cada ser vivo, de forma igualitária e imparcial, considerando os interesses básicos ou não básicos de cada ser. A preservação do seu bem-estar constitui um fim em si mesmo, e não um meio para satisfazer as necessidades e projetos humanos. Deste modo será garantida a qualidade de vida da comunidade biótica, a nossa própria qualidade de vida (uma vez que será garantido o acesso equilibrado aos recursos naturais) e também, a qualidade de vida e satisfação das gerações futuras. Para fundamentar a minha argumentação escolhi a Teoria Biocêntrica de Paul W.Taylor, porque, a meu ver, apresenta uma noção de equilíbrio entre as necessidades humanas e a estabilidade da comunidade biótica. Este autor defende quatro princípios fundamentais: o valor intrínseco de cada ser, não podendo estes serem tratados como simples meios; a noção de bem próprio como aquilo que favorece o pleno florescimento das suas capacidades biológicas, ao longo de todo o seu ciclo de vida e a noção de igualdade baseada na ideia de que os humanos têm estatuto igual ao de outros seres, uma vez que todos os seres evoluíram por seleção natural a partir de espécies já extintas. Ora, tendo isto em conta deveremos, em seguida, perceber quais os interesses que deverão prevalecer nas relações entre o Homem e o meio ambiente. Paul W. Taylor classifica os interesses em dois tipos: interesses básicos - aqueles acontecimentos necessários para preservar a existência de um ser ou realização de bem próprio e interesses não básicos - quaisquer acontecimentos que favoreçam os objetivos ou o estilo de vida de cada indivíduo, uma vez assegurados os seus interesses básicos.


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Para regular com imparcialidade os conflitos de interesses entre seres com igual valor intrínseco, Paul Taylor propõe os seguintes princípios: O Princípio da autodefesa: este princípio permite que os seres humanos se protejam de organismos que representam um perigo real para a sua existência, infligindo-lhes os danos necessários para a sua proteção. Apenas ações destinadas a proteger a vida e saúde das pessoas podem ser adotadas ao abrigo deste princípio. O Princípio da proporcionalidade: este princípio é aplicável em casos de conflito em que os interesses humanos não básicos humanos são incompatíveis com interesses básicos de uma espécie. Incluem-se neste âmbito a caça de animais selvagens para a produção de artigos de luxo. Este princípio estabelece que interesses básicos de qualquer espécie têm sempre mais importância que os interesses não básicos de outra espécie. O Princípio do mínimo dano: Imaginemos que se pretende construir um museu mas para isso é necessário a destruição de uma floresta, esta ação não é considerada um interesse básico, por outro lado, dela se obteriam valores civilizacionais significativos, porém, seria necessário infligir danos consideráveis a outras espécies. Estas ações só seriam admitidas quando não existam alternativas que impliquem um número menor de danos às espécies envolvidas. O Princípio da justiça distributiva: Este princípio é aplicável em casos em que interesses básicos humanos e de outras espécies entram em conflito, que não possam ser resolvidos com base no princípio da autodefesa. Este princípio aplica-se ao ato de matar outras espécies para satisfazer as nossas necessidades de alimentação. Matar animais ou plantas implica trata-los como seres que possuem apenas um valor apenas utilitário e fazê-lo é sempre errado. No entanto, é preferível adotar uma dieta vegetariana, uma vez que tirar a vida a um mamífero ou a uma ave é um prejuízo maior do que fazê-lo a um ser não senciente. O Princípio de justiça restitutiva: este princípio visa reparar danos às outras espécies em virtude da aplicação da justiça distributiva. Sempre que a satisfação de necessidades humanas básicas torna inevitável prejudicar outras espécies, uma compensação é exigida. A sua aplicação aos conflitos de interesses humanos e de outras espécies envolve duas ideias: a reparação proporcional do prejuízo causado; prioridade na preservação do equilíbrio dos ecossistemas e da comunidade biótica como tais sobre os organismos individuais. Aplicação da teoria em exemplos práticos: Situação 1: Imaginemos que o Paulo é um homem que vive numa casa com poucas condições e no Inverno a sua casa torna-se muito fria. Perto da sua casa existe uma densa área florestal. Paulo decide cortar uma árvore para usufruir da sua lenha e fazer uma fogueira que o aqueça no inverno. Pela árvore que cortou plantou outras duas. Do ponto de vista biocêntrico, está a atitude do Paulo correta?


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Comecemos primeiro por analisar que interesses estiverem em jogo nesta ação: o Paulo necessitava da madeira para aquecer a sua casa no inverno de forma a garantir a sua saúde, logo o Paulo agiu em função de um interesse básico, porém ele desrespeitou o bem próprio da árvore, ao cortá-la, usou-a como um simples meio, privando-a dos seus interesses básicos. Após a identificação dos interesses é necessário identificar o princípio de ação. Paulo agiu com base no princípio da justiça distributiva, uma vez que sacrificou os interesses básicos de uma árvore, a favor dos seus interesses básicos. Mesmo que a árvore não seja um ser senciente, ela possui um bem próprio o qual lhe foi retirado pelo Paulo, para poder zelar pela sua saúde - o seu bem próprio. Após ter cortado essa árvore, Paulo plantou outras duas de forma a devolver à natureza, aquilo que lhe havia retirado segundo o princípio da justiça restitutiva. Será esta ação moralmente correta segundo Paul W.Taylor? Sim, na medida em que o Paulo agiu em função dos seus interesses básicos. Apesar de cortar uma árvore ser considerá-la apenas como um meio, Paul plantou outras duas de forma a atingir o equilíbrio e justiça para com a Natureza. Situação 2: Helena é uma mulher muito preocupada com a sua imagem e procura sempre ter a melhor aparência possível. Um dia passou por uma loja e comprou uma mala em pele de crocodilo. Será a atitude da Helena moralmente correta do ponto de vista de Paul W.Taylor? Primeiro, procedemos á identificação dos interesses presentes nesta situação. A compra da mala é um interesse não básico, uma vez que o bem-estar da Helena não depende disso, porém a mala foi feita a partir da pele de um crocodilo. Este animal foi morto e usado como um simples meio, para a obtenção da sua pele na confeção de acessórios, pelo que foram negligenciados o seu bem próprio e interesses básicos, bem como o seu valor intrínseco. Embora Helena não tenha morto o crocodilo, esta aproveitou-se do “bem” que se obteve através da sua morte, tronando-se aliada do ato condenável da morte do animal. Uma vez identificados interesses procedamos à identificação do princípio de ação. Helena agiu com base no princípio da proporcionalidade, uma vez que sacrificou os interesses básicos de uma espécie em prol dos seus interesses não básicos. Segundo a Teoria Biocêntrica, este ato é moralmente inaceitável uma vez que os interesses básicos de uma espécie têm prioridade em relação aos interesses não básicos de outra. Conclui-se então, que é permissível usufruir dos bens que a natureza nos proporciona através de regras que delimitem o nosso acesso aos recursos, promovendo o equilíbrio e harmonia na comunidade biótica. Usufruir da natureza não se trata de usá-la como um simples meio se o fizermos com moderação e respeito, exceder os limites, prejudicando a comunidade biótica, é considerá-la um mero meio ao dispor do Homem. O acesso aos recursos deverá ser feito, promovendo sempre o mínimo dano e a justa retribuição perante a natureza, como por exemplo, utilização de antigas áreas agrícolas para construção de florestas. Poderá haver possíveis objeções á minha argumentação, contrapondose que nem todas as pessoas possuem a mesma sensibilidade em relação aos


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problemas ambientais e têm, legalmente, o direito de usufruir da Natureza de forma egoísta, uma vez que não existem normas jurídicas que as punam. Eu diria que, apesar de nem todas as pessoas possuírem a mesma sensibilidade perante os problemas ecológicos, como seres possuidores de razão, se pensarem que determinados recursos possuem uma capacidade reduzida de renovação e que se continuarmos a consumir de forma egoísta, chegará o dia em que eles acabarão e não poderemos mais utilizá-los. Pensando nisso, compreenderemos que a melhor solução seria consumir de forma moderada e equilibrado a longo prazo (o que garante um bem-estar prolongado, em vez do consumo excessivo num curto período de tempo). Outra objeção é a de que a adoção da Teoria Biocêntrica poderá levar a posições extremistas uma vez que esta defende que a utilização da Natureza como um meio é moralmente inaceitável. Eu contra-argumento afirmando que esta posição trata-se de uma interpretação errada da teoria. O Homem tem o dever não absoluto de respeitar a Natureza, sendo que a relação responsável entre o indivíduo e o meio natural fica a seu encargo. Se nunca, em nenhum caso utilizarmos os recursos da natureza como meios, acabaríamos por nos conduzir à erradicação da espécie humana. O que a teoria defende é que o consumo deve ser justo e equilibrado para ambas as partes. A título de conclusão, podemos afirmar que o equilíbrio entre o consumo humano e a proteção do meio ambiente é completamente possível, se seguirmos as orientações dadas por Paul W. Taylor e que a satisfação de necessidades básicas ou não básicas, deverá ser feita com base no valor intrínseco de cada ser vivo, de forma igualitária e imparcial e na noção de bem próprio de cada ser. Em relação á Teoria Biocêntrica é muito importante voltar a relembrar que antes de agirmos é necessário perceber quais são os tipos de interesses e princípios com os quais fundamentamos a nossa ação. Ao agir, os interesses básicos de uma espécie deverão estar sempre em lugar de prioridade perante os interesses não básicos de outra, e em situações em que os interesses básicos humanos colidem com os interesses básicos de outros organismos, será necessário depois retribuir de forma justa o prejuízo. Como resposta à minha argumentação poderão surgir duas possíveis objeções: o facto de nem todas as pessoas possuírem a mesma sensibilidade e poderem usufruir da natureza como mais lhes agradar, uma vez que não existem normas jurídicas que punam as suas ações e o facto de que a adoção desta Teoria poderá levar a posições extremistas. Por fim, afirmo que a adoção de tal teoria na formação de normas jurídicas que punam o consumo excessivo de recursos naturais seria a melhor forma de prevenir abusos para com a natureza. Porém, isso apenas será possível quando a população estiver sensibilizada para a urgência da tomada de uma atitude perante os problemas ecológicos que se vão agravando de dia para dia.

