Mundo Contemporâneo

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Mundo Contemporâneo 4ª SÉRIE - EDIÇÃO Nº1 - OUTUBRO 2012

À CONVERSA

com o Dr. António Palma

CRÓNICA TEMOS TUDO, MENOS SOLUÇÕES

REDES SOCIAIS UMA NOVA ARMA DE PROTESTO

GEOCASHING Um novo modo de fazer turismo

REPORTAGEM ORÇAMENTO DE UM ESTADO FALIDO


outubro 2012

ÍNDICE 6

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EDITORIAL «

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ECONOMIA «

Reportagem: Orçamento de um Estado falido

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POLÍTICA «

10 A crise da união 11 Coligação em colisão? 12 O todo-poderoso Goldman Sachs 13 Crónica “Temos tudo, menos soluções”

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Manifestações chamam milhares às ruas contra austeridade Loja Solidária Académica reabre pelo segundo ano consecutivo À conversa com o Dr. António Palma

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SOCIEDADE «

Mundo Contemporâneo outubro 2012

CULTURA «

Eric Hobsbawn - a perda do século XX Preocupo-me, logo existo, no teatro das figuras Primeira fila: Dead Combo A Roma de Woody Allen

» LAZER

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Viagens a um Algarve rural Geocashing - um novo modo de fazer turismo

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» DESPORTO 26 Contas mais complicadas para Portugal 26 Campanha para as eleições no Benfica teve início com troca de galhardetes Campeonato quente em 2012 e novidades para 2013 28

» INTERNACIONAL

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Eleições 2012 - EUA Redes sociais - Uma nova arma de protesto Russian Spirit

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outubro 2012 Mundo Contemporâneo

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outubro 2012

EDITORIAL

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Colaboradores DIRETORA GERAL

SUBDIRETORA GERAL

Dulcineia Dias

Joana Ellis

DIRETORA DE ARTE

SUBDIRETORA DE ARTE

Com o começo do novo ano surge uma nova equipa a

dirigir e a dar vida à «Mundo Contemporâneo». Este é um projeto que dura há vários anos, passando de geração em geração entre alunos de Ciências da Comunicação,

SECÇÃO ECONOMIA COORDENADORA

sempre com a intenção de inovar; melhorar e superar

Filipa Gouveia SECÇÃO POLÍTICA COORDENADOR

EDITORAS

Inês Vairinhos EDITORES

as expetativas.

No corrente ano procuramos apostar num inovador

design e numa nova palavra. Pretendemos dar voz aos universitários, informando-os de uma forma clara e objetiva,

Inês Fernandes SECÇÃO INTERNACIONAL COORDENADORA

sem ambiguidades ou interesses. Como a crise não é

Maria Simiris

Mariana Costa

Raquel Brito

Pedro Cardoso

Ricardo Martins

Vanessa Santos

EDITORAS

desculpa para a falta de cultura e divertimento, criamos novas secções de informação que permitem, não só o apuramento cultural do leitor, como também o seu espírito

aventureiro

através

das

mais

diversificadas

atividades de leitor.

Com uma equipa que supera os 30 elementos – entre

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Rosa Teiga Leonor Coelho Tatiana Bogomazova SECÇÃO DESPORTO EDITORES COORDENADOR

redatores, designers e criativos – pretendemos difundir informação de qualidade sem nunca esquecer o entretenimento. DULCINEIA DIAS (Diretora geral) JOANA ELLIS (Subdiretora geral)

SECÇÃO CULTURA COORDENADOR

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4

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Mundo Contemporâneo outubro 2012

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ECONOMIA REPORTAGEM:

ORÇAMENTO DE UM ESTADO FALIDO Pouco antes da mudança milenar, a conjuntura era favorável: os economistas encontravam-se positivos, as empresas e comércio prosperavam, as férias eram luxuosas, as poupanças eram abundantes, as refeições abastadas, as crianças tinham mealheiros recheados e os avós uma reforma confortante fruto de toda uma vida de trabalho. Adivinhava-se um futuro risonho. Mas as especulações sobrepuseram-se às certezas e comandaram o mundo de negócios transacionais. Corria o ano de 2001 e o setor imobiliário mundial disparara numa expansão desmedida, quando o mundo foi surpreendido pelos ataques terroristas do 11 de setembro, nos EUA. Os ataques atingiram, também, a estrutura económica mundial pois desregularam o negócio de base: o comérrcio do crude. A queda americana foi, em vão, alvo de tentativas de recuperação económica, diminuiram-se os juros numa tentativa de aumentar o consumo. O sistema financeiro falhou originando o endividamento das famílias e empresas devido a créditos fáceis. Os Estados Unidos giraram ainda, em torno de guerras (Iraque e Afeganistão)despoletando elevados investimentos no campo bélico. A crise financeira teve o seu auge em 2008, nos EUA, quando os bancos começaram a falir. Consequentemente, as economias da Europa e do Japão, decresceram e sentiram também as oscilações da economia americana. O dólar desvalorizou face à moeda europeia, o que não podia suceder. Economistas e políticos americanos originaram uma crise mundial com um fim longínquo que atingiu Portugal. O cenário desfavorável fomentou descrenças em economistas e governos impotentes perante a situação presente fazendo com que, as empresas e particulares, adiassem investimentos bem como a compra de produtos não essenciais dos quais dependem as economias. Propostas do Estado Português para 2013: Portugal, todos os dias, se depara com novas medidas, subidas, descidas de impostos e cortes que tentam combater a crise instalada. Associações e particulares endividados, aumento do desemprego, empresas a falir e o próprio Estado encarcerado numa dívida de milhões de euros são a constante deste pequeno país. O novo ano que aí vem adivinha muita austeridade. As medidas previstas para atenuar todo este descalabro económico passam pelo corte do subsídio de férias dos funcionários públicos, sendo que o de Natal vai ser pago em doze partes Medida que visa economizar os gastos do Estado e que afeta também os pensionistas. Outra medida que irá afetar a população mais idosa é o fato de, possivelmente, a idade da reforma deixar de ser nos atuais 63 anos e subir para os 65. O pagamento do subsídio de natal é meramente ilusório, pois com a subida do Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS) para 13,2% o 13º mês será assim arrecadado pelo Estado. Este imposto tributário sofrerá, hipoteticamente, outras alterações como a diminuição dos escalões que o constituem: vão diminuir para apenas 5, consequentemente os contribuintes são obrigados a descontar mais dinheiro para a Segurança Social e para o Fisco, recebendo menos no fim do mês. Quem tem um salário mais elevado no fim do mês, pertencente ao último escalão do IRS, ver-se-á obrigado a pagar uma taxa de solidariedade de 2,5% sobre o seu rendimento mensal. O efeito dominó atingiu os EUA, derrubando economicamente peça após peça, esse efeito atravessou o Atlântico, e no dominó português, nem os estudantes sabem vencer este jogo chamado crise.

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ECONOMIA Será ainda criado um imposto sobre transações financeiras. Outros aumentos verificam-se no Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas (IRC) que irá aumentar para as empresas com mais de 7,5 milhões de euros de lucro, empresas essas que, a partir do próximo ano se encontrarão, possivelmente, proibidas de deduzir os juros dos empréstimos pedidos nas despesas da empresa, pagando, então, mais. Ainda no ramo empresarial, a TSU, poderá sofrer uma diminuição percentual para os exportadores, tendo por objetivo tornar os produtos portugueses mais competitivos no mercado externo. O Imposto Municipal de Imóveis (IMI), provavelmente, vai deixar de aumentar faseadamente até 2015, aumentando drasticamente em 2013, pois a cláusula que o impedia de aumentar mais de 75€ anualmente poderá ser rescindida. Os imóveis que não são avaliados há um longo período de tempo, poderão sofrer um aumento de IMI de 200% se assim corresponder ao valor atual do imóvel. Tabaco e outros bens considerados de luxo sofrerão aumentos já a partir de janeiro. Nenhuma destas rigorosas medidas será, pelos visos, suficiente para impedir que a Saúde, a Educação e a Segurança Social sofram um corte de 4 mil milhões de euros.

Governo Português em discussão do OE - 2013

Início da crise mundial que parte dos EUA para o resto do globo

A Crise dos Universitários Algarvios Através de entrevistas a inúmeros estudantes universitários da capital algarvia são percetíveis as dificuldades que enfrentam para combater o aumento das propinas: As prestações estão muito altas, faço um corte em tudo, tudo um pouco. A difícil obtenção de bolsas e todos os encargos económicos que um jovem estudante tem para poder ter estudos superiores. Como nos revelam alguns estudantes: Passei a trazer lanches para a escola para não ter que estar a gastar dinheiro em comida, para compensar o dinheiro gasto em propinas, livros e casa. Grande maioria dos entrevistados queixa-se, ainda, do pouco apoio financeiro que o Estado dá às universidades públicas e muitos, destes alunos vêem-se forçados a desistir do curso se não receberem uma bolsa de estudo: Se não receber a bolsa, tenho que ponderar. Acho que os estudantes deviam de ter muito mais apoio, nomeadamente nos passes dos transportes públicos, que são muito caros. Outra aluna revelou-nos que nem sequer há ponderação possível: “Infelizmente, se não receber bolsa vou ter que desistir. É cada vez mais difícil ter direito a uma bolsa de estudo, os critérios estão mais rigorosos e pouco acessíveis. A papelada que nos exigem tem um caráter, por vezes, confidencial e que as famílias têm vergonha de tornar público.” outubro 2012 Mundo Contemporâneo

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ECONOMIA

ECONOMIA Hora de almoço na Cantina da Universidade do Algarve, Penha.

