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14 e 18 de setembro de 2020 • Evento 100% online
Paul Krugman: é preciso criar uma economia sustentável Prêmio Nobel de Economia, especialista norte-americano advertiu que é preciso repensar políticas para recuperar o estrago provocado pela Covid-19. Krugman criticou ainda o falso dilema de que a economia moderna implica prejuízos ambientais. VENCEDOR DO Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman previu tempos difíceis pela frente. Ele acredita que o cenário imposto pela Covid-19 vem mostrar que é preciso repensar políticas para avançar no sentido de uma economia global moderna e sustentável. O posicionamento foi feito durante sua participação virtual no SAP NOW 2020. Em sua avaliação, a atual crise trouxe prejuízos muito mais avassaladores do que aqueles gerados por períodos de recessão econômica. “Vimos o maior número de empregos perdidos em um espaço de tempo tão curto. Além do desemprego em si, a Covid-19 também impede que consumidores gastem por conta do isolamento social e fechamento de setores não essenciais”, analisou. Krugman considera que muitos mais empregos serão perdidos nos próximos meses. “Ainda não estamos no pós-pandemia. Estamos atravessando a pandemia, e a falta de políticas pensadas para o médio prazo terá ainda muitas consequências negativas”, disse. Além disso, segundo o economista, as políticas criadas para ajudar empregadores a manterem seus colaboradores estão perto do fim, mesmo que as companhias ainda precisem do auxílio. “Os próximos meses devem ser preocupantes. Teremos grandes problemas na retomada da economia: problemas pessoais, psicológicos e financeiros.” Para Krugman, a Covid-19 foi realmente fonte de aprendizado sobre os limites para os comportamentos egoístas. “Até pouco tempo atrás, acreditava-se que isso era fator que levava as pessoas a serem produtivas e alcançarem aquilo que almejavam”, enfatizou. MENOS IMPACTO AMBIENTAL A necessidade de se estabelecer uma economia mundial sustentável é, mais do que nunca, consenso no mercado. No entanto, há divergências quando
“Temos a lição de que é preciso agir, estabelecer políticas que incentivem o uso das tecnologias renováveis mais do que apliquem taxas sobre a queima de carbono.”
a discussão é se a economia moderna passa necessariamente por impactar negativamente o ambiente. “Há quem não consiga dissolver esse link e veja essa ligação como motivo para não fazer nada ou para desistir da PAUL KRUGMAN, Prêmio busca pelo crescimento Nobel de Economia econômico”, avaliou. “A verdade é que as duas coisas podem ser dissociadas.” Usando a economia norte-americana como exemplo, Krugmam afirmou que o PIB do país mais do que dobrou entre 1973 e o início da pandemia. No mesmo período, o consumo de energia per capita diminuiu 16% e as emissões de CO2 foram reduzidas em 25%. “É a desvinculação da relação direta entre crescimento e estragos ambientais”, registrou. De acordo com ele, deve-se aproveitar o aprendizado sobre a necessidade de políticas duradouras e empregá-lo nessa questão. “Já estamos lidando com as consequências das coisas que fizemos errado. Temos a lição de que é preciso agir, estabelecer políticas que incentivem o uso das tecnologias renováveis mais do que apliquem taxas sobre a queima de carbono”, sugeriu, acrescentando que a mudança para a economia sustentável deve acontecer de qualquer maneira. Cabe a nós decidirmos se queremos algo lento ou uma mudança rápida e duradoura. Krugman reforçou que a Covid-19 nos fez repensar e aprender que precisamos fazer mais do que apenas confiar na mágica do mercado. “As políticas que encorajam as pessoas a fazerem as coisas de maneiras diferentes podem ter muito mais sucesso do que a fórmula usada até aqui”, acrescentou.
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