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O que é Argumentar? Juliana Silva A argumentação é um recurso que tem como propósito persuadir/convencer alguém, ou seja, é a capacidade de relacionar fatos/teses, estudos, opiniões, problemas e possíveis soluções, a fim de fundamentar determinado pensamento ou ideia. Para que a argumentação seja convincente é necessário deixar o interlocutor sem alternativa, onde ele seja obrigado a concordar com os argumentos expostos. Deve, também, conter contra-argumentos de forma a não permitir outra leitura. Deve ser concluída com uma resposta ou simplesmente com a ideia chave da opinião das pessoas. O objetivo deste tipo de argumentação é convencer e/ou persuadir, levar o leitor a seguir uma linha de raciocínio e a concordar com as outras pessoas. Ainda que não percebamos o uso da argumentação, no nosso dia-a-dia ela faz-se presente, é muito mais frequente do que imaginamos à primeira vista. Argumentamos sempre quando pensamos sobre qual atitude tomar e o que fazer, quando buscamos justificações para as nossas crenças, quando buscamos razões para uma escolha, etc. Todavia, a argumentação não é algo restrito à linguagem, isto é, é primeiramente um pensamento, uma ideia que se materializa na nossa mente e que pode vir a ser traduzida/transformada em linguagem escrita e/ou falada. É importante salientar que o próprio pensamento é feito com o uso da linguagem. Entretanto, a minha ideia aqui é mostrar que a argumentação não é algo que se fixa somente em debates e discussões, mas que também é feita pelo uso da razão sem precisar de um orador para confrontar argumentos. Por exemplo, uma mulher que nota o comportamento estranho no seu marido e conclui que ele a está traindo, está argumentando, o cidadão que racionaliza acerca do seu voto nas próximas eleições, está argumentando, enquanto faço esta reflexão e procuro boas justificações para demonstrar a importância e o uso da argumentação, estou argumentando. Ou seja, argumentamos sempre, mas nem sempre tomamos consciência disso. Concluindo, a argumentação é adquirida no dia-a-dia (a longo prazo), com a prática, convivência de boas ou más experiências que nos possam acontecer. Uma pessoa com estes dados adquiridos consegue argumentar certos factos ou atitudes, pois contra factos não há argumentos.


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O que é Argumentar? Élvis Fernandes Argumentar é desenvolver organizadamente um raciocínio, uma ideia, uma opinião ou um ponto de vista, de forma a influenciar, convencer, ou persuadir um leitor ou um auditório. Muitas vezes necessitamos de melhorar a nossa forma de argumentar para enfrentarmos uma oposição e tentar convencer. A argumentação é um ato de inteligência que para ser eficaz é necessário organizar alguns pontos. Necessitamos de ter um conhecimento claro do assunto, elaborar um guião, considerar o auditório que vamos enfrentar, apresentar com clareza os argumentos e os objetivos da argumentação. No fundo, todos nós nascemos com a capacidade de argumentação, embora nem todos desenvolvam esta capacidade, tal como as outras capacidades que temos e melhoramos. A capacidade argumentativa pode ser desenvolvida e melhorada. Na argumentação temos de ter em conta a sensatez, a pertinência, a oportunidade e o ambiente propício, e tentar ter sempre uma posição de igual para igual para podermos estar à vontade e deixar à vontade o auditório presente perante o discurso apresentado. No dia-a-dia, sem nos darmos de conta, temos muitas vezes momentos argumentativos, sejam eles particulares, entre duas pessoas, familiares nas nossas casas, e social, seja no local de trabalho ou na escola.


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O que é Argumentar? Patrícia Silva A argumentação é essencial por ser uma forma de descobrir quais os melhores pontos de vista. É uma forma de investigação, no sentido de explicar, defender, expressar e provar as nossas ideias, fazer que a nossa opinião prevaleça sobre o outro mas de forma racional. Mas não quer dizer que a nossa ideia será aceite. Todos nós temos e apresentamos as nossas capacidades argumentativas, todos temos ideias e queremos aprofundá-las. A argumentação é uma presença constante, a qual pode ser espontânea ou ser ensinada. Todos argumentamos

mais ou menos bem, embora saibamos que há pessoas com mais capacidades argumentativas que outras. É obvio que uma pessoa com mais estudos sustenta melhor uma ideia, uma opinião e debate ou discute essa ideia com mais confiança e mais profissionalismo. A argumentação é utilizada em várias áreas, embora em algumas seja mais fundamental que em outras. Argumentamos a todos os níveis, quer a nível particular, familiar e social. Esta é muita utilizada no nosso dia-a-dia, nos tribunais, publicidade, na política. A nível laboral, em geral, também argumentamos. Todos os meios mediáticos utilizam-na muito para ganhar o auditório a seu favor, ou seja, para

ganhar ouvintes. Esta pode ser persuasiva ou convincente. Os elementos básicos que estão presentes na argumentação são: - Logos (são os argumentos propriamente ditos, o discurso), num discurso filosófico podemos encontrar os seguintes elementos: Problema/Questão, Tese, Argumentos, Contra-Argumentos, Refutação dos Contra-Argumentos, Conclusão. - Pathos (argumentação baseada em emocionar o auditório), refere-se ao apelo ao lado emocional do público-alvo. Por exemplo, quando o orador, que se apresenta como membro da audiência, apela às emoções desta última através de metáforas ou de manifestações físicas de emoções (como sorrisos ou lágrimas). Para isso, é imprescindível ter um conhecimento antecipado de como comover o público. - Ethos (argumentação baseada nas qualidades pessoais do orador), refere -se às características do orador que podem influenciar no processo de persuasão, como a sua autoridade, honestidade e credibilidade em relação ao tema em análise. A capacidade de dialogar do orador e a sua apresentação também estão incluídas nas competências que poderão levar à persuasão.


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O que é Argumentar? Lisete Leodoro Argumentar é expressar uma convicção, um ponto de vista, uma ideia, opinião, explicando-a de uma forma convincente. É tentar persuadir quem nos está a ouvir, levando-o a pensar ou agir em conformidade com os nossos objetivos. Podemos fazer com que essa argumentação prevaleça sobre o outro, mas de uma maneira racional e respeitosa. A argumentação não é uma disputa. Qualquer pessoa tem a capacidade da argumentação. Ao partilharmos as nossas ideias, ou quando defendemos ou recusamos algo, estamos, sem dúvida, a

usar o nosso conhecimento argumentativo, que não é mais do que comunicar. Acredito piamente que já nascemos com esta competência, embora tenha plena consciência que há indivíduos com esse dom nato extraordinariamente desenvolvido e apurado. Outros aperfeiçoam a técnica, aptidão ao longo da vida, mas há também aqueles indivíduos, os chamados passivos que não fortalecem esta capacidade. Usamos a argumentação no nosso dia-a-dia. Muitas vezes nem nos apercebemos que estamos a argumentar. Por exemplo: quando tentamos resolver um problema, quando queremos convencer alguém a aceder um pedido nosso. Para

tudo isto recorremos à argumentação. A nível familiar, a argumentação também está presente, senão vejamos: o que ensinamos, transmitimos e como transmitimos aos nossos filhos é significativo para o seu crescimento, para a sua vida adulta, é essencial passar credibilidade, ser natural, espontâneo e demonstrar conhecimento sobre o assunto que se está a abordar, e, acima de tudo, fazê-los ver que podemos e devemos argumentar, mas sempre com educação. A nível social funciona praticamente da mesma maneira. Quando um político afirma na sua campanha que se for eleito, fará isto ou aquilo, tem como finalidade convencer o cidadão pela razão lógica, fazendo com que ele se sinta valorizado. Na publicidade os anúncios são escolhidos com muito rigor, as palavras e imagens que passam fazem com que o cidadão tenha uma visão positiva do que está a ser anunciado, para que se crie a vontade de comprar o produto. Em relação aos aspetos centrais da argumentação, perante um auditório o orador deve conhecer o público presente no recinto, deve dominar bem o tema, falar de improviso, responder às perguntas, ter boa aparência, conquistar a atenção dos ouvintes, transmitindo a mensagem de uma forma agradável e não ser repetitivo.


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Sócrates: Um Grande Mestre da Humanidade (Sobre o filme de Roberto Rossellini “Socrates”) Zina Almada Roberto Rossellini inspirou-se nos diálogos de Platão para realizar o seu filme, pois Sócrates, o filósofo, não deixou nada escrito. Foram escolhidos alguns diálogos onde a figura de Sócrates é muito marcante. Com o filme, achei que a vida de Sócrates foi impressionante. Sócrates foi uma voz que

não podia calar-se. E assim foi até ao fim da sua vida, quando ele foi acusado de corrupção da juventude e por negar os deuses da cidade, introduzindo deuses novos. Essa acusação foi feita por Meleto e Anito. Mas as palavras de Sócrates são postas na escrita de Platão que foi um dos seus discípulos ou seguidores, pois, como disse, Sócrates nada escreveu do que disse ou do que ensinou. Sócrates achava que pela pala-

vra falada é que se conseguia chegar ao ensinamento mais eficaz. Talvez, no seu íntimo, teria a certeza de que alguém iria escrever um dia o essencial dos seus ensinamentos, tal como fez Platão. Platão, Críton e Fédon são discípulos fiéis de Sócrates e a prova disso são as visitas que faziam ao seu mestre na prisão. Então, para mim, o filme também elogia o valor da fidelidade, da amizade e da capacidade de não negar nem trair alguém que foi muito importante na vida dos que se cruzaram com ele. Neste caso concreto, esse alguém foi Sócrates. Na cena em que Sócrates está prestes a tomar o veneno que o vai matar, a cicuta, ele está convicto que não morrerá de verdade, pois a sua alma, ou seja, ele mesmo enquanto alma sobreviverá à morte do corpo. Isto fez-me lembrar no que acreditamos na fé cristã: a alma nunca morre, apenas o corpo é que se corrompe,


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sendo transformado num novo corpo glorioso, na vida eterna com Deus, depois do que acreditamos ser a Ressurreição, que acaba por ser o nascimento para uma vida nova e eterna com Deus, tendo sido Jesus Cristo o primeiro a dar o único testemunho dela, por meio da fé. No filme, como é normal, há o bom e o mau para despertar o interesse e abrir os olhos a quem o vê. Por isso, Sócrates tem também os seus inimigos a quem considera falsos, sobretudo pela sua maneira de pensar a existência. Eram os sofistas os inimigos de Sócrates. Os sofistas ensinavam

os jovens, mediante certo pagamento, a usar bem os discursos nas assembleias. Então os sofistas tinham um papel muito importante na construção da carreira política dos jovens

cidadãos,

sobretudo

em Atenas, que é uma democracia onde o uso da palavra é

livre por parte do cidadão, portanto ter um domínio da retórica era uma forma muito eficaz. A condição de uma boa carreira pública. Sócrates não os via com bons olhos, pois achava que eles não ensinavam algo que fosse ao encontro da verdade que ele defendia. Assim, o filme mostra a atitude e o comportamento de Sócrates em tudo aquilo que ele considerava ser verdade, ou seja, a sua própria filosofia diferente da dos sofistas, por exemplo. Acho que aqui se pode apreciar as pessoas que não se deixam influenciar pela maneira de pensar dos outros, anulando-se a si próprias. Podemos respeitar o outro sem ter necessariamente a mesma opinião que ele, pe-

lo menos na maioria das vezes. Mas julgo que o filme não é de entendimento fácil à primeira vista. Apercebime da sua importância, pois o ser humano jamais poderá deixar de se questionar sobre o mundo em que vive. Não deixará de se questionar sobre a sua origem, a sua razão de ser e de agir, os seus comportamentos e atitudes, sobretudo em relação aos outros, pois deveríamos viver em relação com os outros e não de forma egoísta a pensar apenas em nós próprios.