E agora a visão de quem realmente sabe… Para percebermos melhor a situação que a Universidade do Algarve atravessa contactámos o Diretor dos Serviços Socias da referida instituiçã, Sr. Amadeu Cardoso, que, logo, se prestou a esclarecer a nossas dúvidas. Iniciado o mês de Outubro, os alunos aguardam a saída dos resultados de quem poderá beneficiar das bolsas de estudo durante o corrente ano letivo, portanto, até agora, o número de alunos que se matriculou na universidade algarvia, não oferece oscilações preocupantes. Preocupante, ou irónico, é o facto de haver menos alunos candidatos a essas mesmas bolsas. Neste momento, há menos candidatos do que em período homólogo no ano anterior. Mas como as inscrições estão abertas até 30 de maio, com as respetivas penalizações, podemos vir a ter mais. Se por um lado, parece uma ajuda, as pessoas terem praticamente um ano para recorrem à ajuda monetária prestada pelo Estado, por outro, sofrem penalizações … Se, eventualmente, a mãe de um aluno perder o emprego em março, esse mesmo aluno, tenta ser bolseiro, mas terá de pagar uma taxa pelo “atraso” … e não, a bolsa não abrange essa taxa. Muitas dificuldades surgiram este ano para os milhares de alunos que tentaram obter auxílio económico para prosseguir ou começar os seus estudos superiores, tal como nos informou o Diretor dos Serviços Sociais da Universidade do Algarve: Eu direi que, pela experiência que temos, e pelas novas exigências que o regulamento de atribuição de bolsas tem, eventualmente somos capazes de ter menos bolseiros. As alterações verificadas a nível de atribuição de bolsa, verificam-se essencialmente a nível de aproveitamento escolar, que é, atualmente, o cerne da questão, O aproveitamento escolar passa a ser mais exigente, e até devia ser mais ainda, porque o estudante universitário (e outros estudantes), está cá para estudar, portanto devia ter mais aproveitamento. Durante o ano letivo passado, havia uma discussão sobre os agregados familiares que tinham dívidas prestativas, ou tributárias e se esses tinham ou não direito à bolsa de estudo. As dívidas prestativas são dívidas à Segurança Social. O governo, quase no final do ano, decidiu que as dívidas prestativas não entrariam para efeitos de impedir a atribuição de bolsa de estudo. As dívidas tributárias contraem-se quando alguém deve algo às Finanças. Nós não conseguimos retirar do novo regulamento as dívidas contributivas e as dívidas tributárias, e eu sou contra a manutenção destas dívidas proibirem a atribuição de bolsa de estudo, primeiro porque o Estado faz um acordo entre si próprio e o estudante, não entre o estado e o agregado familiar e portanto, se o meu pai matar alguém e fugir para não ser preso, naturalmente não vou ser eu que vou ser preso só porque sou filho dele. Então, se o meu pai e a minha mãe contraíram uma dívida, eu acho que o filho não deve de ser penalizado por isso.

Residência do Ferragial, Faro. Campus de Gambelas

Campus da Penha

Relativamente ao Serviço de Alojamento que a Universidade do Algarve proporciona aos alunos é de notar que um aluno bolseiro não paga nada ao estar instalado nessa residência, pois tem uma bolsa mensal de 100€, mais 73€, que é o preço do quarto … relativamente ao número de alunos bolseiros que recorreram a esta ajuda, é menor do que aquele que seria esperado. Um aluno bolseiro não paga para estar num alojamento universitário e, ao não estar alojado lá eu, em vez de lhe dar 100€, vou ter que lhe dar 173€, que é o dinheiro do quarto. No que respeita à alimentação, a cantina da universidade algarvia, vende, por 2,30€, uma refeição completa,o que se reflete no número elevado de refeições consumidas nesse espaço, diariamente. Nota-se que a afluência aumentou um bocadinho e o ano ainda agora começou. Atualmente, é difícil ser idoso,difícil ser estudante, difícil ser trabalhador e, ainda mais, ser desempregado…por isso, talvez, a melhor solução seja, mesmo, a que nos recomendaram, emigrar. Um motivo de descontentamento para alunos universitários algarvios que já se começam a manifestar.

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INÊS FERNANDES MARIA SIMIRIS MARIANA COSTA RAQUEL BRITO

outubro 2012 Mundo Contemporâneo

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POLÍTICA A CRISE DA UNIÃO Em junho de 2011, foi apresentada uma proposta de 1083 mil milhões de euros de despesas para o período do próximo orçamento europeu que decorrerá de 2014 a 2020. Estes números correspondem a 1,11% do produto interno bruto europeu e perfazem um aumento de 5% relativamente ao período de 2007-2013. Este orçamento é aquilo que essencialmente impede que a União Europeia seja apenas um meio de facilitar as trocas comerciais e que passe a ser importante no desenvolvimento de certas indústrias, como a agrícola. No entanto, com as alterações na própria União Europeia desde a aprovação do último orçamento e, com o clima crescente de crise financeira, há determinados fatores a ter em conta quando se pretende decidir o novo orçamento. O Tratado de Lisboa não facilitou a tomada de decisões dentro da UE e com o aumento do número de países, que individualmente têm poder de veto, existe uma maior necessidade de aumentar o esforço financeiro da zona euro. Por fim, à semelhança do que acontece em terras lusas, a tendência de implementar medidas de austeridade é também maior a nível europeu. Por estes motivos a ameaça que David Cameron, primeiro-ministro britânico, fez no passado dia 7 de outubro de vetar o orçamento europeu para 2014-2020 está a perturbar a harmonia da União Europeia. Cameron afirmou explicitamente que não irá anuir a um orçamento cujas medidas prejudicam o Reino Unido, ainda acrescentado que: “as pessoas na Europa sabem que eu cumpro o que eu digo. E sabem que sou capaz de dizer não.” O Reino Unido é assim o membro da UE que se mostra mais intransigente quanto ao aumento dos gastos europeus. Estas indecisões surgem numa altura em que a diretora do Fundo Monetário Internacional afirma que a única opção para a Europa é “a-g-i-r” o quanto antes. Para Christine Lagarde a estagnação dos países ricos tem apenas efeitos negativos nos países mais empobrecidos.

Parlamento europeu, Bruxelas

Dois Orçamentos Uma proposta que está a ter um apoio cada vez maior é a criação de um orçamento para os 17 países da UE com moeda única. Esta ideia é vigorosamente apoiada pelo primeiro-ministro britânico, ao afirmar que “chegará o tempo em que serão precisos dois orçamentos Europeus, um para os países com moeda única, porque precisarão de se apoiar uns aos outros cada vez mais e, talvez, um orçamento mais amplo para o resto dos países.” Numa altura em que vozes dentro do governo britânico falam da eventual saída do Reino Unido da União Europeia, Cameron afirma que uma grande parte da população não quer que isso aconteça mas manifesta a insatisfação com o caminho que a UE está a tomar e defende que a mudança é a única solução admissível. Outros dirigentes, tal como o Secretário de Estado dos Assuntos Europeus do Ministério da Polónia, Piotr Serafin, não temem esta nova proposta visto que não iria afetar os fundos disponíveis atualmente para os outros países. Para além disso esta só entraria em vigor, caso seja aceite, em 2014, o que permite que seja aperfeiçoada até essa data.

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POLÍTICA COLIGAÇÃO EM COLISÃO? Quando o primeiro-ministro Passos Coelho anunciou as medidas de austeridade nas quais incluía a Taxa Social Única, a 7 de setembro, o outro partido da coligação manteve-se em silêncio, apenas para mais tarde o ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS-PP, Paulo Portas, afirmar que havia outros caminhos possíveis mas para evitar a crise política, a solução era concordar com o pacote de austeridade. Apesar de tais declarações numa entrevista de esclarecimento do pacote de medidas à RTP, Passos Coelho declarou que todas as propostas tiveram o consentimeto do CDS-PP. Apesar dos esforços por parte dos dois partidos para ocultar tais conflitos a verdade é que as divergências dentroda coligação mostram-se cada vez mais evidentes. Um conjunto de pressões a nível político, inclusive do CDS, e a nível social, com uma das maiores manifestações da história da democracia portuguesa, levaram à queda da TSU. Com a aproximação da decisão mais importante para o atual Governo, o Orçamento de Estado para 2013, as discordâncias entre os dois partidos continuam a aumentar. Numa entrevista ao jornal i, José Manuel Silva, vice-presidente e líder do CDS na Madeira, fala das razões que o levaram a demitir-se do cargo de deputado da Assembleia da República – uma semana antes da aprovação do Orçamento de Estado - e as divergências sobre a forma de atuação do mesmo. Afirmar também que o PSD Passos Coelho e Paulo Portas lado a lado na Assembleia vê no CDS “apenas uma bengala para governar o país”, descurando os 12% que ocupam atualmente no Parlamento. No lado do Governo, todas as declarações apontavam para um aumento de impostos que não eram consentidos pelo plano eleitoral do CDS-PP, tal como apontado por José Manuel Silva. Ainda assim, o ministro das Finanças Vítor Gaspar mostrou-se intransigente quanto a alterações no Orçamento de Estado. O silêncio do CDS ainda se vai fazendo notar, tal como aconteceu dias após o anúncio da TSU. Dentro do partido há vozes que acusam este orçamento de ser vil para a economia portuguesa, mas outros, como o dirigente do CDS Pires de Lima, reconhecem a necessidade de aprovar o orçamento para a manutenção da coesão política. Caso o orçamento não seja aprovado, o primeiro-ministro já veio responsabilizar o CDS-PP, como avança o semanário Expresso na sua edição online, do dia 17 de setembro, que “se o CDS sair, atira o país para um segundo resgate”, indo mais longe e acrescentando que: “Se Paulo Portas sair não será poupado. O CDS não vaisair incólume disto.” Outros altos dirigentes do PSD quando questionados sobre o futuro da coligação atiram a “batata-quente” ao líder do partido centrista: “Perguntem ao CDS”. PEDRO CARDOSO; RICARDO MARTINS

