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FAZENDA SÃO CARLOS.
De olho no futuro!
BREVE HISTÓRIA DO TEMPO.
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A saga da família Cardoso é ancestral. Se dermos largas ao pensamento e mergulharmos na história, remontaremos ao insigne padre Belchior Pinheiro de Oliveira, clérigo conselheiro de Dom Pedro I, quando, às margens do Ipiranga, o príncipe regente, orientado pelo padre, proclamou a independência do Brasil. O episódio foi monumentalizado, tornado épico e grandioso no quadro “O Grito do Ipiranga”, 60 anos depois, pelo artista Pedro Américo.
FAMÍLIA CARDOSO:
Ao fundo, da esquerda para a direita: os irmão Antônio Cardoso de Oliveira, Alexandre Cardoso de Oliveira Filho, Belchior Cardoso de Oliveira, Francisco Cardoso de Oliveira, Gervásio Cardoso de Oliveira, o primo Belchior de Oliveira Cardoso. Em primeiro plano, da esquerda para a direita: o menino CARLOS CARDOSO
DE CARVALHO (CARLITO), dona Joana e a garota Sebastiana, o garoto José, dona Maria José de Cardoso Mesquita ampara a pequena Tinuca ao lado do esposo Alexandre Oliveira da Silva Cardoso (filho de Júlia Angélica), que ampara a neta Zezinha, Alexandrina de Oliveira, Joana Maria de São José (nora do casal Maria José e Alexandre), amparando a garotinha Lenir.

Padre Belchior e os Andradas foram exilados na França por discordarem da Constituição autoritária imposta pelo príncipe regente ao novo império, o Brasil. No país gálico, padre Belchior teve uma filha, nascida em 1825 na cidade de Talence, próxima a Bordeaux, cujo nome era Júlia Angélica de Oliveira.
Em seu regresso ao Brasil, em 1829, o padre trouxe consigo a filha e instalou-se na freguesia de Pitangui. Júlia Angélica foi morar em Bom Despacho, entregue por seu pai aos cuidados da família do abastado proprietário rural José Antônio da Silva Cardoso, o Major da Piraquara. Em Bom Despacho, a menina tornou-se famosa pelo apelido de “Júlia, a Francesa”. Aos 12 anos, casou-se com Antônio José da Silva Cardoso, irmão do Major da Piraquara.
Júlia Angélica é a matriarca dos Cardoso de Bom Despacho!
NOVOS TEMPOS.
Quase dois séculos depois, um dos descendentes de Júlia, a Francesa, possivelmente em uma das glebas da Piraquara, o produtor rural Fabiano Brandão Cardoso é exemplo do moderno gestor do agronegócio. Fabiano é proprietário da Fazenda São Carlos, parte da herança deixada por seu pai, Carlos Antônio Cardoso (Capota), que, por sua vez, herdou de seus pais, Carlos Cardoso de Carvalho (Carlito) (foto) e Geni Cardoso. Dona Geni, com a morte do marido, passou a administrar a Fazenda Machado e foi responsável pela manutenção e pelo êxito da propriedade.
Aos 49 anos, Fabiano Cardoso é casado com Andreia Simões da Mota e tem duas filhas: Letícia (14) e Sofia (9). Formado em agronomia, ele administra a fazenda conectado às inovações tecnológicas e adepto da diversificação de atividades.
O pai dele sempre foi produtor de leite, principal atividade da fazenda até Fabiano assumir a gestão. Seguindo a tradição familiar, Fabiano, desde criança, ajudou o pai na lida no campo. Capota foi o grande mestre do filho, que não titubeou em seguir os seus passos e ensinamentos.
A mãe, Maria Terezinha Cardoso Brandão (Zinha), foi sua grande inspiradora. Com a morte do marido, em 1999, Zinha as- sumiu a administração da Fazenda Capota. Desde então, a propriedade transformou-se em referência na produção de leite e na inseminação artificial.
Fabiano conta que a sucessão aconteceu de forma natural. Ao se formar em agronomia, foi trabalhar com o pai na fazenda. Recém-formado, impetuoso e ávido de mudanças, Fabiano Cardoso ressaltou que o pai o ajudou a refrear o ímpeto e realizar as mudanças necessárias, cada uma a seu tempo. Capota adoeceu e faleceu cinco anos mais tarde.

AGRO, NEGÓCIO DE FAMÍLIA.
A sucessão familiar no agro ainda é o grande desafio para o desenvolvimento das atividades ligadas ao agronegócio e o prosseguimento da gestão por pessoas da mesma família. As mulheres, entretanto, têm conquistado cada vez mais espaço na assunção dos negócios familiares.
A família de Fabiano é um bom exemplo. A esposa, Andreia, contabilista, participa da administração da fazenda. Sofia e Letícia, sempre que podem, não desgrudam do pai na lida. Desde cedo demonstram grande interesse nos negócios e, sempre à maneira delas, dão uma demão ao administrador da propriedade. “Apesar da pouca idade, procuro ensinar às minhas filhas os caminhos seguros para continuarem os negócios na Fazenda São Carlos. Fico bastante otimista ao vê-las demonstrar grande interesse pelas atividades rurais, porque a época de somente homens tocarem uma fazenda ficou para trás. O agro evoluiu, abriu espaço para mulheres e transformou-se em negócio e, como tal, deve ser administrado”, explica Fabiano, demonstrando orgulho pela colaboração da esposa e das filhas.