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Penso que Sócrates achava que só poderiam ser compreendidas as coisas vividas. Não adiantaria buscar respostas que surgissem de hipóteses ou de pensamentos sobre determinada pergunta. As respostas surgiriam da experiência humana vivida sobre algo como a virtude, a justiça, a piedade, etc. O filme lembra a política, ou a melhor forma de a fazer. Sócrates defendia que na vida política quem deve governar a cidade é quem detém o saber sobre o que é governar a cidade. Assim como o piloto do navio detém um saber sobre como pilotar um navio. Desta forma, Sócrates estaria a criticar a democracia ateniense. Para Sócrates, governar bem é possuir um certo saber, um saber moral, que

legitima que determinados indivíduos sejam governantes na cidade. Sócrates era filho de uma parteira e de um escultor. Por isso, o que ele fazia com os seus interlocutores era o mesmo que a mãe fazia com as mulheres ao ajudar a dar à luz. Ele dizia que não produzia nenhum saber nos seus interlocutores, ele apenas os ajudava a trazerem à luz alguma verdade que eles possuíssem na sua alma. Na

minha

opinião,

sendo um filme de filosofia, um filme que nos leva a

pensar, mas pensar em algo difícil, pois eu própria tive dificuldades em compreender todo o filme. No entanto, há uma coisa que achei muito importante: a pessoa de Sócrates em si, sobretudo no fim da vida. Para mim é essa a lição de

vida. Sócrates preferiu morrer a contradizer a sua verdade, os seus princípios e convicções, ou seja, aquilo em que acreditava ser o melhor entre os homens, sobretudo a nível interior. Os valores que trazemos connosco no nosso interior é que farão a pessoa que seremos para os outros. E isso vai refletir-se por fora, quer individualmente, quer na sociedade em que vivemos e no papel ou missão que nela desempenhamos na construção de um mundo melhor, político e não só.


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Edificações fílmicas Mariana Reis Na atualidade, estamos a perder os valores, as tradições e os costumes, pois cada vez mais as pessoas vivem num sítio e não partilham os momentos festivos todas em conjunto, tal como antigamente. Neste momento as pessoas mostram-se indiferentes, desvalorizando esses valores. Antigamente, as pessoas eram obrigadas a incutir

certos alores, concordando com eles ou não. Era os valores tradicionais, pois se os desrespeitassem eram castigadas. As pessoas, nos dias de hoje, têm uma mente mais aberta, tolerante, passaram a ter liberdade de assumir os valores da sua comunidade que lhes interessa. Na realidade, os valores não se consideram definitivos, pois os nossos hábitos tradições e valores têm ten-

dência a alterarem-se, porque a cultura está em constante mudança. O mundo está a evoluir e isso acaba por transformar a sociedade, quer a nível familiar, quer a nível de toda a sociedade. Durante as sessões visualizámos o filme “O Clube do Imperador”, que transmite mensagens importantes da ética e da honestidade. O professor Humdert, durante as suas aulas, dá lições de moral, tentando mudar o carácter dos seus alunos, através do estudo do exemplo dado pelos filósofos gregos e romanos. Ele dizia que “o carácter de um homem é o seu destino” e tentava incutir a disciplina, a humildade, a honestidade, a virtude e o interesse comum, para que assim os indivíduos dessem um maior contributo na sociedade e valorizassem os valores comuns. Posteriormente, visualizamos o filme


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de Pasolini “Decameron”. Um filme que é “sujo”. Aqui se mostra com naturalidade a realidade de como tudo acontece, desvalorizando os valores. Nele predomina o adultério, o sexo, a festa, o prazer, o mal, o pecado, a falsidade, o engano. Até as freiras mostram a curiosidade pelos prazeres do mundo e até mesmo há um padre que inventa um feitiço para abusar da mulher de um amigo. A mensagem que este transmite é que devemos destruir a igreja como instituição. O indivíduo precisa de mudar as suas atitudes, os seus compor-

tamentos. Pois, as pessoas que têm maior estatuto são aquelas que menos valorizam os valores e fazem tudo simplesmente por interesse. O filme denuncia a hipocrisia daqueles que se dizemos os representantes dos valores supremos. Que falam, no fundo, em nome de Deus. Em suma, os conhecimentos aqui adquiridos serão muito importantes para o

meu dia- a--dia. Aprendi sobre a importância de como os valores pessoais interferem com os valores da sociedade, o que neste momento é preocupante, pois não sabemos as consequências. Porém, da forma que reparo que cada vez mais existe a desvalorização dos valores éticos, os miúdos mostram desinteresse, o que, de certa forma, até assusta o facto de não quererem saber de nada (a indiferença = o niilismo).


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Ética: Família e Escola Isa Abreu “O

clube do imperador” - um filme que aborda a relação entre o comporta-

mento, competitividade, ética e o caráter de um aluno no ambiente escolar. Ao que pôde observar do filme, a escola ST. Benediet’S tinha como objetivo ensinar aos seus alunos a ética, os valores e a conduta moral. Mas a verdade é que os alunos de hoje, assim como o aluno Sedgewick Bell, mostram comportamentos desleais e atitudes antiéticas cada vez mais frequentes. Acredito que as escolas tenham bons formadores, com experiência e bons princípios, mas é claro que esta responsabilidade não cabe apenas à instituição ou ao docente, mas sim à família, que é o alicerce estrutural do caráter destes alunos, ou seja, do indivíduo, visto que este é formado no âmbito familiar e que dificilmente poderá ser modificado, devido à educação. Muitas vezes apercebemo-nos que esta pode e têm influência nos comportamentos éticos, levando na maioria das vezes a que as pessoas tenham atitudes desleais, pois, isso acontece, pelo facto de não aceitarem serem perdedores, acabando por não respeitar as regras que lhes são impostas. Este filme apresenta-nos situações lamentáveis. Como seria bom que os alunos e não só pudessem refletir em relação a comportamento ético, pois o ambiente e as pessoas que nos rodeiam muitas vezes acabam por influenciar o nosso comportamento, na nossa conduta ética e, por vezes, no nosso caráter… Tivemos a oportunidade de visualizar um filme de Pasolini, Decameron, onde

pudemos verificar como aquelas pessoas eram desleais umas para as outras. Para conseguirem os seus objetivos não lhes interessava nada a não ser o poder, a ganância etc. ou seja, as pessoas não têm mãos a medir quando se trata de preservar os seus próprios interesses. No fundo, é o niilismo que vigora nestas ações. Já se pratica desde há muitos anos. Conseguimos ver neste filme a podridão que existe na sociedade, não só naquela altura, mas também atualmente. A questão


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dos padres e irmãs ligadas à igreja surpreende-me cada vez mais. Estava convencida que naquela altura fossem mais corretos e tivessem valores morais, mas a verdade é que eu pude verificar que não. É lamentável como estas pessoas que se dizem ser pessoas do bem possam agir de tal forma, sem qualquer ética. Infelizmente, é o que temos. Que moral têm esta sociedade para nos exigir o que quer que seja quando estes procedem da pior forma possível para conseguirem apenas os seus objetivos, sem pensar nos outros… Lamentavelmente, a maior parte da nossa sociedade procede esquecendo o conjunto de normas e princípios de ordem moral que regem a conduta de uma pessoa, de um grupo ou de uma sociedade, ou

seja, a ética, porque o que interessa é só eles e os outros não importa nada… Concluído, apreciei com muita atenção toda esta abordagem em contexto de aula, pois é um tema do qual eu gosto de falar, embora muitas vezes revolto-me com determinadas situações, mas tento sempre da melhor forma possível dar a volta à situação quando me deparo com falta de ética em relação a determinadas pessoas. Tenho imensa pena que assim não seja com todos.


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Ética Escolar Carina Camacho, Sara Serrão e Zina Almeida Código Deontológico do Aluno Os alunos são responsáveis, pelos direitos e deveres que lhe são conferidos pelo Estatuto do Aluno dos Cursos de Educação e Formação para Adultos Capítulo I Responsabilidade dos Alunos Direitos dos Alunos O aluno tem direito, a: Ser tratado com respeito e correção pelos colegas e formadores bem como por parte de toda a comunidade educativa Usufruir do ensino e de educação de qualidade de acordo com a lei, em condições de efetiva igualdade de oportunidades no acesso, de forma a propiciar a realização de aprendizagens bem sucedidas Usufruir do ambiente e do projeto educativo que proporcionam as condições para o seu pleno desenvolvimento, intelectual, moral, cultural e cívico Ser reconhecidos e valorizados o mérito, a dedicação, a assiduidade e o esforço no trabalho e no desempenho escolar e ser estimulado nesse sentido Liberdade de se expressar e dar a sua opinião Capitulo II Deveres do Aluno O aluno tem o dever de: Cumprir todas as normas e regulamentos Compreender e de exercer os seus direitos, cumprindo as suas obrigações e respeitar os direitos dos outros Ser assíduo, pontual e empenhado no cumprimento de todos os seus deveres no âmbito das atividades escolares Guardar lealdade para todos Respeitar todos, não interessa a cor, sexo, religião, idade Trazer o material necessário para a formação Contribuir para a harmonia da convivência escolar entre todos os alunos


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Deontologia Profissional Zina Almada Os códigos deontológicos existem nas diferenças profissões, por exemplo: médicos, advogados engenheiros e enfermeiros, etc. Os mesmos servem para regulamentar os direitos e deveres de cada profissional, seja qual for a profissão que exerça. Sem direitos e sem deveres as profissões seriam exercidas sem respeito e com desgoverno. Assim só pode ser profissional aquele que respeita os deveres relativos ao desempenho da sua profissão e também quando tem a noção dos direitos enquanto trabalhador. Isto quer dizer que o código deontológico acaba por ser um conjunto de normas que devem ser respeitadas para que haja sucesso profissional e também a relação ideal, ou pelo menos a melhor relação possível, no que respeita a um ambiente de trabalho tão necessário para que os trabalhadores se sintam bem e assim contribuam para que o trabalho ou profissão que exercem seja de qualidade ou tenha credibilidade perante a sociedade. O código deontológico e a ética estão relacionados. A ética acaba por ser os princípios morais que devemos ter para exercemos bem a nossa profissão. Por exemplo, o respeito pelos nossos superiores ou pelos colegas de trabalho ou ainda por aqueles que beneficiam dos serviços que o nosso trabalho ou profissão proporciona. Se tivermos em conta que o código deontológico pertence à dimensão social não é uma questão de personalidade. É, sim, um normativo a considerar para que o nosso trabalho ou profissão possa ser exercido com qualidade e com responsabi-

lidade, com autonomia e com capacidade de cumprir tudo o que está previsto no código deontológico da profissão ou trabalho exercido por nós. Por exemplo, o sigilo profissional faz parte do código deontológico de determinações profissões, pois salvaguarda todas as situações que, de outra forma, poderia causar prejuízo aos trabalhadores ou profissionais sujeitos ao cumprimento rigoroso de normas que regulamentam o desempenho ideal do trabalho que fazem ou da profissão que exercem.