Taxa sobre as transações financeiras Outra medida em discussão na União Europeia é a criação de uma taxa sobre transações financeiras. Esta taxa – também chamada de “Tobin Tax” depois de ter sido pela primeira vez proposta, em 1972, pelo economista americano James Tobin - é vista por alguns como uma forma de aumentar consideravelmente as receitas do orçamento que será decidido no próximo mês, esta medida iria taxar todas as transações em 0.1%. Esta poderá vira ser uma ameaça à competitividade dos mercados financeiros. A Suécia implantou uma medida semelhante nos anos 80, apenas originando perdas na atividade comercial com Londres. Mais tarde esta medida foi extinta. Deste modo não é de todo anormal a contestação do ministro das Finanças Sueco Anders Borg, que afirma que “a taxa sobre as transações é uma taxa muito perigosa” porque “irá ter um impacto negativo no crescimento”. Os 11 países que inicialmente demonstraram o seu apoio a esta medida foram a Áustria, Bélgica, Estónia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Portugal, Eslováquia, Eslovénia e Espanha. Segundo o tratado da UE, esta medida pode entrar em vigor se pelo menos 9 estados-membros chegarem a acordo entre si, sendo possível a adesão de outros países posteriormente. No entanto, numa altura em que dirigentes das maiores instituições financeiras falam dos efeitos negativosde medidas de austeridade exacerbadas, será este o melhor caminho a seguir pela União Europeia? RICARDO MARTINS outubro 2012 Mundo Contemporâneo

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POLÍTICA

POLÍTICA Crónica: Temos tudo, menos soluções

O todo-poderoso Goldman Sachs Goldman Sachs, fundado em 1869 por Marcus Goldman, é um dos mais emblemáticos bancos do mundo. Encontra-se sediado em Nova Iorque, mantendo escritórios em outros centros financeiros mundiais, como por exemplo, Hong Kong, Londres, Frankfurt e Dubai. O papel deste banco é de agir como conselheiro financeiro para governos e grandes empresas. Apesar de ser considerado um dos bancos mais exemplares do mundo, ao longo de vários anos, o Goldman Sachs tem estado envolvido em várias crises financeiras significativas. Desde de 2008 foram publicados vários artigos que especulam sobre o enriquecimento deste banco através das crises financeiras de vários estados, como por exemplo, com a Grécia. O banco pretendia mascarar o endividamento da Grécia em 2% do PIB, através Pedestres passam em frente do poderoso Goldman Sachs, de uma complexa troca de dívida emitida em ienes em Nova Iorque. e dólares por euros. Ao usar uma taxa de câmbio que não traduzia o valor de mercado do euro tornou-se credor de 2,8 mil milhões de euros. No próprio dia em que o acordo foi assinado, Junho de 2001, a fatura já tinha aumentado 600 milhões. Desde o mandato de Clinton até à atualidade, o Goldman Sachs tem uma forte influência no Estado Americano. Bob Rubin, que era presidente da Goldman Sachs tornou-se ministro das finanças de Clinton, anos mais tarde, Henry Paulson tornou-se seu sucessor. Em 2008 Paulson organizou o maior resgate da história aos bancos e assegurou-se que o GS beneficiaria com isso. Quando Obama subiu ao poder vários gestores da GS entraram para o governo e alguns ministros e procuradores tornaram-se funcionários deste grande banco. A sua influência espalhou-se pelo mundo inteiro, através da ocupação de cargos importantíssimos. Em reportagem para a TVI 24, Loiuse Story, jornalista do The New York Times que investigou vários casos em que o banco esteve envolvido, declarou que a “GS é um grande beneficiador sobre a situação de crise dos mercados. Um dos casos polémicos ocorreu com o hospital de Pittsburgh. O hospital tinha comprado títulos no banco Goldman mas o mercado secou no início de 2008 e o GS abandonou-o, contribuindo para o seu fim. O que os clientes desconheciam era que, quanto mais eles próprios perdiam mais o GS ganhava, pois o banco desvalorizava os títulos tendo ainda uma aposta negativa no mercado das hipotecas.” GS é um grande beneficiador da crise dos mercados. Um dos casos polémicos ocorreu com o hospital de Pittsburgh. O hospital tinha comprado títulos no banco Goldman mas o mercado secou no início de 2008 e o GS abandonou-o, contribuindo para o seu fim. O que os clientes desconheciam era que, quanto mais eles próprios perdiam mais o GS ganhava, pois o banco desvalorizava os títulos tendo ainda uma aposta negativa no mercado das hipotecas. Após várias e contínuas polémicas sobre o maior banco de investimentos do mundo não existe nenhuma ação contra o GS, cada vez mais o Estado trabalha a favor dos grandes bancos e não em favor do cidadão comum ou do investimento comum. Aliando isto ao facto de nomes importantes de ex-colaboradores e administrados de vários governos estarem relacionados com GS e vice versa, o mais provável é que não ocorram oposições ou não sejam tomadas medidas legais contra os interesses deste banco.

Pelo que pude verificar nas últimas semanas, nós temos tudo, menos soluções. Os partidos de oposição, todos eles e não só o Partido Socialista, conseguem criticar todas as medidas (de austeridade) tomadas pelo Governo. Sim, as medidas, talvez, não sejam as melhores, coisa que os partidos conseguem ver com clareza, mas quando é altura de apontar caminhos já se torna tudo mais complicado. Mais triste fico quando sei que isto não é de agora. É um problema crónico na classe política portuguesa, criticar quem está no poder sem apresentar qualquer solução. Os partidos de oposição só almejam o poder, é um facto. Muitos indivíduos, talvez até a maioria atrevo-me a dizer, concorda com esta minha visão, mas esquecem-se que os políticos são o reflexo do povo, a mentalidade prevalece. Nas pessoas vejo tamanha indignação, revolta, tristeza, desalento pela situação catastrófica em que nos encontramos e sem fim à vista. E, com razão, eu também tenho todos esses sentimentos. Destes sentimentos surgem manifestações, para todos os gostos, atrás de manifestações. Concordo que as façam e que mostrem o desagrado pela política adotada, no entanto, tem de se saber o porquê de se estar ali e de que forma podemos alterar esta situação. As manifestações não passam do descarregar de frustrações, de um vazio de ideias, de uma abundância de conversas de café (atenção: existem exceções obviamente, mas em toda aquela multidão são completamente abafados e silenciados involuntariamente). Recentemente existiram duas grandes manifestações, das quais podia ter resultado algo diferente, bastava haver ideias, programas, e não apenas ataques ferozes ao Governo (repito, acho completamente legítimo a fúria das pessoas e não é isso que estou a pôr em causa). Acho que devemos aproveitar este momento decisivo para mudarmos todos nós. Esta é uma oportunidade para começarmos a ser mais interessados e participativos na política, apurar o espírito crítico e debater, entre todos, os problemas que nos afetam. Será tempo de começar a votar (as percentagens de abstenção são ridiculamente elevadas, comoo caso recente das eleições nos Açores). É tempo de mudar o estado das coisas, com debate e discussão podemos alterar o rumo do país. PEDRO CARDOSO

VANESSA SANTOS

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Mundo Contemporâneo outubro 2012

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SOCIEDADE

SOCIEDADE

Manifestações chamam milhares para as ruas contra austeridade Está ativa uma das maiores formas de luta conhecidas em democracia: a manifestação. O povo português está na rua para mostrar a sua indignação perante as medidas de austeridade apresentadas, quase diariamente, pelo Governo de Pedro Passos Coelho. A passividade parece estar a esgotar-se, isto porque são muitos os novos manifestantes que se fazem agora ouvir nas ruas de várias cidades do país. Mas, afinal, o que leva os portugueses à rua? A austeridade é, sem dúvida, a causa da degradação das condições de vida, da crise social, política e de valores. Em geral, a população mostra-se já sufocada e com pouca motivação para aceitar mais propostas de esforço para regular as contas públicas. Foi essa a mensagem transmitida pelos milhares que saíram à rua no passado dia 15 de setembro – uma data que marca a viragem no comportamento dos portugueses que passaram agora a reivindicar ativamente os seus direitos. Os últimos dados do Instituo Nacional de Estatística dão conta de uma taxa de desemprego a rondar os 15,9%, números que aumentam diariamente e que refletem o desespero de muitas famílias. António Palma, diretor do Centro de Emprego de Faro, garantiu em entrevista à Mundo Contemporâneo que: «Aqui não se fala muito em manifestações. As pessoas estão revoltadas, estão descontentes, não se podia esperar que fosse de outra maneira. […] Se falam em manifestações? Não. Aqui sente-se mais a revolta das se manifestarem». A falta de emprego que assola uma grande responsável do IEFP de Faro que diz: «O desemprego é a pedra as pessoas consumam menos, consumir menos implica menos mais recessão e assim sucessivamente.». A apresentação do 2013,que é apelidado como o mais duro da história da veio reavivar a necessidade dos portugueses se manifestarem portas da Assembleia da República nos últimos dias. Distúrbios Segurança Pública e palavras de ordem contra a Troika marcam O fim parece estar cada vez mais longe e as imagens da não nos vão sair tão facilmente da memória. ANDRÉ PALMA 1 - Mulher em protesto oferece cravo a polícia de intervenção 2 - Vista panorâmica do Terreiro do Paço no dia 29 de setembro na manifestação organizada pela CGTP.