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Qual Sócrates? Isa Abreu Sobre qual Sócrates eu vou refletir em torno do tema “Códigos de Conduta Institucional”. Será sobre o Ex primeiro ministro de Portugal José Sócrates, o membro do Partido Socialista (PS), que governou o país entre 2005 e 2011. Sim, esse que não teve princípios, ou seja, este senhor que em momento algum pensou em governar o país em benefício dos Cidadãos. Ele que foi e é indiciado por fraude fiscal qualificada, lavagem de dinheiro e corrupção. Mas afinal que tipo de governantes temos nós? Todos os dias ouvimos notícias de corrupção como se isto fosse a coisa mais normal, mas a verdade é que não o é. Que pensam que são estes senhores que todos nós elegemos através do sufrágio universal para governar o nosso país? Estes senhores sem ética nenhuma, sem respeito, sem responsabilidade, sem escrúpulos. Entristece-me tudo isto. Não só o Sócrates, como também outras figuras públicas, por exemplo o nosso antigo Governo Regional da Madeira. Revoltam-me estas situações, as atitudes destes políticos que acham que são donos do Mundo, que só pensam apenas nos seus interesses pessoais e nada mais. No entanto, outras pessoas foram beneficiadas com as expropriações, isto porquê, pois são conhecidos dos senhores doutores que dominam isto tudo e, por sua vez, estes conhecem outros Doutores e assim beneficiam dos dinheiros que não lhes pertencem… Como seria bom que todos estes corruptos fossem penalizados por todos estes erros cometidos, mas de forma exemplar.

Refletir sobre este Sócrates e também sobre toda esta corrupção faz-me mal. Melhor será refletir sobre o filósofo Sócrates, este que usava o seu conhecimento e reflexão para elevar a alma humana (a essência do ser) ao nível das coisas supremas. Para ele, o ideal de busca do Homem deveria ser o bem, o justo o amor, ou seja, bons princípios e a via ética e na moral, as bases para alcançar essa elevação.


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Para ele, as pessoas deveriam ter a liberdade total de pensamentos e ideias, e a justiça e a moral como bússola dos atos humanos. Pode -se inferir que, caso aja assim, o Homem não terá o livre juízo, pois as suas decisões seriam condenáveis. A

profunda conceção de liberdade e pensamento fazia com que Sócrates questionasse tudo, das leis humanas aos deuses, dos dogmas aos costumes e isso trouxe-lhe a reputação de corruptor da juventude ateniense, pelo o facto de fazer com que os jovens refletissem mais sobre a vida e os valores tidos como certos. Tal comportamento era inaceitável para a aristocracia da época e Sócrates foi julgado e condenado pelo tribunal ateniense. Este senhor mesmo diante do tribunal e da certeza da sua condenação, manteve a sua postura de quem não teme nada, consciente da sua própria consciência, de que nada fez para

merecer a condenação. A força dos discursos de Sócrates e a sua presença imponente são tão nítidas que as palavras ficaram marcadas nos seus discípulos que com ele aprenderam o valor da filosofia, da amizade, do caráter e da verdade e a valorizar a essência das coisas, deixando de lado as coisas insignificantes, tal como o poder, a reputação e a riqueza, desenvolvendo uma postura de reflexão e liberdade de pensamentos, que busca o bem e dá acesso à felicidade e à sabedoria… Refletir sobre este homem faz-nos imenso bem ao contrário da primeira reflexão que fiz sobre um Sócrates oposto a este. Como seria bom para toda a humani-

dade que todos tivessem bons princípios, nomeadamente os senhores governantes e todos as instituições que deveriam apenas trabalhar em benefício da humanidade. A verdade é que na maioria dos casos isso não acontece. Temos na memória bem presente os vários casos de pessoas lesadas através das instituições bancárias, devido ao facto dos diretores e gestores bancários, apoderarem-se de dinheiro que não lhes pertencia e assim prejudicarem grande


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parte dos cidadãos que trabalharam uma vida para obter algum dinheiro e não irão gozar do mesmo, porque alguém antes deles já se apoderou das economias destas pessoas… Mas, felizmente, ainda podemos falar sobre algumas instituições com bons princípios, por exemplo o Grupo Daiichi Sankyo que cumpre a sua missão de “contribuir para a melhoria da qualidade de vida em todo o mundo através da criação e colocação no mercado de produtos farmacêuticos inovadores orientados para as mais diversas necessidades médicas dos doentes”. Pois este grupo observa todas as disposições legais e regulamentares reativas às atividades institucionais

na sua globalidade e age de acordo com os mais elevados padrões éticos e com a consciência social de uma empresa empenhada numa atividade que afeta vidas humanas. Tem a preocupação de construir uma cultura estimulante para os colaboradores, reconhecendo o seu mérito e permitindo-lhes demonstrar as suas capacidades e competências. Valorizando muito todo o profissionalismo, dedicação e sentido de responsabilidade. Como seria bom se houvesse muitas instituições como esta que tem a

preocupação para com os outros, que age com moral e com valores éticos. Porém, a realidade é bem diferente. Cada vez mais as pessoas só pensam nelas próprias, isto é, só agem de forma em que elas sejam beneficiadas sem pensar no outro, sem dó nem piedade de ninguém. O que vale é o dinheiro, os bens materiais e nada mais. Nin-

guém favorece ninguém sem contrapartida de alguma coisa. Infelizmente, esta é a realidade em que nós vivemos. Só me resta lamentar tudo isto, mas a verdade é que nós sempre vivemos com falta de valores éticos e morais e assim continuará a ser…

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25 de Abril Agora ... Isa Abreu No 25 de abril de 1974, o movimento das forças armadas, coroando a longa persistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista. Foi uma data que revolucionou Portugal. Partimos para uma democracia onde vivemos até hoje. Neste regime todos têm direitos e deveres, responsabilidades e liberdades contemplados na Constituição da República Portuguesa, que estabelece as leis fundamentais, os direitos e os deveres dos cidadãos e da organização política do país. Mas pergunto: será respeitada a nossa Constituição atualmente pelos nossos Governantes? Esta não é respeitada, pois os nossos direitos são cada vez menos, por exemplo o artigo cinquenta e oito, que nos diz que todos têm direito ao trabalho, e que para assegurar o direito ao trabalhador, incumbe ao estado promover, é falso, pois atualmente temos uma taxa elevadíssima de portugueses desempregados. O mesmo sucede com a igualdade de oportunidade na escolha de profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais. Outro direito que também é violado através das entidades patronais, quando nos convocam para entrevistas e nos dizem não pode preencher esta vaga, porque preferíamos uma pessoa do sexo masculino. Os nossos direitos em relação ao serviço de saúde e educação são cada vez menores. E eu pergunto que democracia é esta em que vivemos? Todos temos a liberdade de expressão através das manifestações ou de outra forma qualquer mas a verdade é que ninguém nos ouve, ou seja, que direitos é que temos? Os nossos deveres têm de ser cumpridos, não podemos deixar de pagar os nossos impostos, os nossos empréstimos bancários, que fizemos para adquirir as nossas casas. Deram-nos muitas facilidades, mas agora dificultam tudo. Exemplo dos gestores de empresas chamados a pagar contas ao fisco. Será que não temos taxas elevadís-

simas a nível de IRS, IRC e IVA. Não poderiam os nossos governantes baixar essas taxas para que estes gestores pudessem manter as suas empresas, e assim também manter os funcionários que são despedidos todos os dias no nosso País. Os deveres dos nossos governantes que não são respeitados quando estes apoderam-se dos bens públicos para seu benefício próprio… Conclusão, fico a pensar que vivemos numa democracia, mas ao mesmo tempo num regime fascista em que só os cidadãos têm deveres e outros só direitos e os deveres ficam esquecidos…


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Cidadania: Liberdade e Responsabilidade Juliana Silva O homem é um ser como qualquer outro ser vivo, contudo, é racional. Há uns anos atrás, nomeadamente antes do século XXI, o homem tinha uma vida bastante limitada/restrita, pois não tinha liberdade de expressão, de escolha e vivia num estado de ditadura. Nesta época, o homem tinha que obedecer às normas impostas, pois se não obedecesse ou tentasse ser contra a política vigente, era um crime, seria pre-

so, condenado e/ou a executar trabalhos forçados e sem direito a um julgamento ou à palavra para se poder defender. A democracia substituiu a ditadura, nomeadamente aquando a revolução 25 de Abril de 1974. Nesta data, o homem ganhou a liberdade de expressão (imprensa, entre outros meios de comunicação) e também o direito ao voto. Na democracia, o poder é exercido por três órgãos: - Poder Legislativo, elabora as leis que regulam o

estado. - Poder Executivo, tem como objetivo governar o povo e administrar os interesses públicos, cumprindo as ordenações legais e a constituição do país. - Poder Judicial, é exercido pelos juízes e possui a capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo com as regras constitucionais e leis criadas pelo poder legislativo em determinado país. O poder judicial tem o dever de defender os direitos de cada cidadão. O cidadão tem o direito a viver em liberdade, igualdade de expressão, de atividade artística, intelectual, científica, literária e de comunicação.

Tem também o direito de ser livre, respeitado (não ser maltratado, não ser torturado, não receber tratamentos desumanos ou degradantes). Para além do cidadão ter direitos, tem deveres, nomeadamente: - cumprimento das leis; - respeitar o próximo (obedecer a uma ordem bem dada, regras de trânsito e/ou outras regras impostas por outras entidades competentes; - proteger a natureza.


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Aprendizagem ao Longo da Vida Juliana Silva

A aprendizagem ao longo da vida designa toda e qualquer atividade de aprendizagem, empreendida numa base contínua, com o objetivo de melhorar conhecimentos, aptidões e competências e dura ao longo de todo o ciclo vital. Na realidade, aprendizagem ao longo da vida não é um tema que tenha despertado apenas, agora, reflexão. A este propósito, relativamente à aprendizagem, o homem devia antes de tudo viver e aprender pela vida e na vida, isto é, toda a autêntica educação efetuar-se-ia mediante a experiência. Como acabei de refletir, a aprendizagem ao longo da vida traz implícita a ideia de mudança, mas também a ideia de problemas, conflitos e a forma de saber lidar com eles e de lhes retirar ensinamentos. Atualmente, a palavra que mais ouvimos nos média é conflito. Os conflitos estão por toda a parte: Na escola, na família, nas nações, nas relações humanas, entre outros. Para lidar com conflitos é importante conhecê-los, saber qual a sua amplitude e como estamos preparados para lidar com eles. A melhor resolução de um conflito é saber comunicar, pois sem diálogo não há comunicação nem solução possível para os problemas. A maioria dos erros, omissões, irritações, atrasos e conflitos é causado por uma comunicação inadequada.

Homem: Ser em Aberto Patrícia Silva Deus criou o homem e os animais, o que os define são os dons e as qualidades particulares. Deus não deu ao homem nada de específico mas sim um pouco


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de tudo, porque aos animais só deu determinadas coisas, um potencial único que diferencia cada animal dos demais. A natureza do homem é indefinida, enquanto a do ser animal é definida. O homem é quem decide o que vai ser, por isso o homem tem história. O homem tem um universo aberto de oportunidades. Tem infinitas possibilidades, as quais variam de pessoa para pessoa. Depende do seu pensar e agir e daí a aprendizagem ao longo da vida e os ensinamentos que daí retiram. O “homem” desenha o seu próprio caminho e lição de vida, ou seja, eu sou livre, decido e escolho. Da minha ação tenho uma consequência. O filme “Uma luz nas trevas”, de Ingmar Bergman, debruça-se sobre a vida

de um jovem sem qualquer deficiência. Aquando do exercício da sua atividade militar sofreu um acidente grave, o qual lhe fez perder a sua visão. Quando a sua namorada soube do sucedido, mudou drasticamente de atitude, na fase da sua recuperação em vez de estar junto dele e apoiá-lo, estava a sair com os seus colegas. Conclui-se que ela não aceitou a sua invalidez, só o queria nos bons momentos e nas tragédias afastou-se completamente. O jovem teve uma mudança trágica no mau sentido e uma luta consigo mesmo, a revolta face à sua nova situação de vida. Até chegou ao ponto de pensar em suicídio, quando a empregada de sua casa o ajudou e apaixonaram-se, realmente.

Há sempre alguma mudança e até esperança perante as adversidades que ocorrem. Não foi fácil a sua adaptação e a sua aprendizagem, para se adaptar à condição de invisual. A sua inserção no mundo e a aceitação por ser invisual, não foi acessível, teve muita rejeição. Era um rapaz de uma classe social superior e elevado estatuto social, tinha boas competências, as quais foram postas em causa e até no exercício da sua profissão já não conseguia exercê-las. Perante a questão: “Como reagiria eu perante um acidente semelhante àquele que este jovem sofreu? - é difícil prenunciar-me sobre o sucedido. Penso que

dependeria do apoio que ia ter e como iria reagir face à ocorrência. Acho que só mesmo na situação em concreto é que veria como iria reagir. Acho que devemos estar preparados para novos acontecimentos menos positivos na nossa vida, que nos trazem angústias e sofrimentos, devemos ser otimistas e com pensamento positivo, aceitar o que nos chega e saber lidar com a situação e nos adaptarmos às novas circunstâncias da vida.

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Comportamentos Élvis Fernandes A agressividade é uma tendência em agir ou responder de forma violenta. O termo está relacionado com o conceito de acometividade, isto é, a propensão para acometer, atacar e criar confusão.

A passividade é um traço de personalidade que se manifesta como uma resistência difusa em satisfazer expectativas de relações interpessoais ou envolvendo o cumprimento de tarefas, caracterizado por atitudes negativas indiretas e oposição velada.

A manipulação é uma tentativa de, indiretamente, influenciar o comportamento ou as ações de outra pessoa. Como seres humanos que somos, muitas vezes nossas emoções encobrem nosso julgamento, dificultando a perceção da realidade escondida por trás das intenções ou das motivações dos diferentes tipos de comportamentos. Os aspetos principais ligados à manipulação são muitas vezes sutis e podem ser facilmente esquecidos e enterrados sob o sentimento de obrigação, amor ou até do hábito. Você pode reconhecer os sinais e evitar se tornar uma vítima. O comportamento assertivo pode ser definido como aquele que envolve a expres-

são direta, pela pessoa, das suas necessidades ou preferências, emoções e opiniões sem que, ao fazê-lo, ela experiencie ansiedade indevida ou excessiva, e sem ser hostil para o interlocutor. É, por outras palavras, aquele que permite defender os próprios direitos sem violar os direitos dos outros.


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Assertividade Juliana Silva O comportamento assertivo permite defender os nossos direitos sem violar os direitos dos outros. Autoafirmação, expressar sentimentos positivos (fazer receber elogios, expressar afetos, iniciar/manter conversas) e negativos legítimos (desagrado, insatisfação). Ninguém é cem por cento assertivo com todas as pessoas e em todas as situações. Para cada pessoa, a facilidade que tem em comportar-se de forma assertiva depende muito da pessoa a quem esse comportamento se dirige (pais, irmãos, professores, amigos, namorado/a, crianças, etc.) e da situação em que se encontra (autoafirmação, expressão de sentimentos positivos ou negativos, etc.) Pode-se dizer que uma pessoa é capaz de se comportar com assertividade, porém é uma caraterística inata que se tem ou não. Adquire-se com o exercício, a experiência de vida. O que acontece é que, as aprendizagens que um ser humano fez ao longo da vida levam a que, no momento atual, ele tenha ou não a capacidade de se comportar de forma assertiva. Muitas vezes as pessoas têm dificuldade em se comportar de forma assertiva em determinados momentos, porque, no passado, foram repetidamente punidas, física ou verbalmente, por se expressar em momentos semelhantes. A assertividade é sobretudo uma escolha. Da mesma forma que uma determinada pessoa aprendeu a comportar-se de forma não assertiva, ou seja, com comportamentos passivos, agressivos e até manipuladores, esta também pode aprender um conjunto de competências que lhe permitam comportar-se com maior assertividade. Ainda que os comportamentos não assertivos tenham, a curto-prazo, algumas consequências positivas para o próprio (que é, aliás) o que explica que se mantenham), as suas consequências são, num balanço global, negativas. Os comportamentos assertivos são, por outro lado, quase universalmente vantajosos. Depois de aprendida a assertividade, poderá vir a ser mais uma ferramenta, de entre o conjunto que já dispomos. Nada nos obriga a utilizá-la, mas caso ela se venha a revelar necessária, é bom saber que lá está.

A assertividade não garante a não ocorrência de conflitos entre duas ou mais pessoas, o que acontece e que se duas ou mais pessoas em desacordo comunicarem de forma assertiva, é mais provável que reconheçam que existe um desacordo e tentem chegar a um consenso/objetivo ou, simplesmente, decidem manter a sua posição respeitando a do outro. Em todo caso nos só somos responsáveis pelo nosso próprio comportamento, se a outra parte do conflito decidir comportar-se de forma não assertiva o problema é dela.


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Empatia Isa Abreu Eu estou no Mundo com os outros, onde o olhar e a solidariedade do outro seria o melhor conhecimento, retribuição que poderia receber. Seria um fator natural e sincero. O outro é aquele com quem eu convivo de uma forma mais efetiva ou não, depende da relação de cada pessoa. A capacidade de perceber o que o outro sente é fundamental para que eu possa ajudar a quem quer que seja, independentemente da raça, religião, género ou sexo, seja ele mulher, homem ou homossexu-

al etc. Pois com esta capacidade posso perceber os motivos porque o outro agiu de determinada forma e entender certos comportamentos. Uma das raízes dos problemas de comunicação e da capacidade para criar uma relação de empatia é que muitas vezes não ouvimos os outros para os entender, mas sim para responder logo de seguida, em geral para falar de nós, e das nossas opiniões. Quantas vezes nem ouvimos bem o que ou-

tros nos dizem porque já estamos ligados a qualquer coisa que isso nos fez lembrar, da história que vivemos, da nossa opinião e só ficamos à espera que este acabe de falar para contar a nossa parte. Pois agindo assim perdemos a capacidade de prestar genuína atenção e demonstrar interesse para com o outro. A Empatia – Pequena História Um senhor velhinho que morava com um filho a nora e o neto, quase totalmente surdo e cego, tinha dificuldade para comer sem derramar a comida. Ocasionalmente deixava cair a taça que acabava sempre por partir. O filho e a nora achavam aquilo nojento. Até que um dia o colocaram atrás do fogão e deram-lhe uma

taça de madeira para que esta não se partisse. Certo dia o netinho deste estava trabalhando com algumas peças de madeira. E o pai perguntou o que estás a fazer filho? E o menino respondeu. Estou fazendo um coxo de madeira para tu e a mãe comer quando fores da idade do avô e eu da tua… Desde aquele dia o avô passou a comer à mesa com a família. Eis a importância de nos colocarmos no lugar do outro…


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Compreender-se Sandra Silva Com o resultado do questionário preenchido, constatei que o meu comportamento resultou predominantemente passivo e assertivo, pois é como me identifico. Sou um pouco inibida em algumas situações e também assumo sentimentos de desvalorização pessoal e falta de autoconfiança. Quando estou num dia menos bom, às vezes, respondo com agressividade. Do meu ponto de vista, penso que o meu caráter se identifica com o meu comportamento, ou seja, tento agir da mesma forma, embora às vezes me apeteça “partir a loiça toda”. Acho que transpareço o que sou mas sempre com um pé atrás. Não me comporto da mesma forma perante qualquer pessoa. Se forem pessoas que não conheço tento manter sempre um “pé atrás” mas é claro que quando não tenho confiança fico calada. Detesto gente com estatutos sociais, que se sentem melhor que os outros e desvalorizem quem não o tem. Nesses casos prefiro nem chegar perto de gente assim, fico no meu canto. Tendo em conta a visualização do filme “A Laranja Mecânica”, de Stanley Kubrick, filme adequado à abordagem do tema dos comportamentos. O mesmo mostra o sadismo que a sua personagem principal levava a cabo, pois tinha o prazer de ver e fazer os outros sofrerem. Quando os colegas do gangue armam uma cilada, na qual este é apanhado e condenado a catorze anos de cadeia, o seu comportamento na cadeia já era de se fazer de vítima. Este foi submetido ao “tratamento Ludovico”, tratamento que consistia em projetar imagens violentas e agressivas e associando a isso a música que ele gostava muito para ele se redimir daqueles episódios violentos e agressivos e se inserir na sociedade. O efeito pretendido perante os olhos de quem engendrou o tratamento parecia

correr bem mas não era verdade, pois ele estava a fingir. Tudo não passava de uma farsa. É o que se passa na nossa sociedade,. Nesta o que há mais são pessoas a se fazerem passar por o que não são e passam por cima dos outros. Pessoas assim são doentes mentais e não devem estar inseridas na sociedade, pois representam um perigo para a sociedade.