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Loja Solidária Académica reabre pelo SEGUNDo ano consecutivo

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pessoas e não tanto a vontade de fatia da população assusta este fulcral desta situação. Faz com que impostos, menos impostos implica Orçamento de Estado para democracia em Portugal, o que se fez sentir às com a Polícia de estes acontecimentos. contestação social

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A Associação Académica da Universidade do Algarve, no âmbito da continuação do «Ano Solidário» (que teve arranque no início do ano letivo 2011/2012) continua a sua luta pela melhoria da qualidade de vida da população académica voltando, assim, a reabrir a Loja Solidária. Situada no Campus de Gambelas, junto ao Gabinete de Saídas Profissionais da AAUALG, a Loja Solidária, que se desenvolveu ao longo do ano lectivo anterior, pretende potenciar a venda de vestuário, material escolar, trajes académicos, acessórios e outros artigos feitos a partir de material reciclado, tudo isto a preços simbólicos e, a maioria, em segunda mão. Com o lema: «sê solidário» a Associação Académica procura desenvolver todo o tipo de iniciativas que sensibilizem as pessoas a contribuir, partilhar, ajudar o próximo, combatendo a exclusão social e promovendo a solidariedade, relembrando a todos que não estamos livres de uma situação de carência . Por isso, outra forma de colaborar é doar roupa, material escolar, trajes académicos usados e material reciclável (cápsulas de café, tampinhas, etc.) à Loja Solidária, que se encarregará de organizar, transformar e/ou vender o respetivo artigo ou atribuí-lo diretamente a alunos carenciados. A Loja Solidária significa muito para a Associação Académica, uma vez que auxilia a população mais carenciada da UAlg. As suas receitas revertem para o Gabinete Solidário da AAUALG que poderá assim atribuir bolsas aos colegas estudantes mais necessitados. Sendo esta fase da nossa vida uma das melhores e das mais importantes, é importante consciencializarmo-nos de que todos merecem vivê-la da melhor forma, por isso, se podemos dar um pouco de nós para fazer outros felizes só temos é de contribuir para tal felicidade. ANA GOMES JOANA FREDERICO PAULA REGO

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SOCIEDADE

SOCIEDADE à conversa com o Dr. António Palma

“o desemprego é a pedra fulcral desta situação” O desemprego é, provavelmente, a situação mais preocupante na atualidade do país. Devido a este flagelo muitos outros problemas se têm vindo a agravar, gerando mais violência, mais desespero, mais manifestações. Para conhecer um pouco desta situação e saber como lidam os técnicos de emprego que atendem todos os dias novos desempregados, o Dr. António Palma, diretor do Centro de Emprego de Faro, respondeu a algumas questões acerca dos sentimentos da população, sobre a forma como os trabalhadores do Centro de Emprego lidam com esta realidade, nomeadamente os manifestos de desagrado dos desempregados nas suas idas diárias ao instituto, algumas medidas que estão a ser tomadas para ajudar os mesmos e, ainda, como se combate a tendência de uma pequena parte da população que ainda está reticente em arranjar emprego enquanto recebe o subsídio. 1 - Entre o desemprego causado pelo despedimento e o desemprego daqueles que se recém licenciaram qual a situação mais preocupante? Qual tem maior percentagem? Dr. António Palma - «Encontrar um novo emprego é mais recorrente, como é óbvio, são mais as pessoas que estão a ficar desempregadas, ainda que o primeiro emprego esteja complicado e a integração no mercado de trabalho. Por vezes estes primeiros empregos, nomeadamente dos licenciados estão muito complicados. Não é impossível, mas hoje em dia sabemos que ter uma licenciatura já não é sinónimo de ter emprego. É sinónimo de ser mais fácil entrar no mercado de trabalho, ter mais ferramentas e geralmente conseguir melhores salários, os licenciados têm mais ferramentas, têm mais competências para ingressar umas vezes cá, outras através de outros programas que nós temos para o estrangeiro. Por isso, as licenciaturas são bastante importantes para os jovens.»

2 - Na sua opinião de que forma é que o aumento do desemprego poderá estar relacionado com as manifestações? Dr. António Palma - «O desemprego é a pedra fulcral desta situação, porque as pessoas mesmo ganhando menos num determinado emprego ou noutras situações, desde que tenham emprego conseguem mais ou menos aguentar, agora o problema do desemprego tem atingido transversalmente toda a sociedade, e neste momento é um grande flagelo e uma das maiores preocupações. Faz com que as pessoas consumam menos, consumir menos implica menos impostos, menos impostos implica mais recessão e assim sucessivamente. Depois, se a situação do desemprego se resolvesse não havia tanta pressão, tantas separações, não havia tantos conflitos familiares, mesmo com menos dinheiro e estando empregado, era preferível do que estar desempregado e não receber nada.»

3 - O estatuto de desemprego é hoje um fator de vergonha para muitas famílias. Tendo emconta o número impressionante de pessoas que se desloca às manifestações, sente que essa vergonha sai à rua para demonstrar o descontentamento ou esconde-se? Por exemplo, aqui à porta as pessoas falam

Dr. António Palma - «Não, aqui não falam muito de ir às manifestações nem nada. As pessoas estão revoltadas, estão descontentes, como é óbvio, não se podia esperar que fosse de outra maneira, e estão desesperadas acima de tudo. E nós muitas vezes estamos impotentes para resolver algumas situações. Nomeadamente, temos alguns programas que têm sido um alento para a situação mas não conseguem resolver todas as situações e era isso que nós gostaríamos, como em vários anos em que tivemos quase em pleno emprego, mas agora não tem sido assim. Se as pessoas falam muito em ir às manifestações? Não. Estão desmoralizadas, estão deprimidas. Aqui sente-se mais a revolta das pessoas e não tanto a sua vontade de se manifestarem.»

4 - A taxa de desemprego está a aumentar vertiginosamente a cada dia que passa. A angústia das famílias é cada vez maior. Será que a voz dos que estão com falta de trabalho vai-se fazer ouvir ainda mais? Dr. António Palma - «É o tal problema que afeta a todos e estão todos preocupados e o governo está preocupado, nós estamos preocupados e é desesperante. Parte-nos o coração todos os dias atender pessoas em que o casal está desesperado sem emprego, com filhos pequenos, a viver um bocado das ajudas dos pais e dos avós, mas nós não conseguimos arranjar emprego para todos, tentamos fazer o que podemos mas nós não criamos emprego, nós tentamos de alguma forma contactar entidades que precisem, recolher ofertas, fazer o ajustamento, promover programas para incluir pessoas e dar-lhes algum caminho. Agora, criar emprego, propriamente nós não criamos.»

5 - Acha que ainda há pessoas que mesmo estando desempregadas, como recebem os subsídios não se esforçam para se empregarem? Como tentam combater essa realidade? Dr. António Palma - «Há, há essas pessoas, mas cada vez é menor o número de pessoas que a gente vê, ou sente que não querem ou são reticentes, é o contrário. Cada vez há mais pessoas que querem emprego em qualquer área e limitam-se a qualquer coisa. Pessoas que não querem? Pois há alguns que não querem, como sempre há margens, determinadas franjas da população que nós não conseguimos colocar, porque são aquelas franjas mesmo que não se conseguem colocar. A questão era o que é que nós fazemos. Ora, nós para essas pessoas temos alguns programas, nomeadamente o trabalho social e outros programas que estão legislados. Sem ser isso, se nós vermos que uma pessoa também não está muito aberta a opções, temos outros métodos de motivação, técnicas de procura de emprego, ou então trabalho social, ou então cursos de formação. É a forma como nós tratamos estas situações, ou então em casos muito flagrantes contactamos a fiscalização da segurança social.»

Apesar de todos os esforços que os centros de emprego espalhados pelo país fazem todos os dias para tentar melhorar a vida do cidadão português, a verdade é que, quanto à criação de emprego estão impotentes. Não está nas suas mãos mas sim nas mãos das próprias empresas, estes são só a ponte entre a empresa e o empregado. Quanto a todos nós portugueses, como cidadãos, resta-nos aguardar por melhor empregabilidade, apesar das dificuldades. ANDRÉ PALMA CAROLINA PIQUET JOANA FREDERICO

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PREOCUPO-ME, LOGO EXISTO,

Eric Hobsbawm

NO TEATRO DAS FIGURAS

A Perda do século XX “Uma previsão tímida: a guerra no século 21 não é susceptível a ser tão mortífera quanto era no século 20. Mas a violência armada, criando sofrimento e perda desproporcionais, seguirá onipresente e endêmica - ocasionalmente epidêmica - em grande parte do mundo. A perspectiva de um século de paz é remota.” Eric Hobsbawm artigo publicado no Counterpunch em 2002.

Eric Hobsbawm, historiador britânico, faleceu no passado dia 1 de Outubro aos 95 anos no hospital Free Royal em Londres, vítima de uma pneumonia. De origem judaica, Hobsbawm nasceu no Egito, a 9 de Junho de 1917, passou os seus primeiros anos de vida na Alemanha, altura em que esta sofria as grandes consequências da 1º Guerra Mundial. Após a morte dos seus pais mudou-se para Londres, permanecendo aí até ao final dos seus dias. Marxista e militante do Partido Comunista Britânico é considerado um dos mais influentes historiadores britânicos do século XX. Deixa para trás uma vasta obra que ainda hoje é utilizada pelos estudantes para perceber o passado e consequentemente decifrar o futuro. A Era das Revoluções: Europa (1789-1848) A Era do Capital (1848-1875), A Era do Império (1875-1914) são três das grandes obras em que Hobsbawm retratou estudos importantes desde a Revolução Francesa até ao inicio da 1º Guerra Mundial. A Era dos Extremos: o Curto século XX (1914-1991) mostra os principais acontecimentos desde o fim da Primeira Guerra Mundial até à queda do regime soviético. Sendo esta traduzida em mais de quarenta línguas. No Jornal britânico The Guardian, o historiador David Priestland afirma que Eric Hobsbawm é “provavelmente, o autor mais lido actualmente, e isso é uma marca da sua extraordinária flexibilidade intelectual” e “ reformulou o modo como os historiadores olham o passado” Segundo O Globo (,) a editora responsável da publicação dos livros escritos de Hobsbawm, Little Brown, anunciou que o historiador deixou uma “coleção de estudos sobre a história das artes e culturas ‘clássicas’ nos séculos XIX e XX” que será lançada em 2013.

“Eric Bogosian (…) tem uma forma de colocar em palavras e no texto muitas das nossas inquietações e ansiedades”. Foi assim que o ator desta peça, Diogo Infante, descreveu, à agência Lusa, o dramaturgo americano relativamente ao seu trabalho. Diogo Nuno Infante de Lacerda nasceu a 28 de maio de 1967 em Lisboa. No entanto passou a sua infância no Algarve. Ao longo da sua carreira já interpretou papéis de destaque no cinema, televisão e teatro. Mais recentemente foi diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II. Preocupo-me, logo existo, que esteve em cena no dia 21 de setembro de 2012 no Teatro Municipal de Faro/Teatro das Figuras, é uma peça de teatro de intervenção que através da comédia procura levar o público a desenvolver uma introspeção da sua vida. Através de oito personagens diferentes, que se alternam entre várias personalidades e formas de encarar a vida, este monólogo provoca uma reação divertida na assistência, enquanto a faz refletir acerca de qual é o verdadeiro segredo para a felicidade, que acaba por ser a questão central deste espetáculo. A interpretação de várias personagens mostra o brihantismo enquanto ator de Diogo Infante, nesta peça recheada de humor e filosofia que é automaticamente associada ao pensamento de Descartes “Penso, logo existo”. LEONOR RODRIGUES MARTA CASCALHEIRA

Diogo Nuno Infante, no decorrer do seu monólogo.

SARA MACHADO Eric Bogosian

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Primeira fila: dead combo Dead Combo, uma banda de dois elementos formada por Tó Trips (ex- Lulu Blind, Ladrões do Tempo) e Pedro Gonçalves (Ladrões do Tempo) esteve no Teatro das Figuras (Faro) no passado dia 6 de outubro. A “Mundo Contemporâneo” esteve lá em primeira fila para fazer uma apreciação do concerto. Os Dead Combo surgem em 2002, apesar do seu primeiro álbum ter sido apenas lançado em 2004 «Vol. 1». A ideia deste projeto surgiu inicialmente quando os dois elementos quiseram gravar um disco em homenagem a Carlos Paredes. Em 2012 graças a uma aparição no programa “No Reservations” de Anthony Bourdain, os Dead Combo conseguiram algum reconhecimento internacional; este reconhecimento refletiu-se na entrada da banda no top 10 do iTunes Americano. Com o seu estilo bastante próprio com influências desde do Jazz, até ao Fado, recorrem a instrumentos que não estamos habituados a ter presentes no nosso cenário musical mais “tradicional”, desde do theremin até ao kazoo, nunca colocando de lado a guitarra e o contra-baixo, exibindo assim a enorme variedade musical que este grupo demonstrou ao longo de todo o concerto. A disposição do palco era algo que saltava imediatamente à vista, mesmo sem a banda ter sequer ainda entrado em cena, decorado com uma iluminação fraca e melancólica e várias grafonolas dispersas por todo o palco, um theremin disfarçado de rádio antigo, e com os seus amplificadores decorados com rosas; estes elementos criavam assim um ambiente que visualmente era como que uma

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extensão visual do que é a música da banda. A banda preocupou-se em colocar no seu repertório músicas de todos os seus álbuns, incluindo temas mais recentes como “Cachupa Man” ou “Lisboa Mulata” (do álbum “Lisboa Mulata”, álbum esse que deu título a esta digressão) e até temas que remetiam para a fase inicial da sua carreira como“Pacheco” ou “Electrica Cadente”. (do álbum “Vol. 1”). A música escolhida antes do encore foi a “Marchinha do Santo António D e s c a m b a d o ”, após um curtísimo intervalo a banda voltou para prezentear a plateia com mais três temas até o concerto se dar por terminado. A banda preparou as músicas com arranjos ligeiramente diferentes do que nos é possível verificar em álbum, o que é um excelente ponto a favor, pois apenas com dois elementos foi-lhes possível partilhar com o público e reproduzir temas inicialmente compostos para serem tocados por mais que dois instrumentos. Posto isto, resta apenas dizer que é um concerto, sem qualquer tipo de dúvida, um a não perder. MARCO SILVA

A ROMA DE WOODY ALLEN Depois de filmar em Londres, Barcelona e Paris, italiano. Na última história temos Leopoldo (Roberto é agora a vez de Roma. É ai que decorre a ação Benigni), um senhor de classe média que de do novo filme de Woody Allen. Para Roma com um dia para outro vê a sua vida transformada amor é uma comédia que tem como pano de pelo mediatismo imposto pelos média, que fundo a eterna cidade de Roma, que facilmente sem razão aparente o escolhem para ser a identificamos pelos cenários turísticos que Allen nova celebridade do momento. fez questão de incluir e destacar. No filme critica-se os média que fazem de O filme tem quatro histórias independentes, tudo notícia e da fama que é efémera. Neste caso onde o seu toque especial e o seu humor com a personagem de Benigni que viu a sua sarcástico se cruza muito bem com as narrativas. vida interrompida quando passou a ser a celebridade do No primeiro segmento do momento, sem que filme conhecemos Hayley para tal tenha (Alison Phill) que se encontra feito algo, a dada de férias na cidade e se altura é, inclusive, apaixona por Michelangelo lhe dito “Você é (Flavio Parenti) um jovem famoso por ser italiano. É neste casal e famoso”. Também na sua familia que se vai é feito uma crítica concentrar grande parte à alta sociedade do filme. As cenas mais que pouco faz para divertidas acontecem entre integrar Antonio o pai da rapariga Jerry e Anna, apesar de (Woody Allen) e o pai do todos os homens na rapaz Giancarlo (Fabio festa conhecerem Armiliato), quando o a prostituta. primeiro teima em fazer Allen faz referência Judy Davis e Woody Allen, no papel do casal americano Phillys e Jerry. de Giancarlo, um famoso à natureza humana, cantor de ópera contra a sua vontade e da sua família. às suas ligações e relações. É ainda feita uma crítica Na segunda história, Jack (Jesse Eisenberg) à personagem de Ellen Page, uma “intelectual” um estudante de arquitetura recebe em sua casa que se serve de citações dos grandes escritores Monica (Ellen Page) a melhor amiga da namorada para conseguir fluir uma conversa. e John (Alec Baldwin) um arquiteto norte-americano Nunca fugindo do que lhe é habitual, Woody de sucesso. John será o seu conselheiro e embora Allen surpreende-nos com uma comédia divertida presente em muitas das cenas, apenas Jack recheada de ironias e críticas diretas e indiretas, o consegue ouvir e ver, Baldwin surge como o elegendo um elenco de destaque e uma banda consciente do rapaz aconselhando-o a resistir aos sonora clássica. A cidade de Roma é o elemento encantos da pseudointelectual Monica. que une as quatro histórias, muito diferente do que Mais adiante na história conhecemos um casal acontecia em Meia-noite em Paris onde o cineasta que veio da província responder a uma proposta escolheu como principal componente a vida dos de trabalho com o intuito de se estabelecer artistas que lá se estabeleceram. Allen quis mostrar a economicamente e constituir família na cidade. vida na cidade, o seu quotidiano e os hábitos de Antonio (Alessandro Tiberi) e Milly (Alessandra quem lá vive. Mastronardi) separam-se logo no início da sua Um filme que depois de Meia-noite em história e só se reencontram no fim. Nestas Paris ficou aquém das espectativas do público circunstâncias Antonio acaba por apresentar a mas que ainda assim não deixa de ter a assinatura prostituta Anna (Penélope Cruz) como sua esposa de um dos melhores cineastas da atualidade. RITA FRANCISCO à família e à alta sociedade romana enquanto Milly passeia-se perdida pela cidade e acaba num quarto de hotel com um assaltante e uma estrela de cinema outubro 2012 Mundo Contemporâneo

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LAZER

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Viagens a um Algarve rural. fugas para quebrar a rotina e escapar da efervescência urbana.

“Escolha o mar e a serra como vizinhos” A quinta Conversas de Alpendre, que nos oferece amplas vistas mar, situa-se entre Tavira e Vila Real de Santo António, perto das deleitosas aldeias de Sta. Rita e Cacela Velha. Casas e suites com toda a comunidade e amplos espaços exteriores e interiores, oferecem um conforto desejado, proporcionando intensos dias entre a serra e o mar. Para completar a oferta, ao dispor dos visitantes está também uma biblioteca, bem como diversas atividades lúdicas, que podem passar por umas aulas de golfe, percursos de observação de aves, pesca desportiva, entre outras sugestões.