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Direitos e Deveres Laborais Juliana Silva As entidades empregadoras têm deveres para com os seus trabalhadores e, ao mesmo tempo, têm também direitos a partir do momento em que o contrato de trabalho entre em vigor e até à dissolução do mesmo. O trabalhador deve respeitar e ser respeitado no trabalho, cumprindo as suas tarefas de forma a, posteriormente, ser compensado monetariamente, conforme o estipulado no contrato de trabalho, acordado entre as partes intervenientes. O trabalhador deve, também, dar as condições necessárias de trabalho à entidade patronal e vice-versa. Tem de analisar a qualidade de execução dos trabalhos de forma que estes tragam uma melhor produtividade para a empresa. A entidade patronal deve salvaguardar as situações de risco e garantir a segurança dos trabalhadores, assim como possuir seguros para, eventualmente, se for necessário poder acionar, em casos que possam existir acidentes de trabalho, bem como outras indeminizações que possam ocorrer no trabalho. O funcionário ao executar os seus trabalhos com qualidade e demonstrar efetivamente produtividade para a entidade patronal (empresa) é justo que este seja compensado, bem como lhe seja dada a oportunidade de se inscrever ou concorrer à subida de carreira profissional ou executar trabalhos de nível superior e com outra responsabilidade. O trabalhador tem direito a ser tratado com igualdade no acesso ao emprego, formação e promoção profissional; descansar pelo menos um dia por semana; não exceder as oito horas de trabalho por dia e as quarenta horas por semana; gozar férias, entre outros direitos. A entidade patronal e o trabalhador deverão proceder de boa fé no exercício dos seus direitos e no cumprimento das respetivas obrigações. Ambas as partes deverão colaborar no sentido de alcançar maior produtividade, igualmente na promoção humana, profissional e social do trabalhador. O trabalhador deve comparecer ao serviço com assiduidade e pontualidade, deve realizar os trabalhos com zelo e qualidade, deve, também, cumprir as ordens e instruções do responsável respeitante à execução do trabalho, bem como a segurança e higiene no trabalho e guardar lealdade e cumprir com as ordens da entidade patronal.


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O Trabalho Face aos Desafios da Sociedade Atual Lisete Leodoro O trabalho é um direito que assiste a qualquer cidadão. Se bem que na sociedade atual, qualquer que seja a sua faixa etária, nível de educação escolar, o desemprego é cada vez mais uma realidade. Em Portugal a legislação respeitante ao trabalho, contemplada no Código do Trabalho, prevê os direitos e deveres dos empregadores e empregados, ou seja todo o trabalhador tem o direito a um contrato de trabalho, a uma remuneração, à não discriminação quanto à sua nacionalidade, orientação sexual, religião, convicção política…. Por sua vez, este tem o dever de respeitar a hierarquia, o dever da pontualidade, do respeito para com os colegas. Na atual conjuntura há, sem dúvida, precariedade laboral, o que leva à violação por parte da entidade patronal das normas contempladas no Código do Trabalho. Cada vez mais os trabalhadores devem desenvolver outras competências e estarem abertos aos processos de inovação que constantemente estão a acontecer do âmbito do trabalho, ficando assim dotados de competências diversificadas e compatíveis com as exigências do mercado. Nos dias de hoje, assiste-se a um grande fluxo emigratório, à procura de trabalho, melhores condições económicas, familiares e sociais. As tecnologias

novas são

também, um grande rival do traba-

lho humano, cada vez mais a mão humana é substituída pela máquina, não querendo isto dizer que a qualidade seja superior. O facto é que a máquina é mais rápida e de menor custo.


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O Trabalho na Modernidade Patrícia Silva O trabalho é um direito de qualquer cidadão, ou seja é uma atividade na qual prestamos os nossos serviços e que poderá ser ou não remunerada. Mantém-nos ocupados. Um trabalhador tem os direitos e deveres, por esse facto. Em Portugal estes estão consagrados no Código do Trabalho, assim como na Constituição da República Portuguesa. Numa relação laboral presume-se sempre a existência do contrato de trabalho. Sabemos que este pode ser verbal ou escrito, embora o escrito seja a forma de contratar mais realizada em Portugal. Na minha opinião, é mais viável e fiável. No caso de alguma ocorrência, temos prova por escrito para reivindicar os nossos direitos. São nossos deveres, enquanto trabalhadores, desempenhar as nossas funções com competência, ter respeito para com a entidade patronal, os colegas, clientes e público, respeitar o horário laboral, acatar as chamadas de atenção da entidade patronal e aceitá-las de forma positiva. Houve progressos significativos no campo dos direitos laborais nas últimas duas décadas em Portugal. Porém, continua a existir uma discrepância no que está contemplado na Constituição da República Portuguesa e no Código de Trabalho e a realidade. Dou como exemplo: “todos têm direito ao trabalho”, porém, na atualidade, existe muito desemprego em todos os setores e faixas etárias. Na atual época, a mão-de-obra humana é substituída pelas máquinas, existe mais produtividade, mas menor qualidade. Daí haver cada vez mais emigração. As pessoas procuram subsistência

noutro

país,

para melhorar a sua forma de vida e da sua família. Sabemos, também, que devido à precariedade laboral nos tempos


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atuais as entidades patronais exploram cada vez mais os trabalhadores. Há uma clara falta de humanidade, quer a nível de horários, funções, polivalência, flexibilidade e competências noutras áreas. Na atual conjuntura, caraterizada pela globalização do mercado de trabalho, os desafios do mercado laboral passam pela flexibilidade qualitativa e qualificante da mão-de-obra. Os trabalhadores devem desenvolver cada vez mais competências e estar abertos aos processos de inovação que ocorrem constantemente no mercado de trabalho, a fim de ficarem dotados de competências diversificadas a adaptáveis às exigências do mercado que importa salvaguardar.

Precariedade Laboral Élvis Fernandes Nos dias de hoje os cidadãos têm direito e deveres, que, no fundo, têm de ser respeitados para o bem-estar de cada cidadão e da população em geral. Desde crianças os cidadãos têm direito à proteção da sociedade e do Estado, em especial contra o exercício abusivo da autoridade na família e nas diversas instituições, contra o abandono e também a discriminação. Em adultos, os cidadãos têm direito a exercer uma profissão, onde têm o direito à igualdade e a oportunidade na escolha da profissão, sem que sejam discriminados em função do sexo, raça ou até religião. Todos os cidadãos que trabalhem, que exerçam qualquer profissão, têm os direitos dos trabalhadores contemplados no Código do Trabalho. Têm direito a trabalhar em condições de higiene, segurança e saúde, à retribuição do seu trabalho segundo a quantidade, natureza e qualidade e para trabalho igual salário igual. Hoje em dia, em Portugal, estamos a perder muitos desses direitos devido à crise e ao grande número de desempregados. Já não podemos exigir nada, porque corremos o risco de perder o trabalho e ficar desempregados.


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A Discriminação no Trabalho Sílvia José

Nesta sociedade que vivemos hoje em dia podemos ver que há, cada vez mais, pessoas a dar importância às aparências e não aceitam que “ somos todos diferentes e todos iguais”. Apresento alguns preconceitos mais comuns no mundo do trabalho hoje em dia.

Aparência O preconceito com a aparência é o que se vê mais por todo mundo. Vestir-se de maneira diferente, usar tatuagens ou outros acessórios, aquela pessoa pode ser boa mas olham para ela com desconfiança. A maioria das empresas não quer aquela pessoa para trabalhar, pois pode criar má fama para o local de trabalho, ou então as pessoas poderão evitar entrar no local de trabalho. Idade Este é mais comum, tanto velhos como novos sofrem com isto. Os velhos é porque podem não ter a mesma capacidade de realizar o trabalho ou tarefa como um jovem, e os jovens são considerados ingénuos e sem experiência.

Peso/Tamanho A sociedade criou um padrão de beleza e atração foram os criadores de um preconceito muito comum por todo o mundo. É mais comum ser contra pessoas com excesso de peso mas com este preconceito quase nin-


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guém se livra. Magros, baixos, altos e muitas outras características são alvo de discriminação.

Religião Qualquer pessoa pode optar pela religião que bem entender, sem ser criticado na sua cidadania com a sua escolha. A religião é uma escolha livre de cada cidadão que deve ser respeitada pelos seus pares. Legislação europeia, aprovada em 2000, proíbe toda e qualquer dis-

criminação, quer religiosa, com base na raça, deficiência, sexual ou na idade. Deficientes Este preconceito engloba a discriminação ou os maus tratos a pessoas com deficiência mental, emocional, ou física. As pessoas têm tendência a inferiorizar pessoas com deficiência e em algumas partes do mundo há instituições que negam os seus serviços e emprego a estas pessoas.

Homofobia Desde sempre que a heterossexualidade é considerada superior à homossexualidade, muitas pessoas estão contra homossexuais e bissexuais. Os crimes de ódio contra este grupo tornaram-se bastante comuns em algumas partes do planeta incluindo os Estados Unidos da América, onde cerca de 1000 crimes são registados,

por ano, contra a comunidade gay. Na minha opinião, temos todos que respeitar e não apontar o dedo pois eles sofrem com isso, e não têm culpa. O importante é que estas pessoas sejam felizes à sua maneira, foram eles a escolher por isso ninguém tem o direito a estragar nem magoar essas pessoas.


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Social O preconceito das classes sociais toma normalmente forma através dos mais ricos contra os pobres. Porém, o oposto também acontece, com os que têm menos posses a criticarem os mais abastados. Acho que cada um é feliz à sua maneira, seja rico ou pobre, e cada um vive conforme as suas possibilidades, o que não concordo é que as pessoas ricas, por vezes, se achem superiores às outras mas tenho certeza que as pessoas pobres às vezes são mais felizes que as pessoas

ricas, pois a felicidade não é só o dinheiro, e todos nós temos que nos respeitar uns aos outros. Sexismo O sexismo envolve a crença de que um sexo é naturalmente superior ao outro, é por isso que dizem que os homens são superiores as mulheres e, como tal, devem ter mais poder. Isto coloca as mulheres em desvantagem em muitas

áreas da sociedade. Por exemplo no trabalho, em que se acredita que o homem é mais capaz e, como tal, são criadas mais oportunidades para os homens do que para as mulheres. Racismo O racismo ocorre principalmente de duas formas. A primeira, e menos comum nos dias de hoje, é a atitude aberta de racismo, em que grupos específicos fazem propaganda pública passando a mensagem que uma raça é inferior à sua. São atitudes comuns a grupos da superioridade branca e alguns exemplos das suas ações são crimes de ódio, segregação e genocídio. A segunda forma de racismo é chamada de racismo encoberto, que atua dissimuladamente sob a forma de crença cultural de que pessoas de certa cor ou raça são inferiores.


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Marketing Político

Lisete Leodoro

Atualmente, e cada vez mais é fundamental o marketing político. Trata-se de um conjunto de técnicas que contribuem para a construção de uma pessoa marcante, tais como: o perfil familiar, paterno, moderno, simples, conservador e a

partir daqui se desenvolve a melhor gestão da imagem do político. A imagem planeada do candidato, a sua aparência, maneira de vestir, de estar, as suas declarações, ações, o seu comportamento deve ser adequado aos desejos dos eleitores. A pesquisa de mercado também é importante, na medida em que vai ao

encontro dos interesses do eleitor, identificar os principais problemas, as suas necessidades e a maneira como são encarados e sentidos pelos mesmos. A comunicação da campanha é crucial, a mensagem a transmitir, a melhor maneira de apresentar visualmente o candidato. Para além de cativar os seus eleitores tem também a responsabilidade de motivar o seu partido e os

eleitores comprometidos com a campanha. Outro aspeto importante é o trabalho voluntário, valorizar o partido como centro de decisões, estar sempre motivando os colaboradores, estabelecer objetivos e metas para a equipa voluntária, treinar o pessoal e acompanhar de perto o seu trabalho.