“Campo aberto ao sonho” O Vila Valverde Design & Country Club oferece quinze quartos amplos, de design minimal e contemporâneo. Esta esplêndida mansão do século XIX foi convertida numa casa de campo com interiores modernos. Visite o SPA e as caves de vinho, dê uma passeio de bicicleta ou relaxe nos espaços exteriores. A gastronomia é uma das atrações, as piscinas, sobretudo a interior aquecida, também. Uma atmosfera que seduz pelos seus laranjais tão tipicamente algarvios. Possui acesso Wi-Fi gratuito, piscina interior e exterior e tratamentos de massagens. A Praia da Luz fica apenas a 2 km de distância.

“Aldeia Encantada” Casas que fazem uma espécie de aldeia privativa. A casa dos Moinhos, em Odeceixe, é um convite à pausa. O conceito é de turismo de aldeia. Uma espécie de fim de mundo situada na região do Algarve. A decoração é minimal e de contrastes, entre o rústico e o contemporâneo. Lá fora, uma imensidão por descobrir. pequenos de r a ic d b a s de devemos não uitas as casa m ise o cr sã já e d a , tempo isso mesmo genuíno com m r e e o P o it . e o ir to d n sm e e is m M laxa tato ma blicos. e ócio e re item um con e vários pú d rm e p ce s n a o n lc momentos d a e u q ços ao l no Algarve locais a pre s e õ iç turismo rura d a tr Conversas de Alpendre – Turismo Rural ricultura e natureza, ag

Vila Valverde Design & Country Club Estrada da Praia da Luz. Valverde, Lagos. Tel: 282790790 Email: Preços por noite: Quarto single: 108€ Quarto Duplo: 120€ Suite: 152€

Casa dos Moinhos Rua 25 de Abril, 44. Aldeia Nova do Concelho. 8670-320 Odeceixe - Aljezur. Tel: 282 949 266 – Fax: 282 949 100 Email: contacto@casasdomoinho. com www.casasdomoinho.com Preços por noite: Suite dupla: 110€

Sítio das Laranjeiras, Stª Rita, Vila Nova de Cacela Tlm: 00351 918885591; Fax: 00351 281951641 Email: geral@conversasdealpendre.com Preços por noite*: Casa T1 95€. Casa T2 120€

Vila Valverde Design & Country Club

Casa dos Moinhos

Suites 65€ *Época: Outubro - Dezembro

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LAZER “Uma fuga a Sul” Situada no coração do Algarve, a Casa das Oliveiras é uma habitação familiar. Fica situada numa zona rural e calma, rodeada por árvores de citrinos, mas a pouca distância de algumas das melhores praias da região e das cidades de Silves e Lagoa. É um lugar ideal para descansar, onde poderá passar horas a relaxar na piscina, a ler ou simplesmente a divertir-se.

Casa das Oliveiras Montes da Vala 8300-044 Silves Tel/Fax: (+351) 282342115 Tlm: (+351) 963136938 Email: contact@casa-das-oliveiras.com Preços por noite*: Quarto duplo grande: 45€ Quarto duplo pequena: 37€ Quarto grande (1 pessoas): 33€ Quarto pequeno (1 pessoa): 27€

LAZER GEOCASHING

um novo modo de fazer turismo Se gosta de atividades ao ar livre, novas tecnologias e tem espírito de aventura, o geocaching é o hobbie perfeito para si. É uma espécie de caça ao tesouro do século XXI, que pode ser praticada na praia, no campo ou na cidade e que lhe permite ser um verdadeiro “Sherlock Holmes” por um dia. Seja uma manhã tranquila, uma tarde quente, o sol a brilhar ou até mesmo escondido timidamente por detrás das nuvens, qualquer um destes cenários é perfeito para os mais de 30 000 portugueses que já se deixaram conquistar por percursos mais curtos ou mais longos em busca não só de diversão e de tesouros escondidos em caches, como de cenários fascinantes e imponentes. Estas caches são, na grande maioria das vezes, caixas normais de plástico que contêm um lápis e um pequeno bloco, denominado de logbook, cuja folha de rosto contém um texto que explica no que consiste o geocaching, dá a conhecer as instruções de adesão, e inclui um aviso específico para Muggles, pessoas que não fazem parte do jogo e que podem vir a descobrir a cache, mudando-a de sítio ou alterando o seu conteúdo. As restantes folhas do bloco devem ser ocupadas com o testemunho de todos os jogadores que já encontraram a cache. Todos eles devem identificar-se com o nome ou um nickname e escrever a data dasua expedição. No fim, devem deixar a cache exatamente no sítio onde a encontraram. Esta atividade pressupõe uma troca de objetos, por isso, sempre que um jogador descobrir uma cache e decidir levar um brinde de recordação deve deixar outro para quem vier a descobrir essa mesma cache mais tarde. Os brindes são, normalmente, coisas sem valor material, mas bastante simbólicas. Para fazer parte desta aventura só é necessário ter vontade de descobrir novos locais, apreciar caminhadas, ter um aparelho de GPS e visitar www.geocashing.com, onde pode fazer o seu registo, escolher a cache que quer procurar, conhecer a dificuldade do percurso e descarregar as coordenadas. Com dados cartográficos cada vez mais precisos e uma margem de erro quase nula, pode convidar a família ou amigos a entrarem numa viagem alucinante e cheia de adrenalina. O papel dos geocachers é também o de preservar a natureza, por isso, nos locais por onde passar deve sempre apanhar o lixo que encontrar. As únicas regras deste jogo são: não enterrar as caches, não divulgar a localização das caches, não deixar elementos perigosos dentro destas, como comida que possa atrair animais, e desfrutar dos pequenos prazeres da natureza, de alma lavada. Sem preocupações. Sem stress. Por isso, reserve uns dias das suas férias ou do seu fim de semana para vir “caçar” o que Portugal e o Mundo têm de melhor. CÁTIA FERREIRA FILIPA CAMACHO

*Época: 1/10 - 31/12 ANA RITA SOUSA MARIA VIEIRA

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GPS usado no “jogo”, com bússola e altímetro. outubro 2012 Mundo Contemporâneo

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CONTAS MAIS COMPLICADAS PARA PORTUGAL Portugal já não depende de si próprio para se apurar diretamente para o Campeonato do Mundo de 2014. Após a dupla jornada de outubro, onde Portugal perdeu na Rússia e empatou em casa com a Irlanda do Norte, Portugal ficou a 5 pontos da líder do grupo Rússia e já depende de terceiros para ter a possibilidade de chegar ao primeiro lugar do grupo F. Para isso, a seleção de todos nós tem de ganhar os seus encontros e aguardar que a Rússia perca pontos com outra das seleções do grupo. Os resultados negativos perante Rússia e Irlanda do Norte complicaram bastante as contas portuguesas. A Seleção Nacional apenas depende de si própria para chegar ao playoff de apuramento para o Mundial. Relembre-se que são apurados diretamente os primeiros classificados dos nove grupos. Os oito melhores segundos vão disputar um playoff para apurar as restantes quatro seleções para a competição que se vai realizar no Brasil. Neste momento, Portugal encontra-se no terceiro lugar, em igualdade pontual com o 2ºclassificado, Israel, que será

precisamente o próximo adversário da seleção das quinas, em jogo a realizar no dia 22 de março de 2013 em Israel. A situação da disputa do playoff não é novidade para Portugal. Para carimbar a passagem às duas últimas grandes competições de seleções, o Mundial 2010 e o Euro 2012, Portugal teve de passar por esta fase onde, curiosamente, eliminou duas vezes a seleção da Bósnia-Herzegovina. DIOGO OLIVEIRA

Campanha para as eleições no Benfica teve início com troca de galhardetes A campanha para as eleições da presidência do Sport Lisboa e Benfica, marcadas para dia 26 de outubro, começou com os dois candidatos - o atual presidente Luís Filipe Vieira e o juiz desembargador Rui Rangel - a marcarem desde logo posições claras em relação aos seus projetos. O recandidato,num jantar realizado à margem das eleições, assegurou que quem “trabalha comigo é mais benfiquistaque alguns que o reclamam na praça pública”. Já Rui Rangel aproveitou o anúncio da candidatura, evento que teve lugar no Hotel Sheraton a 15 de outubro, para afirmar que “os direitos de transmissãosão demasiado importantes para ficarem nas mãos de pessoas que gostam mais de negócios do que gostam do Benfica”. Com o lema de campanha “Benfica aos Benfiquistas”, o juiz promete que não vai “dar vida fácil à outra lista”, assegurando que os seus membros “vão ter de se explicar à nação benfiquista”. Nas listas que foram apresentadas, da parte de Luís Filipe Vieira destaca-se a inclusão de José Eduardo Moniz, atual vice-presidente da Ongoing, que poderá ter uma palavra a dizer em relação à negociação dos direitos televisivos do clube. Da parte de Rui Rangel os nomes eram menos conhecidos do grande público, mas ainda assim realça-se a presença de Fernando Tavares, ex-vice-presidente do Sport Lisboa e Benfica entre 2003 e 2008, antigo detentor da pasta das modalidades e que transita da lista de Luís Filipe Vieira para a de Rui Rangel. A campanha foi intensa, mas os resultados confirmaram o que alguns adivinhavam: Luís Filipe Vieira foi reconduzido pela maioria dos votantes, ainda que com a melhor percentagem desde que é líder do clube. ANDRÉ SANTOS

Paulo Bento vê o caminho até ao Brasil ficar mais complicado.