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Democracia e Deliberação Sandra Silva

Os mecanismos Deliberativos consistem num conjunto de entidades, desde o cidadão até ao poder central, que intervêm no exercício da democracia. A Democracia divide-se em três conceitos que são: mecanismos de representação, mecanismo de participação e mecanismos de deliberação. Os mecanismos de representação são, por exemplo, os deputados da Assembleia da República. Estes são eleitos pela população de cada um dos círculos eleitorais e representam a nação. Os mecanismos de participação podem ser os candidatos às eleições legisla-

tivas ou os cidadãos portugueses eleitores. As candidaturas podem integrar cidadãos inscritos e não inscritos nos respetivos partidos, salvas as restrições que a lei eleitoral estabelecer. Os cidadãos são chamados a participar em quatro tipos de eleições. No caso dos Açores e Madeira, são cinco eleições: Legislativas, Autárquicas, Presidências e Europeias e nas ilhas para a Assembleia Legislativa Regional. O Presidente da Assembleia representa a Assembleia Legislativa, dirige e coordena os seus trabalhos e exerce autoridade sobre todos os funcionários e agentes e sobre as forças de segurança postas ao serviço parlamentar.

O Governo conduz a política geral do país e dirige a administração pública, que executa a política do estado. O governo tem funções políticas, legislativas e administrativas, nomeadamente: negociar com outros estados ou organizações internacionais, propor leis à Assembleia da República, estudar problemas e decidir sobre as melhores soluções (fazendo Leis), fazer regulamentos técnicos para que as leis possam ser cumpridas, decidir onde se gasta o dinheiro público.


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O Presidente da República é o chefe de estado. Representa a República Portuguesa, garante a independência nacional e é Comandante Supremo das Forças Armadas. Tem como juramento que presta no seu ato de posse, defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa. Em democracia as decisões são tomadas com base numa deliberação prévia que envolve, direta e indiretamente, todos os cidadãos. Deste modo, todos os cidadãos são chamados a se prenunciar sobre os mais diversos assuntos públicos que estão em debate e sobre os quais se tem que tomar uma decisão, aprovar um orçamento ou então a lei do aborto, por exemplo.

Em qualquer dos casos, antes que qualquer decisão seja tomada, gera-se um debate no espaço público, onde é possível cada ponto de vista se apresentar e procurar ganhar a adesão dos cidadãos. Por sua vez, cada cidadão apreciará reflexivamente as propostas apresentadas para, só então tomar uma decisão (poder do voto). No fundo, nas sociedades democráticas todas as decisões são tomadas com base numa deliberação prévia. O processo de deliberação na democracia

gera um estado de consenso na comunidade política, dado que foi possível apresentar livremente todos os pontos de vista, sujeitar a apreciação por parte dos cidadãos, por último, sujeitá-los ao sufrágio universal. Daí decorre o resultado que deve ser legitimamente aceite por todos os intervenientes. Assim sendo, as ideias e os partidos que as apresentam têm toda a legitimidade para exercer a soberania.

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Legitimidade do Poder do Estado Lisete Leodoro Soberania relaciona-se com a autoridade suprema de um país. É a qualidade máxima de poder social, pela qual as normas e decisões elaboradas pelo estado prevalecem sobre as normas de grupos sociais, tais como a família, a escola, a igreja. O estado é um conjunto de órgãos que numa sociedade exerce, poder político equipado e destinado a manter a organização política interna e externa de um povo. Temos como símbolos de soberania a Bandeira Nacional, o Hino, a Língua. O Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo e os Tribunais são também órgãos de soberania. Há diferentes regimes políticos, nomeadamente: - Monarquia é quando a nação é liderada por um rei ou rainha. - Oligarquia possui a soberania um grupo ou uma minoria que controla as políticas sociais e económicas em benefício de interesses próprios. - Ditadura é soberano um indivíduo que impõe as suas regras e o povo é obrigado a acatar qualquer que seja a sua decisão, caso contrário é preso e torturado. - Democracia é regime no qual o povo soberano exerce a democracia representativa, ou seja, tem o poder de escolher quem quer que governe o país. Na democracia participativa, ao contrário da representativa, o povo participa ativamente nas tomadas de decisões governamentais através de referendo, petição e abaixo-assinado, etc. Também a nível do poder local o cidadão pode participar nas audiências e orçamento participativo onde pode opinar, dar sugestões, sendo assim mas fácil atender às necessidades da população. Na democracia representativa, vejo apenas como vantagem o poder de escolha governamental. Como desvantagens o povo só é soberano no ato de escolha. Depois de eleger o seu representante não tem nenhum poder de decisão. Este é-lhe imposto independentemente deste concordar com as tomadas de decisões do governo e só volta a ser ouvido daí a quatro anos. Na democracia participativa as vantagens sobrepõem-se às desvantagens. Aqui o cidadão é ouvido, caso não concorde com alguma decisão governamental, tem o poder de se opor.


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Democracia Participativa e Democracia Participativa Patrícia Silva Soberania é o poder político, referente ao direito de um Estado para exercer os seus poderes, sendo, segundo Jean Bodin, “absoluto e perpétuo dentro de um Estado”. O Estado é todo poderoso que detém o monopólio do poder, não há soberania sem o poder do Estado. Temos como símbolo da soberania a Bandeira Nacional, o Hino Nacional e a língua oficial, o Português. Os órgãos de soberania são o Presidente da República, a Assembleia da República, o Governo e os Tribunais. A soberania é exercida em diversos regimes políticos e consoante o tipo de regime, o poder é exercido de diferentes formas. Na monarquia, a nação ou país é liderado por um rei ou rainha. O poder está concentrado neles, são eles que lideram tudo à sua maneira. Na oligarquia, o poder é controlado por um grupo ou minoria que controla as políticas sociais e económicas em benefício de interesses próprios. Na ditadura, não há liberdade de expressão, há a desigualdade de direitos, há uma discrepância entre os sexos. Em relação às mulheres, por exemplo no caso da ditadura em Portugal, só havia obrigações e deveres. As mulheres não tinham direitos iguais aos dos homens, o povo era obrigado acatar as ordens dos ditadores, não tinha liberdade de expressão. Caso fossem contra eles, eram torturados. Enquanto na democracia, somos livres, ou seja, temos os nossos direitos e deveres como cidadãos que somos, igualdade de direitos, liberdade de expressão ou contestação, direito ao voto, para escolher os nossos representantes para governar o país. Caso não concordemos, podemos mostrar o nosso descontentamento através de greves e manifestações. Existe dois tipos de legitimidade na democracia, pertencente a todo o povo,

ou seja, a democracia representativa, é na via direta, está diretamente na mão do povo. O povo elege os seus representantes através de voto, por alguns anos. Na democracia participativa, o povo participa ativamente na tomada de decisões governamentais, ou seja, nesta modalidade de democracia há a participação e comunicação de todos os diferentes grupos sociais que habitam na mesma sociedade, através de sugestões, propostas, referendos, abaixo assinados, etc. Cont.


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A nível do poder local, os cidadãos podem fazer representar-se em audiências parlamentares, camarárias, ou assembleias, propor ou dar sugestões. É mais fácil atender às necessidades da população/povo no próprio local, sobre quais as melhorias a ter a vários níveis: água, eletricidade, ensino, saneamento, estradas, entre outras. As vantagens, destaco que este regime político vem devolver o poder ao povo e vem exercer liberdade. Portugal é um Estado democrático regido por uma constituição, que está em vigor desde as eleições do ano 1976. Elegemos os nossos representantes através do nosso voto nas eleições. Estes representantes têm

responsabilidade no que diz respeito ao bem comum. A constituição garantiu um regime democrático, a independência dos órgãos de soberania, a descentralização e autonomia regional, reforçou o poder das autarquias, criando as assembleias municipais. O Estado é organizado através de um sistema de instituições, através da constituição política, códigos jurídicos, civil, penal e do trabalho, com a função de regular a vida social para conceder o bem coletivo de todos os cidadãos. E nas desvantagens surge o problema dos cidadãos participarem nas eleições para eleger os seus representantes e, por vezes, muito deles não cumprem

com os seus deveres. O voto é mais que um direito, é um dever cívico da comunidade em que estamos inseridos. As decisões do Governo, por vezes, são complexas e não são compreendidas por todos os cidadãos. Este é um dos custos elevado que temos com as eleições. Ocorre o caso de um partido não ter ganho com a maioria absoluta

e

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Organização do Estado nos diferentes Regimes Políticos Isa Abreu Por definição, democracia é o governo do povo, ou seja, a soberania, o poder está nas mãos dos cidadãos. O exercício do poder popular pode dar-se de duas formas, sob a forma direta e a indireta. Por outras palavras, quando o poder popular é exercido diretamente, estamos na presença da democracia participativa. E, no caso do poder popular ser exercido indiretamente, através dos representantes eleitos, estamos na presença da democracia representativa, ou seja, temos alguém a nos representar. Embora, às vezes, essa representação não seja eficiente. A soberania é também um conjunto dos poderes que formam uma nação politicamente organizada, constituída pelos órgãos de soberania, entidades que representam os poderes do Estado (Presidente da República, Assembleia da República, Governo e Tribunais.) Os Tribunais administram a justiça (nos legítimos setores públicos e privados.) O Governo faz a gestão do País, o Presidente da República é o chefe supremo das forças armadas é também o representante de Portugal. O Presidente da República tem sempre a última palavra. A Assembleia legisla avalia a atividade governativa. Em 1948, depois do final da II Guerra Mundial, foi aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que incluía agora os direitos económicos e socias, cujos princípios vieram a ser incorporados nas constituições dos estados democráticos. Quando estamos perante uma monarquia funciona de uma forma diferente, em que o chefe de estado é o Rei e ocupa esse cargo até à sua morte, sucedendo -lhe o filho mais velho. Quando este não deixa nenhum filho, procura-se o descendente direto mais próximo. Em princípio, na monarquia o Rei tem o poder supremo, mas com a monarquia constitucional o Rei divide os poderes com o Governo. Atualmente, Espanha é um país que vive em monarquia em que existe um Rei e tam-

bém um Governo. A oligarquia é o governo em que o poder está concentrado nas mãos de um pequeno número de pessoas. Na ditadura há uma concentração dos poderes do Estado numa só pessoa, num partido único ou na mesma classe que o exerce com autoridade absoluta.