Classificação do Grupo F da fase de apuramento europeia para o Campeonato do Mundo 2014 no Brasil. Prevê-se grande afluência às urnas nas eleições de 26 de outubro.

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Campeonato quente em 2012 e novidades para 2013

PLAYOFFS DE 2012

Playoffs à esquerda: 1st: San Antonio Spurs 2nd: Oklahoma City Thunder 3rd: Los Angeles Lakers 4th: Memphis Grizzlies 5th: Los Angeles Clippers 6th: Denver Nuggets 7th: Dallas Mavericks 8th: Utah Jazz

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Playoffs à direita: 1st: Chicago Bulls 2nd: Miami Heat 3rd: Indiana Pacers 4th: Boston Celtics 5th: Atlanta Hawks 6th: Orlando Magic 7th: New York Knicks 8th: Philadelphia 76ers

Os playoffs da NBA são uma série de jogos que sucedem à Regular Season. Esta última refere-se à primeira fase da temporada, onde cada uma das equipas realiza 82 jogos na luta pelo apuramento. Esse apuramento determina ainda os encontros que se irão realizar nos playoffs. A equipa que ficar em primeiro lugar, defrontará a que ficar em oitavo lugar (são qualificadas oito equipas da Conferência Este e outras tantas da Oeste. No primeiro encontro dos playoffs do ano 2012, dia 28 de abril, tivemos os Chicago Bulls contra os Philadelphia 76ers. É de mencionar que os Chicago Bulls tiveram o melhor registo da Regular Season, ou seja, a melhor equipa na classificação. Mas a lesão grave de Derrick Rose, jogador mais valioso da época 2010/2011, durante este primeiro encontro, deitou por terra as aspirações da equipa. Rose já tinha marcado 23 pontos, mas quando o joelho esquerdo cedeu, Para já fica a questão... foi obrigado a retirar-se de campo. A equipa de Qual foi a equipa que Chicago acabou por triunfar nessa partida por 103-91. Porém, na prática melhor os Bulls foram derrotados em seis jogos, ficando o resultado final em se reforçou? Terão 4-2,favorecendo os sixers. Para trás ficam dezasseis equipas e no dia 19 de sido os LA Lakers junho de 2012, ocorreu o primeiro jogo das finais entre: Oklahoma City ou os Miami Heat? Thunder e Miami Heat! Foram necessários cinco para determinar a A ver vamos o equipa campeã. Os Miami conseguiram roubar uma vitória em Oklahoma que esta nova e depois cumpriram, vencendo os três jogos em casa, isto após um época do excitante ano da formação do grande trio dos Heat, composto por LeBron James, campeonato de Dwayne Wade e Chris Bosh. A equipa de Miami voltou a ser basquetebol campeã, pela ssegunda vez na história, após a vitória em norte-americano 2006 sobre os Dallas Mavericks. As grandes finais de nos reserva. Kevin Durant, o melhor marcador da temporda, não foram suficientes perante o poderio da equipa de Miami. A equipa de Oklahoma foi também atraiçoada pela falta de experiência demonstrada pelo base da equipa, Russell Westbrook, a ser capaz do melhor, mas também do pior. LeBron James foi considerado o MVP (Jogador Mais Valioso) da Regular Season e também das finais e conquistou o primeiro anel de campeão. A temporada de 2012-2013 será a 67ª da NBA e promete trazer grande espetáculo. A Regular Season terá início no dia 30 de outubro, quando os campeões Miami Heat defrontarem os Boston Celtics e terminará no dia 17 de abril, com os playoffs a começarem no dia 20 do mesmo mês. O 2013 NBA All-Star Game ficou marcado para o dia 17 de fevereiro, no Toyota Center, em Houston, Texas. Este ano não voltaremos a ver os New Jersey Nets, pelo me menos com esse nome; pois mudaram-se para Brooklyn e são agora os Brooklyn Nets. Em relação a contratações, é impossível não falar nos LA Lakers, que contam agora com o base Steve Nash que já foi duas vezes eleito MVP da NBA, em 2004-05 e em 2005-06 e também com o poste, Dwight Howard. Aguarda-se com expetativa para ver se é esta época que os LALakers voltam à ribalta tendo sido campeões pela última vez em 2009-2010. Já os atuais campeões, Miami Heat contam agora com dois veteranos, para juntar ao elenco de estrelas da equipa, sendo eles o base Ray Allen (campeão da NBA em 2008) e o ala-poste Rashard Lewis (média de 16,1 pontos na carreira e 38,8% de aproveitamento em lançamentos de três pontos). NUNO ANDRADE outubro 2012 Mundo Contemporâneo

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INTERNACIONAL

INTERNACIONAL ELEIÇÕES 2o12 - EUA

MITT ROMNEY VERSUS BARACK OBAMA Nome Completo : Willard Mitt Romney Idade : 65 anos Local e Data de Nascimento: Detroit, 12 de março de 1947 Estado Civil e filiação: Casado, 5 filhos Religião : Mórmon Partido : Republicano

Nome Completo : Barack Hussein Obama Idade : 51 anos Local e Data de Nascimento: Honululu, Havai, 4 de Agosto de 1961 Estado Civil e filiação: Casado, 2 filhos Religião: Protestante Partido : Democrata PROPOSTAS ECONOMIA: Obama criou programas para pequenos empresários. O plano de estímulo, no entanto, não foi suficiente para baixar a taxa de desemprego. O presidente afirma não desejar subir impostos para a classe média, mas aumentar as taxas para os mais ricos. Tem ainda planos de fazer uma reforma fiscal para empresas - que elevaria o percentual de imposto de 28% para 35% e eliminaria parte dos benefícios.

Ex-governador do Estado de Massachusetts PROPOSTAS ECONOMIA: Cofundador e Diretor Geral de Bain & Company, uma empresa de investimento. Romney crê que a sua experiência no sector de investimento e gestão será uma mais-valia para o salvamento da economia americana. O seu plano de recuperação consiste na redução de impostos pagos pelos cidadãos americanos, assim como uma redução dos gastos públicos, que irá incluir cortes de fundos na área da saúde, edução e segurança social, exceto na área militar, sendo a favor do aumento de investimento em nome da defesa do país. Para além disso, o candidato propõe o aumento da idade de reforma, diminuição da taxa de imposto corporativo de 35% para 25% , permitindo às empresas amortizar os seus investimentos, defende ainda a exploração de energias renováveis, de modo a por um fim à dependência da América ao combustível estrangeiro. SOCIAL: Romney afirma que o casamento é entre um homem e uma mulher, opondo-se assim ao casamento entre membros do mesmo sexo. Acredita que a decisão de tornar os casamentos e uniões de fato entre homossexuais legal depende de cada estado americano. Em relação à imigração, Mitt Romney é a favor da deportação de imigrantes ilegais, opondo-se a amnistia destes. Também defende um reforço da segurança das fronteiras dos país. Como defensor da vida, este irá tornar o aborto ilegal, exceto em caso de violação, incesto e gravidez de risco. POLÍTICA EXTERNA: Romney possui uma visão mais radical, defendendo a intervenção militar dos EUA em questões internacionais. Acredita que a tropas americana devem continuar no Iraque, e a dar apoio a Israel nos conflitos com os palestinos. SAÚDE: Romney declarou que uma das primeiras ações que irá tomar como presidente é revogar o sistema de saúde criado por Obama, que permite um acesso a cuidados médicos por toda a população. Deseja ainda proibir o uso de recursos públicos para a realização do aborto, com exceção de casos de risco para a vida da mãe ou da gravidez por violação.

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Processo eleitoral: O processo eleitoral americano é complexo, longo e exaustivo, iniciando-se um ano antes das eleições gerais através de uma disputa entre os vários candidatos do mesmo partido. Esse procedimento chama-se eleições primárias ou convenções estaduais, que costumam ocorrer entre os meses de janeiro e junho. Cada candidato percorre cada estado promovendo a sua candidatura até à realização da Convenção Nacional, onde será selecionados o candidato do partido à presidência. Escolhidos, assim, os pretendentes ao cargo presidencial segue-se a próxima fase: as eleições gerais, que ocorrem sempre na primeira terça-feira do mês de novembro. O vencedor é escolhido através de um sistema eleitoral que permite a um candidato vencer as eleições sem ter o maior número de votos no âmbito nacional, bastando conseguir o maior número de representantes.

SOCIAL: No que diz respeito à Imigração, o presidente apresentou uma medida que suspende a deportação de jovens imigrantes ilegais que tenham menos de 30 anos, diploma escolar ou que tenham servido às Forças Armadas. Durante o mandato Obama afirmou que é a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. No setor da Educação, Obama, lançou o programa “Nenhuma criança será deixada para trás”, que prevê a alfabetização de todas as crianças em idade escolar até 2014. A seguir, anunciou a “Corrida ao topo”, destinado a presentear, com verbas, estados que apresentem planos para melhorar as competências dos professores e dos alunos. Após o massacre num cinema do Colorado, Obama pediu mais esforços para evitar que infratores tenham acesso a armas. O controle de armas é um tema delicado nos EUA e críticos consideram que o presidente ainda não se posicionou claramente sobre o assunto. POLÍTICA EXTERNA: Obama, em relação à política externa, prefere o uso de aviões não tripulados a tropas em terra, retirou as forças do Iraque e deu 2014 como data-limite para a saída da maioria dos soldados americanos do Afeganistão. Assume também uma posição diplomática na resolução das questões internacionais. SAÚDE: Obama conseguiu aprovar uma reforma da saúde em 2010, afirmando que seria uma forma de estender o seguro à população. Em várias ocasiões, como no aborto, Obama defendeu o direito reprodutivo das mulheres. A decisão do Departamento de Saúde que obriga as instituições religiosas a oferecerem meios de controle de natalidade a funcionárias, gerou críticas. ROSA TEIGA LEONOR COELHO

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INTERNACIONAL

INTERNACIONAL REDES SOCIAIS

UMA NOVA ARMA DE PROTESTO A influência das redes sociais na sociedade atual é inquestionável. Estas plataformas são utilizadas como verdadeiros rastilhos de pólvora, onde por vezes simples desabafos de descontentamento terminam em manifestações violentas. A falta de autoridade e implementação de leis na Internet, que é afinal uma “terra de ninguém”, tornam este num espaço anónimo e livre, onde tudo é permitido. Partilhar ganhou uma nova definição, pois com um simples clique, informações alastram numa questão de segundos pelos quatro cantos do mundo, perdendo-se na imensidão da World Wide Web. Algumas das manifestações populares, que têm ocorrido um pouco por todo mundo, são prova do poder que as redes sociais exercem sob a sociedade. Parece que o povo descobriu nestes novos sistemas de comunicação uma espécie de megafone virtual; desta forma as redes sociais têm funcionado como uma ferramenta de exposição pública de diversas causas, sendo que a maioria das questões abordadas são de carácter político e económico. Neste contexto, é inevitável abordar a atual crise financeira. Os cortes salariais, a alteração das condições de trabalho, de empregabilidade e a constante aplicação de novas medidas de austeridade têm catapultado o descontentamento dos cidadãos. Nestas circunstâncias interessa referir a importância da juventude desta geração como principais cúmplices do impacto das redes sociais na sociedade. Os jovens, sendo os mais afetados em termos de perspetivas de futuro devido à crise financeira, fazem parte da faixa etária que mais e melhor usa a internet e as redes sociais, enquanto instrumento de

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comunicação social. O exemplo mais recente da influência destas redes é a divulgação de um vídeo no Youtube, por parte de um cidadão egípcio residente nos Estados Unidos da América, intitulado «Innocence of Muslims». O facto de este indivíduo ser um cristão copta e, o vídeo referido ser uma sátira à religião islâmica, terá provocado uma intensa revolta nos cidadãos islâmicos do Egito, que invadiram a Embaixada Norte Americana no Cairo, assassinando o seu respetivo embaixador. Este acon-

tecimento provocou um verdadeiro efeito dominó, alastrando a por outros países vizinhos, de fundo islâmico, que procederam também ao ataque das Embaixadas Americanas do seu país, dando lugar a uma série de manifestações violentas. Recordamos também, que no início deste ano, o Egito foi palco de variadas manifestações, conduzidas com o intuito de derrubar o regime ditatorial de 30 anos, do presidente Hosni Mubarak. O impacto das redes sociais neste processo foi tão evidente que,

Mubarak chegou mesmo a bloquear o acesso à Internet no país durante alguns dias, resultando na então chamada Revolução 2.0. Imediatamente, a Google, face ao sucedido, lançou um serviço que permitia à população residente no Egito, o envio de mensagens para o Twitter através de uma ligação telefónica. É, portanto, evidente a importância do papel que as redes sociais desempenharam na queda do regime de Mubarak, não cedendo às limitações impostas. Outro exemplo, que ocorreu também no mundo islâmico, refere-se ao julgamento da pequena Rimsha Masih, presa e acusada injustamente de blasfémia por parte de um imã (sacerdote muçulmano) local. A imensa divulgação deste caso nas redes sociais terá exercido a pressão necessária para a libertação desta criança. Um caso que noutras circunstâncias talvez nem tivesse chegado ao conhecimento público, e teria, como tantos outros, caído em esquecimento. Os exemplos referidos, ocorridos em países de cultura islâmica, são uma pequena demonstração de como as redes sociais têm sido uma ferramenta marcante na rebelião emergente da Primavera Árabe. Também no mundo ocidental as redes sociais têm demonstrado a sua influência. Por exemplo no Reino Unido, os estudantes universitários organizaram vários protestos contra o aumento das propinas no ensino superior, através das redes sociais. Nos Estados Unidos da América, lembramos as

diversas situações ocorridas este ano, numa tentativa de recriar os acontecimentos retratados no filme «Project X», recorrendo para isso às redes sociais. Este filme ilustra uma situação fictícia, em que um grupo de jovens organiza uma festa privada, divulgando-a amplamente, alcançando proporções inimagináveis para além das expetativas dos seus organizadores, graças à divulgação em massa de convites, em parte, via Internet. Estes são apenas alguns exemplos da influência das redes sociais atualmente. Portugal sabe bem o impacto dos media nas revoluções sociais. Não podemos esquecer a importância da rádio na Revolução de 25 de Abril. Com a evolução dos sistemas de informação e a criação de novas plataformas comunicacionais, a mutação simultânea das formas de manifestação social são inevitáveis. A Internet, e consequentemente, as redes socias, têm as suas vantagens e desvantagens. O poder e a influência que têm sob a sociedade, é simultaneamente fascinante e perigosa. Se por um lado a Internet protege os seus utilizadores, pois possibilita a exposição de ideais sem o perigo do confronto físico, que nestas circunstâncias poderia resultar em agressões violentas ou apreensões; essa mesma proteção confere aos pior intencionados o anonimato de que necessitam.

ANUSKA PORTELA JOANA ROCHA

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INTERNACIONAL

INTERNACIONAL RUSSIAN SPIRIT

It’s obvious that we live by stereotypes. In every country you can find some “national jokes” about another country and its citizens. Everyone understands that not all of those are harmful in their meaning. But still, it’s interesting to observe how certain stereotypes are connected with the truth. Here you can find the most common myths among Portuguese people about Russia (and explanations about them.)

Stereotype Nr.1 - Russia is a very cold, snowy country

Stereotype Nr. 3 - Mysterious Russian Spirit

When you compare it with Portugal - definitely. The average annual temperature is about -1,2 degrees. Which is really cold. But Russia is a very big territory, so, we have regions, cities, where the weather is completely different. The coldest place is in Sakha (Yakutia) Republic; the average temperature of January is -36,5 degrees. In this particular region, at Verkhoyansk city (Yakutia), in 1892, was registered the absolute minimum which amounted to -69,8 degrees. Despite what this extreme temperature tells, there are also warm regions with more gentle whether. For example, Sochi (city that was chosen to host the 2014 Winter Olympics and the 2014 Winter Paralympics) has an average year temperature of +14,2 which is similar to the temperatures in mainland Portugal. Of course our low temperatures affects many aspects of everyday life. In the Siberian regions, the prices for some products (especially fruits and vegetables) are higher because of transport and storage difficulties. And this is one example among many. Russians are well adapted to the weather conditions. We have central heating system in all buildings. It means that in cold season our flats are warm and comfortablefor everyday life. When you go out into the street, you just need to wear warm clothes and boots.

Some Portuguese people think that Russians are closed-minded, conservative people; others also add that we have a “dark soul”. Anyway, the picture of our national character is not very positive. I don’t think that it’s possible to confirm or deny this point of view. The only thing I can say is mostly my opinion “from the inside” and according to some testimonies of foreign people who have met Russians. First distinction with the rest of the european people is that Russians don’t smile. You rarely find a Russian who smiles to a stranger. This is not our way of life. At first sight, people from Russia seem very cold. The thing is, we need to spend some time with a person to call them friend, and only then we become friendly and open-hearted. There may be some difficulties in understanding our national character for a few reasons. Probably the main one is that Russians are closed off in terms of language. Of course we are proud of Dostoevsky and Gogol, but, her also have the happy poetry of Alexander Pushkin, the amazing comedy movies of Leonid Gaidai and many other interesting things, the majority of which, unfortunately, are nottranslated to any other languages. Nowadays, things are slowly changing, and younger generations are much better in other languages and more open minded in a general sense than the old ones. TATIANA BOGOMAZOVA

Stereotype Nr. 2 - Everyone drinks vodka Well, not everyone, but most… To explain why vodka is so popular it’s better to say a few words about the history of this drink. There are more than one point of view. Some people say that the first appearance of vodka was registered in Poland, but Russians do not agree. Russians have made researches to prove that vodka was invented in there country, however, according to the information given by the Museum of Vodka, the ancestorof this beverage - a strong drink called “aqua vitae” - was first brought to Russia by G noese merchants on their way to Lithuania near the XVth century. And only in the beginning of the XVIth century was “burning wine” first exported from Russia to another countries, in a similar quality and flavour of how it is now. Anyway, we cannot deny that Russia, and some other Eastern Europe countries, are the only ones in the world that keep drinking pure vodka, while all over theglobe it’s mostly just a component in cocktails. If we check the statistic of alcohol consumption(by liters of pure spirit) made by the World Health Organization, our country stays on the same level of, for instance, France, Portugal and Ireland. The only big difference is the types of beverages. For France and Portugal the most popular drink is wine; for Ireland is beer and for us is vodka. That’s why we, despite the similar rates, still have a major problem with alcohol. Nowadays there are many organizations that help alcoholics and support families that face this problem.And more often than so appear movements that promotes a healthy lifestyle. That makes me believe in a better and more sober future for Russian people.

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MC Ciências da Comunicação - 2ºano - 2012/2013

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