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Desenvolvimento Sustentável na Era da Globalização Formandos da Turma EFA ST4 Formador Luis Freitas

Realizou-se, no passado dia dois de abril de dois mil e dezasseis uma visita de estudo a uma unidade de produção biológica, no âmbito da temática “Globalização”. Pretendeu-se pôr os formandos a par de uma possibilidade inerente ao potencial de produção agrícola da região, face aos atuais desafios da produção e do mercado globalizado. É um facto inegável que, uma região como a nossa se vê cada vez mais arredada dos grandes focos de produção agrícola, ao mesmo tempo que o mercado regional se vê cada vez mais inundado de produtos agrícolas das mais diversas proveniências. É um problema que não podemos ocultar: a nossa dependência cada vez maior do exterior. Face a esta realidade e atendendo a que a função destes cursos também é esclarecer os formandos sobre a atual situação, dando-lhes indicações sobre possíveis posições de intervenção e atuação na sociedade, pretendeu-se pôr em evidência uma certa forma de aproveitar o potencial da região no domínio agrícola — a agricultura biológica. Seguem-se algumas das reflexões elaboradas pelos formandos, fruto desta visita de estudo.


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Justificação da Agricultura Biológica João Fernandes Nas últimas décadas o interesse dos consumidores pelos problemas da segurança alimentar e pelas questões ambientais tem vindo a intensificar-se. Cada vez mais as pessoas dão mais importância à proveniência dos alimentos que consomem e ao modo como são produzidos. Ao longo dos anos a União Europeia tem vindo a apoiar a prática da agricultura biológica, um sistema de exploração sustentável que procura a obtenção de elevada qualidade e a utilização de processos que não sejam nocivos para o ambiente, para a saúde humana e para o bem-estar dos animais. Os benefícios de uma produção biológica certificada e de confiança são assim cada vez mais reconhecidos e valorizados, o que explica a crescente expansão deste modo de produção que é considerado um dos sectores agrícolas mais dinâmicos na União Europeia. Perante os desafios atuais que se colocam à agricultura, que resultam da pressão sobre os recursos naturais e das alterações climáticas, torna-se cada vez mais importante a adoção de modelos de produção que sejam menos dependentes de fatores externos e deem preferência aos recursos locais renováveis, de modo a garantir maior eficiência e sustentabilidade, a par da rentabilidade económica.


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Globalização: Desafio às Potencialidades de uma Região Lisete Leodoro e Patrícia Silva A globalização beneficiou e muito o desenvolvimento económico de todo o mundo. São muitas as vantagens, desta integração tais como: a criação de mais postos de trabalho, melhoramento das relações entre países, a introdução de novos produtos no mercado, mais e melhor tecnologia, divulgação dos hábitos culturais e a nível da educação foram grandes as melhorias. Porém, há também aspetos negativos. Na nossa região (Madeira), uma ilha pequena e com poucos recursos a nível de industrialização, somos bombardeados com produtos de outros países, por vezes de inferior qualidade, mas com preços duas vezes menores ao produto regional. Incapacitando o produtor da região no escoamento do seu produto. Com esta diferença de preço, vai levar a que o consumidor opte pelo de inferior valor, colocando de lado a qualidade, não seguindo o lema “ dê valor o que é nosso”. E isto deve-se ao poder de compra ser cada vez menor, devido à precariedade laboral que se faz sentir na região em quase todos os sectores. Os jovens cientes desta situação não optam, nem querem trabalhar no campo. Além de ser um trabalho árduo, não é rentável. A emigração é uma saída não só para os jovens, mais também para outras faixas etárias. A falta de apoios e a burocracia são, sem dúvida, os principais entraves. Há com certeza pessoas com ideias, vontade e capacidade para avançar com alguns projetos. Neste momento a principal cultura de exportação é a banana, mas sem dúvida temos outros produtos de grande qualidade que poderiam serem exportados. A Madeira tem grande potencial para desenvolver a agricultura biológica, o clima e os terrenos férteis capazes de proporcionar grande variedade de produtos.


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A criação de gado para a contribuição de adubo em abundância para a terra, a ocupação da população ativa. Com os terrenos cuidados evitavam-se incêndios, derrocadas e a nível turístico seria com certeza uma mais-valia.

Produzir em quantidade e qualidade para colocar no mercado exterior. Atualmente, graças à globalização, é fácil e rápido a divulgação de qualquer produto. A sensibilização para os benefícios a nível da saúde, como também para a preservação do ambiente, seria deveras importante.

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Desenvolvimento sustentável na era da Globalização Elvis Fernandes A Globalização foi e é muito importante para o desenvolvimento a nível mundial, no entanto também tem muitos inconvenientes. A região sofre muito com isso, pois podíamos ter um maior mercado cá na região e uma maior exportação dos produtos mais produzidos, mas com a entrada de muitos produtos a preços muito mais baixos que os nossos faz com que a produção regional seja cada vez mais baixa e, muitas das vezes é abandonada. O abandono da agricultura faz com que os terrenos fiquem em más condições, e com o passar do tempo vão se degradando e o que muitas vezes só nos traz problemas tanto no inverno como no verão. Com as chuvas as paredes acabam por cair, provocando derrocadas e nos dias de muito calor muitas vezes há grandes incêndios. Muitos deles começam por ser de origem criminosa, e assim acabamos por ter muitos danos materiais. E nisto tudo acabamos cada vez mais por depender dos produtos vindos do exterior, o que nos deixa limitados e também com um maior número de desempregados.

Podíamos usar os nossos terrenos para a agricultura e também como atração turística. Podíamos ter imensas atrações dentro desse sector, mas, com o abandono das terras, ficamos cada vez mais com paisagens degradadas.


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Acho que a agricultura biológica é uma mais-valia para a nossa região, podíamos ter produtos de grande qualidade e muito mais saudáveis, ter uma maior limpeza nas serras e aproveitar todos os recursos locais que muitas vezes são queimados ou deitados fora. Era uma maneira de reduzir o desemprego e assim ter muito mais pessoas empregadas e

lutando para uma melhor imagem da região e na subida do nosso mercado, para que possamos combater a entrada de produtos que cá são facilmente introduzidos, e, por consequência ter uma maior atração turística e fazer com que esse mesmo turismo deixe de ser limitado a piscinas, mar,

e hotéis luxuosos, mas sim ter um turismo que possa entrar nessa atividade, viver e entender o quanto é valiosa a nossa agricultura e os nossos produtos.

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Globalização: Um Problema ou uma Oportunidade? Cláudia Alves e Juliana Silva O fenómeno da globalização permitiu um intercambio entre as diversas regiões sem precedentes. O facto de virem produtos de fora afetou todos os setores: o primário, secundário e o terciário, pois se os preços dos produtos que vêm do exterior forem inferiores aos da região, quem irá sofrer com esse facto será quem produz cá na região, uma vez que o custo dos produtos regionais é superior. Assim sendo, muitos agricultores desistiram da agricultura e passaram a produzir só para consumo próprio, o que fez com que os mesmos procurassem outras atividades. Se os agricultores abandonarem os terrenos e dependerem só do exterior, haverá inúmeras consequências: - Incêndios, - Derrocadas, etc. A natureza ameaçada, desta forma as paisagens ficarão abandonadas, o que fará com que haja uma diminuição da atratividade turística na região. Perante este problema não devemos baixar os braços, começando por fazer alguma coisa. Uma boa alternativa seria optar pela agricultura biológica.


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A agricultura biológica é uma agricultura que promove e melhora a saúde do ecossistema agrícola. A qualidade dos produtos nesta agricultura é superior, pois não são utilizados adubos artificiais, como por exemplo o guane. Esta, (agricultura biológica) baseia-se na atividade biológica do solo, a qual é alimentada pela incorporação da matéria orgânica, base da fertilização dos solos. A agricultura biológica também respeita o bem-estar animal, privilegiando estratégias preventivas na sanidade vegetal e animal e a implementação da diversidade na exploração.

A agricultura biológica tem como objetivo: Manter e aumentar a fertilidade do solo a longo prazo, Trabalhar, na medida do possível, num ciclo fechado no que respeita a matéria orgânica, como por exemplo estrumes e elementos nutritivos. Um outro objetivo é minimizar todas as formas de poluição que possam resultar de práticas

agrícolas, Permitir aos agricultores uma melhor valorização das suas produções e uma dignificação da sua profissão, Na nossa opinião, em Portugal a agricultura biológica ainda não é uma realidade, mas já existem algumas propostas nesse sentido. Vale sempre a reflexão que deve ser feita por todos aqueles que se interessam por agricultura

biológica e pelo desenvolvimento sustentável do planeta.

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Desafios Lógicos: 1 - Preencha os espaços: p então q

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Sugestões de Leitura Kolak/Martin - Sabedoria sem respostas A filosofia é uma atividade e não um corpo de conhecimentos. Como todas as atividades requer perícia. Que tipo de perícia? Em poucas palavras: a habilidade para nos vermos a nós próprios e ao mundo de muitas perspetivas diferentes. (…) No nosso dia-a-dia, desenvencilhamo-nos perfeitamente bem ao apoiarmo-nos apenas nas nossas perspetivas. Mas mesmo no dia-a-dia, especialmente em alturas de conflito, a capacidade de abandonar as nossas perspetivas em prol de outras pode ser extremamente útil. Em filosofia, esta habilidade não é apenas útil, é essencial. Sem ela não podemos resolver problemas que são insolúveis no interior das nossas perspetivas habituais. No fundo, sabemos que as nossas perspetivas não são as únicas válidas. Mas tendemos a expulsar esse conhecimento para a periferia da nossa consciência. Isto deixa-nos com um sentimento ameaçador e inconfortável, quando somos confrontados com pontos de vista diferentes dos nossos. Quando admitimos que os nossos pontos de vista assentam, em última análise, em pressupostos questionáveis e baixamos os nossos escudos contra pontos de vista alheios, sentimo-nos inseguros. (…) Ter um ponto de vista ajuda-nos a vermo-nos a nós mesmos e ao mundo. Mas, se nos tornarmos demasiado apegados às respostas derivadas e apoiadas pelos nossos próprios pontos de vista, ficamos cegos a outros pontos de vista. Logo, ter um ponto de vista pode esconder tanto como aquilo que revela. A filosofia mostra-nos como identificar as limitações dos nossos próprios pontos de vista. Mas faz mais: ensina-nos a sair de nós próprios, a atravessar as fronteiras dos nossos familiares quadros de referência de respostas. Kolak/Martin, Sabedoria sem respostas, tr. Célia Teixeira, Temas e debates, pp. 14 -16. «O contrário de se ser moralmente imbecil é terse consciência. Mas a consciência não é uma coisa que nos saia num sorteio ou nos caia do céu. Certamente devemos reconhecer que algumas pessoas têm desde pequenas melhor 'ouvido' ético do que outras e um 'bom gosto' moral espontâneo, mas este 'ouvido' e este 'bom gosto' podem afirmar-se e desenvolver-se com a prática (do mesmo modo que o ouvido musical e o bom gosto estético). E se alguém carecer absolutamente de semelhante 'ouvido' ou 'bom gosto' em questões de bem viver? Pois, meu rapaz vejo o caso mal parado. (...)» ÉTICA PARA UM JOVEM Fernando Savater Trad. Miguel Serras Pereira Editora: D. Quixote


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